Capa PLANEJAMENTO FINANCEIRO - Apas
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<strong>Capa</strong> <strong>PLANEJAMENTO</strong> <strong>FINANCEIRO</strong><br />
Metas para<br />
O FUTURO<br />
O planejamento financeiro é essencial para supermercados que<br />
buscam crescimento saudável. Definir metas concretas e obter<br />
índices fiéis são os grandes desafios para os pequenos<br />
e médios empresários >> Rogério Gatti > rgatti@supervarejo.com.br<br />
O<br />
que não se mede não se gerencia.<br />
Essa máxima do varejo serve como<br />
uma luva quando o assunto é planejamento<br />
financeiro. Empresas do setor<br />
supermercadista já devem pensar no<br />
final de 2010 como será o próximo<br />
ano, com previsões de gasto e de recebimento.<br />
Mas para conseguir obter<br />
uma estimativa, o empresário precisa<br />
analisar o contexto em que sua loja está inserida.<br />
Nesse cenário, um dos pontos fundamentais é o histórico de<br />
vendas. Para quem pretende traçar metas e objetivos, o comportamento<br />
das vendas durante o ano é que vai mostrar ao<br />
empreendedor quais os fatores que influenciam diretamente<br />
o movimento do supermercado. Com todas essas informações<br />
em mãos, o desafio será construir metas que sejam ao mesmo<br />
tempo ambiciosas e concretas.<br />
A melhor forma de obter a informação é deixar essa responsabilidade<br />
a cargo de um colaborador ou até mesmo, em um<br />
primeiro momento, procurar ajuda profissional especializada.<br />
As informações de vendas, compras, despesas e lucro serão<br />
então produzidas constantemente e começarão a fazer parte<br />
da cultura da empresa.<br />
O consultor do Sebrae-SP, Luis Lobrigatti, destaca que nessa<br />
época do ano os planejamentos para 2011 já estão sendo feitos<br />
nas empresas que possuem essa rotina. Para quem não tem o<br />
hábito, o primeiro passo é reunir todas as informações dos últimos<br />
anos. “Mesmo quem não faz um planejamento financeiro<br />
possui alguma forma de medir resultados. Toda a informação<br />
da área administrativa é válida nesse momento”, diz.<br />
O próximo passo, segundo Lobrigatti, é olhar ao redor para<br />
ver as ameaças e as oportunidades futuras, levando em conta a<br />
concorrência e o cenário econômico. A partir daí o supermercadista<br />
poderá a pensar em estratégias de acordo com os objetivos<br />
32 n SuperVarejo | novembro 2010
de cada loja e tomar suas decisões. “Com essa leitura ele poderá<br />
decidir se sua meta será reduzir custos, abrir mais uma loja ou<br />
até mesmo integrar uma central de compras”, exemplifica.<br />
Tomar decisões ponderadas e racionais é a principal vantagem<br />
do empresário que se baseia em um planejamento financeiro.<br />
Essa é a opinião do professor do Programa de Administração<br />
de Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração<br />
(FIA), Nelson Beltrame. “O supermercadista deve conseguir<br />
elaborar uma projeção sobre as vendas para os próximos 12<br />
meses”, analisa. Segundo ele, com base no saldo em estoques<br />
e nas projeções de caixa, o supermercadista pode ter uma visão<br />
econômica sobre seus saldos financeiros.<br />
Para Lobrigatti, nessa projeção de 12 meses a atenção do<br />
supermercadista deve se voltar a potencializar o que está sendo<br />
bom e corrigir o que foi ruim. “Essa deve ser a lógica da gestão<br />
financeira”, defende. Para o consultor, o investimento vai<br />
nascer da necessidade e da visão das oportunidades. “A troca<br />
de equipamentos que ficaram obsoletos, ou sofreram desgaste<br />
devem constar no planejamento”, completa.<br />
Cuidado com o passado<br />
O professor do Provar/FIA alerta que os erros mais comuns<br />
na hora de definir um planejamento financeiro para o próximo<br />
ano surgem quando são utilizados somente dados do passado<br />
para projetar a receita futura. “É preciso levar em consideração<br />
as oscilações de preços, a variabilidade de produtos. Outro erro<br />
é subavaliar investimentos futuros e não elaborar reservas técnicas<br />
para prevenir possíveis imprevistos”, destaca Beltrame.<br />
Já na visão de Lobrigatti, do Sebrae, a forma mais eficiente<br />
de enxergar possíveis erros de planejamento está no controle da<br />
execução. “O supermercadista deve implementar ferramentas<br />
para controle de estoque, contas a receber, caixa e bancos, entre<br />
outros”, alerta. Para ele, essa checagem do planejamento pode<br />
garantir que tudo saia da forma mais eficiente possível.<br />
Quando o assunto é investimento, o alerta é para que o supermercadista<br />
tome cuidado com de onde será retirado o dinheiro.<br />
Segundo os especialistas, o ideal é que o empresário reinvista na<br />
loja parte do lucro líquido, para, dessa forma, reduzir o custo da<br />
utilização de capital de terceiros, como empréstimos bancários,<br />
por exemplo. O empréstimo bancário deve servir para aumentar<br />
o ganho, e não para ser a solução para pagar contas.<br />
A rentabilidade e a lucratividade do negócio também devem<br />
estar no planejamento. A rentabilidade é a divisão do lucro<br />
operacional da empresa (faturamento menos custos e despesas<br />
operacionais) pelo investimento da loja. Já a lucratividade é o<br />
lucro operacional dividido pelo faturamento.<br />
Para explicar, Lobrigatti utiliza como exemplo uma empresa<br />
com investimento de R$ 1 milhão. “Se essa empresa tem faturamento<br />
mensal de R$ 100 mil e, depois de retirar despesas e<br />
custos operacionais, sobra R$ 15 mil, esse é o lucro operacional”,<br />
diz. “A rentabilidade será de 1,5% ao mês e a lucratividade,<br />
15%”, calcula.<br />
Beltrame destaca que essa rentabilidade é o que vai mensurar<br />
o resultado projetado e avaliar se o negócio é compatível com<br />
as expectativas do empresário. “Esse retorno também pode ser<br />
comparado com outras opções de investimento que existem<br />
no mercado financeiro e, caso não seja satisfatório, pode gerar<br />
novos planos de negócio”, analisa.<br />
“Se a rentabilidade for menor do que uma aplicação bancária,<br />
por exemplo, é hora de rever todo o planejamento para<br />
descobrir onde está o erro. Ninguém investe em uma empresa<br />
para ganhar menos do que uma aplicação”, acrescenta Lobrigatti,<br />
do Sebrae-SP.<br />
Segundo os especialistas essas recomendações podem ser<br />
novembro 2010 | SuperVarejo n 33
<strong>Capa</strong> <strong>PLANEJAMENTO</strong> <strong>FINANCEIRO</strong><br />
seguidas mesmo por quem não tem a prática de realizar um<br />
planejamento financeiro, mas está disposto a olhar com cada<br />
vez mais cuidado a informação que a loja pode gerar. A prática<br />
desses conceitos faz com que o supermercadista consiga<br />
criar diferentes simulações de cenários, avaliando os riscos e<br />
as oportunidades envolvidas.<br />
Crescimento anunciado<br />
Em algumas lojas a importância de um planejamento e o<br />
resultado obtido com a execução fica bem claro. Um exemplo<br />
disso é a rede de supermercados Plus, com duas lojas, que faz<br />
parte de uma Central de Negócios com 12 lojas da zona norte<br />
da cidade de São Paulo.<br />
Em 2008 a ideia era fechar uma das lojas porque não estava<br />
atingindo os resultados esperados e recorrentemente recebia<br />
recursos do proprietário. Na época chegou à empresa o gerente<br />
comercial Waldemar Silva, que tinha na bagagem mais de 30<br />
anos de experiência em grandes varejos como Carrefour e Pão<br />
de Açúcar. “Logo percebi que não havia um planejamento definido.<br />
Comecei a fazer um levantamento em cima das vendas<br />
diárias, depois mensais, até chegar na anual”, conta o gerente.<br />
Atualmente, a loja apresenta uma ótima rentabilidade e a<br />
ideia de fechar as portas foi esquecida. Para 2011 ele espera<br />
conseguir fazer uma leitura ainda mais precisa, já que vai conseguir,<br />
pela primeira vez, comparar dados de dois anos anteriores<br />
para traçar um planejamento. “Agora estou treinando<br />
dois gerentes para que consigam executar as metas e produzir<br />
essas informações durante o próximo ano. Assim teremos um<br />
crescimento projetado cada vez mais fiel”, planeja Silva.<br />
Para o gerente, o departamento comercial é o coração da<br />
empresa de varejo e cada negociação com fornecedores tem<br />
que dar resultado. “Com o planejamento, sei até onde posso<br />
chegar em cada negociação”, conta Silva, que também cuida<br />
da compra da Central de Negócios, apesar de cada loja ter uma<br />
administração independente.<br />
Silva admite que já fez uma projeção mensal para 2011<br />
incluindo datas sazonais e até mesmo a comercialização do<br />
tabloide. Na projeção está o crescimento da empresa com a<br />
abertura de duas lojas. “O planejamento financeiro é essencial<br />
para quem pretende crescer. E para planejar é preciso saber<br />
analisar e fazer uma leitura da realidade de cada loja.”<br />
Outro exemplo de que com bom planejamento a empresa<br />
pode crescer de forma saudável pode ser visto na cidade de Mogi<br />
das Cruzes, na Grande São Paulo. O Supermercados Alabarce<br />
iniciou suas atividades em 1994 com uma loja de 700 metros<br />
quadrados e quatro checkouts. Hoje, já são quatro unidades;<br />
a loja matriz praticamente dobrou de tamanho e conta com<br />
dez checkouts.<br />
Mas o início não foi fácil, segundo o diretor de Estratégia<br />
e Marketing, Ronaldo Alabarce. “A visão de planejamento era<br />
bem amadora, sem experiência. Éramos guiados pelo reflexo<br />
da venda e do que encontrávamos no caixa. Nessa época não<br />
tínhamos uma perspectiva de mercado futuro, comprávamos<br />
com prazos curtos e pensávamos no lucro imediato”, admite.<br />
Segundo o diretor, esse tipo de administração permaneceu<br />
por quase cinco anos. Em 1999, com a experiência advinícius<br />
fonseca/agência luz<br />
➥Lobrigatti, do Sebrae-SP: toda<br />
informação da área administrativa<br />
é válida no momento do<br />
planejamento financeiro<br />
quirida pelos seus administradores, a empresa buscou uma<br />
postura mais profissional. “O primeiro passo foi entender a<br />
nossa marca. A partir daí nos posicionamos e planejamos um<br />
crescimento”, conta.<br />
Com base em números, as metas começaram a ser planejadas<br />
e revistas. “Começamos desde então a aperfeiçoar o lucro,<br />
reter as perdas e descobrir as seções que mais influenciavam<br />
no negócio, tanto para mais como para menos. Dessa maneira,<br />
nossa empresa conseguiu projetar os objetivos sem jamais<br />
tomar recurso de instituição financeira para crescer.”, afirma<br />
Alabarce.<br />
Ele também conta que desde 2002 a empresa consegue projetar<br />
o crescimento do mercado da região de Mogi das Cruzes.<br />
“Cada loja atende um público diferente, por isso temos fluxos<br />
de caixas diferentes. Conseguimos maior lucratividade e rentabilidade<br />
colocando o produto certo para cada unidade. Isso<br />
faz parte do planejamento financeiro”, define.<br />
Para 2011 o Supermercados Alabarce já definiu quais serão<br />
suas metas e como conseguirá crescer. O rumo da empresa, segundo<br />
o diretor, é definido por ele e dois outros sócios. “Projeta-<br />
34 n SuperVarejo | novembro 2010
paulo pepe/nau<br />
➥Silva, da rede Plus, já<br />
elaborou projeção para<br />
2011 prevendo crescimento<br />
e novas lojas<br />
mos o fluxo de caixa para os próximos dez anos. Sabendo disso,<br />
traçamos metas mensalmente de acordo com nossos objetivos,<br />
seja aumentar a lucratividade ou abrir novas lojas”, explica.<br />
Alabarce deixa como dica para um planejamento eficiente<br />
que o administrador consiga produzir os índices e as informações<br />
dentro da loja para traçar metas reais, uma vez que o<br />
mercado oscila muito.<br />
Obtendo os índices<br />
A consultora da Beluzzi & Associados, empresa de consultoria<br />
especializada em varejo, Stella Beluzzi,defende que planejamento<br />
financeiro é estudar a captação e o uso do dinheiro ao<br />
longo do tempo. “O empresário brasileiro, de maneira geral,<br />
por causa de tantas mudanças, planos econômicos e longo<br />
histórico de inflação, desenvolveu intuitivamente alguns conceitos<br />
de administração financeira baseados na administração<br />
do estoque”, analisa.<br />
No cenário de hoje, com o crédito de fácil acesso e o aumento<br />
do poder de compra das classes de baixa renda, a concorrência<br />
ficou muito mais agressiva e com isso as margens aplicadas so-<br />
Cinco passos<br />
básicos do<br />
planejamento<br />
financeiro<br />
1<br />
Identificar<br />
2<br />
3<br />
4<br />
5<br />
as metas para determinado período, que<br />
devem ser ambiciosas, mas dentro da realidade<br />
Produzir dados na loja e principalmente<br />
armazená-los para futura leitura do cenário<br />
em que está inserida<br />
Analisar a situação e fazer a revisão<br />
das metas<br />
Definir e executar as estratégias. Para determinada<br />
meta, definir uma ou mais estratégias e projetar o<br />
tempo necessário para atingi-las<br />
Revisar as estratégias caso as metas não estejam<br />
sendo atingidas<br />
novembro 2010 | SuperVarejo n 35
<strong>Capa</strong> <strong>PLANEJAMENTO</strong> <strong>FINANCEIRO</strong><br />
➥Ronaldo, do<br />
Supermercado<br />
Alabarce: com base<br />
no entendimento<br />
do negócio e<br />
em números,<br />
supermercado<br />
consegue maior<br />
lucratividade e<br />
rentabilidade<br />
dito e débito, e registrados em uma ficha de fechamento de<br />
caixa. Assim, o que foi registrado no caixa tem que ser igual à<br />
soma dos valores encontrados. “O resultado de cada caixa deve<br />
ser digitado em uma planilha para consolidar os checkouts e<br />
a conferência ficar mais fácil”, afirma Stella.<br />
Fluxo de caixa<br />
De acordo com a consultora, o fluxo de caixa é a projeção<br />
dos recebimentos ao longo de um determinado período. “Nesse<br />
mapa, colocamos todas as estimativas de recebimento já em<br />
seus valores líquidos”, diz. Aqui entram os dados de recebimento<br />
de cartões de débitos e créditos já descontadas as taxas<br />
de administração das operadoras, os recebimentos de cheques<br />
pré-datados e outros. “Na parte das saídas, o supermercadista<br />
deve colocar todas as necessidades de pagamento ordenadas<br />
para o dia”, completa.<br />
A função que Stella considera a mais importante na adminis-<br />
bre o produto se tornaram mais baixas. “Esse cenário enxugou<br />
a rentabilidade e fez com que o capital de giro ficasse cada vez<br />
mais escasso e, em muitos casos, faz com que o supermercadista<br />
tenha que recorrer a empréstimos e adiantamentos para saldar<br />
suas dívidas”, afirma Stella.<br />
Para fazer o básico da gestão financeira e iniciar um planejamento,<br />
Stella sugere que o supermercadista utilize quatro<br />
instrumentos: controle de venda, fluxo de caixa, orçamento<br />
e apuração dos resultados da empresa. “O controle de vendas<br />
é a conferência dos valores físicos encontrados no caixa e no<br />
relatório de vendas do sistema de informática. Para fazer esse<br />
controle do valor encontrado com o valor digitado, o supermercadista<br />
deve utilizar uma planilha”, sugere a consultora.<br />
Essa planilha, diz, deve ser preenchida diariamente pela pessoa<br />
que opera o caixa.<br />
Após terminar o dia de trabalho, todos os valores do caixa<br />
serão contados, separando os comprovantes de cartões de créplanilha<br />
para<br />
controle de vendas<br />
simulação feita com números fictícios<br />
OPERADORA________________ CAIXA__________________<br />
VALORES<br />
( + ) Dinheiro 1.500,00<br />
( + ) Retirada em R$ 100,00<br />
( + ) Cheque à vista 250,00<br />
( + ) Cheque pré 350,00<br />
( = ) Subtotal 2.200,00<br />
Convênios<br />
( + ) Convênio A 50,00<br />
( + ) Convênio B 50,00<br />
( = ) Subtotal 100,00<br />
Cartões débito<br />
( + ) Bandeira A 200,00<br />
( + ) Bandeira B 200,00<br />
( = ) Subtotal 400,00<br />
renato moretti/revista femme<br />
Cartões credito<br />
( + ) Bandeira A 350,00<br />
( + ) Bandeira B 400,00<br />
( = ) Subtotal 750,00<br />
Cancelamento de cupom<br />
Sangrias 2.500,00<br />
Fundo de caixa 88,00<br />
Total encontrado 3.450,00<br />
Total registrado 3.450,00<br />
Sobra<br />
Falta<br />
36 n SuperVarejo | novembro 2010
<strong>Capa</strong> <strong>PLANEJAMENTO</strong> <strong>FINANCEIRO</strong><br />
➥Stella, da Beluzzi &<br />
Associados: orçamento e<br />
planejamento mantêm o<br />
supermercadista no rumo certo<br />
tração financeira é a confecção do orçamento. “Esse é o instrumento<br />
de planejamento e controle de receitas, despesas e resultados<br />
do negócio. É uma previsão, uma meta, de acordo com a qual<br />
serão tomadas as decisões da empresa”, explica. O orçamento<br />
olha para as possíveis mudanças futuras, quantificando em termos<br />
econômicos e financeiros, as atividades da empresa.<br />
Além do orçamento, o que mantém o supermercadista no<br />
rumo certo e com dinheiro no bolso é o planejamento de compras.<br />
Essa função permite usar o recurso de maneira adequada,<br />
pois divide o dinheiro a ser gasto com a aquisição de mercadorias<br />
de acordo com a demanda da venda.<br />
“O planejamento de compras vai mostrar onde se gastará<br />
a verba destinada para compras de mercadorias sem desequilibrar<br />
os estoques e determinando uma verba para cada linha<br />
de produto”, diz Stella. “Recomendo ao supermercadista que<br />
trabalhe com base 70%, ou seja, de cada 100 reais em vendas,<br />
ele destine 70 reais para mercadorias e deixe 30 reais para pagar<br />
despesas, investimentos e sua retirada”, completa.<br />
Ao fazer um planejamento de compras como o sugerido pela<br />
consultora, o administrador terá duas vantagens: estabelecer<br />
as metas de venda e a verba máxima para compra de produtos<br />
para suprimir essa demanda. “Infelizmente ainda vejo muitos<br />
supermercadistas que compram mais do que vendem, e isso<br />
tem que ser controlado”, alerta Stella.<br />
Por fim, Stella diz que muitas vezes o supermercadista não<br />
entende porque não consegue atingir resultados satisfatórios,<br />
mesmo que tenha tanto trabalho, o volume de vendas seja<br />
constante e utilize um planejamento de compras. “Nesse caso, o<br />
administrador deve examinar seu ponto de equilíbrio”, sugere.<br />
Segundo ela, é o ponto que representa o volume do montante<br />
planilha de fluxo de caixa<br />
simulação feita com números fictícios<br />
saldo inicial Dia 1 (Qui) Dia 2 (Sex) Dia 3 (Sab) Dia 4 (Dom) Dia 5 (Seg)<br />
Saldo inicial 1.500,00 1.740,00 -2.448,00 1.877,00 6.377,00<br />
ENTRADAS<br />
Vendas R$ 1.500,00 2.300,00 4.325,00 4.500,00 2.300,00<br />
Rec. Cartão de Débito 340,00 210,00 – – 680,00<br />
Rec. Cartão de Crédito 890,00 102,00 – – 4.795,00<br />
Outras entradas – – – – –<br />
Total entradas 2.730,00 2.612,00 4.325,00 4.500,00 7.775,00<br />
SAÍDAS<br />
Fornecedores 2.300,00 1.800,00 – – 2.400,00<br />
Despesas 190,00 – – – 590,00<br />
Bancos – 5.000,00 – – –<br />
Retiradas – – – – 1.500,00<br />
Outras Saídas – – – – –<br />
Total Saídas 2.490,00 6.800,00 0,00 0,00 4.490,00<br />
SAÍDAS 1.740,00 -2.448,00 1.877,00 6.377,00 9.662,00<br />
fonte: Beluzzi & Associados<br />
38 n SuperVarejo | novembro 2010
de vendas em que o lucro bruto é igual à soma das despesas<br />
fixas e variáveis, em que a empresa não tem lucro nem prejuízo,<br />
apenas consegue se manter.<br />
“Desconhecer esse ponto pode fazer com que o supermercadista<br />
tome decisões erradas, atribuindo o problema da falta de<br />
resultado a outras causas”, adverte Stella. A especialista explica<br />
que partindo desse número o supermercadista pode detectar<br />
problemas como, por exemplo, se as margens aplicadas estão<br />
insuficientes para cobrir as despesas ou se o volume de vendas<br />
não comporta as despesas.<br />
Para quem ainda não faz um planejamento financeiro de<br />
forma mais eficaz, esses conceitos podem ajudar a guiar os<br />
primeiros passos. O importante é que as metas sejam constantemente<br />
revisadas e corrigidas de acordo com a realidade de<br />
cada loja. A previsão é sempre uma estimativa e dificilmente<br />
tudo acontecerá exatamente como foi planejado.<br />
planilha de orçamento<br />
simulação feita com números fictícios<br />
ORÇAMENTO PROJETADO REALIZADO<br />
Faturamento 1.320.000,00 1.317.946,59<br />
CMV (custo das mercadorias vendidas) 1.000.000,00 1.000.724,40<br />
RESULTADO OPERACIONAL 320.000,00 24,24 317.222,19 24,03<br />
SAÍDAS<br />
Perdas operacionais 2.500,00 0,19 5.632,68 0,43<br />
DESPESAS GERAIS<br />
Desp. Venda 22.800,00 1,73 23.672,34 1,79<br />
Desp. Salários 91.300,00 6,92 83.209,40 6,30<br />
Desp. Benefícios e Encargos 38.600,00 2,92 39.402,23 2,99<br />
Desp. Administrativas 3.800,00 0,29 3.778,40 0,29<br />
Desp. Fixas 22.000,00 1,67 21.868,09 1,66<br />
Prestadores de Serviços 6.000,00 0,45 5.922,80 0,45<br />
Desp. Informática 2.500,00 0,19 4.273,33 0,32<br />
Despesas Financeiras 1.200,00 0,09 244,10 0,02<br />
Desp. Transportes 3.500,00 0,27 1.151,14 0,09<br />
Desp. Marketing 10.000,00 0,76 13.370,87 1,01<br />
Subtotal 201.700,00 15,28 196.892,70 14,92<br />
Despesas Das Seções<br />
Frente de Caixa 5.500,00 0,42 6.306,35 0,48<br />
Padaria 5.300,00 0,40 5.292,49 0,40<br />
Rotisseria 15.000,00 1,14 21.116,17 1,60<br />
Açougue 250,00 0,02 216,58 0,02<br />
Pizzaria 4.500,00 0,34 4.444,28 0,34<br />
Limpeza Geral 900,00 0,07 827,00 0,06<br />
Subtotal 31.450,00 2,38 38.202,87 2,89<br />
SUBTOTAL DESPESAS 233.150,00 17,66 235.095,57 17,81<br />
INVESTIMENTOS<br />
Equipamentos 0,00 1.474,50 0,11<br />
Reformas e construção 0,00 0,00 0,00 0,00<br />
Retiradas sócios 15.000,00 1,14 3.670,67 0,28<br />
Subtotal 15.000,00 1,14 5.145,17 0,39<br />
TOTAL DESPESAS 250.650,00 18,99 245.873,42 18,63<br />
RESULTADO BRUTO 69.350,00 5,25 71.348,77 5,41<br />
fonte: Beluzzi & Associados<br />
novembro 2010 | SuperVarejo n 39
<strong>Capa</strong> <strong>PLANEJAMENTO</strong> <strong>FINANCEIRO</strong><br />
planilha de planejamento de compras<br />
simulação feita com números fictícios<br />
JANEIRO 2011<br />
PREVISÃO: R$ 1.237.453,58 (BASE 70%)<br />
VENDA REAL<br />
compra<br />
PARTICIP. META VENDA ATÉ HOJE % ATINgido META DE COMPRA ATÉ HOJE ATINGido % CPXVD SALDO<br />
Limpeza 5,83 72.192,38 79.206,43 6,34 109,72 50.534,67 43.110,99 85,31 54,43 7.423,68<br />
Bazar 1,35 16.699,14 17.607,62 1,41 105,44 11.689,40 12.964,08 110,90 73,63 -1.274,68<br />
Bazar loja 2,38 29.479,15 33.385,99 2,67 113,25 20.635,41 42.384,40 205,40 126,95 -21.748,99<br />
Bebida diária 7,64 94.541,22 101.270,88 8,10 107,12 66.178,85 73.549,93 111,14 72,63 -7.371,08<br />
Bebida quente 0,50 6.197,06 5.717,43 0,46 92,26 4.337,94 3.443,37 79,38 60,23 894,57<br />
Jardinagem 0,19 2.384,67 2.034,36 0,16 85,31 1.669,27 412,72 24,72 20,29 1.256,55<br />
Mercearia salgada 14,75 182.474,29 177.398,97 14,19 97,22 127.732,00 130.189,64 101,92 73,39 -2.457,64<br />
Mercearia doce 10,23 126.534,04 121.562,37 9,72 96,07 88.573,83 56.872,61 64,21 46,78 31.701,22<br />
Perfumaria 9,61 118.944,88 122.430,53 9,79 102,93 83.261,41 91.595,63 110,01 74,81 -8.334,22<br />
Subtotal 56,90 649.446,84 702.738,61 56,59 108,21 454.612,79 484.885,13 106,66 69,00 679,68<br />
Açougue 11,89 147.089,29 145.940,71 11,67 99,22 102.962,50 109.960,60 106,80 75,35 -6.998,10<br />
Confeitaria 1,35 16.760,23 15.861,79 1,27 94,64 11.732,16 0,00 0,00 0,00 11.732,16<br />
Padaria fabricação própria 1,96 24.300,89 23.822,27 1,91 98,03 17.010,62 13.441,73 79,02 56,43 3.568,89<br />
Padaria industrial 0,96 11.940,98 10.712,25 0,86 89,71 8.358,69 7.332,00 87,72 68,45 1.026,69<br />
Pizzaria 0,57 7.002,05 6.020,65 0,48 85,98 4.901,43 0,00 0,00 0,00 4.901,43<br />
Rotisseria 2,82 34.896,89 37.007,79 2,96 106,05 24.427,82 542,68 2,22 1,47 23.885,14<br />
Frios 13,44 166.278,48 173.445,64 13,87 104,31 116.394,94 137.511,91 118,14 79,28 -21.116,97<br />
Leite longa vida 3,45 42.750,47 42.124,03 3,37 98,53 29.925,33 30.361,76 101,46 72,08 -436,43<br />
Hortifrúti 9,80 121.210,12 130.780,77 10,46 107,90 84.847,09 95.295,30 112,31 72,87 -10.448,21<br />
Lanchonete 0,49 6.109,89 5.179,54 0,41 84,77 4.276,92 1.027,24 24,02 19,83 3.249,68<br />
Subtotal 42,32 578.339,28 538.059,16 47,27 93,04 404.837,50 357.779,46 88,38 66,49 9.364,28<br />
Prod div 0,01 101,63 94,33 0,01 92,82 71,14 0,00 0,00 0,00 71,14<br />
Uso consumo 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 14.232,60 -14.232,60<br />
Vasilhame 0,77 9.565,83 9.229,97 0,74 96,49 6.696,08 0,00 0,00 0,00 6.696,08<br />
0,78 9.667,46 9.324,30 0,75 96,45 6.767,22 14.232,60 210,32 152,64 -7.465,38<br />
Totais 100,00 1.237.453,58 1.250.122,07 100,0 101,02 866.217,51 856.897,19 98,92 68,55 1.988,32<br />
fonte: Beluzzi & Associados<br />
As planilhas e os cálculos mostram para o administrador<br />
quais as tendências que estão influenciando positivamente<br />
ou negativamente a loja e assim ele pode tomar decisões<br />
de investimento, redução de custos, ampliação ou reforma<br />
de lojas.<br />
O que vai garantir o sucesso é a visão de mercado do administrador,<br />
a negociação com fornecedores e o conhecimento<br />
das características específicas da região em que a loja está.<br />
Ao fazer um planejamento financeiro para o próximo ano,<br />
quanto mais fiéis as informações geradas no dia a dia, mais<br />
fácil será desenhar um cenário futuro. Saber com certeza o<br />
que acontecerá é impossível por conta de imprevistos, mas a<br />
tendência é o que norteia as decisões corretas.<br />
> Fontes desta matéria<br />
Beluzzi & Associados: (11) 3889-9279<br />
Provar/Fia: (11) 3732-3535<br />
Sebrae-SP: 0800-5700800<br />
Supermercados Alabarce: (11) 4798-3204<br />
Supermercados Plus: (11) 3942-4563<br />
Lembretes<br />
• Planejamento é um processo e, por isso,<br />
demanda contínuas mudanças e adequações.<br />
É natural que elas ocorram<br />
• Não esperar a empresa entrar em momento de crise<br />
para realizar um planejamento<br />
• Nunca projetar retornos irreais de investimentos ou de<br />
vendas<br />
• Se não souber fazer, cabe ao empresário aprender ou<br />
contratar alguém que faça<br />
• Deixar a responsabilidade de produzir as informações<br />
financeiras da loja centralizada em uma pessoa<br />
40 n SuperVarejo | novembro 2010