Capa FESTAS DE FIM DE ANO - Apas
Capa FESTAS DE FIM DE ANO - Apas
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<strong>Capa</strong> <strong>FESTAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>FIM</strong> <strong>DE</strong> <strong>ANO</strong><br />
28 n SuperVarejo | outubro 2009
em planejado<br />
Para ter estoque e capital de giro equilibrados e tranquilidade em<br />
janeiro, não há milagre. É preciso planejar para tirar o máximo<br />
proveito da melhor época do varejo >> Denise Turco > dturco@supervarejo.com.br<br />
“<br />
Não acredite que Papai Noel<br />
ajuda a vender. É preciso<br />
planejar.” É com essa visão<br />
realista que o professor e<br />
diretor de Projetos do curso<br />
de pós-graduação da Escola Superior<br />
de Propaganda e Marketing (ESPM),<br />
Claudinei Santos, alerta os varejistas<br />
para o que vem por aí. “É essencial lidar<br />
com estatísticas de vendas e variáveis<br />
do mercado para ter sucesso antes, durante<br />
e depois do Natal.”<br />
Nessa época a rotina da loja muda<br />
bastante, afinal aumenta o sortimento<br />
de itens regulares e sazonais, o que<br />
demanda mais espaço, investimentos,<br />
esforço de vendas. Além disso, é fato que<br />
janeiro é um período fraco de vendas.<br />
Há casos de supermercadistas que se desfizeram<br />
de bens para cumprir com suas<br />
obrigações financeiras. Uma péssima<br />
maneira de começar o ano.<br />
O diretor administrativo financeiro<br />
do Covabra, com dez lojas na região de<br />
Campinas (SP), Ronaldo dos Santos,<br />
aponta outro sério problema que ocorre<br />
em dezembro e janeiro: as férias coletivas<br />
das indústrias. “No dia 20 de dezembro,<br />
vários fornecedores entregam as mercadorias<br />
e depois só voltam a fazê-lo em 15<br />
de janeiro. Ficamos com muito estoque,<br />
falta de espaço e em dificuldades financeiras,<br />
porque compramos a mercadoria<br />
com bastante antecedência.”<br />
O caminho é analisar o histórico de<br />
vendas para projetar o último trimestre<br />
do ano. “Não é fácil levantar os dados<br />
e fazer o planejamento, mas, uma vez<br />
feito, tudo fica mais fácil”, ressalta a<br />
consultora de varejo da Beluzzi & Associados,<br />
Stella Beluzzi.<br />
O professor do departamento de Mercadologia<br />
da Escola de Administração<br />
de Empresas de São Paulo da Fundação<br />
outubro 2009 | SuperVarejo n 29
<strong>Capa</strong> <strong>FESTAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>FIM</strong> <strong>DE</strong> <strong>ANO</strong><br />
Getulio Vargas (FGV), Nicolau André<br />
de Miguel, lembra que é imprescindível<br />
planejar a demanda juntamente com o<br />
fornecedor, o que evita ruptura e queima<br />
de estoque em janeiro. Dessa maneira,<br />
também compartilha o risco da venda<br />
de itens natalinos previamente.<br />
No caso das categorias sazonais, é importante<br />
verificar o histórico de vendas do<br />
Natal anterior e aplicar um porcentual de<br />
crescimento estimado para o ano vigente,<br />
além de considerar a movimentação do<br />
mercado. “Neste ano, o setor de supermercados<br />
está crescendo em média 11%.<br />
Se a loja estiver dentro dessa média, já<br />
pode prever que venderá 11% a mais que<br />
no ano passado; se estiver acima, pode<br />
aplicar porcentuais maiores”, orienta o diretor<br />
da Tecnovarejo Consultoria, Projetos<br />
e Obras, Peter Hardtmeier. “Os supermercadistas<br />
devem considerar que em 2009<br />
o dólar está mais baixo do que em 2008,<br />
o que pode favorecer a venda de bebidas<br />
importadas e frutas secas”, completa.<br />
Segundo Hardtmeier, se o supermercado<br />
estiver na média do mercado e contar<br />
com lojas novas, é preciso considerar<br />
no cálculo o porcentual de mercado mais<br />
o porcentual de crescimento para as lojas<br />
novas que não existiam em dezembro do<br />
ano anterior.<br />
EQUILÍBRIO FUNDAMENTAL<br />
Ao longo do ano, o nível de estoque é<br />
proporcional ao da venda, o que equilibra<br />
o capital de giro. Isso significa que as<br />
Considerações<br />
para o Natal<br />
Planejar junto com os fornecedores<br />
quantidades e prazos de pagamento;<br />
compartilhar previamente riscos das sobras<br />
de itens sazonais<br />
divulgação<br />
vendas estão em sintonia com estoques,<br />
contas a pagar e a receber.<br />
Com a alta demanda de fim de ano e<br />
consequente aumento do estoque, é preciso<br />
avaliar vários aspectos para manter<br />
tudo equilibrado e sob controle: custos<br />
com capital, estoque, espaço e manuseio.<br />
“Quando o supermercado compra<br />
produtos sazonais, tem ônus de espaço<br />
e de manuseio. Os produtos ficam mais<br />
tempo na loja ou no estoque e isso pode<br />
gerar perdas. Os itens natalinos, que na<br />
maioria são perecíveis, têm valor de mercado<br />
depreciado, porque em janeiro esse<br />
valor cai”, explica o consultor de varejo<br />
da Booz&Co., Edson Kawabata.<br />
Kawabata orienta fazer uma análise<br />
de risco considerando o que chama de<br />
“capital de aposta”, ou seja, o montante<br />
que será investido nessa época do ano. “É<br />
necessário fazer uma espécie de aposta,<br />
porque o varejista não sabe exatamente<br />
o quanto vai ganhar, mas tem que fazer<br />
um investimento prévio.” Será preciso<br />
decidir, por exemplo, se vai substituir<br />
itens básicos do sortimento, oferecendo<br />
mais frutas natalinas como uva e cereja e<br />
tirando outras mais básicas, ou se colocará<br />
mais castanha em vez de amendoim.<br />
Fazer análises com base no porcentual de vendas da<br />
empresa no ano anterior<br />
Considerar custos com capital, estoque, espaço e<br />
manuseio<br />
Avaliar o sortimento ideal para evitar perdas, sem<br />
deixar de atender o consumidor com produtos<br />
natalinos. Se a empresa tiver restrição de capital, é<br />
melhor abdicar de alguns itens sazonais para evitar<br />
perdas futuras<br />
Gerenciar a necessidade de capital de giro com<br />
antecedência para não faltar em janeiro<br />
Investir em promoções na mídia e na loja. Produtos<br />
sazonais devem ganhar exposição e sinalização<br />
atraentes; oferecer vantagens e estímulos ao<br />
consumidor<br />
santos, da espm:<br />
é importante<br />
analisar em<br />
novembro se<br />
faltará capital de<br />
giro em janeiro<br />
30 n SuperVarejo | outubro 2009
paulo pepe/nau<br />
“Na verdade, é<br />
essa substituição<br />
que se passa<br />
na cabeça do<br />
kawabata,<br />
da booz&CO:<br />
monitoramento<br />
diário das vendas<br />
é fundamental<br />
consumidor. Essa adaptação do mix deve<br />
acontecer, sem dúvida”, reforça.<br />
O ideal é substituir os itens de menor<br />
giro, menor margem ou aqueles que podem<br />
ser trocados por itens sazonais. “Isso<br />
é uma questão de escolha da loja, principalmente<br />
se a empresa tiver restrição de<br />
capital de giro”, pondera Kawabata.<br />
É possível adotar uma posição conservadora<br />
e apostar em produtos com<br />
menor depreciação física e de valor, ou<br />
ainda optar pela participação moderada<br />
dos itens natalinos. “A loja precisa ter<br />
consistência, ou seja, um sortimento<br />
mínimo para dar uma boa impressão ao<br />
consumidor. É melhor abdicar de alguns<br />
itens sazonais para não perder depois.<br />
O consumidor não sente a diferença de<br />
mais ou menos champanhe na loja, mas<br />
percebe se tem pouca uva ou cereja. Então<br />
pode reduzir itens de maior valor e<br />
deixar produtos com melhor apresentação<br />
visual. Já que a loja vai investir em<br />
estoque, tem de extrair o máximo de<br />
Informação de qualidade<br />
Para facilitar a gestão de compras e estoques, criar no sistema da loja os<br />
itens Grupo Sazonais e subgrupos para cada data específica. Exemplo:<br />
Grupo: Sazonais<br />
Subgrupos: Natal, Páscoa, Dia das Mães, Dia das Crianças,<br />
Dia dos Namorados<br />
Desse modo, evita-se que as compras específicas para datas sazonais<br />
comprometam o planejamento do restante das compras. Para separar as<br />
categorias que farão parte do grupo e subgrupos, usar a curva ABC de vendas<br />
do ano anterior. Exemplo:<br />
Grupo: Sazonais<br />
Subgrupo: Natal<br />
Família:<br />
Produção própria padaria<br />
Produtos:<br />
• Panetones – criar um<br />
código para cada SKU<br />
• Bolos Especiais – criar um<br />
código para cada sabor<br />
Família: Congelados<br />
Produtos:<br />
Aves congeladas – criar um código<br />
para cada SKU<br />
Fonte: Stella Beluzzi, consultora de varejo<br />
outubro 2009 | SuperVarejo n 31
<strong>Capa</strong> <strong>FESTAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>FIM</strong> <strong>DE</strong> <strong>ANO</strong><br />
margem em cima disso”, destaca o consultor<br />
da Booz&Co.<br />
Essas substituições podem dar a impressão<br />
de menos vendas no fim, mas<br />
é preciso lembrar que a margem nessa<br />
época é maior do que a média, uma<br />
vez que o supermercadista já considera<br />
o risco de remarcação nos primeiros<br />
meses do ano.<br />
Depois de fazer esses cálculos, a<br />
empresa terá como prever as vendas<br />
com precisão razoável e estará pronta<br />
para encomendar os produtos dos<br />
fornecedores.<br />
É essencial criar um banco de dados<br />
com informação sobre o que planejou e<br />
o que efetivamente aconteceu. Assim a<br />
cada ano pode avaliar e refinar a gestão<br />
e potencializar as possibilidades de sucesso.<br />
“Faça anotações precisas de quando a<br />
mercadoria chegou, quanto tempo durou<br />
até a reposição, quando iniciou a ruptura,<br />
e organize uma boa base de dados<br />
para calcular melhor no próximo ano”,<br />
orienta Stella.<br />
“O planejamento é um trabalho grande<br />
e complicado. Se a empresa tiver dificuldade,<br />
não deve hesitar em contratar<br />
pesquisas ou uma consultoria para ajudar”,<br />
orienta Santos, da ESPM.<br />
Otimismo para fim do ano<br />
índice de confiança de pequenos e médios negócios<br />
Fonte: Insper e Grupo Santander Brasil<br />
<strong>DE</strong> OLHO NO ORÇAMENTO<br />
“A maioria das vendas realizadas em<br />
dezembro com cartões e cheques são<br />
para recebimento em janeiro, mês em<br />
que as despesas do supermercado são<br />
maiores. Por esse motivo, sugiro que o<br />
supermercadista calcule a relação compra<br />
e venda para planejar as compras.<br />
Dessa maneira não faltará dinheiro para<br />
pagar as obrigações”, alerta Stella.<br />
O cálculo é feito da seguinte maneira:<br />
considerar que o faturamento equivale a<br />
100% do dinheiro disponível para pagamentos.<br />
Desse total, 20% são destinados<br />
a despesas, 5% a extras e 75% a pagamento<br />
de fornecedores. Se no orçamento já<br />
consta a previsão de venda, calcular qual<br />
será o valor para cada grupo de despesas<br />
e reservar o dinheiro. “O importante é<br />
comprar no máximo até 75% da previsão<br />
de venda, caso contrário não cobrirá<br />
o pagamento das demais despesas”, demonstra<br />
a consultora.<br />
É importante gerenciar a necessidade<br />
de capital de giro com antecedência, co-<br />
stella, da beluzzi<br />
& associados: é<br />
essencial criar<br />
um banco de<br />
dados com o que<br />
planejou e o que<br />
efetivamente<br />
aconteceu<br />
eliane cunha<br />
32 n SuperVarejo | outubro 2009
<strong>Capa</strong> <strong>FESTAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>FIM</strong> <strong>DE</strong> <strong>ANO</strong><br />
mo lembra Santos. “Se em novembro<br />
a empresa já prevê falta<br />
de capital de giro em janeiro, é<br />
preciso ajustar as compras.”<br />
co e que a indústria de consumo<br />
terá uma vantagem<br />
em relação às demais”, avalia<br />
Kawabata, da Booz&Co.<br />
“Quando o consumidor posterga compras<br />
de alto valor, como está acontecendo<br />
agora, ele vai em direção aos pequenos<br />
luxos, comprando mais alimentos. Isso<br />
vai ter um impacto bom para o supermercadista.”<br />
“Com a crise rondando, redimensionamos<br />
nossos estoques e adiamos<br />
investimentos até meados de 2009. Mas<br />
a partir do segundo semestre estamos<br />
com crescimento real de vendas. Por isso,<br />
acreditamos que novembro e dezembro<br />
de 2009 serão melhores que o mesmo<br />
período de 2008. Deveremos ter um aumento<br />
real acima de 5% no volume de<br />
mercadorias comercializadas, e a participação<br />
dos produtos importados deve aumentar<br />
65% sobre o ano anterior”, expõe<br />
o diretor do Breithaupt, com seis lojas em<br />
Santa Catarina, Roberto Breithaupt.<br />
Ele comenta que a redução de tributos<br />
como IPI e ICMS para os produtos<br />
da cesta básica, materiais de construção<br />
e eletrodomésticos impulsionou as vendas<br />
na região. “Isso criou expectativa de<br />
vendas positivas para o comércio neste<br />
Natal”, acrescenta.<br />
De acordo com o Índice de Confiandivulgação<br />
MONITORAR<br />
PARA TOMAR<br />
<strong>DE</strong>CISÕES<br />
Novembro é o momento<br />
de começar a controlar diariamente<br />
as vendas dos itens<br />
natalinos. Na rede Covabra,<br />
o monitoramento é feito dia<br />
a dia, sempre em comparação<br />
com dados do ano anterior para<br />
tomar decisões mais acertadas.<br />
“A partir disso, verificamos se<br />
será preciso fazer promoções<br />
ou acertar o preço em relação<br />
à concorrência”, exemplifica o<br />
diretor Ronaldo dos Santos.<br />
Os dias 15 e 20 de dezembro<br />
são datas-limite para tomar<br />
decisões – aumentar ou reduzir<br />
preços, solicitar mais mercadorias aos<br />
fornecedores. “Se vender mais do que o<br />
planejado, pode pedir urgência na entrega<br />
de mercadorias ou aumentar os preços.<br />
Se vender menos, o risco aumenta<br />
e daí é preciso acelerar a remarcação de<br />
preços. Não deixe para reduzir preço depois<br />
da virada do ano. É melhor perder<br />
5% em dezembro do que 40% em janeiro”,<br />
lembra Kawabata.<br />
Cada semana desse período tem um<br />
comportamento diferente e as soluções<br />
mudam com o tempo, acrescenta<br />
o consultor da Booz&Co. “De outubro<br />
a dezembro, muita coisa pode mudar.<br />
Por isso, é necessário fazer um exercício<br />
diário de acompanhamento. Esse é um<br />
exercício de construção de cenário para<br />
conseguir analisar o impacto e saber agir<br />
no momento certo. O monitoramento<br />
diário é fundamental para não perder<br />
oportunidades.”<br />
Na possibilidade de não acontecer o<br />
planejado, a solução é adotar estratégias<br />
para minimizar as perdas – fazer promoções,<br />
melhorar a exposição, entre outras<br />
saídas. “No caso de sobra, a melhor solução<br />
é a velha promoção; para a falta, a<br />
empresa pode recorrer ao atacado”, lembra<br />
Stella Beluzzi.<br />
“O supermercadista pode aproveitar<br />
a data de 6 de janeiro, Dia de Reis, a<br />
exemplo do varejo mexicano,<br />
que tem tradição em realizar<br />
ações nessa data como mote<br />
para promoções de produtos<br />
sazonais, do tipo ‘leve 4, pague 3’”, sugere<br />
o professor Nicolau Miguel, da FGV.<br />
Um planejamento bem feito, medido<br />
e executado evita complicações futuras.<br />
“Se a empresa planejou bem, não deveria<br />
sobrar nem faltar mercadoria, a não<br />
ser que ocorra um grande problema na<br />
economia”, conclui Hardtmeier, da Tecnovarejo.<br />
laban, do insper:<br />
planejamento<br />
deve considerar<br />
que 2010 é ano<br />
de eleições e<br />
com horizonte<br />
de bons negócios<br />
EXPECTATIVAS<br />
O varejo alimentar não sentiu os reflexos<br />
da crise como ocorreu com outros<br />
segmentos da economia e continua com<br />
perspectivas positivas para fechar o ano.<br />
“No Grupo Carvalho, esperamos que este<br />
Natal seja melhor que 2008, quando as<br />
pessoas estavam mais temerosas em relação<br />
à crise. Pretendemos crescer 15%”,<br />
conta a superintendente, Van Carvalho.<br />
A empresa atua no Piauí com as bandeiras<br />
Comercial Carvalho, Carvalho Alternativo<br />
e Carvalho Supermercado num total<br />
de 40 lojas. A rede não parou de investir<br />
em 2009 e até o fim do ano abrirá duas<br />
unidades e ampliará mais três.<br />
“Não há otimismo, mas serenidade<br />
que será um ano de crescimento orgâni-<br />
34 n SuperVarejo | outubro 2009
<strong>Capa</strong> <strong>FESTAS</strong> <strong>DE</strong> <strong>FIM</strong> <strong>DE</strong> <strong>ANO</strong><br />
Gestão eficiente<br />
As estratégias dos supermercados para o Natal<br />
O Grupo Mateus, rede com 15<br />
supermercados no Maranhão, encontrou<br />
um caminho para equilibrar as vendas de<br />
janeiro e fevereiro, meses fracos: antecipa<br />
as negociações e também a exposição de<br />
material escolar. “Esse é um diferencial,<br />
e com o sortimento de material escolar<br />
conseguimos crescer dois dígitos nessa época do ano”, diz o presidente da<br />
empresa, Ilson Mateus.<br />
A partir de outubro o Grupo Carvalho, do<br />
Piauí, começa a negociar com fornecedores a<br />
compra de itens natalinos. “O segredo é fazer<br />
um planejamento baseado no porcentual<br />
de crescimento da própria empresa. Dessa<br />
maneira, não sobra muita mercadoria nem<br />
temos ruptura”, afirma a superintendente, Van<br />
Carvalho. Em janeiro são raras as sobras de mercadorias, que são vendidas<br />
rapidamente na primeira semana do mês em razão de um acordo prévio<br />
com fornecedor.<br />
O Breithaupt, de Santa Catarina, negocia com<br />
fornecedores os prazos de pagamento conforme as<br />
previsões de recebimento dos clientes. “Procuramos<br />
nos basear em demandas ocorridas em anos<br />
anteriores e analisar as tendências do ano em curso.<br />
Com o lançamento do cartão Breithaupt, em parceria<br />
com o Unibanco, conseguimos parcelar o pagamento<br />
com prazos maiores, acelerando as vendas dos produtos em estoque”, conta o<br />
diretor, Roberto Breithaupt.<br />
Ao começar as vendas de itens natalinos<br />
com antecedência, o Covabra não antecipa,<br />
mas aumenta o faturamento, expõe o diretor<br />
administrativo financeiro, Ronaldo dos Santos.<br />
Segundo ele, no planejamento, a empresa<br />
analisa o histórico dos últimos três anos, o<br />
preço do produto no passado, o crescimento<br />
estimado do setor e o dos itens natalinos.<br />
Daí, encomenda dos fornecedores. “Nossa<br />
margem de erro é muito pequena.”<br />
ça do Empresário de Pequenos e Médios<br />
Negócios no Brasil (IC-PMN), criado pelo<br />
Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper,<br />
antigo Ibmec São Paulo) e Grupo Santander<br />
Brasil, os líderes estão otimistas, principalmente,<br />
em relação ao desempenho<br />
da economia e ao desenvolvimento do<br />
próprio negócio (ver gráfico). Por outro<br />
lado, o empresário mostra cautela no que<br />
diz respeito a novos investimentos, que<br />
devem ser adiados. A pesquisa é realizada<br />
com 1,2 mil empresários do País.<br />
O IC-PMN aponta que o comércio<br />
está mais otimista para o último trimestre<br />
de 2009 do que a indústria e o setor<br />
de serviços. O Nordeste é a região com<br />
maior nível de confiança do Brasil (70,3<br />
pontos), um aumento de 12,4% em relação<br />
ao trimestre anterior, quando os<br />
empresários nordestinos foram os mais<br />
pessimistas da pesquisa. A situação se<br />
inverteu também no Norte do País; os<br />
líderes mais otimistas em junho são os<br />
mais pessimistas em setembro.<br />
O coordenador geral de Programas<br />
MBA do Insper, Silvio Laban, lembra<br />
que no momento de planejar o Natal é<br />
preciso levar em consideração que 2009<br />
é um ano atípico. “Estamos saindo de<br />
um processo de desaceleração econômica,<br />
diferente do que vivenciamos tempos<br />
atrás. Será que no atual cenário o que<br />
aconteceu no passado pode ajudar nas<br />
decisões futuras? O Brasil passou bem<br />
por essa crise, mas será que voltaremos<br />
para os mesmos níveis de desenvolvimento<br />
anteriores?”, questiona.<br />
Laban destaca a importância de o<br />
supermercadista planejar não somente<br />
o Natal, mas já pensar em 2010, ano<br />
de eleições. Isso significa melhora da<br />
demanda com a aceleração de obras,<br />
maior quantidade de pessoas empregadas<br />
no processo eleitoral, etc. “Estamos<br />
saindo de um vale para um horizonte<br />
de bons negócios.”<br />
> Fontes desta matéria<br />
Beluzzi & Associados: (11) 3889-9279<br />
Booz&Co: (11) 5501-6257<br />
Breithaupt: (47) 3372-9999<br />
Covabra: (19) 3727-2400<br />
ESPM: (11) 5081-8200<br />
FGV-SP: (11) 3281-7750<br />
Grupo Carvalho: (86) 3216-1601<br />
Grupo Mateus: (98) 2108-3500<br />
Insper: (11) 4504-2400<br />
Tecnovarejo: (11) 3726-5379<br />
36 n SuperVarejo | outubro 2009