EDITORIAL - Revista Sobrape
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VOL. 18 - Nº 03<br />
SETEMBRO 2008<br />
<strong>EDITORIAL</strong><br />
Prezados leitores,<br />
é com grande prazer que apresentamos mais uma edição de nosso periódico. E, nessa oportunidade, gostaríamos de agradecer<br />
imensamente a colaboração que nossa equipe tem recebido a partir de nossos autores, revisores e associados para aprimorar seu<br />
conteúdo e limites de circulação. Sabemos que ainda existe um longo caminho a ser trilhado, mas temos a certeza de estarmos na<br />
direção correta.<br />
Pedimos a todos que mais que críticas nos estendam as mãos em colaboração. E, aguardem por mais novidades...<br />
Uma ótima leitura!<br />
Abraços,<br />
Sheila Cavalca Cortelli<br />
Editora-chefe
REVISTA PERIODONTIA<br />
SOBRAPE - SOCIEDADE BRASILEIRA<br />
DE PERIODONTOLOGIA<br />
SOBRAPE - SOCIEDADE BRASILEIRA DE<br />
PERIODONTOLOGIA<br />
Fundada em 05/10/1970 Gestão 2007/2009<br />
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1º Tesoureiro: Cássio Volponi Carvalho<br />
2º Tesoureiro: Cláudio Mendes Pannuti<br />
<strong>Revista</strong> Periodontia<br />
Editora: Sheila Cavalca Cortelli<br />
Editores Associados: Davi Romeiro Aquino, Fernando de Oliveira<br />
Costa, Gilson Cesar Nobre Franco, Marinella Holzhausen,<br />
Mônica César do Patrocínio,<br />
Corpo Editorial: Angela G. Martins - (BA),<br />
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Auxiliar técnica: Thaís Pereira Peixoto<br />
Diretor do Jornal Periodonto: Fernando Soares<br />
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Conselho Fiscal: Giorgio de Micheli, Ariana Soares Rodrigues,<br />
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Suplentes: Luis Antonio P. Alves de Lima, Juliana Assef Ganhito,<br />
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Representantes Estaduais<br />
Região Norte: AM - Miriam R. A. Westphal, PA - Adriano M.<br />
Correia, AC - José A. G. Fagundes, RO - Francisco H.M. Leite<br />
Região Nordeste: AL - Charles Menezes Leahy, BA - Nelson<br />
Gnoatto, SE - Eleonora de O. B. Martins, PA - Renato V. Alves,<br />
CA - Raimundo N. S. de Castro, PB - Michellini C. T. Brito, MA -<br />
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Região Sudeste: SP - Fernando Soares, RJ - Ricardo G.<br />
Fischer, ES - Lenise Z. S. Dias, MG - Fernando de O. Costa<br />
Região Sul: RG - Cassiano K. Rösing, SC - Glaucia<br />
Zimmermann, PR - Wilson Trevisan<br />
Região Centro-Oeste: GO - Rafael Cantelli Daud, TO -<br />
Lidianeisaura, MS - Valdir F. Gonçalves, MT - Fabrícia C. M.<br />
Bezerra, DF- Emílio B. e Silva<br />
Jornalista Responsável: Sueli dos Santos (MTB 25034) SP<br />
Editoração e Produção Gráfica: SP ARTE<br />
Impressão:<br />
Tiragem da <strong>Revista</strong>: 000 Exemplares<br />
Periodicidade: Trimestral<br />
ÍNDICE<br />
7<br />
20<br />
28<br />
34<br />
40<br />
REVISÃO DE LITERATURA<br />
PRINCIPAIS MEDIADORES INFLAMATÓRIOS<br />
ENVOLVIDOS NA FISIOPATOLOGIA DA<br />
PERIODONTITE – PAPEL DE MODULADORES<br />
FARMACOLÓGICOS<br />
Main inflammatory mediators involved in the physiopathology<br />
of periodontitis – Role of pharmacological modulators<br />
Vilma Lima1, Mirna Marques Bezerra, Renata Ferreira de<br />
Carvalho Leitão, Gerly Anne de Castro Brito, Francisco Airton<br />
Castro da Rocha, Ronaldo de Albuquerque Ribeiro<br />
PRODUTOS FINAIS DE GLICOSILAÇÃO<br />
AVANÇADA (AGE) E A EXACERBAÇÃO DA<br />
DOENÇA PERIODONTAL EM DIABÉTICOS –<br />
REVISÃO DE LITERATURA<br />
Advanced glycation end products (AGE) and the exacerbation<br />
of periodontal disease in diabetics patients - Review<br />
Warley David Kerbauy, Fernando Reno de Lima, Fernando<br />
Augusto Perrella, José Benedito Oliveira Amorim<br />
TRANSMISSÃO DE BACTÉRIAS PERIODONTAIS<br />
Transmission of periodontal bacteria<br />
Anne Carolina Eleutério Leite, Daniela Corrêa Grisi, Maria do<br />
Carmo Machado Guimarães, Valéria Martins de Araújo,<br />
Francisco Valter Freitas, Daniela Ferreira Araújo<br />
COMPORTAMENTO DA PROTEÍNA C REATIVA<br />
EM PACIENTES COM DOENÇA PERIODONTAL<br />
Serum levels of c-reactive protein in patients with periodontal<br />
disease<br />
Roberta Catapano Naves, Camila Oliveira Texeira de Freitas,<br />
Mônica Dourado Silva Barbosa, Urbino da Rocha Tunes, Denis<br />
Thiago Costa, Thiago da Silva Vieira<br />
CASOS CLÍNICOS<br />
FIBROMATOSE GENGIVAL HEREDITÁRIA:<br />
RELATO DE CASO CLÍNICO<br />
Hereditary Gingival Fibromatosis: a case report<br />
Mariana Schutzer Ragghianti Zangrando, Luiz Antônio<br />
Pugliesi Alves de Lima, Francisco Emílio Pustiglioni, Roberto<br />
Fraga Moreira Lotufo (in memorian)<br />
Os conceitos e opiniões contidos neste veículo são de responsabilidade do(s)<br />
autor(es) e não expressam, a priori, os interesses da <strong>Sobrape</strong>. É proibida a<br />
reprodução total ou parcial dos artigos sem a devida autorização.
ARTIGOS ORIGINAIS<br />
PRODUTOS QUÍMICOS EM<br />
ENXAGUATÓRIOS COMERCIALIZADOS<br />
EM CAMPINAS, BRASIL<br />
Chemicals in commercial mouthwashes available in<br />
Campinas, Brazil<br />
Kleber Leilsson dos Santos, Camila Oliveira Lopes,<br />
José Carlos Morais de Oliveira, Raquel Soares<br />
Binotti, Celso Henrique de Oliveira<br />
LESÕES PROLIFERATIVAS NÃO<br />
NEOPLÁSICAS NO PERIODONTO:<br />
ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO<br />
Non neoplastic proliferative lesions on the<br />
periodontum: an epidemiological study<br />
Bruna Lavinas Sayed Picciani, Bruna Michalsky dos<br />
Santos, Andréa Braga Moleri, Henrique Guilherme<br />
de Castro Teixeira, Denise Gomes da Silva, Eduardo<br />
Muniz Baretto Tinoco, Márcio Eduardo Vieira<br />
Falabella<br />
NORMATIZAÇÃO DO SUS E PASTORAL<br />
DA CRIANÇA QUANTO À DOENÇA<br />
PERIODONTAL E CONDIÇÃO<br />
PERIODONTAL DAS GESTANTES<br />
ACOMPANHADAS<br />
Brasilian Plubic Health Care Sistem (SUS) and<br />
Children Pastoral Care normatizations for<br />
periodontal disease and evaluation of the attended<br />
pregnant periodontal conditions<br />
Juliana Madureira de Souza Lima Alonso, Luciana de<br />
Fátima Custódio, Sigmar de Mello Rode, Jorge<br />
Alberto Cordón Portillo<br />
RELAÇÃO ENTRE A PERDA ÓSSEA<br />
PERIODONTAL E A RESPOSTA CLÍNICA<br />
DA POLPA DENTAL AO ESTÍMULO<br />
TÉRMICO<br />
Relation between periodontal bone loss and clinical<br />
response of dental pulp to thermal stimulation.<br />
Benedicto Egbert Corrêa de Toledo, Elizangela<br />
Partata Zuza, Ana Emília Farias Pontes, Juliana Rico<br />
Pires, Ana Luiza Vanzato Carrareto, Osvaldo<br />
Eduardo Aielo<br />
46<br />
52<br />
57<br />
63<br />
Reduction of IL-18 levels in the crevicular gingival<br />
fluid after non surgical periodontal treatment<br />
Bernardo Oliveira de Campos, Marília da silva<br />
Bittencourt, Ricardo Guimarães Fischer & Carlos<br />
Marcelo da Silva Figueredo<br />
EFEITO DA PRÓPOLIS NO<br />
CRESCIMENTO IN VITRO DE<br />
MICRORGANISMOS ASSOCIADOS À<br />
PERIODONTITE EM PACIENTES HIV-<br />
POSITIVO<br />
Effect of propolis on in vitro growth of<br />
microrganisms associated with periodontitis in HIV<br />
positive patients<br />
Eliana Cristina Fosquiera, João Paulo Steffens, Stella<br />
Maria Glaci Reinke, Ricélia Cecília Possagno, Vitoldo<br />
Antonio Kozlowski Junior, Eluise Cristina de<br />
Rezende, Elizabete Brasil dos Santos<br />
EFEITOS ANTIPLACA E ANTI-GENGIVITE<br />
ASSOCIADOS AO USO DE UM ANTI-<br />
SÉPTICO BUCAL CONTENDO ÓLEOS<br />
ESSENCIAIS NO PROTOCOLO<br />
TERAPÊUTICO “DESINFECÇÃO DE<br />
BOCA-TOTAL EM ESTÁGIO ÚNICO”<br />
Anti-plaque and anti-inflammatory effects<br />
associated with an essential-oils containing<br />
mouthrinse in the “one-stage full-mouth<br />
disinfection” therapeutic protocol<br />
Juliana Guimarães dos Santos, Davi Romeiro Aquino,<br />
Aline Mantovane, Karina Machado, José Roberto<br />
Cortelli, Gilson César Nobre Franco, Fernando de<br />
Oliveira Costa, Sheila Cavalca Cortelli<br />
PALITO DENTAL: RAZÕES PARA SUA<br />
UTILIZAÇÃO E PERFIL CULTURAL DE<br />
USUÁRIOS<br />
Dental toothpick: reasons for its utilization and<br />
cultural profile of users<br />
Fabrício Batistin Zanatta, Eduardo Machado, Sabrina<br />
Carvalho Gomes, Cassiano Kuchenbecker Rösing<br />
<strong>EDITORIAL</strong><br />
77<br />
83<br />
90<br />
3<br />
REDUÇÃO DOS NÍVEIS DE IL-18 NO<br />
FLUIDO GENGIVAL APÓS TRATAMENTO<br />
PERIODONTAL NÃO-CIRÚRGICO<br />
69<br />
RELAÇÃO DE REVISORES<br />
NORMAS PARA PREPARAÇÃO E<br />
PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS<br />
97<br />
98
VOL. 18 - Nº 03 - SETEMBRO 2008<br />
REVISTA PERIODONTIA v. 18, n. 03, 2008. São Paulo: Sociedade Brasileira de<br />
Periodontologia.<br />
TRIMESTRAL<br />
ISSN 0103-9393<br />
CDD 617.6<br />
CDD 617.632005<br />
A <strong>Revista</strong> Periodontia (ISSN 0103-9393) é uma publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Periodontologia. Os artigos<br />
publicados são de responsabilidade dos seus autores. As opiniões e conclusões explicitadas nos artigos não necessariamente<br />
correspondem às opiniões da <strong>Revista</strong> e/ou da SOBRAPE. O material vinculado à publicidade é de inteira responsabilidade do<br />
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6
R. Periodontia - Setembro 2008 - Volume 18 - Número 03<br />
PRINCIPAIS MEDIADORES INFLAMATÓRIOS<br />
ENVOLVIDOS NA FISIOPATOLOGIA DA PERIODONTITE –<br />
PAPEL DE MODULADORES FARMACOLÓGICOS<br />
Main inflammatory mediators involved in the physiopathology of periodontitis – role of<br />
pharmacological modulators<br />
Vilma Lima 1 , Mirna Marques Bezerra 2 , Renata Ferreira de Carvalho Leitão 3 , Gerly Anne de Castro Brito 4 , Francisco Airton<br />
Castro da Rocha 5 , Ronaldo de Albuquerque Ribeiro 6<br />
RESUMO<br />
A periodontite é uma doença inflamatória caracterizada<br />
por infiltrado leucocitário, perda de tecidos de sustentação,<br />
reabsorção do osso alveolar e formação de bolsas<br />
periodontais. A gravidade da doença está associada com<br />
os mecanismos de resposta do hospedeiro a fatores<br />
microbianos uma vez que componentes dessas bactérias<br />
são capazes de ativar as células de defesa do hospedeiro<br />
determinando a liberação de mediadores que estimulam o<br />
dano tecidual. Esses mediadores incluem uma variedade<br />
de moléculas tais como citocinas, especialmente IL-1β e<br />
TNF-α; prostaglandinas, como PGE 2<br />
; enzimas hidrolíticas,<br />
como as metaloproteinase de matriz (MMP) e o óxido nítrico<br />
(NO), um mediador importante que determina eventos de<br />
sinalização extra e intracelular, produzindo dentre outros<br />
efeitos biológicos, relaxamento da musculatura lisa, com a<br />
conseqüente vasodilatação e broncodilatação. Além disso,<br />
o NO atua em eventos inflamatórios afetando o metabolismo<br />
ósseo. Em conjunto, esses mediadores são responsáveis<br />
pela extensão e gravidade da doença. O objetivo<br />
dessa revisão foi discutir os principais mediadores inflamatórios<br />
envolvidos na patogênese da doença periodontal e<br />
o papel de moduladores farmacológicos nesse processo,<br />
na perspectiva de contribuir para a compreensão dos fenômenos<br />
associados com a lise óssea e a busca de tratamentos<br />
que possam alterar o curso evolutivo da doença<br />
periodontal.<br />
UNITERMOS: periodontite, citocinas, prostaglandinas,<br />
metaloproteinases, óxido nítrico. R Periodontia 2008;<br />
18:07-19.<br />
Recebimento: 31/10/07 - Correção: 04/03/08 - Aceite: 31/05/08<br />
INTRODUÇÃO<br />
Fisiopatologia da Periodontite<br />
A periodontite é uma doença inflamatória crônica<br />
caracterizada por infiltração de leucócitos, perda<br />
de tecido conjuntivo, reabsorção de osso alveolar e<br />
formação de bolsa periodontal. Neste processo, o<br />
papel da bactéria e a resposta do hospedeiro na<br />
periodontite foram reconhecidos há muito tempo.<br />
Juntos, estes dois fatores conduzem à liberação de<br />
mediadores inflamatórios e, finalmente, perda de<br />
osso alveolar (ASSUMA et al., 1998).<br />
Os processos inflamatórios e imunológicos se instalam<br />
nos tecidos orais para protegê-los contra a presença,<br />
invasão e disseminação de microrganismos e<br />
seus produtos. Em alguns casos, essas reações de<br />
defesa do hospedeiro podem ser prejudiciais por serem,<br />
também, passíveis de danificar as células e estruturas<br />
vizinhas do tecido conjuntivo. Ademais, as<br />
reações imunoinflamatórias, cuja extensão alcança<br />
os níveis mais profundos do tecido conjuntivo, indo<br />
além da base do sulco gengival, poderão envolver o<br />
osso alveolar nesse processo destrutivo. Dessa forma,<br />
tais processos “defensivos” podem, paradoxalmente,<br />
responder pela maior parte da lesão tecidual<br />
observada na gengivite e na periodontite<br />
(MADIANOS et al., 2005).<br />
7
R. Periodontia - 18(3):7-19<br />
Uma vez instalada a doença, diversos fatores podem,<br />
eventualmente, interferir na progressão da inflamação, agravando-a.<br />
A extensão e a gravidade da lesão estão relacionadas<br />
com o nível de resistência do hospedeiro aos fatores<br />
microbianos, pois bactérias e seus produtos são capazes de<br />
iniciar respostas locais do hospedeiro. Estas respostas envolvem<br />
geração de alguns mediadores inflamatórios como<br />
citocinas e prostaglandinas; fatores de crescimento; elaboração<br />
de enzimas líticas; além do recrutamento de células<br />
inflamatórias e ativação de osteoclastos, as quais formam a<br />
base da destruição periodontal (WAHL et al., 1993;<br />
ALEXANDER et al., 1996; ASSUMA et al., 1998).<br />
Metabolismo ósseo<br />
O osso é um tecido que contém células vitais que produzem<br />
e respondem a vários estímulos externos e internos.<br />
Assim como outros tecidos conjuntivos, depois de formado,<br />
é continuamente destruído e renovado por atividade celular,<br />
em resposta a diversos fatores sistêmicos e locais e estresse<br />
mecânico. Esse processo de remodelagem ocorre através de<br />
ações coordenadas dos osteoclastos e dos osteoblastos que<br />
agem em porções discretas do tecido. Os fatores que regulam<br />
estes efeitos são gerados sistemicamente ou produzidos<br />
no local, tais como os metabólitos do ácido araquidônico,<br />
os fatores de crescimento e as citocinas (MUNDY, 1991;<br />
DIZIAK, 1993).<br />
Num estado fisiológico normal existe um acoplamento<br />
entre reabsorção e formação relacionadas com a<br />
remodelagem óssea. Entretanto, em várias doenças metabólicas<br />
que podem acometer os ossos ocorrem anormalidades<br />
nesta coordenação. Isso é comumente causado pelo<br />
desequilíbrio entre os processos de reabsorção e<br />
neoformação óssea (MUNDY, 1991). Como por exemplo, nas<br />
osteoporoses há um relativo excesso de destruição óssea,<br />
comparada com sua respectiva formação. Nesse caso, o osso<br />
é gradativamente perdido durante o avanço da idade ou após<br />
o período da menopausa. Em algumas fases da doença, tal<br />
alteração pode ser devida a um aumento absoluto na<br />
reabsorção e, em outras fases, a um decréscimo absoluto<br />
na formação óssea (WACTAWSKI-WENDE et al., 1996).<br />
Os mecanismos que afetam o balanço entre reabsorção<br />
e formação não são completamente compreendidos. No entanto,<br />
há crescente evidência de que uma cascata complexa<br />
de eventos relacionando fatores autócrinos e parácrinos do<br />
hospedeiro estejam envolvidos na regulação desse metabolismo<br />
(MUNDY, 1991).<br />
O primeiro evento celular da seqüência de remodelagem<br />
óssea consiste na formação e ativação dos osteoclastos. Os<br />
osteoblastos, entretanto, exercem um papel regulatório em<br />
apoio a essa atividade. O tecido que é removido é, subseqüentemente,<br />
reposto pela ação das células osteoblásticas,<br />
o que leva à formação de elementos da matriz orgânica e<br />
sua eventual mineralização (DIZIAK, 1993).<br />
Os eventos relacionados com a formação óssea incluem<br />
atração dos precursores de osteoblastos para o sítio do<br />
defeito ósseo, a partir de um processo de quimiotaxia, e<br />
estimulação da proliferação e maturação destes precursores,<br />
os quais são capazes de sintetizar as proteínas ósseas,<br />
ou seja, colágeno tipo I, osteocalcina, osteopontina, fosfatase<br />
alcalina, proteoglicanos e outros componentes estruturais.<br />
Além disso, ocorre também a síntese de fatores regulatórios<br />
de crescimento, os quais são estocados dentro da matriz<br />
óssea por curto período de tempo, quando então, acontece<br />
a mineralização dessa estrutura (MUNDY, 1991).<br />
Quanto à destruição óssea, está claro que os<br />
osteoclastos podem tornar-se ativados por mudanças na<br />
superfície mineral do osso. São formados a partir de precursores<br />
hematopoiéticos da medula, os quais interagem com<br />
os elementos formados do sangue, como linfócitos,<br />
monócitos e granulócitos. Após a maturação dos progenitores,<br />
a fase de reabsorção óssea osteoclástica ocorre por<br />
um período de dez dias (MUNDY, 1991).<br />
Nos últimos anos tem existido um aumento marcante<br />
na compreensão sobre o papel das citocinas geradas no ambiente<br />
ósseo. Estas citocinas podem ser geradas por células<br />
imunes, tais como os linfócitos e monócitos na cavidade medular<br />
ou por outras células ósseas, particularmente as células<br />
da linhagem osteoblástica. Elas incluem as IL-1α e β, o<br />
TNF (TNF-α), a linfotoxina (TNF-β), a IL-6, o Fator de Indução<br />
de Diferenciação, também chamado de Fator Inibitório de<br />
leucemia, a 1,25 dihidroxivitamina D, o IFN-γ, o TGF-β e,<br />
ainda, o antagonista de receptor de IL-1, IL-1ra (MUNDY,<br />
1991).<br />
A PGE 2<br />
é o principal metabólito do ácido araquidônico e<br />
pode ser produzida pela maioria das células. Possui efeito<br />
significante sobre o metabolismo ósseo e seu possível papel<br />
na reabsorção óssea estimulada por IL-1 tem sido extensivamente<br />
estudado com resultados conflitantes (TATAKIS, 1993).<br />
Alguns estudos in vitro têm mostrado que a inibição da síntese<br />
de PG não tem efeito sobre a atividade de reabsorção<br />
óssea mediada por IL-1 (THOMSON et al., 1986). Outros<br />
achados in vitro sugerem que, embora as PGs contribuam<br />
para o processo de reabsorção através do aumento do efeito<br />
da IL-1, esta não requer PGs para seu efeito de reabsorção<br />
(TATAKIS, 1993).<br />
As PGs estão envolvidas no recrutamento de osteoclastos<br />
estimulados por IL-1, podendo afetar as células progenitoras<br />
dos mesmos, além de promover sua diferenciação. De modo<br />
8
R. Periodontia - 18(3):7-19<br />
geral, as evidências sugerem que a IL-1 tem efeitos sobre a<br />
reabsorção dependentes e independentes de PGs (TATAKIS,<br />
1993).<br />
REVISÃO DA LITERATURA<br />
Citocinas e periodontite<br />
Diversos estudos apontam as citocinas como importantes<br />
mediadores associados à patogênese da periodontite.<br />
Produtos bacterianos induzem a síntese de citocinas pró-inflamatórias,<br />
como interleucina-1 beta (IL-1β), interleucina-6<br />
(IL-6), interleucina-8 (IL-8) e fator de necrose tumoral (TNF)<br />
principalmente por macrófagos (GARRINSON et al. 1988,<br />
LINDEMANN et al. 1988, AGARWAL et al., 1995).<br />
Dentre as várias citocinas, destacam-se o TNF e a IL-1,<br />
mediadores que podem potencialmente participar nesse processo.<br />
Tais citocinas estimulam a reabsorção óssea diretamente<br />
por induzir a proliferação de progenitores de<br />
osteoclastos, e indiretamente por estimular a atividade de<br />
reabsorção dos osteoclastos maduros (ASSUMA et al., 1998),<br />
e por aumentar a síntese de colagenases (McGEE et al.,<br />
1998).<br />
Tem sido demonstrado que o bloqueio de TNF-α ou de<br />
IL-1 contribui sobremaneira para a inibição de aproximadamente<br />
80% do recrutamento de células inflamatórias e redução<br />
de 60% da perda óssea que ocorre na periodontite. A<br />
magnitude dessa inibição deveria ser inesperada devido ao<br />
papel primário atribuído às prostaglandinas nesse processo<br />
durante muitos anos (ASSUMA et al., 1998). Contudo, sabese<br />
que o papel das citocinas é de suma importância para o<br />
desencadeamento e perpetuação das periodontites.<br />
Além das citocinas IL-1 e TNF, um papel relevante para<br />
IL-6 tem sido sugerido na regulação da reabsorção mediada<br />
por citocinas, visto que IL-6 aumenta a reabsorção óssea estimulada<br />
por IL-1 e por TNF (MUNDY, 1991). Kurihara et al.,<br />
(1990) demonstraram que IL-6 é capaz de estimular a formação<br />
de osteoclastos a longo prazo em culturas de medula<br />
humana, além da diferenciação de precursores<br />
osteoclásticos em osteoclastos maduros, não apresentando,<br />
porém, efeitos diretos em osteoclastos maduros (DZIAK,<br />
1993). Da mesma forma, IL-1, TNF-α e TNF-β apresentam<br />
efeitos similares a IL-6 na estimulação da formação de células<br />
osteoclásticas (PFEILSCHIFTER et al., 1989). Isso implica<br />
dizer que a IL-6 pode ser um importante alvo na modulação<br />
da resposta osteoclástica observada na periodontite.<br />
Adicionalmente, atenção especial vem sendo dada a IL-<br />
10, uma citocina antiinflamatória, também conhecida por<br />
suas propriedades imunossupressoras no controle da perda<br />
óssea periodontal. A IL-10 pode ser produzida por linfócitos<br />
T e B, monócitos e macrófagos ativados e tem sido implicada<br />
na supressão da destruição tecidual (GOUTOUDI et al.,<br />
2004). Sabe-se que agentes como as metilxantinas, a exemplo<br />
da pentoxifilina, apresentam além de suas propriedades<br />
inibidoras de citocinas pró-inflamatórias, capacidade de aumentar<br />
a síntese de IL-10. Vale salientar, que os níveis dessa<br />
citocina podem ser críticos na regulação imune, controlando<br />
o balanço entre as respostas inflamatórias inatas e as<br />
respostas humorais adquiridas (YAMAZAKI et al., 2001). Dessa<br />
forma, as citocinas podem participar da fisiopatologia das<br />
periodontites desencadeamento e perpetuação de mediadores<br />
imunoinflamatórios.<br />
Apesar da extensa literatura a esse respeito, falta ainda<br />
uma definição exata do papel da imunoinflamação na<br />
periodontite em respostas aos agentes patogênicos, especialmente<br />
por que a periodontite é mais facilmente estudada<br />
retrospectivamente no homem e, ainda, marcadores clínicos<br />
confiáveis, utilizados para detectar a atividade da doença,<br />
não são avaliáveis na prática clínica (GRIFFITHS et al.,<br />
1988). Nesse sentido, o uso de um modelo animal, no qual<br />
determinados parâmetros locais e sistêmicos possam ser estudados<br />
prospectivamente são bastante interessantes<br />
(KLAUSEN, 1991). Existem várias maneiras de se induzir doença<br />
periodontal em ratos, como, por exemplo, introduzindo<br />
experimentalmente bactérias específicas ou seus próprios<br />
produtos no sulco gengival (BAB et al., 1979; IJUHIN,<br />
1988). Outro modo de se induzir a periodontite nestes animais<br />
é através da inserção de fio de sutura, em torno do<br />
colo de um dos dentes molares (LIMA et al., 2000; Bezerra<br />
et al., 2000). Assim, seja como corpo estranho ou como fator<br />
retentivo à microbiota oral, a presença do fio incita uma<br />
resposta local que muito se assemelha à periodontite humana<br />
(BEZERRA et al., 2000).<br />
Nos últimos anos, foram realizados diversos estudos utilizando<br />
um modelo animal onde a periodontite pode ser<br />
induzida, reproduzida e facilmente mensurável. Assim, utilizando<br />
fio de náilon em torno dos molares superiores de ratos<br />
Wistar, a perda óssea alveolar é induzida de forma<br />
significante com pico entre sete e onze dias (BEZERRA et al.,<br />
2000; LIMA et al., 2000). Vale salientar que, sendo o náilon<br />
um material que menos contribui para acúmulo microbiano,<br />
o fio utilizado especialmente em monofilamento deve atuar,<br />
sobretudo, como um corpo estranho estimulando a resposta<br />
local. Nesse aspecto, demonstrou-se também o quão interessante<br />
tem sido o uso de agentes farmacológicos enquanto<br />
moduladores da resposta inflamatória.<br />
Diante do fato que a periodontite pode tanto contribuir<br />
para alterações sistêmicas importantes, favorecendo o aumento<br />
do risco de doença cardiovascular (VETTORE, 2003),<br />
9
R. Periodontia - 18(3):7-19<br />
diabetes (PUCHER & STEWART, 2004) ou nascimento de bebês<br />
prematuros (OFFENBACHER, 1996), como também pode<br />
sofrer influências de condições sistêmicas, parece interessante<br />
verificar o efeito de determinados medicamentos utilizados<br />
na prática clínica com objetivos terapêuticos diversos à abordagem<br />
periodontal.<br />
Prostaglandinas e Periodontite<br />
As prostaglandinas (PG) exercem várias funções nas reações<br />
inflamatórias, contribuindo principalmente nos fenômenos<br />
de aumento de permeabilidade vascular e<br />
vasodilatação na microcirculação (MONCADA et al., 1973).<br />
A formação das PG está sob o controle das isoenzimas<br />
cicloxogenases 1 e 2 (COX-1 e COX-2). COX-1 é expressa<br />
constitutivamente no estômago, rins, musculatura lisa<br />
vascular e plaquetas, levando à formação de pequenas quantidades<br />
de PG necessárias para a homeostase (SMITH et al.,<br />
1994). Por outro lado, a expressão de COX-2 pode ser<br />
induzida em diferentes células (neutrófilos, monócitos,<br />
macrófagos, células endoteliais) por estímulos inflamatórios<br />
(IL-1, TNF, LPS) contribuindo para produção de grandes quantidades<br />
de PGs nos sítios inflamatórios (VANE & BOTING,<br />
1995). Recentemente, foi descrita uma terceira isoenzima<br />
ciclooxigenase (COX-3) que compartilha características<br />
catalíticas e estruturais tanto da COX-1 como da COX-2<br />
(CHANDRASEKHARAN et al., 2002). Entretanto, mais estudos<br />
ainda são necessários para esclarecer o papel de COX-3,<br />
caracterizando o padrão específico da expressão da COX-3<br />
em condições fisiológicas e patológicas.<br />
Com base nessas observações foi sugerido que COX-2 é<br />
o alvo relevante para os efeitos terapêuticos de fármacos<br />
antiinflamatórios não esteroidais (AINES), enquanto a inibição<br />
de COX-1 seria responsável pelos efeitos colaterais comuns<br />
dos AINES (ulcerações e hemorragia da mucosa gástrica,<br />
redução do fluxo sanguíneo renal e alterações na coagulação<br />
sanguínea (VANE & BOTING, 1996).<br />
Embora a relação entre COX-1/COX-2 e efeitos colaterais<br />
e terapêuticos dos AINES pareça elucidada é interessante<br />
avaliar esses achados sob a luz de estudos animais que revelaram<br />
um papel protetor da COX-2 no estômago, rim, coração,<br />
vasos e sistema reprodutor (CORUZZI et al., 2004). De<br />
fato, recentemente foi demonstrada a associação entre agentes<br />
seletivos para COX-2 (rofecoxib) e distúrbios<br />
cardiovasculares graves (DAVIES & JAMALI, 2004). Com base<br />
nesses achados, é válido considerar que cada uma das<br />
isoformas da COX parece exercer papéis importantes na fisiologia<br />
celular, sendo também provável que ambas isoformas<br />
participem do processo inflamatório, cada uma sob circunstâncias<br />
particulares.<br />
As principais alterações inflamatórias observadas na<br />
periodontite incluindo eritema gengival, edema e reabsorção<br />
óssea podem ser, pelo menos em parte, mediadas por ações<br />
diretas das prostaglandinas, particularmente aquelas da série<br />
E (PGE 2<br />
) (OFFENBACHER et al., 1993; CHOI et al., 2005).<br />
De fato, estudos sugerem que a concentração de PGE 2<br />
no<br />
fluido gengival pode ser utilizada como um marcador da<br />
periodontite (HEASMAN et al., 1998; CHOI et al., 2005). Foi<br />
demonstrado que pacientes com periodontite apresentam<br />
elevados níveis de PGE 2<br />
no fluido gengival (OFFENBACHER<br />
et al., 1986).<br />
As prostaglandinas possuem efeito significante sobre o<br />
metabolismo ósseo e seu potencial papel na reabsorção óssea<br />
através da atividade da IL-1 tem sido extensivamente<br />
estudado (TATAKIS, 1993, RUWANPURA et al., 2004). Alguns<br />
estudos in vitro têm demonstrado que a inibição da síntese<br />
de prostaglandinas não possui efeito sobre a atividade de<br />
reabsorção óssea mediada por IL-1 (THOMSON et al., 1986).<br />
Isto pode ser explicado por outros achados in vitro os quais<br />
sugerem que embora as prostaglandinas possam contribuir<br />
para o processo de reabsorção através do aumento do efeito<br />
da IL-1, ela não é essencial para a reabsorção via esta<br />
citocina. De modo geral, as evidências sugerem que a IL-1<br />
tem efeitos sobre a reabsorção dependentes e independentes<br />
de prostaglandinas (TATAKIS, 1993).<br />
Vários estudos demonstram que a concentração de PGE 2<br />
no fluido gengival pode ser utilizada como um marcador clínico<br />
e subclínico da periodontite tendo em vista a elevação<br />
progressiva desse mediador a partir de gengivas saudáveis<br />
até formas mais graves da doença periodontal<br />
(OFFENBACHER et al. 1984, 1986,1989, 1993; HEASMAN<br />
et al., 1998).<br />
Uma das maneiras de se inibir a síntese de<br />
prostaglandinas é através da inibição da COX pelos AINES.<br />
Esses agentes são usados como adjuvantes na terapia<br />
periodontal e alguns autores sugerem que a capacidade dos<br />
AINES de reduzir a reabsorção óssea da periodontite se deve<br />
à inibição de PGE 2<br />
. Foi demonstrado que indometacina, um<br />
clássico e potente antiinflamatório não esteroidal não-seletivo,<br />
reduz a magnitude da periodontite (DIONNE &<br />
BERTHOLD, 2001). De forma interessante, demonstrou-se<br />
que IL-1 induz a produção de PGE 2<br />
em fibroblastos e outras<br />
células do tecido conjuntivo, o que levaria à expressão e ativação<br />
de genes para metaloproteinases (MMP). Se a produção<br />
de PGE 2<br />
é inibida não haveria efeitos sobre a expressão<br />
dos genes das MMP. Este pode ser um mecanismo pelo qual<br />
os AINES retardariam a degradação de osso e colágeno<br />
(WANG et al., 2005).<br />
Embora a reabsorção óssea seja reduzida pelos AINES,<br />
10
R. Periodontia - 18(3):7-19<br />
sua abolição completa nem sempre é observada<br />
(OFFENBACHER et al., 1992; PAQUETTE et al., 2000). Essa<br />
observação está de acordo com as evidências que implicam<br />
outros mediadores (IL-1, TNF-α) na periodontite e que tais<br />
mediadores são freqüentemente dependentes da presença<br />
de PGE 2<br />
, o que sugere a atuação conjunta desses mediadores<br />
deve ser mais importante que a ação isolada de cada um<br />
desses (PAGE, 1991; RUWANPURA et al., 2004).<br />
O principal objetivo da terapia periodontal é controlar a<br />
lesão inflamatória de tal forma que a destruição progressiva<br />
do periodonto possa ser interrompida ou, pelo menos, retardada.<br />
O bloqueio da resposta do hospedeiro juntamente<br />
com o controle das bactérias periodontopatogênicas representa<br />
um conceito emergente no tratamento da periodontite.<br />
Tais estratégias terapêuticas têm sido empregadas a partir<br />
da observação de que mediadores inflamatórios (IL-1, PGE 2<br />
)<br />
podem desempenhar importante papel na patogênese da<br />
periodontite (PAGE, 1991; AIRILA-MANSSON et al., 2006).<br />
Metaloproteinases e Periodontite<br />
A perda progressiva dos constituintes da matriz levando<br />
à perda óssea é uma etapa comum na patogênese de doenças<br />
ósseas inflamatórias como a periodontite (PRESHAW<br />
et al., 2004). Evidências crescentes sugerem que a ativação<br />
de enzimas proteolíticas, incluindo uma família de enzimas<br />
metal-dependentes chamadas metaloproteinases de matriz<br />
(MMP), é responsável pela destruição do colágeno durante<br />
doenças inflamatórias (SORSA et al., 2004). Provavelmente,<br />
um descompasso entre a ativação das MMP e a inibição de<br />
seus inibidores endógenos promove a destruição patológica<br />
dos componentes da matriz extracelular (PAGE, 1991; SORSA<br />
et al., 2004).<br />
A colagenase e outras MMP estão presentes nos tecidos<br />
e fluidos gengivais cronicamente inflamados, observando-se<br />
após tratamento periodontal redução significativa da<br />
atividade colagenolítica no fluido gengival (MANCINI et al.,<br />
1999; SORSA & GOLUB, 2005).<br />
As MMP são produzidas por macrófagos, fibroblastos residentes,<br />
queratinócitos e a enzima pré-formada está presente<br />
nos polimorfonucleares (PMNs) (MANCINI et al., 1999).<br />
Essas células desempenham importante papel na destruição<br />
tecidual periodontal. Progressos na elucidação da<br />
fisiopatologia de doenças inflamatórias crônicas têm levado<br />
a um novo conceito envolvendo a inibição das MMP como<br />
alternativa terapêutica para o tratamento da periodontite<br />
(SORSA et al., 2004; SORSA & GOLUB, 2005). A produção e<br />
liberação das MMP são reguladas por citocinas tais como<br />
TNF-α e IL-1β (NAITO & YOSHIKAWA, 2005). Estas citocinas<br />
liberam MMP por um mecanismo dependente de PGE 2<br />
.<br />
Observou-se que baixos níveis de PGE 2<br />
são requeridos para<br />
uma liberação ótima de MMP. Entretanto, a liberação de IL-<br />
1β e TNF-α, assim como a atividade dos genes das MMP<br />
são suprimidas por altos níveis de PGE 2<br />
. A análise deste último<br />
mecanismo mostra que altos níveis de PGE 2<br />
parecem ter<br />
um papel inibitório, controlando a degradação da matriz<br />
extracelular que ocorre na periodontite. Essas respostas variadas<br />
das células à PGE 2<br />
sugerem que esse mediador desempenha<br />
ações supressoras e estimulatórias na progressão<br />
da periodontite (NAITO & YOSHIKAWA, 2005).<br />
As tetraciclinas têm sido largamente usadas como terapia<br />
adjuvante nas periodontites (GOLUB et al., 2001;<br />
PRESHAW et al., 2004). Embora inicialmente atribuída a suas<br />
propriedades antimicrobianas, a eficácia clínica das<br />
tetraciclinas modificadas na periodontite parece se dever a<br />
sua atividade antiinflamatória intrínseca, uma vez que baixas<br />
doses (não antimicrobianas) de doxiciclina, uma<br />
tetraciclina semi-sintética reduz a perda de inserção e a atividade<br />
excessiva de colagenase no fluido gengival de pacientes<br />
com periodontite (THOMAS et al., 2000; CATON et al.,<br />
2000; PRESHAW et al., 2004). Desta forma, a inibição da atividade<br />
das MMP seria então responsável pelos efeitos protetores<br />
das tetraciclinas na periodontite. Ademais, estudos in<br />
vivo e in vitro mostraram que as tetraciclinas modificadas disponíveis<br />
comercialmente, como a doxiciclina, podem inibir a<br />
atividade de colagenases por um mecanismo independente<br />
de sua eficácia antimicrobiana (SORSA & GOLUB, 2005).<br />
Embora os mecanismos dessa inibição não sejam compreendidos,<br />
o bloqueio das MMP pelas tetraciclinas pode<br />
ser relacionado à capacidade de ligação dessas drogas a íons<br />
metálicos (Ca +2 , Zn +2 ), uma vez que essas enzimas<br />
(colagenase e gelatinase) requerem íons Zn +2 no seu sítio<br />
ativo e íons Ca +2 para estabilizar a sua conformação<br />
molecular. Além de suas propriedades anticolagenase, as<br />
tetraciclinas são também potentes inibidores da função<br />
osteoclástica e da reabsorção óssea (SORSA & GOLUB, 2005).<br />
Óxido Nítrico e Periodontite<br />
O óxido nítrico (NO) é um mensageiro molecular com<br />
múltiplas funções biológicas produzido por diversos tipos de<br />
células. Desempenha papel relevante em várias áreas, como<br />
na transmissão de estímulos nervosos, na fisiologia pulmonar,<br />
na coagulação sanguínea, na defesa e imunidade, incluindo<br />
a modulação de respostas inflamatórias (MONCADA<br />
et al., 1991). É formado a partir do aminoácido L-arginina<br />
por um grupo de enzimas denominadas NO sintetases (NOS).<br />
Três isoformas distintas de NOS foram identificadas: uma<br />
isoforma neuronal (NOSn), inicialmente isolada do cérebro<br />
(BREDT et al., 1991; SESSA et al., 1992), uma endotelial<br />
11
R. Periodontia - 18(3):7-19<br />
(NOSe), isolada do endotélio (LAMAS et al., 1992) e uma<br />
isoforma induzida (NOSi), isolada inicialmente de macrófagos.<br />
Ambas NOSe e NOSn são constitutivamente expressas em<br />
seus leitos de origem e, por essa razão, são referidas como<br />
enzimas NOS constitutivas (NOSc) (EVANS & RALSTON,<br />
1996).<br />
A atividade das NOSc é dependente da concentração<br />
citosólica de cálcio (Ca 2+ ) que aumenta em decorrência de<br />
vários estímulos fisiológicos, liberando NO em pequenas<br />
quantidades (concentrações picomolares) (MONCADA et al.,<br />
2001). A NOSi é regulada em nível transcripcional em resposta<br />
a estímulos inflamatórios, como citocinas pró-inflamatórias,<br />
endotoxinas, hipóxia e estresse oxidativo, ao passo<br />
que glicocorticóides, citocinas antiinflamatórias, como<br />
interleucina-4 (IL-4), interleucina-10 (IL-10) e o fator de transformação<br />
de crescimento (TGF-β) suprimem a produção de<br />
NO (MONCADA et al., 1991; BOGDAN et al., 1994). A ativação<br />
da NOSi, independe da concentração do cálcio<br />
intracelular, resulta na liberação de maior quantidade de NO<br />
(concentrações nanomolares) por períodos mais longos<br />
(NATHAN & XIE, 1994). O NO produzido em altas concentrações<br />
atua como uma molécula citotóxica contra fungos,<br />
bactérias, protozoários e células tumorais (MONCADA et al.,<br />
1991; WONG & BILLIAR, 1995). Por outro lado, essa liberação<br />
de NO produz outras conseqüências biológicas, as quais<br />
incluem vasodilatação e danos aos tecidos do hospedeiro,<br />
resultando em apoptose, lesão tecidual e dor (MONCADA<br />
et al., 1991; BOGDAN et al., 1994; SZABÓ, 1996). Os<br />
metabólitos ativos de NO, como nitrito, nitrato, nitrosaminas<br />
e, principalmente, peroxinitrito, ânion citotóxico formado pela<br />
reação do NO com o superóxido são responsáveis por muitos<br />
dos efeitos tóxicos de NO, como inibição da respiração<br />
mitocondrial e danos a proteínas e DNA. Como resultado,<br />
ocorrem alterações genéticas, perda da função protéica,<br />
necrose e apoptose (WINK et al., 1998; LALA &<br />
CHAKRABORTY, 2001, BEZERRA et al., 2004).<br />
Os efeitos paradoxais do NO têm sido apontados em<br />
várias pesquisas que envolvem essa molécula, em tecidos e<br />
circunstâncias diversas, participando tanto das funções fisiológicas<br />
normais, como da injúria tecidual. No metabolismo<br />
ósseo, a produção constitutiva de pequenas quantidades<br />
de NO por osteoblastos desempenha um importante papel<br />
na regulação do crescimento dessas células, enquanto altas<br />
concentrações de NO, produzidas pela NOSi, via ativação<br />
de citocinas, estão associadas à redução da formação óssea,<br />
observada em algumas condições clínicas, como na<br />
osteopenia inflamatória (PFEILSHIFTER et al., 1987). Resultados<br />
semelhantes foram obtidos em estudos sobre a atividade<br />
osteoclástica. Esses estudos sugerem que uma produção<br />
basal de NO por osteoclastos, via NOSc, exerce uma ação<br />
supressiva autócrina na atividade de reabsorção óssea dessas<br />
células (KASTEM et al., 1994), e que a inibição desses<br />
níveis basais pode ter um impacto dramático na perda óssea<br />
localizada e na integridade de todo o osso (SUNYER et al.,<br />
1996). Por outro lado, grandes quantidades de NO podem<br />
atuar como estimulador da reabsorção óssea, uma vez que<br />
inibidores da NOS suprimiram a atividade de osteoclastos<br />
isolados e inibiram a reabsorção óssea estimulada por IL-1 e<br />
TNF (RALSTON et al., 1995).<br />
Na cavidade oral, acredita-se que quantidades de NO<br />
presente nos tecidos periodontais e saliva façam parte dos<br />
mecanismos naturais não específicos de defesa contra bactérias<br />
patogênicas, enquanto maiores concentrações de NO<br />
contribuam para a destruição tecidual, inclusive periodontal<br />
(UÐAR-CANKAL & OZMERIC, 2006).<br />
Sabe-se que a doença periodontal possui um caráter<br />
imunoinflamatório associado a bactérias gram-negativas,<br />
como Porphyromonas gingivalis, Prevotella intermedia e<br />
Aggregatibacter actinomycetemcomitans (SOCRANSKY &<br />
HAFFAJEE, 1992). Demonstrou-se maior produção de NO<br />
por macrófagos de ratos, induzida por essas bactérias<br />
periodontopatogênicas (BLIX et al., 1998; FROLOV et al.,<br />
1998; SHAPIRA et al., 1998). O LPS dessas bactérias estaria<br />
induzindo diretamente células residentes ou células imigrantes<br />
a expressar NOSi ou desencadeando uma resposta imune<br />
com liberação de citocinas com, subseqüentemente, expressão<br />
de NOSi (PAGE, 1991; SEYMOUR et al., 1993). Dessa<br />
forma, as bactérias da cavidade oral e citocinas inflamatórias<br />
induzem maior síntese de NO nos tecidos periodontais.<br />
A conseqüência local da alta produção de NO não apenas<br />
está envolvida com os mecanismos de defesa do hospedeiro,<br />
mas também contribui para o dano tecidual, causando<br />
destruição dos tecidos de sustentação do dente (LOHINAI<br />
et al., 1998). É provável que componentes da parede de bactérias<br />
gram-negativas mortas por NO ou pelo peroxinitrito<br />
(ânion citotóxico formado pela reação do NO com o<br />
superóxido) exerçam um feedback positivo na produção de<br />
NO. Da mesma forma, a produção de citocinas e outros<br />
mediadores inflamatórios contribuem para uma amplificação<br />
local da resposta imune que é, em parte, responsável<br />
pela destruição do periodonto durante a progressão da doença<br />
periodontal (LOHINAI et al., 1998). Ainda demonstrouse<br />
a expressão e ativação de metaloproteinases (MMP) por<br />
NO, o que contribui para a destruição tecidual observada<br />
na doença periodontal (BRENNAN et al., 2003).<br />
Corroborando com os estudos citados, tem sido detectada<br />
maior expressão da NOSi em tecidos com doença<br />
periodontal em relação a tecidos sadios na periodontite em<br />
12
R. Periodontia - 18(3):7-19<br />
humanos (LAPPIN et al., 2000; BATISTA et al.,2002; SKALERIC<br />
et al., 2006;) ou em modelos com roedores (LOHINAI &<br />
SZABÓ, 1998; RODINI et al., 2008), assim como níveis maiores<br />
de L-arginina e L-citrulina, precursor e co-produto da síntese<br />
de NO, respectivamente (MATEJKA et al., 1998). Uma<br />
vez que a L-citrulina está relacionada à formação de NO,<br />
quantidades elevadas de L-citrulina indicam aumento dos<br />
níveis de NO nos tecidos periodontais. De fato, um estudo<br />
recente sugeriu que a excreção de NO na saliva pode ser<br />
utilizado como um potencial marcador biológico no diagnóstico<br />
e monitoramento da doença periodontal crônica,<br />
uma vez que altos níveis de NO foram detectados na saliva<br />
de portadores dessa doença (REHER et al., 2007).<br />
Os efeitos do excesso de NO na mucosa gengival contribuem<br />
para o desenvolvimento dos sintomas mais freqüentes<br />
da periodontite em humanos. Nesse caso, o rubor<br />
gengival pode ser explicado pelo seu efeito vasodilatador; o<br />
inchaço gengival devido ao aumento da permeabilidade<br />
vascular. Ademais, o sangramento à sondagem pode ser atribuído<br />
ao efeito inibitório do NO na agregação plaquetária.<br />
Além disso, a reabsorção óssea pode ser resultado do efeito<br />
estimulatório de NO na atividade de osteoclastos<br />
(HUKKANEN et al., 1995; LOHINAI et al., 1998), visto o NO<br />
ter sido apontado como mediador adicional aos efeitos das<br />
citocinas no metabolismo ósseo e o fato das citocinas serem<br />
importantes reguladores da síntese de NO em vários tipos<br />
celulares (MAcINTYRE et al., 1991; LOWIK et al., 1994;<br />
RALSTON et al., 1996; EVANS & RALSTON, 1996). Nesse<br />
contexto, vários estudos demonstraram o envolvimento de<br />
NO como mediador da reabsorção óssea em condições associadas<br />
à ativação de citocinas, como na artrite reumatóide,<br />
osteoporose pós-menopausa (EVANS & RALSTON, 1996) e<br />
periodontite (LAPPIN et al., 2000; KATO et al., 2001; LOHINAI<br />
et al., 2001, LEITÃO et al., 2004, LEITÃO et al., 2005).<br />
Todas essas evidências sugerem a participação do NO<br />
na resposta inflamatória da periodontite, porém, o modo de<br />
ação desse radical livre ainda requer maiores investigações.<br />
DISCUSSÃO<br />
Mediadores inflamatórios, como citocinas,<br />
prostaglandinas e óxido nítrico, participam na fisiopatologia<br />
da periodontite, o que torna bastante razoável considerar<br />
sua relevância na amplificação e perpetuação do processo à<br />
luz de estudos que buscam avaliar a atividade desses mediadores<br />
inflamatórios no curso evolutivo da periodontite a<br />
partir de modulações farmacológicas relevantes na prática<br />
clínica,<br />
A clorpromazina, um fármaco clinicamente utilizado<br />
como um neuroléptico, tem demonstrado possuir também<br />
a capacidade de reduzir diversas citocinas, radicais livres e<br />
outros mediadores (KOMODA et al., 1985b). Um outro aspecto<br />
interessante desse fármaco consiste no seu potencial<br />
em alterar o metabolismo ósseo, seja aumentando a perda<br />
óssea (KOMODA et al., 1985b; KOMODA et al., 1988) ou<br />
inibindo a reabsorção óssea, de uma maneira concentraçãodependente,<br />
sem afetar a sobrevivência dos osteoclastos,<br />
nem a das células tipo osteoblastos (HALL et al., 1996).<br />
Considerando que muitos pacientes que fazem uso rotineiro<br />
dessa classe de medicamento mostram um quadro<br />
inconclusivo sobre as alterações no seu metabolismo ósseo,<br />
o estudo da clorpromazina na perda óssea periodontal foi<br />
bastante pertinente, uma vez que também exibe importantes<br />
atividades antiinflamatórias. De fato, quando se utilizou<br />
a clorpromazina no modelo de periodontite em ratos, observou-se<br />
redução significante da perda óssea alveolar induzida<br />
em molares superiores de ratos durante 11 dias (LIMA et al.,<br />
2000).<br />
Devido à relativa inespecificidade da clorpromazina em<br />
inibir diferentes mediadores, foram utilizadas, a seguir, a<br />
pentoxifilina, um inibidor de algumas citocinas pró-inflamatórias,<br />
como o TNF-α e a IL-1β, e a talidomida, como um<br />
inibidor seletivo do RNAm de TNF-α, nesse modelo de<br />
reabsorção óssea.<br />
A pentoxifilina, um agente hemorreológico importante,<br />
reduz o acúmulo de RNA m<br />
de TNF-α através da inibição da<br />
transcrição de seu gene (DOHERTY et al., 1991; SCHMIDT-<br />
CHOUDHURY et al., 1996), além de inibir a fosfodiesterase,<br />
resultando em elevação dos níveis de AMP c<br />
(YANG et al.,<br />
1995). Tem sido mostrado que a pentoxifilina é capaz de<br />
prevenir a osteoporose induzida experimentalmente e aumentar<br />
a produção de AMPc e a recaptação de cálcio em<br />
culturas de osteoblastos (ROBIN & AMBRUS, 1984). A<br />
talidomida, adicionalmente aos seus efeitos hipnosedativo e<br />
imunossupressor, possui outras ações importantes. Inibe<br />
seletivamente a produção de TNF-α (SAMPAIO et al., 1991),<br />
através do aumento da degradação do RNA m<br />
desta citocina,<br />
sem afetar a produção de IL-1β, IL-6 ou GM-CSF (SAMPAIO<br />
et al., 1991). Assim, semelhante ao observado com a<br />
clorpromazina, ambas pentoxifilina e talidomida foram capazes<br />
de reduzir, de forma significante e dose-dependente,<br />
a perda óssea e o processo inflamatório subjacente a<br />
periodontite induzida, sugerindo fortemente a participação<br />
de citocinas nesse modelo animal (LIMA et al., 2004).<br />
Apesar de não haver até o presente momento nenhum<br />
estudo clínico prospectivo utilizando tais agentes em pacientes<br />
com periodontite, seus efeitos são, no mínimo, consideráveis,<br />
visto que estes agentes são utilizados em diversas<br />
13
R. Periodontia - 18(3):7-19<br />
patologias crônicas, como no tratamento de distúrbios psiquiátricos<br />
pela clorpromazina, nas alterações vasculares pela<br />
pentoxifiina, ou mesmo no tratamento do eritema nodoso<br />
da lepra pela talidomida. Dessa maneira, é lícito considerar<br />
que esses pacientes poderiam ser beneficiados indiretamente<br />
por tais agentes na prevenção da perda óssea periodontal,<br />
e não o contrário pensado, não prescindindo, obviamente,<br />
do controle local da doença.<br />
Com relação às prostaglandinas, demonstrou-se em modelo<br />
de periodontite em ratos que a administração de<br />
indometacina, um potente inibidor não seletivo das COXs,<br />
reduziu de forma dose-dependente a reabsorção óssea<br />
alveolar. Na análise histopatológica observou-se ainda redução<br />
significante do infiltrado celular e do número de<br />
osteoclastos, associada com preservação do processo alveolar<br />
e cemento (BEZERRA et al., 2000). Além disso, a indometacina<br />
reduziu a neutrofilia e a linfomonocitose observadas nos ratos<br />
não tratados (BEZERRA et al., 2000). Neste mesmo estudo,<br />
no intuito de investigar o efeito de uma inibição preferencial<br />
de COX-2, grupos de animais foram tratados com<br />
meloxicam, pertence à primeira geração de Coxibs, sendo<br />
considerado moderadamente seletivo para COX-2 (SPEKTOR<br />
& FUSTER, 2005). Observou-se que o meloxicam foi tão eficaz<br />
quanto indometacina na redução da perda óssea alveolar<br />
e dos demais parâmetros inflamatórios. Considerando que<br />
tem sido descrito que o meloxicam, quando utilizado em<br />
doses até 2,47 mg/kg em ratos, age principalmente via inibição<br />
de COX-2 (PAIRET et al., 1998), sugere-se que seus efeitos<br />
sobre a reabsorção óssea possivelmente ocorreram via<br />
inibição de COX-2 (BEZERRA et al., 2000). Nesse caso, a inibição<br />
da COX-2 seria a responsável não apenas pelos seus<br />
efeitos no controle da perda óssea, mas também na redução<br />
dos efeitos adversos gastrintestinais. Desse modo, quando<br />
da análise da mucosa gástrica, verificou-se que os animais<br />
tratados com meloxicam não apresentaram alterações<br />
macroscópicas significativas, exceto raras petéquias isoladas<br />
de mucosa no grupo que recebeu a maior dose (3 mg/kg),<br />
enquanto que nos grupos que receberam indometacina (1<br />
ou 2 mg/kg) observaram-se lesões hemorrágicas graves (BE-<br />
ZERRA et al., 2000).<br />
Considerando que a produção e liberação das<br />
metaloproteinases de matriz (MMP) é regulada por citocinas<br />
tais como TNF-α e IL-1β (NAITO & YOSHIKAWA, 2005) e que<br />
estas estão implicadas na liberação das MMP por um mecanismo<br />
dependente de PGE 2<br />
, buscou-se então esclarecer a<br />
participação dessas enzimas na fisiopatologia da periodontite.<br />
A observação de que tetraciclinas modificadas, como a<br />
doxiciclina, podem inibir a atividade de colagenases por um<br />
mecanismo independente de sua eficácia antimicrobiana,<br />
tem justificado estudos desse agente na periodontite experimental,<br />
especialmente doxiciclina pois parece ser a mais<br />
potente anti-colagenase das tetraciclinas disponíveis comercialmente<br />
(BURNS et al., 1989). De fato, usando-se um modelo<br />
de periodontite em ratos, observou-se que o tratamento<br />
com doxiciclina, nas doses de 2,5, 5 ou 10 mg/kg/d durante<br />
7 dias, reduziu, de forma significante, a perda óssea<br />
alveolar neste modelo. A redução na perda óssea foi acompanhada<br />
por redução no número de osteoclastos e preservação<br />
do cemento (BEZERRA et al., 2002). Essa redução pode<br />
ser devido a um efeito direto de doxiciclina sobre estas células,<br />
promovendo apoptose destas células, como descrito<br />
anteriormente (BETTANY et al., 2000). Outros dados da literatura<br />
sugerem que nessas doses, a doxiciclina não parece<br />
possuir atividade antimicrobiana, uma vez que em um modelo<br />
de periodontite infecciosa doxiciclina na dose de 5 mg/<br />
kg/d reduziu a atividade de MMP gengival sem alterar a<br />
microbiota da cavidade oral (GOLUB et al., 1994).<br />
Clinicamente, administrações de 20 mg doxiciclina durante<br />
6 meses, estão relacionadas com a redução da gravidade<br />
de danos aos tecidos periodontais (CROUT et al., 1996;<br />
CATON et al., 2001). Nessa dose, doxiciclina produziu níveis<br />
sanguíneos máximos de 0,2-0,3 µg/ml. Nesse esquema não<br />
se alterou a microbiota oral, nem se observaram efeitos<br />
colaterais comumente observados com os antibióticos, como<br />
surgimento de microorganismos resistentes (CROUT et al.,<br />
1996), possivelmente pelo fato de que os níveis sanguíneos<br />
necessários para eficácia antibiótica de 1-3 µg/ml não foram<br />
alcançados com a dose estabelecida. Corroborando ainda<br />
esses achados, estudos clínicos sobre periodontite mostram<br />
que doxiciclina só apresenta plena eficácia antimicrobiana<br />
quando administrada na dose de 100 mg/kg por dia, durante<br />
um período não inferior a 13 dias (MANDELL et al., 1986).<br />
De fato, o uso de tetraciclinas quimicamente modificada,<br />
como a CMT-8, desprovida de atividade antimicrobiana, tem<br />
sido capaz de reduzir a perda óssea alveolar em modelo de<br />
periodontite por endotoxina (LLAVANERAS et al., 2001). Foi<br />
também demonstrado que doxiciclina aplicada localmente,<br />
onde se pode observar mínimos efeitos sistêmicos, apresentou<br />
efeitos benéficos sobre a osteogênese em cães submetidos<br />
à lesão óssea induzida mecanicamente (CHANG &<br />
YAMAD, 2000) e reduziu a produção de colagenase por<br />
osteoblastos e osteoclastos após cirurgia dental (GREVSTAD<br />
& BOE, 1995). Ratificando outros estudos, demonstrou-se<br />
que baixas doses de doxiciclina são capazes de reduzir a perda<br />
óssea inflamatória e que esse efeito não está relacionado a<br />
sua atividade antimicrobiana, evitando, desta forma, o risco<br />
do surgimento de resistência bacteriana e minimizando os<br />
efeitos colaterais gastrintestinais geralmente associados com<br />
14
R. Periodontia - 18(3):7-19<br />
a administração prolongada de doxiciclina (BEZERRA et al.,<br />
2002).<br />
Um outro aspecto importante entre os mediadores envolvidos<br />
na fisopatogenia da peridodontite tem sido ainda a<br />
expressão e ativação de MMPs por óxido nítrico. Tais eventos<br />
contribuem para a destruição tecidual adicional observada<br />
na doença periodontal (BRENNAN et al., 2003). O NO<br />
tem sido apontado como mediador adicional aos efeitos das<br />
citocinas no metabolismo ósseo (MAcINTYRE et al., 1991;<br />
LOWIK et al., 1994; RALSTON et al., 1995; EVANS &<br />
RALSTON, 1996). Vários estudos demonstram o<br />
envolvimento de NO como mediador da reabsorção óssea<br />
em condições associadas à ativação de citocinas, como na<br />
artrite reumatóide, osteoporose pós-menopausa (EVANS &<br />
RALSTON, 1996) e periodontite (LAPPIN et al., 2000; KATO<br />
et al., 2001; LOHINAI et al., 2001, LEITÃO et al., 2004, LEI-<br />
TÃO et al., 2005).<br />
Em corroboração a esses estudos, foi demonstrado que<br />
o uso da aminoguanidina, assim como da<br />
mercaptoetilguanidina, inibidores seletivos da NOSi, reduziram<br />
significantemente a reabsorção óssea em modelo de<br />
periodontite em ratos (LOHINAI et al., 1998; LEITÃO et<br />
al.,2005). Essas observações em conjunto sugerem fortemente<br />
que citocinas, prostaglandinas e NO parecem desempenhar<br />
um importante papel na fisiopatologia da periodontite,<br />
portanto, passíveis de modulação farmacológica. Entretanto<br />
os eventos moleculares que formam as bases desse<br />
processo patológico destrutivo ainda carecem de maiores<br />
estudos.<br />
CONCLUSÃO<br />
A periodontite é uma doença relacionada com o nível<br />
de resistência do hospedeiro aos fatores locais. Estas respostas<br />
envolvem mediadores imunoinflamatórios como<br />
citocinas, especialmente IL-1β e TNF-α, prostaglandinas, fatores<br />
de crescimento, elaboração de enzimas líticas, recrutamento<br />
de células inflamatórias, ativação de osteoclastos e,<br />
mais recentemente, o óxido nítrico (NO), com repercussões<br />
no metabolismo ósseo e que, em conjunto, formam a base<br />
da destruição periodontal (Figura 1). Fármacos que modulem<br />
a resposta inflamatória podem, de forma racional, representar<br />
uma importante ferramenta no controle da<br />
reabsorção óssea alveolar.<br />
Figura 1: Desenho esquemático da reabsorção óssea alveolar. Endotoxinas (LPS) são<br />
liberadas no periodonto e ativam macrófagos e linfócitos a sintetizarem mediadores químicos,<br />
como citocinas, prostaglandinas, metaloproteinases e óxido nítrico, dentre outros, os quais vão<br />
ativar osteoblastos e osteoclastos, cujo desbalanço resulta em reabsorção óssea.<br />
ABSTRACT<br />
Periodontitis is an inflammatory disease characterized by<br />
leukocyte infiltration, connective tissue loss, alveolar bone<br />
resorption and periodontal pocket formation. The disease<br />
severity is associated with host resistance to microbial factors<br />
since bacteria have the capacity to activate host defense cells,<br />
which in turn produce and release mediators that stimulate<br />
connective tissue breakdown. These mediators are a wide<br />
array of molecules including cytokines, especially IL-1β and<br />
TNF-α; prostaglandins, such as PGE 2<br />
; hydrolytic enzymes,<br />
such matrix metalloproteinases (MMP) and nitric oxide (NO),<br />
a key mediator which elicits both extra and intracellular<br />
signaling events, producing among other effects relaxation<br />
of smooth musculature, causing vase and broncodilation as<br />
biological action. Furthermore, NO is considered to act during<br />
inflammatory process affecting bone metabolism. Together,<br />
those mediators determine the extent and duration of<br />
degradative activity. The objective of this review was to discuss<br />
the main inflammatory mediators involved in periodontitis<br />
pathogenesis and the role of pharmacological modulators<br />
in severity disease making an effort to understand the<br />
mechanism involved in bone destruction highlighting<br />
treatments that may change the periodontal disease severity.<br />
UNITERMS: periodontitis, cytokines, prostaglandins,<br />
metalloproteinases, nitric oxide.<br />
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Endereço para correspondência:<br />
Vilma Lima e Ronaldo A. Ribeiro<br />
Rua Coronel Nunes de Melo, 1127 - Rodolfo Teófilo<br />
CEP: 60420-270 – Fortaleza-Ceará.<br />
Tel./Fax: (85) 3366-8333<br />
E-mail: vilma@ufc.br e ribeiror@ufc.br<br />
19
R. Periodontia - Setembro 2008 - Volume 18 - Número 03<br />
PRODUTOS FINAIS DE GLICOSILAÇÃO AVANÇADA (AGE)<br />
E A EXACERBAÇÃO DA DOENÇA PERIODONTAL EM<br />
DIABÉTICOS – REVISÃO DE LITERATURA<br />
Advanced glycation end products (AGE) and the exacerbation of periodontal disease in diabetics<br />
patients - Review<br />
Warley David Kerbauy 1 , Fernando Reno de Lima 1 , Fernando Augusto Perrella 2 , José Benedito Oliveira Amorim 3<br />
RESUMO<br />
Os estudos sobre a patogênese das complicações do<br />
diabete têm se direcionado a investigar o papel de compostos<br />
biologicamente ativos formados através de ligação<br />
da glicose com proteínas ou lipídios, conhecido como AGEs<br />
(produtos finais de glicosilação avançada) e a interação com<br />
receptores específicos na superfície de membrana celulares<br />
(RAGE). Esses compostos e seus receptores estão drasticamente<br />
aumentados em indivíduos diabéticos e possuem<br />
um papel biopatológico extremamente importante no desenvolvimento<br />
e na exacerbação das complicações diabéticas.<br />
Sendo o diabete uma condição sistêmica considerada<br />
um fator de risco na prevalência e severidade da doença<br />
periodontal, faz-se necessário entender os mecanismos<br />
dessa interação entre essas doenças e as possíveis alternativas<br />
de tratamento. O objetivo desse trabalho é esclarecer<br />
o mecanismo de formação de AGEs, bem como suas implicações<br />
no processo inflamatório, inclusive na patogenia<br />
da doença periodontal e enfatizar as pesquisas que visam<br />
interferir na formação ou interação dessas moléculas, a fim<br />
de minimizarmos os efeitos da condição sistêmica dos diabéticos.<br />
UNITERMOS: Diabete melito, periodontite, complicação<br />
diabética, fator de risco, produtos finais de glicosilação.<br />
R Periodontia 2008; 18:20-27.<br />
Recebimento: 23/11/07 - Correção: 04/03/08 - Aceite: 26/06/08<br />
INTRODUÇÃO<br />
O diabetes mellitus ou diabete melito (DM) é<br />
uma doença crônica evolutiva que se caracteriza pelas<br />
alterações dos metabolismos de carboidratos, gorduras<br />
e proteínas devido à falta de insulina ou de<br />
sua capacidade de agir na transferência de glicose<br />
do plasma para o citoplasma das células. Atinge aproximadamente<br />
5% da população mundial (THE<br />
EXPERT COMMITTEE ON THE DIAGNOSIS AND<br />
CLASSIFICATION OF DIABETES MELLITUS, 2002) e,<br />
em 1980, segundo dados do Ministério da Saúde, a<br />
sua prevalência no Brasil era de 7,6% (MALERBI &<br />
FRANCO, 1992), porém, dados internacionais sobre<br />
a projeção dessa doença no século XXI revelam quadro<br />
alarmante (ZIMMET, 2003).<br />
Atualmente, o DM está classificado, de acordo<br />
com a American Diabetes Association (ADA), 1997,<br />
em dois tipos principais, o tipo 1 e o 2, além do<br />
gestacional e tipos específicos (THE EXPERT<br />
COMMITTEE ON THE DIAGNOSIS AND<br />
CLASSIFICATION OF DIABETES MELLITUS, 2002). O<br />
DM tipo 1 ocorre geralmente nas crianças e jovens e<br />
se caracteriza pela absoluta falta de insulina, em geral<br />
decorrente de destruição das células beta (tipo 1<br />
a), havendo necessidade de sua reposição nesses<br />
pacientes. O tipo 2, previamente conhecido como<br />
20
R. Periodontia - 18(3):20-27<br />
não-insulino dependente, corresponde a aproximadamente<br />
85% dos casos e caracteriza-se como uma doença poligênica,<br />
além de estar relacionada com o moderno estilo de vida, em<br />
que a obesidade constitui um dos principais fatores de risco.<br />
O DM gestacional é caracterizado pelo seu aparecimento<br />
durante a gravidez e após o parto requer reclassificação.<br />
Outros tipos específicos de DM são raros e de naturezas variadas<br />
(ZAMBON et al., 1988).<br />
O resultado dessas alterações metabólicas do diabete<br />
se define como uma elevação crônica da glicose no sangue<br />
(hiperglicemia) e está associada à disfunção em longo prazo<br />
e danos em vários órgãos, especialmente rins, olhos, coração,<br />
nervos e vasos sangüíneos (MEALEY, 2000).<br />
Está bem estabelecido que o diabete é um fator de risco<br />
para o desenvolvimento de doença periodontal em humanos.<br />
Estudos em grandes populações, como as realizadas<br />
na comunidade indígena Pima do Arizona, onde há a maior<br />
prevalência de diabete tipo 2 do mundo, foram claros ao<br />
demonstrar que pacientes diabéticos apresentavam maior<br />
perda de inserção e perda óssea alveolar quando comparados<br />
aos controles não-diabéticos em todas as idades<br />
(EMRICH et al., 1991; SHLOSSMAN et al., 1990). PAPAPANOU,<br />
1996, através de meta-análise que incluiu um total de 3.524<br />
adultos com mais de 18 anos de idade, chegou a conclusão<br />
que havia associação significativa entre as doenças, sendo<br />
que o diabete pode influenciar não apenas a prevalência e a<br />
gravidade da periodontite, como também o progresso da<br />
doença.<br />
A doença periodontal é caracterizada pela perda de tecido<br />
conjuntivo ao redor dos dentes e atualmente é considerada<br />
multifatorial. Embora esteja amplamente comprovado<br />
que o agente causador é o biofilme bacteriano e seus<br />
subprodutos, está muito claro que a resposta<br />
imunoinflamatória do hospedeiro é de fundamental importância<br />
para a progressão da doença. Não havendo diferenças<br />
entre a composição do biofilme bacteriano entre pacientes<br />
diabéticos e não diabéticos (SASTRAWIJOTO et al., 1989;<br />
ZAMBOM et al., 1988), o mecanismo pelo qual pacientes<br />
diabéticos apresentam maiores índices de perda de inserção<br />
e perda óssea resume-se à resposta do hospedeiro. Desta<br />
maneira, a doença periodontal é similar às clássicas complicações<br />
do diabete.<br />
Estudos que objetivam entender os mecanismos de<br />
interação do diabete com suas complicações têm se voltado<br />
aos AGEs (Produtos finais de glicosilação avançada), que<br />
compreendem vários compostos biologicamente ativos resultantes<br />
da ligação não enzimática entre carboidratos e proteínas,<br />
carboidratos e lipídeos, de forma irreversível, intimamente<br />
relacionada com a hiperglicemia e que se depositam<br />
no plasma e nos tecidos dos indivíduos, inclusive no tecido<br />
gengival (GROSSI & GENCO, 1998).<br />
A interação entre os AGEs e seus receptores (RAGE) na<br />
superfície de determinadas células parece ser um dos maiores<br />
responsáveis pelas complicações do diabete, tanto nas<br />
macrovasculares, como a aterosclerose e acidentes<br />
cardiovasculares e cerebrovasculares prematuros, como nas<br />
microvasculares, como a retinopatia e a insuficiência renal.<br />
Várias células já mostraram apresentar esses receptores em<br />
suas superfícies, como as células endoteliais, macrófagos e<br />
fibroblastos, e cada tipo celular apresenta uma resposta diferente,<br />
mas todas alteram a resposta inflamatória e cicatricial<br />
normal do hospedeiro (PEPPA & VLASSALA, 2005).<br />
Uma vez que o DM é um fator de risco para as doenças<br />
periodontais e estas para a saúde global do indivíduo,<br />
nesta revisão procuramos esclarecer o processo de<br />
formação dos AGEs e sua interação com seus receptores<br />
(RAGE) nas superfícies das membranas celulares, bem como<br />
suas conseqüências no periodonto e os novos rumos das<br />
pesquisas nessa área, já que muitos resultados parecem<br />
promissores.<br />
Mecanismo de formação e implicações biológicas<br />
dos AGEs<br />
No último século, acreditava-se que não havia relação<br />
causal entre a hiperglicemia e as complicações do diabete.<br />
Entretanto, nas últimas três décadas, estudos<br />
epidemiológicos em modelos animais e estudos bioquímicos<br />
sugeriram fortemente que essa relação existe (BROWNLEE<br />
& CERAMI, 1981; GROOP et al., 2005; TANGI et al., 2000).<br />
Embora saiba-se que o grau de hiperglicemia está diretamente<br />
correlacionado com a extensão das complicações do<br />
diabete, os estudos estão apenas no início da compreensão<br />
dos mecanismos desses processos. Atualmente, porém,<br />
muitos autores já afirmam que os produtos finais de<br />
glicosilação avançada (AGEs) têm o papel principal na<br />
patogênese das complicações do diabete.<br />
A formação dos AGEs inicia-se com a ligação nãoenzimática<br />
da glicose com o grupo amina das proteínas e<br />
formam uma base Schiff instável. Através de um processo<br />
bioquímico lento, estes produtos são convertidos em glicoseproteína<br />
aduzida estável, mas, ainda sim reversível, conhecido<br />
como Amadori product. Um exemplo é a conhecida<br />
Hemoglobina glicosilada (Hbc) utilizada na mensuração da<br />
glicose. Nesse estágio, se houver uma diminuição dos níveis<br />
glicêmicos, o processo pode ser interrompido e não há a<br />
formação de AGEs; entretanto, na manutenção da<br />
hiperglicemia, os Amadori products tornam-se altamente<br />
estáveis e formam AGEs (MEALEY, 2000). (Fig 1)<br />
21
R. Periodontia - 18(3):20-27<br />
Glicose<br />
+<br />
proteína<br />
AGEs<br />
(Produtos finais de<br />
glicosilação<br />
avançada)<br />
xx<br />
Base Schiff<br />
(proteína glicada)<br />
Amadori<br />
product<br />
Fig.1. Formação dos AGEs. A glicose liga-se à parte final do radical amino das proteínas para<br />
formar uma base Schiff instável. Em semanas, esse produto se estabiliza porém ainda de forma<br />
irreversível sendo chamado de Amadori product. Na permanência de hiperglicemia, esse Amadori<br />
product se rearranja e torna-se um AGE irreversível. Extraído de Mealey BL. Diabetes Mellius.<br />
In: Medicina Periodontal. Rose LF, Genco RJ, Mealey BL, Cohen DW. Hamilton, Ontário,<br />
BC: Ed. Santos Jr, 2000: 121-150.<br />
Tabela 1<br />
PROPRIEDADES QUÍMICAS PATOLOGICAMENTE RELEVANTES DOS AGES<br />
(VLASSARA, 1997)<br />
A formação de AGEs ocorre em proteínas, lipídeos e<br />
ácidos nucléicos<br />
A modificação por AGEs é irreversível<br />
A formação de AGEs com proteínas confere uma alta<br />
resistência a digestão proteolítica<br />
AGEs são substâncias altamente reativas que causam<br />
a) Formação cruzada (cross-linking) entre polipetídeos<br />
da mesma proteína, por exemplo, colágeno<br />
b) Capturação de proteínas não glicosiladas, como<br />
imunoglobulinas, LDL<br />
A formação de AGEs com lipídeos induz oxidação<br />
desses lipídeos<br />
AGEs inativam quimicamente o óxido nítrico (NO)<br />
De acordo com WALTIER & GUILLAUSSEAU, 2001, além<br />
da formação endógena, os AGEs podem ser gerados em<br />
inúmeras condições, como na fermentação, no cozimento<br />
de alimentos ou apenas na oxidação da atmosfera. Várias<br />
moléculas já foram encontradas, entretanto, em humanos,<br />
os principais AGEs descritos são a carboximetil-lisina (IKEDA<br />
et al., 1996) e a pentosidina (SELL & MONNIER, 1989).<br />
Os AGEs são irreversíveis: uma vez formados mantêmse<br />
ligados às proteínas por toda a sua meia-vida e, mesmo<br />
que a hiperglicemia retorne á normalidade, os níveis de AGEs<br />
nos tecidos afetados são mantidos. Constantemente são<br />
formados AGEs no organismo de indivíduos saudáveis, de<br />
forma lenta, desde o período embrionário, acumulando-se<br />
com a idade; porém, em indivíduos diabéticos, devido a maior<br />
disponibilidade de glicose, formam-se de maneira acelerada<br />
(PEPPA & VLASSALA, 2005). Estudos histoquímicos em animais,<br />
utilizando anticorpos AGE-específicos mostraram que<br />
a amostra de ratos diabéticos tinha de 10-45 vezes mais AGEs<br />
do que amostra não diabética após 45 dias de indução do<br />
diabete (MITSUHASHI et al., 1993). Da mesma forma, indivíduos<br />
diabéticos com bom controle glicêmico demonstraram<br />
apresentar menor formação de AGEs e menos complicações<br />
que indivíduos diabéticos hiperglicêmicos crônicos (SEPPÄLÄ<br />
et al., 1997). Algumas propriedades químicas dos AGEs foram<br />
relatadas na tabela 1.<br />
Basicamente, três são os mecanismos principais pelos<br />
quais os AGEs podem interferir na patogênese das complicações<br />
do diabete. Primeiramente, os AGEs podem reagir<br />
com o colágeno da matriz extracelular formando uma reação<br />
cruzada (cross-linking), resultando na formação de<br />
macromoléculas de colágeno altamente estáveis e que são<br />
resistentes à degradação enzimática normal e às modificações<br />
teciduais (MONNIER et al., 1996). Esta reação ocorre<br />
nas paredes tanto dos vasos maiores, favorecendo a formação<br />
de placas de ateromas, quanto dos vasos menores, alterando<br />
o transporte difusional normal através da membrana<br />
basal desses vasos (BROWNLEE, 1994).<br />
Outro processo decorrente da formação de AGEs é a<br />
sua ligação com receptores específicos na membrana de diferentes<br />
tipos celulares, principalmente macrófagos, linfócitos,<br />
fibroblastos e células endoteliais. Esses receptores são conhecidos<br />
como RAGE (receptor de produtos finais de<br />
glicosilação avançada) e a sua expressão está aumentada<br />
nos indivíduos diabéticos (BRETT et al., 1993). A interação<br />
dos AGEs com RAGE nas superfícies celulares amplificam suas<br />
respostas inflamatórias frente ao desafio microbiano, como<br />
ocorre na doença periodontal e outras doenças crônicas. Isso<br />
ocorre basicamente porque as células, como macrófagos,<br />
fibroblastos e endoteliais, quando ativadas pelos AGEs, produzem<br />
maior quantidade de citocinas como IL-1 (interleucina<br />
1), IL-6 (interleucina 6) e TNF-α (fator de necrose tumoral<br />
alfa), além de enzimas como as MMPs (metaloproteinases<br />
de matriz), responsáveis pela reabsorção óssea. Ao se ligar<br />
ao seu receptor na célula, os AGEs alteram o metabolismo<br />
celular, causando liberação de radicais de oxigênio, induzindo<br />
o chamado estado de estresse oxidativo celular, responsável,<br />
em parte, por injúrias vasculares e também pelo aumento<br />
da expressão da molécula de adesão VCAM-1, capaz<br />
de agregar monócitos na parede endotelial, aumentando<br />
a chance de formação de trombos e aterosclerose<br />
22
R. Periodontia - 18(3):20-27<br />
Tabela 2<br />
PRINCIPAIS PROPRIEDADES BIOLÓGICAS PATOLOGICAMENTE<br />
RELEVANTE DOS AGES (VLASSARA, 1997)<br />
AGEs induzem migração transendotelial de<br />
monócitos e macrófagos<br />
AGEs estimulam liberação de citocinas e fatores de<br />
crescimento pelos macrófagos<br />
AGEs ligam-se a moléculas não glicosiladas, levando<br />
a formação de complexos imunes, ativação de complemento<br />
AGEs, na presença de co-estimulantes, induzem<br />
liberação de Interferon-y pelos linfócitos-T<br />
AGEs aumentam a permeabilidade das células<br />
endoteliais e sua atividade pró-coagulante<br />
AGEs aumentam a síntese de componentes da<br />
matriz extracelular<br />
AGEs aumentam proliferação celular (células musculares<br />
lisas, fibroblastos)<br />
AGEs aumentam taxa de mutação de DNA<br />
(SCHMIDT et al., 1996). SCHMIDT et al., 1996, comprovaram<br />
aumento de heme-oxigenase (marcador de aumento<br />
de estresse oxidativo) em biópsias de tecido gengival de diabéticos,<br />
quando comparadas as de indivíduos normais. Os<br />
autores sugeriram que esse aumento de estresse oxidativo<br />
relacionado com AGEs está relacionado com o aumento da<br />
resposta inflamatória do hospedeiro na doença periodontal,<br />
acelerando seu processo disfuncional em pacientes diabéticos.<br />
O terceiro mecanismo através do qual os AGEs podem<br />
influir na resposta do hospedeiro é quando ocorre a sua formação<br />
dentro do citoplasma de algumas células. A<br />
glicosilação intracelular não é exclusiva da glicose; outros<br />
carboidratos, como a frutose, podem reagir para formar AGEs<br />
(NASSAR et al., 2007). A formação intracelular de AGEs ocorre<br />
mais rapidamente que a extracelular. A união dos<br />
carboidratos às proteínas dentro das células pode alterar profundamente<br />
a função da proteína alvo, sendo muito deletéria<br />
em alguns casos na resposta imunoinflamatória. A tabela<br />
2 relaciona algumas propriedades biológicas patologicamente<br />
importante dos AGEs.<br />
Estudos com inibidores de AGEs estão sendo desenvolvidos<br />
e os resultados têm sido promissores. O primeiro a ser<br />
estudado foi a aminoguanidina, um pequeno composto derivado<br />
da hidrazina, que não previne a formação de Amadori<br />
products, mas inibe sua transformação em produtos finais<br />
de glicosilação (AGEs). Os efeitos desta molécula na<br />
patogênese das complicações do diabete foram investigados<br />
em vários órgãos de animais, como retina, rim, nervos e<br />
artérias apresentando bons resultados (BROWNLEE, 1994;<br />
SOULIS-LIPAROTA et al., 1991; VLASSARA, 1994). Recentemente<br />
outros compostos têm sido estudados na inibição da<br />
formação dos AGEs e suas conseqüências sobre os tecidos,<br />
como a piridoxamina, que inibe a formação de AGEs a partir<br />
dos Amadori products, a pimagedina, que reage com produtos<br />
intermediários da glicose e o alagebrium que quebra<br />
a ligação cruzada (cross-linking) com o colágeno (WILLIAMS,<br />
2004). Nenhum estudo com substâncias inibidoras de AGEs<br />
foi testado para se avaliar redução da doença periodontal<br />
em diabéticos, em modelo animal ou humano.<br />
AGE-RAGE na doença periodontal<br />
Durante muitos anos tentou-se explicar os motivos pelos<br />
quais pacientes diabéticos apresentavam doença<br />
periodontal de uma forma mais acelerada e severa que pacientes<br />
não diabéticos. Várias hipóteses foram pesquisadas<br />
no intuito de se estabelecer uma relação biológica para essa<br />
exacerbação da doença em diabéticos (LALLA et al., 1998;<br />
SALVI et al., 1998). Atualmente, com o avanço nas pesquisas<br />
com os AGEs e suas implicações na patogenia das complicações<br />
do diabete, pode-se afirmar que o aumentos dos<br />
AGEs nos diabéticos e sua relação com seus receptores é o<br />
principal fator de amplificação da resposta imunoinflamatória<br />
pelo hospedeiro frente ao desafio microbiano na doença<br />
periodontal (LALLA et al., 2001; NASSAR et al., 2007).<br />
Dentre os mecanismos patológicos dos AGEs, o que está<br />
mais relacionado às doenças periodontais é a sua interação<br />
com seu receptor, RAGE, na superfície de algumas células,<br />
alterando a resposta celular. LALLA et al., 1998, criaram um<br />
modelo animal onde foram induzidos diabete e doença<br />
periodontal em ratos, e perceberam que ratos diabéticos<br />
apresentavam uma aceleração da doença periodontal, maior<br />
acumulação de AGEs e maior expressão de RAGE nas células<br />
inflamatórias. Os autores afirmaram que o aumento de<br />
AGE e RAGE no tecido gengival é potencialmente um mecanismo<br />
de maior destruição periodontal em diabéticos.<br />
O receptor para AGE (RAGE) é um membro das<br />
superfamílias das imunoglobulinas da superfície celular e é<br />
altamente expressivo em células vasculares e inflamatórias<br />
de diabéticos (RITTHALER et al., 1995). KATZ et al., 2005,<br />
avaliando a expressão de RAGE em gengiva de pacientes<br />
diabéticos e saudáveis, relatou que diabéticos apresentavam<br />
um aumento de 50% na expressão de mRNA para RAGE<br />
comparado com o controle. Concomitante ao aumento do<br />
acúmulo de AGEs nos tecidos dos diabéticos, há também<br />
um aumento na expressão de seu receptor (RAGE) na superfície<br />
de algumas células desses mesmos tecidos (SCHIMDT<br />
23
R. Periodontia - 18(3):20-27<br />
et al., 1995a). Tem sido proposto que a interação de AGEs<br />
com o receptor celular (RAGE) resulta na perturbação das<br />
propriedades celulares, muitas das quais associadas ao desenvolvimento<br />
de doenças vasculares, bem como à sustentação<br />
do processo inflamatório observado em defeitos de<br />
cicatrização de feridas e doenças inflamatórias crônicas, como<br />
a doença periodontal avançada (LALLA et al., 2001).<br />
Nas células endoteliais, o aumento da interação AGE-<br />
RAGE resulta em hiperpermeabilidade vascular e aumento<br />
da expressão de moléculas de adesão pró-inflamatórias,<br />
como VCAM-1, visto como fator de risco para o desenvolvimento<br />
de doenças vasculares no diabético (SCHMIDT et al.,<br />
1995b). Isto pode ocorrer também na microcirculação, como<br />
nos capilares periodontais e de acordo com LALLA et al.,<br />
1998, a interação de AGEs com RAGE das células endoteliais<br />
poderia resultar, em parte, na perpetuação do processo inflamatório<br />
periodontal, devido ao aumento da expressão de<br />
VCAM-1, que aumentaria a migração e saída dos monócitos<br />
para o periodonto.<br />
Os macrófagos, portanto, sofrem um estímulo na migração<br />
para locais onde há aumento de AGEs, imobilizamse<br />
nesses locais e podem interagir com o AGE disponível,<br />
através de seu receptor (RAGE). Essa interação provoca distúrbios<br />
intra-celulares, levando a um aumento da liberação<br />
de citocinas pró-inflamatórias (IL-1α, IL-6, TNFα), além de<br />
alterar a capacidade dos macrófagos de realizar renovação<br />
tecidual (LALLA et al., 1998; WEHBA et al., 2004). Esses dados<br />
corroboram com o estudo de SALVI et al., 1998, que<br />
provaram que macrófagos de pacientes diabéticos apresentavam<br />
níveis mais elevados de secreção de TNFα (4.6-fold),<br />
IL-1α (4.4-fold) e PGE 2<br />
(prostaglandina E 2<br />
) (4.2-fold) no fluido<br />
gengival crevicular. Além disso, os autores afirmaram que<br />
em presença de LPS (lipopolissacárides) de Porphyromonas<br />
gingivalis, pacientes diabéticos tinham secreção anormal de<br />
monócitos inflamatórios em relação a pacientes não-diabéticos<br />
periodontais.<br />
Em estudo animal, SCHIMDT et al., 1996, relacionou a<br />
formação de AGEs com o aumento de estresse oxidativo na<br />
gengiva. A infusão de albuminas-AGE em ratos gerou um<br />
aumento no nível de TBARS (substâncias reativas ao ácido<br />
tiobarbitúrico), um marcador molecular indicativo de estresse<br />
oxidativo, comparado ao grupo em que foi aplicado apenas<br />
albumina não glicosilada. No entanto, esse processo foi inibido<br />
quando foram utilizados bloqueadores de RAGE ou<br />
agentes antioxidantes.<br />
Entretanto, de acordo com LALLA et al., 2001, a ligação<br />
dos RAGE com a doença periodontal pode ser ainda mais<br />
complexa. Isto porque este grupo de pesquisadores identificou<br />
que o RAGE é o receptor principal de superfície celular<br />
para uma molécula denominada EN-RAGE (proteínas<br />
extracelulares recém-identificadas de ligação ao RAGE) e para<br />
outros membros da S100/calgranulina (família das citocinas<br />
pró-inflamatórias). Essas proteínas intracelulares localizamse<br />
em células-chaves na resposta inflamatória (como<br />
leucócitos polimorfonucleares e monócitos) e podem ter acesso<br />
ao espaço extracelular num ambiente inflamatório. Uma<br />
vez liberadas, estas moléculas têm habilidade de interagir<br />
com o RAGE celular e isto parece ser importante na propagação<br />
e sustentação da perturbação celular e injúria tecidual<br />
crônica, mesmo em normoglicemia (HOFMANN et al., 1999).<br />
Todas essas alterações celulares, mediadas pela interação<br />
de AGEs e outras moléculas, com o EN-RAGE e a S100/<br />
calgranulina ao receptor celular RAGE, contribuem para a<br />
exacerbação do processo inflamatório e danos teciduais em<br />
resposta à infecção bacteriana na doença periodontal em<br />
diabéticos.<br />
Apesar de ainda não estar exatamente determinado o<br />
papel destes receptores no processo inflamatório das complicações<br />
do diabete, muitas pesquisas começam a investigar<br />
se bloqueadores de RAGEs podem atenuar o aparecimento<br />
dessas complicações.<br />
Pode-se intervir nos receptores de diversas maneiras,<br />
porém a forma mais pesquisada atualmente é a utilização<br />
de RAGE solúvel extracelular. RAGE solúvel ou sRAGE é a<br />
parte ligante extracelular do receptor original e serve como<br />
um chamariz para AGE e outras moléculas, que ao se unirem,<br />
acabam reduzindo a interação destas com os RAGEs<br />
das superfícies celulares (LALLA et al., 2001). RAGE solúvel<br />
são desenvolvidos em laboratórios e são espécies-específicos.<br />
Estudos in vivo em animais têm mostrado resultados<br />
animadores. O bloqueio da interação com RAGE utilizando<br />
sRAGE em animais diabéticos apontou diminuição da<br />
hiperpermeabilidade vascular e suprimiu aterosclerose acelerada<br />
em ratos (HOFMANN et al., 1999; PARK et al., 1998;<br />
WALTIER et al., 1996). GOOVA et al., 2001, observaram que<br />
ratos diabéticos tiveram uma cicatrização tecidual acelerada<br />
quando administrado sRAGE, comparado ao placebo.<br />
Esses resultados levaram os pesquisadores a investigar<br />
se todas as complicações do diabete eram reduzidas, ou no<br />
mínimo amenizadas, ao se utilizar dos bloqueadores de<br />
RAGE. Em periodontia não foi diferente: LALLA et al., 1998,<br />
criaram um modelo animal em ratos de diabete e doença<br />
periodontal, utilizando estreptozotocina, um agente que<br />
causa uma destruição seletiva das células beta do pâncreas,<br />
responsáveis pela produção de insulina, análogo ao diabete<br />
tipo 1 em humanos, e inoculando nesses animais cepas de<br />
Porphyromonas gingivalis, um dos patógenos da doença<br />
periodontal. Observaram ao fim da pesquisa que animais<br />
24
R. Periodontia - 18(3):20-27<br />
do grupo-teste apresentaram maior perda óssea alveolar,<br />
maior acumulação de AGEs nos tecidos e maior expressão<br />
de RAGE nas células gengivais, quando comparados aos grupo-controle.<br />
Uma segunda etapa deste trabalho foi avaliar o<br />
efeito da administração de sRAGE nesse modelo animal de<br />
diabete e doença periodontal. A equipe de pesquisadores<br />
chegou a conclusão que ratos do grupo-teste (diabete +<br />
periodontite + sRAGE) apresentaram menor perda óssea,<br />
menor expressão de citocinas pró-inflamatórias, como o TNFα<br />
e IL-6 e redução da produção de metaloproteinases da<br />
matriz, enzimas responsáveis pela destruição óssea e<br />
conjuntiva na periodontite, quando comparado aos ratos<br />
do grupo-controle (diabete + periodontite) (LALLA et al.,<br />
2000).<br />
CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
Sendo o diabete uma doença de considerável prevalência<br />
e de alta morbidade e que influencia varias especialidades<br />
na área médica e odontológica, é de grande valia todos os<br />
esforços da ciência para a melhoria da qualidade de vida<br />
desses indivíduos. Dessa forma a elucidação da patogênese<br />
das complicações diabéticas vem contribuir para uma melhor<br />
investigação dos seus mecanismos, sendo o objetivo<br />
chegar a uma terapia eficaz.<br />
A intervenção na formação dos AGEs e o bloqueio dos<br />
receptores RAGE tanto para AGEs quanto para outros ligantes<br />
como S100/calgranulina, além de ter grande plausibilidade<br />
biológica, tem obtido bons resultados in vivo em animais<br />
(LALLA et al., 2001; KIM et al., 2005). Entretanto, não foram<br />
realizados estudos em humanos, portanto, nenhum protocolo<br />
terapêutico foi testado e, segundo BROWNLEE, 2005,<br />
a patogenia das complicações do diabete depende de outros<br />
fatores além dos AGEs e receptores, sendo um mecanismo<br />
altamente complexo.<br />
Embora muito ainda deva ser pesquisado no intuito<br />
elucidar o papel dos AGEs e receptores nas complicações do<br />
diabete, afirmamos que futuramente existirão drogas capazes<br />
de inibir sua formação e interação, minimizando assim<br />
as doenças crônicas que são agravadas pelo diabete, inclusive<br />
a doença periodontal, melhorando a qualidade de vida<br />
desses pacientes.<br />
ABSTRACT<br />
The complications of diabetes mellitus have been<br />
extensively investigated by studies on the pathology of this<br />
disease, with the purpose to understand the role of AGEs<br />
(advanced glycation end products), active biological<br />
components formed through association of glucose with<br />
proteins or lipids, as well as their interaction with specific<br />
receptor localized in the cellular membrane (RAGE). It has<br />
been shown that the AGE-RAGE system increased remarkably<br />
in diabetic conditions and has an important participation in<br />
the development or exacerbation of diabetic complications.<br />
Since the diabetic status is a risk factor in the prevalence and<br />
severity of periodontal disease, efforts are necessary to<br />
understand the cellular mechanisms involved with AGEs and<br />
RAGE in the periodontal disease and possible alternatives of<br />
dental treatment. Thus, the aim of this review addresses<br />
concerns about how the AGE-RAGE system is produced as<br />
well as its implications in the inflammatory process, including<br />
the pathogenesis of periodontal disease. We emphasize the<br />
ongoing research concerning the formation or interaction of<br />
the AGE-RAGE system in order to improve quality of life<br />
among patients in the diabetic status.<br />
UNITERMS: Diabetes mellitus, periodontal disease, diabetes<br />
complications, risk factor, Advanced Glycation End<br />
Products.<br />
25
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Endereço para correspondência:<br />
Warley David Kerbauy<br />
Universidade Estadual Paulista/UNESP – Faculdade de Odontologia de<br />
São José dos Campos<br />
Departamento de Diagnóstico e Cirurgia<br />
Disciplina de Periodontia<br />
Av. Francisco José Longo, 777<br />
CEP: 12245-000 - São José dos Campos – SP<br />
E-mail: warley@fosjc.unesp.br<br />
27
R. Periodontia - Setembro 2008 - Volume 18 - Número 03<br />
TRANSMISSÃO DE BACTÉRIAS PERIODONTAIS<br />
Transmission of periodontal bacteria<br />
Anne Carolina Eleutério Leite 1 , Daniela Corrêa Grisi 2 , Maria do Carmo Machado Guimarães 3 , Valéria Martins de Araújo 4 ,<br />
Francisco Valter Freitas 5 , Daniela Ferreira Araújo 6<br />
RESUMO<br />
Periodontite corresponde a uma diversidade de doenças<br />
clinicamente diferentes, associadas com uma microbiota<br />
subgengival variável entre os diferentes grupos de<br />
pacientes. A maioria das espécies bacterianas subgengivais<br />
é indígena à cavidade bucal. Aggregatibacter<br />
actinomycetemcomitans e Porphyromonas gingivalis são<br />
considerados patógenos periodontais importantes que<br />
apresentam características de patógenos exógenos e não<br />
são freqüentemente detectados em indivíduos com<br />
periodonto sadio. A transmissão de microrganismos entre<br />
pais e filhos (transmissão vertical) é particularmente evidente.<br />
Técnicas de genética molecular têm demonstrado que se<br />
uma criança é colonizada por uma espécie potencialmente<br />
patogênica, então um dos pais comumente abriga a bactéria<br />
idêntica genotipicamente. Os dados também indicam<br />
que transferência de bactéria entre cônjuges (transmissão<br />
horizontal) ocorre, embora não freqüentemente. Todavia,<br />
a transferência de microrganismos não resulta necessariamente<br />
em colonização ou infecção do hospedeiro. Além<br />
disso, há indivíduos que abrigam periodontopatógenos e<br />
não manifestam qualquer sinal de doença periodontal. O<br />
propósito deste artigo é apresentar uma revisão da literatura<br />
sobre a transferência de bactérias associadas com as<br />
doenças periodontais entre membros da família.<br />
UNITERMOS: patógenos periodontais; transmissão;<br />
periodontite; infecção. R Periodontia 2008; 18:28-33.<br />
Recebimento: 12/11/07 - Correção: 23/01/08 - Aceite: 22/07/08<br />
INTRODUÇÃO<br />
A transmissão de microrganismos bucais de mãe<br />
para filho ocorre durante a gravidez, durante o parto<br />
e após o nascimento (Slavkin, 1997). Várias bactérias<br />
consideradas indígenas à cavidade bucal são<br />
detectadas anteriormente à erupção dos dentes,<br />
conquanto outras, após a emergência da dentição<br />
decídua (Zambon, 1994). Durante a infância, a aquisição<br />
de certas bactérias é influenciada por contatos<br />
familiares próximos (Asikainen et al, 1997; Greenstein;<br />
Lamster, 1997; Irfan et al, 1999). Análises fenotípicas<br />
e genotípicas têm sido usadas para diferenciar microrganismos<br />
da mesma espécie, especialmente novas<br />
técnicas de análise molecular, facilitando, assim,<br />
a análise da via de transmissão percorrida (Barsotti<br />
et al, 1993; Van Steenbergen et al, 1993). Estas técnicas<br />
têm demonstrado evidências de transmissão<br />
vertical (pai-filho), transmissão horizontal (entre cônjuges)<br />
e transmissão entre irmãos. A maioria dos estudos<br />
sobre transmissão de bactérias periodontais<br />
tem focalizado nas espécies Aggregatibacter<br />
actinomycetemcomitans e Porphyromonas gingivalis.<br />
Estas têm sido selecionadas devido à forte associação<br />
com diferentes formas de doença periodontal<br />
destrutiva (Asikainen et al, 1997). Porém, ainda existem<br />
controvérsias quanto a estes<br />
28
R. Periodontia - 18(3):28-33<br />
periodontopatógenos serem habitantes exógenos<br />
(não fazem parte da microbiota residente) ou endógenos<br />
(microbiota residente) na cavidade bucal (Greenstein;<br />
Lamster, 1997). Microrganismos tais como A.<br />
actinomycetemcomitans e P. gingivalis são considerados<br />
exógenos por alguns pesquisadores devido às seguintes<br />
razões: detecção destes microrganismos é freqüentemente<br />
associada com doença; não estão presentes na maioria<br />
dos indivíduos saudáveis; freqüentemente provocam<br />
uma eminente resposta humoral; e o tratamento<br />
usualmente resulta na eliminação destes na cavidade<br />
bucal. Uma vez que A. actinomycetemcomitans e<br />
P. gingivalis são consideradas importantes contribuintes<br />
para o desenvolvimento da doença periodontal, o<br />
conhecimento das vias de transmissão destes<br />
microrganismos é importante para a prevenção e tratamento<br />
da doença periodontal, melhor compreensão da<br />
epidemiologia da doença e do papel de espécies patogênicas<br />
na progressão da doença. Por conseguinte, o objetivo deste<br />
trabalho foi revisar a evidência de transmissão de bactérias<br />
periodontais de pessoa -para- pessoa, a significância da saliva<br />
como veículo de transmissão e as implicações terapêuticas<br />
e profiláticas da dispersão de bactérias periodontais entre<br />
indivíduos.<br />
Saliva como veículo da transmissão<br />
Bactérias periodontais são encontradas nas bolsas<br />
periodontais, mas podem também residir sobre a língua e<br />
superfícies da mucosa e saliva (Asikainen et al, 1997). A saliva<br />
é o principal vetor da transmissão de bactérias (Asikainen<br />
et al, 1997; Rosa et al, 2002). Evidência que bactéria<br />
periodontal pode ser transmitida via aerossóis não existe, no<br />
entanto, objetos inanimados (sondas dentais, escovas de<br />
dente) podem servir como veículo para transmissão, além<br />
do contato entre mucosas (Van Winkelhoff; Boutaga, 2005).<br />
Níveis elevados de P. gingivalis na saliva foram notados em<br />
cônjuges que moravam juntos por longo período (Petit et al,<br />
1994). Similarmente, a avaliação da saliva de 30 mães exibiu<br />
maiores valores e maior positividade do que as amostras<br />
subgengivais quanto à presença de A.<br />
actinomycetemcomitans, Prevotella nigrescens, P. gingivalis<br />
e Treponema denticola (Rosa et al, 2002). Adicionalmente,<br />
na saliva foram encontrados os mesmos clones de A.<br />
actinomycetemcomitans e P. gingivalis achados na bolsa<br />
periodontal. Kulekci et al (2008) detectaram, por meio da<br />
reação em cadeia da polimerase (PCR), P. nigrescens (80%),<br />
T. denticola (32%), A. actinomycetemcomitans (24%) e P.<br />
gingivalis (12%) na saliva de crianças saudáveis com idade<br />
entre 6 e 13 anos.<br />
Transmissão de bactérias entre cônjuges<br />
Morfotipos bacterianos testados em 14 casais revelaram<br />
que a presença de espiroquetas de tamanho médio em um<br />
dos cônjuges aumentava três vezes a probabilidade do outro<br />
cônjuge apresentar espiroquetas similares, quando comparados<br />
a outros indivíduos (Offenbacher et al, 1985). Similarmente,<br />
a presença de organismos filamentosos em um<br />
cônjuge aumentava em 30% a probabilidade de o parceiro<br />
abrigar o mesmo microrganismo. Os autores sugeriram que<br />
o achado de morfotipos bacterianos similares em casais seja<br />
atribuído, possivelmente, a hábitos comparáveis de higiene<br />
bucal ou outros fatores (fonte comum de dieta) que não<br />
foram quantitativamente mensurados ou analisados no estudo.<br />
Análises sorotípicas e robotípicas indicaram a transmissão<br />
de A. actinomycetemcomitans e P. gingivalis entre<br />
cônjuges e que estas podem ser transmitidas entre adultos<br />
que vivem próximos e têm microbiota bucal estabelecida<br />
(Saarela et al, 1993). No estudo de Van Steenbergen et al<br />
(1993), padrões indistinguíveis do DNA de cepas de P.<br />
gingivalis foram isolados em seis de oito casais em um total<br />
de 18 indivíduos. Estes resultados sugerem fortemente que<br />
a transmissão deste microrganismo ocorreu nos seis casais<br />
avaliados. O conceito que a ocupação de um nicho ecológico<br />
por um tipo clonal previne ou inibe a colonização por<br />
microrganismos genotipicamente diferentes da mesma espécie<br />
é suportado por vários estudos (Van Steenbergen et<br />
al, 1993; Preus et al, 1994; Asikainen et al, 1997). Preus et al<br />
(1994) avaliaram famílias com doença periodontal crônica e<br />
relataram que apenas um de sete casais infectados apresentou<br />
A. actinomycetemcomitans com o mesmo padrão<br />
genotípico. Os autores concluíram que o estabelecimento<br />
dos tipos bacterianos ocorreu previamente à coabitação. A<br />
situação conjugal a respeito dos patógenos A.<br />
actinomycetemcomitans e P. gingivalis foi também examinada<br />
por Asikainen et al (1996). A co-ocorrência de A.<br />
actinomycetemcomitans foi significativamente elevada entre<br />
cônjuges, no entanto, não houve diferença significativa<br />
em relação a P. gingivalis. Aproximadamente dois terços dos<br />
casais abrigavam A. actinomycetemcomitans em ambos os<br />
cônjuges, e metade daqueles pares duplamente infectados<br />
partilharam genótipos idênticos. Similarmente, ambos os<br />
cônjuges foram infectados por P. gingivalis em dois terços<br />
dos casais, com cerca de um terço destes partilhando<br />
genótipos idênticos. Então, este estudo provê evidência de<br />
transmissão de A. actinomycetemcomitans em aproximadamente<br />
um terço dos casais e transmissão de P. gingivalis em<br />
aproximadamente 20% dos casais. Van Winkelhoff et al (2007)<br />
relataram que, em uma população da Indonésia, P. gingivalis<br />
foi isolada em 13 casais. No entanto, nenhum dos cônjuges<br />
29
R. Periodontia - 18(3):28-33<br />
apresentou a bactéria com genótipo idêntico. Amano et al<br />
(2004) relataram que variações genômicas na estrutura das<br />
fímbrias de P. gingivalis estão, provavelmente, envolvidas na<br />
iniciação e progressão da doença periodontal, sendo que na<br />
maioria dos pacientes com periodontite foram encontrados<br />
microrganismos fimA tipo II. A transmissão de P. gingivalis e a<br />
associação desta espécie com os tipos fimA foi investigada<br />
por Asano et al (2003). Em seis de 14 casais, os autores observaram<br />
padrões idênticos em géis de eletroforese conduzidos<br />
por campo elétrico (PFGE). A freqüência de fimA tipo II<br />
nas cepas dos seis casais com padrões idênticos PFGE foi de<br />
83,3% (cinco casais). Adicionalmente, os autores sugeriram<br />
que fimA tipo II pode representar um papel na transmissão<br />
de P. gingivalis. Em conclusão, os dados suportam a afirmação<br />
que cônjuges têm o risco aumentado para serem colonizados<br />
pelos mesmos patógenos periodontais, porém a incidência<br />
de transmissão, utilizando-se técnicas de genética<br />
molecular, é usualmente baixa (Saarela et al, 1993; Van<br />
Steenbergen et al, 1993; Petit et al, 1994; Preus et al, 1994).<br />
Além disso, os resultados sugerem que a microbiota bucal<br />
estabelecida não aceita facilmente novos invasores<br />
bacterianos.<br />
Transmissão de bactérias de pai para filho<br />
A. actinomycetemcomitans cultivável ocorre em pelo<br />
menos 10% de crianças com dentição primária e periodonto<br />
sadio, enquanto P. gingivalis é ausente ou não<br />
freqüentemente detectada (Asikainen; Chen, 1999). Crianças<br />
que adquirem A. actinomycetemcomitans podem abrigar<br />
apenas temporariamente a bactéria (Asikainen et al,<br />
1997). Os achados sugerem que a colonização bucal por A.<br />
actinomycetemcomitans torna-se estabelecida nos cinco a<br />
sete anos de idade, enquanto P. gingivalis coloniza a boca<br />
principalmente após a puberdade, e tão somente na presença<br />
de doença periodontal (Asikainen; Chen et al, 1999).<br />
No entanto, Kobayashi et al (2008) detectaram presença de<br />
P. gingivalis em crianças com idade entre três e nove anos e<br />
relataram níveis aumentados da bactéria após os seis anos<br />
de idade. Sabe-se que a transmissão pai-filho de P. gingivalis<br />
é menos provável do que de A. actinomycetemcomitans<br />
(Asikainen et al, 1997). Tais bactérias mostram menor<br />
heterogeneidade genética dentro de um indivíduo, do que<br />
aquelas bactérias periodontais consideradas como membros<br />
da microbiota bucal residente (Könönen et al, 1994; Asikainen<br />
et al, 1997; Van Steenbergen et al, 1997; Suchett-Kaye et al,<br />
1999). Könönen et al (2000) examinaram 23 pares mãe-filho<br />
quanto à presença de Prevotella intermedia, Prevotella<br />
nigrescens e Prevotella pallens em relação ao estado<br />
periodontal materno (I: saúde periodontal; II: periodontite<br />
inicial; e III: periodontite avançada). P. intermedia não foi detectada<br />
nas crianças, mas quase exclusivamente nas mães<br />
do grupo III, com presença desta bactéria em números moderados<br />
a altos na saliva, assim confirmando sua associação<br />
com a periodontite. P. nigrescens e P. pallens foram<br />
freqüentemente encontradas nas mães e filhos. Além disso,<br />
os resultados da tipificação do genótipo sobre o grupo de<br />
microrganismos P. intermedia mostraram que a transmissão<br />
bacteriana entre mãe-filho foi mais evidente no grupo com<br />
ausência de doença periodontal. Baseado na variação do<br />
DNA das cepas de A. actinomycetemcomitans expressa por<br />
meio da AP-PCR (amplificação do DNA por meio da reação<br />
em cadeia da polimerase com primers arbitrários), Preus et al<br />
(1994) observaram que oito de 33 crianças infectadas por<br />
esta bactéria tinham o mesmo padrão de bandas conforme<br />
um de seus pais, sugerindo que a criança adquiriu a bactéria<br />
dos pais durante a infância. Asikainen et al (1996) encontraram<br />
que um terço das crianças de pais A.<br />
actinomycetemcomitans positivo foi infectado e todos foram<br />
similares genotipicamente. Por outro lado, os autores<br />
sugeriram que os pais podem não ser importante fonte de<br />
infecção de P. gingivalis para as crianças. O fenômeno da<br />
transmissão vertical de A. actinomycetemcomitans não foi<br />
observado no estudo realizado por Tinoco et al (1998). Pacientes<br />
brasileiros com periodontite juvenil (atualmente<br />
periodontite agressiva) serviram como teste. Nenhum par<br />
pai-filho mostrou genótipos idênticos desta bactéria. A presença<br />
de múltiplos clones bacterianos nos indivíduos do estudo<br />
e a situação sócio-econômica pode explicar este resultado<br />
discrepante. A distribuição de espécies do complexo<br />
vermelho (P. gingivalis, T. forsythensis e T. denticola) na saliva<br />
apresentou taxa significativamente mais alta em crianças<br />
cujas mães apresentaram as mesmas espécies bacterianas,<br />
quando comparadas às taxas observadas em crianças de<br />
mães com espécies diferentes (Tamura et al, 2006). Em resumo,<br />
a infecção manifestada nos pais provê uma plausível<br />
explicação para a fonte de colonização por bactérias<br />
periodontais nos filhos (Watson et al, 1994; Greenstein;<br />
Lamster, 1997; Tuite-Mcdonnell et al, 1997; Yang et al, 2002).<br />
Contudo, estes resultados são, em essência, relatos de caso<br />
e/ou estudos observacionais, e experimentos bem-controlados<br />
sobre transmissão não existem na literatura. Assim,<br />
como estes achados não estão documentados em estudos<br />
longitudinais, a cronologia da contaminação não pode ser<br />
confirmada (Greenstein; Lamster, 1997; Irfan et al, 1999).<br />
Transmissão de bactérias entre irmãos<br />
Tinoco et al (1998) relataram que em quatro de sete (57%)<br />
famílias com irmãos positivos para A.<br />
30
R. Periodontia - 18(3):28-33<br />
actinomycetemcomitans, os irmãos demonstraram pelo<br />
menos um genótipo idêntico desta espécie. Russo et al (1998)<br />
avaliaram o efeito da transmissão bacteriana entre irmãos<br />
em um par de gêmeos americanos, com descendência africana<br />
e com periodontite avançada, e que não moravam juntos<br />
por 26 anos. Por meio da técnica AP-PCR demonstrou-se<br />
que cepas idênticas de A. actinomycetemcomitans foram<br />
detectadas no par de gêmeos, sugerindo uma fonte única<br />
do microrganismo e uma possível persistência deste em cada<br />
gêmeo por pelo menos 26 anos. Genótipos idênticos de P.<br />
gingivalis foram observados em seis de treze famílias que<br />
apresentaram a bactéria (Van Winkelhoff et al, 2007). A<br />
constatação da transmissão de bactérias entre irmãos é complicada,<br />
uma vez que os pais usualmente possuem o<br />
patógeno suspeito. Todavia, alguma evidência circunstancial<br />
para a transmissão entre irmãos pode ser derivada da avaliação<br />
de famílias em que crianças foram colonizadas, enquanto<br />
os pais não foram. Nesta situação, é também possível<br />
que as crianças tenham sido infectadas por uma fonte<br />
extrafamilial independente (Greenstein; Lamster, 1997).<br />
Conseqüências da transmissão<br />
Aquisição de periodontopatógenos é pré-requisito para<br />
o desenvolvimento da doença periodontal, entretanto, sua<br />
colonização não necessariamente produz infecções que causam<br />
destruição do periodonto (Greenstein; Lamster, 1997).<br />
Subseqüente à colonização, a capacidade patogênica dos<br />
microrganismos infectantes, competição entre bactérias, bem<br />
como interações entre estas e o hospedeiro determinarão<br />
se os microrganismos serão eliminados, permanecerão em<br />
níveis não patogênicos, ou proliferarão e provocarão lesões<br />
inflamatórias. Além disso, indivíduos que abrigam<br />
periodontopatógenos e não manifestam qualquer sinal da<br />
doença periodontal podem servir como fonte de transmissão.<br />
A persistência de A. actinomycetemcomitans por período<br />
de tempo prolongado, em indivíduos com periodonto<br />
saudável ou em pacientes com gengivite, após a eliminação<br />
deste patógeno de membros familiares doentes, foi avaliada<br />
em 14 pacientes com periodontite e em 37 membros familiares<br />
destes (Kleinfelder et al, 1999). Os resultados indicaram<br />
que A. actinomycetemcomitans é capaz de persistir no<br />
hábitat bucal de indivíduos com periodonto saudável por pelo<br />
menos 12 meses, após a eliminação deste patógeno dos<br />
membros familiares doentes. Os autores questionaram a necessidade<br />
da eliminação de A. actinomycetemcomitans em<br />
membros familiares saudáveis, que poderiam ser fonte de<br />
transmissão deste microrganismo para pacientes tratados,<br />
previamente membros doentes da mesma família. Entretanto,<br />
segundo os autores existem vários pontos que fazem<br />
esta consideração delicada. A não detecção desta<br />
bactéria por técnicas de cultura nos pacientes com<br />
periodontite após a terapia antibiótica auxiliar, não significa<br />
que este organismo foi eliminado do paciente. Este pode<br />
somente ter sido suprimido abaixo dos níveis detectáveis por<br />
meio da técnica de cultura utilizada. Portanto, um dos aspectos<br />
pode estar implicado: a recorrência de A.<br />
actinomycetemcomitans em pacientes periodontais tratados<br />
é causada por transmissão ou reinfecção por meio dos membros<br />
familiares positivos para este microrganismo, ou a terapia<br />
periodontal tem falhado na eliminação completa desta<br />
bactéria do paciente.<br />
Implicações terapêuticas e profiláticas<br />
A fonte de infecção, o número de microrganismos requerido<br />
para infectar o hospedeiro, a sobrevivência do invasor<br />
no ambiente, e a freqüência de contatos efetivos são<br />
fatores essenciais para a transmissão (Van Winkelhoff;<br />
Boutaga, 2005). Além disso, a transmissão depende de fatores<br />
genéticos dos microrganismos, por exemplo, algumas<br />
cepas de certas espécies são mais prontamente transmitidas<br />
do que outras. Não se sabe qual a dimensão do inóculo<br />
existente ou quantos eventos de exposição são necessários<br />
para maximizar a possibilidade de sucesso para a transmissão<br />
dos patógenos A. actinomycetemcomitans e P. gingivalis<br />
(Asikainen; Chen, 2000). Entretanto, é provável que quanto<br />
maior a carga destes na saliva, maior o risco de colonização<br />
do hospedeiro. Portanto, supressão dos microrganismos na<br />
saliva pode prevenir que estes se espalhem entre indivíduos.<br />
Adicionalmente, para erradicar estas bactérias por meio da<br />
terapia periodontal, é essencial esclarecer a fonte de infecção<br />
e com isso, evitar a reinfecção de pacientes previamente<br />
tratados e recorrência da doença. A monitoração destes<br />
pacientes deve incluir a avaliação microbiológica, após conclusão<br />
da terapia, e avaliações bacteriana e clínica dos membros<br />
familiares repetidamente expostos ao indivíduo<br />
infectado. É necessário estabelecer que nem todos os tipos<br />
clonais de uma espécie patogênica são virulentos (Haffajee;<br />
Socransky, 2005). Portanto, o conhecimento da diversidade<br />
genética intra-individual, entre cepas da mesma espécie, ajuda<br />
na determinação de quantas cepas por indivíduo deveriam<br />
ser examinadas para obtenção de resultados confiáveis<br />
sobre a transmissão de espécies particulares de uma pessoa<br />
para outra (Asikainen; Chen, 1999). Além disso, fatores de<br />
risco tais como hábitos de higiene bucal, cuidado<br />
odontológico profissional e hábitos de fumar ou mascar tabaco<br />
podem influenciar potencialmente a condição<br />
periodontal do indivíduo e ter impacto sobre a transmissão<br />
bacteriana entre membros familiares.<br />
31
R. Periodontia - 18(3):28-33<br />
CONCLUSÃO<br />
A infecção periodontal quando presente em um dos<br />
cônjuges ou em membros da mesma família pode aumentar<br />
a probabilidade de transmissão de periodontopatógenos.<br />
Embora a transmissão de A. actinomycetemcomitans e P.<br />
gingivalis não implique necessariamente em manifestação<br />
dos sintomas da doença periodontal, o conhecimento das<br />
vias de transmissão é fundamental e deve ser considerado<br />
na prevenção e tratamento da doença periodontal, uma vez<br />
que há maior possibilidade de infecção, reinfecção e<br />
recolonização em pacientes suscetíveis.<br />
ABSTRACT<br />
Periodontitis corresponds to a variety of clinically different<br />
diseases associated with a variable subgingival microbiota<br />
among different patient groups. The majority of subgingival<br />
bacterial species are indigenous to the oral cavity.<br />
Aggregatibacter actinomycetemcomitans and<br />
Porphyromonas gingivalis are adjudged as important<br />
periodontais pathogen that presents characteristics<br />
of exogenous pathogens and are infrequently<br />
detected in subjects with healthy periodontium.<br />
The transmission of microorganisms between parents<br />
and children (vertical transmission) is particularly<br />
evident. Molecular genetic techniques have<br />
demonstrated that if a child is colonized by a<br />
potentially pathogenic species, then one of the parents<br />
usually harbor genotypically identical bacteria. The data also<br />
indicate that transfer of bacteria between spouses (horizontal<br />
transmission) occurs, although infrequently. However, the<br />
transfer of microorganisms does not necessarily result in<br />
colonization or infection of the host. Furthermore, there are<br />
individuals who harbor periodontopathogens and do not<br />
manifest any signs of periodontal disease. The purpose of<br />
this article is to present a review of the literature about the<br />
intra-familial transfer of bacteria associated with periodontal<br />
diseases.<br />
UNITERMS: periodontal pathogens; transmission;<br />
periodontitis; infection.<br />
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Endereço para correspondência:<br />
Rua Copaíba, lote 04 - Ed. San Marino - Apt. 103 - Águas Claras Norte<br />
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33
R. Periodontia - Setembro 2008 - Volume 18 - Número 03<br />
COMPORTAMENTO DA PROTEÍNA C REATIVA EM<br />
PACIENTES COM DOENÇA PERIODONTAL<br />
Serum levels of c-reactive protein in patients with periodontal disease<br />
Roberta Catapano Naves 1 , Camila Oliveira Texeira de Freitas 2 , Mônica Dourado Silva Barbosa 3, , Urbino da Rocha Tunes 4 ,<br />
Denis Thiago Costa 5 , Thiago da Silva Vieira 6<br />
RESUMO<br />
A proteína C reativa (PCR) é um marcador inflamatório<br />
que vem sendo utilizado na cardiologia para avaliar o risco<br />
de eventos ateroscleróticos. Estudos demonstram que a<br />
doença periodontal, uma infecção crônica, leva a alterações<br />
sistêmicas pela produção de citocinas e<br />
lipopolissacarídeos liberados para a corrente sanguínea.<br />
Estas susbtâncias, ao atuarem nos hepatócitos, promovem<br />
a resposta da fase aguda com conseqüente produção de<br />
biomarcadores como a PCR que, por sua vez, se relaciona<br />
com alterações no endotélio vascular. O objetivo desta revisão<br />
de literatura é relacionar a doença periodontal com<br />
os níveis séricos da PCR.<br />
UNITERMOS: Proteína C-Reativa, Periodontite, Doenças<br />
Periodontais. R Periodontia 2008; 18:34-39.<br />
Recebimento: 06/11/07 - Correção: 22/04/08 - Aceite: 25/07/08<br />
INTRODUÇÃO<br />
A proteína C reativa (PCR) é produzida pelos<br />
hepatócitos na resposta de fase aguda do organismo<br />
frente a alguma inflamação ou infecção, sendo<br />
sua secreção regulada por citocinas, principalmente<br />
a interleucina seis (IL-6) (LIMA et al., 2002; PEPYSS &<br />
HIRSCHFIELD, 2003). A resposta de fase aguda libera<br />
para a corrente sanguínea, além da proteína C<br />
reativa (PCR), outras substâncias como lipoproteínas<br />
e fibrinogênio, considerados fatores de risco para doença<br />
cardiovascular (DCV) (LOESCHE, 2000). Pela facilidade<br />
da determinação da concentração sérica e<br />
melhor correlação clínico-epidemiológico, a PCR é um<br />
marcador inflamatório de especial interesse. Esta proteína<br />
provoca alterações endoteliais contribuindo<br />
para a formação da placa ateromatosa (ZWAKA et<br />
al., 2001). Por isto, a PCR é usada como preditora<br />
para doença cardiovascular ateriosclerótica (LIMA et<br />
al., 2002).<br />
Como infecções crônicas provocadas por<br />
Helicobacter pylori (gastrite) e Chlamydia<br />
pneumoniae (pneumonia) foram cientificamente associadas<br />
com aumento do risco à doença cardíaca<br />
isquêmica (KINANE & LOWE, 2000), a comunidade<br />
científica odontológica passou a questionar uma<br />
possível associação da DP e o nível da PCR<br />
34
R. Periodontia - 18(3):34-39<br />
(JOSHEPURA et al., 2004; SAITO et al., 2003, NOACK et al.,<br />
2001; SLADE et al., 2000). Desta forma, a doença periodontal<br />
vem sendo investigada como uma possível causadora da elevação<br />
do nível sérico da PCR (NOACK et al., 2001), pois a<br />
periodontite é uma infecção crônica que envolve um grande<br />
número de espécies bacterianas gram-negativas, produtoras<br />
de endotoxinas e que estimulam a produção de citocinas<br />
pró-inflamatórias pelo hospedeiro (KINANE & LOWE, 2000).<br />
Os lipopolissacarídeos (LPS), presentes constantemente na<br />
infecção periodontal, podem contribuir para a resposta da<br />
fase aguda, agindo diretamente sobre os hepatócitos ou<br />
indiretamente pela via da produção de citocinas (LOESCHE,<br />
2000). Com base nesta fundamentação biológica, vários estudos<br />
suportam a relação de que infecção crônica oral e inflamação<br />
periodontal contribuem para resposta inflamatória<br />
sistêmica e podem alterar o nível sérico da PCR (EBERSOLE<br />
et al., 2002; BECK & OFFENBACHER, 2001; D‘AIUTO et al.,<br />
2004). O objetivo desta revisão de literatura é relacionar a<br />
doença periodontal com os níveis séricos da PCR.<br />
DOENÇA PERIODONTAL<br />
Periodontite é uma doença inflamatória causada por<br />
biofilme que se acumula na unidade dentária. É uma doença<br />
complexa e de natureza multifatorial. Sua ocorrência depende<br />
basicamente do desequilíbrio entre a qualidade e a<br />
quantidade da microbiota e a resposta do hospedeiro. A sua<br />
cronicidade leva a perda de inserção devido à destruição do<br />
tecido conjuntivo e ósseo provocado pelas reações inflamatórias<br />
e imunológicas ao biofilme. Esta resposta<br />
imunoinflamatória resulta na liberação de citocinas como IL-<br />
1, IL-6, TNF-α que estão envolvidas com a reabsorção óssea<br />
e destruição do tecido conjuntivo do periodonto (VAN DYKE,<br />
2007).<br />
As endotoxinas ou lipopolissacarídeos das bactérias<br />
gram-negativas presentes na bolsa periodontal são capazes<br />
de iniciar uma resposta inflamatória local e sistêmica (KINANE<br />
& LOWE, 2000). Esta alteração sistêmica é possível devido<br />
aos LPSs e às citocinas (IL-1, IL-6, TNF-α) liberadas no processo<br />
imunoinflamatório serem capazes de, através da corrente<br />
sanguínea, estimular no fígado a produção de proteínas<br />
da fase aguda, como a PCR (GENCO et al., 1998;<br />
ENGEBRETSON et al., 1999; KINANE & LOWE, 2000; PEPYSS<br />
& HIRSCHFIELD, 2003).<br />
PROTEÍNA C REATIVA<br />
A PCR é um marcador bioquímico da inflamação não<br />
específico e sua quantificação contribui para o screening de<br />
doenças orgânicas e para o monitoramento da resposta ao<br />
tratamento de infecções e inflamações (HIRSCHFIELD &<br />
PEPYS, 2003). Esta proteína é empregada no diagnóstico de<br />
necrose aguda, infecções bacterianas e processos inflamatórios<br />
(LIMA et al., 2002).<br />
A PCR pode ser influenciada por vários fatores que não<br />
devem ser negligenciados durante a sua análise (Tabela 1).<br />
O seu nível aumenta com a obesidade, pois em tecido<br />
adiposo existe mais IL-6. Reposições hormonais e anticoncepcionais<br />
também aumentam o nível sérico da PCR, assim<br />
como o uso de insulina, hipertensão e o fumo (MATT & KLUFT,<br />
2001; PEPYSS & HIRSCHFIELD, 2003). A PCR não sofre variações<br />
de turnos, mas o uso de antiinflamatórios diminui o<br />
seu nível (MATT & KLUFT, 2001; PEPYSS & HIRSCHFIELD,<br />
2003).<br />
Quanto maior a idade do paciente, mais elevado o nível<br />
de PCR. Em mulheres este marcador inflamatório é mais elevado<br />
por causa das citocinas liberadas no período menstrual.<br />
Atividade física intensa ou regular diminuem o nível de<br />
PCR, porém, em maratonas, este nível aumenta, pois exercícios<br />
extremos levam a uma resposta da fase aguda (MATT &<br />
KLUFT, 2001; PEPYSS & HIRSCHFIELD, 2003). A PCR está relacionada<br />
com triglicérides, mas uma relação negativa com<br />
lipoproteína de alta densidade (HDL) tem sido observada<br />
(MATT & KLUFT, 2001; PEPYSS & HIRSCHFIELD, 2003). O uso<br />
de antioxidantes diminui o nível de PCR e o nível de<br />
lipoproteína de baixa densidade (LDL) (MATT & KLUFT, 2001;<br />
PEPYSS & HIRSCHFIELD, 2003). Acredita-se também que a<br />
condição socioeconômica pode estar relacionada com o nível<br />
de PCR assim como a raça e etnia, provavelmente, por<br />
causa de fatores genéticos (NAZMI & VICTORIA, 2007).<br />
Ultimamente, com a utilização de metodologias mais<br />
sensíveis (RIDKER et a.l, 1997; LIMA et al., 2002) e práticas<br />
das quais se destacam a nefelometria, detectam-se concentrações<br />
mínimas de PCR (até 0,15 mg/L), o que possibilita a<br />
identificação de processos inflamatórios mais discretos e crônicos<br />
(NAZMI & VICTORIA, 2007; LIMA et al., 2002). Desta<br />
forma, a análise de PCR de alta sensibilidade torna-se a mais<br />
proeminente indicação da resposta inflamatória, podendo<br />
ser uma importante preditora de um futuro evento<br />
coronariano em homens e mulheres aparentemente sadios<br />
(LIMA et al., 2002).<br />
Uma pequena elevação sérica da PCR já é um indicador<br />
de risco para ateriosclerose, contudo, a causa de pequena<br />
elevação sérica em indivíduos aparentemente sadios ainda<br />
não está clara (SAITO, 2003).<br />
A PCR participa da cardiopatia, pois esta substância forma<br />
depósitos nos vasos sanguíneos lesados. Isto une as células<br />
parcialmente danificadas e ativa o sistema complemento,<br />
responsável pela ativação de fagócitos, incluindo os<br />
neutrófilos, os quais liberam óxido nítrico que contribui para<br />
35
R. Periodontia - 18(3):34-39<br />
Tabela 1<br />
FATORES QUE INTERFEREM NO NÍVEL SÉRICO DA PCR<br />
FATORES QUE AUMENTAM O NÍVEL SÉRICO DA PCR FATORES QUE DIMINUEM O NÍVEL SÉRICO DA PCR<br />
Hipertensão, fumo, obesidade, insulina, exercícios extremos,<br />
reposição hormonal, uso de anticoncepcional, ciclo classe socioeconômica mais favorecida, descendentes de<br />
Atividade física, uso de antioxidante e antiinflamatório,<br />
menstrual, idade mais avançada, descendentes de latinos, europeus.<br />
asiáticos e negros.<br />
Tabela 2<br />
Genco et al, 1998<br />
Waikai et al,1999<br />
Slade et al, 2000<br />
Loss et al, 2000<br />
Noack et al, 2001<br />
Slade et al, 2003<br />
Saito et al, 2003<br />
Takami et al, 2003<br />
Iwamoto et al, 2003<br />
Joshipura et al, 2004<br />
D‘Aiuto et al, 2004 e 2005<br />
Bittencourt et al, 2006<br />
Tonneti et al, 2007<br />
Tüter et al, 2007<br />
Pitiphat et al, 2008<br />
RESULTADOS DOS PRINCIPAIS ESTUDOS QUE ASSOCIAM DP COM O NÍVEL SÉRICO DA PCR<br />
Em pacientes controles sem DP, nem DP, o nível médio de PCR era de<br />
1,14 ug/ml, enquanto naqueles que tinham tanto a DCV quanto a DP, o nível foi de<br />
8,7 ug/ml, uma diferença estatisticamente significante.<br />
Indivíduos com altos escores do índice CPI tiveram um alto nível sérico de PCR.<br />
Nível de PCR foi de 4,5 mg/l nos pacientes com mais de 10% de bolsas periodontais com<br />
profundidade maior que 4 mm.<br />
Periodontite aumenta o nível sistêmico da PCR, IL-6 e neutrófilos<br />
Indivíduos com perda de inserção maior que 3 mm e com porcentagem de sítios com<br />
profundidade de sondagem maior que 5mm apresentaram uma correlação positiva<br />
com a PCR.<br />
Indivíduos com mais de 30% dos sítios com profundidade de sondagem 4 mm tiveram<br />
um nível sérico mais alto de PCR.<br />
Perda óssea também está associada ao nível sérico de PCR.<br />
Indivíduos com altos escores do índice CPI tiveram altos níveis séricos de PCR.<br />
Após terapia não cirúrgica em indivíduos com periodontite o nível sérico da PCR reduziu.<br />
DP mostrou uma associação com biomarcadores da disfunção endotelial. O nível sérico<br />
da PCR nestes pacientes foi elevado em relação aos indivíduos sem DP.<br />
Após terapia não cirúrgica em indivíduos com periodontite o nível sérico da PCR reduziu.<br />
Não encontraram relação entre gengivite e periodontite com PCR.<br />
Houve uma redução do nível sérico de PCR e uma melhora na disfunção endotelial<br />
após terapia periodontal não cirúrgica.<br />
Média de PCR no grupo com periodontite:1,80 ± 0,42. A média de PCR no grupo<br />
sem periodontite:0,52 ± 0,37 p < 0.05.<br />
Média de PCR em indivíduos sem DP: 0.25(0.08-0.51). média de PCR em indivíduos<br />
com periodontite crônica generalizada: 1,78 (0,45-3,51) p < 0,001.<br />
a formação do ateroma (GENCO et al., 1998). A PCR regula<br />
a expressão de moléculas de adesão das células endoteliais<br />
e aumenta a expressão de fator tecidual (efeito prócoagulante),<br />
além de estar presente em células espumosas<br />
da placa ateromatosa, pois regula a entrada de LDL nos<br />
macrófagos, facilitando a oxidação de LDL na lesão<br />
aterosclerótica (ZWAKA et al., 2001).<br />
Academia Americana de Cardiologia determinou que a<br />
PCR deve ser interpretada de acordo com o risco das doenças<br />
cardiovasculares em alto risco (> 3 mg/L), médio risco (1<br />
a 3mg/L) e baixo risco (< 1 mg/L). (AHA, 2002). Assim os<br />
cardiologistas passaram a solicitar os níveis séricos da PCR<br />
como exame de rotina para avaliar o risco de desenvolver<br />
DCV (AHA, 2002).<br />
PROTEÍNA C REATIVA E DOENÇA PERIODONTAL.<br />
Acredita-se que a DP leva à liberação de biomarcadores,<br />
como a PCR, que aumentam o risco de DCV (JOSHEPURA et<br />
al., 2004). Estudos indicam que o nível sérico de PCR em<br />
indivíduos com DP seja elevado. Profundidade de sondagem,<br />
perda de inserção severa, microbiota subgengival e perda<br />
óssea foram associadas com o nível sérico desta proteína<br />
36
R. Periodontia - 18(3):34-39<br />
(SAITO et al., 2003; NOAK et al., 2001; SLADE et al., 2000).<br />
Não somente a extensão da DP demonstrou estar<br />
relacionada com o nível de PCR, mas também a sua severidade<br />
(SLADE et al., 2000; NOACK et al., 2001).<br />
Indivíduos com perda de inserção maior que 3 mm e com<br />
uma elevada porcentagem de sítios com profundidade de<br />
sondagem maior que 5 mm apresentaram uma correlação<br />
positiva com a PCR (NOACK et al., 2001). Estes achados são<br />
indícios de que a destruição periodontal e a progressão da<br />
DP levam a mudanças de componentes séricos da resposta<br />
da fase aguda como o aumento da PCR (CRAIG et al., 2003).<br />
(Tabela 2)<br />
A bacteremia possivelmente ocorre em lesões crônicas<br />
periodontais enquanto ativas e durante abscessos crônicos<br />
ou agudos. O resultado é a presença de LPSs livres no sangue<br />
que podem ativar leucócitos, plaquetas ou se fixar no<br />
endotélio. Estes LPSs atuam no metabolismo de lipídios. Além<br />
disto, estes têm alta afinidade por proteínas plasmáticas através<br />
de ligações nos receptores CD14m, presentes em<br />
monócitos, macrófagos e neutrófilos, também nas células<br />
endoteliais e epiteliais (CD14s), resultando em ativação celular<br />
com produção de citocinas. Esta ativação resulta em uma<br />
auto-regulação das moléculas de adesão. (KINANE & LOWE,<br />
2000) O LPS presente constantemente no tecido gengival<br />
pode contribuir para a resposta de fase aguda, agindo diretamente<br />
sobre os hepatócitos ou indiretamente pela via da<br />
produção de citocinas (IL-6, IL-1, TGB-1, TNF-α), levando assim<br />
a resposta de fase aguda com produção de PCR<br />
(LOESCHE, 2000; KINANE & LOWE, 2000).<br />
Em 1998, GENCO et al estudaram a relação entre DP,<br />
DCV e mediadores de células inflamatórias, incluindo a PCR.<br />
Em pacientes controles com nenhuma das doenças, o nível<br />
médio de PCR era de 1,14 ug/ml, enquanto naqueles que<br />
tinham tanto a DCV quanto a DP, o nível foi de 8,7 ug/ml,<br />
uma diferença estatisticamente significante. Em 2002,<br />
GLURICH et al também chegaram à mesma conclusão de<br />
que pacientes com DP e DCV apresentavam um maior nível<br />
sérico de PCR do que os indivíduos somente com DP ou DCV<br />
ou nenhuma das doenças.<br />
Um estudo realizado por CZERNIUK et al, em 2006, avaliaram<br />
um grupo de 50 indivíduos com menos de 60 anos<br />
que haviam sofrido alterações cardíacas, como infarto e angina.<br />
Os autores observaram que os indivíduos com doença<br />
periodontal leve apresentaram um nível menor de PCR do<br />
que aqueles com DP severa”.<br />
Em 2007, TÜTER KURTIS & SERDAR pesquisaram a PCR<br />
no fluido gengival, porém não encontraram um aumento<br />
da sua concentração estatisticamente significante nos indivíduos<br />
com periodontite. Contudo, quando avaliou o nível<br />
sérico deste marcador, ele se apresentava mais elevado em<br />
indivíduos com periodontite e com DCV em relação aos pacientes<br />
apenas com DP.<br />
A maioria das pesquisas já citadas nesta revisão associa<br />
a periodontite com o nível de PCR e, consequentemente,<br />
com DCV, contudo poucos estudos relacionam a gengivite<br />
com esses fatores. O trabalho de BAZILE et al, 2002, sugere<br />
que a inflamação gengival, pode estar associada a pacientes<br />
com DCV. Em 2006, BITTENCOURT et al, não encontraram<br />
relação entre gengivite e periodontite com PCR. Neste<br />
estudo, porém, a amostra foi de apenas 15 pacientes e o<br />
índice gengival médio (IG) foi discreto (17,3%) para se considerar<br />
o efeito sistêmico da gengivite.<br />
Estudos transversais mostraram que indivíduos com altos<br />
índices CPITN e CPI apresentam um alto nível sérico de<br />
PCR (TAKAMI et al., 2003, WAIKAI et al., 1999). Nos Estados<br />
Unidos uma pesquisa epidemiológica mostrou que o nível<br />
de PCR foi de 4,5 mg/l nos indivíduos com mais de 10% de<br />
bolsas periodontais com profundidade maior que 4mm<br />
(SLADE et al., 2000). Um estudo na Ásia concluiu que os<br />
níveis de PCR foram mais altos em pacientes com periodontite<br />
e que apresentavam Phorphyromonas gingivalis no biofilme<br />
subgengival (PITIPHAT et al., 2008). Os estudos<br />
intervencionais demonstraram uma redução do nível de PCR,<br />
após terapia periodontal não cirúrgica em pacientes com<br />
periodontite (IWAMOTO et al., 2003; D‘AIUTO et al., 2004,<br />
D‘AIUTO et al., 2005). Em 2007, TONNETI et al analisaram<br />
marcadores infamatórios 1, 7, 30, 60 e 180 dias após o tratamento<br />
e concluíram que o tratamento periodontal resultou<br />
em uma resposta inflamatória sistêmica imediata de caráter<br />
agudo de curto prazo e alteração da função endotelial,<br />
porém houve uma redução nos valores dos marcadores inflamatórios<br />
a partir de sete dias e grande melhora da função<br />
endotelial.<br />
CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
A plausibilidade biológica do aumento da PCR sérica pela<br />
DP é observada na literatura. Porém, a dificuldade de demonstrar<br />
essa associação está na característica da DP em<br />
ser multifatorial, tendo fatores de risco semelhantes aos da<br />
DCV, e na vulnerabilidade da PCR que se altera com pequenas<br />
mudanças no organismo. Estudos apontam para uma<br />
correlação positiva entre a DP e a PCR, porém espera-se que<br />
os avanços científicos e tecnológicos, aliados ao desenvolvimento<br />
de trabalhos longitudinais e intervencionais, futuramente<br />
esclareçam de maneira definitiva o comportamento<br />
da PCR em pacientes com doença periodontal.<br />
37
R. Periodontia - 18(3):34-39<br />
ABSTRACT<br />
The C- reactive protein (PCR) is a serum marker of<br />
inflammatory has been used in cardiology to evaluate the<br />
risk of atherosclerotic complications. Studies have suggested<br />
that the periodontal disease, as chronic infection, promotes<br />
systemic implications by cytokines and lipopolysaccharides<br />
production released to the blood peripheral. When these<br />
substances act in the hepatocytes, induce the acute-phase<br />
response, producing biomarkers as C-reactive protein that<br />
affect the vascular endothelium. The aim of this literature<br />
review is relate the periodontal disease with the serum levels<br />
of C- reactive protein.<br />
UNITERMS: C-Reactive Protein, Periodontitis,<br />
Periodontal diseases.<br />
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Endereço para correspondência:<br />
Roberta Catapano Naves<br />
Rua Afonso Rui de Souza, 487 – Itaigara<br />
CEP: 41815-300 – Salvador - BA<br />
Tel: (71) 3359-2593<br />
E-mail: catapanonaves@hotmail.com<br />
39
R. Periodontia - Setembro 2008 - Volume 18 - Número 03<br />
FIBROMATOSE GENGIVAL HEREDITÁRIA: RELATO DE<br />
CASO CLÍNICO<br />
Hereditary gingival fibromatosis: a case report<br />
Mariana Schutzer Ragghianti Zangrando 1 , Luiz Antônio Pugliesi Alves de Lima 2 , Francisco Emílio Pustiglioni 3 , Roberto Fraga<br />
Moreira Lotufo (in memorian) 4<br />
RESUMO<br />
A fibromatose gengival hereditária (FGH) é uma desordem<br />
genética rara, caracterizada pelo crescimento fibroso<br />
acentuado do tecido gengival maxilar e mandibular. Geralmente,<br />
desenvolve-se como uma desordem isolada, mas<br />
pode estar presente em outras síndromes. O presente artigo<br />
relata o caso clínico de paciente, gênero masculino, 34<br />
anos, apresentando crescimento gengival generalizado,<br />
envolvendo maxila e mandíbula, com recobrimento parcial<br />
das coroas dentárias. Por apresentar alteração cardíaca, os<br />
procedimentos cirúrgicos deste paciente foram realizados<br />
em várias etapas. Devido ao comprometimento estético e<br />
a pedido do paciente, o tratamento cirúrgico iniciou-se pela<br />
região anterior da maxila. Foram realizados procedimentos<br />
a retalho com excisão da margem gengival para remover o<br />
excesso de tecido gengival. A avaliação histológica das<br />
biópsias gengivais confirmou o diagnóstico clínico de FGH.<br />
O pós-operatório cirúrgico foi satisfatório com melhora considerável<br />
da aparência do paciente.<br />
UNITERMOS: Fibromatose gengival hereditária.<br />
Hiperplasia gengival. Gengivectomia. Retalho<br />
mucoperiostal. R Periodontia 2008; 18:40-45.<br />
Recebimento: 08/05/08 - Correção: 30/07/08 - Aceite: 18/07/08<br />
INTRODUÇÃO<br />
A fibromatose gengival hereditária (FGH) é uma<br />
desordem rara (1 caso/750.000 pessoas) caracterizada<br />
pelo crescimento fibroso acentuado do tecido<br />
gengival. É conhecida também como hiperplasia<br />
gengival hereditária, fibromatose idiopática e<br />
hipertrofia gengival (Fletcher, 1966). Geralmente,<br />
desenvolve-se como desordem isolada, mas pode ser<br />
uma característica de muitas síndromes como<br />
Rutherfurd, Jones, Cross, Ramon, Zimmerman-<br />
Laband, entre outras (Wynne et al., 1995; Harrison<br />
et al., 1998; Hart et al., 2000, Hart et al., 1998). As<br />
características associadas com maior frequência a<br />
FGH são hipertricose e epilepsia com ou sem retardo<br />
mental (Gorlin et al., 1990). Foram relatadas também<br />
perda de audição, anormalidades em dedos,<br />
unhas, nariz, orelhas e dentes supra-numerários<br />
(Haytac & Ozcelik, 2007).<br />
A FGH é caracterizada por crescimento lento e<br />
progressivo da gengiva na maxila e mandíbula (Neville<br />
et al., 1995). O crescimento do tecido gengival geralmente<br />
se inicia com a erupção dos dentes permanentes,<br />
mas pode também se desenvolver na dentição<br />
decídua. É uma ocorrência raramente presente<br />
no nascimento (Ramer et al., 1996). Homens e mulheres<br />
são igualmente afetados (Seymour et al., 1992).<br />
40
R. Periodontia - 18(3):40-45<br />
Esta condição é normalmente identificada como autossômica<br />
dominante, embora formas recessivas já tenham sido descritas<br />
(Bozzo et al., 1994; Gunhan et al., 1995; Colleta et al;<br />
1998, Harrison et al., 1998).<br />
O aumento do tecido gengival geralmente apresenta<br />
coloração normal, consistência firme e nodular à palpação e<br />
pontilhado (stippling) acentuado. As superfícies vestibulares,<br />
linguais e palatinas podem estar envolvidas, na maxila e<br />
mandíbula. Esta anomalia é classificada em dois tipos: forma<br />
nodular localizada, caracterizada pela presença de múltiplos<br />
aumentos do tecido gengival e forma simétrica, desordem<br />
mais comum, resultando em crescimento uniforme da<br />
gengiva. Ambas as modalidades variam em forma e volume,<br />
podendo recobrir as coroas dentárias (Bozzo et al., 1994;<br />
Bittencourt et al., 2000).<br />
Histologicamente, o tecido conjuntivo fibroso apresenta<br />
feixes de fibras colágenas espessas e alto grau de diferenciação<br />
com fibroblastos jovens e vasos sanguíneos escassos.<br />
O epitélio é espesso com hiperqueratose e papilas alongadas<br />
(Ramer et al., 1996; Tipton et al., 1997). Em casos prévios já<br />
foram observadas pequenas partículas calcificadas, ilhas de<br />
metaplasia óssea, ulceração da mucosa de revestimento,<br />
deposição de amilóide e ilhas de epitélio odontogênico<br />
(Gunhan et al., 1995).<br />
Os mecanismos relacionados ao crescimento gengival<br />
ainda permanecem obscuros. A FGH é uma condição geneticamente<br />
heterogênea sendo que não há evidências precisas<br />
se o crescimento gengival é causado pelo aumento no<br />
número de células, no colágeno extracelular ou em outros<br />
constituintes extracelulares (Lee et al., 2006).<br />
A extensão e severidade do comprometimento clínico<br />
podem variar entre diferentes famílias com FGH e também<br />
entre membros de uma mesma família (Raeste et al., 1978).<br />
Segundo Hart et al. (2002), as formas isoladas de FGH podem<br />
ser resultado de uma única mutação genética e as formas<br />
associadas a síndromes decorrentes de múltiplas alterações<br />
genéticas. Na ausência de marcadores<br />
imunohistoquímicos específicos disponíveis, o diagnóstico da<br />
FGH é baseado na história médica e no exame clínico do<br />
paciente (Häkkinen et al., 2007).<br />
Os sinais clínicos mais comuns, relacionados ao crescimento<br />
gengival, são diastemas e mau posicionamento<br />
dentário, porém, em casos severos há comprometimento<br />
funcional e estético (Bittencourt et al., 2000). O aumento<br />
gengival pode interferir na fala, no selamento labial,<br />
na mastigação, oclusão e na aparência facial (Kather<br />
et al., 2008).<br />
O tratamento consiste em excisão cirúrgica do tecido<br />
aumentado para restaurar o contorno gengival. Muitas técnicas<br />
podem ser empregadas como o uso de laser de dióxido<br />
de carbono utilizado com sucesso em vários estudos (Miller<br />
& Truhe, 1993; Pick, 1993). A gengivectomia convencional<br />
pode ser utilizada nas áreas com falsas bolsas, ou seja, sem<br />
perda de inserção periodontal (Howe & Palmer, 1991). Procedimentos<br />
a retalho com excisão da margem gengival devem<br />
ser utilizados quando há necessidade de remoção de<br />
volume gengival muito acentuado, evitando áreas cruentas<br />
extensas no pós-operatório e para acesso ao tecido ósseo<br />
subjacente (Sengün et al., 2007). Quando possível, o tratamento<br />
cirúrgico deve ser realizado após a erupção dos dentes<br />
permanentes. A recorrência é uma característica comum,<br />
em diferentes intervalos de tempo (Baptista, 2002).<br />
CASO CLÍNICO<br />
O paciente A.A.A., gênero masculino, 34 anos,<br />
leucoderma, apresentou-se a clínica de pós-graduação da<br />
disciplina de Periodontia da Faculdade de Odontologia-USP<br />
queixando-se de dores nos dentes e aumento da gengiva. A<br />
história médica do paciente incluía comprometimento cardíaco<br />
(fibrilação atrial crônica e insuficiência mitral discreta)<br />
controlado com a utilização de medicamento anticoagulante<br />
(Marcoumar, Roche - Rio de Janeiro) e beta-bloqueador<br />
(Atenolol, Novartis - São Paulo).<br />
O aumento gengival foi observado pelo paciente aos 12<br />
anos, na região anterior, e aos 20 anos, na região posterior,<br />
antes da utilização de medicamentos. O paciente relatou<br />
caso semelhante na irmã e tio paterno, porém estes casos<br />
não puderam ser confirmados.<br />
A avaliação extra-bucal revelou perfil protruído da maxila<br />
com dificuldade no selamento labial devido ao volume do<br />
tecido gengival na região vestibular anterior (Fig 01). O paciente<br />
demonstrou bastante constrangimento ao sorrir, já que<br />
o lábio superior prendia-se acima da área com aumento<br />
gengival (Fig. 02).<br />
Ao exame intra-bucal, observou-se crescimento gengival<br />
Fig 01: Perfil protruído do paciente demonstrando dificuldade de selamento labial.<br />
41
R. Periodontia - 18(3):40-45<br />
Fig 03: Vista intra-bucal do aumento gengival em região anterior de maxila.<br />
Fig 02: Sorriso do paciente demonstrando comprometimento estético devido ao aumento do<br />
tecido gengival em região anterior de maxila.<br />
severo envolvendo principalmente face vestibular de dentes<br />
anteriores e faces vestibular e palatina de dentes posteriores,<br />
na maxila. Na mandíbula, havia aumento gengival severo<br />
circundando dentes posteriores. A maioria dos dentes<br />
encontrava-se com as coroas clínicas, parcial ou completamente,<br />
recobertas por tecido gengival, havendo mau<br />
posicionamento de alguns elementos dentários. O tecido<br />
gengival apresentou consistência firme e fibrosa a palpação,<br />
coloração rósea e alguns sinais inflamatórios, devido à dificuldade<br />
no controle de placa pelo paciente (Fig. 03).<br />
As radiografias periapicais mostraram a presença de raízes<br />
residuais e reabsorção óssea localizadas no dente 37 sendo<br />
que em outras regiões não foram observadas perdas ósseas<br />
significativas.<br />
Antes do início do tratamento periodontal, solicitou-se<br />
avaliação e liberação por escrito pelo médico cardiologista<br />
responsável. Foram realizados os procedimentos básicos com<br />
remoção do cálculo supra e subgengival com ultra-som e,<br />
posteriormente, sessões de raspagem, alisamento e polimento<br />
corono-radicular com instrumentos manuais. Após<br />
reavaliação do paciente, iniciou-se a fase de complementação<br />
cirúrgica.<br />
O tratamento cirúrgico deste paciente tem sido realizado<br />
em ambulatório, em várias etapas, devido à sua condição<br />
sistêmica. A medicação anticoagulante foi interrompida<br />
pelo médico responsável para realização dos procedimentos<br />
cirúrgicos. Optou-se por realizar primeiramente cirurgia a<br />
retalho com excisão de margem gengival para remoção de<br />
altura e espessura gengival, evitando-se leito cirúrgico cruento<br />
extenso. Numa segunda etapa, quando necessária, será<br />
realizada gengivectomia convencional. O tratamento cirúrgico<br />
foi iniciado pela região anterior superior por razões estéticas<br />
e a pedido do paciente.<br />
Os pós-operatórios realizados mostraram um padrão<br />
satisfatório de reparação, havendo bom controle de placa<br />
pelo paciente. Até o momento foram realizados dois procedimentos<br />
cirúrgicos na região anterior da maxila (Fig. 04).<br />
Amostras do tecido gengival removidas foram submetidas<br />
à avaliação histológica. O resultado revelou presença de<br />
mucosa revestida por epitélio pavimentoso estratificado,<br />
paraceratinizado, exibindo acantose, degeneração hidrópica<br />
e áreas de exocitose, além de projeções digitiformes longas<br />
e finas que se estendem profundamente na lâmina própria<br />
subjacente. Esta última é constituída por tecido conjuntivo<br />
denso, com feixes de fibras colágenas entrelaçadas em diversas<br />
direções, vasos sanguíneos de diversos tamanhos e<br />
discreto infiltrado inflamatório crônico, predominantemente<br />
justaepitelial e perivascular. Foi observada, também, área restrita<br />
de intenso infiltrado crônico, que se estendia profundamente<br />
na lâmina própria (Fig. 05).<br />
DISCUSSÃO<br />
O aumento gengival pode apresentar diferentes<br />
etiologias tais como formas adquiridas que incluem inflamação<br />
pela presença de placa bacteriana, infiltração leucêmica<br />
e uso de medicações como: fenitoína, ciclosporina e<br />
bloqueadores de canais de cálcio (Rees & Levine, 1995). Este<br />
artigo descreveu caso de FGH que se desenvolveu como uma<br />
desordem isolada. Esta anomalia pode estar também associada<br />
a diferentes síndromes e a características freqüentes<br />
como hipertricose, epilepsia e retardo mental. Neste caso, o<br />
paciente apresentava fibrilação atrial crônica e insuficiência<br />
mitral discreta, fazendo utilização de medicamentos como<br />
bloquedores de canal de cálcio e anticoagulantes para evitar<br />
a ocorrência de formação de trombos. Ao avaliar a literatura<br />
pertinente ao assunto, não foi encontrado nenhum relato<br />
de FGH associada a desordens cardíacas.<br />
Ao realizar a anamnese e ao primeiro exame clínico do<br />
paciente, suspeitou-se de aumento gengival adquirido pela<br />
utilização de beta-bloqueadores. No entanto, o paciente<br />
relatou que o aumento gengival era preexistente à utilização<br />
da medicação e referiu a ocorrência de um quadro clíni-<br />
42
R. Periodontia - 18(3):40-45<br />
Fig 04: Pós-operatório cirúrgico da região anterior de maxila.<br />
co semelhante na irmã e no tio paterno. Bozzo et al. (1994)<br />
relataram dominância autossômica em uma avaliação de<br />
quatro gerações, havendo 50 indivíduos, dos 105 avaliados,<br />
com FGH. Baptista (2002) descreveu um caso no qual a paciente<br />
tinha a mãe, irmã e sobrinha com as mesmas condições.<br />
Kelekis-Cholakis et al. (2002) encontraram envolvimento<br />
na mãe, tio materno e avô materno da menina avaliada.<br />
O desenvolvimento gengival ocorre normalmente com<br />
a erupção dos dentes permanentes (Ramer et al., 1996) ou,<br />
menos freqüentemente, com a dentição decídua (Bittencourt<br />
et al., 2000). Neste caso, o paciente notou o aumento<br />
gengival na adolescência.<br />
A extensão e severidade do comprometimento clínico<br />
podem variar entre diferentes famílias com FGH e também<br />
podem variar consideravelmente entre os membros da mesma<br />
família (Raeste et al., 1978). Há evidência clara da existência<br />
de heterogeneidade genética para FGH (Hart et al.,<br />
1998; Colleta et al., 1998). O estudo genético de Hart et al.<br />
(2002) demonstrou mutação de apenas um gene, Son of<br />
sevenless-1 (SON-1), identificado como fator etiológico da<br />
FGH não associada a síndromes. O SON-1 é um fator de<br />
troca do nucleotídeo guanina que funciona na transdução<br />
dos sinais que controlam o crescimento e diferenciação celular.<br />
As formas isoladas de FGH estariam relacionadas a uma<br />
única mutação genética e as formas associadas a síndromes,<br />
decorrentes de múltiplas alterações genéticas (Hart et al.,<br />
2002).<br />
Segundo Lee et al. (2006), na FGH, o crescimento<br />
gengival pode ser causado pelo aumento no número de células,<br />
no colágeno extracelular ou em outros constituintes<br />
extracelulares. Os autores observaram maior número de<br />
fibroblastos presentes no tecido conjuntivo e maior taxa<br />
proliferativa dos mesmos nas amostras de FGH comparadas<br />
aos controles. No estudo de Martelli-Junior et al. (2000), foram<br />
observadas diferenças morfológicas e proliferativas dos<br />
fibroblastos de FGH comparados aos da gengiva normal. A<br />
capacidade proliferativa de fibroblastos de FGH foi maior.<br />
Os mecanismos relacionados ao aumento do tecido<br />
Fig 05: Foto da lâmina para avaliação histológica: presença de epitélio pavimentoso estratificado<br />
e tecido conjuntivo denso.<br />
gengival ainda não foram completamente esclarecidos, mas<br />
a variação na expressão clínica da FGH pode ser resultado<br />
de diferentes etiologias (Kather et al., 2008).<br />
Sendo assim, o diagnóstico da FGH á baseado na história<br />
médica e no exame clínico já que ainda não há marcadores<br />
imunohistoquímicos específicos disponíveis (Häkkinen et al.,<br />
2007).<br />
O exame histológico dos cortes de tecidos oriundos deste<br />
paciente confirmou as características da FGH já descritas previamente:<br />
tecido conjuntivo denso com fibras colágenas finas<br />
e espessas alternadamente, epitélio hiperplásico exibindo<br />
aparência pseudo-epiteliomatosa com projeções longas<br />
e finas dentro do tecido conjuntivo (Kelekis-Cholakis et al.,<br />
2002; Sengün et al., 2007). Em outros casos foram detectadas<br />
calcificações distróficas, ilhas de metaplasia óssea, ulceração<br />
e inflamação da mucosa (Gunhan et al., 1995; Nevile<br />
et al., 1995). Nesta avaliação, observou-se a presença de<br />
discreto infiltrado inflamatório crônico, justaepitelial e<br />
perivascular e intenso infiltrado crônico que se estendia profundamente<br />
na lâmina própria. A FGH geralmente não envolve<br />
inflamação, o acúmulo local de células inflamatórias<br />
pode ser encontrado em casos com formação de falsas bolsas<br />
e acúmulo de placa bacteriana (Häkkinen et al., 2007).<br />
No estudo de Kather et al. (2008), a avaliação histológica<br />
dos tecidos gengivais de integrantes de três diferentes famílias<br />
com FGH demonstrou aumento do volume do tecido<br />
conjuntivo rico em fibras colágenas com extensões longas e<br />
finas das cristas epiteliais na lâmina própria subjacente. No<br />
entanto, o número relativo de fibroblastos gengivais diferiu<br />
entre as famílias com FGH. Este resultado demonstra as possíveis<br />
diferenças na etiologia das diversas formas de FGH,<br />
consistente com a heterogeneidade genética que caracteriza<br />
esta condição.<br />
43
R. Periodontia - 18(3):40-45<br />
Os tratamentos sugeridos para esta condição variam de<br />
acordo com o grau de severidade e extensão do aumento<br />
gengival. Em crescimentos mínimos, a raspagem e alisamento<br />
radicular e um bom controle de placa podem ser suficientes<br />
para manutenção de boa higiene bucal. Em casos mais severos,<br />
há comprometimento estético e funcional, havendo a<br />
necessidade de intervenção cirúrgica (Ramer et al., 1996).<br />
Em casos de comprometimento generalizado pode-se optar<br />
por procedimentos cirúrgicos em todos os quadrantes, sob<br />
anestesia geral. Alguns autores recomendam a excisão do<br />
tecido associada à extração de todos os dentes em casos<br />
severos, já que não há recidiva na ausência dos dentes<br />
(Seymour et al., 1992). Outros autores (Odessey et al., 2006)<br />
sugeriram um protocolo mais agressivo para esses acometimentos,<br />
com remoção cirúrgica em âmbito hospitalar do<br />
tecido gengival, dentes e do processo alveolar para evitar<br />
recidivas freqüentes.<br />
Nos comprometimentos passíveis de tratamento em<br />
ambulatório, os procedimentos mais extensamente utilizados<br />
são a gengivectomia e gengivoplastia. Segundo Baptista<br />
(2002), a gengivectomia pode ser utilizada apesar da presença<br />
de doença periodontal em dentes posteriores, no entanto<br />
procedimentos a retalho são priorizados em acometimentos<br />
com grandes áreas de crescimento gengival ou perda<br />
de inserção e defeitos ósseos. No presente caso, optouse<br />
por procedimentos a retalho devido à presença de extenso<br />
crescimento gengival. Comparado a gengivectomia, os<br />
retalhos periodontais são mais favoráveis devido ao menor<br />
desconforto pós-operatório e por apresentar cicatrização por<br />
primeira intenção (Sengün et al., 2007). Além destes fatores,<br />
o extenso crescimento gengival dificulta a raspagem e<br />
alisamento radicular durante os procedimentos básicos, os<br />
retalhos periodontais melhoram o acesso para completa remoção<br />
do cálculo subgengival que possa ter permanecido.<br />
Pela condição sistêmica do paciente e recomendação médica,<br />
o tratamento cirúrgico foi realizado em várias etapas.<br />
Até o presente momento foram realizados dois procedimentos<br />
cirúrgicos a retalho em região anterior de maxila,<br />
proporcionando melhor estética e satisfação do paciente, que<br />
tem aperfeiçoado seu controle de placa progressivamente.<br />
O paciente está ciente da possibilidade de recidivas, no entanto,<br />
do ponto de vista psicológico, o ganho estético supera<br />
o receio de recorrências (Baptista, 2002). Em algumas<br />
publicações não foram observadas recorrências em períodos<br />
de 2 (Ramer et al., 1996), 3 (Bittencourt et al., 2000) e 14<br />
anos (Gunhan et al., 1995). No entanto, outros estudos demonstraram<br />
recidivas após 20 meses (Baptista, 2002) e 2 anos<br />
(Sengün et al., 2007).<br />
ABSTRACT<br />
Hereditary gingival fibromatosis (HGF) is a rare genetic<br />
oral disorder, characterized by a gradually progressive<br />
enlargement of the maxillary and mandibular gingiva. It<br />
usually develops as an isolated disorder but can be present<br />
in other syndromes. A case of a 34-year-old man is reported<br />
who presented a generalized gingival overgrowth, involving<br />
the maxillary and mandibular arches and covering part of<br />
the teeth. Due to cardiac condition, surgical procedures in<br />
this patient were carried out per sextants. Due to the<br />
aesthetic involvement and patient’s request, the surgical<br />
treatment was initiated in the anterior region of maxilla.<br />
Surgical procedures included mucoperiostal flaps with internal<br />
bevel incision to remove the excess tissue. Histological<br />
examination of gingival specimens supported the clinical<br />
diagnosis of HGF. The postoperative course was uneventful<br />
and patient’s appearance improved considerably.<br />
UNITERMS: Hereditary gingival fibromatosis. Gingival<br />
hyperplasia. Gingivectomy. Mucoperiostal flap.<br />
44
R. Periodontia - 18(3):40-45<br />
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report. J Can Dent Assoc. 2002; 68: 290-294.<br />
28- Martelli-Junior H, Bolzani G, Graner E, Bozzo L, Coletta RD.<br />
Comparação microscópica e proliferativa de fibroblastos gengivais de<br />
pacientes com gengiva normal e com fibromatose gingival hereditária.<br />
Pesq Odont Bras 2000; 14: 123-129.<br />
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therapy. Ann Plast Surg 2006; 57: 557-560.<br />
Endereço para correspondência:<br />
Av. Professor Lineu Prestes, 2227<br />
Cidade Universitária<br />
CEP: 05508-000 - São Paulo - SP<br />
Email: mragghi@usp.br<br />
45
R. Periodontia - Setembro 2008 - Volume 18 - Número 03<br />
PRODUTOS QUÍMICOS EM ENXAGUATÓRIOS<br />
COMERCIALIZADOS EM CAMPINAS, BRASIL<br />
Chemicals in commercial mouthwashes available in Campinas, Brazil<br />
Kleber Leilsson dos Santos 1 , Camila Oliveira Lopes 1 , José Carlos Morais de Oliveira 1 , Raquel Soares Binotti 2 , Celso Henrique<br />
de Oliveira 1<br />
RESUMO<br />
Esse estudo teve por objetivo avaliar os diferentes componentes<br />
químicos de enxaguatórios comercializados na<br />
cidade de Campinas/SP. Dezessete produtos foram analisados.<br />
O estudo demonstrou um total de 82 produtos químicos<br />
diferentes, relacionados em 195 citações. Os produtos<br />
químicos mais prevalentes foram anti-sépticos,<br />
conservantes, aditivos, corantes e produtos derivados de<br />
plantas. O presente estudo mostrou que vários componentes<br />
químicos presentes na formulação dos<br />
enxaguatórios podem contribuir para o aparecimento de<br />
reações adversas e sensibilização em humanos.<br />
UNITERMOS: Enxaguatório; Mentha piperita; Saúde<br />
Bucal; Higiene Bucal. R Periodontia 2008; 18:46-51.<br />
1<br />
School of Medicine, São Francisco University – USF – Bragança Paulista (SP), Brazil<br />
School of Medicine, State University of Campinas – UNICAMP – Campinas (SP), Brazil<br />
Recebimento: 16/04/08 - Correção: 18/06/08 - Aceite: 28/07/08<br />
INTRODUCTION<br />
Mouthwashes are commonly used to keep the<br />
mouth clean and smelling fresh, and are prescribed<br />
by dentists and physicians for treating halitosis,<br />
gingivitis, recurrent aphthous ulcers, and prevention<br />
of dental caries (Marsh, 1992; Barrons, 2001; Drisko,<br />
2001; FDI Commission, 2002). These products<br />
became progressively available for purchase in Brazil<br />
in recent years. However, little information is available<br />
about the most important chemicals in these<br />
products, as well, the differences among them.<br />
Mouthwashes can be constituted by several<br />
chemicals such as antiseptics, preservatives, additives,<br />
dyes, sweeteners, and solvents. Despite being<br />
considered safe and effective, mouthwashes can<br />
cause many adverse effects and human sensitization<br />
(Garvey et al, 2007; Morken & Gjerdet, 2006;<br />
Krautheim et al, 2004; Soo Hoo et al, 2003).<br />
The aim of this study was to analyze the<br />
chemicals present in mouthwashes commercially<br />
available in Brazil, commonly used for mouth hygiene<br />
by children and adults.<br />
MATERIAL AND METHODS<br />
Seventeen different commercially available<br />
products were purchased in stores in Campinas, São<br />
46
R. Periodontia - 18(3):46-51<br />
Table 1<br />
LIST OF MOUTHWASHES PURCHASED IN CAMPINAS - SP, BRAZIL<br />
Trade Name Industry Country Lot # Vol. (ml)<br />
1 Malvona ® Laboratório Primá Brazil 1103H02 100<br />
2 Scope ® Procter & Gamble US NA 250<br />
3 Plax ® Kolynos do Brasil Brazil 09 250<br />
4 Anapyon ® DM Indústria Farmacêutica Brazil 503 100<br />
5 Malvatricin ® Laboratório Daudt Oliveira Brazil 30304 100<br />
6 Kolynos ® Kolynos do Brasil Brazil 12 250<br />
7 Dental Fresh ® Kley Hertz Brazil 3010 300<br />
8 Cepacol ® Aventis Pharma Brazil 302202 300<br />
9 Listerine ® Warner-Lambert US 02433L 250<br />
10 Tom and Jerry ® Johnson & Johnson Brazil 01 250<br />
11 Oral-B ® Gillette Argentina Argentine Y-140-2 350<br />
12 Biotene ® Laclede US 84175 250<br />
13 Fluotrat ® Biolab Sanus Farmacêutica Brazil 302590 240<br />
14 PerioGard ® Kolynos do Brasil Brazil 10 250<br />
15 Sorriso Herbal ® Kolynos do Brasil Brazil 09 250<br />
16 Fluordent ® Johnson & Johnson Brazil 03 250<br />
17 Enxaguatório Bucal Big ® Sonae Distribuição Brasil Brazil 07B03D 250<br />
NA = not available<br />
Paulo/Brazil, from September to October, 2003. All chemicals<br />
described in mouthwash labels were listed and discussed.<br />
The data were analyzed by descriptive statistics.<br />
RESULTS<br />
Table 1 presents a list of 17 mouthwashes. Their labels<br />
showed 82 different chemicals, a total of 195 citations. The<br />
Chemicals prevalence among the total of citations on labels<br />
from mouthwashes are presented in Figure 1. Interestingly,<br />
the most frequently observed chemicals listed were<br />
antiseptics and/or preservatives, herbally derived compounds,<br />
additives, and dyes [Tables 2 to 4].<br />
A median of 12 chemicals was observed for each product.<br />
Furthermore, the average and the standard deviation were<br />
11.5 ± 4.5 chemicals for product (ranging from 2 to 16<br />
chemicals). In one case, the product label listed only 2<br />
chemicals (product #7); neither the solvent(s) nor the aroma<br />
described in front-label as ‘Strong Peppermint’ were listed as<br />
compounds. This fact shows that information on chemicals<br />
listed on labels of mouthwashes may be incomplete.<br />
Herbally derived compounds were observed in 12<br />
different mouthwashes (70.6%). An average of 1.8 herbal<br />
derived chemicals were observed per product (range of 0 to<br />
6 and median of 1). Eleven different plants were listed. The<br />
most prevalent was Peppermint (Mentha piperita),<br />
representing 48.4% of herbal citations. In addition, 11<br />
products (64.7%) had Peppermint-derived compounds in their<br />
composition (not included the product # 7 – see the previous<br />
paragraph).<br />
Eucalyptus (Eucalyptus globulus) was also habitually<br />
cited, representing 12.9% of herbal derived compounds. Less<br />
Figure 1 - Chemicals prevalence among the total of citations on labels from mouthwashes (%)<br />
47
R. Periodontia - 18(3):46-51<br />
Table 2<br />
LIST OF CHEMICALS DESCRIBED IN LABELS FROM 17 MOUTHWASHES PURCHASED IN BRAZIL<br />
Chemicals + % Chemicals + %<br />
Acidulating / Alkalizing Agents<br />
Antiseptics / Preservatives<br />
Sodium phosphate monobasic 4 23.5 Cetylpyridinium chloride 7 41.2<br />
Citric acid 2 11.8 Sodium benzoate 5 29.4<br />
Lactic acid 1 5.9 Benzoic acid 3 17.6<br />
Sodium hidroxide 1 5.9 Methylparaben 3 17.6<br />
Additives Propylparaben 3 17.6<br />
Sodium fluoride 7 41.2 EDTA disodium 2 11.8<br />
Sorbitol 6 35.3 Tyrothricin 2 11.8<br />
Starch 1 5.9 Triclosan 2 11.8<br />
Zinc gluconate 1 5.9 Sodium borate 1 5.9<br />
Sodium lactate 1 5.9 Domiphen bromide 1 5.9<br />
Lactoferrin 1 5.9 Chlorhexidine digluconate 1 5.9<br />
Sodium methyltaurate 1 5.9 Chinosol 1 5.9<br />
Povidone 1 5.9 Thymol 1 5.9<br />
Sweeteners<br />
Surfactants<br />
Saccharin sodium 10 58.8 Poloxamers 402 or 407 4 23.5<br />
Xylitol 2 11.8 Polysorbates 20 / 80 3 17.6<br />
Sodium cyclamate 1 5.9 Sodium lauryl sulfate 2 11.8<br />
Sucralose 1 5.9 Pluronic F-108 or F-127 2 11.8<br />
Emulsifiers Copolymer 1 5.9<br />
Glycerin 9 52.9 Polyoxyl 40 stearate 1 5.9<br />
Disodium phosphate 6 35.3 Surfon R-400 1 5.9<br />
Sorbitan laurate 1 5.9 Others<br />
Enzymes Aroma 4 23.5<br />
Glucose oxidase 1 5.9 Methyl salicylate 2 11.8<br />
Lactoperoxidase 1 5.9 Tannic acid 1 5.9<br />
Lysozyme 1 5.9 Benzocaine 1 5.9<br />
Solvents Zinc chloride 1 5.9<br />
Water 15 88.2 Fenosalil 1 5.9<br />
Ethanol 11 64.7 Hydrolized 1 5.9<br />
Propylene glycol 1 5.9 Ethyl hydroxyethyl cellulose 1 5.9<br />
(+) = number of products in which the chemical was listed. Dyes and herbally derived chemicals not included.<br />
popular plants such as Erva-de-Bugre (Casearia sylvestris)<br />
were also listed. Table 4 shows the plants listed on<br />
mouthwash labels.<br />
DISCUSSION<br />
In conjunction with regular tooth cleaning, over-thecounter<br />
mouthwashes are dental care products that can be<br />
used to treat halitosis, gingivitis, periodontitis, recurrent<br />
aphthous ulcers, and for dental caries prevention (Marsh,<br />
1992; Barrons, 2001; Drisko, 2001; FDI Commission, 2002).<br />
In intensive care units, oral decontamination with 2%<br />
chlorhexidine solution for the prevention of ventilator-<br />
48
R. Periodontia - 18(3):46-51<br />
Table 3<br />
LIST OF DYES DESCRIBED IN LABELS FROM 17<br />
MOUTHWASHES PURCHASED IN BRAZIL.<br />
Dyes Present in ‘n’ Products %<br />
Blue (CI 42090) 7 41.2<br />
Yellow (CI 19140) 5 29.4<br />
Red (CI 16035) 2 11.8<br />
Yellow (CI 15985) 1 5.9<br />
Blue 1 5.9<br />
(CI not available)<br />
Caramel 1 5.9<br />
(CI not available)<br />
Green (CI 42053) 1 5.9<br />
Red (CI 17200) 1 5.9<br />
CI = International Colour Index (The Merck Index, 2003)<br />
associated pneumonia showed to be significantly effective<br />
(Tantipong et al, 2008).<br />
In recent years, mouthwash use has increased in Brazil.<br />
Despite the fact that their use can generally be considered<br />
safe, few studies have evaluated the adverse effects of<br />
mouthrinsing (Moghadam et al, 1991; Gagari & Kabani,<br />
1995). Adverse or allergic events after mouthwash use are<br />
considered to be rare. However, several adverse events have<br />
already been described after mouthwashing, such as<br />
angioedema, anaphylaxis, skin rash, urticaria, or contact<br />
dermatitis (Garvey et al, 2007; Morken & Gjerdet, 2006;<br />
Krautheim et al, 2004; Moghadam et al, 1991; Gagari &<br />
Kabani, 1995). Phenolic compound (such as eucalyptol,<br />
menthol, and thymol) toxicity was suspected to be associated<br />
to a case of fatal large-volume mouthwash ingestion (Soo<br />
Hoo et al, 2003).<br />
The present study reviewed that several chemicals<br />
present in mouthwashes can contribute to adverse effects<br />
and sensitization, with the most prevalent chemicals being<br />
antiseptics, preservatives, additives, and dyes. These<br />
chemicals are recognized to be frequently related to human<br />
sensitivity and irritant lesions in skin and mucous membranes<br />
(Garvey et al, 2007; Guin, 1995).<br />
Herbal compounds were habitually listed mouth-rinse<br />
labels. Many studies have studied the effect of herbal<br />
compounds in oral diseases such as gingivitis and gingival<br />
bleeding, or as an antimicrobial agent (Walker, 1988;<br />
Wennstrom, 1988; Kaim et al, 1998; Pistorius et al, 2003). A<br />
double-blind, placebo controlled, parallel-study with 40<br />
healthy adult volunteers showed that Herbal Mouth and<br />
Gum Therapy significantly reduced gingivitis and gingival<br />
Table 4<br />
PREVALENCE OF HERBALLY DERIVED COMPOUNDS DESCRIBED<br />
IN LABELS FROM 17 MOUTHWASHES PURCHASED IN BRAZIL.<br />
Herbal Citations Present in %<br />
‘n’ Products<br />
Peppermint 11 64.7<br />
(Mentha piperita)<br />
Eucalyptus 4 23.5<br />
(Eucalyptus globulus)<br />
Clove (Syzygium 2 11.8<br />
aromaticum)<br />
High Mallow 2 11.8<br />
(Malva sylvestris)<br />
Aloe (Aloe vera) 1 5.9<br />
Chamomile (Matricaria 1 5.9<br />
chamomilla)<br />
Chinese Cinnamon 1 5.9<br />
(Cinnamomum cassia)<br />
Erva-de-Bugre 1 5.9<br />
(Casearia sylvestris)<br />
Tea Tree (Melaleuca 1 5.9<br />
alternifolia)<br />
Myrrh 1 5.9<br />
(Commiphora spp.)<br />
Salvia (Salvia officinalis) 1 5.9<br />
bleeding scores compared to the control group (Scherer et<br />
al, 1998).<br />
Finally, it is noteworthy that products # 2, 6, 8, 15, and<br />
16 listed the dye tartrazine (CI 19140) in their composition<br />
as requested by the newer Government Resolution RE #572<br />
(re-published in April, 4 th 2002). This Resolution requests that<br />
labels must inform the consumer that tartrazine can lead to<br />
allergic reactions (Agência Nacional de Vigilância Sanitária,<br />
2004).<br />
CONCLUSION<br />
The study showed that mouthwashes are quite different<br />
in their chemical composition. Antiseptics and preservatives<br />
were the most frequently observed chemicals. Herbally<br />
derived compounds (mainly from Peppermint), additives, and<br />
dyes are also common. Several chemicals present in<br />
mouthwash formulas can contribute to adverse effects and<br />
human sensitization to mouthwashes.<br />
ABSTRACT<br />
The aim of this study was to investigate chemicals in<br />
commercial mouthwashes purchased in the city of Campi-<br />
49
R. Periodontia - 18(3):46-51<br />
nas/SP. Seventeen different mouthwashes were analyzed. The<br />
study showed a total of 82 different chemicals listed on labels<br />
with 195 citations. The most prevalent chemicals listed were<br />
antiseptics, preservatives, additives, dyes, and herbal related<br />
compounds. The present study showed that several<br />
chemicals present in mouthwash formulas can contribute<br />
to adverse effects and human sensitization to mouthwashes.<br />
UNITERMS: Mouthwashes; Mentha piperita; Oral<br />
health; Oral hygiene<br />
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Endereço para correspondência:<br />
Celso Henrique de Oliveira<br />
Av. Orosimbo Maia, 570 - 51<br />
CEP: 13010-918 – Campinas - SP, Brazil<br />
Phone: + 55 (19) 3233-5319<br />
Fax number: + 55 (19) 3236-5759<br />
E-mail: oliveira_ch@terra.com.br<br />
51
R. Periodontia - Setembro 2008 - Volume 18 - Número 03<br />
LESÕES PROLIFERATIVAS NÃO NEOPLÁSICAS NO<br />
PERIODONTO: ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO<br />
Non neoplastic proliferative lesions on the periodontum: an epidemiological study<br />
Bruna Lavinas Sayed Picciani 1 , Bruna Michalsky dos Santos 2 , Andréa Braga Moleri 3 , Henrique Guilherme de Castro Teixeira 4 ,<br />
Denise Gomes da Silva 5 , Eduardo Muniz Baretto Tinoco 6 , Márcio Eduardo Vieira Falabella 7<br />
RESUMO<br />
Foi realizado um estudo epidemiológico com 212 casos<br />
de lesões proliferativas não neoplásicas localizadas no<br />
periodonto, obtidas a partir do arquivo do Laboratório de<br />
Histopatologia Bucal da UNIGRANRIO, no período de Janeiro<br />
de 1994 a Julho de 2006. A idade, o sexo, a raça, a<br />
localização anatômica e o diagnóstico histopatológico<br />
foram analisados em lesões de fibroma ossificante periférico,<br />
granuloma periférico de células gigantes, granuloma<br />
piogênico e hiperplasia fibrosa inflamatória. O granuloma<br />
piogênico foi a lesão mais freqüente, sendo que 152 lesões<br />
(71,69%) do total das 212 estiveram na faixa etária entre<br />
21 e 60 anos e apenas 19 (8,96%) estiveram acima dos 61<br />
anos. A raça branca foi a mais prevalente com exceção dos<br />
casos de fibroma ossificante periférico. A maxila foi a localização<br />
anatômica predominante no granuloma piogênico<br />
e na hiperplasia fibrosa inflamatória e a mandíbula mais<br />
freqüente no fibroma ossificante periférico e no granuloma<br />
periférico de células gigantes.<br />
UNITERMOS: lesões proliferativas, periodonto,<br />
epidemiologia. R Periodontia 2008; 18:52-56.<br />
Recebimento: 16/05/08 - Correção: 26/06/08 - Aceite: 30/07/08<br />
1. INTRODUÇÃO<br />
As lesões proliferativas não neoplásicas (LPNN),<br />
ocorrem comumente na mucosa gengival devido a<br />
sua exposição a constantes estímulos (forças<br />
mastigatórias, placa dentária e fatores iatrogênicos).<br />
São caracterizadas por uma resposta tecidual exagerada<br />
e uma reação inflamatória proliferativa não<br />
específica (Fowler et al. 1996 e Fortes et al. 2002).<br />
As LPNN em região gengival foram divididas em<br />
quatro: granuloma piogênico, fibroma ossificante<br />
periférico, hiperplasia fibrosa inflamatória e granuloma<br />
periférico de células gigantes (Neville et al. 2004).<br />
Clinicamente, estas lesões podem se apresentar<br />
muito semelhantes, visualizadas como elevações<br />
nodulares, de coloração variada, superfície lisa ou<br />
lobulada, pediculada ou séssil, de crescimento lento<br />
e limitado e podendo mostrar áreas de ulceração (Fortes<br />
et al. 2002), O diagnóstico diferencial é feito através<br />
do aspecto histopatológico.<br />
O granuloma piogênico histopatologicamente<br />
apresenta-se como uma massa exofítica de tecido<br />
semelhante à granulação, ocasionalmente ulcerada<br />
e com proliferação de vasos (Al-Khateeb & Ababneh<br />
2003, Homstrup & Reibel 1998 e Keer 1951).<br />
O fibroma ossificante periférico é uma lesão<br />
reacional exclusiva da gengiva onde no aspecto<br />
52
R. Periodontia - 18(3):52-56<br />
Tabela 1<br />
DISTRIBUIÇÃO DOS CASOS DE LPNN, SEGUNDO A FAIXA ETÁRIA DOS PACIENTES<br />
IDADE GP FOP HFI GPCG<br />
0-10 03 0 0 02<br />
11-20 10 15 04 07<br />
21-30 17 13 0 0<br />
31-40 28 13 05 09<br />
41-50 22 09 05 0<br />
51-60 12 10 08 01<br />
61-70 04 02 03 0<br />
71-80 03 01 05 01<br />
TOTAL 99 63 30 20<br />
GP– Granuloma Piogênico, FOP– Fibroma ossificante periférico, HFI– Hiperplasia Fibrosa Inflamatória, GPCG– Granuloma Periférico de Células Gigantes<br />
histopatológico observa-se proliferação fibroblástica e deposição<br />
focal de material calcificado (Chiu-Kwan Poon et al.<br />
1995, Buchner & Hansen 1987 e Moreira et al. 1998).<br />
A hiperplasia fibrosa inflamatória apresenta-se como um<br />
tecido firme fibroso, ocasionalmente ulcerado, que se desenvolve<br />
na face vestibular do rebordo alveolar. Ao exame<br />
microscópico, revela-se como uma hiperplasia do tecido conjuntivo<br />
e do epitélio de recobrimento com áreas focais de<br />
ulceração (Vicente et al, 2001 e Neville et al. 2004).<br />
O granuloma periférico de células gigantes pode ser originado<br />
do ligamento periodontal ou do mucoperiósteo. Ao<br />
exame histológico observaram células gigantes<br />
multinucleadas, hemorragia, deposição de hemossiderina,<br />
alguns fagócitos, proliferações de células mesenquimais, e<br />
um estroma fibromatoso. Essa lesão é coberta por epitélio<br />
escamoso estratificado contendo uma zona de tecido conjuntivo<br />
fibroso dentro, entre esse epitélio e a lesão propriamente<br />
dita (Chaparro-Avendano, 2005, Gandara et al. 2002,<br />
Bodner et al. 1997).<br />
O objetivo do presente estudo foi avaliar lesões<br />
proliferativas não neoplásicas localizadas no periodonto com<br />
relação a sexo, idade, raça e localização anatômica.<br />
2. MATERIAIS E MÉTODOS<br />
Foi realizado um estudo descritivo dos casos de fibroma<br />
ossificante periférico, granuloma periférico de células gigantes,<br />
granuloma piogênico e hiperplasia fibrosa inflamatória,<br />
localizados em região de periodonto, registrados e diagnosticados<br />
histopatologicamente, no período de Janeiro de 1994<br />
a Julho de 2006 no Laboratório de Histopatologia Bucal da<br />
Faculdade de Odontologia da Universidade do Grande Rio,<br />
UNIGRANRIO – Duque de Caxias – RJ.<br />
As informações contidas nas fichas do laboratório foram<br />
avaliadas com o relato dos seguintes dados: ano do exame<br />
histopatológico, idade, sexo, raça, localização anatômica e<br />
diagnóstico histopatológico.<br />
Tendo em vista tratar-se de um estudo epidemiológico,<br />
o método estatístico adotado para o tratamento dos dados<br />
foi o descritivo. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética<br />
da Unigranrio (nº 043/06).<br />
3. RESULTADOS<br />
Das 212 LPNN analisadas, a prevalência de granuloma<br />
piogênico foi de 46,7% (99 casos), de fibroma ossificante<br />
periférico 29,7% (63 casos), de hiperplasia fibrosa inflamatória<br />
14,2% (30 casos) e de granuloma periférico de células<br />
gigantes 9,4% (20 casos).<br />
3.1. IDADE<br />
152 lesões (71,69%) do total das 212 estiveram na faixa<br />
etária entre 21 e 60 anos e apenas 19 (8,96%) estiveram<br />
acima dos 61 anos. Observou-se que a faixa etária variou de<br />
6 a 75 anos para o granuloma piogênico, de 10 a 60 anos<br />
para o fibroma ossificante periférico, de 12 a 73 anos para a<br />
hiperplasia fibrosa inflamatória e para o granuloma periférico<br />
de células gigantes de 5 a 75 anos (Tabela 1).<br />
O granuloma piogênico e o granuloma periférico de células<br />
gigantes ocorreram com maior freqüência na quarta<br />
década com 28 casos (28.3%) e 9 casos (45.0%) respectivamente,<br />
enquanto o fibroma ossificante periférico ocorreu mais<br />
na segunda década de vida, com 15 (23.8%) e a hiperplasia<br />
fibrosa inflamatória teve sua maior prevalência na sexta década<br />
de vida com 8 casos (26.6%) e apenas 4 (13,3%) ocorreram<br />
antes dos 30 anos de idade (Tabela 1).<br />
53
R. Periodontia - 18(3):52-56<br />
Tabela 2<br />
DISTRIBUIÇÃO DOS CASOS DE LPNN, SEGUNDO O SEXO DOS PACIENTES<br />
SEXO GP FOP HFIGPCG<br />
Masculino 41 19 07 03<br />
Feminino 58 44 23 17<br />
GP– Granuloma Piogênico, FOP– Fibroma ossificante periférico, HFI– Hiperplasia Fibrosa Inflamatória, GPCG– Granuloma Periférico de Células Gigantes<br />
Tabela 3<br />
DISTRIBUIÇÃO DOS CASOS DE LPNN, SEGUNDO A RAÇA DOS PACIENTES<br />
RAÇA GP FOP HFIGPCG<br />
Leucoderma 37 21 15 11<br />
Melanoderma 35 24 07 01<br />
Faioderma 27 18 08 08<br />
GP– Granuloma Piogênico, FOP– Fibroma ossificante periférico, HFI– Hiperplasia Fibrosa Inflamatória, GPCG– Granuloma Periférico de Células Gigantes<br />
3.2. SEXO<br />
Quanto ao sexo as quatro lesões apresentaram predileção<br />
pelo sexo feminino. Do total de casos de granuloma<br />
piogênico 58 foram constatados neste sexo perfazendo<br />
58.6% do total, enquanto no fibroma ossificante periférico,<br />
44 casos (69.8%) ocorreram no sexo feminino, na hiperplasia<br />
fibrosa inflamatória, 23 (76.7%) acometeram o sexo feminino,<br />
e no granuloma periférico de células gigantes, 17 casos<br />
(85.0%) incidiram o sexo feminino (Tabela 2).<br />
3.3. RAÇA<br />
Houve predomínio da raça branca no granuloma<br />
piogênico com 37 casos (37.4%), na hiperplasia fibrosa inflamatória<br />
com 15 casos (50.0%) e no granuloma periférico de<br />
células gigantes com 11 casos (55.0%). A raça negra prevaleceu<br />
no fibroma ossificante periférico com 24 casos (38.1%).<br />
(Tabela 3).<br />
3.4. LOCALIZAÇÃO ANATÔMICA<br />
A maxila foi à área de maior ocorrência do granuloma<br />
piogênico com 55 casos (55.6%) e da hiperplasia fibrosa inflamatória<br />
com 18 (60.0%). O fibroma ossificante periférico<br />
com 34 casos (54.0%) e o granuloma periférico de células<br />
gigantes com 17 (85.0%) ocorreram com maior freqüência<br />
na mandíbula (Tabela 4). Avaliando o total das lesões, 105<br />
delas estavam localizadas na maxila e 107 na mandíbula.<br />
4. DISCUSSÃO<br />
Neste estudo foi observado, que o granuloma piogênico<br />
foi a lesão mais freqüente, seguido do fibroma ossificante<br />
periférico, hiperplasia fibrosa inflamatória e granuloma periférico<br />
de células gigantes. A maior freqüência do granuloma<br />
piogênico foi também relatada por Buchner et al. (1977) que<br />
encontraram 32% dos casos em um total de 302, por Fortes<br />
et al. (2002) que observaram 271 casos de granuloma<br />
piogênico em um total de 425 e por Kfir et al. (1980) que<br />
verificaram em 741 casos uma freqüência de 26.8% desta<br />
lesão.<br />
O sexo feminino foi predominante na avaliação dos quatro<br />
tipos de lesões o que corrobora com os trabalhos de Fortes<br />
et al. (2002), Eversole & Rovin (1972) e Anneroth &<br />
Sigurdson (1983). De acordo com Nedir et al (1997) e<br />
Diaz-Guzman & Castellanos Suarez (2004) a possibilidade<br />
da ação de fatores hormonais poderia explicar esta<br />
predominância.<br />
O granuloma piogênico foi mais prevalente na quarta<br />
década de vida. Contradizendo com os trabalhos de Vilmann<br />
et al. (1986), Lawoyin et al. (1997) e Al-Khateeb & Ababneh<br />
(2003), que encontraram maior freqüência na segunda década<br />
de vida. Al-Khateeb & Ababneh (2003) e Bhaskar &<br />
Jacoway (1966) observaram que o granuloma piogênico acometeu<br />
mais freqüentemente a maxila e o sexo feminino, o<br />
que corroboram os nossos resultados, onde se obteve uma<br />
freqüência de 55.6% em tal localização e 58.6% neste sexo.<br />
A raça branca foi a mais prevalente, totalizando 37.4% dos<br />
99 casos de granuloma piogênico, estando de acordo com<br />
Fortes et al. (2002) e Bhaskar & Jacoway (1966).<br />
O fibroma ossificante periférico foi mais encontrado na<br />
segunda década de vida, coincidindo com os trabalhos de<br />
Buchner & Hansen (1987), Buchner et al. (1977) e Lindhe et<br />
al. (1999). Contudo, se contradiz com os estudos de Kfir et<br />
al. (1980) e Regezi & Sciubba (1999) que encontraram uma<br />
maior freqüência na terceira década de vida. Estudos de<br />
Freidlander et al. (1973) e Poon et al. (1995) observaram que<br />
54
R. Periodontia - 18(3):52-56<br />
Tabela 4<br />
DISTRIBUIÇÃO DOS CASOS DE LPNN, SEGUNDO A LOCALIZAÇÃO ANATÔMICA<br />
Localização GP FOP HFIGPCG<br />
Maxila 55 29 18 03<br />
Mandíbula 44 34 12 17<br />
GP– Granuloma Piogênico, FOP– Fibroma ossificante periférico, HFI– Hiperplasia Fibrosa Inflamatória, GPCG– Granuloma Periférico de Células Gigantes<br />
estas lesões têm uma maior ocorrência na maxila e no sexo<br />
feminino, diferente do que foi analisado por Regezi & Sciubba<br />
(1999) e por este estudo, onde a região mais acometida foi a<br />
mandíbula. Quanto a raça, a negra foi a que prevaleceu,<br />
somando 38.1% dos casos de fibroma ossificante periférico<br />
igualando-se aos estudos de Fortes et. al. (2002) e Buchner<br />
& Hansen (1987), que cita a raça negra como a mais freqüente.<br />
Foi observado em inúmeros achados (Buchner et al. 1977<br />
e Stablein & Silverglade 1985), que a hiperplasia fibrosa inflamatória<br />
tem seu pico de incidência na sexta década de vida,<br />
no sexo feminino e na região de maxila, condizendo com os<br />
resultados este estudo. A variação dos resultados em<br />
relação a este tipo de lesão pode estar relacionada com o<br />
fato de que em alguns estudos foram consideradas aquelas<br />
derivadas de traumas pelo uso de próteses removíveis. No<br />
nosso estudo foram consideradas apenas lesões no<br />
periodonto.<br />
O granuloma periférico de células gigantes foi mais<br />
prevalente na quarta década de vida (45.0%), semelhante<br />
ao trabalho de Giansanti & Waldron (1969). No entanto, os<br />
autores, Dayan et al. (1990) e Mighell et al. (1995) relataram<br />
que o pico de incidência foi na sexta década de vida. O gênero<br />
feminino foi o de maior acometimento, com 85.0% dos<br />
casos verificados, de acordo com os achados de Bodner et<br />
al. (1997), Dayan et al. (1990) e Buchner et al. (1977), contradizendo<br />
os de Bhaskar et al. (1971), que mencionaram o<br />
sexo masculino como o mais prevalente.A área de maior<br />
ocorrência foi a mandíbula, totalizando 85.0%, concordando<br />
com os relatos de Bodner et al. (1997), Dayan et al. (1990),<br />
Bhaskar et al. (1971) e Lindhe et al. (1999). No entanto,<br />
Mighell et al. (1995) encontraram maior ocorrência na maxila.<br />
A raça branca teve a maior representatividade, corroborando<br />
com os trabalhos de Mighell et al. (1995), Bhaskar et<br />
al. (1971) e Bhaskar & Levin (1973).<br />
Esta grande variação nos resultados com relação a sexo,<br />
idade, localização e raça, provavelmente está diretamente<br />
relacionada ao tamanho das amostras analisadas.<br />
CONCLUSÕES<br />
O granuloma piogênico foi a lesão mais freqüente e todas<br />
as lesões prevaleceram mais no sexo feminino. Existem<br />
inúmeras diferenças em relação a localização anatômica, a<br />
idade e a raça, entre as patologias estudadas.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
Trabalho realizado com apoio de Bolsa de Iniciação Científica<br />
fornecida pela FUNADESP.<br />
ABSTRACT<br />
An epidemiological study was performed on 212 cases<br />
of non neoplastic proliferative lesions on the periodontum<br />
obtaine in the archives of the Oral Histology Laboratory from<br />
Unigranrio, in a period between january of 1994 - july of<br />
2006. Age, sex, race, anatomic localization and<br />
histopatological diagnostics were analysed in lesions of<br />
peripheral ossifying fibroma, peripheral giant cell granuloma,<br />
pyogenic granuloma and inflamatory fibrous hyperplasy.<br />
Pyogenic granuloma was the most frequent lesion, and 152<br />
from 212 lesions were from individuals between 21-60 years<br />
old and only 19 cases were > 61 years old. Lesions in<br />
Caucasians were more prevalent, except in cases of peripheral<br />
ossifying fibroma. The maxilla was the predominant anatomic<br />
localization in cases of pyogenic granuloma and inflammatory<br />
fibrous hiperplasy, and the mandibula was the predominant<br />
site in cases of peripheral ossifying fibroma and in peripheral<br />
giant cell granuloma.<br />
UNITERMS: proliferative lesions, periodontum,<br />
epidemiology<br />
55
R. Periodontia - 18(3):52-56<br />
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18. Kfir Y, Buchner A, Hansen L. Reactive lesions of the gingiva. A<br />
Endereço para correspondência:<br />
Márcio Eduardo Vieira Falabella<br />
Doutor em Periodontia – UERJ - RJ<br />
Professor de Periodontia – UNIGRANRIO – RJ<br />
E-mail: marciofalabella@uai.com.br / perioflb@powerline.com.br<br />
56
R. Periodontia - Setembro 2008 - Volume 18 - Número 03<br />
NORMATIZAÇÃO DO SUS E PASTORAL DA CRIANÇA<br />
QUANTO À DOENÇA PERIODONTAL E CONDIÇÃO<br />
PERIODONTAL DAS GESTANTES ACOMPANHADAS<br />
Brasilian Plubic Health Care Sistem (SUS) and Children Pastoral Care normatizations for periodontal<br />
disease and evaluation of the attended pregnant periodontal conditions<br />
Juliana Madureira de Souza Lima Alonso 1 , Luciana de Fátima Custódio 2 , Sigmar de Mello Rode 3 , Jorge Alberto Cordón<br />
Portillo 4<br />
RESUMO<br />
Os profissionais de saúde e instituições assistenciais<br />
geralmente priorizam o atendimento às gestantes durante<br />
o pré-natal garantindo a elas atenção necessária para que<br />
seus filhos nasçam saudáveis. Entretanto, nota-se que as<br />
ações são limitadas por não informarem o impacto que a<br />
condição periodontal pode ter sobre a prematuridade e o<br />
baixo peso ao nascer. Este estudo avaliou a normatização<br />
da pastoral da criança e do Sistema Único de Saúde e verificou,<br />
por meio de questionário e exame periodontal, gestantes<br />
cadastradas na Pastoral da Criança do Município de<br />
Pindamonhangaba, interior de São Paulo, quanto à presença<br />
da doença periodontal e orientação recebida sobre<br />
o risco na gestação. Foi observado que mesmo sendo portadoras<br />
de periodontite, havia desconhecimento por parte<br />
das gestantes, sobre o risco da doença periodontal na gestação.<br />
A gestante merece especial atenção no pré-natal,<br />
uma vez que a doença periodontal materna é um fator de<br />
risco para o nascimento de bebês prematuros e/ou com<br />
baixo peso.<br />
UNITERMOS: gravidez; mortalidade, prematuridade,<br />
periodontite, fator de risco, cuidado pré-natal. R Periodontia<br />
2008; 18:57-62.<br />
Recebimento: 23/06/08 - Correção: 27/07/08 - Aceite: 04/08/08<br />
INTRODUÇÃO<br />
Recentemente evidenciou-se relação bidirecional<br />
entre periodontite e doenças sistêmicas. A<br />
periodontite pode conferir um risco sete vezes maior<br />
de nascimento de bebês prematuros com baixo peso<br />
(Paquette, 1999; Offenbacher et al., 2006).<br />
A relação ocorre quando uma infecção<br />
geniturinária e/ou periodontal materna existe e não<br />
é tratada adequadamente, causando elevação do<br />
nível de prostaglandinas (que deveria se manter<br />
estável ao longo da gravidez e aumentar no<br />
momento da preparação do colo uterino e trabalho<br />
de parto) com possível indução de parto prematuro<br />
(Bogess, 2005). Adicionalmente tem sido relatado um<br />
componente genético ou ambiental desconhecido<br />
que atua como fator predisponente da doença<br />
periodontal e do baixo peso ao nascimento (Zina et<br />
al., 2005).<br />
O baixo peso ao nascer aumenta a<br />
susceptibilidade para outras complicações médicas<br />
como má nutrição, diabetes, processos infecciosos,<br />
doenças cardiorrespiratórias e muitas outras, sendo<br />
importante fator de risco para o óbito do recémnascido<br />
(Cruz et al., 2005; Yeo et al., 2005).<br />
Infecções periodontais têm muito em comum<br />
com infecções geniturinárias. Ambas podem ser<br />
57
R. Periodontia - 18(3):57-62<br />
causadas por microrganismos gram-negativos, que liberam<br />
lipopolissacarídeos (Boggess, 2005; Molitermo et al., 2005).<br />
Segundo Boggess (2005), as infecções periodontais<br />
afetam mais que 50% da população com proporção<br />
relativamente alta em gestantes. A profundidade da bolsa<br />
periodontal e o nível de inserção clínica são proporcionais ao<br />
risco de nascimento de bebês prematuros e com baixo peso.<br />
Molitermo et al. (2005) examinaram os dados de registros<br />
hospitalares e entrevistaram 76 mães que deram à luz bebês<br />
com peso inferior a 2500 g e tempo de gestação inferior a<br />
37 semanas e 75 mães (grupo controle) com bebês que, ao<br />
nascer, pesavam mais que 2500 g e tempo de gestação<br />
superior a 37 semanas. Dentre os principais fatores de risco<br />
para o nascimento de bebês com baixo peso ou parto<br />
prematuro, a seguinte variação amostral de prevalência de<br />
fator de risco (odds ratio) foi citada nos grupos investigados<br />
e controles: hemorragia durante a gravidez (10,8),<br />
hipertensão arterial (9,65), periodontite moderada a severa<br />
(3,48), infecção geniturinária (3,21) e número insuficiente de<br />
exames pré-natais (0,10). A periodontite (cuja perda de<br />
inserção clínica era maior ou igual a 3 mm) foi considerada<br />
como fator de risco para o nascimento de bebês com baixo<br />
peso e parto prematuro, da mesma forma que a infecção<br />
geniturinária.<br />
Pizzo et al. (2005) e Zina et al. (2005) observaram na<br />
literatura que o tratamento periodontal pode diminuir<br />
significativamente o risco de parto prematuro e o nascimento<br />
de crianças com baixo peso.<br />
Segundo Offenbacher et al. (2006), em estudo<br />
prospectivo com 1.020 gestantes que receberam avaliação<br />
periodontal pré e pós-parto, a progressão da doença<br />
periodontal durante a gestação é importante fator de risco<br />
para a prematuridade do bebê (6,4% para portadoras de<br />
doença periodontal progressiva durante a gestação e 1,8%<br />
para não portadoras, independente da presença de outros<br />
fatores de risco como o tabagismo, a etnia e variáveis de<br />
domínio social).<br />
Conforme observado por Yeo et al. (2005), para que<br />
a gestante possa compreender a totalidade do processo<br />
saúde-doença periodontal, é necessária a realização de um<br />
pré-natal com equipe multiprofissional, incluindo<br />
odontólogos, colocando em prática o conceito de trabalho<br />
em equipe.<br />
O presente estudo objetivou verificar, em grupos de<br />
gestantes, a condição clínica periodontal e se, durante o<br />
acompanhamento pré-natal, receberam orientação sobre o<br />
risco da doença periodontal atuar como fator predisponente<br />
do parto prematuro e do nascimento de bebês com baixo<br />
peso.<br />
METODOLOGIA<br />
Este estudo foi submetido à análise do Sistema Nacional<br />
de Ética em Pesquisa (SISNEP), com projeto identificado pelo<br />
código - CAAE - 0007.0.012.000-06, conforme resolução<br />
CNS 196/96.<br />
Foram avaliadas as orientações sobre as possíveis medidas<br />
preventivas e curativas da patologia periodontal durante<br />
a gestação por meio de estudo bibliográfico do “O Guia do<br />
Líder da Pastoral da Criança” (Pastoral da Criança, 2000) e<br />
“Caderno de Acompanhamento das Gestantes e Crianças”<br />
(Pastoral da Criança, 2003), utilizados para capacitação do<br />
líder das Pastorais da Criança, e da leitura das cartilhas “ABC<br />
do SUS – doutrinas e princípios”, 1990; “Sistema de Informação<br />
do Programa de Humanização no Pré-Natal e no Nascimento”,<br />
2000 e “O SUS de A a Z”, 2005.<br />
Participaram do estudo 36 gestantes registradas na<br />
Pastoral da Criança do Município de Pindamonhangaba, em<br />
São Paulo, que foram aleatoriamente selecionadas, e<br />
representavam 50% das gestantes acompanhadas pela<br />
entidade entre julho de 2006 a abril de 2007.<br />
Após concordarem em participar da pesquisa, as<br />
gestantes responderam um questionário com perguntas<br />
abertas sobre as possíveis informações oferecidas pela<br />
Secretaria de Saúde e Pastoral da Criança a respeito da relação<br />
da doença periodontal com a gestação.<br />
O questionário incluía as seguintes questões: 1) Alguém<br />
informou você sobre a relação entre a doença periodontal e<br />
a gestação?; 2) Se sim, quem deu esta informação?; 3) Você<br />
foi informada sobre alguma medida preventiva/curativa para<br />
doenças que possam afetar a gengiva?<br />
Em seguida, foi realizado exame periodontal das<br />
participantes do estudo, sendo excluídas as que tinham<br />
menos de dois dentes por sextante da boca ou que eram<br />
portadoras de aparelho ortodôntico fixo.<br />
Os exames foram realizados por um único examinador,<br />
anteriormente calibrado por dois pesquisadores gold<br />
standard com a finalidade de obter uma estimativa da<br />
extensão e da natureza diagnóstica, até que uma constância<br />
aceitável fosse alcançada e permanecesse acima de<br />
0,91, mensurada por meio da estatística KAPPA.<br />
Conforme recomendado por Cruz et al. (2005), para<br />
fidelizar os resultados do estudo foram obtidos os valores<br />
de nível de inserção clínica em seis sítios para cada<br />
unidade dentária. Todas as medidas foram realizadas<br />
com sonda milimetrada tipo Williams e espelho clínico<br />
número 05. A severidade da condição periodontal foi<br />
determinada pelos critérios propostos pela Academia<br />
Americana de Periodontia, conforme citado por Lindhe<br />
et al., 1999.<br />
58
R. Periodontia - 18(3):57-62<br />
RESULTADOS<br />
Como resultado da análise da documentação proposta<br />
foi observado constar dos cadernos utilizados para a<br />
capacitação do líder das Pastorais da Criança:<br />
a) A afirmativa de que no pré-natal a gestante, entre<br />
outras coisas, tem o direito de ser informada dos sinais e<br />
perigos durante a gravidez e receber cuidados para a saúde<br />
da boca.<br />
b) Orientações preventivas relacionadas com cárie e doença<br />
periodontal abordando o controle mecânico do biofilme<br />
dental.<br />
c) Referência sobre a importância da alimentação conter<br />
vitamina C para prevenção de infecções e sangramentos<br />
gengivais.<br />
d) Relato de que o consumo de álcool, drogas e alguns<br />
medicamentos são considerados como risco ao desenvolvimento<br />
do feto ou baixo peso ao nascer. Os sinais de risco a<br />
gravidez são descritos como “sangramento, perda de água,<br />
contrações fortes, febre alta, barriga que parou de crescer ou<br />
cresceu demais e falta de movimento do bebê”, sendo<br />
indicado o encaminhamento da gestante ao SUS o mais cedo<br />
possível.<br />
Em relação ao Sistema Único de Saúde (SUS), de que<br />
trata a Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, as cartilhas do<br />
Ministério da Saúde relatam que:<br />
a) É considerada prioritária no âmbito do SUS, a atenção<br />
às urgências em Saúde tendo sido fundamentada, a partir<br />
de 2003, pela Política Nacional de Atenção às Urgências (Portaria<br />
nº 1.863 de 2003), nos seguintes objetivos: 1) garantir<br />
a universalidade, eqüidade e a integralidade no atendimento<br />
às urgências clínicas, cirúrgicas, gineco-obstétricas, psiquiátricas,<br />
pediátricas, fundamentada, dentre vários aspectos,<br />
no desenvolvimento de estratégias promocionais da<br />
qualidade de vida e saúde capazes de prevenir agravos, proteger<br />
a vida, educar para a defesa e a recuperação da saúde,<br />
protegendo e desenvolvendo a autonomia e a eqüidade de<br />
indivíduos e coletividades. (ACD do SUS, Ministério da Saúde,<br />
1990; SUS de A a Z, Ministério da Saúde, 2005)<br />
b) Conforme a Constituição Federal de 1988, no seu<br />
art. 6º, assim como o Estatuto da Criança e do Adolescente<br />
de 1993, no seu art. 8º e parágrafos, são garantidos à gestante<br />
e à criança benefícios necessários para seu filho nascer<br />
saudável. (SUS de A a Z, Ministério da Saúde, 2005).<br />
c) No Sistema de Informação do Programa de<br />
Humanização no Pré-Natal e no Nascimento (SIS Pré-Natal),<br />
instituído pelo Ministério da Saúde, através da Portaria/GM<br />
nº 569, de 01/06/2000, está definido o elenco mínimo de<br />
procedimentos para uma assistência pré-natal adequada,<br />
para o acompanhamento das gestantes inseridas no SUS,<br />
desde o início da gravidez até a consulta de puerpério. São<br />
listados e detalhados procedimentos que facilitam a<br />
operacionalização do programa em todos os níveis de<br />
atenção.<br />
d) Constam do Programa de Humanização no Pré-<br />
Natal e no Nascimento (SIS Pré-Natal) (Capítulo 3 – Assistência<br />
pré-natal, páginas 6 e 7) as seguintes recomendações:<br />
“a equipe de cada unidade deve ser sensibilizada para o Programa<br />
de Humanização no Pré-Natal e Nascimento, seus<br />
fundamentos e a importância de humanizar e qualificar a<br />
atenção à gestante e suas repercussões positivas: maior adesão<br />
ao pré-natal; melhor qualidade na assistência; melhores<br />
resultados obstétricos e perinatais com mãe e recém-nascidos<br />
saudáveis. É importante estabelecer e efetivar as rotinas<br />
para: captação precoce das gestantes; ações educativas com<br />
gestantes; oferta do teste anti HIV; oferta de exames de urina,<br />
glicemia e VDRL no primeiro trimestre e retorno da<br />
puérpera à unidade de saúde para a consulta puerperal”;<br />
“a classificação do risco gestacional deverá ser realizada na<br />
primeira consulta e nas subseqüentes. Se for considerada de<br />
risco, a gestante deve ser encaminhada para a referência de<br />
alto risco que consta no termo de adesão”.<br />
Com relação ao questionário aplicado às gestantes, para<br />
a questão 1 (“Alguém informou você sobre a relação entre a<br />
doença periodontal e a gestação?”), 2,78% das respostas<br />
obtidas foram positivas. Quando perguntado, “Quem deu<br />
esta informação?”, a resposta foi: “Minha vizinha disse que<br />
a gengiva incha na gravidez”. A referida resposta foi<br />
desconsiderada por não caracterizar uma informação<br />
profissional.<br />
Quando se buscou saber se a gestante havia sido informada<br />
de alguma medida preventivo-curativa para o problema<br />
periodontal que estava sofrendo, somente 2,78% responderam<br />
afirmativamente e, em todos os casos, o cirurgiãodentista<br />
havia solicitado para que mantivesse boa higiene<br />
bucal e usasse enxaguatório bucal diariamente.<br />
Após o exame periodontal completo das gestantes e classificação<br />
do diagnóstico periodontal, foi estabelecida a freqüência<br />
e porcentagem das condições periodontais encontradas<br />
(Tabela 1).<br />
DISCUSSÃO<br />
Segundo Martins (2004) a importância do pré-natal na<br />
área médica teve início em 1928. Desde então, os profissionais<br />
de saúde vêm buscando valorizar durante o período<br />
gestacional os cuidados da mãe e do bebê.<br />
Este estudo permitiu observar a existência de<br />
preocupação com os possíveis fatores de risco associados à<br />
gravidez e com o baixo peso ao nascer, conforme registros<br />
59
R. Periodontia - 18(3):57-62<br />
Tabela 1<br />
FREQÜÊNCIA E PORCENTAGEM DAS CONDIÇÕES PERIODONTAIS<br />
OBSERVADAS NAS GESTANTES DE PINDAMONHANGABA, SP. 2007<br />
Condição Observada n %<br />
Periodontite leve localizada 2 7%<br />
Periodontite leve generalizada 11 30%<br />
Periodontite moderada localizada 16 44%<br />
Periodontite severa localizada 7 19%<br />
Total 36 100%<br />
constantes no Guia do Líder da Pastoral da Criança. Ou seja,<br />
os líderes devem compartilhar com seus colaboradores e<br />
gestantes, permitindo que mães acompanhadas sejam<br />
agentes promotores de saúde de si mesmas, incorporando<br />
princípios como solidariedade e responsabilidade, valorizando<br />
entre as famílias a organização e a participação comunitária<br />
na busca dos direitos e cumprimento dos deveres.<br />
Do mesmo modo o SUS, que reflete a responsabilidade<br />
do Estado pela saúde do cidadão, considera que a adequada<br />
atenção à gestação mostra repercussões positivas na saúde<br />
da criança e que o período gestacional é um momento único<br />
para informar, orientar e, sobretudo, educar as mulheres<br />
grávidas que se encontram mais receptivas e ávidas por<br />
conhecimento. É também considerado oportuno ressaltar<br />
para o médico, ou profissional de saúde, a necessidade de<br />
conversar com a gestante durante as visitas sobre o que está<br />
acontecendo e quais os cuidados considerados necessários<br />
para uma gestação saudável.<br />
Considerando que, dentre os vários fatores de risco para<br />
o baixo peso ao nascer e para o parto prematuro segundo<br />
Molitermo et al. (2005), a periodontite foi considerada fator<br />
de risco similar a outros fatores reconhecidos pelos obstetras,<br />
seria natural que todos eles fossem “trabalhados” pelos<br />
profissionais de saúde e agentes voluntários da Pastoral da<br />
Criança na mesma intensidade. Porém, durante o<br />
desenvolvimento deste estudo, foi observado que 100% das<br />
gestantes não tinham recebido qualquer orientação dos<br />
profissionais do SUS ou pastoral sobre a saúde periodontal,<br />
provavelmente por falta de cirurgiões-dentistas na equipe<br />
ou ainda, pela ausência de encaminhamento para avaliação<br />
odontológica.<br />
Com base no observado, as duas instituições não<br />
cumprem, de forma integral seus objetivos. O guia do líder<br />
da pastoral da criança ficaria mais completo se incluísse a<br />
doença periodontal juntamente com outros fatores de risco<br />
como o consumo de álcool, drogas e alguns medicamentos.<br />
Também deveria incluir a doença periodontal aos principais<br />
sinais de perigo que indicam a necessidade de encaminhar a<br />
gestante ao posto de atendimento médico e, principalmente,<br />
odontológico. Os profissionais da equipe pré-natal deveriam<br />
interagir para que a gestante fosse visualizada como um todo,<br />
demonstrando responsabilidade coletiva pelos resultados do<br />
trabalho.<br />
De imediato seria importante que a família interviesse<br />
(mesmo que temporariamente) para corrigir as ações<br />
deficientes; porém, seria necessário que conhecesse o real<br />
alcance do risco da doença periodontal na gestação e que<br />
ações não estão sendo cumpridas pelo Estado, de forma<br />
que pudessem buscar parcerias com a indústria privada, a<br />
fim de evitar maiores perdas, frente ao processo lento que é<br />
a adequação política social brasileira e mundial. Contudo,<br />
muitas pessoas desconhecem a importância de cuidar da<br />
saúde bucal, especialmente nesse período da vida da mulher<br />
em que inúmeras transformações fisiológicas acontecem.<br />
De acordo com Albuquerque et al. (2004) gestantes de<br />
um mesmo grupo etário visitam o cirurgião-dentista com<br />
freqüência diferente. De fato, existem várias dúvidas e crenças<br />
em relação ao atendimento odontológico durante a gravidez,<br />
desaconselhando-o e piorando ainda mais a situação.<br />
Contudo, na maioria dos casos, os riscos dos procedimentos<br />
são inferiores aos que os problemas bucais podem causar à<br />
mãe e ao bebê, sendo dever dos profissionais de saúde<br />
desmistificar o tratamento odontológico durante a gravidez.<br />
Outra consideração é o fato de que se a gestante não<br />
tem uma saúde bucal adequada e não sabe “o que é saúde”.<br />
Ela terá dificuldade em fazer que o próprio filho cresça com<br />
essa preocupação, pois o modelo materno é determinante<br />
nesta situação.<br />
No presente estudo, seis sítios de cada dente foram<br />
examinados, permitindo verificar prevalência de periodontite.<br />
Do total da amostra, 44% tinha periodontite moderada e<br />
19% periodontite severa (perda de inserção clínica entre 1 a<br />
2 mm e 3 e 4 mm respectivamente). Esta alta prevalência de<br />
periodontite está de acordo com os resultados obtidos por<br />
Molitermo et al. (2005), que verificaram presença significativa<br />
de periodontite nas gestantes. Também Boggess (2005), em<br />
revisão de literatura, citou alta prevalência da doença<br />
periodontal em gestantes.<br />
Se o profissional de saúde elaborasse uma anamnese<br />
em busca de um diagnóstico de risco gestacional mais amplo<br />
e preciso, além de verificar o risco materno a doenças<br />
sexualmente transmissíveis, hipertensão arterial e diabetes,<br />
possivelmente detectariam sinais da doença periodontal,<br />
podendo então motivar e encaminhar as gestantes para uma<br />
avaliação odontológica mais detalhada. Desta forma,<br />
considerando o caráter crônico e, por vezes assintomático<br />
60
R. Periodontia - 18(3):57-62<br />
da doença periodontal, o ideal seria que o exame periodontal<br />
estivesse integrado ao SIS Pré-natal, permitindo uma visão<br />
integrada do paciente.<br />
É relevante que as mães tenham cuidados com elas<br />
próprias durante a gestação para que o modelo preventivo<br />
seja estendido para outras fases do crescimento e<br />
desenvolvimento infantil. Cabe ressaltar que as modificações<br />
no comportamento individual são mais fáceis e têm grande<br />
reflexo na prevenção de várias enfermidades, porém a<br />
afirmação não torna a responsabilidade pública menos<br />
importante do que a responsabilidade individual.<br />
Os profissionais de saúde e grupos sociais têm maior<br />
responsabilidade na mediação entre os diferentes interesses<br />
em relação à saúde de uma comunidade, assim como a<br />
comunidade deve participar e se responsabilizar pela<br />
multiplicação dos esforços preventivos, de maneira que o<br />
indivíduo tenha acesso a informações corretas e seja<br />
capacitado a decidir sobre suas ações. Ainda neste contexto,<br />
vale ressaltar que os indivíduos têm direito de tomar decisões<br />
informadas sobre assuntos que dizem respeito a sua vida.<br />
Em termos legais, o princípio da autonomia se baseia na<br />
doutrina de consentimento informado que exige<br />
intervenções sobre a saúde sejam baseadas na transmissão<br />
de todas as informações relevantes e no consentimento do<br />
indivíduo; caso contrário ela poderá mover uma ação de<br />
negligência ou erro profissional. Do mesmo modo admitese<br />
que, nos casos em que as decisões pessoais possam afetar<br />
de forma negativa a outras pessoas, a inclusão ao<br />
atendimento a saúde se superpõe ao direito de autonomia.<br />
A literatura não relata que uma pessoa possa ser<br />
responsabilizada por erro ou por uma atitude tomada em<br />
caso de desinformação, cabendo ao profissional de saúde<br />
esta responsabilidade.<br />
CONCLUSÃO<br />
Todas as gestantes examinadas apresentaram algum<br />
grau de periodontite. Mesmo diante de acompanhamento<br />
pré-natal e da Pastoral da Criança, elas não foram<br />
informadas da gravidade ou da prevenção da doença<br />
periodontal na gravidez, embora as normalizações da Pastoral<br />
e SUS incentivem indiretamente os cuidados com a<br />
gestante, especialmente com os fatores associados ao risco<br />
gestacional.<br />
Agradecimentos<br />
A Pastoral da Criança do Município de Pindamonhangaba,<br />
na pessoa de sua coordenadora Cícera<br />
Santana, pela oportunidade e contribuição.<br />
ABSTRACT<br />
The health professionals and Assistant Institutions usually<br />
give priority to attend pregnant during the period previous<br />
to birth, securing to pregnant woman necessarily care to<br />
her baby be born healthful. However it is noticed that actions<br />
or activities are limited and don’t inform the impact of<br />
periodontal disease has on the prematurity and the low birth<br />
weight. This study evaluated the normative judgment of “Pastoral<br />
da Criança” (religion organization that gives children<br />
pastoral care) and “Sistema Único de Saúde” (public health<br />
care, Brazil) and registered by means of questionnaire and<br />
evaluation of periodontal condition in pregnant in “Pastoral<br />
da Criança” of Pindamonhangaba-SP, Brazil, how much the<br />
presence of the periodontal disease and orientation received<br />
about the risk of periodontitis in pregnancy. The unfamiliarity<br />
was observed, on the part of the pregnant with periodontitis,<br />
on the risk of the periodontal disease in the gestation. The<br />
pregnant deserves special attention; a time that moderate<br />
to severe periodontitis disease is a factor of risk for the birth<br />
of premature babies or with low weight.<br />
UNITERMS: pregnancy; mortality; prematurity;<br />
periodontitis; risk factor; periodontitis; prenatal care.<br />
61
R. Periodontia - 18(3):57-62<br />
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Endereço para correspondência:<br />
Juliana Madureira de Souza Lima ALONSO<br />
Rua Major José dos Santos Moreira, 866<br />
CEP: 12410-050 – Pindamonhangaba - SP<br />
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E-mail: jumadureira@uol.com.br<br />
62
R. Periodontia - Setembro 2008 - Volume 18 - Número 03<br />
RELAÇÃO ENTRE A PERDA ÓSSEA PERIODONTAL E A<br />
RESPOSTA CLÍNICA DA POLPA DENTAL AO ESTÍMULO<br />
TÉRMICO<br />
Relation between periodontal bone loss and clinical response of dental pulp to thermal stimulation<br />
Benedicto Egbert Corrêa de Toledo 1 , Elizangela Partata Zuza 2 , Ana Emília Farias Pontes 2 , Juliana Rico Pires 2 , Ana Luiza<br />
Vanzato Carrareto 3 , Osvaldo Eduardo Aielo 4<br />
RESUMO<br />
O objetivo deste estudo foi verificar a inter-relação existente<br />
entre polpa e periodonto, avaliando-se a sensibilidade<br />
pulpar em dentes com diferentes graus de perda óssea<br />
periodontal. Avaliou-se 98 dentes uniradiculares, portadores<br />
de periodontite crônica não tratada, isentos de cárie,<br />
atrição, erosão ou restaurações, quanto à Perda Óssea<br />
Periodontal (PO) e presença/ausência de Sensibilidade Pulpar<br />
(SP). A PO foi registrada, considerando-se uma distância<br />
radiográfica da crista óssea à junção cemento-esmalte (JCE)<br />
> 2 mm e, classificada em leve (3 a 4 mm), moderada (5 a<br />
6 mm) ou severa (> 6 mm). A SP foi verificada por um teste<br />
de estímulo a frio, utilizando-se um controle positivo contra-lateral.<br />
Os dados foram analisados estatisticamente pelo<br />
teste de Qui-quadrado (X 2 ). Os achados mostraram SP positiva,<br />
respectivamente em 100% das PO leves e moderadas,<br />
enquanto a SP negativa esteve presente em 48% das<br />
PO severas. O valor de X 2 (25, 104) foi significante porque p<br />
< 0,0001, com 2 graus de liberdade. Diante dos limites<br />
deste estudo, sugere-se haver uma associação entre o grau<br />
de perda óssea e a resposta ao teste de sensibilidade pulpar.<br />
UNITERMOS: perda óssea alveolar, Teste da polpa dental,<br />
Doença periodontal, Doença da polpa dental. R<br />
Periodontia 2008; 18:63-68.<br />
Recebimento: 30/04/08 - Correção: 23/06/08 - Aceite: 31/07/08<br />
INTRODUÇÃO<br />
A Academia Americana de Periodontia (AAP) incluiu<br />
na Classificação das Doenças Periodontais e<br />
Condições Decorrentes (Armitage, 1999), um grupo<br />
de lesões periodontais-endodônticas combinadas,<br />
quando dentes com periodontite também apresentam<br />
lesões endodônticas (Lang et al., 1999). Essa<br />
terminologia adotada pela AAP não elimina as<br />
indefinições das utilizadas até o momento, já que<br />
não é baseada na etiologia inicial e, não diferencia<br />
aquelas lesões que são primariamente pulpares ou<br />
periodontais em sua origem, daquelas que são produzidas<br />
tanto por doença periodontal quanto pulpar,<br />
com a unificação de duas lesões distintas (Simon et<br />
al., 1972; Bergenholtz & Hasselgren, 1997; Meng,<br />
1999).<br />
É importante, portanto, estabelecer o diagnóstico<br />
apropriado dos vários distúrbios que afetam o<br />
tecido pulpar e periodontal, isolados ou combinados,<br />
considerando-se especialmente a necessidade<br />
de um diagnóstico diferencial (Toledo et al., 2001).<br />
O diagnóstico das diferentes possibilidades da presença<br />
de uma inter-relação periodontal-endodôntica,<br />
deve ser baseado na combinação da história obtida<br />
do paciente, dos achados do exame clínico, das observações<br />
radiográficas e do resultado de algum tes-<br />
63
R. Periodontia - 18(3):63-68<br />
te adicional. Estes testes geralmente estão relacionados à<br />
determinação da presença ou ausência de sensibilidade<br />
pulpar (Christie & Holthuis, 1990; Becerra, et al, 1993), à utilização<br />
de contrastes radiográficos (Mandel, et al, 1993;<br />
Meng, 1999), ao tipo de comunicação com a margem<br />
gengival (Belk & Gutmann, 1990; Guldener & Langeland,<br />
1988; Mandel, et al, 1993) e às análises microbiológicas (Trope<br />
et al., 1988).<br />
De acordo com Hirsch & Clarke (1993), a patologia pulpar<br />
pode ocasionar lesões severas em qualquer nível do<br />
periodonto e, não somente no ápice radicular. Meng (1999)<br />
também confirma existir uma ampla evidência de que a infecção<br />
pulpar potencialmente influencia o periodonto em<br />
outras localizações além do ápice radicular, freqüentemente<br />
em volta da abertura de um canal acessório lateral à raiz ou<br />
na região de furcas (Zehnder et al., 2002).<br />
O papel da infecção endodôntica como um fator de risco<br />
local modificante da doença periodontal foi analisado em<br />
alguns estudos clínicos (Jansson et al, 1993; Jansson et al.,<br />
1995a; Jansson et al., 1995b; Jansson & Ehnevid, 1998).<br />
Estes autores verificaram que em dentes uniradiculares, com<br />
lesão radiolúcida periapical, havia presença de bolsas<br />
periodontais profundas e extensa perda óssea radiográfica.<br />
Em um estudo retrospectivo, Santiago et al. (2005) verificaram<br />
que o estado de sensibilidade da polpa parece influenciar<br />
as condições do osso de suporte dentário, já que os<br />
dentes com polpa necrosada mostraram maior porcentagem<br />
de osso apical rarefeito, bem como maior perda do nível da<br />
crista óssea.<br />
Levando-se em consideração a atuação da doença<br />
periodontal sobre a resposta pulpar, poucos estudos são<br />
encontrados na literatura. Czarnecki & Shilder (1979) compararam<br />
polpas de dentes hígidos, livres de cáries,<br />
periodontalmente saudáveis, com polpas de dentes semelhantes,<br />
mas acometidos por doença periodontal. Os autores<br />
observaram que a polpa dos dentes hígidos, livres de<br />
cárie e com periodontite, estava histologicamente dentro dos<br />
limites de normalidade, independentemente da severidade<br />
da doença periodontal. Em contrapartida, Langeland et al.<br />
(1974) estudaram, histologicamente, a polpa de 60 dentes<br />
livres de cáries, com diferentes graus de periodontite e, demonstraram<br />
que mudanças histológicas podem ocorrer nos<br />
tecidos pulpares quando a doença periodontal está presente,<br />
entretanto, a necrose pulpar só ocorreria com o<br />
envolvimento do forame apical.<br />
Como muito bem salientam Zehnder et al. (2002), existe<br />
uma clara ausência de documentação recente que esclareça<br />
a relação entre as alterações periodontais e endodônticas e,<br />
no dizer de Harrington et al. (2003), duas questões básicas<br />
ainda precisam de esclarecimento: se a periodontite causa<br />
necrose pulpar e se um dente desvitalizado pode ser causa<br />
de uma doença periodontal. Dessa forma, o objetivo<br />
deste estudo foi verificar a inter-relação entre polpa e<br />
periodonto, avaliando-se a sensibilidade pulpar em dentes<br />
com diferentes graus de perda óssea periodontal.<br />
MATERIAL E MÉTODO<br />
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa<br />
do Centro Universtário da Fundação Educacional de<br />
Barretos, processo n o 047/2006. Os pacientes só foram incluídos<br />
na pesquisa após assinatura do Termo de Consentimento<br />
Livre e Esclarecido.<br />
Foram avaliados 98 dentes uniradiculares, selecionados<br />
de pacientes que procuraram a Clínica de Periodontia do<br />
Curso de Odontologia da UNIFEB para tratamento<br />
periodontal, com idades entre 18 e 40 anos, independente<br />
de sexo ou raça. Para serem incluídos no estudo, os dentes<br />
deveriam apresentar os seguintes requisitos: serem portadores<br />
de periodontite crônica, isentos de cárie ou restaurações,<br />
atrição ou erosão, trauma oclusal e, não terem recebido<br />
tratamento periodontal há menos de 6 meses.<br />
Radiograficamente, os dentes que apresentavam calcificação<br />
ou atresiamento pulpar foram excluídos do estudo.<br />
Um examinador (EPZ) foi calibrado para a medição dos<br />
parâmetros periodontais, enquanto o outro (ALVC) para a<br />
avaliação da sensibilidade pulpar. Os critérios foram explicados<br />
e um treinamento foi realizado, considerando um examinador<br />
experiente como “padrão ouro”.<br />
A determinação do estado periodontal foi verificada com<br />
a utilização dos seguintes parâmetros clínicos: presença ou<br />
ausência de placa, presença ou ausência de sangramento<br />
gengival ou à sondagem, profundidade clínica de sondagem,<br />
recessão gengival e nível de inserção clínica. A presença de<br />
periodontite crônica foi considerada positiva quando o<br />
dente apresentasse uma perda de inserção e > 3 mm e profundidade<br />
clinica de sondagem e > 4 mm (Al-Zahrani,<br />
et al., 2003).<br />
Após as medições periodontais, verificou-se a presença<br />
ou ausência de sensibilidade pulpar (SP), com auxílio de um<br />
teste de estímulo a frio Endo Frost (Cold Spray, ROEKO, P.O.<br />
Box 1150, Langenau, Germany). Para aplicação do teste, inicialmente<br />
realizou-se isolamento relativo com rolo de algodão<br />
e secagem do elemento dental. Em seguida, utilizou-se<br />
uma pinça clínica e uma bolinha de algodão pequena, a qual<br />
foi embebida com o jato de ar frio (ativada pela pressão da<br />
válvula por aproximadamente 3 segundos) e colocada na<br />
parte central da coroa dental, no terço cervical (Donald et al,<br />
1994). Um controle positivo contra-lateral (uniradicular) foi<br />
64
R. Periodontia - 18(3):63-68<br />
Tabela 1<br />
FREQÜÊNCIA DA RESPOSTA PULPAR AO ESTÍMULO DE ACORDO COM O GRAU DE PERDA ÓSSEA RADIOGRÁFICA<br />
(LEVE: 3 A 4 MM; MODERADA: 5 A 6 MM; SEVERA: >6MM)<br />
Perda Óssea N o de dentes com N o de dentes com<br />
Radiográfica sensibilidade positiva (%) sensibilidade negativa (%)<br />
Leve 10 (100%) 0 (0%)<br />
Moderada 26 (100%) 0 (0%)<br />
Severa 32 (52%) 30 (48%)<br />
Teste Qui-quadrado com X 2 = 25,104; 2 graus de liberdade; p < 0,0001.<br />
considerado para avaliar a sensibilidade do paciente ao estímulo.<br />
Caso o dente contra-lateral não respondesse ao estímulo,<br />
um outro dente vizinho era testado.<br />
Para a avaliação do grau de perda óssea periodontal (PO),<br />
realizou-se tomadas radiográficas dos dentes selecionados,<br />
utilizando-se filmes Ekta-speed (Kodak®, São Paulo, Brasil)<br />
com exposição de 0,4 segundos, com a técnica do<br />
paralelismo com posicionadores (Jon®, São Paulo, Brasil). A<br />
medida da extensão da perda óssea foi realizada com um<br />
paquímetro de precisão em negatoscópio adequado, medindo-se<br />
da junção cemento-esmalte (JCE) até o ponto mais<br />
apical da crista óssea alveolar (COA), considerada pela maior<br />
perda óssea proximal do dente avaliado.<br />
Essas medições foram feitas em negastoscópio, sobre o<br />
qual foi acomodada uma máscara escura que eliminasse a<br />
passagem de luz ao redor da radiografia, em um local com a<br />
mínima luminosidade possível. Para as mensurações<br />
radiográficas, as películas foram codificadas e analisadas por<br />
um único examinador. A codificação das radiografias foi adotada,<br />
no intuito de cegar o examinador em relação ao paciente<br />
examinado, sendo que eram realizadas no máximo 15<br />
mensurações por dia, para que não houvessem vieses decorrentes<br />
de cansaço visual e/ou mental. Sob boa visualização<br />
da crista óssea alveolar e identificação da junção cemento/<br />
esmalte, a perda óssea foi registrada como existente quando<br />
a distância JCE/COA era > 2 mm e classificada nos seguintes<br />
graus: Leve = de 3 até 4 mm; Moderada = de 5 a 6<br />
mm; Severa = > que 6 mm.<br />
Para a verificação da relação entre perda óssea<br />
periodontal radiográfica (PO) e a sensibilidade pulpar (SP),<br />
realizou-se análise estatística com o programa BioEstat 5.0<br />
pelo teste de Qui-quadrado (x 2 ), considerando α=0,05.<br />
RESULTADOS<br />
Em relação à PO, verificou-se SP positiva respectivamente<br />
em 100% das leves e moderadas e 52% dos casos severos,<br />
enquanto a SP negativa foi determinada em 48% dos casos<br />
severos (Tabela 1). Ao nível de significância de 5%, e com 2<br />
graus de liberdade, o valor crítico de x 2 foi de 5,99. O valor<br />
calculado neste estudo foi de X 2 = 25,104, sendo assim,<br />
significante. A resposta ao teste de sensibilidade pulpar, portanto,<br />
foi dependente do grau de perda óssea.<br />
DISCUSSÃO<br />
Apesar de alguns estudos mostrarem claramente a interrelação<br />
entre polpa e periodonto (Pilatti & Toledo, 2000; Zuza<br />
et al., 2006), ainda há controvérsias em até que ponto a<br />
patologia de um tecido tem influência sobre o outro. Autores<br />
como Mazur & Massler (1964) relataram que a doença<br />
periodontal não exerceria influência sobre a polpa e, sugeriram<br />
que a degeneração pulpar seria decorrente de fatores<br />
sistêmicos. Entretanto, estudos histológicos (Rubach &<br />
Mitchell, 1965; Langeland et al., 1974) confirmam a existência<br />
de alterações pulpares na presença de doença periodontal.<br />
A possibilidade de que uma alteração periodontal influencie<br />
a polpa não é tão evidente quanto à influência da polpa<br />
sobre as estruturas periodontais, porém considera-se que<br />
se a polpa sofrer estímulos de baixa intensidade freqüentes<br />
e de longa duração, apresentaria reação de caráter crônicodegenerativo<br />
lento e assintomático, com conseqüente<br />
necrose pulpar (Bombana, 2003). Este estímulo poderia ser<br />
o da presença da doença periodontal, devido ao seu caráter<br />
crônico acumulativo.<br />
Este fato foi verificado em nosso estudo, já que se observou<br />
que a PO severa esteve estatisticamente relacionada<br />
à resposta pulpar negativa ao estímulo. Estes achados sugerem<br />
que a sensibilidade pulpar depende do grau de severidade<br />
da doença periodontal ativa, com reabsorção óssea<br />
progressiva, concordando com Cardon et al. (2007), que<br />
encontraram uma correlação negativa estatisticamente<br />
significante entre a perda de inserção e a sensibilidade pulpar.<br />
Para se determinar a influência da doença periodontal<br />
sobre a polpa, desconsiderou-se fatores de confusão, tais<br />
como, trauma oclusal, dentes cariados, com presença de<br />
restaurações e/ou coroas protéticas. Outro fator importante<br />
para a veracidade dos resultados foi a inclusão apenas de<br />
dentes uniradiculares, descartando-se a possibilidade de falsos<br />
positivos que poderiam ocorrer em elementos<br />
65
R. Periodontia - 18(3):63-68<br />
multiradiculares (Donald et al.,1994; Zehnder et al., 2002).<br />
Para a verificação da sensibilidade pulpar, optou-se pela aplicação<br />
de um estímulo térmico a frio, que de acordo com<br />
Zehnder et al. (2002) possibilita um diagnóstico confiável,<br />
permitindo que uma reação negativa represente uma polpa<br />
necrótica em 90% dos casos, com poucos falso-negativos,<br />
embora não se exclua a possibilidade de respostas falso-positivas<br />
(Hirsch et al.,1989).<br />
A perda óssea periodontal radiográfica (PO) foi julgada<br />
leve a partir de 3 mm, já que a distância entre a Junção<br />
Cemento-Esmalte (JCE) e a Crista Óssea Alveolar (COA) é<br />
considerada normal até 2 mm (Gjermo et al., 1984; Aass et<br />
al., 1994, Barroso et al, 2000). Não foram verificadas situações<br />
de necrose pulpar (sensibilidade negativa) nos casos de<br />
perda óssea leve ou moderada, mas em 30 dentes estiveram<br />
relacionadas à perda óssea severa (48%), com envolvimento<br />
mais próximo da região apical, o que está de acordo com o<br />
estudo de Langeland et al. (1974) e de Aguiar (1999). A<br />
relação entre a patologia periodontal avançada e o comprometimento<br />
pulpar também foi motivo do estudo de Becerra<br />
et al. (1993). Neste estudo avaliou-se o estado pulpar pelo<br />
teste de sensibilidade, em dentes com periodontite avançada,<br />
e verificou-se uma resposta negativa ao estímulo em<br />
46,15% dos casos, porcentagem próxima aos nossos achados<br />
(48%).<br />
Jansson et al. (1995 a,b) encontraram que os dentes<br />
uniradiculares com lesão radiolúcida periapical,<br />
correlacionavam-se significativamente a bolsas periodontais<br />
profundas e à maior perda óssea radiográfica, o que também<br />
foi confirmado em nossos resultados, pela presença significativa<br />
de sensibilidade pulpar negativa associada à PO<br />
severa. Em contrapartida, todos os dentes avaliados em nossa<br />
amostragem, com PO leves e moderadas (100%), apresentaram<br />
sensibilidade pulpar positiva.<br />
Estes resultados devem ser interpretados com cautela,<br />
pois uma resposta positiva ao frio indica que a polpa apresenta-se<br />
com vitalidade, o que não significa que se encontra<br />
em perfeitas condições de normalidade, ou seja, sem nenhum<br />
grau de inflamação pulpar. Como os pacientes foram<br />
selecionados nas clínicas de Periodontia da UNIFEB, não se<br />
observou nenhum caso de quadro pulpar agudo irreversível,<br />
porém, em alguns casos com perda óssea severa, verificouse<br />
resposta negativa ao estímulo. Em casos inflamatórios<br />
irreversíveis, um dos principais problemas no diagnóstico<br />
pulpar é identificar os dentes sintomáticos, devido ao caráter<br />
difuso da dor (Donald et al., 1994), no entanto, nenhum<br />
caso de pulpite aguda foi observado. De acordo com Rotstein<br />
& Simon (2007), a aplicação de um único teste não é suficiente<br />
para se chegar a um diagnóstico conclusivo, o que demonstra<br />
uma das limitações de nosso estudo.<br />
Assim, concordamos com Cardon et al. (2007) quando<br />
afirmam que em dentes que não apresentam outras razões<br />
para alteração da normalidade pulpar, a associação entre a<br />
presença de condições patológicas periodontais e pulpares<br />
deve ser considerada. A escassez de evidências científicas<br />
recentes que analisem os diferentes aspectos da relação entre<br />
as alterações periodontais e endodônticas (Zehnder et al.,<br />
2002, Harrington et al., 2003), especialmente do grau em<br />
que a doença periodontal possa influenciar a polpa (Solomon<br />
et al., 1995), justifica a realização de pesquisas que busquem<br />
esclarecer esses aspectos.<br />
Diante de tais considerações, o conteúdo deste estudo<br />
é pertinente e, auxilia na evolução de geração de dados científicos.<br />
Sugere-se que outros estudos sejam realizados, com<br />
a associação de métodos clínicos e histológicos, no intuito<br />
de melhor esclarecer a inter-relação entre polpa e periodonto.<br />
CONCLUSÃO<br />
De acordo com a metodologia empregada e os limites<br />
do estudo, pode-se concluir que, houve uma dependência<br />
entre o grau de perda óssea periodontal e a resposta pulpar<br />
ao teste de sensibilidade.<br />
ABSTRACT<br />
The aim of the present study was to analyze the<br />
interrelation between pulp and periodontium, by evaluating<br />
the clinical pulp sensitivity, in teeth with different degrees of<br />
periodontal bone loss. For this study, 98 single-rooted teeth<br />
were included, with no signs of caries, attrition, erosion,<br />
restoration, nor report of previous periodontal treatment, but<br />
with signs of chronic periodontitis. The following parameters<br />
were evaluated: periodontal bone loss (PBL) and pulp<br />
sensibility (PS). PBL was recorded if the distance between the<br />
crestal bone and cemento-enamel junction were > 2 mm,<br />
and then classified in light (3 to 4 mm), moderate (5 to 6<br />
mm), and severe (> 6 mm). PS was evaluated after a cold<br />
stimulus, considering a contralateral tooth as positive control.<br />
Data was analyzed by Chi squared test (X 2 ). PS was positive<br />
in 100% of sites with light and moderate PBL. On the other<br />
hand, PS was negative in 48% of sites with severe PBL. The<br />
X 2 value (25, 104) was significant because p
R. Periodontia - 18(3):63-68<br />
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Endereço para correspondência:<br />
Elizangela Partata Zuza<br />
Rua Anselmo Marques Rodrigues, 801 - casa 303 (Condomínio Jatobá)<br />
Jd. Manoel Penna<br />
CEP:14098-322 - Ribeirão Preto - SP<br />
Tels.: (16) 3961-1400 / 9994-9868<br />
E-mail: elizangelazuza@yahoo.com.br<br />
68
R. Periodontia - Setembro 2008 - Volume 18 - Número 03<br />
REDUÇÃO DOS NÍVEIS DE IL-18 NO FLUIDO GENGIVAL<br />
APÓS TRATAMENTO PERIODONTAL NÃO-CIRÚRGICO<br />
Reduction of IL-18 levels in the crevicular gingival fluid after non surgical periodontal treatment<br />
Bernardo Oliveira de Campos, Marília da silva Bittencourt, Ricardo Guimarães Fischer & Carlos Marcelo da Silva Figueredo<br />
RESUMO<br />
O objetivo desse estudo foi avaliar o efeito do tratamento<br />
não-cirúrgico sobre os níveis da IL-18 em sítios inflamados<br />
de pacientes com doença periodontal. Foram avaliados<br />
14 pacientes com doença periodontal, sendo 9 pacientes<br />
com periodontite crônica generalizada (média 48,8<br />
± 7,4 anos) e 5 pacientes com gengivite (43,6 ± 11,8 anos).<br />
Os sítios coletados foram divididos em: sítios com gengivite<br />
(GP) e sítios com periodontite (PP) em pacientes com<br />
periodontite, e sítios com gengivite em pacientes com<br />
gengivite apenas (GG). Os pacientes foram avaliados no<br />
dia 0, receberam tratamento periodontal não-cirúrgico, e<br />
foram novamente avaliados 30 dias depois. Os parâmetros<br />
clínicos utilizados no dia 0 e dia 30 foram: Índice de Placa<br />
(IP), Índice gengival (IG), Índice de placa visível (IPV),<br />
sangramento gengival a sondagem (SGS), profundidade de<br />
bolsa a sondagem (PBS) e nível de inserção (NI). Foram realizadas<br />
coletas de fluido gengival em 5 sítios GP, 5 sítios PP<br />
e em 5 sítios GG por paciente no dia 0 e dia 30. Nos pacientes<br />
com periodontite, o IPV reduziu significantemente<br />
de 33,7% para 10,7%, e o número de sitios com PBS >4<br />
mm reduziu significantemente de 81,7% para 53,4%.<br />
Quando todos os sítios (GG, GP, PP) foram analisados juntos,<br />
houve uma redução significante para os níveis de IL-<br />
18, IP, IG e PBS no dia 30. Sendo assim, podemos concluir<br />
que houve uma redução significante dos níveis de IL-18<br />
nos sítios inflamados de pacientes com doença periodontal<br />
após a terapia periodontal não-cirúrgica, acompanhado por<br />
uma melhora significante nos parâmetros clínicos<br />
periodontais.<br />
UNITERMOS: Periodontite; interleuquina-18; tratamento<br />
periodontal. R Periodontia 2008; 18:69-76.<br />
Departamento de Periodontia, Faculdade de Odontologia da UERJ<br />
Recebimento: 13/05/08 - Correção: 27/07/08 - Aceite: 01/08/08<br />
INTRODUÇÃO<br />
A periodontite é uma doença inflamatória crônica<br />
induzida por bactérias localizadas na placa. O<br />
acúmulo de placa no sulco gengival leva a um aumento<br />
da reação inflamatória, que pode se restringir<br />
aos tecidos gengivais ou progredir e levar a uma degradação<br />
de fibras conjuntivas, migração apical do<br />
epitélio juncional e reabsorção óssea. Esse estágio<br />
pode ser considerado como a fronteira entre a<br />
gengivite e a periodontite. Tem sido sugerido que a<br />
progressão de doença é o resultado da combinação<br />
de alguns fatores, incluindo a presença de<br />
periodontopatógenos, fatores genéticos<br />
(Michalowvicz, 1994), ambientais, como o fumo<br />
(Harber, 1994), sistêmicos, como a diabetes (Salvi et<br />
al, 1997) e altos níveis de citoquinas pró-inflamatórias<br />
(Gemmell & Seymour , 2004).<br />
Várias citoquinas tem sido associadas à<br />
periodontite, tais como a Interleuquina 1β (IL-1β)<br />
(Figueredo et al, 1999), fator de necrose tumoral (TNFα)<br />
(Graves, 1999; Engebretson et al, 2007) e mais<br />
recentemente a Interleuquina 18 (IL-18) (Orozco et<br />
al, 2006). A IL-18 é uma citoquina pró-inflamatória<br />
da família da Interleuquina 1 (IL-1) (Okamura et al,<br />
1995) produzida por macrófagos, queratinócitos,<br />
células epiteliais, células intestinais, células<br />
69
R. Periodontia - 18(3):69-76<br />
dendríticas, osteoblastos e células do córtex adrenal (Dinarello<br />
et al, 1999; Gracie, 1999; Dinarello & Fantuzzi, 2003). A IL-<br />
18, juntamente com a interleuquina – 12 (IL-12), estimula a<br />
resposta imune Th1, que tem um papel importante na defesa<br />
do hospedeiro contra infecções através da indução de<br />
INF-α (Nakanishi et al, 2001). Porém, outros estudos mostram<br />
que na ausência da IL-12, a IL-18 tem a capacidade de<br />
estimular citoquinas tipo Th2 (IL-4 e IL-13) (Delaleu et al,<br />
2004), como pode ser observado em reações alérgicas<br />
(Yoshimoto et al., 1999; Nakanishi et al., 2001).<br />
A presença dessa citoquina parece ser um fator importante<br />
na manutenção da inflamação crônica em regiões fora<br />
da cavidade oral, como em reações alérgicas, artrite e em<br />
doenças inflamatórias intestinais. IL-18 pode ser um fator de<br />
progressão da inflamação, pois possui propriedades<br />
quimiotáticas, pró-inflamatórias e angiogênicas. IL-18 aumenta<br />
a concentração de moléculas de adesão, mediadores inflamatórios<br />
(como o óxido nítrico) e é capaz de ativar<br />
neutrófilos, ampliando funções como a degranulação e o<br />
pico respiratório, contribuindo para a degradação tecidual<br />
(Leung et al., 2001).<br />
Johnson & Serio (2005) foram um dos primeiros a associar<br />
a IL-18 com o grau de destruição periodontal. Eles analisaram<br />
a concentração da IL-18 em gengivas com e sem<br />
inflamação através de biópsia tecidual e observaram que a<br />
IL-18 estava aumentada em regiões de bolsas com profundidade<br />
>6 mm quando comparadas a sítios saudáveis.<br />
Orozco et al., (2006) mostraram que a concentração de IL-<br />
18 era maior em pacientes com periodontite do que nos<br />
pacientes com gengivite. Figueredo et al, (in press), através<br />
da coleta do fluido gengival, demonstraram que os níveis de<br />
IL-18 eram maiores nos pacientes com periodontite, quando<br />
comparados à pacientes com gengivite. Com alguns estudos<br />
demonstrando que a concentração e o nível de IL-18<br />
são mais elevados em pacientes com periodontite, seria interessante<br />
analisar o efeito da terapia periodontal sobre essa<br />
citoquina.<br />
A terapia periodontal não cirúrgica tem se demonstrado<br />
eficaz em reduzir profundidade de bolsa, nível de placa,<br />
sangramento à sondagem e aumentar o ganho de inserção<br />
clínica (Badersten et al., 1984; Al-Shammari et al., 2001;<br />
Claffey et al., 2004). Porém, sabe-se que nem todos os pacientes<br />
(ou sítios) respondem da mesma forma ao tratamento<br />
periodontal (Drisko, 2001). É possível que tal fato possa estar<br />
relacionado a alterações nos níveis locais de algumas<br />
citoquinas pró-inflamatórias. Alguns estudos têm demonstrado<br />
que o tratamento periodontal é eficaz em reduzir os<br />
níveis e a concentração de algumas citoquinas pró-inflamatórias,<br />
tanto no plasma (Iwamoto et al., 2001; Iwamoto et<br />
al., 2003) quanto no fluido gengival (Gamonal et al., 2000;<br />
Goutoudi et al., 2004).<br />
Sendo assim, o objetivo desse estudo foi avaliar o efeito<br />
do tratamento periodontal não-cirúrgico sobre os níveis da<br />
IL-18 em sítios inflamados de pacientes com doença<br />
periodontal.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
Participantes<br />
Foram tratados 14 pacientes, sendo 9 com periodontite<br />
crônica generalizada (idade média 48,8, DP ± 7,4 anos) e 5<br />
com gengivite associada a placa (idade média: 43,6 DP ±<br />
11,8), de ambos os sexos (12 mulheres e 2 homens), classificados<br />
de acordo com a Academia Americana de<br />
Periodontologia 1999 (AAP).<br />
Os pacientes foram tratados na Faculdade de Odontologia<br />
do Estado do Rio de Janeiro (FO-UERJ) e no Instituto<br />
de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio<br />
de Janeiro (IOPUC). Nenhum paciente apresentava patologia<br />
sistêmica relatada e não haviam utilizado antibióticos e/<br />
ou antiinflamatórios nos seis meses anteriores ao início do<br />
estudo. As pacientes que participaram do estudo não estavam<br />
grávidas ou eram lactantes. Os pacientes com<br />
periodontite deveriam possuir no mínimo 20 dentes e pelo<br />
menos 36 sítios com perda de inserção igual ou superior a 4<br />
mm, evidência radiográfica de perda óssea vertical e horizontal<br />
em múltiplos sítios e inflamação generalizada. Os<br />
pacientes com gengivite não deveriam apresentar sinais clínicos<br />
de perda de inserção periodontal e sinais radiográficos<br />
de perda óssea. Pacientes com recessões gengivais na face<br />
vestibular sem a presença de placa, foram incluídos desde<br />
que não extrapolasse 2 mm. Todos relataram ainda não terem<br />
sido submetidos a tratamento periodontal prévio. O<br />
objetivo do estudo foi explicado e um termo de consentimento<br />
foi assinado por todos. O protocolo deste estudo<br />
(1006-CEP/ HUPE) foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa<br />
do Hospital Pedro Ernesto.<br />
Parâmetros clínicos utilizados<br />
Para caracterização dos pacientes, os exames clínicos<br />
incluíram: (1) Índice de Placa Visível (IPV); presença ou ausência<br />
(Ainamo & Bay, 1975); (2) Sangramento Gengival a<br />
Sondagem (SGS): presença ou ausência de sangramento; (3)<br />
Medida de Profundidade de Bolsa a Sondagem (PBS), caracterizada<br />
pela distância da margem gengival até o fundo da<br />
bolsa ou sulco; (4) Medida do Nível de Inserção a Sondagem<br />
(NI); caracterizada pela distância da junção amelo-cementária<br />
até o fundo da bolsa ou sulco.<br />
Para a caracterização dos sítios coletados, os exames clí-<br />
70
R. Periodontia - 18(3):69-76<br />
nicos incluíram: (1) Índice de Placa (IP) de Silness & Löe (1964);<br />
(2) Índice Gengival (IG) de Löe (1967); (3) Medida de Profundidade<br />
de Bolsa a Sondagem (PBS), caracterizada pela distância<br />
da margem gengival até o fundo da bolsa ou sulco;<br />
(4) Medida do Nível de Inserção a Sondagem (NI), caracterizadas<br />
pela distância da junção amelo-cementária até o fundo<br />
da bolsa ou sulco.<br />
Todas as medidas de PBS e NI foram determinadas com<br />
o mesmo tipo de sonda periodontal manual, do tipo Williams<br />
da marca HU-Friedy ® (Pepis, Chicago, EUA). Tais medidas<br />
foram realizadas em seis pontos (mesio-vestibular, bucal, disto-vestibular,<br />
mesio-lingual/palatino, lingual/palatino e disto-lingual/palatino)<br />
de todos os dentes presentes. Para o<br />
monitoramento longitudinal dos pacientes, foram confeccionadas<br />
moldeiras individuais de acetato (placas de 1,0mm,<br />
BIOART ® ) que foram marcadas com o objetivo de padronizar<br />
os locais de sondagem para reavaliações futuras. O exame<br />
periodontal foi realizado por um examinador treinado.<br />
Sítios Selecionados para Coleta de Fluido<br />
Gengivite<br />
Para cada paciente foram coletadas amostras de 5 sítios<br />
sem perda de inserção e com profundidade de bolsa menor<br />
ou igual a 3 mm (GG). As amostras foram colocadas em um<br />
único Eppendorf.<br />
Periodontite<br />
Foram selecionados 10 sítios por paciente, sendo 5 sítios<br />
com gengivite no paciente com periodontite (GP) e 5 sítios<br />
com periodontite no paciente com periodontite (PP). Os<br />
sítios PP apresentavam níveis de inserção (NI) e profundidades<br />
de bolsa (PB) maior ou igual a 5 mm. Essas amostras<br />
coletadas foram separadas em dois Eppendorf por paciente<br />
(um com as 5 amostras dos sítios GP e o outro com as 5<br />
amostras dos sítios PP). Foram selecionados os sítios com<br />
maior perda de inserção e maior profundidade de bolsa em<br />
cada paciente.<br />
Dados Relativos à Coleta<br />
Os sítios selecionados eram isolados com rolete de algodão,<br />
a placa supragengival era removida quando necessário,<br />
e a região era secada com jato de ar. Aguardava-se 30<br />
segundos para que houvesse afluxo de fluido gengival. Amostras<br />
do sítio avaliado foram coletadas por um aparelho denominado<br />
de Fill-Master ® tipo 251 (Delta Scientific medical,<br />
Dinamarca) para liberação controlada de solução salina<br />
tamponada, conectada a unidade suctora. O cabo coletor<br />
era gentilmente aproximado da margem gengival. O sulco<br />
ou bolsa era lavado gentilmente através de liberação lenta<br />
de 0,5 ml de solução salina tamponada (pH 7.4) que era,<br />
simultaneamente, drenada através do cabo coletor para dentro<br />
do tubo de Eppendorf. Após a coleta, o tubo era preenchido<br />
até 1,0 ml com a solução salina tamponada. Em um<br />
intervalo máximo de 30 minutos, o tubo de Eppendorf era<br />
centrifugado durante 5 minutos a 3000 rpm. O sobrenadante<br />
era transferido para um novo tubo de Eppendorf e transportado<br />
para um freezer com temperatura de -20° C, sendo<br />
estocado até o momento da análise. Após o término das<br />
coletas, o material foi embarcado sob condições adequadas<br />
para o Instituto Karolinska em Estocolmo, Suécia, onde foram<br />
feitas as análises bioquímicas. As coletas foram feitas<br />
antes e após o tratamento periodontal.<br />
A IL-18 foi medida através de um Kit comercialmente<br />
disponível para ELISA (IL-18, MBL, Nagoya, Japão), seguindo<br />
as instruções do fabricante. Os dados para IL-18 foram<br />
expressos em quantidade total por sítio (pg/sítio).<br />
Tratamento Periodontal<br />
Todos os pacientes foram submetidos a tratamento<br />
periodontal não-cirúrgico que consistiu de instrução de higiene<br />
oral e controle de placa, raspagem supragengival, polimento<br />
coronário para todos os sítios, e raspagem subgengival<br />
seguida de alisamento radicular nos sítios com periodontite.<br />
A raspagem supragengival foi realizada através de instrumentos<br />
manuais, como curetas do tipo McCall Trinity ® (Jaraguá,<br />
São Paulo, Brasil), Hu-Friedy ® (Pepis, Chicago, EUA) e instrumento<br />
ultra-sônico (Bob Cat®, Dentsply Rio de Janeiro, Brasil),<br />
enquanto que a raspagem subgengival e o alisamento<br />
radicular foram feitos somente através de instrumentos manuais,<br />
como curetas do tipo Gracey e McCall Trinity ® (Jaraguá,<br />
São Paulo, Brasil) e Hu-Friedy® (Pepis, Chicago, EUA), e limas<br />
de Hirschfeld Trinity ® (Jaraguá, São Paulo, Brasil). A<br />
afiação do instrumental era feita antes das raspagens e durante<br />
o procedimento, sempre que necessário. Todo o tratamento<br />
foi realizado por um único operador. Dois pacientes<br />
não retornaram para a consulta de reavaliação no dia 30.<br />
Os pacientes com periodontite foram tratados em 2 consultas<br />
de 40 minutos com intervalo de uma semana. Os<br />
pacientes com gengivite foram tratados em uma única sessão<br />
de 40 minutos.<br />
Reavaliações Clínicas<br />
Consulta para reavaliação foi feita 30 dias após o término<br />
do tratamento. Com o auxílio de moldeiras individuais de<br />
acetato, novas medidas de PBS e NI foram realizadas. Os<br />
índices de placa (IP) e gengival (IG); e Índice de placa visível<br />
(IPV) e sangramento gengival a sondagem (SGS) também<br />
foram registrados. Raspagem supragengival, subgengival,<br />
71
R. Periodontia - 18(3):69-76<br />
Tabela 1<br />
COMPARAÇÃO DOS VALORES MÉDIOS (± DESVIO PADRÃO) PARA ÍNDICE DE PLACA VISÍVEL (IPV), SANGRAMENTO GENGIVAL A SONDAGEM (SGS), PROFUNDIDADE DE<br />
BOLSA A SONDAGEM > 4MM (PBS > 4MM) E NÍVEL DE INSERÇÃO > 4MM (NI > 4MM), NOS PACIENTES COM PERIODONTITE. DADOS INICIAIS (AT) E PÓS-TRATAMENTO (PT)<br />
Periodontite AT (n:9)<br />
Periodontite PT (n:9)<br />
N o dentes 27,1 (± 3,2) 27,8 (± 3,3)<br />
N o de sítios 162,7 (± 19,3) 167,1 (± 19,7)<br />
Idade 48,8 (± 7,4) 51,4 (± 6,1)<br />
IPV (%) 33,7 (± 15,9) 10,7 (± 11,6)*<br />
SGS (%) 49,8 (± 16,0) 32,0 (± 18,8)<br />
PBS > 4mm 81,7 (± 32,6) 53,4 (± 27,6)*<br />
NI > 4mm 99,6 (± 30,5) 91,2 (± 25,9)<br />
*diferença estatisticamente significante; P< 0.05 (Wilcoxon Signed Ranks Test)<br />
polimento coronário e reforço das medidas de higiene oral<br />
foram executados quando necessário.<br />
Análises Estatísticas<br />
Os resultados foram apresentados em média e desvio<br />
padrão. O teste de Wilcoxon foi usado para comparar valores<br />
obtidos nos diferentes exames no mesmo indivíduo. O<br />
teste de Mann Whitney U test foi utilizado para comparações<br />
entre diferentes indivíduos e para a análise dos grupos<br />
juntos. O nível de significância foi determinado em 5%<br />
(p4 mm reduziu significantemente de 81,7 (± 32,6) para 53,4<br />
(± 27,6), porém não houve melhora significante em relação<br />
ao SGS e NI (Tabela 1). Já nos pacientes com gengivite, o<br />
valor inicial de SGS 61,1% (± 17,6) reduziu para 27,7% (±<br />
12,8). O valor de IPV reduziu significantemente de 36,4% (±<br />
18,4) para 12,8% (± 7,2) e o valor de PBS=4 mm reduziu<br />
significantemente de 8,2 (± 5,4), para 5,0 (± 6,1) após o tratamento<br />
periodontal (Tabela 2).<br />
Quando os dados foram analisados por sítios coletados,<br />
houve uma redução significante do IP de 1,0 (±0,4) para 0,5<br />
(±0,2) nos sítios GG. Nos sítios GP, o IP reduziu de 1,2 (±0,3)<br />
para 0,5 (±0,3) e o IP dos sítios PP reduziu de 1,3 (±0,4)<br />
para 0,7 (±0,3). Também houve uma redução significante<br />
do IG nos sítios GG de 1,3 (±0,3) para 0,7 (±0,4). O valor<br />
inicial de PBS nos sítios GG que era de 2,4 (±0,6) reduziu<br />
significantemente para 1,9 (±0,1). PBS nos sítios PP também<br />
reduziu significantemente de 6,7 (±1,1) para 5,2 (±0,9).<br />
(Tabela 3)<br />
Quando todos os 15 sítios (GG, GP, PP) foram analisados<br />
juntos, houve uma redução significante dos níveis de IL-<br />
18 de 12,9 pg/site (±7,2) para 10,0 (±3,1) (P= 0,048). No IP<br />
de todos os sítios também houve uma redução significante<br />
de 1,2 (± 0,4) para 0,6 (± 0,3). O IG reduziu<br />
significantemente de 1,1 (± 0,4) para 0,8 (± 0,5). A PBS de<br />
todos os sítios antes do tratamento era de 4,1 (± 2,2) e reduziu<br />
significantemente para 3,2 (± 1,6) após o tratamento.<br />
(Tabela 3).<br />
DISCUSSÃO<br />
No presente estudo, é possível verificar uma diminuição<br />
significante nos níveis de IL-18 no fluido gengival após o tratamento<br />
periodontal não-cirúrgico. Esse resultado é inédito,<br />
sendo assim até o momento não é possível compará-lo a<br />
outros estudos. Com relação ao efeito do tratamento<br />
periodontal sobre outras citoquinas, Iwamoto et al, (2003)<br />
avaliaram os níveis de TNF-α no plasma de pacientes com<br />
periodontite crônica antes e após a terapia periodontal nãocirúrgica,<br />
e observaram que os níveis de TNF-α baixaram<br />
significantemente após o tratamento. Gamonal et al, (2000)<br />
avaliaram a presença de IL-1β e IL-8 no fluido gengival antes<br />
e após o tratamento periodontal, e mostraram que o tratamento<br />
reduziu o grau de inflamação e o total dessas<br />
citoquinas presentes no fluido. Resultados semelhantes foram<br />
obtidos por Goutoudi et al., (2004), que observaram<br />
uma diminuição da quantidade total da IL-1β após a terapia<br />
periodontal.<br />
Tem-se buscado uma possível relação entre as citoquinas<br />
72
R. Periodontia - 18(3):69-76<br />
Tabela 2<br />
COMPARAÇÃO DOS VALORES MÉDIOS (± DESVIO PADRÃO) PARA ÍNDICE DE PLACA VISÍVEL (IPV), SANGRAMENTO GENGIVAL A SONDAGEM (SGS), PROFUNDIDADE DE<br />
BOLSA A SONDAGEM (PBS) E NÍVEL DE INSERÇÃO (NI), NOS PACIENTES COM GENGIVITE. DADOS INICIAIS (AT) E PÓS-TRATAMENTO (PT)<br />
Gengivite AT (n:5)<br />
Gengivite PT (n:5)<br />
N o dentes 27,4 (±3,2) 27,2 (±3,4)<br />
N o de sítios 163,2 (±20,5) 162,0(±22,0)<br />
Idade 43,6 (±11,8) 43,6(±11,8)<br />
IPV (%) 36,4 (± 18,4) 12,8(±7,2)*<br />
SGS (%) 61,1 (± 17,6) 27,7(± 12,8) *<br />
PBS 1 – 3 mm 155,0 (±21,0) 157,4(± 20,2)<br />
PBS e” 4 mm 8,2 (± 5,4) 5,0 (± 6,1) *<br />
NI 0 mm 157,8 (±19,7) 157,0 (±20,3 )<br />
NI e”1 mm 5,4 (±3,5) 5,0 (± 4,9)<br />
*diferença estatisticamente significante; P< 0.05 (Wilcoxon Signed Ranks Test)<br />
pró-inflamatórias e o mecanismo que envolve o processo de<br />
injúria tecidual e conseqüentemente, a perda de inserção<br />
periodontal. A relação entre a IL-1β e a periodontite tem sido<br />
reportada (Figueredo et al., 1999; Graves, 1999) mostrando<br />
que a IL-1β possa funcionar como fator modificador da<br />
gengivite para a periodontite, principalmente por ser uma<br />
citoquina pré-estimuladora de neutrófilos. Leung et al., (2001)<br />
mostraram que a IL-18 tem um papel importante na<br />
estimulação dos neutrófilos, e isso poderia aumentar a produção<br />
de IL-1β (Jablonska et al., 2001). Essa relação sugere<br />
a necessidade de comparação de sítios com diferentes extensões<br />
de doença dentro do mesmo paciente.<br />
Nesse estudo, foi observado que os níveis de IL-18 nos<br />
sítios GG e PP eram bem semelhantes tanto antes quanto<br />
após o tratamento, o que diferencia dos resultados obtidos<br />
por Figueredo et al., (in press), onde os níveis de IL-18 apresentavam<br />
mais elevados nos sítios mais profundos dos pacientes<br />
com periodontite (PP), do que nos sítios com gengivite<br />
em pacientes com periodontite (GP) e que nos sítios dos<br />
pacientes com gengivite (GG). Johnson & Serio (2005), mos-<br />
Tabela 3<br />
VALORES MÉDIOS (±DP) DOS SÍTIOS COLETADOS PARA ÍNDICE DE PLACA (IP), ÍNDICE GENGIVAL (IG), PROFUNDIDADE DE BOLSA A<br />
SONDAGEM (PBS) EM MILÍMETROS (MM), NÍVEL DE INSERÇÃO (NI) EM MM E NÍVEL DE IL-18 EM PICOGRAMAS POR SÍTIO (PG/SÍTIO)<br />
Antes do tratamento<br />
Após o tratamento<br />
GG (= 5) GP (n=9) PP (n= 9) GG (n=5) GP (n= 9) PP (n= 9)<br />
IP 1,0 (±0,4) 1,2 (±0,3) 1,3 (±0,4) 0,5 (±0,2) # 0,5 (±0,3) # 0,7 (±0,3) #<br />
IP todos os sítios 1.2 (± 0.4) 0.6 (± 0.3) #<br />
IG 1,3 (±0,3) 1,1 (±0,4) 1,0(±0,4) 0,7 (±0,4) # 0,8 (±0,6) 0,8 (±0,5)<br />
IG todos os sítios 1.1 (± 0.4) 0.8 (± 0.5) #<br />
PBS (mm) 2,4 (±0,6) 2,7 (±0,6) 6,7 (±1,1) Ó § 1,9 (±0,1) # 2,3 (±0,4) 5,2 (±0,9) # Ó §<br />
PBS todos os sítios 4.1 (± 2.2) 3.2 (± 1.6) #<br />
NI (mm) 0,5 (±1,0) 1,1 (±0,8) 7,8 (±1,5) Ó § 0,6(±1,0) 1,3(±0,9) 7,2 (±1,3) Ó §<br />
NI todos os sítios 3.5 (± 3.6) 3.1 (± 3.2)<br />
IL-18 (pg/sítio) 15,0 (±8,3) 9,3 (±3.4) 15.3 (±8.4) 11.5 (±2.1) 8.0 (±3.1) 11.0 (±3.0)<br />
IL-18 todos os sítios 12,9 (±7,2) 10.0 (±3.1) #<br />
# diferença estatisticamente significante antes e após o tratamento (Mann Whitney U test e Wilcoxon Signed Ranks Test)<br />
§ diferença estatisticamente significante entre GP e PP (Wilcoxon Signed Ranks Test)<br />
Ó diferença estatisticamente significante entre GG e PP (Mann Whitney U test)<br />
P< 0.05<br />
73
R. Periodontia - 18(3):69-76<br />
traram que a concentração de IL-18 era maior em sítios<br />
com profundidade de 3 a 6 mm, quando comparados a<br />
sítios < do que 3 mm, e a concentração era maior ainda em<br />
sítios com profundidade > 6 mm. Resultados semelhantes<br />
também foram relatados por Orozco et al., (2006). A<br />
razão dessa discrepância é desconhecida, porém acreditamos<br />
que diferenças nos níveis inflamatórios e um número<br />
de amostras reduzido possam ter influenciado os nossos<br />
resultados.<br />
Nós observamos clinicamente uma melhora significante<br />
nos valores do índice de placa e profundidade de bolsa a<br />
sondagem após o tratamento periodontal não-cirúrgico nos<br />
pacientes com periodontite. Resultados semelhantes foram<br />
obtidos por Garrett (1983) e Badersten et al., (1984).<br />
Badersten et al., (1984) mostraram que a terapia periodontal<br />
não-cirúrgica era capaz de reduzir o índice de placa e<br />
sangramento a sondagem para menos de 20% independente<br />
do valor avaliado inicialmente e que a redução da profundidade<br />
de bolsa pode ser acompanhada por uma combinação<br />
de recessão gengival e ganho de inserção clínica. Claffey<br />
et al., (2004) mostraram que bolsas iniciais de 7 mm, reduzem<br />
cerca de 2 a 3 mm, sendo de 1 a 2 mm de ganho de<br />
inserção clínica e 1 a 2 mm de recessão gengival; Bolsas de 4<br />
a 6,5 mm teria uma redução de 1 a 2 mm, sendo 1 mm de<br />
ganho de inserção e 1 mm de recessão gengival; Bolsas rasas<br />
(< 3,5 mm) não haveria nenhuma redução e ainda poderia<br />
ter uma perda de inserção de 0,5 mm. Com relação ao<br />
Índice gengival e nível de inserção, nosso estudo não mostrou<br />
melhora significante. Resultados que diferem dos achados<br />
de Al-Shammari et al., (2001) e Faria-Almeida et al., (2006),<br />
que mostraram que tanto o nível de inserção quanto o Índice<br />
de placa, profundidade de bolsa e o sangramento a sondagem<br />
melhoraram significantemente após o tratamento<br />
não-cirúrgico quando comparados ao dia 0. É possível que<br />
não tenhamos atingido diferença significante nesses itens<br />
devido ao tamanho reduzido da amostra.<br />
Sendo assim, podemos concluir que, após o tratamento<br />
periodontal não-cirúrgico, houve uma redução significante<br />
dos níveis de IL-18 nos sitios inflamados de pacientes com<br />
doença periodontal, acompanhado por uma melhora<br />
significante nos parâmetros clínicos periodontais. Torna-se<br />
necessário a realização de um trabalho utilizando um grupo<br />
de pacientes maior e um acompanhamento mais longo para<br />
confirmarmos a relevância da IL-18 na patogênese e na terapia<br />
periodontal.<br />
ABSTRACT<br />
Our aim was to evaluate the effect of non surgical periodontal<br />
treatment in the gingival crevicular fluid (GCF) levels of IL-18<br />
in inflamed sites from patients with periodontal disease.<br />
Fourteen patients with periodontal disease, 9 patient with<br />
chronic periodontitis (mean age 48,8 ± 7,4 years) and 5<br />
patients with gingivitis (mean age: 43,6 ± 11,8), were<br />
analyzed in this study. The sampled sites were divided in:<br />
gingivitis sites from periodontitis patients (GP), periodontitis<br />
sites from periodontitis patients (PP), and gingivitis sites from<br />
patients having gingivitis alone (GG). The patients were<br />
evaluated at baseline and 30 days after receiving non surgical<br />
periodontal treatment. The clinical parameters used was:<br />
Plaque Index (PI), gingival lndex (GI), visible plaque Index (VPI),<br />
bleeding on probing (BOP), pocket depth (PD) and<br />
attachment loss (AL). GCF was collected from 5 GP and 5 PP<br />
sites from each Periodontitis patients, and from 5 GG sites<br />
from gingivitis patients. In periodontitis patients, VPI reduced<br />
significantly from 33,7% to 10,7%, and the number of sites<br />
with PBS >4 mm reduced significantly from 817% to 53,4%.<br />
When all sites (GG, GP, PP) were analyzed together, there<br />
was a significant reduction in the levels of IL-18, and in the<br />
percentage of VPI, GI and PBS. Therefore, we concluded that<br />
a significant reduction of IL-18 levels can occur in inflamed<br />
sites from patients with periodontal disease. This reduction<br />
is followed by a significant improvement in the periodontal<br />
clinical parameters.<br />
UNITERMS: Periodontitis. interleukin-18. periodontal<br />
treatment.<br />
74
R. Periodontia - 18(3):69-76<br />
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Endereço para correspondência:<br />
Carlos Marcelo da Silva Figueredo, PhD<br />
Faculdade de Odontologia - Universidade do Estado do Rio de Janeiro<br />
Av. Boulevard 28 de Setembro, nº 157 – Vila Isabel<br />
CEP: 20551-030 Rio de Janeiro- RJ<br />
Tel.: (21) 2587-6313 / 9946-6114.<br />
E-mail: cmfigueredo@hotmail.com<br />
76
R. Periodontia - Setembro 2008 - Volume 18 - Número 03<br />
EFEITO DA PRÓPOLIS NO CRESCIMENTO IN VITRO DE<br />
MICRORGANISMOS ASSOCIADOS À PERIODONTITE EM<br />
PACIENTES HIV-POSITIVO<br />
Effect of propolis on in vitro growth of microrganisms associated with periodontitis in HIV positive<br />
patients<br />
Eliana Cristina Fosquiera 1 , João Paulo Steffens 1 , Stella Maria Glaci Reinke 1 , Ricélia Cecília Possagno 1 , Vitoldo Antonio<br />
Kozlowski Junior 2 , Eluise Cristina de Rezende 3, Elizabete Brasil dos Santos 4<br />
RESUMO<br />
A própolis tem demonstrado ser um bom<br />
antimicrobiano frente a diferentes microrganismos. O objetivo<br />
deste estudo foi avaliar in vitro a eficácia da própolis<br />
no controle de microrganismos que podem estar associados<br />
à periodontite em pacientes HIV-positivo. Para isto, foram<br />
utilizadas soluções de própolis marrom aquosa e alcoólica<br />
a 12%, própolis verde alcoólica a 12% e controle positivo<br />
com clorexidina 0,12%. Avaliaram-se o halo de inibição<br />
e as unidades formadoras de colônia eliminadas na presença<br />
da própolis que demonstrou resultados estatisticamente<br />
semelhantes à clorexidina sobre os microrganismos<br />
testados, sendo que a própolis verde apresentou ação<br />
antimicrobianas maior que a própolis marrom. A própolis<br />
apresentou poder antimicrobiano sobre P. aeruginosa e S.<br />
aureus semelhantes à clorexidina (p>0,05). Em relação a<br />
C. albicans, o poder antifúngico da própolis, apesar de inferior<br />
ao da clorexidina, não deve ser desconsiderado. Os<br />
dados obtidos indicam que a própolis pode ser usada como<br />
coadjuvante no controle do biofilme dental em pacientes<br />
HIV-positivo, evitando os efeitos adversos da clorexidina.<br />
UNITERMOS: Própolis, Periodontite, Infecções Oportunistas<br />
relacionadas com a AIDS. R Periodontia 2008;<br />
18:77-82.<br />
Recebimento: 06/05/08 - Correção: 22/07/08 - Aceite: 06/08/08<br />
INTRODUÇÃO<br />
O uso de produtos naturais na odontologia vem<br />
crescendo a cada ano, com resultados promissores<br />
no tratamento de diversas infecções na cavidade<br />
bucal, sendo que a Fitoterapia é a ciência que utiliza<br />
as plantas para o tratamento e prevenção de diversas<br />
doenças. É caracterizada pela utilização de plantas<br />
medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas,<br />
sem o uso de substâncias ativas isoladas. O<br />
Brasil tem uma das mais ricas biodiversidades do planeta,<br />
com milhares de espécies em sua flora, contando<br />
com mais de 55.000 espécies catalogadas. As<br />
plantas são importantes fontes de produtos naturais<br />
biologicamente ativos, muitos dos quais são princípios<br />
para síntese de um grande número de<br />
fármacos e são mundialmente empregadas na medicina<br />
popular (Marchese et al., 2004). Uma grande<br />
porcentagem da população brasileira (82%) faz uso<br />
de produtos à base de ervas. Conforme a Organização<br />
Mundial da Saúde, 80% da população mundial<br />
utiliza desta terapêutica (fitoterapia) no atendimento<br />
à saúde.<br />
Um tipo de substância natural que tem merecido<br />
destaque na pesquisa científica devido às suas<br />
propriedades benéficas à saúde é a própolis. A<br />
própolis é uma substância composta por material<br />
77
R. Periodontia - 18(3):77-82<br />
resinoso e balsâmico coletado pelas abelhas. Tem como principais<br />
componentes as ceras, sais minerais, vitamina C e, principalmente,<br />
flavonóides, responsáveis pela ação bactericida<br />
(Torres et al., 2000; Martins et al., 2002). Há variações, portanto,<br />
na sua composição, que são determinadas principalmente<br />
pela flora da área ecológica, pelos ciclos evolutivos<br />
das plantas provedoras de resinas, pelos microrganismos presentes<br />
em torno da região e fatores climatológicos. Almeida<br />
et al. (1997) verificaram em seu estudo sobre determinação<br />
de flavonóides totais em amostras de própolis, que os níveis<br />
de flavonóides presentes na própolis variam em quantidade<br />
e qualidade, devido a essa grande variabilidade nas composições<br />
da própolis. A própolis tem sido empregada na forma<br />
sólida; na forma de ungüento à base de vaselina, lanolina,<br />
manteiga, azeite de oliva, ou extrato óleo-alcoólico; na forma<br />
de extrato alcoólico; e extrato hidroalcoólico. Conforme<br />
a variação da proporção própolis/veículo, ela apresentará resultados<br />
bacteriostáticos ou bactericidas (Geraldini et al.,<br />
2000; Fernandes et al., 2006). Consequentemente, quanto<br />
mais características e composições de diferentes amostras<br />
de própolis são conhecidas, mais estudos na área da saúde<br />
são necessários para determinar sua aplicação no tratamento<br />
ou prevenção de várias doenças.<br />
Na Odontologia, diversos estudos estão sendo realizados<br />
para demonstrar a aplicação e uso da própolis em diversas<br />
áreas como Periodontia (periodontites e doenças<br />
gengivais necrosantes), Endodontia (infecções pulpares),<br />
Patologia Oral (aftas), Cariologia e Cirurgia Oral (feridas cirúrgicas<br />
pós-extrações dentárias) (Manara et al., 1999; Torres<br />
et al., 2000). As funções biológicas da própolis são bactericida,<br />
bacteriostática, antiviral, fungicida, fungistática, antiflogística,<br />
antialérgica, bioestimuladora, dermatoplástica e anestésica<br />
local. Apresenta atividade citotóxica, cicatrizante do tecido<br />
ósseo, tecido cartilaginoso, polpa dental, entre outros<br />
(Martins et al., 2002).<br />
Alguns estudos demonstraram a presença de microrganismos<br />
“superinfectantes” e oportunistas em pacientes HIV<br />
positivos (Nakou et al., 1997; Botero et al., 2007). A concordância<br />
destes estudos sobre a presença destes microrganismos<br />
pode ser explicada pela baixa imunidade destes pacientes,<br />
que permite a colonização de patógenos que normalmente<br />
não estariam associados à periodontite em pacientes<br />
sistemicamente saudáveis.<br />
As infecções fúngicas da cavidade bucal são comuns em<br />
indivíduos infectados pelo vírus do HIV, sendo a candidose a<br />
lesão mais comum. Dentre as espécies de Candida, C.<br />
albicans é a espécie mais freqüentemente isolada de<br />
candidoses bucais, entretanto outras espécies também podem<br />
ser responsáveis pelas infecções bucais em indivíduos<br />
HIV positivo ou não (Moran et al, 1997, Jabra-Rizk et al, 2000).<br />
As espécies de Candida são geralmente encontradas como<br />
microrganismos comensais normais na cavidade bucal. Porém,<br />
tendem a aumentar em qualquer circunstância onde a<br />
resistência do hospedeiro está comprometida, como no caso<br />
de pacientes HIV-positivo (Ramos et al., 1999; Wingeter et<br />
al., 2007). Alguns patógenos como Staphylococcus aureus,<br />
Candida albicans e Pseudomonas aeruginosa, mesmo raramente<br />
associados a tipos comuns de periodontites, estavam<br />
presentes em pacientes HIV-positivo com periodontite<br />
(Nakou et al., 1997; Botero et al., 2007).<br />
Estudos observaram in vitro a ação da própolis sobre S.<br />
aureus, C. albicans e P. aeruginosa verificando que ela inibe<br />
significativamente o crescimento desses microrganismos (Koo<br />
et al., 2000; Martins et al., 2002; Fernandes et al., 2006,<br />
Santos et al., 2007).<br />
Considerando-se as excelentes propriedades da própolis<br />
e tendo em vista inúmeros relatos sobre sua aplicação clínica<br />
tanto na área médica quanto odontológica, o objetivo<br />
deste estudo foi verificar, in vitro, o efeito antimicrobiano da<br />
própolis sobre S. aureus, C. albicans e P. aeruginosa, os quais<br />
podem estar associados a periodontite em pacientes HIVpositivo.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
Foram utilizadas própolis marrom extrato aquoso a 12%,<br />
manipulada na Farmácia Erva Farma (Ponta Grossa – PR),<br />
própolis marrom extrato alcoólico a 12% - Propolina® do<br />
fabricante Breyer & Cia, Extrato de própolis verde alcoólica<br />
12%® - fabricante Apis Flora. Como controle positivo utilizou-se<br />
o digluconato de clorexidina 0,12% - Periogard®<br />
(Colgate-Palmolive) e como controle negativo, solução fisiológica.<br />
Foram preparadas suspensões com microrganismos S.<br />
aureus ATCC 25923, C. albicans ATCC 10231 e P. aeruginosa<br />
ATCC 27853 padronizadas, correspondendo à escala 0,5 de<br />
McFarland. As suspensões foram semeadas em duplicata,<br />
com auxilio de swab, em ágar Müeller Hilton. As placas foram<br />
incubadas à 37ºC/10 minutos para secagem e a seguir,<br />
papéis de filtro foram embebidos com 3µL das soluções a<br />
serem testadas e depositadas sobre o ágar. As placas foram<br />
novamente incubadas a 37 o C/24hs e a seguir mediu-se o<br />
halo de inibição do crescimento microbiano quando presente,<br />
com auxílio de uma régua milimetrada e lupa<br />
estereoscópica.<br />
Para se determinar o número de unidades formadoras<br />
de colônias (ufc) eliminadas após contato com as diferentes<br />
amostras de própolis e clorexidina, 1mL da suspensão padronizada<br />
em 10 8 células/mL de S. aureus, P. aeruginosa e<br />
78
R. Periodontia - 18(3):77-82<br />
C. albicans foi pipetado em tubos de ensaio, aos quais foi<br />
adicionado 0,1mL da solução de própolis e clorexidina. Após<br />
homogeneização e descanso por 5 minutos, alíquotas de<br />
10 µL foram semeadas, em duplicata, em ágar BHI (Brain<br />
Heart Infusion agar) e as placas incubadas a 37 o C/24 h. Após<br />
incubação, determinou-se o número de colônias viáveis dos<br />
microrganismos estudados.<br />
Os resultados foram analisados estatisticamente pelos<br />
métodos ANOVA, teste de Tukey e teste t-student. Correlação<br />
de Pearson foi utilizada para verificar a associação e<br />
efeito das variáveis halo de inibição e log[ufc] dos microrganismos<br />
viáveis frente às amostras testadas ao nível de<br />
significância de 5%.<br />
RESULTADOS<br />
Os resultados das atividades antibacteriana e antifúngica<br />
in vitro dos extratos aquoso e alcoólico da própolis marrom,<br />
própolis verde alcoólica e clorexidina obtidos com a avaliação<br />
do halo de inibição estão demonstrados na tabela 1. O<br />
resultado da contagem de ufc viável dos microrganismos<br />
testados após contato com os produtos está demonstrado<br />
na tabela 2. Os testes de difusão em ágar realizados com o<br />
álcool de cereais, que constitui o veículo usado no preparo<br />
dos extratos da própolis, não apresentaram atividade<br />
antimicrobiana. A própolis verde teve a ação mais significativa<br />
sobre os microrganismos, produzindo halo de inibição<br />
maior do que do controle positivo em ambas as bactérias<br />
testadas, e foi o único tipo de própolis que teve ação sobre<br />
o crescimento fúngico.<br />
O uso da própolis se mostrou eficaz em relação à atividade<br />
antimicrobiana in vitro para P. aeruginosa, C. albicans e<br />
S. aureus. No teste de difusão em ágar, a própolis verde<br />
mostrou eficácia estatisticamente semelhante a da clorexidina<br />
frente a P. aeruginosa (p>0,05), enquanto que para a C.<br />
albicans, a clorexidina demonstrou ser mais efetiva que todas<br />
as amostras de própolis testadas sem ser estatisticamente<br />
diferente (p>0,05). Não houve diferença estatisticamente<br />
significante entre as amostras testadas frente a S. aureus<br />
(p>0,05), embora os maiores halos de inibição tenham sido<br />
observados para as amostras de própolis marrom e verde<br />
em veículo alcoólico.<br />
Quanto ao log do número de ufc viável de P. aeruginosa,<br />
após o contato com as amostras, verificou-se que apenas<br />
não houve diferença significante entre o controle positivo<br />
(clorexidina) e a solução de própolis verde extrato alcoólico<br />
(p>0,05). Para o S. aureus, todas as amostras inibiram a<br />
formação das unidades de colônias, com exceção da própolis<br />
marrom extrato aquoso não sendo, entretanto, o log[ufc]<br />
diferente do controle positivo (p>0,05). Embora a contagem<br />
observada para C. albicans tenha sido menor para a própolis<br />
verde extrato alcoólico, ela foi estatisticamente diferente da<br />
clorexidina a 0,12% (p
R. Periodontia - 18(3):77-82<br />
Tabela 1<br />
Halo de inibição a<br />
HALO DE INIBIÇÃO DE CRESCIMENTO BACTERIANO E FÚNGICO EM MM DAS DIFERENTES SOLUÇÕES FRENTE A MICRORGANISMOS<br />
FREQUENTEMENTE RELACIONADOS À PERIODONTITE EM PACIENTES HIV-POSITIVO<br />
Microrganismos Própolis marrom Própolis marrom Própolis verde Clorexidina<br />
Testados extrato aquoso extrato alcoólico extrato alcoólico 0,12%<br />
P. aeruginosa 12,50 (6,50) ns 7,50 (7,50) ns 16,00 (4,00) ns 11,50 (3,50)<br />
S. aureus 0,00 (0,00) 17,50 (2,50) ns 17,50 (2,50) ns 14,00 (4,00)<br />
C. albicans 0,00 (0,00) 0,00 (0,00) 15,50 (1,50) ns 19,50 (8,50)<br />
(p=0.045, ANOVA)<br />
a<br />
Valor em mm obtido da média de duas repetições (erro padrão da média).<br />
ns<br />
Não significante versus clorexidina 0,12%<br />
Tabela 2<br />
LOG DO NÚMERO DE UFC VIÁVEL DOS MICRORGANISMOS TESTADOS APÓS CONTATO COM OS EXTRATOS DE PRÓPOLIS<br />
Unidades formadoras de colônia viáveis a<br />
Microrganismos Própolis marrom Própolis marrom Própolis verde Clorexidina<br />
Testados extrato aquoso extrato alcoólico extrato alcoólico 0,12%<br />
P. aeruginosa 2,49 (0,05) 2,08 (0,27) 0,30 (0,30) ns 0,35 (0,35)<br />
S. aureus 0,39 (0,39) ns 0,00 (0,00) ns 0,00 (0,00) ns 0,00 (0,00)<br />
C. albicans 8,00 (0,00) 2,27 (0,02) 1,49 (0,06) 0,00 (0,00)<br />
(p
R. Periodontia - 18(3):77-82<br />
demonstrou maior sensibilidade a todas as soluções testadas<br />
(Tabela 2).<br />
Mesmo com o amplo aceite pela literatura disponível<br />
sobre as variações no potencial antimicrobiano da própolis<br />
de acordo com a região geográfica da coleta, espécie de<br />
abelha coletora ou sua forma de preparo, a formulação utilizada<br />
neste estudo demonstrou efeitos semelhantes aos<br />
achados em outros estudos. Martins et al. (2002) e Fernandes<br />
et al. (2006), também verificaram propriedades<br />
antimicrobianas da própolis. Ota et al. (1998), demonstraram<br />
sensibilidade de S. aureus à própolis alcoólica através de<br />
halo de inibição, concordando com o presente estudo. Também<br />
Endler et al. (2003) através de antibiograma com própolis<br />
alcoólica, verificou halo de inibição de crescimento bacteriano<br />
para P. aeruginosa e S. aureus, mesmo utilizando concentrações<br />
diferentes.<br />
Azevedo et al.(1999) e Kujumgiev et al.(1999), observaram<br />
potencial antifúngico da própolis frente a espécies de<br />
Candida, o que também pôde ser observado neste estudo<br />
através da diminuição no número de colônias frente a própolis<br />
em extrato alcoólico, apesar de se evidenciar através do halo<br />
de inibição importante efeito apenas para a própolis verde<br />
(Tabela 1), o que pode ter ocorrido devido ao maior contato<br />
do produto com as células fúngicas ou uma maior disponibilidade<br />
dos fitofármacos ou princípios ativos presentes neste<br />
tipo de própolis.<br />
Apesar de bem aceito que o controle negativo com solução<br />
alcoólica pura demonstra resultados muito inferiores a<br />
solução alcoólica de própolis (Santos et al., 2007), observaram-se<br />
neste estudo diferenças significativas entre extrato<br />
aquoso e alcoólico de própolis. Outros estudos devem ser<br />
realizados para se avaliar qual o real efeito do álcool sobre<br />
estes microrganismos ou sobre o extrato de própolis na<br />
metodologia utilizada.<br />
A ação antimicrobiana da própolis demonstrada neste<br />
estudo frente a microrganismos que podem estar associados<br />
a periodontite em pacientes HIV-positivo, algumas vezes<br />
comparável com a da clorexidina, pode representar uma<br />
opção de adição em dentifrícios, pastilhas ou soluções para<br />
bochechos, evitando-se os efeitos colaterais da clorexidina<br />
como manchamento dental, alteração de paladar e<br />
descamação da mucosa, podendo ser utilizada como coadjuvante<br />
no controle do biofilme dental nestes pacientes.<br />
Apesar da diferença entre o poder antimicrobiano de um<br />
produto sobre um microrganismo isolado e em biofilme, sugerem-se<br />
mais estudos para verificar se esta propriedade pode<br />
ser extrapolada para estas estruturas complexas presentes<br />
na cavidade bucal.<br />
CONCLUSÃO<br />
A própolis apresentou poder antimicrobiano sobre<br />
P. aeruginosa e S. aureus semelhantes à clorexidina<br />
(p>0,05). Em relação à C. albicans, o poder antifúngico da<br />
própolis, apesar de inferior ao da clorexidina, não deve<br />
ser desconsiderado sendo que a própolis verde apresentou<br />
ação antimicrobiana maior que a própolis marrom.<br />
Os dados obtidos indicam que a própolis pode ser usada<br />
como coadjuvante no controle do biofilme dental em<br />
pacientes HIV-positivo, evitando os efeitos adversos da<br />
clorexidina.<br />
ABSTRACT<br />
It has been demonstrated that propolis is a good<br />
antibiotic against different microorganisms. The purpose of<br />
this study was to evaluate in vitro the efficiency of propolis<br />
against microorganisms that can be related to periodontitis<br />
in HIV-positive patients. 12% alcoholic and aqueous brown<br />
propolis solutions, 12% alcoholic green propolis solution and<br />
0.12% chlorhexidine were used. The halos of microbial<br />
growth inhibition and CFU eliminated in contact with propolis<br />
were determined. The results demonstrated differences not<br />
statistically significant between propolis and the clorhexidine<br />
on the microorganisms tested. Green propolis was more<br />
effective than brown propolis. Propolis, showed an<br />
antimicrobial effect against P. aeruginosa and S. aureus similar<br />
to clorhexidine (p>0,05). In relation to C. albicans, the<br />
antifungal effect, although inferior to clorhexidine, should<br />
not disregarded. The data obtained suggest that propolis<br />
may be used as a good substitute for chlorhexidine without<br />
its adverse effects in controlling microorganisms from HIVpositive<br />
patients.<br />
UNITERMS: Propolis, Periodontitis, AIDS-Related<br />
Opportunistic Infections<br />
81
R. Periodontia - 18(3):77-82<br />
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TIE Identificação microbiológica e sensibilidade in vitro de Candida<br />
isoladas da cavidade oral de indivíduos HIV positivos. Rev Soc Bras<br />
Endereço para correspondência:<br />
Elizabete Brasil dos Santos<br />
Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG - Campus Uvaranas<br />
Av. Carlos Cavalcanti, 4748 - Departamento de Odontologia Bloco M<br />
CEP: 84030-900 - Ponta Grossa – PR – Brasil<br />
E-mail: bete.brasil@terra.com.br<br />
82
R. Periodontia - Setembro 2008 - Volume 18 - Número 03<br />
EFEITOS ANTIPLACA E ANTI-GENGIVITE ASSOCIADOS<br />
AO USO DE UM ANTI-SÉPTICO BUCAL CONTENDO<br />
ÓLEOS ESSENCIAIS NO PROTOCOLO TERAPÊUTICO<br />
“DESINFECÇÃO DE BOCA-TOTAL EM ESTÁGIO ÚNICO”<br />
Anti-plaque and anti-inflammatory effects associated with an essential-oils containing mouthrinse<br />
in the “one-stage full-mouth disinfection” therapeutic protocol<br />
Juliana Guimarães dos Santos 1 , Davi Romeiro Aquino 2 , Aline Mantovane 3 , Karina Machado 3 , José Roberto Cortelli 4 , Gilson<br />
César Nobre Franco 5 , Fernando de Oliveira Costa 6 , Sheila Cavalca Cortelli 4<br />
RESUMO<br />
Objetivos: Avaliar os efeitos antiplaca e antigengivite<br />
de um anti-séptico bucal contendo óleos essenciais no protocolo<br />
“desinfecção de boca-total em estágio único”.<br />
Metodologia: Índice de placa (IP) e Índice gengival modificado<br />
(IGM) foram mensurados pelo mesmo examinador<br />
treinado e calibrado, em todos os dentes presentes, de 50<br />
indivíduos com periodontite leve. Adicionalmente, foi obtido<br />
o nível de proteína total em amostras de saliva não estimulada.<br />
Os indivíduos foram distribuídos aleatoriamente em<br />
um dos seguintes grupos: “desinfecção de boca-total em<br />
estágio único” associada aos óleos essenciais (n = 25) ou<br />
“desinfecção de boca-total em estágio único” associada a<br />
placebo (n = 25). Após a realização dos procedimentos<br />
mecânicos os participantes realizaram bochechos duas vezes<br />
ao dia por sessenta dias consecutivos. Os parâmetros<br />
clínicos e salivares foram obtidos inicialmente (T0), aos dois<br />
(T1) e seis meses (T2). Resultados: A análise intergrupos<br />
demonstrou uma redução significativa dos parâmetros<br />
periodontais clínicos (IP e IGM) no grupo teste em relação<br />
ao placebo (ANOVA e teste t Student, p < 0,05). Além disso,<br />
o grupo teste apresentou maior redução de gengivite<br />
do que de acúmulo de placa (Mann-Whitney, p
R. Periodontia - 18(3):83-89<br />
Quadro 1<br />
PROFISSIONAL<br />
PESSOAL<br />
DESCRIÇÃO DO PROCEDIMENTO DE DESINFECÇÃO DE BOCA-TOTAL EM ESTÁGIO ÚNICO<br />
Raspagem e aplainamento radicular (dentição completa em 2 consultas consecutivas em período de<br />
24 horas, isto é, 2 manhãs consecutivas) sob anestesia local.<br />
Polimento dos quadrantes tratados com pasta abrasiva.<br />
Fricção do dorso da língua com swab de algodão estéril embebido em 0,2mL de óleos essenciais ou<br />
placebo por 1 minuto.<br />
Bochechos 2 vezes ao dia com 20mL de óleos essenciais ou placebo por 30 segundos (durante os<br />
últimos 10 segundos, o indivíduo gargarejou).<br />
Irrigação subgengival de todas as bolsas periodontais (PS=4mm), por 3 vezes consecutivas, com<br />
óleos essenciais ou placebo (5mL/irrigação/bolsa) após ambas sessões de raspagem e aplainamento<br />
radicular e no 8º dia.<br />
Instruções de higiene bucal e doação mensal de kits padronizados<br />
No período de 60 dias: bochechos caseiros 2 vezes ao dia com 20mL de óleos essenciais ou placebo<br />
durante 30 segundos.<br />
Escovação dos dentes e da língua, limpeza interproximal com fio e/ou escova interdental.<br />
se de prostaglandinas e a quimiotaxia para neutrófilos, reduzindo<br />
os sinais clínicos de inflamação (Mendes et al. 1995).<br />
E, ao contrário dos colutórios a base de clorexidina, os óleos<br />
essenciais podem ser utilizados por longos períodos de tempo,<br />
tanto em protocolos terapêuticos curativos quanto preventivos.<br />
Bauroth et al. (2003) analisaram a eficácia no uso<br />
de fita dental e bochecho contendo óleos essenciais no controle<br />
da placa e gengivite. Em função das reduções significativas<br />
observadas para ambos os parâmetros os autores sugeriram<br />
a importância do uso de bochechos contendo óleos<br />
essenciais. Sharma et al. (2008) testaram a ação de anti-sépticos<br />
bucais (extrato de Azadirachta indica, óleos essenciais,<br />
iodo povidine e clorexidina) sobre o índice gengival modificado<br />
além dos níveis de interleucina 2 e interferon gama em<br />
80 adolescentes com gengivite crônica. Os resultados demonstraram<br />
que após duas semanas de uso os óleos essenciais<br />
além de reduzirem o índice gengival modificado também<br />
acarretaram redução significativa nas citocinas pró-inflamatórias.<br />
Finalmente, Tufekci et al. (2008) testaram em<br />
estudo longitudinal (acompanhamento durante seis meses)<br />
o efeito da incorporação de bochechos contendo óleos essenciais<br />
na higiene bucal diária de cinqüenta pacientes com<br />
aparelho ortodôntico. Os pacientes foram divididos em dois<br />
grupos: escovação e uso de fio dental ou, escovação, uso<br />
do fio dental e bochechos com óleos essenciais. Inicialmente,<br />
todos os pacientes foram instruídos sobre a correta<br />
higienização dos dentes. Os resultados demonstraram que<br />
o emprego dos óleos essenciais reduziram significativamente<br />
a quantidade de placa e gengivite.<br />
Devido aos conhecimentos sobre os padrões de<br />
recolonização microbiana bem como dos efeitos dos procedimentos<br />
periodontais sobre a microbiota supra e<br />
subgengivais, foi proposto por Quirynen et al. (1995) o protocolo<br />
terapêutico - periodontal designado “desinfecção de<br />
boca-total em estágio único” no qual os procedimentos<br />
mecânicos são efetuados em intervalo de tempo reduzido<br />
em associação ao agente químico clorexidina. Todavia, a<br />
literatura é muito escassa em relação à utilização dos óleos<br />
essenciais nesse protocolo.<br />
O objetivo deste estudo foi verificar os efeitos antiplaca<br />
e antigengivite associados ao uso de um anti-séptico bucal<br />
contendo óleos essenciais no protocolo terapêutico<br />
periodontal designado “desinfecção de boca-total em estágio<br />
único”.<br />
MATERIAIS E MÉTODOS<br />
O número de participantes desse estudo clínico longitudinal<br />
duplo-cego randomizado foi determinado com base<br />
em estudo piloto (Cortelli et al., 2008). Assim, após aprovação<br />
pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo seres humanos<br />
(protocolo 328/2006) a amostra de conveniência foi<br />
composta por 50 indivíduos que se apresentaram para tratamento<br />
na Clínica de Periodontia do Departamento de<br />
Odontologia da Universidade de Taubaté, entre setembro<br />
de 2006 e fevereiro de 2007 e que atenderam aos critérios<br />
abaixo descritos.<br />
Critérios de inclusão: Os seguintes critérios de inclusão<br />
foram considerados neste estudo: gênero: feminino ou<br />
masculino; idade: entre trinta e cinqüenta anos; número<br />
mínimo de dentes: 15; gravidade da doença:<br />
periodontite crônica leve (AAP, 1999); distribuição da doença:<br />
generalizada (mais que 30% dos sítios periodontais<br />
84
R. Periodontia - 18(3):83-89<br />
Tabela 1<br />
DESCRIÇÃO DOS ESCORES QUE CARACTERIZAM O ÍNDICE GENGIVAL MODIFICADO PROPOSTO POR LOBENE ET AL. (1986)<br />
0 Ausência de inflamação;<br />
1 Inflamação leve: Ligeira mudança de cor, pequena mudança na textura sem comprometimento total da papila ou<br />
gengival marginal;<br />
2 Inflamação leve: Ligeira mudança de cor com envolvimento de toda a unidade da papila ou gengiva marginal;<br />
3 Inflamação moderada: Brilho, vermelhidão, edema, e ou hipertrofia da papila gengival marginal;<br />
4 Inflamação avançada: Vermelhidão marcante, edema e ou hipertrofia da unidade gengival marginal ou papilar<br />
com espontâneo sangramento, congestão ou ulceração.<br />
comprometidos pela doença).<br />
Critérios de exclusão: Foram excluídos pacientes que<br />
apresentassem pelo menos um dos seguintes critérios: tabagismo,<br />
etilismo; diabete melitus, imunossupressão, gestação<br />
e lactação; envolvimento de bifurcação: classes I, II ou III; dispositivos<br />
ortodônticos ou protéticos extensos, móveis ou fixos;<br />
tratamento periodontal prévio: período de 12 meses;<br />
antibióticoterapia local ou sistêmica: nos seis meses prévios<br />
ao início do estudo; uso esporádico ou freqüente de antisépticos<br />
bucais: nos seis meses que antecederam o início do<br />
estudo.<br />
Análise da atividade antiplaca e antigengivite<br />
Clínica<br />
Um único examinador cegado em relação ao grupo e<br />
previamente calibrado (K = 0,85) mensurou em seis pontos<br />
por dente (mésio-vestibular; médio-vestibular; disto-vestibular;<br />
mésio-palatino; médio-palatino e disto-palatino), em<br />
todos os dentes presentes, excetuando-se os terceiros molares,<br />
o índice de placa (Silness & Löe, 1964) e o índice gengival<br />
modificado proposto por Lobene et al. (1986) (Tabela 1).<br />
Proteína total salivar<br />
Amostras de saliva não estimulada foram coletadas entre<br />
9:00 e 11:00 da manhã para evitar efeitos do ciclo<br />
circadiano. A ingestão de alimentos líquidos ou sólidos foi<br />
suprimida nas duas horas que antecederam as coletas.<br />
Durante a coleta de saliva, realizada em ambiente calmo,<br />
ventilado e privativo, os voluntários permaneceram sentados<br />
com a cabeça ligeiramente inclinada a 45°. Inicialmente,<br />
o pesquisador instruiu cada participante a coletar a saliva<br />
não estimulada produzida no período de um minuto em um<br />
copo descartável. Essa primeira amostra foi desprezada e em<br />
seguida uma segunda amostra foi coletada em tubo de plástico<br />
tipo Falcon por um período de cinco minutos (Navazesh<br />
et al., 1992).<br />
Após intervalo de cinco minutos, os voluntários foram<br />
re-instruídos a mascar um bloco de parafilm ® por mais 5 minutos.<br />
O pesquisador solicitou então que os indivíduos expelissem<br />
a saliva produzida a cada minuto. O fluido acumulado<br />
nos dois primeiros minutos foi desprezado e a análise<br />
então realizada com o volume adicional produzido nos três<br />
minutos subseqüentes (Navazesh et al., 1992). Anteriormente<br />
à análise as amostras de saliva foram centrifugadas a<br />
12.000rpm por 5 min. e o sobrenadante coletado e utilizado<br />
nas análises subseqüentes.<br />
A quantificação de proteína total foi realizada pelo método<br />
do biureto com auxílio de kit específico (Gold Analisa<br />
Diagnóstica, MG - Brazil). O método se baseia na reação<br />
entre as pontes peptídicas da proteína e Cu 2+ para produzir<br />
um complexo azul violáceo. A absorbância foi lida em<br />
espectofotomêtro em comprimento de onda de 540 nm.<br />
Terapia periodontal<br />
Os pacientes foram distribuídos de forma aleatória em<br />
um dos seguintes grupos experimentais: Listerine ® cool mint<br />
ou placebo. A desinfecção de boca-total em estágio único<br />
foi conduzida conforme descrito no quadro 1. Mensalmente<br />
cada participante recebeu instrução de higiene bucal e um<br />
kit para controle mecânico do biofilme supragengival contendo<br />
um tubo de dentifrício fluoretado (Colgate tripla ação),<br />
uma escova de dentes multitufos com cabeça pequena e<br />
cerdas macias (Johnson & Johson – Reach – profesional<br />
extreme 30) e um rolo pequeno de fio dental (Johnson &<br />
Johnson – Reach – expansion plus).<br />
Com a finalidade de contribuir para o cegamento dos<br />
participantes, tanto os óleos essenciais como a solução<br />
placebo, foram dispensados em frascos plásticos idênticos<br />
com o volume suficiente para uma semana. Após esse período,<br />
cada participante recebeu um novo frasco contendo o<br />
mesmo volume anterior. Além disso, todos os participantes<br />
receberam copos plásticos com uma marca indicando o volume<br />
de 20mL. O primeiro bochecho foi realizado no próprio<br />
local do estudo de forma supervisionada.<br />
A solução placebo (solução de sorbitol 15%; álcool<br />
21,6%; sacarina sódica 0,05%; ácido benzóico 0,1%; essên-<br />
85
R. Periodontia - 18(3):83-89<br />
Tabela 2<br />
COMPARAÇÃO DOS INDICADORES INFLAMATÓRIOS ENTRE OS GRUPOS TESTE E CONTROLE CONSIDERANDO-SE OS TEMPOS EXPERIMENTAIS<br />
Tempo Indicador Média ± DP Pré-tratamento (T0) 2 meses (T1) 6 meses (T2)<br />
IPl Teste 2,11 ± 0,61A a 0,48 ± 0,41B a 0,52 ± 0,43B a<br />
Controle 2,12 ± 0,63A a 1,23 ± 0,68B b 1,3 ± 0,66B b<br />
IGM Teste 2,74 ± 0,23 A a 0,47 ± 0,36 B a 0,56 ± 0,39B a<br />
Controle 2,52 ± 0,55 A a 1,39 ± 0,62B b 1,48 ± 0,66 B b<br />
ProteínaTotal Teste 97,07±142,36 A 758,22 ± 241,22 A 629,95 ±132,17 B<br />
Controle 679,77 ± 130,34B 981,86 ± 241,06A 654,31 ± 116,80B<br />
IPl - índice de placa; IGM - índice gengival modificado; DP - desvio padrão<br />
Teste - desinfecção de boca-total em estágio único (Listerine(r) cool mint)<br />
Controle - desinfecção de boca-total em estágio único (Placebo)<br />
Análise intra-grupo revelarou diferenças estatisticamente significativas entre os tempos experimentais (letras maiúsculas diferentes em uma mesma linha) [(ANOVA e teste t-Student - dados clínicos)<br />
(Kruskal Wallis - dados salivares)]<br />
Análise intergrupos, em cada tempo experimental, revelou diferenças estatisticamente significativas para os dados clínicos (ANOVA e teste t-Student)<br />
cia de menta QS; corante verde QS e água QSP para um<br />
litro) foi manipulada (Byofórmula, São José dos Campos, Brasil)<br />
de acordo com a fórmula do Listerine ® excluindo-se os<br />
ingredientes ativos (timol 0,064%; mentol 0,042%; eucaliptol<br />
0,092% e salicilato de metila 0,06%).<br />
A aderência dos participantes foi avaliada por questionário<br />
mensal e ligações telefônicas: realizadas diariamente,<br />
pela manhã e a noite durante os 60 dias de auto-controle<br />
químico do biofilme. Ligações adicionais foram realizadas<br />
quinzenalmente até 6 meses.<br />
Análise estatística<br />
Como os valores médios iniciais não apresentaram diferenças<br />
entre os grupos e apresentaram distribuição normal<br />
os índices de placa e gengival modificado foram analisados<br />
utilizando-se os testes ANOVA e t-Student, enquanto os<br />
dados salivares foram analisados pelo teste Kruskal Wallis. As<br />
diferenças entre as reduções obtidas por ambos os índices<br />
foram testadas utilizando-se o teste Mann-Whitney. As diferenças<br />
entre os grupos teste e controle e entre os tempos<br />
experimentais foram consideradas estatisticamente significativas<br />
quando p < 0,05. A análise estatística foi conduzida<br />
com auxílio dos softwares Biostat 5.0 e SPSS ® 11.5.<br />
RESULTADOS<br />
Inicialmente, os grupos foram homogêneos em relação<br />
à idade (teste - 40,68 ± 7,04 anos; placebo - 41,22 ± 6,71<br />
anos) e gênero (teste - 11 homens: 11 mulheres; placebo –<br />
13 homens: dez mulheres). Três (12%) participantes do grupo<br />
teste e dois (8%) do grupo controle não completaram o<br />
estudo. O número de participantes que completou a avaliação<br />
de seis meses (22 teste/23 placebo) foi superior ao mínimo<br />
estabelecido pelo cálculo amostral.<br />
Em relação aos índices de placa e gengival modificado,<br />
a análise intragrupo revelou reduções tanto para o grupo<br />
teste como para o grupo controle (T0 > T1 = T2). Entretanto,<br />
a análise intergrupos demonstrou que o grupo teste apresentou<br />
maiores reduções nos dois tempos de avaliação após<br />
o término da terapia periodontal considerando-se ambos os<br />
índices. Apenas o grupo teste apresentou redução do nível<br />
total de proteína na saliva. Os dados numéricos relativos aos<br />
parâmetros mensurados antes da terapia e durante o seu<br />
monitoramente estão dispostos na Tabela 2.<br />
A Tabela 3 exibe as reduções médias dos índices clínicos<br />
avaliados. O teste Mann-Whitney apontou que para o grupo<br />
teste a redução entre pré-terapia e 2 meses foi maior<br />
para o índice gengival modificado do que para o índice de<br />
placa.<br />
DISCUSSÃO<br />
Sabe-se que nem todos os indivíduos executam o controle<br />
mecânico da placa supragengival adequadamente mesmo<br />
sendo esclarecidos sobre sua fundamental importância.<br />
Mesmo ao esquema tradicional de condução da terapia<br />
periodontal inicial muitos pacientes não aderem eficazmente,<br />
talvez pelo tempo que ele requer, em geral compreende<br />
de 2 a 3 meses. Assim, produtos químicos com ação antiplaca<br />
e antigengivite que possam ser incorporados à rotina diária<br />
de higiene bucal parecem apresentar um campo promissor<br />
na pesquisa periodontal. Adicionalmente, protocolos efetivos<br />
que possam ser finalizados em menos tempo também<br />
podem contribuir para a maior adesão por parte dos pacientes<br />
periodontais. Assim, o objetivo do presente estudo foi<br />
avaliar se as ações antiplaca e antigengivite dos óleos essenciais<br />
reportadas pela literatura também seriam observadas<br />
mediante sua aplicação no protocolo “desinfecção de boca-<br />
86
R. Periodontia - 18(3):83-89<br />
Tabela 3<br />
REDUÇÃO MÉDIA DOS ÍNDICES DE PLACA E GENGIVAL PARA OS GRUPOS TESTE E CONTROLE<br />
Tempo/grupo Comparação entre os exames Comparação entre os<br />
Índices iniciais e de 2 meses exames de 2 e 6 meses<br />
Controle Teste Controle Teste<br />
Índice de placa 0,93 ± 0,76 1,62 ± 0,57 -0,07 ± 0,20 -0,04 ± 0,09<br />
Índice gengival modificado 1,16 ± 0,78 2,27 ± 0,45 -0,08 ± 0,17 -0,09 ± 0,15<br />
valor p 0,3392 0,0005 0,5385 0,4047<br />
Análise intergrupos apontou diferença estatisticamente significativa (teste Mann-Whitney)<br />
total em estágio único”. Bollen et al. (1996) comparam o<br />
protocolo tradicional com o estágio único, e após o acompanhamento<br />
por oito meses, observaram melhores resultados<br />
em relação ao índice gengival e ao índice de placa para<br />
o grupo tratado por “desinfecção de boca-total em estágio<br />
único”.<br />
No presente estudo, ambos os grupos apresentaram<br />
redução significativa na quantidade de placa e melhora do<br />
IGM, mas, os óleos essenciais acarretaram maiores reduções<br />
quando comparado ao grupo controle. Embora a própria<br />
redução do índice de placa possa influenciar o controle da<br />
gengivite, ao final do período experimental os valores médios<br />
de IGM foram 0,56 e 1,48 para os grupos teste e controle,<br />
respectivamente. Assim, comparando-se com as reduções<br />
do acúmulo de placa, os indivíduos do grupo teste parecem<br />
ter se beneficiado do uso coadjuvante dos óleos essenciais<br />
uma vez que a média do grupo aos 6 meses foi inferior a 1,<br />
escore a partir do qual inicia-se a detecção clínica de<br />
processo inflamatório.<br />
Os resultados do presente estudo parecem corroborar<br />
as ações anti-placa e anti-gengivite dos óleos essenciais previamente<br />
demonstradas por outros estudos clínicos (Mendes<br />
et al., 1995; Charles et al., 2001; Charles et al., 2004;<br />
Witt et al., 2005). Todavia, é importante relembrar que a<br />
manutenção das reduções alcançadas até os seis meses provavelmente<br />
sofreu influência do controle mecânico meticuloso.<br />
Foi previamente demonstrado que o controle mecânico<br />
ou químico da placa na área supragengival tem um impacto<br />
importante inclusive na área subgengival (Fine et al.,<br />
2007). Entretanto, tal efeito não parece ser suficiente para<br />
promover a saúde dos tecidos gengivais (Nogueira Moreira<br />
et al. 2000). Similarmente aos nossos achados, Sharma et al.<br />
(2004) também reportaram benefícios adicionais decorrentes<br />
do uso de óleos essenciais por pacientes com gengivite<br />
os quais utilizaram fio dental e escova multitufos<br />
regularmente.<br />
Por se tratar de técnica simples e não invasiva de coleta,<br />
aliada a uma rica constituição do fluido corpóreo as análises<br />
salivares tem crescido em periodontia. Para reforçar a ação<br />
antigengivite dos óleos essenciais monitorou-se os níveis<br />
totais de proteína na saliva uma vez que esses podem atuar<br />
como possíveis indicadores de inflamação bucal (Nieminem<br />
et al., 1993). Interessantemente, apenas o grupo teste<br />
apresentou redução do nível total de proteína na saliva o<br />
que parece ser compatível com a maior redução do índice<br />
gengival modificado também demonstrada por esse grupo.<br />
Especificamente em relação a uma possível ação<br />
anti-inflamatória. Sekino & Ramberg (2005) reportaram<br />
efeitos mais pronunciados sobre a gengivite do que sobre a<br />
placa por bochechos contendo óleos essenciais. Nossos<br />
resultados estão de acordo com Sekino & Ramberg (2005)<br />
pelo fato da redução de gengivite ter sido mais acentuada<br />
(valor médio inicial = 2,74 e valor médio final = 0,56) que a<br />
redução sobre o acúmulo de placa (valor médio inicial = 2,11<br />
e valor médio final = 0,51) no grupo que usou óleos<br />
essenciais. Em 2008, Sharma et al. realizaram um trabalho<br />
com pacientes portadores de gengivite crônica e os que fizeram<br />
uso dos óleos essenciais alcançaram reduções nos<br />
níveis das citocinas pró-inflamatórias IL 2 e IFN-gamma,<br />
confirmando a atividade anti-inflamatória previamente<br />
sugerida.<br />
CONCLUSÕES<br />
As ações antiplaca e antigengivite previamente demonstradas<br />
pelos óleos essenciais também foram observadas<br />
quando da sua aplicação no protocolo “desinfecção de bocatotal<br />
em estágio único”. A atividade anti-inflamatória previamente<br />
demonstrada também pareceu ocorrer nessa população,<br />
uma vez que as reduções de gengivite foram mais<br />
evidentes para o grupo que usou óleos essenciais, grupo<br />
esse no qual foi encontrada redução no nível total de<br />
proteína salivar.<br />
Agradecimento<br />
Ao Prof. Dr. Celso Silva Queiroz pelo auxílio na análise<br />
salivar. À Johnson & Johnson Consumer & Personal Products<br />
87
R. Periodontia - 18(3):83-89<br />
Worldwide a Division of Johnson & Johnson Consumer<br />
Companies Inc., Morris Plains, NJ, USA. pelo Independent<br />
Investigator Research Grant.<br />
ABSTRACT<br />
Objectives: To evaluate anti-plaque and anti-gingivitis<br />
effects of an essential-oils containing mouth-rinse in the “onestage<br />
full-mouth disinfection” protocol. Methods: The same<br />
calibrated examiner measured plaque and modified gingival<br />
indices of all teeth in fifty subjects with mild periodontitis. In<br />
addition, total level of protein in unstimulated whole saliva<br />
was determined. The subjects were randomly allocated in<br />
either: “one-stage full-mouth disinfection” plus essential oils<br />
(n= 25) or “one-stage full-mouth disinfection” plus placebo<br />
(n= 25). After finishing the mechanical procedures subjects<br />
rinsed at home twice a day for the following sixty days. All<br />
parameters were monitored at baseline (T0), 2- (T1) and 6-<br />
months (T2). Results: The inter-group analysis showed higher<br />
reductions of PlI and MGI in the test-group compared to the<br />
placebo group (ANOVA and Student-t test, p
R. Periodontia - 18(3):83-89<br />
9- Lobene RR, Weatherford T, Ross NM, Lamm RA, Menaker L. A modified<br />
gingival index for use in clinical trials. Clin Prev Dent 1986; 8(1):3-6.<br />
10- Mendes MMSG, Zenóbio EG, Pereira OL. Agentes químicos para<br />
controle de placa bacteriana. <strong>Revista</strong> Periodontia 1995; 5:253-256.<br />
11- Navazesh M. How can oral health care providers determine if patients<br />
have dry mouth? J Am Dental Assoc 2003; 134(5):613-20.<br />
12- Nieminen A, Nordlund L, Uitto VJ. The effect of treatment on the<br />
activity of salivary proteases and glycosidases in adults with advanced<br />
periodontitis. J Periodontol 1993; 64(4):297-301.<br />
13- Nogueira Moreira A, Luna Davila G, Bianchini H, Alonso C, Piovano S.<br />
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gingivo-periodontal tissues. Acta Odontol Latinoam 2000; 13(2):73-<br />
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18- Sharma S, Saimbi CS, Koirala B, Shukla R. Effect of various<br />
mouthwashes on the levels of interleukin-2 and interferon-gamma in<br />
chronic gingivitis. J Clin Pediatr Dent 2008; 32(2):111-4.<br />
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20- Witt JJ, Walters P, Bsoul S, Gibb R, Dunavent J, Putt M. Comparative<br />
clinical trial of two antigingivitis mouthrinses. Am J Dent 2005; 18:15A-<br />
17A.<br />
Endereço para correspondência:<br />
Sheila Cavalca Cortelli<br />
Rua Expedicionário Ernesto Pereira, 110 - Centro<br />
CEP: 12020-330 – Taubaté - SP<br />
Tel.: (12) 3625-4149<br />
E-mail: cavalcacortelli@uol.com.br<br />
89
R. Periodontia - Setembro 2008 - Volume 18 - Número 03<br />
PALITO DENTAL: RAZÕES PARA SUA UTILIZAÇÃO E<br />
PERFIL CULTURAL DE USUÁRIOS<br />
Dental toothpick: reasons for its utilization and cultural profile of users<br />
Fabrício Batistin Zanatta 1 , Eduardo Machado 2 , Sabrina Carvalho Gomes 3 , Cassiano Kuchenbecker Rösing 4<br />
RESUMO<br />
Objetivos: De maneira geral, o palito dental tem seu<br />
uso bastante difundido na população, apesar de sua comprovada<br />
efetividade antiplaca e antigengivite limitadas.<br />
Desse modo, esse estudo observacional transversal teve<br />
como objetivo avaliar as razões para uso e relacionar o nível<br />
cultural dos usuários de palito dental.<br />
Materiais e Métodos: A amostra foi constituída de 100<br />
participantes que responderam a dois questionários referentes<br />
à higiene oral e ao nível cultural.<br />
Resultados: Os resultados demonstram que 62% dos<br />
indivíduos utilizavam apenas o palito dental, enquanto 38%<br />
utilizavam palito e fio dental. Entretanto, o uso do fio dental<br />
foi encontrado ser muito mais eventual do que diário.<br />
O nível cultural esteve bastante variado. Entretanto, foi<br />
observado que à medida que o nível cultural foi aumentando,<br />
o uso do fio dental foi sendo mais freqüente. Usuários<br />
apenas do palito dental justificaram seu uso principalmente<br />
na remoção de restos alimentares e a escolha<br />
pelo fio/fita dental foi devido ao fio/fita dental desfiar e a<br />
técnica do palito ser fácil e rápida. Nos indivíduos que utilizavam<br />
palito e fio dental, a preferência do palito se deu<br />
pela dificuldade técnica do fio.<br />
Conclusões: A principal razão do uso do palito dental<br />
parece estar bastante relacionada à necessidade de remoção<br />
de restos alimentares e a facilidade da técnica. Portanto,<br />
é importante a conscientização do paciente acerca das<br />
limitações da utilização isolada do palito dental como meio<br />
de limpeza interdental e maiores informações a respeito<br />
da etiopatogenia das doenças cárie e periodontal.<br />
UNITERMOS: Instrumentos odontológicos; Higiene<br />
bucal; cultural; nível de saúde. R Periodontia 2008;<br />
18:90-96.<br />
Recebimento: 05/05/08 - Correção: 09/06/08 - Aceite: 24/07/08<br />
INTRODUÇÃO<br />
O ser humano convive com inúmeras bactérias<br />
que estão, na maior parte do tempo, em equilíbrio<br />
com o seu hospedeiro. O fato de não haver<br />
descamação da superfície dental cria condições para<br />
o estabelecimento de um biofilme bacteriano<br />
composto por diversas colônias bacterianas<br />
permeadas por uma matriz intermicrobiana e, se<br />
medidas mecânicas e/ou químicas forem empregadas<br />
corretamente, impedindo o acúmulo e organização<br />
destas bactérias na superfície dental, o controle deste<br />
biofilme será atingido. Entretanto, falhas nestas<br />
medidas podem proporcionar uma sucessão<br />
bacteriana no biofilme, com aumento da população<br />
de bactérias mais virulentas e a conseqüente<br />
formação de um biofilme bacteriano patogênico,<br />
podendo acarretar um desequilíbrio no processo<br />
saúde-doença nos tecidos moles e duros (Cury, 1999;<br />
Oppermann & Rösing, 1999).<br />
Normalmente, o controle mecânico do biofilme<br />
supragengival é alcançado através da remoção<br />
mecânica realizada pelo paciente, por meio de<br />
recursos de controle de placa, especialmente<br />
escovação e limpeza interdental (Lövdal et al., 1961;<br />
Axelsson & Lindhe, 1981; Halla Jr. & Oppermann,<br />
2000; Cachapuz, 2001; Piccinin, 2005). Contudo, a<br />
90
R. Periodontia - 18(3):90-96<br />
manutenção da saúde periodontal está intimamente ligada<br />
à capacidade que o indivíduo tem de realizar os<br />
procedimentos de higiene bucal (Axelsson & Lindhe, 1981)<br />
o que, invariavelmente, dependerá de fatores relacionados<br />
ao indivíduo como interesse, motivação, destreza e habilidade<br />
(Rodrigues & Serpa, 2001). Em muitos casos, tais medidas<br />
são de difícil implementação e podem acabar por<br />
comprometer a manutenção da saúde periodontal e dental.<br />
Vários estudos mostram que as áreas interdentais<br />
apresentam maiores médias de índice de placa e gengivite,<br />
maiores perdas de inserções e profundidade de sondagem,<br />
além de índices mais elevados de lesões de cárie, mesmo em<br />
pacientes bem motivados e recebendo complementação<br />
profissional (Axelsson & Lindhe, 1978; Ferjeskov & Thylstrup,<br />
1994; Ramberg et al., 1995). Isso pode ser explicado pelo<br />
fato de que essas áreas têm acesso limitado, necessitando<br />
de recursos adicionais a escovação convencional (Barton &<br />
Abelson, 1987).<br />
A remoção mecânica de placa interproximal pode ser<br />
realizada através da utilização de diferentes dispositivos como<br />
fio ou fita dental, escova interdental e palito. Estudos<br />
comparativos da eficácia destes recursos foram realizados<br />
ao longo dos últimos anos. Os resultados desses estudos<br />
mostram que o fio dental é o mais eficaz no controle do<br />
biofilme e gengivite em áreas com ameias pequenas, e para<br />
as ameias amplas, a melhor opção é a escova interdental<br />
(Gjermo & Flötra, 1970; Schmid et al., 1976; Kiger et al., 1991;<br />
Festugatto et al., 1997; Rösing et al., 2006). Embora o fio<br />
dental mostre bons resultados no controle do biofilme e<br />
gengivite, a utilização do mesmo é limitada na população<br />
(Hamilton & Coulby, 1991; Payne & Locker, 1996; Macgregor<br />
et al., 1998). Esta observação pode ser justificada pela<br />
dificuldade da prática do seu uso que requer habilidade,<br />
destreza manual, tempo e motivação individual, bem como<br />
seu custo elevado, limitando o seu uso a classes sociais<br />
economicamente mais favorecidas (Finkelstein & Grossman,<br />
1979; Mauriello et al., 1987; Furuichi et al., 1992; Maruniak<br />
et al., 1992; Cancro & Fischman, 1995).<br />
Dentre os recursos disponíveis de remoção mecânica de<br />
placa está o palito dental. Não há estudos representativos<br />
do Brasil sobre a utilização deste instrumento, entretanto,<br />
Chiapinotto et al. (2001) demonstraram numa população de<br />
uma clínica privada que 45% dos pacientes são usuários do<br />
palito dental. Uma prevalência muito parecida de usuários<br />
de palito dental foi encontrada numa amostra representativa<br />
da cidade de Porto Alegre (54%) (Abegg, 1997). Este<br />
instrumento é encontrado sem dificuldades pela população<br />
devido ao baixo custo, fácil acesso e utilização (Christen &<br />
Christen, 2003). O uso do palito apresenta algumas<br />
limitações. Estudos que testaram a efetividade do uso do<br />
palito dental em relação ao fio dental na capacidade de<br />
remoção de placa das áreas interdentais consideram o palito<br />
ineficaz quando utilizado isoladamente e efetivo quando<br />
utilizado com o complemento de uma escova unitufo<br />
(Gjermo & Flötra, 1970; Brasil & Oppermann, 1987). Alguns<br />
autores consideram o palito tão eficaz quanto o fio dental<br />
na higiene das superfícies proximais vestibulares,<br />
principalmente palitos de madeira triangulares (Anaise, 1976;<br />
Bergenholtz & Brithon, 1980).<br />
Considerando que o palito dental, quando utilizado<br />
individualmente como meio de limpeza interdental, não se<br />
mostra eficaz para prevenir a gengivite e, a despeito disso,<br />
seu uso é bastante prevalente na população, este trabalho<br />
teve por objetivo analisar o perfil de usuários do palito dental,<br />
bem como os motivos vinculados a utilização do instrumento<br />
como coadjuvante ao controle de placa supragengival.<br />
MATERIAIS E MÉTODOS<br />
Descrição dos participantes<br />
Participaram deste estudo observacional transversal, 100<br />
indivíduos voluntários (32 homens com idades médias de 42<br />
± 13 (desvio padrão) anos e 68 mulheres com idades médias<br />
de 36 ± 10 anos) que foram triados para serem atendidos<br />
nas clínicas integradas do Curso de Odontologia do Centro<br />
Universitário Franciscano (UNIFRA), em Santa Maria, Rio<br />
Grande do Sul, Brasil. Cada participante da pesquisa deveria<br />
se adequar aos critérios de inclusão da mesma. Após<br />
explicação dos objetivos, os pacientes concordaram em<br />
participar do estudo e assinaram o termo de consentimento<br />
livre e esclarecido. O presente estudo foi aprovado pelo<br />
Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFRA (CEP/UNIFRA:<br />
204.2006.2).<br />
Critérios de Inclusão na pesquisa:<br />
Cada voluntário deveria utilizar, eventual ou<br />
rotineiramente, o palito dental, ter, no mínimo, 18 anos,<br />
apresentar no mínimo dois dentes adjacentes que necessitem<br />
de limpeza interproximal com a utilização de algum<br />
dispositivo e ter a capacidade cognitiva mínima que permitisse<br />
a compreensão do questionário.<br />
Desenvolvimento Experimental:<br />
Previamente, ao início do estudo, foi realizado um piloto<br />
do experimento para adequação dos questionários a serem<br />
aplicados aos participantes. Nesta fase, 15 indivíduos que<br />
não fizeram parte da amostra do estudo, responderam as<br />
perguntas. Após o término dos questionários, cada resposta<br />
91
R. Periodontia - 18(3):90-96<br />
foi discutida com os autores para que possíveis adaptações<br />
fossem realizadas para tornar as perguntas mais claras<br />
possíveis. Depois dos questionários terem suas versões finais,<br />
deu-se início ao estudo onde foram aplicados questionários<br />
após os participantes terem sido triados para os critérios de<br />
inclusão na pesquisa. Antes de receberem qualquer<br />
atendimento odontológico, dois questionários foram<br />
aplicados para todos os participantes do estudo. Estes<br />
questionários foram estruturados com uma série de<br />
perguntas fechadas, onde os voluntários poderiam marcar<br />
mais de uma resposta, se fosse o caso, por pergunta. No<br />
questionário 1, as perguntas estavam relacionadas com a<br />
freqüência de escovação diária, utilização de algum outro<br />
instrumento de higiene bucal, além da escova, e aspectos<br />
relacionados às razões da utilização do palito e/ou fio dental.<br />
Os participantes poderiam marcar quantas opções<br />
desejassem. No questionário 2, as perguntas tinham como<br />
objetivo conseguir informações do grau de instrução dos<br />
participantes. Caso algum participante não soubesse ler, foi<br />
feita uma leitura dos questionários para permitir a inclusão<br />
do mesmo no estudo.<br />
Análise dos resultados:<br />
Os resultados do presente estudo foram analisados<br />
descritivamente por distribuição de freqüência das respostas<br />
dos questionários, associando as respostas dos questionários<br />
1 e 2.<br />
RESULTADOS<br />
Todos os participantes responderam os questionários na<br />
íntegra, o que resultou numa taxa de resposta de 100%.<br />
Dentre a quantidade de vezes que os voluntários relataram<br />
escovar os dentes, três vezes por dia foi a opção mais<br />
marcada, obtendo 64% das respostas, seguidos por 23%<br />
duas vezes por dia e 13% quatro vezes por dia. Dentre os<br />
instrumentos adicionais para limpeza dentária, 23% dos<br />
indivíduos relataram utilizar apenas o palito dental todos os<br />
dias, 39% utilizavam apenas eventualmente, 19% usavam<br />
palito e fio/fita dental eventualmente, 14% fazia uso do palito<br />
todos os dias e fio/fita dental eventualmente e 5% relataram<br />
utilizar palito eventualmente e fio/fita dental todos os dias.<br />
A pergunta 3 referia-se as razões de utilização do palito dental<br />
em usuários apenas do palito dental. Foram obtidos três<br />
padrões de respostas. Assim, 68% dos entrevistados<br />
marcaram a opção 1 “utilizo para remover restos alimentares<br />
após as refeições” e opção 4 “prefiro o palito dental ao fio/<br />
fita dental porque o fio/fita desfia quando vou usar e o palito,<br />
não”. Já 26% dos entrevistados marcaram a opção 3 “prefiro<br />
o palito dental ao fio dental porque o palito limpa melhor os<br />
Figura 1 - Tipo de instrumento utilizado de acordo com o grau de instrução<br />
restos alimentares” e a opção 5 “prefiro o palito dental que o<br />
fio/fita dental porque o palito é mais fácil e rápido de usar”.<br />
Ainda 6% dos entrevistados marcaram a opção 1, 5 e 6<br />
“prefiro o palito ao fio/fita dental porque o fio/fita dental faz<br />
a gengiva sangrar”. A pergunta 4 referia-se as razões do uso<br />
do palito dental em usuários do palito e fio/fita dental. Foram<br />
obtidos dois padrões de respostas. Assim, 34% marcaram a<br />
opção 1 “utilizo fio/fita dental nos dentes que consigo e palito<br />
dental nos dentes que não consigo usar o fio” e 66%<br />
marcaram a opção “utilizo fio/fita dental quando apenas com<br />
a utilização do palito dental não consegui remover todos os<br />
resíduos entre os dentes”. A análise das respostas do<br />
questionário 2 foi feita correlacionando-se com as respostas<br />
do questionário 1. Na Figura 1, encontra-se a freqüência do<br />
tipo de instrumental utilizado de acordo com o grau de<br />
instrução.<br />
A Figura 2 distribui os resultados de acordo com as<br />
respostas encontradas na pergunta relacionada às razões<br />
da utilização de palito dental, respondidas pelos indivíduos<br />
que utilizam rotineiramente apenas palito dental e o grau<br />
de instrução dos mesmos, enquanto a Figura 3 correlaciona<br />
as respostas referentes à pergunta para os indivíduos que<br />
utilizam palito e fio/fita dental e o grau de instrução dos<br />
mesmos.<br />
DISCUSSÃO<br />
O presente estudo buscou investigar qual(is) razão(ões)<br />
de preferências do uso de palitos dentais e/ou fio/fita dental<br />
em indivíduos que buscavam o serviço de atendimento<br />
odontológico do Curso de Odontologia da UNIFRA. Os<br />
resultados mostraram alguns achados interessantes.<br />
Primeiramente, observou-se que 62% da amostra utilizava<br />
apenas palito dentário. Interessantemente, dentre estes 62%<br />
92
R. Periodontia - 18(3):90-96<br />
Figura 2 - Tipo de instrumento utilizado de acordo com o grau de instrução em indivíduos que<br />
utilizam apenas palito dental<br />
da amostra, havia presença de pessoas com variados graus<br />
de instrução, que variaram desde analfabeto até indivíduos<br />
pós-graduados. Já os outros 38% da amostra utilizam fio/<br />
fita dental e palito dental nas rotinas de higiene bucal. O<br />
grau de instrução neste grupo variou de 1º grau incompleto<br />
a pós-graduados. Não há estudos que tenham diferenciado<br />
indivíduos usuários somente de palito dental de usuários de<br />
palito e fio dental, o que dificulta uma comparação específica<br />
com nosso estudo. Entretanto, Madléna et al. (2007),<br />
utilizando uma metodologia parecida, verificaram que apenas<br />
11% e 7% de indivíduos adultos Húngaros utilizavam palito<br />
e fio dental, respectivamente. Já o estudo de Chiapinotto et<br />
al. (2001), verificou que 45% das pessoas que freqüentavam<br />
uma clínica privada utilizavam palito dentário, 34% fio dental<br />
e 20.2% não utilizavam nenhum meio de limpeza<br />
interproximal. As razões que podem explicar estas diferenças<br />
nas prevalências de indivíduos que utilizam dispositivos<br />
interdentais incluem diferenças metodológicas referentes ao<br />
tamanho da amostra avaliada. Ainda, devido a diferenças<br />
de nível sócio-econômico-cultural, na medida em que este<br />
pode influenciar uma série de fatores na vida das pessoas,<br />
os quais podem refletir nos hábitos e comportamentos,<br />
como, por exemplo, o aspecto preventivo em relação às<br />
doenças bucais.<br />
A análise da Figura 1 revelou que os indivíduos de menor<br />
grau de instrução utilizavam apenas eventualmente o palito<br />
dental e que, à medida que o grau de instrução foi<br />
aumentando, foi observada a introdução do fio/fita dental<br />
como instrumento para limpeza dental. Não há evidências<br />
diretas que mostrem esta relação dentro da mesma<br />
população. Entretanto, Kirtiloglu & Yavuz (2006),<br />
demonstraram que estudantes provenientes de países<br />
subdesenvolvidos apresentam um comportamento<br />
Figura 3 - Tipo de instrumento utilizado de acordo com o grau de instrução em indivíduos que<br />
utilizam palito e fio dental<br />
preventivo menor que estudantes de países desenvolvidos.<br />
Abegg (1997) demonstrou numa população proveniente da<br />
região de Porto Alegre (RS), Brasil, que a utilização de palito e<br />
fio dental esteve fortemente associada ao nível econômico,<br />
onde a utilização do fio dental era mais comum em indivíduos<br />
com nível econômico mais alto e o uso do palito em<br />
indivíduos com nível econômico mais baixo. Esta diferença,<br />
condicionada ao nível econômico, pode ser atribuída ao fio<br />
dental ser um produto caro e acessível apenas para uma<br />
parcela da população brasileira.<br />
Não existem evidências claras sobre as razões da<br />
utilização dos dispositivos interdentais para comparar com<br />
os achados do presente estudo, os quais revelaram que,<br />
dentre as razões atribuídas para a utilização apenas do palito<br />
dental, a opção “devido ao palito ser mais fácil e rápido de<br />
usar que o fio dental” foi mais freqüente em indivíduos com<br />
terceiro grau completo. Ainda, a opção que justificava a<br />
escolha do palito ao invés do fio, devido ao fato do fio/fita<br />
desfiar quando utilizado, recebeu freqüências de respostas<br />
maiores em indivíduos com terceiro grau incompleto. É<br />
importante ressaltar que a razão de que o palito dental é<br />
utilizado para remoções de restos alimentares recebeu a mais<br />
alta freqüência de resposta, sem diferenças significativas entre<br />
os diferentes graus de instrução. A razão de utilizar o palito<br />
dental para remoção de alimentos impactados e melhorando<br />
a sensação desagradável de alimentos entre os dentes,<br />
parece ser a razão mais associada ao uso do palito dental<br />
(Mandel, 1990; Fischman, 1997; Christen & Christen, 2003).<br />
Um aspecto interessante da pesquisa foi de que a razão da<br />
necessidade de utilização do palito dental para a remoção<br />
de placa bacteriana não recebeu nenhuma resposta entre<br />
os indivíduos entrevistados. Já nos indivíduos que utilizam<br />
93
R. Periodontia - 18(3):90-96<br />
palito e fio/fita dental, observou-se que, quanto maior o<br />
grau de instrução, mais freqüente foi a resposta de que<br />
o palito dental era utilizado somente nos dentes que<br />
o indivíduo não conseguia utilizar o fio/fita. Por outro<br />
lado, foi observado que quanto menor o grau de instrução,<br />
mais freqüente foi à resposta de que o fio dental só era<br />
utilizado quando apenas a utilização do palito dental não<br />
conseguia remover os restos alimentares. Novamente, a<br />
razão de que o palito dental é um instrumento utilizado para<br />
remoção de restos alimentares esteve bastante presente,<br />
sendo a remoção da placa bacteriana pela utilização tanto<br />
do palito quanto pelo fio/fita dental uma resposta<br />
infreqüente. Assim, maiores informações a respeito da<br />
etiopatogenia das doenças cárie e periodontal e do papel<br />
dos instrumentos para controle de placa necessitam ser<br />
disseminadas para otimizar os potenciais de cada<br />
instrumento.<br />
CONCLUSÕES<br />
Baseado na análise realizada sobre as respostas aos<br />
questionários podem ser extraídas as seguintes conclusões:<br />
- Indivíduos que utilizam apenas palito dental justificam<br />
seu uso na remoção de restos alimentares. Ainda, a sua<br />
escolha sobre o fio/fita dental é devido ao mesmo desfiar e<br />
devido à técnica do palito ser fácil e rápida;<br />
- Indivíduos que utilizam palito e fio/fita dental objetivam<br />
prioritariamente a remoção de restos alimentares;<br />
- A utilização do fio/fita dental mostra-se mais freqüente<br />
na medida em que o grau de escolaridade aumenta;<br />
- Em indivíduos usuários de palito dental com ou sem<br />
coadjuvar a utilização do fio/fita dental, independente do<br />
grau de instrução, a razão de sua utilização baseia-se<br />
basicamente na remoção de restos alimentares e não da<br />
placa bacteriana.<br />
ABSTRACT<br />
Objectives: Toothpicks, culturally, are widely used in the<br />
populations, regarding its limited effectiveness related to<br />
plaque and gingivitis. Thus, the aim of this cross-sectional<br />
observational study was to analyze reasons for use and relate<br />
the cultural level of toothpick users.<br />
Materials and methods: The sample comprised 100<br />
participants that answered two inquires related to oral<br />
hygiene practices and cultural level.<br />
Results: The results demonstrated that 62% of the<br />
individuals utilized only toothpicks while 38% used toothpick<br />
and dental floss. However, dental floss was found to be much<br />
more eventual instead daily. Cultural level was found to be<br />
very variable. However, as the cultural level was raising dental<br />
floss was being more frequent. Toothpick just users justified<br />
its use mainly for food remove and its choice over the use of<br />
floss is due to breakness of floss less timing and technique<br />
facility required for toothpicks. In the individuals that used<br />
toothpick and eventually dental floss the preference of<br />
toothpick was due to the technique difficulty of dental floss.<br />
Conclusions: Thus, the mainly reason for toothpick seems<br />
to be related to the foods removal and technique facility.<br />
Thus, it is important to provide understanding of the patients<br />
about the limitations of toothpicks as an interdental cleaning<br />
agent and the pathogenesis of caries and periodontal<br />
diseases.<br />
UNITERMS: Dental instruments; Oral hygiene; Cultural;<br />
health status.<br />
94
R. Periodontia - 18(3):90-96<br />
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come in 6000 years? Periodontol 2000 1997; 15: 7-14.<br />
Endereço para correspondência:<br />
Fabrício B. Zanatta<br />
Rua Humberto de Campos, 250/302<br />
CEP: 97095-230 - Santa Maria - RS - Brasil<br />
Tel.: (55) 3221-2225<br />
Fax: +55 51 3338- 4221<br />
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96
VOL. 18 - Nº 03 - SETEMBRO 2008<br />
REVISORES<br />
Alex Nogueira Haas<br />
Ana Christina Claro Neves<br />
Celso da Silva Queiroz<br />
Claudio Mendes Pannuti<br />
Cristiane Mariote Amaral<br />
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Eduardo Muniz Barreto Tinoco<br />
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Francisco Groppo<br />
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Maurício Guimarães Araújo<br />
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Priscila Corraini<br />
Saulo Geraldeli<br />
97
VOL. 18 - Nº 03 - SETEMBRO 2008<br />
NORMAS PARA PREPARAÇÃO E PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS<br />
As informações sobre a missão, o escopo, o público e a política editorial da <strong>Revista</strong> podem ser encontradas em<br />
www.revistaperiodontia.com.br.<br />
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Os artigos para a publicação na REVISTA PERIODONTIA da SOBRAPE deverão ser inéditos e redigidos em português,<br />
inglês ou espanhol. Artigos originais de pesquisa terão prioridade para apreciação mas, artigos de revisão e relatos de casos ou<br />
técnicas, de interesse na Periodontia, também poderão ser incluídos. A REVISTA PERIODONTIA reserva todos os direitos autorais<br />
do trabalho publicado. As informações contidas nos originais e publicadas na revista são de inteira responsabilidade do(s) autor(es),<br />
não refletindo necessariamente, a opinião do Corpo Editorial da revista ou a posição da SOBRAPE.<br />
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APRESENTAÇÃO DO MATERIAL<br />
Os artigos deverão ser digitados em Word para Windows, com fonte Arial, tamanho 12, justificado, em folhas de papel A4<br />
numeradas consecutivamente. Deve ser usado espaço duplo com margem de 2,5 centímetros de todos os lados. As laudas<br />
deverão ter em média 1.600 toques (26 linhas de toques), perfazendo no máximo 20 páginas (excluindo gráficos, figuras e<br />
tabelas).<br />
SELEÇÃO DE ARTIGOS<br />
A seleção dos artigos enviados à REVISTA PERIODONTIA será realizada pelo Conselho Editorial, que dispõe de autoridade<br />
para decidir sobre sua aceitação. No processo de revisão e aprovação, que será realizado em pares, serão avaliados: originalidade,<br />
relevância metodologia e adequação às normas de publicação.<br />
CONSIDERAÇÕES ÉTICAS<br />
Estudos que envolvam seres humanos deverão estar de acordo com a RESOLUÇÃO 196/96 do Conselho Nacional de Saúde,<br />
e terem sido aprovados pela Comissão de Ética da Unidade /Instituição em que foram realizados. As mesmas considerações são<br />
feitas para estudos em animais. O número de aprovação do comitê deverá estar presente no artigo.<br />
ESTRUTURA DO ARTIGO<br />
Os trabalhos devem ser divididos conforme os itens abaixo:<br />
1- Página de título (Português e Inglês ou Espanhol e Inglês): deverá conter o título do artigo em negrito, o nome dos<br />
autores numerados de acordo com a filiação (instituição de origem, cidade, país), a principal titulação dos autores de forma<br />
resumida (sem nota de rodapé) e endereço do autor correspondente. As demais páginas devem ser na forma de texto contínuo.<br />
Exemplo:<br />
Associação do PDGF e IGF na Regeneração Periodontal – Revisão de Literatura<br />
Fernando Hayashi 1 , Fernando Peixoto 1 , Chistiane Watanabe Yorioka 1 , Francisco Emílio Pustiglioni 2<br />
1<br />
Mestrandos em Periodontia da FOUSP<br />
2<br />
Professor titular de Periodontia da FOUSP<br />
2- Resumo: deve fornecer uma visão concisa e objetiva do trabalho, incluindo objetivos, material e métodos, resultados e as<br />
conclusões. Deve conter no máximo 250 palavras (incluindo pontos, vírgulas etc).<br />
3- Palavras-chave: são palavras ou expressões que identificam o conteúdo do texto. Para sua escolha, deverá ser consultada<br />
a lista “Descritores em Ciências de Saúde – DECS”, da BIREME. Número de palavras-chave: máximo 6.<br />
98
VOL. 18 - Nº 03 - SETEMBRO 2008<br />
4- Abstract e Keywords: cópia precisa e adequada do resumo e palavras-chave em Inglês. Deverá ser consultada a lista<br />
“Medical subject headings”. Disponível em www.nlm.nih.gov/mesh/MBrowser.html. Número de Keywords: máximo 6.<br />
5- Introdução: é o sumário dos objetivos do estudo, de forma concisa, citando as referências mais pertinentes. Também<br />
deve apresentar as hipóteses em estudo e a justificativa do trabalho.<br />
6- Material e Métodos: devem ser apresentados com suficientes detalhes que permitam confirmação das observações<br />
encontradas, indicando os testes estatísticos utilizados , quando existirem.<br />
7- Resultados: as informações importantes do trabalho devem ser enfatizadas e apresentadas em seqüência lógica no<br />
texto, nas figuras e tabelas, citando os testes estatísticos. As tabelas e figuras devem ser numeradas (algarismo arábico) e citadas<br />
durante a descrição do texto. Cada tabela deve conter sua respectiva legenda, citada acima, em espaço duplo, em página<br />
separada, no final do artigo depois das referências. As figuras também devem estar localizadas em páginas separadas, no final do<br />
texto, porém, as legendas devem estar localizadas a baixo.<br />
8- Discussão: os resultados devem ser comparados com outros trabalhos descritos na literatura, onde também podem ser<br />
feitas as considerações finais do trabalho.<br />
9- Conclusão: deve responder: objetivamente aos questionamentos propostos.<br />
10- Agradecimentos (quando houver): apoio financeiro de agências governamentais, assistências técnicas, laboratórios,<br />
empresas e colegas participantes.<br />
11- Referências Bibliográficas: Essa seção será elaborada de acordo com as Normas Vancouver (disponíveis em:<br />
www.icmje.org), devendo ser numeradas seqüencialmente conforme aparição no texto. E, as abreviações das revistas devem<br />
estar em conformidade com o Index Medicus/ MEDLINE.<br />
Todos os autores da obra devem ser mencionados.<br />
Exemplos – Normas Vancouver:<br />
Artigo de <strong>Revista</strong>:<br />
1. Lima RC, Escobar M, Wanderley Neto J, Torres LD, Elias DO, Mendonça JT et al. Revascularização do miocárdio sem<br />
circulação extracorpórea: resultados imediatos. Rev Bras Cir Cardiovasc 1993; 8: 171-176.<br />
Instituição como Autor:<br />
1. The Cardiac Society of Australia and New Zealand. Clinical exercise stress testing. Safety and performance guidelines.<br />
Med J Aust 1996; 116:41-42.<br />
Sem indicação de autoria:<br />
1. Cancer in South Africa. [editorial]. S Af Med J 1994; 84-85.<br />
Capítulo de Livro:<br />
1. Mylek WY. Endothelium and its properties. In: Clark BL Jr, editor. New frontiers in surgery. New York: McGraw-Hill; 1998.<br />
p.55-64.<br />
Livro:<br />
1. Nunes EJ, Gomes SC. Cirurgia das cardiopatias congênitas. 2a ed. São Paulo: Sarvier; 1961. p.701.<br />
Tese:<br />
1. Brasil LA. Uso da metilprednisolona como inibidor da resposta inflamatória sistêmica induzida pela circulação extracorpórea<br />
99
VOL. 18 - Nº 03 - SETEMBRO 2008<br />
[Tese de doutorado]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina, 1999. 122p.<br />
Eventos:<br />
1. Silva JH. Preparo intestinal transoperatório. In: 45° Congresso Brasileiro de Atualização em Coloproctologia; 1995; São<br />
Paulo. Anais. São Paulo: Sociedade Brasileira de Coloproctologia; 1995. p.27-9.<br />
2. Minna JD. Recent advances for potential clinical importance in the biology of lung cancer. In: Annual Meeting of the<br />
American Medical Association for Cancer Research; 1984 Sep 6-10. Proceedings. Toronto: AMA; 1984;25:293-4.<br />
Material eletrônico:<br />
Artigo de revista:<br />
1. Morse SS. Factors in the emergence of infectious diseases. Emerg Infect Dis [serial online] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5];<br />
1(1):[24 screens]. Disponível em: URL: http://www.cdc.gov/ncidod/EID/eid.htm<br />
Livros:<br />
1. Tichenor WS. Sinusitis: treatment plan that works for asthma and allergies too [monograph online]. New York: Health On<br />
the Net Foundation; 1996. [cited 1999 May 27]. Disponível em : URL: http://www.sinuses.com<br />
Capítulo de livro:<br />
1.Tichenor WS. Persistent sinusitis after surgery. In: Tichenor WS. Sinusitis: treatment plan that works for asthma and allergies<br />
too [monograph online]. New York: Health On the Net Foundation; 1996. [cited 1999 May 27]. Disponível em: URL: http://<br />
www.sinuses.com/postsurg.htm<br />
Tese:<br />
1. Lourenço LG. Relação entre a contagem de microdensidade vasal tumoral e o prognóstico do adenocarcinoma gástrico<br />
operado [tese online]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 1999. [citado 1999 Jun 10]. Disponível em: URL:http://<br />
www.epm.br/cirurgia/gastro/laercio<br />
Eventos:<br />
1. Barata RB. Epidemiologia no século XXI: perspectivas para o Brasil. In: 4° Congresso Brasileiro de Epidemiologia [online].;<br />
1998 Ago 1-5; Rio de Janeiro. Anais eletrônicos. Rio de Janeiro: ABRASCO; 1998. [citado 1999 Jan 17]. Disponível em: URL: http:/<br />
/www.abrasco.com.br/epirio98<br />
Informações adicionais podem ser obtidas no seguinte endereço eletrônico: http://www.nlm.nih.gov/bsd/<br />
uniform_requirements.html<br />
12- Citações no texto: Ao longo do texto, deve ser empregado o sistema autor-data. Segundo as normas Vancouver,<br />
apenas a primeira letra do sobrenome do autor é grafada em maiúscula, sendo o ano da publicação apresentado entre parênteses.<br />
Trabalhos com até dois autores, tem ambos os sobrenomes mencionados no texto, separados por “&”. Trabalhos com três<br />
ou mais autores, terão ao longo do texto mencionado apenas o primeiro seguido da expressão “et al”.<br />
Se um determinado conceito for suportado por vários estudos, para a citação desses, deverá ser empregada a ordem cronológica<br />
das publicações. Nesse caso, o ano de publicação é separado do autor por vírgula (“,”) e as diferentes publicações separadas<br />
entre si por ponto e vírgula (“;”).<br />
13 - Figuras e Tabelas<br />
As tabelas e figuras deverão ser apresentadas em folhas separadas após a secção: Referências Bibliográficas (uma tabela/<br />
figura por folha com a sua respectiva legenda).<br />
Fotografias em formato digital (arquivo JPG ou TIFF): Resolução de 300 DPIs.<br />
As imagens serão publicadas em preto e branco. Caso haja interesse dos autores há possibilidade de impressão colorida das<br />
imagens, havendo custo adicional de responsabilidade dos autores.<br />
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