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educação profissional de nível médio na área de enfermagem

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GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO<br />

SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE<br />

ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DE MATO GROSSO – ESP/MT<br />

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU<br />

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DO TRABALHO E EDUCAÇÃO NA<br />

SAÚDE<br />

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DE NÍVEL MÉDIO NA ÁREA<br />

DE ENFERMAGEM<br />

RITA DE CÁSSIA CORRÊA DA COSTA DELLAFINA<br />

CUIABÁ/MT<br />

2012


RITA DE CÁSSIA CORRÊA DA COSTA DELLAFINA<br />

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DE NÍVEL MÉDIO NA ÁREA<br />

DE ENFERMAGEM<br />

Monografia apresentada à Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção do Curso <strong>de</strong><br />

Especialização em Gestão do Trabalho e Educação <strong>na</strong><br />

Saú<strong>de</strong> como requisito parcial para obtenção do titulo <strong>de</strong><br />

especialista.<br />

Orientadora: Profª Ms. Irene Maurício do Nascimento <strong>de</strong> Lima<br />

CUIABÁ/MT<br />

2012


DELLAFINA, R. C. C. C. Educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> <strong>de</strong> nível médio <strong>na</strong><br />

área <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>. [Monografia <strong>de</strong> Especialização Lato Sensu].<br />

Cuiabá: ESP/MT - Escola <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública <strong>de</strong> Mato Grosso – 2011 -<br />

Departamento <strong>de</strong> Pós Graduação, [s.n.], 2011. 68 p. Trabalho <strong>de</strong><br />

Conclusão do ao Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação Latu Sensu do Curso <strong>de</strong><br />

Especialização em Gestão do Trabalho e Educação <strong>na</strong> Saú<strong>de</strong>, orientado<br />

pela Profª Irene Maurício do Nascimento <strong>de</strong> Lima, com <strong>de</strong>fesa em Banca<br />

Exami<strong>na</strong>dora ocorrida em Dezembro/2011.<br />

1. Educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izante, 2. Qualida<strong>de</strong> da assistência à saú<strong>de</strong>,<br />

3. habilitação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong><br />

C.D.U:....


GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO<br />

SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE<br />

ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DE MATO GROSSO – ESP/MT<br />

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU<br />

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DO TRABALHO E EDUCAÇÃO NA<br />

SAÚDE<br />

RITA DE CÁSSIA CORRÊA DA COSTA DELLAFINA<br />

BANCA EXAMINADORA<br />

_______________________________________________________<br />

Orientadora: Profª. Ms. Irene Maurício do Nascimento <strong>de</strong> Lima<br />

_______________________________________________________<br />

Avaliador: Prof. Ms. Jucinei<strong>de</strong> Proença<br />

_______________________________________________________<br />

Avaliador: Prof. Ms. Eliete Saragiotto.<br />

Cuiabá- MT, 07 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2011.


Dedico este trabalho ao meu esposo Maurício<br />

Dellafi<strong>na</strong>, à minha filha Mari<strong>na</strong> Dellafi<strong>na</strong> e aos meus<br />

pais Silvério Corrêa da Costa e Ivone França<br />

Corrêa da Costa. Cada um <strong>de</strong>les contribuiu <strong>de</strong><br />

forma particular neste processo, proporcio<strong>na</strong>ndo<br />

apoio e compreensão nos momentos <strong>de</strong><br />

dificulda<strong>de</strong>s para que eu chegasse ao término do<br />

curso.


AGRADECIMENTOS<br />

A DEUS pela sua infinita misericórdia e compaixão.<br />

Aos meus pais, Silvério e Ivone que <strong>de</strong>ram a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realização <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> e<br />

direito à vida.<br />

Ao meu esposo querido Maurício que sempre me <strong>de</strong>u apoio necessário nos momentos <strong>de</strong><br />

muitas dificulda<strong>de</strong>s durante essa jor<strong>na</strong>da, sempre presente em minha vida<br />

A minha filha maravilhosa Mari<strong>na</strong>, meni<strong>na</strong> <strong>de</strong>dicada e amorosa <strong>de</strong> que tenho muito<br />

orgulho.<br />

A minha irmã do coração Aledir, ao seu esposo João e seus filhos preciosos João Gabriel<br />

e Nathália pelo respeito e valor que sempre me foi dispensado<br />

As minhas queridas amigas Adria<strong>na</strong> Borges e Ze<strong>na</strong>i<strong>de</strong> Rocha que incansavelmente me<br />

apontam com muita freqüência que os caminhos da vida não são fáceis, mas <strong>de</strong>vem ser<br />

vividos com dignida<strong>de</strong> e justiça<br />

À Secretaria <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, pela oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realização <strong>de</strong>ste curso<br />

À Escola <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública, local on<strong>de</strong> atuei <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>mente e que dividi minhas aflições<br />

<strong>de</strong>ssa vida tão passageira, on<strong>de</strong> me senti acolhida para enfrentar maiores <strong>de</strong>safios<br />

Aos colegas e pacientes da Unida<strong>de</strong> III – CIAPS Adauto Botelho, que me acolhem a<br />

cada dia e me fazem sentir que o essencial da vida é invisível aos olhos – Saint Exupéry<br />

À minha fiel orientadora Professora Ms. Irene <strong>de</strong> Lima que vem a algum tempo mostrando<br />

os caminhos <strong>de</strong>ste trabalho e pela história <strong>de</strong> vida <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> que trilha brilhantemente.<br />

A todos os colegas que direta ou indiretamente, contribuíram para a realização do<br />

presente estudo.


DELLAFINA, R. C. C. C. Educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> <strong>de</strong> nível médio <strong>na</strong> área <strong>de</strong><br />

<strong>enfermagem</strong>. [Monografia <strong>de</strong> Especialização Lato Sensu]. Cuiabá: ESP/MT - Escola<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública <strong>de</strong> Mato Grosso - 2012.<br />

RESUMO<br />

Trata-se <strong>de</strong> pesquisa bibliográfica com a fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> a<strong>na</strong>lisar a produção do<br />

conhecimento em periódicos acerca da <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>ização <strong>de</strong> nível médio <strong>na</strong> área da<br />

<strong>enfermagem</strong> incorporada ao cotidiano das escolas técnicas do SUS e da atenção<br />

ofertada à população com o advento da Política <strong>de</strong> Educação Permanente. O corpus<br />

<strong>de</strong> análise reuniu artigos localizados no período entre 2006 a 2010, a partir da base<br />

<strong>de</strong> dados Scielo. As categorias eleitas foram: Economia <strong>de</strong> Mercado e Globalização<br />

X políticas públicas e Educação Profissio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> nível médio; Fragmentação entre<br />

teoria e prática como resultado da dicotomia entre necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mercado e da<br />

Educação; e Educação Permanente e Formação Profissio<strong>na</strong>l. Neste estudo<br />

evi<strong>de</strong>nciou-se que as práticas <strong>de</strong> mercado <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ram o perfil curricular dos<br />

cursos <strong>de</strong> formação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> <strong>de</strong> nível médio <strong>na</strong> área da <strong>enfermagem</strong>. Há<br />

fragilida<strong>de</strong> <strong>na</strong> apreensão do conhecimento, pois as necessida<strong>de</strong>s da área não<br />

coadu<strong>na</strong>m com as geradas com o modo <strong>de</strong> produção capitalista, que visa aten<strong>de</strong>r as<br />

necessida<strong>de</strong>s do mundo globalizado. Os processos pedagógicos contribuem para<br />

uma série <strong>de</strong> transformações no mundo do trabalho e <strong>na</strong> forma <strong>de</strong> produção dos<br />

produtos e serviços, provocando novas discussões sob o olhar da humanização.<br />

Descritores: educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izante, qualida<strong>de</strong> da assistência à saú<strong>de</strong> e<br />

habilitação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>.


ABSTRACT<br />

It is literature in or<strong>de</strong>r to a<strong>na</strong>lyze the production of knowledge in professio<strong>na</strong>l jour<strong>na</strong>ls<br />

about the medium level in nursing incorporated into the daily life of the technical<br />

schools of the NHS and care offered to the population with the advent of Continuing<br />

Education Policy. The a<strong>na</strong>lysis gathered articles found in the period 2006 to 2010,<br />

from the Scielo database. The categories were chosen: Market Economy and<br />

Globalization policies X and Professio<strong>na</strong>l Education level; Fragmentation between<br />

theory and practice as a result of the dichotomy between market needs and<br />

Education, and Continuing Education and Training. This study showed that market<br />

practices <strong>de</strong>termined the profile of curricula for training mid-level in nursing. There<br />

are weaknesses in the acquisition of knowledge, because the needs of the area is<br />

not consistent with those generated with the capitalist mo<strong>de</strong> of production, which<br />

aims to meet the needs of the globalized world. The pedagogical processes<br />

contribute to a series of transformations in the world of work and production in the<br />

form of products and services, causing further discussion from the perspective of<br />

humanization.<br />

Key Words/Descriptors: professio<strong>na</strong>l education, quality health care and<br />

professio<strong>na</strong>l certification.


LISTAS DE SIGLAS<br />

ABEn - Associação Brasileira <strong>de</strong> Enfermagem<br />

BID - Banco Interamericano <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

BIREME – Centro Latino Americano e do Caribe <strong>de</strong> Informação em Ciências da Saú<strong>de</strong><br />

BVS – Biblioteca Vrtual em Saú<strong>de</strong><br />

COFEN - Conselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Enfermagem<br />

CONASS - Conselho Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Secretários <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

CONASEMS - Conselho Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Secretários Municipais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

COREN - Conselho Regio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Enfermagem<br />

DeCS - Descritores em Ciências da Saú<strong>de</strong><br />

EPS - Educação Permanente em Saú<strong>de</strong><br />

ESF - Estratégia <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família<br />

ESP/MT – Escola Saú<strong>de</strong> Pública do Estado <strong>de</strong> Mato Grosso <strong>de</strong> Mato Grosso<br />

ETSUS - Escolas Técnicas do SUS<br />

IDH-M - Índice <strong>de</strong> Desenvolvimento Humano - Municipal<br />

LDB - Lei <strong>de</strong> Diretrizes e Bases da Educação Nacio<strong>na</strong>l<br />

MEC - Ministério da Educação e Cultura<br />

MTE - Ministério do Trabalho e Emprego<br />

MS - Ministério da Saú<strong>de</strong><br />

OPAS - Organização Pan-America<strong>na</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

PLE - Projeto Larga Escala<br />

PNEPS - Política Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Educação Permanente em saú<strong>de</strong><br />

PROFAE - Projeto <strong>de</strong> Profissio<strong>na</strong>lização dos Trabalhadores da Área da Enfermagem<br />

PROFAPS - Programa <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Profissio<strong>na</strong>is do Nível Médio Para Área da Saú<strong>de</strong><br />

RET-SUS - Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Escolas Técnicas do SUS<br />

SCIELO – Scientific Eletronic Library Online<br />

SES - Secretaria Estadual <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

SGTES - Secretaria <strong>de</strong> Gestão do Trabalho e Educação <strong>na</strong> Saú<strong>de</strong><br />

SIS - Secretaria <strong>de</strong> Gestão <strong>de</strong> Investimentos da Saú<strong>de</strong><br />

SUS - Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura


SUMÁRIO<br />

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 11<br />

2. OBJETIVOS ............................................................................................................... 14<br />

2.1. Objetivo geral....................................................................................................... 14<br />

3. REVISÃO DA LITERATURA....................................................................................... 15<br />

3.1. Dialogando com o processo histórico da educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> e da<br />

<strong>enfermagem</strong>................................................................................................................... 15<br />

4. METODOLOGIA......................................................................................................... 38<br />

5. ASPECTOS ÉTICOS.................................................................................................. 43<br />

6. ORÇAMENTO ............................................................................................................ 44<br />

7. CRONOGRAMA ......................................................................................................... 45<br />

8. ANÁLISE DOS DADOS .............................................................................................. 46<br />

8.1. Primeira categoria: economia <strong>de</strong> mercado e globalização x políticas públicas<br />

e educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> <strong>de</strong> nível médio........................................................................... 46<br />

8.2. Segunda categoria: fragmentação entre teoria e prática como resultado da<br />

dicotomia entre necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mercado e da educação ............................................. 53<br />

8.3. Terceira categoria: educação permanente........................................................... 59<br />

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................ 63<br />

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:........................................................................... 65<br />

11. ANEXO....................................................................................................................... 69


1. INTRODUÇÃO<br />

Com esta pesquisa preten<strong>de</strong>-se conhecer a produção científica existente no<br />

país sobre a <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>ização <strong>de</strong> nível médio <strong>na</strong> área da <strong>enfermagem</strong> incorporada<br />

ao cotidiano das escolas técnicas do SUS e da atenção ofertada à população com o<br />

advento da Política <strong>de</strong> Educação Permanente no período <strong>de</strong> 2007 a 2010.<br />

A escolha <strong>de</strong>ste tema <strong>de</strong>u-se pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer os caminhos<br />

percorridos por diferentes regiões do país que instituíram os cursos<br />

<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izantes <strong>na</strong> área da <strong>enfermagem</strong>. Enten<strong>de</strong>-se hipoteticamente que esses<br />

processos formativos mudaram a realida<strong>de</strong> do quantitativo do pessoal <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

diferentes regiões do Mato Grosso, exigindo formulação <strong>de</strong> políticas públicas locais<br />

voltadas para a Educação Permanente e que possam contribuir com um olhar mais<br />

complexo para traçar um novo perfil do ensino em Mato Grosso.<br />

As importantes mudanças nos padrões tecnológicos e organizacio<strong>na</strong>is<br />

ocorridas recentemente impõem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhadores mais autônomos e<br />

capazes <strong>de</strong> tomar <strong>de</strong>cisões, com maior po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> intervenção no processo <strong>de</strong><br />

produção. A incorporação <strong>de</strong> pessoal técnico qualificado aos serviços é essencial<br />

para que se possam obter ganhos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> no atendimento à população<br />

(SABÓIA et al., 2009).<br />

Este estudo busca apreen<strong>de</strong>r as políticas <strong>de</strong> ensino dos cursos<br />

<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izantes <strong>na</strong> área <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> nos espaços coletivos das escolas<br />

técnicas do SUS numa dimensão <strong>de</strong> contextualização das práticas utilizadas como<br />

política <strong>de</strong> educação permanente. Algumas questões cabem investigar: as unida<strong>de</strong>s<br />

formadoras planejam seus cursos incorporando as mudanças advindas do mundo


12<br />

globalizado e das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua população <strong>na</strong> perspectiva <strong>de</strong><br />

intervirem positivamente no meio on<strong>de</strong> atuam? Quais os caminhos percorridos pela<br />

<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>ização <strong>de</strong> nível médio <strong>na</strong> área da <strong>enfermagem</strong> incorporada ao cotidiano<br />

das escolas técnicas do SUS e da atenção ofertada à população com o advento da<br />

Política <strong>de</strong> Educação Permanente? Qual a produção científica existente a respeito<br />

no país? A organização e estruturação dos cursos <strong>de</strong> educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> <strong>de</strong> nível<br />

médio aten<strong>de</strong>m o compromisso firmado no Pacto pela Saú<strong>de</strong> 2006 no que diz<br />

respeito às singularida<strong>de</strong>s regio<strong>na</strong>is com foco para as necessida<strong>de</strong>s dos serviços?<br />

Esses processos formativos mudaram a realida<strong>de</strong> da produção dos serviços <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> do País propiciando formulações <strong>de</strong> políticas públicas locais voltadas para a<br />

educação permanente e que possam contribuir para o planejamento dos cursos no<br />

Estado <strong>de</strong> Mato Grosso?<br />

Parte-se do pressuposto <strong>de</strong>que romper com o utilitarismo, mecanicismo e o<br />

imediatismo presentes <strong>na</strong> formação tradicio<strong>na</strong>l e nos trei<strong>na</strong>mentos em serviço é um<br />

<strong>de</strong>safio paralelo que se encontra associado ao esforço constante <strong>de</strong> construção do<br />

Sistema único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS) eleito pela Assembléia Constituinte como regime<br />

jurídico <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> cuja busca pela universalida<strong>de</strong>, equida<strong>de</strong> e integralida<strong>de</strong> da<br />

assistência respeitando o princípio da <strong>de</strong>scentralização e com ativo controle social<br />

envolve permanentemente rediscussões entre gestores, educadores, profissio<strong>na</strong>is<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, acadêmicos e socieda<strong>de</strong> para gerir mudanças que tragam melhorias <strong>na</strong><br />

qualida<strong>de</strong> da atenção ofertada à população <strong>na</strong>s diferentes regiões do país.<br />

Reconhecer processos <strong>de</strong> mudança <strong>na</strong>s práticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> incorporadas ao<br />

cotidiano dos serviços, mais especificamente do <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> <strong>de</strong> nível médio da área<br />

da saú<strong>de</strong> sendo <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>do legalmente como auxiliar e técnico <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>


13<br />

po<strong>de</strong> ganhar cada vez mais concretu<strong>de</strong> pelas inúmeras experiências locais da<br />

singularida<strong>de</strong> em “fazer saú<strong>de</strong>”.<br />

A idéia é que essas práticas vêm contribuindo para “a promoção da<br />

integração entre o ensino e o serviço; entre a educação e o trabalho, com o objetivo<br />

<strong>de</strong> promover mudanças tanto no processo <strong>de</strong> formação quanto <strong>na</strong>s práticas <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> no âmbito do SUS" (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).<br />

Acredita-se que a práxis educativa utilizada <strong>na</strong>s escolas técnicas do SUS<br />

nos processos <strong>de</strong> educação permanente <strong>na</strong> área da <strong>enfermagem</strong> valoriza “saberes<br />

pré-existentes” ao tempo que oferece subsídios educacio<strong>na</strong>is inovadores com base<br />

<strong>na</strong> cientificida<strong>de</strong> e que possibilite integração <strong>de</strong> diferentes saberes <strong>na</strong> perspectiva <strong>de</strong><br />

novas inserções nos espaços coletivos para intervenção <strong>na</strong> realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma a<br />

permitir mudanças <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ntes para inversão nos processos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>-doença da<br />

comunida<strong>de</strong>.<br />

Fazer um “diálogo” entre esses processos formativos contribuirá com a<br />

política <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong> nosso Estado e <strong>de</strong> outros <strong>de</strong> forma articulada e em<br />

consonância com as necessida<strong>de</strong>s e expectativas da Política Estadual <strong>de</strong> Educação<br />

Permanente em Saú<strong>de</strong> e da socieda<strong>de</strong> local.


14<br />

2. OBJETIVOS<br />

2.1. Objetivo geral<br />

Conhecer a produção científica existente no país sobre a <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>ização<br />

<strong>de</strong> nível médio <strong>na</strong> área da <strong>enfermagem</strong> incorporada ao cotidiano das escolas<br />

técnicas do SUS e da atenção ofertada à população com o advento da Política <strong>de</strong><br />

Educação Permanente no período <strong>de</strong> 2007 a 2010.


15<br />

3. REVISÃO DA LITERATURA<br />

3.1. Dialogando com o processo histórico da educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> e da<br />

<strong>enfermagem</strong>.<br />

A educação <strong>na</strong>sce da aspiração <strong>de</strong> uma realização <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> como<br />

resultado <strong>de</strong> uma busca pessoal e como estratégia <strong>de</strong> melhoria <strong>de</strong> vida. As pessoas<br />

anseiam melhor padrão <strong>de</strong> vida e emprego, mas precisam ter o domínio do<br />

conhecimento para<br />

transformação da realida<strong>de</strong>. A escola como espaço <strong>de</strong><br />

sistematização <strong>de</strong>sse conhecimento busca conciliar e intermediar esse processo do<br />

saber objetivo em “saber para o trabalho”, que tem como ponto <strong>de</strong> partida as<br />

necessida<strong>de</strong>s sociais.<br />

No modo <strong>de</strong> produção capitalista, a necessida<strong>de</strong> mais<br />

imediata e indispensável do trabalhador à sua sobrevivência é a venda da sua força<br />

<strong>de</strong> trabalho, procurando valorizá-la e reproduzi-la. O modo como produzimos nosso<br />

trabalho é reflexo dos saberes adquiridos <strong>na</strong> escola.<br />

Novak (1998) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se preparar os formandos para a<br />

construção <strong>de</strong> significados. Promover mudanças e re-significados para realização<br />

<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> e pessoal no mundo do trabalho tor<strong>na</strong>-se um <strong>de</strong>safio para a Gestão<br />

on<strong>de</strong> a organização do trabalho segue tipicamente o mo<strong>de</strong>lo taylorista/fordista num<br />

cenário contraditório e complexo do mundo capitalista.<br />

Após 20 anos <strong>de</strong> regime militar, em que a proposta i<strong>de</strong>ológica <strong>de</strong> Governo<br />

tinha caráter anti<strong>de</strong>mocrático, em meados da década <strong>de</strong> 80, o Brasil vivenciou um<br />

processo <strong>de</strong> abertura em um período em que o mundo vivenciava o ápice dos<br />

movimentos sociais, com importantes reivindicações dos direitos dos cidadãos.<br />

Alguns movimentos encontravam espaço <strong>de</strong> fortalecimento enquanto portavoz<br />

da população. Entre outros, o “Movimento Diretas Já”, em 1987, retratava a luta


16<br />

pela liberda<strong>de</strong>, tendo como resultado a eleição <strong>de</strong> uma Assembléia Constituinte,<br />

com a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> elaborar uma carta constitucio<strong>na</strong>l que recuperasse os<br />

direitos do cidadão (MATO GROSSO, 2001).<br />

A Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988 reorganizou a Fe<strong>de</strong>ração Brasileira e<br />

atribuiu aos municípios uma nova perso<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> jurídica e política ampliando, <strong>de</strong><br />

forma consi<strong>de</strong>rável, a competência e as responsabilida<strong>de</strong>s das cida<strong>de</strong>s e da<br />

comunida<strong>de</strong>.<br />

Os municípios passaram a ser responsáveis pela organização e<br />

manutenção dos serviços básicos <strong>na</strong>s áreas da saú<strong>de</strong>, educação e assistência<br />

social (BRASIL, 1988).<br />

Com a aprovação da Lei Orgânica da Saú<strong>de</strong> – Lei nº 8080/90, que dispõe<br />

sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saú<strong>de</strong>, a<br />

organização e o funcio<strong>na</strong>mento dos serviços no Brasil, os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> passam<br />

a ser organizados <strong>de</strong> forma regio<strong>na</strong>lizada e hierarquizada, em nível <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong><br />

crescente. Sua Direção, conforme o inciso I do art. 198 da Constituição Fe<strong>de</strong>ral é<br />

única, exercida no âmbito da União pelo Ministério da Saú<strong>de</strong> e no âmbito dos<br />

Estados, do Distrito Fe<strong>de</strong>ral e dos Municípios, pela respectiva Secretaria <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

ou órgão equivalente e também que os Municípios po<strong>de</strong>m constituir consórcios para<br />

<strong>de</strong>senvolver serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> articulados <strong>de</strong> forma a aten<strong>de</strong>r as <strong>de</strong>mandas<br />

provenientes das regiões <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (BRASIL, 1990).<br />

Para dar suporte legal e acompanhar esse processo <strong>de</strong> municipalização do<br />

SUS no eixo da educação e saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> maneira <strong>de</strong>scentralizada e para aten<strong>de</strong>r as<br />

<strong>de</strong>mandas locais <strong>de</strong> formação técnica dos trabalhadores que já atuavam nos<br />

serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> foram criadas as Escolas Técnicas do SUS (ETSUS), sendo que<br />

sua origem nos remete ao Projeto Larga Escala, <strong>de</strong>senvolvido no período entre 1985<br />

a 2000, que primava qualificar a população das regiões menos <strong>de</strong>senvolvidas, além


17<br />

da preocupação <strong>de</strong> conscientização, integração e <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>ização <strong>na</strong> área da<br />

<strong>enfermagem</strong> (BASSINELLO, 2007).<br />

Des<strong>de</strong> a criação da LDB 5692/71, que regulamentava os ensinos <strong>de</strong> 1º e 2º<br />

graus generalizando o ensino <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izante no ensino médio, então <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>do<br />

segundo grau, sem preocupar-se com a preservação da carga horária para a<br />

formação <strong>de</strong> base, o Governo <strong>de</strong>monstrava preocupação com a <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>ização<br />

para o mercado <strong>de</strong> trabalho. No seu art. 25 apresentava a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação<br />

<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> <strong>de</strong>finida em lei específica, proporcio<strong>na</strong>ndo estruturação <strong>de</strong> ensino que<br />

se ajustasse à sua fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> própria e ao tipo especial <strong>de</strong> aluno a que se <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>va<br />

(SARAGIOTTO, 2009).<br />

No Brasil, a formação <strong>de</strong> pessoal <strong>de</strong> nível médio e elementar é <strong>de</strong><br />

responsabilida<strong>de</strong> do sistema <strong>de</strong> educação que através <strong>de</strong> seus órgãos <strong>de</strong> direção<br />

fe<strong>de</strong>ral, Ministério da Educação, a nível estadual, Secretaria Estadual <strong>de</strong> Educação<br />

e o Conselho Estadual <strong>de</strong> Educação 1<br />

criam leis e estabelecem diretrizes que<br />

regulamentam o ensino público e privado no país.<br />

A regulamentação do PLE – Projeto Larga Escala abriu um caminho para a<br />

<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>ização <strong>de</strong>sse pessoal como uma proposta alter<strong>na</strong>tiva <strong>de</strong> qualificação<br />

<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> <strong>de</strong> trabalhadores sem formação específica, que perdurou até a<br />

regulamentação da Lei <strong>de</strong> Diretrizes e Bases da Educação Nacio<strong>na</strong>l – LDB sob nº<br />

9394/96. A primeira estratégia do PLE se daria então a partir <strong>de</strong> situações reais e<br />

cotidia<strong>na</strong>s, vividas ou experimentadas pelos próprios trabalhadores no seu ambiente<br />

<strong>de</strong> trabalho, possibilitando o surgimento <strong>de</strong> um indivíduo ativo, produtor <strong>de</strong><br />

conhecimentos e capaz <strong>de</strong> modificar o seu meio (BASSINELLO, 2007).<br />

1 O Conselho Estadual <strong>de</strong> Educação é órgão colegiado <strong>de</strong> caráter normativo,<br />

consultivo, <strong>de</strong>liberativo, <strong>de</strong> assessoramento superior da Secretaria <strong>de</strong> Estado da<br />

Educação, com representação paritária entre governo do estado e socieda<strong>de</strong> civil<br />

organizada.


18<br />

No <strong>de</strong>correr da execução do PLE foram constatados problemas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<br />

estrutural como inexistência <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> fi<strong>na</strong>nciamento para a formação<br />

<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> e falta <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> recursos humanos para a<br />

<strong>enfermagem</strong> condições necessárias para o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> várias funções voltadas<br />

para um projeto comprometido com a transformação social (SANTOS, 2008).<br />

Inclusive com a aprovação da nova LDB à época, Lei 7.044/82, tor<strong>na</strong>vam-se<br />

facultativos os cursos <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izantes no ensino <strong>de</strong> 2º grau, restringindo às<br />

instituições a formação especializada. Rapidamente as Escolas <strong>de</strong><br />

2º grau<br />

reverteram suas gra<strong>de</strong>s curriculares e passaram a oferecer cursos acadêmicos. Isso<br />

gerou gran<strong>de</strong>s discussões, pois o curso <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> <strong>de</strong>ntro do 2º grau não oferecia<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> própria às Escolas e tor<strong>na</strong>va-se um 2º grau gigantesco (SARAGIOTTO,<br />

2009).<br />

Nesse cenário surge o PROFAE (PROFISSIONALIZAÇÃO DOS<br />

AUXILIARES DE ENFERMAGEM) para aten<strong>de</strong>r à <strong>de</strong>manda gerada <strong>de</strong><br />

regulamentação do exercício <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> da <strong>enfermagem</strong> por meio da Lei n 7.498 <strong>de</strong><br />

25/07/1986, que <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>va que somente pu<strong>de</strong>ssem exercê-la no território <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

o enfermeiro, o técnico, o auxiliar <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> e a parteira, tendo sido estipulado<br />

o prazo <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos para que fosse regularizada a situação dos profissio<strong>na</strong>is que<br />

não possuíam a formação exigida para que os profissio<strong>na</strong>is regularmente<br />

empregados viessem a se qualificar como Auxiliares <strong>de</strong> Enfermagem (BRASIL,<br />

1987).<br />

Na criação da Lei do Exercício Profissio<strong>na</strong>l da Enfermagem houve uma<br />

omissão ao cargo <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>, conseqüentemente extinta tal<br />

<strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>ção on<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> fazer parte do quadro <strong>de</strong> profissio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong><br />

os indivíduos sem formação mínima, até porque, pessoas <strong>de</strong>squalificadas, porém


19<br />

empregadas <strong>de</strong>veriam buscar escolarida<strong>de</strong> mesmo que dispersos geograficamente<br />

e com ida<strong>de</strong> que não podiam sair do interior para vir para a ‘escola-en<strong>de</strong>reço’ 2<br />

(SANTOS ISABEL, nov/10; REVISTA CIÊNCIA, CUIDADO E SAÚDE).<br />

Em acato à proposta inclusiva <strong>de</strong> educação <strong>de</strong>sse contingente e diante das<br />

orientações neoliberais <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização das ações estatais e <strong>de</strong> crescente<br />

restrição <strong>de</strong> verbas para os setores sociais, coube ao Estado brasileiro buscar<br />

formas políticas e fi<strong>na</strong>nceiras <strong>de</strong> enfrentamento da questão da frágil formação<br />

<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> dos trabalhadores da área <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> que não representassem<br />

ampliação da esfera pública e nem impacto sobre o orçamento do Estado (SANTOS<br />

ISABEL, nov/10; REVISTA CIÊNCIA, CUIDADO E SAÚDE).<br />

A fiscalização do Conselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Enfermagem - Cofen, logo após a<br />

extinção do prazo <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos para legalização do cargo <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>nte, levou muitos<br />

profissio<strong>na</strong>is da área a serem punidos por exercício ilegal da profissão.<br />

Logo,<br />

forçando que esses profissio<strong>na</strong>is se submetessem a uma relação <strong>de</strong> trabalho<br />

informal ou que fossem contratados com outra <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>ção. As contratações<br />

temporárias <strong>de</strong>veriam ser extintas e os concursos públicos não po<strong>de</strong>riam incluir os<br />

aten<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>, para dar legitimida<strong>de</strong> e vinculação efetiva no cargo<br />

ocupado pelo <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988).<br />

Muitos estabelecimentos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> se viram obrigados quanto ao provimento<br />

<strong>de</strong> profissio<strong>na</strong>is para ocupação <strong>de</strong> vagas em suas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, pelo<br />

<strong>de</strong>sligamento dos trabalhadores irregulares, cujos contratos eram <strong>de</strong>clarados nulos.<br />

2 ‘ESCOLA-ENDEREÇO’: é qualquer estabelecimento ou instituição <strong>de</strong> educação.<br />

Essa idéia surgiu da filosofia dos gregos antigos, on<strong>de</strong> eles se reuniam em praças<br />

públicas para praticar filosofia e trocar idéias. Publicado no dicionário da Wikipédia<br />

no Google e acessado em 15-11-2011.


20<br />

O <strong>de</strong>safio do setor saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> assegurar o emprego <strong>de</strong> muitos trabalhadores<br />

sem qualquer capacitação para os diversos processos <strong>de</strong> trabalho estava instituído.<br />

Os aten<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> eram trabalhadores que não contavam com a<br />

formação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> regulamentada em termos educacio<strong>na</strong>is, ético-profissio<strong>na</strong>is e<br />

trabalhistas, pois não possuíam qualquer habilitação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> (SANTOS ISABEL,<br />

nov/10; REVISTA CIÊNCIA, CUIDADO E SAÚDE).<br />

Na luta pela <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>ização <strong>de</strong>sses trabalhadores, configurou-se a <strong>de</strong>fesa<br />

pelas Escolas Técnicas do SUS (ETSUS), <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>das às pessoas que já atuavam<br />

nos serviços. Estas Escolas têm como objetivo garantir i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> aos<br />

trabalhadores da saú<strong>de</strong>, que até então tinham como formação, tão somente, a<br />

experiência laboral (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).<br />

O fator imperativo do PROFAE <strong>de</strong> se produzir uma resposta política e<br />

fi<strong>na</strong>nceiramente a<strong>de</strong>quada aos preceitos políticos e econômicos do neoliberalismo<br />

surge em função dos preceitos e prescrições gerenciais típicos do Estado capitalista<br />

reformado segundo a orientação neoliberal como também, a partir da sua condição<br />

<strong>de</strong> política social até porque, historicamente, a categoria <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>, mais<br />

especificamente técnicos e auxiliares, apresentava-se com um papel subalterno em<br />

relação à formação qualificada <strong>de</strong> outras áreas da saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>vendo, portanto, ser resignificado<br />

(CÊA et al., 2007).<br />

Oficialmente instituído em 15 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1999, pela Portaria nº 1.262<br />

esse Projeto foi uma iniciativa do Ministério da Saú<strong>de</strong>, que através da Secretaria <strong>de</strong><br />

Gestão <strong>de</strong> Investimentos da Saú<strong>de</strong> (SIS), objetivou a melhoria da qualida<strong>de</strong> dos<br />

serviços hospitalares e ambulatoriais prestados por meio da oferta <strong>de</strong> qualificação<br />

<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>, reduzindo assim o déficit <strong>de</strong> auxiliares <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> e da


21<br />

complementação da Qualificação Profissio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Técnico <strong>de</strong> Enfermagem<br />

(BERSUSA, 2004).<br />

Institucio<strong>na</strong>lmente, a formulação e a implementação do PROFAE resultaram<br />

<strong>de</strong> articulações do Ministério da Saú<strong>de</strong> (MS) com o Ministério da Educação (MEC) e<br />

com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lmente, o MS articulouse<br />

com o Banco Interamericano <strong>de</strong> Desenvolvimento (BID) para viabilizar<br />

cooperação fi<strong>na</strong>nceira e com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a<br />

Ciência e a Cultura (UNESCO) para o estabelecimento <strong>de</strong> cooperação técnica. Essa<br />

oferta <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>ização em gran<strong>de</strong> escala tinha como meta<br />

<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izar cerca <strong>de</strong> 225 mil auxiliares e 90 mil técnicos <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> (CÊA et<br />

al., 2007) .<br />

Inicialmente, o PROFAE foi organizado em dois componentes: O primeiro<br />

componente é a Qualificação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> e escolarização <strong>de</strong> trabalhadores da<br />

<strong>enfermagem</strong> e tem por objetivo melhorar a qualida<strong>de</strong> da atenção ambulatorial e<br />

hospitalar promovendo a complementação do ensino fundamental e da qualificação<br />

<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> dos trabalhadores empregados nos estabelecimentos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

(públicos, privados e filantrópicos), (BRASIL, 2000).<br />

O segundo componente do PROFAE, Fortalecimento Institucio<strong>na</strong>l das<br />

Instâncias Formadoras e Reguladoras <strong>de</strong> Recursos Humanos do SUS, <strong>de</strong>stinou-se a<br />

fi<strong>na</strong>nciar ativida<strong>de</strong>s para viabilizar as ações previstas no Componente I e garantir<br />

sustentabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus resultados em longo prazo mediante o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fortalecimento institucio<strong>na</strong>l e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> expertises que<br />

possibilitem a institucio<strong>na</strong>lização <strong>de</strong> processos permanentes <strong>de</strong> formação e<br />

regulação <strong>de</strong> recursos humanos <strong>de</strong> nível médio que atendam ao setor saú<strong>de</strong><br />

(BRASIL, 2000).


22<br />

Em condição oportu<strong>na</strong> ao processo <strong>de</strong> <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>ização à época, cria-se a<br />

Lei 9.394/96 da LDB revogando a Lei 5692/71, que amplia a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do nível<br />

médio como etapa <strong>de</strong> consolidação da educação básica, oferece ao educando o<br />

aprimoramento como pessoa huma<strong>na</strong>, oportuniza o aprofundamento do aprendizado<br />

adquirido no ensino fundamental para continuar apren<strong>de</strong>ndo e dá preparação básica<br />

para o trabalho e para a cidadania. Dispõe que a educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> integra às<br />

diferentes formas <strong>de</strong> educação, ao trabalho, às ciências e à tecnologia, conduzindo<br />

ple<strong>na</strong>mente o educando para a vida produtiva. Desta feita, regulamenta-se <strong>de</strong> forma<br />

efetiva a educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>, trazendo melhor a<strong>de</strong>quação às novas exigências<br />

sociais (SARAGIOTTO, 2009).<br />

Nessa concepção, todo o ensino médio, assim como o ensino técnico,<br />

tecnológico e <strong>de</strong> graduação <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados cursos <strong>de</strong> Educação<br />

Profissio<strong>na</strong>l, ficando a diferença por conta do nível <strong>de</strong> exigências das competências<br />

e das qualificações dos egressos, do currículo e da carga horária (SARAGIOTTO,<br />

2009).<br />

No cenário brasileiro, até 1999 a força <strong>de</strong> trabalho mais expressiva no setor<br />

saú<strong>de</strong> era composta por profissio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> nível médio em <strong>enfermagem</strong>, sendo que<br />

aproximadamente 700 mil atuavam nos níveis técnico e auxiliar no cuidado direto às<br />

pessoas, executando ativida<strong>de</strong>s pertinentes ao processo saú<strong>de</strong>-doença nos diversos<br />

espaços e contextos (Marques apud Sório, 2002).<br />

Esse processo <strong>de</strong> <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>ização ocorreria <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>scentralizada<br />

proporcio<strong>na</strong>ndo a formação nos espaços coletivos <strong>de</strong> trabalho vinculando essas<br />

práticas à necessida<strong>de</strong> dos serviços mantendo itinerários <strong>de</strong> formação<br />

diversificados, para o atendimento, principalmente <strong>de</strong> <strong>de</strong>mandas hospitalares<br />

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005).


23<br />

Por ser a educação um requisito em busca da cidadania, a Lei <strong>de</strong> Diretrizes<br />

e Bases da Educação Nacio<strong>na</strong>l nº 9.394 <strong>de</strong> 20/12/1996 contempla em seu art. 40º<br />

que “a educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> seja <strong>de</strong>senvolvida [...], em instituições especializadas<br />

ou no ambiente <strong>de</strong> trabalho”, então, as Secretarias <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> assumiram <strong>de</strong> forma<br />

institucio<strong>na</strong>lizada os cursos <strong>de</strong> formação (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).<br />

Configuraram-se então as Escolas Técnicas do SUS (ETSUS), <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>das<br />

às pessoas que já atuavam nos serviços. Estas Escolas têm como objetivo garantir<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> aos trabalhadores da saú<strong>de</strong>, que até então tinham como<br />

formação, tão somente, a experiência laboral (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).<br />

As ETSUS contribuem significativamente para a Educação Profissio<strong>na</strong>l em<br />

nível <strong>de</strong> Qualificação e Técnico <strong>na</strong>s subáreas <strong>de</strong> auxiliar e técnico <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong><br />

tendo como base legal os Referenciais Curriculares Nacio<strong>na</strong>is da Educação<br />

Profissio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Nível Técnico para elaboração e planejamento pedagógico dos<br />

cursos (RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 04/99, DO CONSELHO NACIONAL DE<br />

EDUCAÇÃO).<br />

Estar cre<strong>de</strong>nciada pelo sistema formal <strong>de</strong> ensino, o que <strong>de</strong>ve ser<br />

comprovado mediante resolução do Conselho Estadual <strong>de</strong> Educação, é um dos<br />

critérios que legitimam o exercício das ETSUS (RESOLUÇÃO Nº 169/2006-<br />

CEE/MT).<br />

As ETSUS <strong>de</strong>vem a<strong>de</strong>quar seus currículos ao contexto regio<strong>na</strong>l em que<br />

estão inseridos geograficamente consi<strong>de</strong>rando um conjunto articulado <strong>de</strong> princípios,<br />

critérios, <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> competências profissio<strong>na</strong>is gerais do técnico por área<br />

<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> e procedimentos a serem observados pelos sistemas <strong>de</strong> ensino e pelas<br />

escolas <strong>na</strong> organização e no planejamento dos cursos <strong>de</strong> nível técnico. Esse


24<br />

aparato legal <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>-se diretrizes curriculares <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is para a educação<br />

Profissio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Nível Técnico (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 1999).<br />

As ETSUS têm como mo<strong>de</strong>lo pedagógico a integração ensino-serviço,<br />

utilizando as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> como espaços <strong>de</strong> aprendizagem, qualificando<br />

pedagogicamente os profissio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> nível superior dos serviços para atuarem como<br />

docentes (PORTARIA Nº 2.970, DE 25 DE NOVEMBRO DE 2009 –<br />

REPUBLICAÇÕES).<br />

As importantes mudanças nos padrões tecnológicos e organizacio<strong>na</strong>is<br />

ocorridas no período recente impõem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhadores mais<br />

autônomos e capazes <strong>de</strong> tomar <strong>de</strong>cisões, com maior po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> intervenção no<br />

processo <strong>de</strong> produção. A incorporação <strong>de</strong> pessoal técnico qualificado aos serviços é<br />

essencial para que se possam obter ganhos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> no atendimento à<br />

população (MS/SGTES/PROFAE, 2003).<br />

A introdução às discussões <strong>de</strong> valorização do trabalho, aprendizagem<br />

significativa e compreensão do conhecimento para além da divisão vertical técnica<br />

do trabalho é uma preocupação constante das ETSUS que mantêm em seus planos<br />

<strong>de</strong> cursos essa visão.<br />

Nesse contexto, busca-se <strong>na</strong> educação <strong>de</strong>sses trabalhadores a<br />

compreensão para o mundo<br />

do trabalho e seu comprometimento quanto à<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cuidar das pessoas para além das limitações que pertencem ao diaa-dia<br />

do trabalho <strong>na</strong> área da <strong>enfermagem</strong>. Os <strong>de</strong>safios a serem percorridos e as<br />

dificulda<strong>de</strong>s para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> são alvos <strong>de</strong> preocupação <strong>na</strong> oferta<br />

dos cursos técnicos em <strong>enfermagem</strong> (GÖTTEMS, 2007).


25<br />

Os Referenciais Curriculares Nacio<strong>na</strong>is da Educação Profissio<strong>na</strong>l compõem<br />

um conjunto <strong>de</strong> conteúdos fundamentais para <strong>de</strong>linear o perfil <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> esperado<br />

<strong>de</strong> conclusão <strong>de</strong> curso indicando o que é esperado <strong>de</strong>sse <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>. Essas<br />

informações po<strong>de</strong>m ser encontradas no anexo da Resolução CEB/CNE 04/99<br />

(CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO).<br />

Todavia, o Conselho Estadual <strong>de</strong> Educação do Estado <strong>de</strong> Mato Grosso criou<br />

uma Resolução sob nº 169/06 que ampliou essa <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ção abrindo brechas para<br />

uma complementação <strong>de</strong>sse perfil, consi<strong>de</strong>rando a localização especial e temporal<br />

da oferta do curso po<strong>de</strong>ndo a instituição acrescentar outros elementos ao perfil do<br />

egresso além do apresentado no Referencial (BRASIL, 1999).<br />

Vale ressaltar que no III item do Art. 22 da Resolução CEB/CNE 04/99 ficam<br />

estabelecidas as condições necessárias para que seja efetuada a matrícula <strong>de</strong><br />

alunos, po<strong>de</strong>ndo ser <strong>de</strong>finidos alguns pré-requisitos <strong>de</strong> acesso, pertinentes e<br />

coerentes com o curso, módulo ou etapa do itinerário <strong>de</strong> formação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>, que<br />

po<strong>de</strong>rão ser relacio<strong>na</strong>dos à faixa etária, escolarização anterior, experiência<br />

<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> ou até mesmo condições subjetivas como renda familiar, origem étnica e<br />

vínculo empregatício (BRASIL, 1999).<br />

Os “itinerários formativos” são estruturas <strong>de</strong> formação escolar <strong>de</strong> cada país<br />

com diferenças marcadas à partir do modo como se organizaram e organizam-se<br />

historicamente o acesso à profissão. As bases organizativas dos currículos, se<br />

contínuas ou modulares, <strong>de</strong>finirão, em parte, os tipos <strong>de</strong> ‘itinerários formativos’ que<br />

po<strong>de</strong>m ser seguidos pelos estudantes, em coerência com a organização e as<br />

normas dos sistemas <strong>de</strong> ensino e <strong>de</strong> formação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> (RAMOS, 2009) 3 .<br />

3 Itinerários formativos no nível macro referem-se à estrutura <strong>de</strong> formação escolar<br />

<strong>de</strong> cada país, a partir da história do sistema escolar, do modo como se


26<br />

Educar sua população e possibilitar continuida<strong>de</strong> aos estudos é<br />

constitucio<strong>na</strong>lmente uma obrigação da esfera pública nos três níveis <strong>de</strong> gestão da<br />

educação. Significa que a estruturação dos sistemas <strong>de</strong> ensino e a programação<br />

das ativida<strong>de</strong>s educacio<strong>na</strong>is <strong>de</strong>vem garantir o progressivo avanço do aluno no seu<br />

processo <strong>de</strong> aprendizagem e escolarização, evitando- se interrupções e repetições<br />

<strong>de</strong> conteúdos e <strong>de</strong> experiências (RAMOS, 2009).<br />

O Pacto <strong>de</strong> Gestão, instituído em 2006 entre o Governo Fe<strong>de</strong>ral, Estadual e<br />

Municipal para formular, promover e apoiar a gestão da educação permanente em<br />

saú<strong>de</strong> e processos relativos à mesma no âmbito do SUS valoriza a relação solidária<br />

entre gestores estabelecendo responsabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada ente fe<strong>de</strong>rado a partir <strong>de</strong><br />

uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> princípios e uma diversida<strong>de</strong> operativa que respeite as<br />

singularida<strong>de</strong>s regio<strong>na</strong>is contribuindo para o fortalecimento da gestão em cada eixo<br />

<strong>de</strong> ação: Descentralização, Regio<strong>na</strong>lização, Fi<strong>na</strong>nciamento do SUS, Planejamento<br />

no SUS, Programação Pactuada Integrada (PPI), Regulação da Atenção à Saú<strong>de</strong> e<br />

Regulação Assistencial, Participação e Controle Social, Gestão do Trabalho <strong>na</strong><br />

Saú<strong>de</strong>, e Educação <strong>na</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />

O Ministério da Saú<strong>de</strong>, o Conselho Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Secretários <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> -<br />

CONASS e o Conselho Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Secretários Municipais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> - CONASEMS,<br />

pactuaram responsabilida<strong>de</strong>s entre os três gestores do SUS, no campo da gestão do<br />

Sistema e da atenção à saú<strong>de</strong> através do Pacto pela Saú<strong>de</strong> 2006 <strong>na</strong>s suas três<br />

dimensões - Pacto pela Vida, Pacto <strong>de</strong> Gestão e Pacto em Defesa do SUS.<br />

organizaram os sistemas <strong>de</strong> formação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> ou do modo <strong>de</strong> acesso à<br />

profissão. As bases organizativas dos currículos, se contínuas ou modulares,<br />

<strong>de</strong>finirão, em parte, os tipos <strong>de</strong> ‘itinerários formativos’ que po<strong>de</strong>m ser seguidos<br />

pelos estudantes, em coerência com a organização e as normas dos sistemas <strong>de</strong><br />

ensino e <strong>de</strong> formação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>. Autora: Marise Nogueira Ramos, 2009,<br />

Dicionário da Educação Profissio<strong>na</strong>l em Saú<strong>de</strong>. Fundação Oswaldo Cruz. Escola<br />

Politécnica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Joaquim Venâncio.


27<br />

O Pacto pela Vida é o compromisso entre os gestores do SUS em torno <strong>de</strong><br />

priorida<strong>de</strong>s que apresentam impacto sobre a situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da população<br />

brasileira, Pacto em Defesa do SUS que direcio<strong>na</strong> o trabalho dos gestores das três<br />

esferas <strong>de</strong> governo e dos outros atores envolvidos para que sejam expressos os<br />

compromissos entre os gestores do SUS com a consolidação da Reforma Sanitária<br />

Brasileira, explicitada <strong>na</strong> <strong>de</strong>fesa dos princípios do Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

estabelecida <strong>na</strong> Constituição Fe<strong>de</strong>ral, que <strong>de</strong>senvolvam e articulem ações, no seu<br />

âmbito <strong>de</strong> competência e em conjunto com os <strong>de</strong>mais gestores visando qualificar e<br />

assegurar o Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> como política pública e o Pacto <strong>de</strong> gestão que<br />

estabelece Diretrizes para a gestão do sistema nos aspectos da Descentralização;<br />

Regio<strong>na</strong>lização; Fi<strong>na</strong>nciamento; Planejamento; Programação Pactuada e Integrada<br />

– PPI; Regulação; Participação Social e Gestão do Trabalho e da Educação <strong>na</strong><br />

Saú<strong>de</strong> (BRASIL, 2006).<br />

A pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contextos vivenciados por nossos municípios e regiões<br />

exige que <strong>de</strong>senhemos políticas públicas capazes <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a<strong>de</strong>quadamente às<br />

diferentes necessida<strong>de</strong>s advindas <strong>de</strong>ssa diversida<strong>de</strong> (CONASEMS, 2009).<br />

O Pacto intencio<strong>na</strong> mudanças <strong>na</strong> operacio<strong>na</strong>lização do Sistema Único <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong>, possibilitando a efetivação <strong>de</strong> acordos entre as três esferas <strong>de</strong> gestão do<br />

SUS, tendo em vista a reforma institucio<strong>na</strong>l vigente, a promoção <strong>de</strong> inovações nos<br />

processos e instrumentos <strong>de</strong> gestão e a re<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>s coletivas<br />

por resultados sanitários, em função das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da população e da<br />

busca por qualida<strong>de</strong> social (BRASIL, 2006).<br />

O Brasil é um país com diferenças regio<strong>na</strong>is consi<strong>de</strong>ráveis, sendo<br />

necessário avançar para o fortalecimento da gestão regio<strong>na</strong>l aten<strong>de</strong>ndo um dos<br />

princípios do SUS, a <strong>de</strong>scentralização dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.


28<br />

A <strong>de</strong>scentralização no campo da saú<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser compreendida a partir da<br />

relação intrínseca com a gestão do sistema público, especialmente no que se refere<br />

à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aperfeiçoamento das práticas <strong>de</strong> planejamento, programação e<br />

organização das ações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> nos serviços, <strong>na</strong> busca <strong>de</strong> práticas sanitárias<br />

condizentes com o perfil sanitário e epi<strong>de</strong>miológico que impulsio<strong>na</strong>m à construção<br />

<strong>de</strong> alter<strong>na</strong>tivas <strong>de</strong> organização e operacio<strong>na</strong>lização <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

comprometidas com a melhoria do perfil dos distintos grupos populacio<strong>na</strong>is<br />

presentes no Estado brasileiro (TEIXEIRA, 2001).<br />

A <strong>de</strong>scentralização, ao assumir a forma <strong>de</strong> municipalização, aproxima o<br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão sobre a organização do mo<strong>de</strong>lo assistencial ofertado à população.<br />

Permite, ainda, proporcio<strong>na</strong>r serviços <strong>de</strong> maior qualida<strong>de</strong>, controlados e fiscalizados<br />

pelos cidadãos. Isto implica dotar o município <strong>de</strong> condições gerenciais, técnicas,<br />

administrativas e fi<strong>na</strong>nceiras para exercer estas novas funções (CUNHA e CUNHA,<br />

2001).<br />

As Regiões <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> são recortes territoriais inseridos em espaço<br />

geográfico contínuo, i<strong>de</strong>ntificadas pelos gestores municipais e estaduais a partir <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s culturais, econômicas e sociais, <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comunicação e infraestrutura<br />

<strong>de</strong> transportes compartilhados do território (MINISTÉRIO DA SAÚDE,<br />

2009).<br />

Para qualificar o processo <strong>de</strong> regio<strong>na</strong>lização e garantir o exercício da ação<br />

cooperativa entre os gestores, em cada Região <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> é constituído um<br />

Colegiado <strong>de</strong> Gestão Regio<strong>na</strong>l (CGR), com a participação <strong>de</strong> todos os municípios da<br />

região e da representação do estado.


29<br />

O CGR se configura como espaço permanente <strong>de</strong> pactuação, cogestão e <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cisão, mediante a i<strong>de</strong>ntificação, <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> pactuação <strong>de</strong><br />

soluções para a organização da re<strong>de</strong> regio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> ações e serviços <strong>de</strong> atenção à<br />

saú<strong>de</strong>, integrada e resolutiva (BRASIL, 2006).<br />

O CGR é uma inovação do Pacto pela Saú<strong>de</strong>, pois efetiva a articulação<br />

permanente e contínua entre todos os municípios e o estado, <strong>na</strong> Região <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

<strong>na</strong> qual está inserido. A partir da implantação do Pacto pela Saú<strong>de</strong>, todos os<br />

gestores dos municípios têm assento e voz no CGR e, por meio da pactuação,<br />

procuram garantir que <strong>de</strong>mandas dos diferentes interesses regio<strong>na</strong>is possam ser<br />

organizadas e expressadas <strong>na</strong>quele território (BRASIL, 2006).<br />

A adoção <strong>de</strong> estratégias que possibilitem modificar o padrão <strong>de</strong> atenção à<br />

saú<strong>de</strong> praticada no país com maior envolvimento municipal aliado ao esforço <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scentralização do SUS pelos entes fe<strong>de</strong>rativos fortalecem a implementação da<br />

educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> nessas instâncias on<strong>de</strong> o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> praticado pelo<br />

trabalhador requer melhor aprimoramento técnico e científico<br />

que busca a<br />

legalização <strong>de</strong> sua prática, tendo <strong>na</strong> Educação Profissio<strong>na</strong>l o caminho para sua<br />

realização <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> e pessoal conforme a exigência da organização do trabalho<br />

no SUS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).<br />

A Educação Profissio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> nível médio <strong>na</strong>s subáreas <strong>de</strong> Auxiliar e Técnico<br />

<strong>de</strong> Enfermagem aten<strong>de</strong> legalmente pelas nomenclaturas dos cursos e programas<br />

nos seguintes termos, conforme Resolução nº 1 do Conselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação<br />

<strong>de</strong> 03/02/2005: a Educação Profissio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> nível básico passa a <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>r-se<br />

formação inicial e continuada <strong>de</strong> trabalhadores; a Educação Profissio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> nível<br />

técnico passa a <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>r-se Educação Profissio<strong>na</strong>l Técnica <strong>de</strong> nível médio; a


30<br />

Educação Profissio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> nível tecnológico passa a <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>r-se “Educação<br />

Profissio<strong>na</strong>l Tecnológica, <strong>de</strong> graduação e <strong>de</strong> pós-graduação”. (BRASIL, 2005).<br />

A categoria <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> apresenta-se com um aprendizado fortemente<br />

embutido <strong>na</strong> escolarização <strong>de</strong> seus trabalhadores em relação à formação <strong>de</strong> outras<br />

áreas da saú<strong>de</strong>. Tal situação, <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>da social e historicamente, tem em vista a<br />

lógica do modo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> serviços on<strong>de</strong> predomi<strong>na</strong> o pensamento capitalista<br />

trazendo distorções <strong>na</strong> prática <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> e como conseqüência, <strong>na</strong> produção<br />

dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008).<br />

Na ótica neoliberal, a crise do Estado capitalista incluía, entre outros, o<br />

dilema entre o público e o privado, o qual ocasio<strong>na</strong>va problemas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>na</strong><br />

ação e <strong>na</strong> intervenção estatal <strong>na</strong>s relações sociais, principalmente <strong>na</strong>quelas<br />

<strong>de</strong>cisões gover<strong>na</strong>mentais consi<strong>de</strong>radas estratégicas (CÊA et al., 2007).<br />

A PORTARIA Nº 3.189, DE 18 DE DEZEMBR0 DE 2009 dispõe sobre as<br />

diretrizes para a implementação do Programa <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Profissio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> Nível<br />

Médio para a Saú<strong>de</strong> – PROFAPS on<strong>de</strong> confirma a responsabilida<strong>de</strong> do Ministério da<br />

Saú<strong>de</strong> <strong>na</strong> consolidação da Reforma Sanitária Brasileira, por meio do fortalecimento<br />

da <strong>de</strong>scentralização da gestão setorial, do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> estratégias e<br />

processos para alcançar a integralida<strong>de</strong> da atenção à saú<strong>de</strong> individual e coletiva e<br />

do incremento da participação da socieda<strong>de</strong> <strong>na</strong>s <strong>de</strong>cisões políticas do Sistema<br />

Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS) e também reafirma como responsabilida<strong>de</strong> constitucio<strong>na</strong>l do<br />

SUS, em seu art. 200, <strong>de</strong> or<strong>de</strong><strong>na</strong>r a formação <strong>de</strong> recursos humanos para a área <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> incrementar, em sua área <strong>de</strong> atuação, o <strong>de</strong>senvolvimento científico e<br />

tecnológico (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009)


31<br />

O objetivo do PROFAPS é contribuir para a melhoria da Atenção Básica e<br />

Especializada em áreas estratégicas da saú<strong>de</strong> e está sendo implementado pelas<br />

Escolas Técnicas do SUS. O Programa busca articulação entre escola técnica,<br />

comunida<strong>de</strong> e re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> como espaços <strong>de</strong> formação e tem como<br />

meta até 2011, qualificar e/ou habilitar 260 mil trabalhadores em cursos <strong>de</strong> educação<br />

<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> já inserido ou a serem inseridos no Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS)<br />

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).<br />

A distribuição dos recursos aos estados e municípios e ao Distrito Fe<strong>de</strong>ral<br />

obe<strong>de</strong>ce alguns critérios. O primeiro grupo <strong>de</strong> critérios trata da a<strong>de</strong>são às políticas<br />

setoriais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>na</strong> perspectiva <strong>de</strong> alteração do <strong>de</strong>senho tecno-assistencial em<br />

saú<strong>de</strong>; o segundo grupo <strong>de</strong> critérios consi<strong>de</strong>ra o quantitativo populacio<strong>na</strong>l do estado<br />

e sua relação com o número <strong>de</strong> profissio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> nível fundamental e médio<br />

que prestam serviços no SUS e o terceiro e último grupo trata do Índice <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Humano - Municipal (IDH-M) e o inverso da concentração <strong>de</strong><br />

instituições <strong>de</strong> ensino com cursos <strong>de</strong> formação técnica <strong>de</strong> nível médio <strong>na</strong> área da<br />

saú<strong>de</strong>.<br />

Quanto menor o IDH-M, maiores as barreiras sociais a serem enfrentadas<br />

para o atendimento à saú<strong>de</strong> da população e para a formação e <strong>de</strong>senvolvimento dos<br />

trabalhadores da saú<strong>de</strong>. Por outro lado, quanto menor a concentração <strong>de</strong><br />

instituições <strong>de</strong> ensino <strong>na</strong> área da saú<strong>de</strong>, maior a dificulda<strong>de</strong> e maior o custo para a<br />

formação e <strong>de</strong>senvolvimento dos profissio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Nesse sentido, maior<br />

recurso será <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>do aos locais com menor disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos para o<br />

enfrentamento do contexto local (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).<br />

Esse programa é tido como um passo <strong>de</strong>cisivo em direção à formação <strong>de</strong><br />

uma força <strong>de</strong> trabalho em saú<strong>de</strong> mais especializada que atenda, em especial, às


32<br />

regiões on<strong>de</strong> há escassez crônica <strong>de</strong> profissio<strong>na</strong>is para compor sua força <strong>de</strong><br />

trabalho. Para tanto, esse projeto abarca nove cursos técnicos consi<strong>de</strong>rados<br />

estratégicos para a qualificação do SUS: Radiologia, Patologia Clínica, Citologia,<br />

Hemoterapia, Manutenção <strong>de</strong> Equipamentos, Saú<strong>de</strong> Bucal, Prótese Dentária,<br />

Vigilância em Saú<strong>de</strong> e Enfermagem, além do aperfeiçoamento ou capacitação <strong>na</strong><br />

área <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do Idoso para as equipes da Estratégia <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família (ESF) e<br />

para os enfermeiros que atuem em instituições <strong>de</strong> longa permanência e da formação<br />

<strong>de</strong> Agentes Comunitários <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. (Revista Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Escolas Técnicas do SUS<br />

RET-SUS, setembro 2010).<br />

Todavia, essa aprendizagem <strong>de</strong>ve estar intimamente relacio<strong>na</strong>da às<br />

mudanças advindas do mundo globalizado e das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada<br />

pessoa e da população para que essa formação atenda e responda à complexa e<br />

dinâmica divisão técnica que marca o trabalho em saú<strong>de</strong>, assim como prepare<br />

diferentes profissio<strong>na</strong>is que, individualmente e no seu conjunto, acompanhem e<br />

incorporem as mudanças advindas do <strong>de</strong>senvolvimento técnico-científico <strong>na</strong><br />

perspectiva <strong>de</strong> intervirem positivamente no meio on<strong>de</strong> vive (Dantas e Aguillar apud<br />

CHRISTÓFARO, 1999).<br />

Alguns indicadores sociais publicados pelo IBGE em 2009 mostram que no<br />

tocante a educação <strong>de</strong> adultos quanto à <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>ização no segmento técnico <strong>de</strong><br />

nível médio a proporção encontrada no estado foi <strong>de</strong> 49/1.000 pessoas, sendo que<br />

88,7% da população <strong>de</strong> 10 anos ou mais <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> que frequentavam ou<br />

frequentaram anteriormente o Curso <strong>de</strong> Educação Profissio<strong>na</strong>l se ateve ao<br />

segmento <strong>de</strong> Qualificação Profissio<strong>na</strong>l e 10,5% no segmento <strong>de</strong> Técnico <strong>de</strong> Nível<br />

Médio (BRASIL, 2010).


33<br />

A educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> não <strong>de</strong>ve ser entendida como simples instrumento<br />

<strong>de</strong> política assistencialista ou linear ajustamento às <strong>de</strong>mandas do mercado <strong>de</strong><br />

trabalho, mas sim como importante estratégia para que os cidadãos tenham efetivo<br />

acesso às conquistas científicas e tecnológicas da socieda<strong>de</strong>. Impõe-se a superação<br />

do enfoque tradicio<strong>na</strong>l da formação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> baseado ape<strong>na</strong>s <strong>na</strong> preparação para<br />

execução <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do conjunto <strong>de</strong> tarefas. A educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> requer<br />

além do domínio operacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do fazer, a compreensão global do<br />

processo produtivo, com a apreensão do saber tecnológico, a valorização da cultura<br />

do trabalho e a mobilização dos valores necessários à tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões<br />

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1999).<br />

No Artigo 3º da lei 9394/96 estabelece que a educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong><br />

compreen<strong>de</strong> os níveis: básico que é<br />

<strong>de</strong>sti<strong>na</strong>do à qualificação, requalificação e<br />

re<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>ização <strong>de</strong> trabalhadores, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> prévia, técnico<br />

que é <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>do a proporcio<strong>na</strong>r habilitação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> a alunos matriculados ou<br />

egressos do ensino médio e tecnológico que correspon<strong>de</strong>nte a cursos <strong>de</strong> nível<br />

superior <strong>na</strong> área tecnológica, <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>dos a egressos do ensino médio e técnico<br />

(BRASIL, 1996).<br />

A Qualificação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> é entendida como uma construção social, <strong>de</strong><br />

maneira a fazer um contraponto àquelas que se fundamentam <strong>na</strong> aquisição <strong>de</strong><br />

conhecimentos como processos estritamente individuais e como uma <strong>de</strong>rivação das<br />

exigências dos postos <strong>de</strong> trabalho. A qualificação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>, como uma complexa<br />

construção social, inclui, necessariamente, uma dimensão pedagógica, ao mesmo<br />

tempo em que não se restringe a uma ação educativa, nem muito menos a um<br />

processo educativo <strong>de</strong> caráter exclusivamente técnico. Por outro lado, quanto mais<br />

associada estiver a uma visão educativa que a tome como um direito <strong>de</strong> cidadania,


34<br />

mais po<strong>de</strong>rá contribuir para a <strong>de</strong>mocratização das relações <strong>de</strong> trabalho e para<br />

imprimir um caráter social e participativo ao mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003).<br />

O <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> Técnico <strong>de</strong> Nível Médio aplica <strong>na</strong> prática os conceitos <strong>de</strong> uma<br />

ciência com apreensão <strong>de</strong> conhecimentos teóricos e práticos <strong>na</strong>s diversas ativida<strong>de</strong>s<br />

do setor produtivo. Correspon<strong>de</strong> à etapa fi<strong>na</strong>l da educação básica que po<strong>de</strong> ser<br />

<strong>de</strong>senvolvida <strong>de</strong> maneira articulada com o ensino médio <strong>de</strong> forma integrada<br />

reunindo os conhecimentos do ensino médio às competências da educação<br />

<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>, <strong>na</strong> mesma instituição <strong>de</strong> ensino ou <strong>de</strong> forma concomitante on<strong>de</strong> ocorre<br />

uma complementarida<strong>de</strong> entre o curso técnico e o ensino médio.<br />

Nesta modalida<strong>de</strong> o aluno po<strong>de</strong> ter duas matrículas, realizando os dois<br />

programas <strong>na</strong> mesma instituição ou em outra, mas in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Outra<br />

modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> buscar a titulação <strong>de</strong> <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> <strong>de</strong> nível médio é quando o aluno já<br />

concluiu o ensino médio ao se matricular no curso técnico, sendo assim a maneira<br />

subseqüente <strong>de</strong> ingressar no mundo <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>.<br />

Dentre as diretrizes <strong>de</strong>finidas pelo Ministério da Saú<strong>de</strong> para qualificação dos<br />

trabalhadores em exercício ou em processo <strong>de</strong> admissão <strong>na</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do<br />

sistema <strong>de</strong>stacamos a meta para o ano <strong>de</strong> 2010:<br />

“Implantar mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> escola com proposta curricular<br />

<strong>de</strong>scentralizada, consi<strong>de</strong>rando as características da<br />

clientela (pessoas adultas já trabalhando em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> distribuídas por todo o território <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, sem o<br />

grau <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> exigido) e a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

retirar esses trabalhadores dos seus locais <strong>de</strong> trabalho<br />

durante o período <strong>de</strong> formação, <strong>de</strong>vido ao prejuízo<br />

causado ao usuário, pela interrupção do funcio<strong>na</strong>mento<br />

dos serviços” (PPI SESMT, p. 17, 2010).


35<br />

A Portaria do Ministério da Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> nº. 198/04, como estratégia do Sistema<br />

Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> para a formação e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> trabalhadores para o<br />

setor, ao dispor o objetivo da Política Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Educação Permanente em Saú<strong>de</strong>,<br />

institui que para a formação e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> trabalhadores nos diversos<br />

setores da saú<strong>de</strong> faz-se necessário que os assuntos pertinentes sejam discutidos<br />

em ambiente locorregio<strong>na</strong>l mediante um colegiado <strong>de</strong> gestão que mantenha a ótica<br />

<strong>na</strong> educação permanente e <strong>na</strong> significação dos processos <strong>de</strong> formação pelas<br />

necessida<strong>de</strong>s sociais em saú<strong>de</strong>, pela integralida<strong>de</strong> da atenção e pela re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

cuidados progressivos à saú<strong>de</strong> oferecendo subsídios para que as instituições<br />

formadoras também realizem importantes iniciativas inovadoras <strong>na</strong> área do<br />

planejamento e gestão educacio<strong>na</strong>l partindo das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação e <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento dos trabalhadores com a construção coletiva <strong>de</strong> estratégias e<br />

processos que qualifiquem a atenção e a gestão para o fortalecimento do controle<br />

social <strong>na</strong> perspectiva <strong>de</strong> produzir impacto positivo sobre a saú<strong>de</strong> individual e<br />

coletiva.<br />

Na conjuntura do SUS, as práticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> educação <strong>de</strong>vem ser<br />

articuladas <strong>de</strong> modo à transformação nos espaços on<strong>de</strong> a saú<strong>de</strong> acontece e <strong>na</strong>s<br />

instituições <strong>de</strong> ensino on<strong>de</strong> se formulam políticas educacio<strong>na</strong>is que <strong>de</strong>vem ter em<br />

vista a implementação das diretrizes curriculares <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is traçadas para o conjunto<br />

dos cursos da área da saú<strong>de</strong>, favorecendo <strong>de</strong>ssa maneira a transformação <strong>de</strong> toda a<br />

re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços e <strong>de</strong> gestão em re<strong>de</strong>-escola (MS, 2004a, p. 08).<br />

A educação permanente em saú<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida como processos <strong>de</strong><br />

aprendizagem no trabalho, a partir da sua reflexão, levantando problemas e<br />

necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>na</strong>tureza pedagógica, on<strong>de</strong> as estratégias <strong>de</strong> enfretamento<br />

acontecem preferencialmente nos ambientes <strong>de</strong> trabalho (MOTTA, 2010).


36<br />

Para a construção teórica e metodológica da Educação Permanente em<br />

Saú<strong>de</strong>, amplamente <strong>de</strong>senvolvida <strong>na</strong> bibliografia e nos programas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> recursos humanos em distintos países da América Lati<strong>na</strong>, o<br />

Brasil teve como norte artigos publicados <strong>na</strong> revista Educação Médica e Saú<strong>de</strong><br />

(OPAS/OMS). Seu vol. 27, nº 4 é <strong>de</strong>dicado integralmente à recopilação <strong>de</strong><br />

contribuições em distintos países sob o título <strong>de</strong> “Trabalho e Educação nos Serviços<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. A experiência norte america<strong>na</strong>.” (HADDAD et al., 2009)<br />

Aproximar a educação da vida cotidia<strong>na</strong> é fruto do reconhecimento do<br />

potencial educativo da situação <strong>de</strong> trabalho. Em outros termos, no trabalho também<br />

se apren<strong>de</strong>. A situação prevê transformar as situações diárias em aprendizagem,<br />

a<strong>na</strong>lisando reflexivamente os problemas da prática e valorizando o próprio processo<br />

<strong>de</strong> trabalho no seu contexto intrínseco. Esta perspectiva, centrada no processo <strong>de</strong><br />

trabalho, não se limita a <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>das categorias profissio<strong>na</strong>is, mas a toda a equipe,<br />

incluindo médicos, enfermeiros, pessoal administrativo, professores, trabalhadores<br />

sociais e todas as variantes <strong>de</strong> atores que formam o grupo (MINISTÉRIO DA<br />

SAÚDE, 2009).<br />

As principais categorias presentes <strong>na</strong> Educação Permanente em Saú<strong>de</strong><br />

(EPS) são: a inter e transdicipli<strong>na</strong>rieda<strong>de</strong>, o consenso, a participação <strong>de</strong>mocrática, o<br />

sujeito, o processo <strong>de</strong> trabalho, os conflitos, a <strong>de</strong>scentralização, a equipe e a<br />

problematização (MOTTA, 2010).<br />

Nesse contexto, o MINISTÉRIO DA SAÚDE instituiu a Política Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong><br />

Educação Permanente em Saú<strong>de</strong> através da Portaria GM nº 1996/97, que enfatiza<br />

as relações <strong>de</strong> trabalho, a <strong>de</strong>scentralização das ações <strong>de</strong> Educação <strong>na</strong> Saú<strong>de</strong>,<br />

propondo espaços microrregio<strong>na</strong>is participativos <strong>de</strong> discussão entre gestores,


37<br />

trabalhadores, instituições <strong>de</strong> ensino, conselhos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, comunida<strong>de</strong> e outros<br />

atores sociais.<br />

Essa política enfatiza que os espaços participativos para discutir e propor<br />

questões no campo da EPS <strong>de</strong>ve ser conduzido pelos Colegiados <strong>de</strong> Gestão<br />

Regio<strong>na</strong>l (CGR), pela Comissão Intergestora Bipartite (CIB), com a participação das<br />

Comissões <strong>de</strong> Integração Ensino-Serviço (CIES) (Série Pactos pela Saú<strong>de</strong> 2006, v.<br />

10).<br />

As CIES são instâncias intersetoriais e interinstitucio<strong>na</strong>is que participam da<br />

formulação, condução e <strong>de</strong>senvolvimento da Política <strong>de</strong> Educação Permanente em<br />

Saú<strong>de</strong>, previstas no art. 14 da Lei nº 8.080, <strong>de</strong> 1990, e <strong>na</strong> NOB/RH – SUS,<br />

permitindo um espaço <strong>de</strong> reflexão e <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate sobre as questões relacio<strong>na</strong>das ao<br />

SUS estadual em associação com as necessida<strong>de</strong>s regio<strong>na</strong>is, à política <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>de</strong><br />

educação para o SUS, com <strong>de</strong>staque sobre os problemas da formação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong><br />

<strong>na</strong> área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do Estado (Série Pactos pela Saú<strong>de</strong> 2006, v. 10).


38<br />

4. METODOLOGIA<br />

Com esta pesquisa preten<strong>de</strong>u-se i<strong>de</strong>ntificar, <strong>na</strong>s produções científicas<br />

brasileiras, o processo <strong>de</strong> mudança das práticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> no cotidiano do<br />

<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> <strong>de</strong> nível médio da área da <strong>enfermagem</strong> com a implantação das ETSUS<br />

e se estas geraram melhoria <strong>na</strong> qualida<strong>de</strong> da atenção ofertada à população no<br />

âmbito do SUS. Desta forma, tor<strong>na</strong>-se necessário uma abordagem subjetiva do<br />

objeto <strong>de</strong> pesquisa.<br />

Elegeu-se, assim, como abordagem a pesquisa qualitativa, pois através <strong>de</strong>la<br />

trabalha-se com o universo <strong>de</strong> significados, motivos, aspirações “que correspon<strong>de</strong>m<br />

a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não<br />

po<strong>de</strong>m ser reduzidos à operacio<strong>na</strong>lização <strong>de</strong> variáveis” (MINAYO, 2008, p.22).<br />

Consi<strong>de</strong>rando-se os objetivos, constitui-se em pesquisa <strong>de</strong>scritiva, pois<br />

preten<strong>de</strong>-se “<strong>de</strong>screver as características <strong>de</strong> <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do fenômeno objetivando<br />

levantar opiniões, atitu<strong>de</strong>s e crenças <strong>de</strong> uma população (Gil, 2007). Neste caso, o<br />

fenômeno caracteriza-se por possíveis mudanças <strong>na</strong>s práticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> no SUS por<br />

ocasião dos cursos <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izantes <strong>de</strong> nível médio <strong>na</strong> área <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong><br />

percebidas por pesquisadores do tema.<br />

Gil (2007) afirma que as pesquisas bibliográficas são <strong>de</strong>senvolvidas com<br />

base em material já elaborado, constituído principalmente <strong>de</strong> livros e artigos<br />

científicos. As pesquisas sobre i<strong>de</strong>ologias, bem como aquelas que se propõem à<br />

análise das diversas posições acerca <strong>de</strong> um problema, também costumam ser<br />

<strong>de</strong>senvolvidas quase exclusivamente mediante fontes bibliográficas. A principal<br />

vantagem da pesquisa bibliográfica resi<strong>de</strong> no fato <strong>de</strong> permitir ao investigador a


39<br />

cobertura <strong>de</strong> uma gama <strong>de</strong> fenômenos muito mais ampla do que aquela que po<strong>de</strong>ria<br />

pesquisar diretamente. Essa vantagem tor<strong>na</strong>-se particularmente importante quando<br />

o problema <strong>de</strong> pesquisa requer dados muito dispersos pelo espaço.<br />

Desta forma, preten<strong>de</strong>u-se pesquisar <strong>na</strong> produção científica existente no<br />

país em meio eletrônico, uma vez que este meio tornou-se amplamente utilizado e<br />

aceito para busca e obtenção <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> informação. O processo <strong>de</strong> pesquisa em<br />

meio eletrônico é visto como uma forma sistematizada <strong>de</strong> adquirir informações que,<br />

processadas, se transformam em conhecimento científico (GIL, 2007, p.45).<br />

Para a coleta <strong>de</strong> dados, elaborou-se um roteiro (anexo 1 – Quadro 1)<br />

contendo informações como o local da pesquisa, objetivos, metodologia, se houve<br />

influência dos cursos <strong>de</strong> nível médio da área da <strong>enfermagem</strong> <strong>na</strong> prática dos<br />

profissio<strong>na</strong>is e quais reflexos resultaram <strong>de</strong>stas mudanças.<br />

Utilizando-se os Descritores em Ciências da Saú<strong>de</strong> (DeCS) procurou-se por<br />

<strong>de</strong>scritores relacio<strong>na</strong>dos ao tema a ser pesquisado, sendo eleitos: educação<br />

<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izante, qualida<strong>de</strong> da assistência à saú<strong>de</strong> e habilitação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>.<br />

Posteriormente fez-se uma busca em artigos publicados em revistas<br />

científicas relacio<strong>na</strong>dos à educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> <strong>de</strong> nível médio da área da<br />

<strong>enfermagem</strong> no período <strong>de</strong> 2007 a 2010, período este consi<strong>de</strong>rado marco legal da<br />

implantação da política <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Educação Permanente, oferecendo um<br />

panorama atual sobre o fenômeno estudado. Para esta busca foram utilizados os<br />

bancos <strong>de</strong> dados da BIREME (Centro Latino Americano e do Caribe <strong>de</strong> Informação<br />

em Ciências da Saú<strong>de</strong> ): BVS (Biblioteca Virtual em Saú<strong>de</strong>), e a biblioteca eletrônica<br />

online do Scielo (Scientific Eletronic Library Online). Como o tema está relacio<strong>na</strong>do à


40<br />

educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> brasileira, utilizaram-se ape<strong>na</strong>s artigos redigidos em<br />

português.<br />

Para a organização e análise dos artigos elegeu-se a análise <strong>de</strong> conteúdo.<br />

Bardin (2004, p. 44) <strong>de</strong>fine análise <strong>de</strong> conteúdo como “um conjunto <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong><br />

análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição do conteúdo das mensagens, indicadores que permitam a inferência <strong>de</strong><br />

conhecimentos relativos às condições <strong>de</strong> produção/recepção (variáveis inferidas)<br />

<strong>de</strong>stas mensagens”.<br />

Para a análise <strong>de</strong> conteúdo seguiu-se as três fases seguintes: <strong>de</strong>scrição ou<br />

preparação do material, a inferência ou <strong>de</strong>dução e a interpretação das diferentes<br />

significações dos tipos <strong>de</strong> comunicação (BARDIN, 2004).<br />

Organizou-se em torno <strong>de</strong> 3 (três) pólos cronológicos, a saber a pré-análise,<br />

exploração do material e tratamento dos resultados.<br />

A pré-análise constitui-se <strong>na</strong> organização do material a ser pesquisado com<br />

objetivo <strong>de</strong> torná-lo operacio<strong>na</strong>l e sistematizá-lo com as i<strong>de</strong>ias iniciais, <strong>de</strong> maneira a<br />

conduzir ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sucessivas operações, permitindo a introdução <strong>de</strong><br />

novos procedimentos no <strong>de</strong>curso da análise, embora ela própria seja composta por<br />

ativida<strong>de</strong>s não estruturadas, mas que, no entanto, <strong>de</strong>ve ser precisa. A pré-análise<br />

tem por missões: a leitura flutuante para conhecer o texto, <strong>de</strong>ixando-se invadir por<br />

impressões e orientações; a escolha dos documentos que vão <strong>de</strong> encontro com os<br />

objetivos; a formulação <strong>de</strong> hipóteses baseadas nos objetivos, a preparação do<br />

material, a elaboração das referências entre os índices e elaboração <strong>de</strong> indicadores<br />

(RICHARDSON, 2010).


41<br />

A constituição dos documentos, ou corpus, implica em regras, para permitir a<br />

análise: a regra da exaustivida<strong>de</strong>, quando se esgota a totalida<strong>de</strong> da comunicação<br />

sem omitir <strong>na</strong>da; regra da representativida<strong>de</strong>, quando a amostra por acaso ou por<br />

cotas <strong>de</strong>ve representar o universo; a regra da homogeneida<strong>de</strong>, em que os dados<br />

<strong>de</strong>vem obe<strong>de</strong>cer a critérios precisos <strong>de</strong> escolha e não apresentar <strong>de</strong>masiada<br />

singularida<strong>de</strong> fora dos critérios <strong>de</strong> escolha, salientando-se que <strong>de</strong>ve ser obtido por<br />

técnicas idênticas e colhidos por indivíduos semelhantes para obter resultados<br />

globais ou comparar entre si resultados individuais; e a regra da pertinência, em que<br />

os documentos retidos <strong>de</strong>vem a<strong>de</strong>quar-se, enquanto fonte <strong>de</strong> informação, ao<br />

objetivo que suscita a análise (BARDIN, 2004; MINAYO, 2008). Visando respon<strong>de</strong>r a<br />

estas regras (exaustivida<strong>de</strong>, representativida<strong>de</strong>, homogeneida<strong>de</strong> e pertinência), os<br />

dados foram coletados e organizados pela própria pesquisadora.<br />

Decidiu-se pela análise temática, que po<strong>de</strong> ser graficamente apresentada<br />

através <strong>de</strong> uma palavra, uma frase ou um resumo. O tema é uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

significação que se liberta <strong>na</strong>turalmente <strong>de</strong> um texto a<strong>na</strong>lisado segundo critérios<br />

relativos à teoria que serve <strong>de</strong> guia à leitura (BARDIN, 2004; MINAYO, 2008).<br />

Quanto à exploração do material, há três etapas a serem consi<strong>de</strong>radas: a<br />

escolha das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> contagem, a seleção das regras <strong>de</strong> contagem e a escolha<br />

<strong>de</strong> categorias.<br />

A preparação do material ocorreu através da edição dos artigos recortados,<br />

selecio<strong>na</strong>dos e organizados mecanicamente conforme objetivos propostos, <strong>de</strong> forma<br />

a, no fi<strong>na</strong>l, surgirem as categorias a serem a<strong>na</strong>lisadas.<br />

O tratamento dos resultados compreen<strong>de</strong> a inferência e a interpretação. Os<br />

resultados brutos foram tratados <strong>de</strong> maneira a serem significativos e válidos,


42<br />

po<strong>de</strong>ndo então propor inferências e adiantar interpretações a propósito <strong>de</strong> acordo<br />

com os objetivos previstos ou que digam respeito a outras <strong>de</strong>scobertas inesperadas.<br />

Foram encontrados 26 textos com <strong>de</strong>scritores eleitos. Desses, após sua<br />

leitura flutuante, <strong>de</strong>scartou-se 15 artigos por não respon<strong>de</strong>rem aos objetivos da<br />

pesquisa, ficando 11 artigos para análise.


43<br />

5. ASPECTOS ÉTICOS<br />

Não foi necessário submeter este estudo ao Comitê <strong>de</strong> Ética em<br />

Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (CEP), pois trata-se <strong>de</strong> estudo bibliográfico,<br />

não envolvendo seres humanos <strong>de</strong> forma direta ou indireta, <strong>de</strong> acordo com os<br />

preceitos da Resolução 196/96 do Conselho Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.


44<br />

6. ORÇAMENTO<br />

Quadro 1 - Orçamento<br />

Material/Quantida<strong>de</strong> Valor Unitário Valor Total<br />

Xerox 100 cópias R$ 0,10 R$ 10,00<br />

Impressão/400 cópias R$ 0,20 R$ 80,00<br />

Enca<strong>de</strong>r<strong>na</strong>ção/03 cópias R$ 50,00 R$ 150,00<br />

Total --------------- R$ 240,00<br />

Os gastos com a pesquisa foram custeados pela própria pesquisadora, não<br />

contando com apoio fi<strong>na</strong>nceiro.


45<br />

7. CRONOGRAMA<br />

A pesquisa fora construída por meio eletrônico no período entre Maio à<br />

Novembro <strong>de</strong> 2011.<br />

Quadro 2- Cronograma<br />

Ativida<strong>de</strong>/ Mês<br />

Maio e Junho/<br />

2011<br />

Julho e<br />

Agosto/ 2011<br />

Setembro e<br />

Outubro/ 2011<br />

Novembro/2011<br />

Planejamento e<br />

elaboração do<br />

projeto<br />

X<br />

Levantamento<br />

Bibliográfico<br />

X<br />

Qualificação do<br />

texto fi<strong>na</strong>l do<br />

Projeto<br />

X<br />

Revisão<br />

Bibliográfica para<br />

Monografia<br />

X<br />

Coleta <strong>de</strong> dados<br />

X<br />

Análise dos dados X X<br />

Consolidação da<br />

Monografia<br />

X<br />

Apresentação da<br />

Monografia<br />

X<br />

Entrega Fi<strong>na</strong>l do<br />

Trabalho<br />

X


46<br />

8. ANÁLISE DOS DADOS<br />

8.1. Primeira categoria: economia <strong>de</strong> mercado e globalização x políticas<br />

públicas e educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> <strong>de</strong> nível médio<br />

Esta categoria faz referência entre a economia <strong>de</strong> mercado do mundo<br />

globalizado influenciando <strong>na</strong>s políticas sociais da educação e da saú<strong>de</strong> no que tange<br />

à educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> <strong>de</strong> nível médio <strong>na</strong> área da <strong>enfermagem</strong> afetando<br />

diretamente a força produtiva para o trabalho nos sistemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> público e<br />

privado do País.<br />

Evi<strong>de</strong>nciou-se no material estudado que as práticas <strong>de</strong> mercado<br />

<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ram o perfil curricular dos cursos <strong>de</strong> formação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>, incluindo o<br />

nível médio. Isto em <strong>de</strong>trimento da qualida<strong>de</strong> do ensino, que <strong>de</strong>veria voltar-se para a<br />

resolutivida<strong>de</strong> da assistência. Assim, a estrutura curricular prioriza cursos rápidos<br />

como resposta à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra do mercado capitalista, como se<br />

percebe abaixo:<br />

“O nível técnico terá uma organização curricular<br />

específica e separada do ensino médio, voltado para os<br />

que estão matriculados ou os egressos do ensino médio,<br />

sendo <strong>de</strong>senvolvido através <strong>de</strong> uma estrutura modular,<br />

que consi<strong>de</strong>rará as habilida<strong>de</strong>s básicas e específicas <strong>de</strong><br />

conhecimentos, atitu<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>,<br />

buscando competências polivalentes em consonância<br />

com as necessida<strong>de</strong>s da economia. Explicita-se e<br />

pronuncia-se claramente o caráter i<strong>de</strong>ológico <strong>de</strong>stas<br />

mudanças, com a distinção da dualida<strong>de</strong> estrutural <strong>de</strong><br />

uma formação voltada exclusivamente para as<br />

necessida<strong>de</strong>s do mercado, para a produtivida<strong>de</strong>, inclusive<br />

<strong>de</strong>svinculada <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong>mocrática e pública <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento e geração <strong>de</strong> empregos, num momento<br />

que boa parte dos trabalhadores estão sendo excluídos<br />

<strong>de</strong>ste direito” (Bag<strong>na</strong>to, 2007, p.5).


47<br />

A estrutura e o funcio<strong>na</strong>mento do ensino <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izante em nosso país<br />

fora legalmente instituído através do Decreto nº 2.208/97, que melhor explicita as<br />

intenções <strong>de</strong>sse novo contexto educacio<strong>na</strong>l a partir da regulamentação dos artigos<br />

39 a 42 e do § 2º do artigo 36 da LDB, que si<strong>na</strong>lizam o atendimento às necessida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> mercado.<br />

Nota-se que essa regulamentação encontra-se <strong>de</strong>svinculada da política <strong>de</strong><br />

geração <strong>de</strong> empregoe da <strong>de</strong>mocracia,<br />

on<strong>de</strong> se busca a harmonia social<br />

comprometida com os direitos sociais e individuais, a liberda<strong>de</strong>, a segurança, o bemestar,<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento, a igualda<strong>de</strong> e a justiça como valores supremos <strong>de</strong> uma<br />

socieda<strong>de</strong> citado no preâmbulo da Constituição <strong>de</strong> 1988 (BRASIL,1997). O Decreto<br />

nº 2.208/97 não aten<strong>de</strong> as necessida<strong>de</strong>s no campo dos valores sociais do trabalho<br />

pelo conformismo <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação à política imposta pelos credores do ensino vigente<br />

em nosso país:<br />

É possível ver nesta proposta uma orientação<br />

pedagógica da competitivida<strong>de</strong>, centrada nos conceitos<br />

<strong>de</strong> competências e habilida<strong>de</strong>s, e que tem como<br />

interlocutor intelectual prioritário o Banco Mundial, que<br />

persegue como diretriz geral a adaptação e conformação<br />

do trabalhador no plano físico, psíquico, intelectual e<br />

emocio<strong>na</strong>l às novas bases materiais, tecnológicas e<br />

organizacio<strong>na</strong>is da produção (Bassinello, 2007, p.5).<br />

As novas formas <strong>de</strong> organização e <strong>de</strong> gestão modificaram estruturalmente o<br />

mundo do trabalho. Um novo cenário econômico e produtivo se estabeleceu a partir<br />

das complexas tecnologias <strong>de</strong> produção e <strong>de</strong> serviços, aliadas à crescente<br />

inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lização da economia, uma vez que a educação <strong>de</strong> trabalhadores da<br />

saú<strong>de</strong> é fortemente implicada no movimento <strong>de</strong> diminuição da pobreza associado ao<br />

alívio das consequências sociais como um dos objetivos do Milênio:


48<br />

As políticas sociais são incorporadas cada vez mais pela<br />

lógica do mercado, os organismos inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is<br />

assumem a hegemonia no or<strong>de</strong><strong>na</strong>mento <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s<br />

nesta área, especialmente com o intuito <strong>de</strong> diminuir a<br />

pobreza e aliviar as conseqüências sociais <strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo.<br />

A educação <strong>de</strong> trabalhadores da saú<strong>de</strong> é fortemente<br />

implicada nesse movimento, seja por representar a<br />

síntese <strong>de</strong> três gran<strong>de</strong>s políticas sociais – o trabalho, a<br />

educação e a saú<strong>de</strong> – seja porque, objetivamente, a<br />

constituição dos sistemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> nos diferentes países<br />

enfrenta problemas concretos com a formação e a<br />

regulação da força <strong>de</strong> trabalho, configurando um cenário<br />

que preocupa as organizações inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is quanto à<br />

capacida<strong>de</strong> mundial <strong>de</strong> atingir metas imprescindíveis<br />

tanto para a reprodução do capital, quanto para o<br />

asseguramento dos direitos humanos (Ramos, 2007, p.1<br />

e 2 ).<br />

A industrialização no Brasil trouxe necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preparo específico para<br />

aten<strong>de</strong>r o mercado consumidor do século XIX. Para tanto, a iniciativa privada lançou<br />

mão <strong>de</strong> investimentos <strong>na</strong> educação <strong>de</strong>sses trabalhadores para aprimoramento dos<br />

trabalhos manuais feitos <strong>de</strong> forma artesa<strong>na</strong>l que visavam lucros para a indústria.<br />

Contudo, a história nos revela que a iniciativa privada não conseguiu aten<strong>de</strong>r essa<br />

<strong>de</strong>manda, havendo necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> buscar nova fonte <strong>de</strong> renda. Para tanto, o<br />

Estado Brasileiro surge como articulador junto a Moeda estrangeira para aliviar os<br />

cofres internos. Desta feita, institui-se o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> produção capitalista no país pela<br />

política praticada <strong>na</strong> época:<br />

O mo<strong>de</strong>lo que tem predomi<strong>na</strong>do <strong>na</strong> formação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong><br />

afasta-se da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma escola única, com uma<br />

sólida formação geral, politécnica, aten<strong>de</strong>ndo muito mais<br />

aos anseios da lógica do Banco Mundial, que passa a<br />

exigir um ajuste normativo do Brasil, partindo do princípio<br />

<strong>de</strong> que o ensino técnico <strong>de</strong>senvolvido no nosso país é<br />

muito oneroso e irracio<strong>na</strong>l, pois muitos alunos que<br />

cursam escolas técnicas, o fazem <strong>na</strong> perspectiva<br />

propedêutica <strong>de</strong> ingresso para o ensino superior. Nesta<br />

lógica, portanto, é dinheiro público jogado fora o que, em<br />

tempos <strong>de</strong> globalização, <strong>de</strong> racio<strong>na</strong>lização <strong>de</strong> gastos<br />

sociais públicos para os países pobres, significa uma<br />

política <strong>de</strong> limitar o investimento estatal nos níveis <strong>de</strong><br />

ensinos técnico, tecnológico e superior, abrindo espaço<br />

para iniciativa privada (Bag<strong>na</strong>to, 2007, p.7).


49<br />

No Brasil,<br />

a universalização do saber <strong>de</strong> caráter institucio<strong>na</strong>l só foi<br />

incorporado aos direitos sociais dos cidadãos á partir do século XX, quando passouse<br />

a consi<strong>de</strong>rar como condições básicas para o exercício da cidadania a educação,<br />

a saú<strong>de</strong>, o bem-estar econômico e a <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>ização. Ainda que as Diretrizes<br />

Curriculares Nacio<strong>na</strong>is para a Educação Profissio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Nível Técnico requeiram do<br />

<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> domínio operacio<strong>na</strong>l para além <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do fazer, elas instigam a<br />

formação <strong>de</strong> competências e habilida<strong>de</strong>s voltadas para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção,<br />

haja vista requerer do <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> a compreensão global do processo produtivo, com<br />

a apreensão do saber tecnológico, a valorização da cultura do trabalho e a<br />

mobilização dos valores necessários às tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões:<br />

“Nos últimos anos, as legislações voltadas para a área <strong>de</strong><br />

educação no Brasil foram elaboradas topicamente, isto é,<br />

pensadas separadamente para cada nível, porém,<br />

expressando a mesma lógica, com o predomínio <strong>de</strong> uma<br />

i<strong>de</strong>ologia <strong>de</strong> <strong>de</strong>sregulamentação, flexibilização e<br />

privatização, elaboradas <strong>de</strong> cima para baixo, tendo como<br />

gran<strong>de</strong> interlocutor o Banco Mundial,que dá as diretrizes<br />

da organização, as priorida<strong>de</strong>s e os conteúdos,<br />

direcio<strong>na</strong>dos principalmente por uma concepção<br />

produtivista em todos os níveis <strong>de</strong> ensino” (Bag<strong>na</strong>to,<br />

2007, p.7).<br />

Outra possibilida<strong>de</strong> encontrada nos marcos da integração econômica dos<br />

países do Cone Sul para compreen<strong>de</strong>r a educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> com vistas a<br />

minimizar os custos e melhor aten<strong>de</strong>r a operacio<strong>na</strong>lização <strong>de</strong> políticas sociais,<br />

consi<strong>de</strong>rando a globalização do capital e o Estado <strong>de</strong> Governo, é o investimento <strong>na</strong>s<br />

políticas <strong>de</strong> or<strong>de</strong><strong>na</strong>mento da força <strong>de</strong> trabalho em saú<strong>de</strong>:<br />

“Diante <strong>de</strong> um contexto social <strong>de</strong> tamanha complexida<strong>de</strong><br />

em nível <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, cabe a um Centro<br />

Colaborador da OMS para a Educação Técnica em<br />

Saú<strong>de</strong> agir com urgência <strong>de</strong> acordo com suas funções e<br />

responsabilida<strong>de</strong>s. Uma vez que tal estatuto foi conferido<br />

à EPSJV/ FIOCRUZ, o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a<br />

educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> em saú<strong>de</strong> nos marcos da


50<br />

integração econômica dos países do Cone Sul adquire<br />

caráter institucio<strong>na</strong>l no sentido <strong>de</strong> produzir<br />

conhecimentos que possam subsidiar a elaboração <strong>de</strong><br />

políticas <strong>de</strong> or<strong>de</strong><strong>na</strong>mento da força <strong>de</strong> trabalho em saú<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a formação até a respectiva regulação” (Ramos,<br />

2007, p.4).<br />

Essa formação é regulamentada através das<br />

Diretrizes Curriculares<br />

Nacio<strong>na</strong>is, que organizam a educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> por áreas, cargas horárias e<br />

conteúdos mínimos fixados por habilida<strong>de</strong>s e competências básicas em cada área<br />

<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>, sendo que <strong>na</strong> área da saú<strong>de</strong> a carga horária mínima é <strong>de</strong> 1.200 horas<br />

complementadas pelo estágio supervisio<strong>na</strong>do, que somam 50% da carga horária<br />

mínima (BRASIL, 1996).<br />

O processo <strong>de</strong> formação dos trabalhadores, <strong>na</strong> medida em que fora<br />

avançando e ganhando materialida<strong>de</strong>, contou com a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se traçar<br />

estratégias metodológicas <strong>de</strong> ensino que ajudassem <strong>na</strong> transmissão <strong>de</strong><br />

conhecimento ao mesmo tempo em que se aproveitasse a experiência <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong><br />

cotidia<strong>na</strong> do trabalho, com o intuito <strong>de</strong> cobrir lacu<strong>na</strong>s em sua formação geral e<br />

aten<strong>de</strong>r as modificações no processo <strong>de</strong> trabalho. Essas estratégias <strong>de</strong>veriam<br />

facilitar a apropriação do conhecimento ora transmitido quanto ao <strong>de</strong>spertar <strong>de</strong><br />

críticas às condições <strong>de</strong> trabalho ao invés <strong>de</strong> aceitar a condição existente com seus<br />

objetos e formas <strong>de</strong> alie<strong>na</strong>ção, conforme <strong>de</strong>scrição:<br />

“Buscava-se romper com práticas <strong>de</strong> trei<strong>na</strong>mento que se<br />

baseava <strong>na</strong> transmissão fragmentada e distorcida <strong>de</strong><br />

informações e dos fatos. Em síntese, um dos gran<strong>de</strong>s<br />

ganhos promovidos pelas Escolas Técnicas do SUS foi o<br />

fortalecimento da qualida<strong>de</strong> pedagógica e a preocupação<br />

com a certificação dos trabalhadores já inseridos <strong>na</strong> área<br />

da saú<strong>de</strong>, rompendo com a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que os serviços por<br />

si só, mediante a troca <strong>de</strong> experiências entre os<br />

trabalhadores, ou por meros trei<strong>na</strong>mentos, seriam<br />

suficientes” (Ramos apud Pereira, 2007, p. 8).


51<br />

Embora isso <strong>de</strong>monstre um avanço nos programas do ensino<br />

<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izante, ainda existem fraquezas comportamentais pré-existentes que<br />

fazem parte da cultura da categoria <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong>. É evi<strong>de</strong>nte a falta <strong>de</strong><br />

justificativas para essa atitu<strong>de</strong>, principalmente nos cursos da área hospitalar, on<strong>de</strong> é<br />

construído um leque <strong>de</strong> raciocínios mais complexos que envolvem a auto reflexão e<br />

a construção do conhecimento crítico nos processos <strong>de</strong> ensino e aprendizagem:<br />

"Historicamente, o pessoal técnico é trei<strong>na</strong>do para fazer<br />

sem pensar; eles são alie<strong>na</strong>dos <strong>na</strong> compilação <strong>de</strong><br />

técnicas para as aplicá-las acriticamente assim que<br />

receber uma or<strong>de</strong>m" (Moura, 2009, p.5).<br />

Mesmo que as atuais propostas <strong>de</strong> ensino para cursos técnicos em saú<strong>de</strong><br />

apóiam-se <strong>na</strong>s Diretrizes Curriculares Nacio<strong>na</strong>is, com novas perspectivas para a<br />

formação <strong>de</strong>sses trabalhadores exigindo habilida<strong>de</strong>s cognitivas, <strong>de</strong> abstração e<br />

análise simbólica, comunicacio<strong>na</strong>is, <strong>de</strong> inter-relação com clientes e <strong>de</strong>mais<br />

trabalhadores, iniciativa e criativida<strong>de</strong>, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar cooperativamente<br />

em grupo e para a formação mútua no próprio local <strong>de</strong> trabalho, competência para<br />

avaliar o produto do seu trabalho e tomar medidas para melhorar a sua qualida<strong>de</strong> e<br />

o domínio <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> planejamento e organização do trabalho, há um ponto<br />

imprescindível a ser combatido como medida alter<strong>na</strong>tiva para elimi<strong>na</strong>r a dualida<strong>de</strong><br />

que marca, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primórdios, a educação: promover a forte integração entre a<br />

educação e as áreas específicas no nível das políticas públicas:<br />

“Na formação, os conceitos <strong>de</strong> educação e trabalho<br />

precisam se falar, dialogando também com as<br />

especificida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada área como a saú<strong>de</strong>, por<br />

exemplo” (Revista Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Escolas Técnicas do SUS RET-<br />

SUS jan/fev <strong>de</strong> 2007)<br />

Os estabelecimentos <strong>de</strong> ensino cre<strong>de</strong>nciados buscam <strong>na</strong> educação <strong>de</strong>sses<br />

trabalhadores a compreensão para o mundo do trabalho e seu comprometimento


52<br />

quanto à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cuidar das pessoas para além das limitações do dia-a-dia<br />

do trabalho <strong>na</strong> área da <strong>enfermagem</strong>. As competências profissio<strong>na</strong>is gerais e<br />

específicas <strong>de</strong>sse <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> são <strong>de</strong>finidas pela escola para completar o currículo,<br />

em função do perfil <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> <strong>de</strong> conclusão.<br />

“A criação <strong>de</strong> escolas para a formação dos profissio<strong>na</strong>is<br />

<strong>de</strong> nível técnico segue como preocupação no movimento<br />

da educação dos profissio<strong>na</strong>is da <strong>enfermagem</strong>, porque<br />

esbarra <strong>na</strong> questão da qualida<strong>de</strong> da infra-estrutura<br />

educacio<strong>na</strong>l das escolas, <strong>na</strong> distribuição geográfica e <strong>na</strong><br />

relação entre os setores público e privado. Atualmente, a<br />

re<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolas <strong>de</strong> formação técnica no País caracterizase<br />

principalmente pela forte concentração no setor<br />

privado em todas as Regiões do país, com maior<br />

evidência <strong>na</strong> Região Su<strong>de</strong>ste. O setor público, embora<br />

com menor participação, tem <strong>na</strong> esfera estadual os<br />

maiores investimentos, com muito pouca participação da<br />

esfera municipal. A subárea <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>de</strong>tém o<br />

maior número <strong>de</strong> cursos no país e em todas as Regiões<br />

brasileiras” (Göttems apud Lima,2007,p.4)<br />

A construção <strong>de</strong> uma prática educativa condizente com a formação da<br />

pessoa huma<strong>na</strong>, a compreensão para o mundo do trabalho e seu comprometimento<br />

quanto à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cuidar das pessoas para além das limitações do dia-a-dia<br />

do trabalho <strong>na</strong> área da <strong>enfermagem</strong> tor<strong>na</strong>-se um <strong>de</strong>safio por sua acentuada<br />

precarização, fruto do predomínio <strong>de</strong> políticas públicas que ten<strong>de</strong>m a promover a<br />

<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social e a fragmentação do conhecimento, levando à <strong>de</strong>squalificação<br />

para o trabalho e <strong>de</strong>monstrando que o <strong>de</strong>semprego, antes <strong>de</strong> ser um mero problema<br />

macroeconômico é, antes <strong>de</strong> tudo, um artefato político neoliberal:<br />

“a educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>, como mediação específica no<br />

processo contraditório <strong>de</strong> formação huma<strong>na</strong> e <strong>de</strong><br />

formação da força <strong>de</strong> trabalho para a produção em geral,<br />

é fortemente disputada tanto pela classe trabalhadora<br />

quanto pela classe empresarial”. “O <strong>de</strong>semprego causado<br />

pelo avanço das forças produtivas <strong>na</strong> forma <strong>de</strong> novas<br />

tecnologias e novos materiais se associa à<br />

<strong>de</strong>sregulamentação das relações <strong>de</strong> trabalho. O trabalho<br />

precário, a terceirização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s e a exclusão <strong>de</strong><br />

amplos contingentes <strong>de</strong> trabalhadores do mercado formal


53<br />

<strong>de</strong> trabalho são fenômenos que ocorrem, com amplitu<strong>de</strong>s<br />

diferenciadas, em todo o mundo. Disso <strong>de</strong>corre a<br />

tendência à <strong>de</strong>squalificação do trabalho e do trabalhador<br />

como elemento específico <strong>de</strong> um processo mais<br />

complexo <strong>de</strong> <strong>de</strong>terioração das relações sociais,<br />

convivendo, entretanto, com complexas tecnologias e<br />

nichos <strong>de</strong> trabalho qualificado” (Ramos, 2007, p.2).<br />

Assim, a educação é concebida como forma <strong>de</strong> adaptar o aluno trabalhador<br />

ao serviço, valorizando a reprodução do fazer tecnicista em contraposição à<br />

valorização do ser humano como agente <strong>de</strong> transformação:<br />

“O setor saú<strong>de</strong> também sofre os impactos do processo <strong>de</strong><br />

ajuste macroestrutural, mas, ao mesmo tempo, busca a<br />

melhoria <strong>de</strong> processos e serviços através <strong>de</strong> novas<br />

formas <strong>de</strong> organização do trabalho e <strong>de</strong> investimentos em<br />

programas <strong>de</strong> formação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> dos trabalhadores.<br />

Apesar da organização do trabalho em saú<strong>de</strong> apresentar,<br />

ainda, um forte componente gerencial taylorista/fordista –<br />

baseado em postos <strong>de</strong> trabalho separados, mas<br />

enca<strong>de</strong>ados –; tarefas simples e rotineiras, geralmente<br />

prescritas; intensa divisão técnica do trabalho com a<br />

separação entre concepção e execução e gran<strong>de</strong><br />

contingente <strong>de</strong> trabalhadores semiqualificados com um<br />

mínimo <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenção autônoma no<br />

processo <strong>de</strong> trabalho – verifica-se, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 80,<br />

as influências do planejamento estratégico e da<br />

administração participativa e a preocupação com o maior<br />

envolvimento e comprometimento da força <strong>de</strong> trabalho,<br />

tendo em vista a melhoria da qualida<strong>de</strong> da assistência em<br />

saú<strong>de</strong>” (Ramos, 2007, p.3).<br />

8.2. Segunda categoria: fragmentação entre teoria e prática como resultado<br />

da dicotomia entre necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mercado e da educação<br />

Esta categoria confirma que o processo pedagógico vai além do conhecer e<br />

envolve o agir para além <strong>de</strong> uma situação <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>da. Nesse sentido, a<br />

aprendizagem <strong>de</strong>ve estar sintonizada com as mudanças <strong>na</strong> organização do trabalho.<br />

As instituições <strong>de</strong> ensino encontram-se engessadas no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão curricular<br />

que não segue a evolução imperativa do mercado <strong>de</strong> trabalho.


54<br />

Enquanto parte do processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento social do cidadão,a<br />

educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> brasileira permanece distante <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

uma política <strong>de</strong>mocrática em benefício <strong>de</strong> práticas sociais coerentes, em<br />

sobreposição às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Mercado:<br />

“Concordamos que, como educadores comprometidos<br />

com uma socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática e com a inclusão dos<br />

cidadãos em todos os espaços sociais, temos o<br />

compromisso <strong>de</strong> participar do embate permanente contra<br />

esta i<strong>de</strong>ologia que vem se explicitando nestas propostas<br />

e colaborar <strong>na</strong> construção contra hegemônica <strong>de</strong> um<br />

projeto que resgate as questões éticas e políticas <strong>na</strong><br />

perspectiva <strong>de</strong> um ensino técnico unitário, politécnico, <strong>de</strong><br />

caráter público, preocupado com uma formação huma<strong>na</strong><br />

que <strong>de</strong>senvolva as múltiplas dimensões do ser humano,<br />

com necessida<strong>de</strong>s materiais, afetivas, culturais, estéticas”<br />

(Bassinello, 2007, p.7)<br />

Os trabalhadores estudantes da área da saú<strong>de</strong> sentem ainda, dificulda<strong>de</strong>s<br />

para organizar e <strong>de</strong>senvolver suas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estágio nos espaços em serviços,<br />

assim também ocorre com os já formados, vez que os procedimentos realizados são<br />

muitos e complexos para um único paciente, até porque esse mesmo aluno é<br />

responsável por dois ou três pacientes. Embora os projetos <strong>de</strong> <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>ização<br />

para área da <strong>enfermagem</strong> têm a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ofertar cursos vinculados ao<br />

contexto social do trabalhador e do mercado <strong>de</strong> trabalho inexiste <strong>na</strong> prática, a<br />

compreensão do conhecimento para além da divisão vertical técnica do trabalho<br />

principalmente nos procedimentos pontuais. Essa realida<strong>de</strong> mantém-se constante à<br />

medida que o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> produção capitalista tor<strong>na</strong> mais exigente o fazer<br />

<strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> estando mais voltado ao mo<strong>de</strong>lo tecnicista <strong>de</strong> trabalho que se contrapõe<br />

às necessida<strong>de</strong>s apresentadas pela área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que são <strong>de</strong> caráter subjetivo e<br />

que <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas por tratar-se <strong>de</strong> agir humano acerca da vida huma<strong>na</strong>,<br />

do comportamento das pessoas com seus semelhantes e <strong>de</strong> posturas no ambiente<br />

<strong>de</strong> trabalho.


55<br />

“Embora a produção do cuidado requeira prioritariamente<br />

a utilização <strong>de</strong> tecnologias leves <strong>na</strong> assistência, o mo<strong>de</strong>lo<br />

usuário centrado que se almeja, ainda é barrado por<br />

práticas baseadas em diagnósticos e tratamento <strong>de</strong><br />

doenças <strong>de</strong>finidas pelos saberes científicos, em<br />

<strong>de</strong>trimento dos sujeitos e suas necessida<strong>de</strong>s.<br />

(...)Também <strong>de</strong>veriam ser construídas a partir da<br />

problematização do processo <strong>de</strong> trabalho e sua<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dar acolhimento e cuidado às várias<br />

dimensões e necessida<strong>de</strong>s em saú<strong>de</strong> das pessoas, dos<br />

coletivos e das populações” (Montenegro, 2010, p.6).<br />

Embora ABEn<br />

e as políticas públicas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> voltem-se para a<br />

problematização do processo <strong>de</strong> trabalho, promovendo contínua construção do<br />

conhecimento enquanto sujeitos, <strong>na</strong> prática o neoliberalismo gera fragmentação<br />

entre saberes e práticas, resultando em oferta <strong>de</strong> cursos voltados ao diagnóstico e<br />

tratamento, predomi<strong>na</strong>ntemente tecnicistas:<br />

A forma <strong>de</strong> organização da aprendizagem das ativida<strong>de</strong>s<br />

práticas (...) faz com que os estudantes, centrem a<br />

atenção <strong>na</strong> realização <strong>de</strong> procedimentos técnicos, com<br />

poucas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> compreendê-los como parte do<br />

cuidado integral. Para alguns estudantes, são realizadas<br />

ativida<strong>de</strong>s mecânicas, repetitivas (Appolinário, 2009,<br />

p.171).<br />

Percebe-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> elaboração <strong>de</strong> um planejamento articulado<br />

nos cursos e entre cursos com vistas às ações integradas em atendimento às<br />

necessida<strong>de</strong>s individuais e coletivas com base em mo<strong>de</strong>lo que ultrapasse a ênfase<br />

<strong>na</strong> assistência médico-hospitalar. A articulação entre escola, serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />

gestão e instâncias <strong>de</strong> controle social são essenciais para garantir a aproximação<br />

ensino-serviço:<br />

“Significa dizer que a articulação entre educação e<br />

trabalho ainda precisa se traduzir em ações conjuntas<br />

entre a escola, os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, a gestão e as<br />

instâncias <strong>de</strong> controle social, voltados aos profissio<strong>na</strong>is já<br />

inseridos no trabalho” (Göttems, 2007, p. 8).


56<br />

As políticas sociais <strong>de</strong> formação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> <strong>na</strong> área da saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem partir<br />

do ensi<strong>na</strong>mento da complexida<strong>de</strong> que permeia o SUS. A forma tradicio<strong>na</strong>l <strong>de</strong><br />

organização dos cursos não aten<strong>de</strong> as necessida<strong>de</strong>s da educação no mundo atual.<br />

Os projetos <strong>de</strong>vem objetivar a transformação das práticas profissio<strong>na</strong>is e da<br />

organização do trabalho, problematizando os seus processos para enfrentar<br />

situações em constantes mudanças e possibilitar a intervenção para a melhoria da<br />

qualida<strong>de</strong> dos processos, produtos e serviços como é discutido.<br />

“A educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> po<strong>de</strong> contribuir para formar<br />

equipes resolutivas e acolhedoras em todos os níveis <strong>de</strong><br />

atenção melhorando as habilida<strong>de</strong>s. Porém essa<br />

formação <strong>de</strong>ve estar atrelada às gran<strong>de</strong>s diretrizes e<br />

políticas do SUS, como a humanização, a<br />

intersetorialida<strong>de</strong>, a interdiscipli<strong>na</strong>rida<strong>de</strong> e esse é o papel<br />

primordial das ETSUS: formar pessoas além da<br />

capacitação pessoal, da habilitação; formar pessoas<br />

capazes <strong>de</strong> se engajar <strong>na</strong>s equipes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong> fazer<br />

parte das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atençãoe <strong>de</strong> garantir o funcio<strong>na</strong>mento<br />

das linhas <strong>de</strong> cuidado; em suma, formar técnicos capazes<br />

e comprometidos com a horizontalida<strong>de</strong> do cuidado”<br />

(Dobashi, 2010, Revista Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Escolas Técnicas do SUS<br />

RET-SUS, p. 10).<br />

A luta pela <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>ização dos trabalhadores da Enfermagem é antiga,<br />

tem sido priorida<strong>de</strong> <strong>na</strong> agenda da ABEn e das políticas públicas, em especial <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> educação, com ênfase a partir dos anos 70 para que a oferta dos cursos<br />

<strong>de</strong> formação fossem <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> visando reconhecimento social e econômico com<br />

constante qualificação em primazia da atuação. O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> aptidões para<br />

a vida produtiva a ser <strong>de</strong>senvolvida em articulação com o ensino regular tem sido<br />

um dos níveis <strong>de</strong> mais difícil enfrentamento quanto à sua concepção, contudo, ao<br />

longo das últimas décadas houve mudanças bastante profícuas <strong>na</strong> legislação da<br />

educação brasileira, voltada para os diferentes níveis <strong>de</strong> ensino. É possível verificar<br />

que as reformas oficiais efetivadas <strong>na</strong> educação nem sempre foram articuladas às


57<br />

necessida<strong>de</strong>s da categoria e aos Conselhos <strong>de</strong> classe conforme o relato <strong>de</strong> Göttems<br />

a seguir:<br />

“Em 1963, a Comissão <strong>de</strong> Legislação da ABEn<br />

encaminhou às autorida<strong>de</strong>s competentes extrato <strong>de</strong><br />

trabalho <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>do "Observações sobre o ensino da<br />

<strong>enfermagem</strong> auxiliar no país". Destaca-se, aqui, alguns<br />

pontos <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>bate pelas contradições que contém. O<br />

primeiro <strong>de</strong>les, extremamente positivo, é a preocupação<br />

da ABEn com a qualida<strong>de</strong> da formação e<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da <strong>enfermagem</strong>, sempre amparada pela<br />

legítima discussão em torno da busca pelo<br />

reconhecimento social e econômico da profissão, pela<br />

construção <strong>de</strong> conhecimento próprio, pela primazia da<br />

sua atuação e pela sua constante qualificação”(Göttems,<br />

2007, p.4).<br />

Para além da competência formal, <strong>de</strong> caráter técnico-científico, espera-se<br />

que os trabalhadores <strong>de</strong>senvolvam competência política para integralização do<br />

cuidado no âmbito do SUS. Por outro lado, um novo cenário econômico e produtivo<br />

encontra-se estabelecido no país pela crescente inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lização das relações<br />

econômicas:<br />

“Profissio<strong>na</strong>lização e qualificação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> dos<br />

trabalhadores <strong>de</strong> nível médio representam o melhor<br />

caminho para fazer frente à crescente incorporação <strong>de</strong><br />

novas tecnologias e mudanças <strong>na</strong> divisão técnica do<br />

trabalho, uma vez que a força <strong>de</strong> trabalho passa por<br />

sucessivas e constantes alterações em termos <strong>de</strong><br />

composição ocupacio<strong>na</strong>l, qualificação e escolarida<strong>de</strong>,<br />

assim como se modificam as <strong>de</strong>mandas da população<br />

por cuidados em saú<strong>de</strong>. A ampliação da base <strong>de</strong> atuação<br />

da saú<strong>de</strong> e da <strong>enfermagem</strong>, que vem se configurando<br />

com a ampliação da oferta <strong>de</strong> serviços e <strong>de</strong> incorporação<br />

<strong>de</strong> novas tecnologias, requer, além <strong>de</strong> formação<br />

a<strong>de</strong>quada e permanente, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

contínuos processos <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> conhecimento,<br />

uma vez que a qualida<strong>de</strong> do cuidado e da formação estão<br />

relacio<strong>na</strong>dos à reflexão crítica sobre a realida<strong>de</strong> do<br />

processo <strong>de</strong> trabalho e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenção e<br />

proposição <strong>de</strong> mudanças nessa realida<strong>de</strong>” (Göttems,<br />

2007, p. 8).


58<br />

Uma alter<strong>na</strong>tiva legítima instituída pelas diretrizes educacio<strong>na</strong>is é a<br />

elaboração <strong>de</strong> um currículo que prime por competências on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolva a<br />

laborabilida<strong>de</strong>, à flexibilida<strong>de</strong>, à interdiscipli<strong>na</strong>rida<strong>de</strong> e a contextualização <strong>na</strong><br />

organização curricular, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> dos perfis profissio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> conclusão, a<br />

atualização permanente dos cursos e dá as Escolas a autonomia <strong>de</strong> seus Projetos<br />

Pedagógicos:<br />

Uma das premissas do combate à dualida<strong>de</strong> do ensino é<br />

garantir, nos projetos educacio<strong>na</strong>is — que por sua vez se<br />

traduzirão tanto em teorias das áreas <strong>de</strong> conhecimento<br />

científico quanto <strong>na</strong>s práticas —, que a Educação<br />

Profissio<strong>na</strong>l seja parte <strong>de</strong> um projeto voltado para a<br />

formação huma<strong>na</strong>. Isso requer, segundo Isabel, que os<br />

currículos escolares mostrem que o conhecimento a ser<br />

ministrado <strong>de</strong>ve contemplar tanto as ciências huma<strong>na</strong>s<br />

quanto as da <strong>na</strong>tureza; que tenham uma concepção <strong>de</strong><br />

ciência para além da abordagem instrumental; e que sua<br />

abordagem do trabalho em saú<strong>de</strong> seja capaz <strong>de</strong><br />

relacio<strong>na</strong>r suas especificida<strong>de</strong>s com as relações sociais.<br />

A pesquisadora acha ainda necessário que os currículos<br />

das escolas <strong>de</strong> ensino médio e EJA promovam mais<br />

discussões sobre o trabalho e sua relação com a<br />

socieda<strong>de</strong> (Revista Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Escolas Técnicas do SUS RET-<br />

SUS jan/fev <strong>de</strong> 2007, p. 14).<br />

O mo<strong>de</strong>lo econômico <strong>de</strong> um país é refletido <strong>na</strong>s formas <strong>de</strong> organização e <strong>de</strong><br />

gestão macro-estrutural da condução política dos planos e programas<br />

gover<strong>na</strong>mentais. No Brasil vigora o mo<strong>de</strong>lo capitalista que traz um cenário produtivo<br />

<strong>de</strong> serviços arraigado em complexas tecnologias para aten<strong>de</strong>r o mercado <strong>de</strong><br />

produção. Face à imposição do capital estrangeiro ofertado para elevar o Brasil à<br />

categoria <strong>de</strong> país <strong>de</strong>senvolvido, este, alia-se à crescente inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lização da<br />

economia que nos limitam o modo <strong>de</strong> fazer a educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>, pois ela sempre<br />

será reflexa do mo<strong>de</strong>lo hegemônico predomi<strong>na</strong>nte:<br />

“E essas medidas elimi<strong>na</strong>m a dualida<strong>de</strong> que marca,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primórdios, a Educação?” Isabel respon<strong>de</strong>:<br />

“Claro que não! Po<strong>de</strong>mos ape<strong>na</strong>s amenizá-la e combatêla<br />

porque, no capitalismo, a Educação vai sempre refletir


59<br />

a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> classes em que vivemos” (Revista Re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Escolas Técnicas do SUS RET-SUS jan/fev <strong>de</strong> 2007, p. 14).<br />

8.3. Terceira categoria: educação permanente<br />

Esta categoria traz à luz da humanização alter<strong>na</strong>tiva legal instituída que<br />

possibilite ao trabalhador a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> articular, mobilizar e colocar em ação<br />

valores, conhecimentos e habilida<strong>de</strong>s necessárias para o <strong>de</strong>sempenho eficiente e<br />

eficaz <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s requeridas pela <strong>na</strong>tureza do trabalho. A abordagem adotada por<br />

essa política é <strong>de</strong> incrementar a qualida<strong>de</strong> e a integralida<strong>de</strong> da atenção à saú<strong>de</strong> <strong>na</strong>s<br />

comunida<strong>de</strong>s atendidas.<br />

A Política Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Educação Permanente em Saú<strong>de</strong>, instituída em 2004<br />

e revista em 2007, propõe-se a mudar a realida<strong>de</strong> dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> partindo da<br />

vivência por trabalhadores, gestores e usuários, extrapolando assim as técnicas <strong>de</strong><br />

<strong>enfermagem</strong>. Acredita-se que <strong>de</strong>ssa forma o Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS) possa<br />

ser fortalecido:<br />

“Embora a educação permanente possa abranger<br />

diversas ações <strong>de</strong> capacitação, elas serão<br />

necessariamente parte <strong>de</strong> uma estratégia maior, tendo<br />

como horizonte a mudança institucio<strong>na</strong>l”. (...)De acordo<br />

com a lógica da educação permanente, um curso (<strong>de</strong>ve<br />

levar à) aprendizagem organizacio<strong>na</strong>l. Na concepção <strong>de</strong><br />

Maria Davini, para esse patamar ser alcançado é preciso<br />

que esteja em curso um processo capaz <strong>de</strong> extrapolar as<br />

esferas individuais, em que haja compartilhamento e<br />

troca entre pessoas diferentes - inclusive em termos <strong>de</strong><br />

hierarquia e po<strong>de</strong>r. "A dificulda<strong>de</strong> é maior quando as<br />

aprendizagens têm menos relação com habilida<strong>de</strong>s<br />

técnicas do que com mudanças no estilo <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança, <strong>na</strong><br />

tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões ou culturais. A questão é crucial<br />

quando o que se preten<strong>de</strong> mudar são mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />

atenção e participação, o que representa uma<br />

transformação <strong>na</strong>s regras do jogo das instituições"


60<br />

(Revista Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Escolas Técnicas do SUS<br />

outubro <strong>de</strong> 2010, p. 13).<br />

RET-SUS<br />

É evi<strong>de</strong>nte que Estados e Municípios, em suas esferas <strong>de</strong> atuação,<br />

encontram-se em um processo <strong>de</strong> reorganização das áreas <strong>de</strong> Gestão do Trabalho<br />

e da Educação <strong>na</strong> Saú<strong>de</strong>, direcio<strong>na</strong>ndo políticas estruturantes do setor advindas do<br />

Ministério da Saú<strong>de</strong> com discussões sobre a operacio<strong>na</strong>lização da política <strong>de</strong><br />

educação permanente visando aproximação das reais necessida<strong>de</strong>s que surgem:<br />

“Ainda estamos distantes do aparelho formador e<br />

pagando o preço da formação dos profissio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sarticulada da discussão sobre as novas práticas<br />

sanitárias, a reorganização do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> atenção, a<br />

formação das re<strong>de</strong>s, a gestão da clínica” (Revista Re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Escolas Técnicas do SUS RET-SUS outubro <strong>de</strong> 2010, p.<br />

10).<br />

As ETSUS mantêm papel central <strong>na</strong> elaboração e qualificação dos cursos<br />

técnicos visando adaptar-se a essas novas necessida<strong>de</strong>s:<br />

“As ETSUS <strong>de</strong>vem estar preparadas para mais um<br />

<strong>de</strong>safio: formar técnicos para o futuro. As Escolas<br />

precisam se mo<strong>de</strong>rnizar cada vez mais e respon<strong>de</strong>r não<br />

só à <strong>de</strong>manda daqueles técnicos que já existem no setor<br />

saú<strong>de</strong>, mas vislumbrar a perspectiva <strong>de</strong> formação <strong>de</strong><br />

novos profissio<strong>na</strong>is” (Revista Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Escolas Técnicas do<br />

SUS RET-SUS, 2008, p. 1).<br />

Para dar resolutivida<strong>de</strong> à realida<strong>de</strong> dos serviços e a garantia <strong>de</strong> posição nos<br />

postos <strong>de</strong> trabalho no mundo globalizado há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação dos<br />

conteúdos a serem ministrados nos cursos <strong>de</strong> qualificação da força <strong>de</strong> trabalho<br />

contemplando temas que vão ao encontro dos objetivos que levaram a elaboração<br />

dos cursos tendo como condutor <strong>de</strong>sse processo, os centros formadores enquanto<br />

órgão legítimo <strong>de</strong> condução da política <strong>de</strong> recursos humanos no país mantendo<br />

constante articulação com os Conselhos <strong>de</strong> classe <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>izante (ABEn,<br />

COREN, sindicatos, etc.) e consi<strong>de</strong>rando o aparato legal <strong>de</strong> encaminhamentos dos


61<br />

conselhos gestores que representam as necessida<strong>de</strong>s organizacio<strong>na</strong>is do sistema<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> local:<br />

“Um caminho seria a reestruturação dos currículos já<br />

existentes, como o da <strong>enfermagem</strong>. É necessário<br />

respon<strong>de</strong>r a uma <strong>de</strong>manda muito precisa que está<br />

surgindo. Acho que esses técnicos <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong><br />

precisam tomar uma feição mais mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong> e<br />

especializada. O técnico <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> generalista tem<br />

um lugar <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do. E penso que existe uma <strong>de</strong>manda<br />

por técnicos especializados em hemodiálise, CTI,<br />

ortopedia, pediatria. Se esses profissio<strong>na</strong>is não forem<br />

qualificados para essa nova realida<strong>de</strong>, teremos pedido <strong>de</strong><br />

criação <strong>de</strong> mais profissões técnicas. Cada ato virará uma<br />

profissão. Não acho que é assim que vamos construir<br />

uma equipe valorosa que venha <strong>de</strong> fato aten<strong>de</strong>r ao que o<br />

SUS precisa”, conclui (Revista Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Escolas Técnicas do<br />

SUS RET-SUS março <strong>de</strong> 2008, p. 11).<br />

Vale <strong>de</strong>stacar a importância do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> contínuos processos <strong>de</strong><br />

construção <strong>de</strong> conhecimento individual e coletivo que implica reconhecimento social<br />

e econômico como também, constante qualificação com primazia da atuação. Cabe<br />

a esse conjunto <strong>de</strong> fatores o atendimento às necessida<strong>de</strong>s dos serviços vivenciadas<br />

pelos educadores, trabalhadores e gestores <strong>na</strong>s instâncias on<strong>de</strong> esses processos<br />

ocorrem:<br />

"Dentre os princípios orientadores da Política Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong><br />

Educação Permanente em Saú<strong>de</strong> (Pneps), lançada pelo<br />

Ministério da Saú<strong>de</strong> (MS) em 2004e revista em 2007,<br />

está a promoção da integração entre o ensino e o<br />

serviço; entre a educação e o trabalho, com o objetivo <strong>de</strong><br />

promover mudanças tanto no processo <strong>de</strong> formação<br />

quanto <strong>na</strong>s práticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> no âmbito do SUS. Assim<br />

sendo, é necessário se repensar formas <strong>de</strong> integração<br />

entre os espaços da prática em saú<strong>de</strong> e os espaços<br />

acadêmicos, proporcio<strong>na</strong>ndo reflexões tanto do fazer<br />

quanto do pensar em saú<strong>de</strong>. Repensar as formas <strong>de</strong><br />

fazer e ensi<strong>na</strong>r o cuidado a partir dos micro-espaços da<br />

saú<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> ocorrem as inter-subjetivida<strong>de</strong>s entre todos<br />

os envolvidos no processo <strong>de</strong> produção da integralida<strong>de</strong>,<br />

em que se ressalta o acolhimento, o estabelecimento do<br />

vínculo e a responsabilização dos serviços e profissio<strong>na</strong>is<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para com os cidadãos” (Revista Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Escolas<br />

Técnicas do SUS RET-SUS, 2010 , p.12 e 13).


62<br />

No mo<strong>de</strong>lo hegemônico <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento industrial o valor <strong>de</strong> um produto<br />

ou serviço <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da qualida<strong>de</strong> com que os mesmos foram produzidos. Os<br />

mecanismos para o alcance <strong>de</strong>ssa qualida<strong>de</strong> modificaram-se ao longo do tempo<br />

acompanhando as transformações da produção <strong>de</strong> bens e serviços. Atualmente a<br />

idéia que se busca é a satisfação dos clientes, dos trabalhadores, dos gestores e<br />

dos mecanismos <strong>de</strong> controle social.<br />

A recorrência <strong>de</strong> indicadores <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da assistência<br />

bastante comprometidos como as altas taxas <strong>de</strong> erros <strong>na</strong><br />

administração <strong>de</strong> medicamentos pelos trabalhadores <strong>de</strong><br />

<strong>enfermagem</strong>, mesmo após processos formativos,<br />

apontam que estratégias <strong>de</strong> qualificação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> não<br />

acompanhadas <strong>de</strong> mudanças <strong>na</strong> organização das<br />

práticas e melhorias das condições <strong>de</strong> trabalho são<br />

insuficientes para melhorar a qualida<strong>de</strong> dos serviços <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> (Göttems, 2007, p. 8) .<br />

A a<strong>de</strong>são total do indivíduo ao grupo, envolvendo a absorção das<br />

consciências individuais pela consciência coletiva é efetivada no momento em que<br />

aceita pertencer ao grupo. A educação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> po<strong>de</strong> contribuir para formar<br />

equipes resolutivas e acolhedoras que enfatizem as relações <strong>de</strong> trabalho e todas as<br />

variantes dos atores sociais que formam o grupo:<br />

“Na formação contínua <strong>de</strong> adultos se valoriza, cada vez<br />

mais, as modalida<strong>de</strong>s que favorecem a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> os<br />

atores produzirem seu próprio conhecimento, a partir da<br />

revisão <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s próprias do indivíduo e dos seus<br />

valores em função <strong>de</strong> toda sua aprendizagem <strong>na</strong><br />

coletivida<strong>de</strong>” (Moura, 2009, p.2).


63<br />

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

A articulação entre educação e trabalho precisa traduzir-se em ações<br />

conjuntas entre a escola, os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, a gestão e as instâncias <strong>de</strong> controle<br />

social, voltados aos profissio<strong>na</strong>is já inseridos no trabalho.<br />

A ampliação da base <strong>de</strong> atuação da saú<strong>de</strong> e da <strong>enfermagem</strong>, que vem se<br />

configurando com a ampliação da oferta <strong>de</strong> serviços e <strong>de</strong> incorporação <strong>de</strong> novas<br />

tecnologias, requer, além <strong>de</strong> formação a<strong>de</strong>quada e permanente, o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> contínuos processos <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> conhecimento, uma vez que a qualida<strong>de</strong><br />

do cuidado e da formação relacio<strong>na</strong>-se à reflexão crítica sobre a realida<strong>de</strong> do<br />

processo <strong>de</strong> trabalho e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenção e proposição <strong>de</strong> mudanças<br />

<strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong>.<br />

As importantes mudanças nos padrões tecnológicos e organizacio<strong>na</strong>is<br />

ocorridas no período recente impõem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhadores mais<br />

autônomos e capazes <strong>de</strong> tomar <strong>de</strong>cisões com maior po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> intervenção no<br />

processo <strong>de</strong> produção. A incorporação <strong>de</strong> pessoal técnico qualificado aos serviços é<br />

essencial para que se possam obter ganhos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> no atendimento à<br />

população.<br />

A formação para o trabalho em saú<strong>de</strong> está voltada para além do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> competências profissio<strong>na</strong>is que atestem o conhecimento<br />

adquirido nos processos formais <strong>de</strong> ensino-aprendizagem, uma vez que, as<br />

constantes mudanças no cenário globalizado exigem ações que envolvam maior<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> raciocínio, autonomia intelectual, pensamento crítico, iniciativa<br />

própria e espírito empreen<strong>de</strong>dor.


64<br />

Igualmente, concordamos com Peduzzi (2006) quando afirma que<br />

“processos educativos <strong>de</strong> trabalhadores <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> implementados<br />

isoladamente per se em contextos <strong>de</strong> trabalho precários não são capazes <strong>de</strong><br />

imprimir mudanças positivas <strong>na</strong> qualida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>sempenho <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>”.<br />

Os conteúdos <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong>vem ser culturais e universais, constantemente<br />

reavaliados <strong>de</strong> acordo com as realida<strong>de</strong>s sociais; <strong>de</strong>vem ser significativos <strong>na</strong> razão<br />

huma<strong>na</strong> e social. Cabe ao professor a tarefa <strong>de</strong> escolher conteúdos <strong>de</strong> ensino<br />

a<strong>de</strong>quados às peculiarida<strong>de</strong>s locais.<br />

Cada área técnica parte do máximo <strong>de</strong> conhecimentos acumulados em seu<br />

campo e dos princípios políticos consi<strong>de</strong>rados mais relevantes para avançar<br />

enquanto categoria <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong>. A partir <strong>de</strong>ssas referências, são propostas as<br />

intervenções <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> enquanto conhecimento adquirido ao longo do tempo nos<br />

cursos <strong>de</strong> formação <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> e/ou <strong>na</strong> vida cotidia<strong>na</strong> do trabalho em saú<strong>de</strong>.<br />

I<strong>de</strong>ntificar processos <strong>de</strong> mudanças das práticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> incorporados ao<br />

cotidiano do <strong>profissio<strong>na</strong>l</strong> <strong>de</strong> nível médio da área da <strong>enfermagem</strong> tor<strong>na</strong>-se<br />

necessário. As pesquisas nessa área ainda são incipientes e <strong>de</strong>vem fazer parte das<br />

<strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> colegiados <strong>de</strong> gestão e das comissões <strong>de</strong> ensino e serviço como forma<br />

<strong>de</strong> avaliar o pacto pela saú<strong>de</strong>, que se perpetua <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2006 e é renovado<br />

anualmente até mesmo porque esse tema ganha <strong>de</strong>staque com o advento da<br />

educação permanente. Conhecer se essas mudanças geraram melhoria <strong>na</strong><br />

qualida<strong>de</strong> da atenção ofertada à população <strong>na</strong>s diferentes regiões do país subsidiam<br />

o planejamento <strong>de</strong> políticas sócias voltadas para minimizar as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais<br />

e serem capazes <strong>de</strong> “formar o espírito e o coração daqueles que amanhã serão<br />

homens e cidadãos” (Marechal Hermes da Fonseca, 1910)


65<br />

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:<br />

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ENSP/FIOCRUZ. s.n., 2009.


ANEXO<br />

69


ANEXO I: QUADRO I - Instrumento <strong>de</strong> coletada <strong>de</strong> dados da revisão do estado da arte (revisão teórica)<br />

Autor<br />

Ano<br />

Titulo do<br />

trabalho<br />

Objetivo<br />

geral<br />

Objetivos<br />

específicos<br />

Metodologia<br />

Local da<br />

pesquisa<br />

influência dos<br />

cursos <strong>de</strong> nível<br />

médio da área da<br />

<strong>enfermagem</strong><br />

reflexos<br />

resultaram<br />

<strong>de</strong>stas<br />

mudanças.<br />

Propostas dos<br />

autores

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