Programa Senac de Gratuidade: Por um Brasil melhor

programa senac de gratuidade

programa senac de gratuidade
Rio de Janeiro, março de 2010

Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – Senac
Presidente
Antonio Oliveira Santos
Departamento Nacional
Diretor-geral
Sidney Cunha
Diretor da Divisão Técnica (Ditec)
Valter Rodrigues
Diretor da Divisão de Operações (Diop)
Eladio Asensi Prado
Diretora da Divisão de Administração e Recursos Humanos (DARH)
Vera Espírito
Coordenação editorial:
Centro de Comunicação Corporativa/Diretoria de Planejamento e Comunicação/
Ditec
Texto: Iracema Dantas
Fotografias: Zeca Linhares
Senac – Departamento Nacional
Av. Ayrton Senna, 5.555 – Barra da Tijuca
Rio de Janeiro – RJ – Brasil
CEP 22775-004
www.senac.br
SENAC. DN. PSG: Programa Senac de Gratuidade: por um
Brasil melhor / Iracema Dantas. Rio de Janeiro, 2010. 73
p. Il. Fotografias: Zeca Linhares.
SENAC. DN; PROGRAMA SENAC DE GRATUIDADE;
DEPOIMENTO; ALUNO.
Ficha elaborada de acordo com as normas do Sistema de Informação e
Conhecimento do Senac (Sics)

sumário
6 Mensagem do presidente
7 Apresentação
9 Introdução
10 Novas descobertas e aprendizados
18 Uma profissão, uma nova história
26 Nicho de sucesso
32 Direto para o mercado
40 De olho nas demandas
46 Juntando forças
52 Primeira oportunidade
56 Beleza empreendedora
62 Turmas integradas
66 Juntos no PSG

Mensagem do
Presidente
Falar em inclusão social não é
novidade para o Senac. Afinal, a
própria história da Instituição está
intrinsecamente relacionada a esse
propósito desde a sua criação, em
janeiro de 1946, possibilitando, ao
longo dessa trajetória, o acesso de
milhões de brasileiros por todo o país
ao mercado de trabalho, por meio da
educação profissional e da produção
do conhecimento para o Setor do
Comércio de Bens, Serviços e Turismo.
Assim, em seus 64 anos, o Senac,
sempre atento às constantes mudanças
ocorridas em nossa sociedade, vem
empreendendo uma série de ações e
programas que visam ampliar o escopo
inclusivo da Instituição.
Atendendo à solicitação do Governo
Federal para colaborar na expansão da
educação profissional à população de
baixa renda, a Instituição respondeu
afirmativamente, desenvolvendo
o Programa Senac de Gratuidade,
que veio somar-se a uma série de
outros programas de caráter social já
desenvolvidos.
É com orgulho que apresentamos,
nesta publicação, alguns dos brasileiros
e brasileiras que fizeram parte das
primeiras turmas do programa e
que com seus relatos de superação
comprovam o compromisso do Senac
com a diminuição das desigualdades e
mostram como a educação profissional
pode contribuir na construção de um
Brasil melhor.
Antonio Oliveira Santos
Presidente do Senac

Apresentação
O primeiro ano de implantação do
Programa Senac de Gratuidade (PSG)
certamente representou um grande
desafio que a Instituição, mais uma
vez, respondeu de forma transparente,
uniforme e competente.
Fruto de um acordo firmado entre a
Confederação Nacional do Comércio
de Bens, Serviços e Turismo e os
ministérios da Educação (MEC), do
Trabalho e Emprego e da Fazenda, e
regulamentado pelo Decreto 6.633, em
5 de novembro de 2008, pelo presidente
da República, Luiz Inácio Lula da Silva,
o programa prevê que o Senac amplie o
número de vagas gratuitas.
Assim, a Instituição se comprometeu
a destinar parte da sua receita
compulsória líquida na oferta de cursos
de educação profissional sem custo para
os alunos de baixa renda. Em 2009,
foram 20%; em 2010, serão 25%; em
2011, 35%; em 2012, 45%; em 2013, 55%;
e, a partir de 2014, 66,67%.
Desse modo, em 2009, o Senac
ofereceu gratuitamente cerca de
120 mil vagas por todo o Brasil, nos
mais diversos cursos de Formação
Inicial e Continuada (Aprendizagem,
Capacitação e Aperfeiçoamento), e
de Educação Profissional Técnica de
Nível Médio (Qualificação e Habilitação
Técnicas).
É importante destacar que para
atender, em tempo recorde, à nova
realidade, todo o Senac foi envolvido,
a fim de que a oferta de programações
gratuitas ocorresse de forma
homogênea e eficaz pelo Brasil.
Histórias de vidas transformadas pela
educação profissional. É isso o que
esta publicação, sobre o primeiro
ano de existência do PSG, apresenta,
ratificando o compromisso social do
Senac com os brasileiros.
Sidney Cunha
Diretor-geral do Senac Nacional
7

Introdução
De norte a sul, de leste a oeste, o Programa
Senac de Gratuidade leva cidadania e
qualificação profissional a quem mais precisa
Em dezembro de 2009, o
Departamento Nacional do Senac
fez uma viagem pelo Brasil, um
país de dimensões continentais e,
consequentemente, de imensos
contrastes, para registrar os primeiros
resultados do Programa Senac de
Gratuidade. Um programa amplo, mas
que pode resumir, em apenas três
letras – PSG – o sonho de milhares de
brasileiros por um futuro melhor.
Nas páginas seguintes, estão
depoimentos de alguns dos alunos que
integraram as turmas do primeiro ano
de implantação do PSG e seus cursos
inteiramente gratuitos destinados à
população de baixa renda. São relatos
que comprovam resultados e reafirmam
a certeza de que só com uma sociedade
mais justa e igualitária – e com
oportunidade para todos – teremos uma
nação verdadeiramente democrática.
Nesta publicação, há também as
diferentes soluções encontradas para
ajustar à realidade as normas que
regem um programa da magnitude
do PSG. Essa é uma estratégia que
precisa ser valorizada, pois o Senac –
ainda que presente nas 27 Unidades
da Federação – sabiamente não impõe
regras que ignorem a diversidade e a
cultura de cada uma das regiões onde
está localizado. Da busca de soluções
para combater a evasão de alunos,
à promoção de parcerias com ONGs
locais, o que se extrai é a certeza de
que o PSG não é apenas um acordo
que vem sendo cumprido. Com
apenas um ano de implementação,
o programa já deu certo porque
milhares de brasileiros e brasileiras
tiveram suas vidas impactadas de
forma positiva.
9

Novas descobertas e
aprendizados
Cláudia dos
Santos, curso
de Operadora
de Caixa
O primeiro passo é sempre o mais
difícil, seja qual for o momento de
nossas vidas. Cláudia Martins dos
Santos, de 27 anos, fez o curso de
Operadora de Caixa no Senac Espírito
Santo. Quando ainda frequentava as
aulas, entregou o currículo na rede
de supermercados Perim. Antes do
PSG, Claudia era artesã e vendia sua
produção para amigos e vizinhos.
“Estou aqui há cinco meses e estou
adorando”, garante essa animada
capixaba, mãe de duas meninas, de 3
e 8 anos de idade. Cláudia pretende
terminar o ensino médio em 2010
e cursar a faculdade de Ciências
Contábeis: “O Senac me abriu a mente.
Pretendo aprender muito mais”.
Foi assim também com Maria Luiza
Silva de Jesus, que, aos 30 anos e mãe
de dois filhos, resolveu se inscrever no
curso de Garçom no restaurante-escola
Senac Pelourinho, em Salvador, Bahia:
10

Cláudio
José dos
Santos, curso
Montagem
de Rede de
Computadores
Prontas
para a luta
12
“Eu trabalhava fazendo unhas e gostava
de ser manicure, mas queria outros
horizontes, estava me sentindo parada
no tempo. Entrei no site do Senac
fazendo pesquisa de cursos quando vi
o PSG. Fiquei muito interessada, seria
a oportunidade de fazer um curso
diferente e numa boa escola! Fiquei
com aquele medo... Pensava: será
que vou passar? Será que vai dar? Mas
não desisti, fiz a inscrição. Deu tudo
certo, eu passei e superei essa etapa”,
relembra Maria Luiza. A persistência
rendeu outras descobertas: “No Senac,
aprendi a ser profissional e vou levar
esse aprendizado comigo. Tenho
muitos planos para o futuro. Penso em
fazer uma faculdade de Gastronomia
ou Turismo e Hotelaria. O Senac me
reanimou a ter esperanças”, diz, em um
relato que poderia ser considerado um
traço comum em todos os depoimentos
a seguir.
Mudanças como ocorreram na vida
de Weslley Roberto Ricci dos Santos,
aluno do PSG no curso Técnico em
Segurança no Trabalho no Senac Bauru,
em São Paulo, que diz: ‘Houve uma
mudança muito grande na minha
postura, hoje sou um profissional mais
direto, mais centrado, mais correto,
mais atuante, mais produtivo. Antes,
era um colaborador que chegava
para trabalhar, fazia minha parte e
ia embora. Hoje, sou brigadista e
praticante das atividades ambientais e
sociais da empresa. Recentemente, fui
aprovado no treinamento Técnico de
Programador e Regulador de Máquinas
Injetoras”, diz com um brilho nos olhos.
Mais Senac para mais brasileiros. O
conceito de soma proposto pelo PSG
é com certeza amplo, tanto assim
que entende como brasileiro qualquer
cidadão de baixa renda que tenha
escolhido nosso país para viver e
O mais comum, quando ouvimos falar
de cursos gratuitos, é imaginar que tais
iniciativas são voltadas apenas para os
mais jovens. Contrariando essa ideia,
está a realidade do PSG. Prova disso é
que muitas mulheres maduras, algumas
separadas ou viúvas têm se sentido à
vontade para ingressar nos mais variados
cursos. Segundo alguns relatos, a
experiência tem sido produtiva: ganham
uma profissão e ainda recuperam sua
cidadania. Alguns exemplos – e belas
histórias dessas mulheres que vão,
literalmente, à luta, comprovam isso.
Rosileide Moreira Pinto, de 46 anos,
aluna do curso de Cozinheiro do Senac
Maranhão, moradora de Raposo, na
Região Metropolitana de São Luís,
ingressou no PSG em agosto de 2009.
Ela já havia feito alguns cursos gratuitos
na Instituição e, no último deles, o
de Telefonista, passou cerca de dez
anos empregada em uma empresa de
telefonia. Rosileide, que mora com o
marido e tem um filho de 13 anos, ficou
desempregada quando essa empresa foi
privatizada, no ano 2000. Desde então,
vinha tentando ingressar novamente
no mercado de trabalho formal, mas
se sentia um pouco desmotivada. Foi
quando soube do PSG: “Eu vinha sempre
ao Senac para saber sobre os cursos
gratuitos. Há muito tempo eu queria
fazer esse de curso de Cozinheiro.
Estou adorando. Aprendi muita coisa
nova e também vi que muita coisa que

eu fazia na hora de cozinhar estava
errada”. Depois do curso, Rosileide
acredita que conseguirá um bom
emprego ou então poderá até mesmo
abrir seu próprio negócio.
Outro bom exemplo é Neida Abdon, de
52 anos, que acabou se tornando aluna
do curso de Camareira, em Aquidabã,
na Bahia. “Soube dos cursos do PSG.
Até fiquei empolgada e pensei em me
inscrever, mas fiquei pensando que
isso não seria para uma mulher de
52 anos”. Mas apesar da descrença,
ela não conseguiu tirar o “PSG da
cabeça”: “Quando faltavam dois dias
para encerrar as inscrições, eu estava
passando em frente ao Senac e resolvi
me informar melhor. Para minha
surpresa e alegria, o recepcionista
me disse que não havia limite de
idade. No dia seguinte, lá estava eu
com os documentos exigidos para me
inscrever”, conta, resumindo como foi
essa sua importante decisão.
As aulas começaram em junho
de 2009 e em setembro Neida já
estava praticando os ensinamentos
adquiridos: “Comecei as aulas práticas
no Tropical Hotel da Bahia, no Campo
Grande. Foi uma experiência única,
uma coisa inusitada. Foi maravilhoso
conhecer de perto toda a rotina de
um hotel”, revela.
A experiência de Neida foi muito além
de alcançar uma profissão, como prova
seu depoimento final sobre o PSG: “Foi
tudo de bom para mim: uma mulher de
52 anos que resolve deixar de ser apenas
uma ‘doméstica’ e buscar conhecimentos
e viver novas experiências. Nunca é
tarde demais para sair em busca dos
sonhos e traçar metas na vida. Daqui
para frente, eu quero muito mais da
vida. Agora eu sei que posso”.
Rosileide Moreira
Pinto, curso de
Cozinheiro
13

Dulcemi
Rodrigues,
curso de
abeleireiro
Assim como Neida, Rita de Cássia
Alves dos Santos também fez o curso
de Camareira na Unidade Aquidabã do
Senac Bahia. Rita, que tem 42 anos,
é casada e tem dois filhos, estava
decidida a ter um ano diferente:
“Determinei que 2009 seria um ano de
luta e de muitas conquistas na minha
vida pessoal”. E foi por essa razão que,
depois de 20 anos, ela voltou a estudar:
“À procura de um futuro melhor, resolvi
então fazer o curso de Camareira do
Senac, para que pudesse me qualificar
e ter um bom desempenho em uma
profissão”, confirma. Rita também
teve aulas de Inglês Instrumental e
afirma que aprendeu “o que é ser
uma boa profissional no mercado de
trabalho com todo seu ensinamento
teórico e prático”.
Ana Sueli Aranha e Dulcemi de Jesus
Alves Rodrigues, de respectivamente
36 e 46 anos, são outras duas
mulheres que, depois do PSG,
puderam ingressar no mercado
de trabalho formal, recuperando
a autoestima e aumentando a
renda familiar. Elas fizeram juntas
o curso de Cabeleireiro no Senac
Maranhão e, com a ajuda do Banco de
Oportunidades daquele Departamento
Regional, arrumaram um emprego
em um salão de beleza, em Monte
Alegre, bairro de São Luís. “Assim que
pegamos nosso certificado, fomos
ao setor de encaminhamento para
empregos do Senac. Isso foi numa
quarta-feira; na quinta, já estávamos
trabalhando”.
Ana Sueli soube do PSG por meio
de um sobrinho, que chegou em
sua casa contando a novidade que
ouvira na escola: “Sempre quis fazer
esse curso. Antes, eu brincava de
cabeleireira, mas com o curso vi
que era algo bem mais sério. Eu me
esforcei e continuo me esforçando ao
máximo. Agora, quero fazer o curso
de Colorimetria”. A carteira assinada
de Ana Sueli é uma novidade na
família. “Meu marido não tem
trabalho fixo. E esse dinheiro que
ganho no salão é para garantir o
sustento de meus filhos”, revela.
Ana Sueli é mais uma das alunas do
PSG que pensam em ter seu próprio
negócio: “Já tenho minha cadeira de
cabeleireiro e tenho também meu
lavatório. Aos poucos, vou montar
meu salão”.
“Eu não tinha condição de pagar esse
curso. Sou viúva e tenho um casal de
filhos”, resume Dulcemi. Sua história,
no entanto, não é muito diferente da
de Ana Sueli, de Rosileide, de Neida
ou Rita de Cássia. São todas histórias
de mulheres que encontraram
no PSG uma oportunidade para
refazer a vida e encontrar uma nova
oportunidade de ingresso no mercado
de trabalho.
Ana Sueli Aranha, curso de Cabeleireiro
trabalhar. A característica acolhedora
de nosso povo é percebida no relato
de Tse Ting Hung, de 24 anos, que veio
da Indonésia para o Brasil há mais de
duas décadas e fez o curso de Garçom
no Senac Espírito Santo. Hung acabou
sendo selecionado para trabalhar no
Hotel-Escola Senac Ilha do Boi. Antes
do PSG, o jovem se aventurava como
barman, especialidade que pretende
cursar pelo Senac, dando continuidade
ao seu Itinerário Formativo, assim
que houver uma oportunidade: “Eu
trabalhava em bares da Praia do Canto,
mas não era nada fixo”, relembra.
Dado o primeiro passo, o esforço é
saber manter-se no rumo certo. E foi
observando o desempenho dos alunos
ao longo do processo de implantação
do PSG que profissionais de educação
do Senac detectaram que muitos dos
inscritos apresentavam uma defasagem
em conhecimentos básicos, em
14

Durley
Soares da
Silva, curso
de Garçom
especial nas disciplinas de Português
e Matemática, o que poderia afetar o
aprendizado das competências técnicas
do curso escolhido. Para resolver esse
problema e também ajudar o aluno a
adotar uma postura mais profissional
diante dos desafios do mercado de
trabalho formal, foram oferecidos
cursos extras em diversas unidades
do Senac.
Em Brasília, por exemplo, foram
dadas aulas de Português, Matemática
e Etiqueta Profissional. “Não são
obrigatórias, mas, sem dúvida, estão
fazendo a diferença. Assim, não
oferecemos somente o acesso, mas
também ajudamos na permanência do
aluno no mercado de trabalho”, explica
a professora Tomasina Canabrava,
gerente da Divisão de Educação
Profissional do Senac/DF. Para ela,
a iniciativa faz com que os alunos do
PSG adquiram autoconfiança, além dos
conhecimentos práticos e teóricos da
profissão.
Durley Soares da Silva, de 29 anos,
foi aluno do curso de Garçom
e atualmente é gerente de um
restaurante em Brasília, na Asa Norte.
Para ele, essas aulas extras foram
fundamentais. “Aprendi Português,
Matemática, Etiqueta Profissional,
Técnicas Administrativas e Noções de
Enologia”. Com dois meses de curso,
arrumou emprego em Taguatinga,
cidade-satélite do Distrito Federal:
“Eu fazia o curso das 9h às 12h e
trabalhava à tarde”. Durley soube do
PSG por meio da imprensa, mas só foi
se inscrever no último dia do prazo,
pois precisava resolver pendências
de documentação. Ele é casado, tem
uma filha de três anos, mora com sua
mulher e mais dois enteados.
Quanto à qualidade do PSG, a fala de
Durley não deixa dúvidas: “Acho que
os professores tiveram um empenho
até maior. Ninguém faltava a uma aula
sequer e todas as aulas extras eram
rapidamente preenchidas. Com isso,
os instrutores foram ficando cada vez
mais animados”.
Mas o esforço para aumentar os
conhecimentos básicos do aluno do PSG
não foi só em Brasília. No Maranhão,
o Departamento Regional do Senac
optou por realizar provas de Português
e matemática como parte do processo
seletivo. “Vimos que o cenário em
termos de conhecimentos fundamentais
era difícil”, explica Francilene Souza
do Rosário, gerente da Divisão Técnica
do Departamento Regional. E foi dessa
constatação que surgiu a ideia de
implantar a Jornada da Superação, um
projeto que existia para os cursos do
15

Antonia Maria
Ferreira da
Conceição, curso
de Garçom
Restauranteescola
do Senac
em São Luís/MA
Senac no Maranhão em geral, mas que
foi readaptado para o PSG.
O objetivo da Jornada da Superação é
dar condições para que o aluno vença
suas dificuldades em leitura, escrita,
cálculos matemáticos e raciocínio
lógico, competências consideradas
essenciais para um bom desempenho
profissional. “Embora não seja
obrigatória a participação, percebemos
que a adesão é bastante significativa”,
complementa Francilene.
Antonia Maria Ferreira da Conceição, de
18 anos, foi aluna do PSG no curso de
Garçom, do Senac Maranhão. Ela já está
formada e atualmente trabalha em uma
empresa de bufê para festas e eventos
em geral. Ela fez o curso de março a julho
de 2009 e também participou da Jornada
da Superação. “Gostei muito. Agora
quero fazer a faculdade de turismo.
Espero que esse curso que fiz pelo PSG
16

me ajude a realizar esse sonho”, diz a
jovem, que é filha única e mora com a
mãe e dois primos em Monte Castelo,
bairro de São Luís.
Tal como no Maranhão e em Brasília,
no Amapá também foi percebida a
necessidade de oferecer algo que
ampliasse a base de conhecimentos
dos alunos do PSG. Mas, nesse
estado, a opção do Departamento
Regional não foi pela aula presencial:
“Ofertamos cinco cursos extras
gratuitamente por meio da educação
a distância: Matemática Básica,
Matemática Comercial, Etiqueta Social
e Profissional, Português Básico e
Redação Empresarial”, informa Ana
Valéria Pantoja, diretora de Educação
Profissional do Senac Amapá.
Mas o empenho pelo sucesso do PSG
não parou por aí. “Para motivar os
alunos, fizemos uma aula inaugural
em nosso auditório e destacamos
a importância de participar desses
cursos de EAD. Inicialmente, ofertamos
315 vagas, mas foram mais de 450
matrículas”, revela Ana Valéria. O
acerto dessa estratégia se mostra ainda
mais nas palavras de Marly Ferreira
Siqueira, aluna do curso de Manicure e
Pedicure do PSG no Amapá: “Quando
me candidatei, não estava trabalhando.
Gostei muito do curso, porque não
aprendi só a técnica de fazer unha,
mas, higiene, como se relacionar bem
com as pessoas, sobre o atendimento
correto e outras situações. Estou feliz
porque tenho o apoio da família e
também já formei minha clientela.
Atendo tanto em minha casa quanto em
domicílio, já nem sobra mais tempo. Sei
que trabalho bem porque as clientes
são fiéis. Estou garantindo uma boa
renda e vou até fazer promoções.
Agora, pretendo me preparar para
outros serviços”. Marly, que tem 28
anos e é mãe de dois filhos, foi aluna
do PSG de maio a julho de 2009, em um
curso de 160 horas.
Em Sergipe, onde problemas com a
educação básica dos alunos mais uma
vez foram percebidos, a estratégia
adotada pelo Senac foi sensibilizar o
corpo docente para que ele também
assumisse a responsabilidade nesse
novo desafio, estimulando ainda mais
a relação professor-aluno. “Houve
professor que acabou ensinando as
quatro operações básicas, embora o
curso fosse de Vendedor. Foi um esforço
a mais para acolher esse aluno do PSG”,
acredita Ana Paula Tourinho, gerente
do Núcleo de Produtos e Processos
Educacionais do Senac Sergipe. Em São
Paulo, a oferta de cursos de Português
e Matemática também ocorre em
algumas unidades.
17

Uma profissão,
uma nova história
Cristiane de Castro
Freitas, curso de
Garçom
Cristiane de Castro Freitas, de 32 anos,
foi aluna da primeira turma de Garçom
no Senac Amazonas, que aconteceu
de abril a setembro de 2009. Exestudante
da rede pública, ela soube
do PSG por intermédio de sua sogra,
justamente quando já passava por
mais de um ano de desemprego. “Eu
tinha trabalhado com vendas e nunca
havia pensado em ser garçonete, mas
vi que era uma oportunidade e fiz a
inscrição”. Do desconhecimento sobre
a profissão ao desejo de seguir carreira
não demorou: “Amei esse curso. Saí
do Senac direto para trabalhar em
um restaurante em Ponta Negra.
Agora, quero aprender gastronomia e
entender aquilo que estou servindo
para o meu cliente”, anima-se.
“Cada dia no Senac vale a pena. A
gente sempre aprende. Vou voltar para
fazer outros cursos”, diz, revelando
seu maior sonho: “Quero ser maître”.
18

Se antes do curso no Senac, Cristiane
estava desempregada e com poucos
amigos, tudo mudou: “Eu vivia com meu
marido há quase dez anos, mas a gente
não estava casada no papel e eu nunca
tinha tido festa de casamento. Mas,
depois que eu aprendi tanto sobre bufês
e eventos, resolvi que queria uma festa.
Nos casamos no dia 4 de dezembro de
2009 e o bolo de casamento foi feito
pela professora do Senac. Meu amigo
Henrique, aluno do curso PSG também,
foi quem organizou o bufê”. A lua de mel
só não aconteceu por conta do recente
contrato de trabalho com o restaurante
de Ponta Negra: “Já conversei com meu
patrão e ele me liberou para fevereiro.
Eu e meu marido vamos para Fortaleza,
conhecer o mar e comemorar nosso
casamento”, fala, radiante.
Amiga de Cristiane na turma de Garçom
do PSG, Daiana Batista Dantas, de 22
anos, mãe de duas meninas de 4 e 7
anos, também estava desempregada
quando soube, por intermédio de um
primo, das inscrições para as vagas
gratuitas. “Eu era operadora de
máquina na área de reciclagem na Zona
Franca de Manaus, mas fui despedida”,
explica a jovem, que ficou quatro
meses fora do mercado de trabalho.
Hoje, a expectativa é bem diferente.
Segundo seu relato, mesmo antes de
terminar o curso de Garçom, os convites
para empregos já eram muitos, todos
por meio do Senac, que só não foram
logo aceitos porque Daiana resolveu
se dedicar integralmente aos estudos.
E a mudança foi mesmo significativa:
ela terminou o PSG e já ingressou na
faculdade de Nutrição. “Nem pensava
em seguir carreira nessa área, mas
vi o potencial e quero investir mais.
Estudo à noite e trabalho nos finais
de semana”, revela. Além de suas
filhas, Daiana mora com sua irmã e
uma sobrinha. Ela trabalha desde os
12 anos de idade, tendo passado por
fábricas e lanchonetes. Daiana fala
abertamente que antes do curso no PSG
ela própria não valorizava a profissão:
“Achava que não precisava de aula
para segurar bandeja. Agora vejo que a
profissionalização é tudo”.
Assim também pensava Joniel Rocha
Pereira, 23 anos, morador do bairro
Capuã, em Caucaia, Ceará, que já
mudou seu modo de encarar essa
profissão: “Antes eu pensava que ser
garçom era só anotar pedidos e carregar
bandeja, mas descobri que a área exige
muito mais. Nós aprendemos a ter uma
postura que não estamos acostumados.
O curso traz muitos exemplos para a
vida da gente, o convívio em casa e
com os amigos. Quando terminar, não
vou ficar parado. Tenho em mente
começar como garçom, depois ser
maître e continuar me capacitando e
crescendo”.
20

Turma de
Informática no
Distrito Federal
Renato Araújo
Nogueira, curso
de Garçom
A história de Kátia Fernanda de Góes
Scapim, do curso Técnico em Podologia,
do Senac São Paulo, tomou um novo
rumo: da recepção em uma clínica de
estética à prestação de atendimento.
Além da ascensão profissional, Kátia
conta que com isso sua renda também
aumentou e consequentemente
melhorou a sua qualidade de vida.
Cristina Penalva de Souza, aluna
do curso de Camareira da Unidade
Aquidabã, na Bahia, também não
demorou nada para entrar no mercado
de trabalho formal. Ela foi contratada
por um hotel em Salvador em novembro
de 2009: “As coisas pareciam difíceis
na minha vida, mas depois dessa
oportunidade tudo mudou. Tenho
novas amizades. Abri portas para
novos conhecimentos. Encontramos
educadores especiais que, além de
ensinar suas respectivas matérias, nos
deram experiências de vida”. Sobre a
escolha do curso, Cristina afirma: “A
profissão de camareira me fez ver o
quanto é importante a pessoas terem
responsabilidade no que fazem”.
Os critérios de ingresso no PSG
que fizeram com que Cristiane,
Daiana e Cristina pudessem mudar
tão radicalmente de vida estão nas
chamadas “Diretrizes”, elaboradas pelo
Senac Nacional, em parceria com seus
Departamentos Regionais, ao longo
do ano de 2008. O documento teve
como objetivo nortear a implantação
do programa por todo o Brasil, de
maneira uniforme e transparente,
definindo o conceito de gratuidade.
Além da renda familiar bruta, que não
poderá ultrapassar 1,5 salário mínimo
per capita, e da condição de aluno ou
trabalhador, a seleção para o PSG leva
em conta se o candidato possui algum
tipo de deficiência, se é dependente
21

Ellen de
Freitas, curso
de Informática
Avançada
ou arrimo de família, se já foi aluno do
Programa Aprendizagem ou de outro
programa gratuito do Senac e quantos
membros a sua família tem.
Após ter participado do curso gratuito
de Técnico em Informática Avançada
no Senac Amazonas, realizado em
parceria com o Sine 1 , Ellem Regina Silva
de Freitas conseguiu a tão sonhada
vaga no PSG. Aos 26 anos e mãe
do pequeno Gabriel, de 3, ela está
cursando o Técnico em Contabilidade
desde abril de 2009. O curso, que tem
a duração de um ano e mais de 800
horas de aula, foi inicialmente oferecido
durante o dia, mas os alunos pediram
que passasse para o turno da noite e
o Senac atendeu. Ellem aproveita o
tempo disponível para gerar renda:
“Acabei de deixar meu companheiro.
Para sustentar minha casa, tenho feito
cosméticos artesanais, como perfumes
e sabonete de açaí.” Ellem não se furta
a elogiar o curso: “Tem sido realmente
maravilhoso. E não é só contabilidade!
Aprendi até educação ambiental”.
Por estar em um curso de longa
duração, Ellem tem direito a desconto
nas passagens: “O Senac agilizou tudo.
Só fui retirar a carteirinha. Não tem
nenhuma diferença no trato com alunos
do PSG. Aliás, quando tem é para nos
tratar ainda melhor que os outros
alunos. Às vezes, sinto que nos dão uma
atenção especial mesmo, um incentivo”.
Outra que já tinha feito curso no Senac
foi a piauiense Maria Roselda Leite
Garcia, de 24 anos. Em 2008, Roselda
havia feito o curso de Contabilidade
1
O curso citado faz parte do Plano Territorial de Qualificação Profissional (Planteq), do Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE), em uma articulação com o Sine (Sistema Nacional de Emprego) e Senac/AM.
22

Para
garantir a
permanência
Apesar de todo o interesse
demonstrado pelo público do PSG,
alguns Departamentos Regionais do
Senac logo identificaram o custo
da passagem como um entrave à
frequência das aulas. Na Bahia, por
exemplo, apesar da enorme procura
por vagas, logo nas primeiras semanas
de aulas a evasão foi significativa: “O
principal motivo apurado foi a falta
de recursos para a locomoção, sendo
necessários uma média de 20 reais por
semana para cobrir tais despesas”,
explica Liana Brandão, superintendente
de Educação profissional. E foi a partir
dessa constatação que veio a decisão
de oferecer o vale-transporte aos
alunos do PSG, o que fez com que 70%
dos alunos voltassem a frequentar as
aulas regularmente.
Para Jéssica Oliveira dos Santos,
que foi da primeira turma do curso
de Vendedor no PSG na Bahia,
a iniciativa veio na hora certa:
“Queria trabalhar, mas precisava de
treinamento e capacitação. Hoje,
trabalho como vendedora em Santo
Antonio de Jesus”. Colega de Jéssica
no curso de Vendedor, Patricia de
Jesus Santos enfatiza: “O curso
pelo Senac é mudança de vida em
todas as áreas. Fiz outros na área de
empreendedorismo, mas minha opinião
é que o do Senac é o melhor. Costumo
dizer que esse curso de Vendedor
deveria se chamar ‘Portas Abertas para
o Sucesso’”.
Em Brasília, o Departamento Regional
também ficou atento à questão. “A
experiência acumulada com alunos
de baixa renda apontava que o gasto
com transporte também seria um
obstáculo a ser transposto para vencer
o fantasma da evasão. Foi pensando
nisso que o Senac/DF tomou a decisão
política de fornecer o vale-estudantil
para alunos do PSG, custeando
totalmente esse gasto”, revela a
professora Tomasina Canabrava.
Durley Soares da Silva, de 29 anos,
da primeira turma do PSG no
curso de Garçom no DF, foi um dos
beneficiados por essa política: “Eu
estava desempregado e não tinha
como pagar o curso de jeito nenhum,
muito menos pagar passagem de
ônibus”. Durley também recebeu todo
o uniforme e o instrumental necessário
para as aulas práticas. Ana Paula
Cardoso de Jesus, 34 anos, aluna de
Técnico de Contabilidade, também do
Senac/DF, é outro exemplo do acerto
dessa política: “O vale estudantil foi
fundamental para que eu pudesse ir às
aulas”.
Tânia Maria Alves da Silva, que fez
o curso de Camareira, em Londrina,
no Paraná, também teve uma ajuda
especial para concluir sua formação,
feita de julho a outubro de 2009.
Por meio de uma parceria entre o
Sindicato dos Hotéis, Restaurantes
Bares e Similares de Londrina e o
Senac, Tânia Maria, que residia no
abrigo Pão da Vida, teve suas despesas
com passagens de ônibus totalmente
cobertas.
23

24
Básica e aproveitou o PSG para fazer
o curso de Montagem e Manutenção
de Computadores. “Sempre tive
vontade de fazer esse curso, mas fiquei
desempregada. Tenho certeza que
agora tenho mais chances de voltar
a trabalhar, essa é a área que gosto
e me identifico. Estou esperançosa,
já fiz meu cadastro no Banco de
Oportunidades do Departamento
Regional do Piauí”, declarou Roselda.
A divulgação de cursos, quantidade
de vagas e turnos cabe aos Regionais
do Senac, que são responsáveis ainda
pela inscrição, seleção e matrícula dos
interessados. Para propiciar ainda mais
acessibilidade à população de baixa
renda, o Senac Piauí, por exemplo,
optou por realizar alguns cursos do PSG
fora da capital Teresina, como explica
Dayson Torres de Amorim, diretor de
Educação Profissional: “No Piauí, a
busca tem sido por parcerias com as
prefeituras locais. Com isso, conseguimos
com que algumas secretarias de ação
social se responsabilizassem pela
divulgação e inscrição e até mesmo pela
cessão do local para os cursos, já que
estamos apenas na capital. O que temos
percebido também é que a prefeitura,
depois de ver a seriedade do PSG,
acaba contratando outros cursos para a
população local. O bom disso é que não
há custo para a população, que continua
tendo acesso aos cursos da Instituição,
mesmo que não seja do PSG”.
E o depoimento da aluna Roselda só
confirma o acerto do Senac/PI: “Gostei
muito de ter sido na Associação Madre
Cabrini. Os equipamentos, o professor,
o material, tudo é de excelente
qualidade”.
Em São Paulo, Claudio José dos Santos,
32 anos, é um dos que fazem coro
quando o assunto é a qualidade dos
cursos do PSG. Claudio, que trabalha
há dois anos e oito meses na Ervas
Farmácias, uma rede com cinco
filiais em Santo André, região do ABC
paulista, conseguiu vaga gratuita em
um dos cursos mais procurados: o de
Montagem de Redes de Computadores.
A turma que Claudio frequentou não era
exclusiva para alunos de PSG: “Éramos
25 no total. Não sabíamos oficialmente
quem era ou não do programa”.
Com a nova especialização, Claudio,
que atualmente atua na área de
cadastro da empresa, tem a certeza de
que está mais valorizado no mercado
de trabalho: “Aos poucos, estou tendo
acesso ao setor de informática e já
assumo pequenas tarefas”.
A satisfação de conseguir ingressar no
PSG é algo presente, mesmo entre os
alunos que ainda não estão no mercado
de trabalho. Em Alagoas, uma das
selecionadas para o PSG foi Alane Maria

Daiana Batista
Dantas, curso de
Garçom, em frente
ao restauranteescola
do Senac em
Manaus
de Araújo, de 25 anos, aprovada para o
curso de Frentista: “Eu pulei de alegria
quando fiquei sabendo que havia sido
selecionada. Para mim é tudo, já que
depois do curso terei meu primeiro
emprego”, afirma. Casada, mãe de um
filho, ela acredita que estudar no Senac
e aprender uma profissão alavancará
outros sonhos de sua vida: “Eu quero
me empenhar no curso, conquistar o
emprego de frentista e batalhar mais
para realizar um sonho que tenho desde
os 13 anos de idade, que é o de fazer
faculdade de Engenharia Civil”.
Outra alagoana selecionada para
participar do PSG foi Vitória Gabriela
Marques da Silva, de 18 anos, aluna
do curso de Recepcionista. “Ter sido
selecionada é tudo. Vou aproveitar
essa chance me empenhando bastante,
pois quero também conquistar um
emprego. Estar aqui vai mudar tudo
na minha vida”, afirmou. Somente no
Senac/AL, 4.402 pessoas se inscreveram
para disputar 1.042 vagas em cursos
em diversos níveis, Da Formação Inicial
ao Nível Técnico. Entre os cursos
de Nível Técnico foram oferecidas
vagas em Técnico em Nutrição e
Dietética, Técnico em Análises Clínicas,
Técnico em Radiologia e Técnico em
Enfermagem, todos com grande procura
no mercado e alta empregabilidade.
Na capacitação, o Departamento
Regional alagoano disponibilizou vagas
em cursos como os de Operador de
Supermercados, Porteiro e Vigia,
Frentista, Garçom, Operador de
Computador e Recepcionista.
No Pará, a estratégia foi envolver todas
as unidades onde o Senac tem base
física: Santarém, Castanhal, Paraopebas
e Belém. “Decidimos que as vagas
seriam oferecidas em cursos cujas
matrículas vinham sendo significativas
nos últimos anos, em turmas mistas ou
exclusivas para o PSG”, explica Ida de
Andrade Moreira, diretora de Educação
Profissional. E o resultado é mesmo
positivo, como atesta Marcia Patricia
Ferreira Lopes, de 35 anos, moradora
de Castanhal: “Fiz o curso de Auxiliar
de Pessoal, pois já havia atuado na área
e gostaria muito de ter o conhecimento
teórico e em uma instituição de peso
como o Senac. Fui selecionada e, como
eu estava desempregada, naquele
momento senti que aumentavam minhas
esperanças de um futuro melhor”.
Segundo Ida, outra característica
do PSG no Pará foram os cursos que
atendessem a demandas específicas.
“Tivemos uma turma exclusiva de PSG
no curso Técnico em Farmácia, pois
o segmento da saúde é bem forte no
estado”.
25

Nicho de sucesso
Beatriz
Ferreira,
curso de
Garçom
O potencial turístico da Bahia é, sem
dúvida, um atrativo a mais para os
alunos do ramo de gastronomia e
hotelaria. O relato de Fernanda Carla
de Souza Freitas, de apenas 20 anos,
ex-aluna do PSG no curso de Garçom,
resume bem esse cenário: “Terminei
o curso em setembro de 2009 e logo
consegui trabalho. O final de ano será
mais alegre por essa oportunidade que
surgiu na minha vida e, com certeza,
é o inicio de um futuro melhor para
mim”, anima-se. E, apesar do sucesso,
Fernanda quer muito mais: “O Senac
abriu as portas do meu conhecimento.
Já penso em fazer outros cursos e
trabalhar mais. É muito gratificante,
estou muito feliz e sei que é só o
começo”, garante a jovem que trabalha
desde novembro na cafeteria de um
shopping center na capital baiana.
Beatriz Ferreira da Silva tem 24
anos e terminou o curso de Garçom
26

Anderson
Cardoso de
Souza, curso de
Garçom
Leticia Mayara de
Souza, curso de
Cabeleireiro
em dezembro de 2009, no Senac
Amazonas. Desde então, está
trabalhando com eventos. Sobre sua
condição social explica: “Minha mãe
é massoterapeuta autônoma, não
tem renda fixa. Meu pai trabalha
como pedreiro, mas também não tem
emprego certo”. Beatriz já traçou seu
futuro: quer estudar Inglês e fazer
faculdade de Arquitetura e Urbanismo.
E o que isso tem a ver com o curso
que ela acabou de fazer? A resposta
é direta: “A profissão de garçom tem
muito mercado de trabalho, mas
poucas pessoas qualificadas. Com
o que aprendi no Senac, sou uma
profissional diferenciada, completa, e
pronta para concretizar meus sonhos”.
Anderson Cardoso de Souza, 22 anos,
foi colega de Beatriz no curso de
Garçom no Senac Amazonas. “Soube
do PSG pelo jornal e sempre quis fazer
esse curso no Senac.” Ele já tinha
trabalhado como garçom por mais
de um ano, na cidade de Presidente
Figueiredo, uma região turística de
belas cachoeiras, a pouco mais de 100
km de Manaus. “Até esse curso, não
sabia nada da profissão, só carregava
bandeja”, revela Anderson, que veio
para Manaus por conta de problemas
de saúde de seu pai e não imaginava
que teria uma oportunidade como essa:
“Um mês antes de terminar o curso, eu
já estava empregado em uma pizzaria
aqui na cidade. Fui indicado pelo Banco
de Oportunidades do Regional e acabei
contratado. É a primeira vez que minha
carteira foi assinada”, diz, visivelmente
feliz com sua conquista. E não vai parar
por aí: “Ano que vem, pretendo fazer o
curso de Barman”.
Quando morava em Presidente
Figueiredo, Anderson tinha uma vida
humilde, porém não convivia com a
violência das cidades grandes. “Aqui,
28

moro na Glória, um lugar bem violento.
Vejo muita gente envolvida com
drogas, sem ter uma ideia de futuro.
Com o curso, também passei a ver essa
situação de forma diferente. Fico ainda
mais longe do que não presta”, diz,
mostrando a importância do PSG na
formação da juventude mais carente.
Ainda na Região Norte, no Acre,
o sucesso do PSG é facilmente
comprovado. Com apenas 18 ano, Ana
Maria Gonçalves foi selecionada para o
curso de Cozinheiro. Ana explica que
sempre gostou de cozinhar e que estava
à procura de emprego, quando surgiu
a oportunidade do PSG. “Fiz minha
inscrição, mas não acreditava muito que
pudesse ser chamada. Quando menos
esperava, meu nome apareceu na lista
de selecionados. Iniciei o curso e no
segundo dia de estágio, já fui convidada
para trabalhar”.
Vale a pena ressaltar, ainda, a forma
com que o Senac Acre encarou a nova
demanda gerada pelo PSG. Segundo
Abrão Maia, diretor de Educação
Profissional, a grande procura por
parte da população em geral foi uma
certificação da competência do Senac:
“No curso Técnico em Enfermagem,
por exemplo, a relação candidato/
vaga foi maior que no vestibular para
Medicina na Universidade Federal do
Acre: com 40 para 1”.
E não foi diferente em Alagoas,
onde as inscrições tiveram de ser
prorrogadas para que todos pudessem
se inscrever. A maior procura foi pelo
curso de capacitação em Auxiliar
Administrativo, que teve 674 inscritos.
“A grande procura pelo programa
atesta que estamos no caminho certo,
oportunizando aos alagoanos de
baixa renda chances de qualificação,
melhoria de vida e cidadania”, afirma
Cícera Silva de Paiva, responsável pela
Educação Profissional do Departamento
Regional.
A mesma opinião tem Mazza Maciel,
diretora de Educação Profissional do
Senac Ceará: “Tínhamos 1.600 vagas
e apareceram mais de 10 mil pessoas,
logo no primeiro edital. Apesar do
susto, foi uma espécie de certificação
de que os cursos do Senac são muito
bem aceitos pelo mercado em geral
e pela população, que acredita ser
esse um caminho para melhorar de
vida”. Mazza também aponta como
resultado do PSG a própria visibilidade
institucional que o Senac vem
conquistando: “A imprensa, de forma
espontânea, tem dado uma divulgação
de muita qualidade”.
A experiência do PSG no Mato Grosso
também contou com a colaboração
de várias mídias espontâneas, que
29

Cerimônia de
formatura do
PSG em Porto
Alegre
divulgaram gratuitamente o edital.
“Houve também uma parceria com o
Sine - Sistema Nacional de Emprego
para que os editais fossem divulgados
junto ao público cadastrado naquela
instituição, coincidindo com o perfil
desejado pelo PSG”, revelou Paula
Fernandes, gerente do regional.
Confirmando a credibilidade do
Senac, no Rio de Janeiro houve
uma grande disputa pelas vagas.
“O processo seletivo teve mais de
18 mil inscritos. O Senac, que já
promovia muitas ações sociais, com
o PSG pôde sistematizar toda essa
demanda reprimida”, aponta Wilma
Freitas, assessora de Desenvolvimento
Educacional. E vem de Wilma uma
definição marcante sobre o programa:
“O PSG só confirma a relevância social
do Senac para a comunidade, para
o desenvolvimento social e para a
inclusão social”.
30

Trabalho, arte e cidadania
Marllos Ravy Gomes Macedo tem 27
anos e é vendedor em uma loja de
instrumentos musicais em Campo
Mourão, no Paraná. Ele, que toca
violão, trabalhou durante nove anos
como educador social num abrigo de
meninos carentes.
“Eu mesmo morei na instituição
quando era menino. Lá aprendi
muitas coisas, inclusive a tocar
violão, e aos 18 anos me tornei
monitor no abrigo. Passei a transmitir
o que eu aprendi a outros meninos, a
reintegrá-los à sociedade por meio da
disciplina e da educação”, conta. Mas
depois de tantos anos diretamente
envolvido com a educação dos
menores, Marllos fazia monitoria e
dava aulas de música, o rapaz decidiu
dar outro rumo à própria vida.
Ele diz que já pensava em tentar uma
nova atividade, quando soube do PSG
do Senac de Campo Mourão. Marllos
não perdeu a oportunidade e durante
o curso de Vendedor ele e sua turma
organizaram uma feira em sala de
aula, com orientação do instrutor,
para treinamento da atividade de
vendedor.
A feira tornou-se um evento, com
direito a cobertura da TV local.
Marllos, além de exercitar o que
estava aprendendo no curso, tocou
e cantou e o VT foi para o site do
programa, conseguindo mais de
500 acessos só no fim de semana.
Os proprietários de uma loja de
instrumentos musicais viram o
vídeo do rapaz e o convidaram
para trabalhar na loja. “Eu disse
que ainda não era vendedor, que
estava aprendendo, mas quiseram
experimentar mesmo assim. Já
na primeira semana queriam me
efetivar e eu disse que esperassem
completar um mês para ter certeza
da qualidade do meu trabalho”, conta
Marllos.
Hoje, ele diz que recebe elogios
dos clientes e que o seu sucesso na
atividade foi conseguido por meio
do curso de capacitação que fez no
Senac. “Tudo que sei sobre vendas
aprendi lá e sinto que tenho todas as
ferramentas que preciso para crescer
cada vez mais. O Senac me muniu
de técnicas e princípios, e isso me
dá muita segurança na qualidade do
serviço que estou oferecendo aos
clientes e aos meus empregadores”,
coloca. Além do curso de Vendedor,
no qual foi aprovado em 18 de
dezembro, Marllos está terminando o
ensino médio.
31

Direto para o mercado
Franceildo do
Nascimento,
curso de
Cozinheiro
O encaminhamento ao mercado de
trabalho é uma marca da ação do Senac
em todo o território nacional; com o
PSG não seria diferente. Meire Maia
de Almeida, que foi aluna do curso
de Vendedor, realizado na Unidade
Manacapuru do Senac Amazonas,
participou de um processo seletivo
ainda durante as aulas: “Me candidatei
ao cargo de atendente de farmácia na
Drogaria Cordeiro, em Manacapuru,
fui aprovada e estou trabalhando com
carteira assinada até hoje”. Segundo
a jovem, o curso serviu para ampliar
seus conhecimentos sobre estratégias
de abordagem e atendimento aos
clientes, além de dar uma visão mais
técnica sobre os processos de vendas e
a importância do pós-atendimento para
a satisfação total do cliente.
Outra ex-aluna do curso de Vendedor
já empregada é Jéssica Oliveira dos
Santos, que participou do PSG no Senac
32

Cozinha do
restaurante-escola
Senac em São Luís
Bahia: “Estava com motivação para
trabalhar, mas precisava de treinamento
e capacitação. Hoje, estou empregada
na empresa Copy Design, em Santo
Antonio de Jesus”. O emprego também
veio rapidamente para Milena Aparecida
da Silva Teixeira, de 32 anos. Oriunda
de Corumbá, interior do Mato Grosso
do Sul, ela fez o curso de Operador de
Caixa, de setembro a outubro de 2009,
no regional. Em dezembro do mesmo
ano, foi chamada para um teste na
Econômica, uma rede de supermercados
local. Logo em seguida, recebeu a
notícia de sua contratação: “Preciso
pagar meus estudos e ajudar meus pais.
Agora estou junto da minha família,
minha vida tem um novo horizonte,
tudo está melhor. O curso abriu minhas
portas”.
No Rio Grande do Norte, na Unidade
de Mossoró, por exemplo, de uma
turma de 20 alunos do curso de
Vendedor, 12 já estão em processo
de efetivação do emprego e sete
serão encaminhados para entrevista
de seleção de estágio de três meses.
“Tivemos sucesso absoluto e ainda
tenho a certeza que cumprimos com
o caráter social do PSG, que é abrir
portas no mercado para pessoas que
possuem dificuldade de ingresso”,
declara Glauco Coutinho, gerente do
Senac em Mossoró. “E o contratante
já se articulou com nossa unidade
e informou que a próxima turma
deverá ser inteiramente aproveitada”,
complementa Zilca Pascoal, diretora de
Educação Profissional.
Um dos alunos da turma do PSG em
Mossoró é Femando Robson. Aos 21
anos, já passou pelo estágio e será
efetivado numa loja de material de
construção. Ele prestará vestibular
para Administração e acredita que
a experiência em vendas ajudará na
sua formação superior. Embora seja
novo no emprego, procura entender
cada função para saber informar e
atender melhor os clientes. “Estudo
cada produto e escuto a voz de quem
já entende do batente e contribuiu
para o crescimento da empresa”,
ressalta. Para Femando, a dificuldade
do jovem em ingressar no mercado de
trabalho está na falta de conhecimento
e qualificação. “O Senac abre portas
para o jovem que deseja encarar
grandes desafios. Vou incentivar meus
amigos a procurarem a Instituição, pois
acredito que vou mais longe”.
Outra aluna do Senac Rio Grande
do Norte é Jennifer Rafaely, de 21
anos, que conseguiu um emprego 15
dias após ter iniciado o estágio como
vendedora. “Estou feliz em trabalhar
como vendedora, não esperava que me
identificasse tanto com essa profissão”,
comenta ao demonstrar satisfação com
34

Adair de
Almeida, curso de
Administração
o trabalho. Para Jennifer, tudo está
apenas começando, e ela sonha em
abrir uma agência de turismo. E tem
ainda o caso de Michelle Medeiros de
Freitas, de 23 anos, oriunda da cidade
de Caicó, no interior do Rio Grande
do Norte, que veio morar na capital
para ter a oportunidade de estudar.
Em outubro de 2009, Michelle concluiu
o curso de Aprendizagem em Vendas
e Telemarketing e, 15 dias após,
conseguiu um emprego efetivo na
loja Le Postiche, de bolsas femininas
e malas, no maior shopping center
de Natal, o Midway Mall, exercendo a
função de vendedora.
Na unidade de Parintins, do Senac
Amazonas, os cursos de Camareira
e Recepcionista em Meios de
Hospitalidade tiveram uma excelente
absorção no mercado de trabalho,
segundo Marcilene Carvalho,
gerente de Educação Profissional. Os
35

Simones Costa Santo,
curso de Camareira
36
depoimentos de Ana Augusto, Leonor
e Heloisa, a seguir, só confirmam a
fala de Marcilene. Para Ana Augusto
Farias Ribeiro, a oportunidade deve
ser vista como um estímulo para uma
vida melhor. “Foi muito bom participar
do curso de Camareira. Agora tenho
uma profissão com diploma do Senac.
Tomara que mais mulheres aproveitem
oportunidades como essa”, afirmou a
moradora do bairro dos Palmares.
Leonor de Freitas Melo, outra que
concluiu o curso de Camareira, destaca:
“Hoje a gente chega oferecendo os
serviços de camareira nos hotéis da
cidade e a pessoa pergunta se temos
experiência. Quando falamos que
fizemos o curso do Senac é outra
coisa”. E Heloisa Brito Calixto é enfática
ao descrever o que o PSG significou
em sua vida: “Eu estava no fundo do
poço. Vivia dentro de casa. O curso de
Recepcionista em Meios de Hospitalidade
abriu um mundo para mim. Conheci mais
pessoas e hoje sei conviver melhor com
os outros. Estou muito feliz e quero
continuar estudando mais”.
Em Roraima, a auxiliar de cozinha
Marilúcia Vieira da Silva, de 42 anos,
disse que havia abandonado um
emprego de cozinheira para aprimorar
os conhecimentos na área no curso
de Auxiliar de Cozinha, ofertado por
meio do PSG. Assim que terminou
o treinamento, espalhou currículos
por vários empreendimentos da área
alimentícia de Boa Vista. A surpresa veio
após cerca de duas semanas, quando foi
chamada para várias entrevistas. “Fiz o
curso porque queria me aperfeiçoar e
melhorar o meu salário. Por causa disso,
aprendi a fazer muitos pratos novos.
Hoje, posso afirmar que o curso serviu
muito para o que eu queria, pois o meu
salário é bem melhor do que o anterior.
Além disso, meu currículo melhorou.
Agora posso colocar nele que tenho um
curso no Senac”, explicou Marilúcia, que
hoje trabalha com carteira assinada em
uma creche em Boa Vista.
Simone Costa, de 36 anos, formada
no curso de Camareira, fez o PSG
no Hotel-escola Ilha do Boi, em
Vitória, no Espírito Santo, e acabou
contratada pelo próprio Senac.
Ela, que se formou em junho de
2009, soube do processo seletivo
no hotel e resolveu se candidatar:
“Eu trabalhei durante quase 20 anos
como doméstica numa mesma casa
e quando soube do PSG vi que era a
oportunidade que precisava. Eu tinha
carteira assinada, mas não tinha fundo
de garantia. E trabalhava na casa
e também no consultório da minha
ex-patroa, que é médica. Fazia dois
serviços e era muito puxado”, resume
sua história, que certamente será
outra em bem pouco tempo.

Lucineide
Vilela, curso
Técnico de
Enfermagem
Cursos
técnicos no
Senac - sonhos
realizados,
futuro
garantido
O diploma de um curso técnico do
Senac é o sonho de muitos que lutam
por uma vida melhor. E graças ao PSG
esse sonho tem se tornado possível
a um número maior de brasileiros e
brasileiras. Uma delas é Lucineide
Severo Vilela, de 42 anos, que
mora em Heliópolis, na cidade de
Garanhuns, interior de Pernambuco.
Ela é mãe de um casal de filhos, de
9 e 18 anos, e ganha a vida como
manicure. Mas não por muito tempo.
Lucineide é também aluna do curso
Técnico de Enfermagem, um dos
mais concorridos em meio a todos os
demais cursos técnicos.
A grande oportunidade da vida de
Lucineide veio por meio de uma amiga
que trabalha como agente de saúde:
“Ela foi até a casa de meus pais para
saber como eles estavam e, sabendo
do meu interesse pela área de saúde,
comentou comigo sobre o PSG. Na
verdade, eu sempre quis fazer esse
curso de Técnico de Enfermagem, mas
sabia que não tinha como pagar”.
Decidida a não perder nem mais um
minuto, Lucineide foi ao Senac no
mesmo dia, em dezembro de 2009,
37

já munida de seus documentos
para fazer a inscrição. “Eu ainda
me sustento como manicure, mas
também já fiz faxina. Hoje só penso
no dia em que terei meu diploma de
Técnica de Enfermagem”, afirma.
O PSG não mudou só a vida de
Lucineide, mas também de seu
filho que, orgulhoso de ver o
esforço da mãe, também pensa
em voltar a estudar: “Seria outro
sonho realizado”, diz ela. A turma
de Lucineide tem 31 alunos e é
exclusiva do PSG. O curso tem
duração de dois anos e meio e as
aulas são de segunda a sexta, na
parte da tarde.
No Rio Grande do Sul, Helin
Cristina Bianchini, de 18 anos, está
confiante que tomou a decisão certa
ao se matricular no PSG: “O curso
Técnico em Administração de Micro
e Pequena Empresa, do Programa
Senac de Gratuidade, foi uma ótima
oportunidade para eu conseguir um
estágio na Instituição. Hoje posso
conciliar a teoria aprendida com a
prática em meu trabalho. O Senac
foi uma porta que se abriu em minha
vida, o curso está sendo de extrema
importância para mim, pois já
adquiri vários conhecimentos e sigo
aprendendo diariamente com meus
professores, colegas e amigos”.
Nívea Regina Ambrósio, mineira, de
31 anos, também é aluna do curso
Técnico em Administração, que
começou em 2009 e termina em
2010, na Unidade de Juiz de Fora,
Minas Gerais. Nívea soube do PSG
por um conhecido que trabalha na
unidade, mas diz que agora seu
interesse é por fazer outros cursos:
“Agora vejo que tenho muitas
oportunidades e não quero deixar
passar”, afirma a estudante, que
para se manter tem trabalhado no
comércio local: “Minha intenção é
montar meu próprio negócio, uma
loja de roupas, quem sabe”.
Também em Minas Gerais, mas na
Unidade de Barbacena, Jaqueline
Leocádio Campos Fernandes, de
37 anos, e Adair de Almeida, de 30
anos, são colegas no curso Técnico
de Administração. Atualmente
desempregados, eles também não
teriam como arcar com as despesas
escolares. A turma de Jaqueline e
Adair tem 24 alunos, com aulas de
segunda a sexta, na parte da manhã.
Em Santa Catarina, em Lages,
a oferta de cursos técnicos
despertou interesse na população
local. Na unidade, o PSG ofereceu
os seguintes cursos: Processos
Administrativos, Técnico em
Administração e Especialização
Técnica de Enfermagem em
Instrumentação. O depoimento da
aluna Suzana Aparecida Lourenço,
32 anos, casada e mãe de três
filhos, é emblemático: “O projeto
mudou minha vida. Não tinha
condições de pagar um bom curso
e sempre que buscava um emprego
perguntavam minha escolaridade,
e meu currículo deixava a desejar.
Mas, hoje, pretendo não parar, quero
terminar o Técnico em Processos
Administrativos e buscar outros
cursos profissionalizantes. Através
do curso, consegui uma colocação no
mercado de trabalho e estou muito
feliz”, diz, entusiasmada.
Outra que revela seu entusiasmo é
Rosangela de Oliveira, da Unidade
Caxias, do Senac/RJ. “Antes do
curso, não conseguia oportunidades
para ingressar no mercado de
trabalho. Agora, com alguns meses
de curso, já fui selecionada em
vários processos seletivos. O curso
é muito bom e os docentes são
muito qualificados. Em todos esses
processos, pude observar o quanto
o Senac é reconhecido no mercado
e o nos deixa valorizados”, ressalta
a estudante do curso Técnico em
Administração.
E também em Rondônia o sucesso
tem sido o mesmo. Jheyniffer
Fernanda Gonçalves, de 18 anos,
aluna do curso de Técnico em
Contabilidade, sente-se segura
para falar por todo o grupo de
alunos do PSG: “Todos nós ficamos
muito agradecidos por sermos os
selecionados a participar da primeira
turma do programa do curso Técnico
em Contabilidade. Sabemos que
ele nos abre portas no mercado
de trabalho e desenvolvimento
profissional e pessoal. O curso
ainda está em andamento, mas já
podemos observar as oportunidades
que teremos, dando cada vez mais
entusiasmo para continuá-lo”.
38

Jacqueline Leocádio
Fernandes, curso de
Administração
39

De olho nas demandas
Arceni Dutra
Lopes, curso de
Aprendizagem
Comercial
Uma forma de ampliar as chances de
empregabilidade dos alunos do PSG é
estar atento às demandas do mercado
de trabalho, como fez o Senac em
Mato Grosso do Sul: “Antes de iniciar
o PSG, houve uma conversa com
parceiros, como rede de supermercados
e shoppings, para que pudéssemos
oferecer cursos em que os alunos
fossem rapidamente absorvidos pelo
mercado de trabalho. O aluno se sentia
motivado ao saber que haveria uma
vaga disponível ao fim do curso. Isso
nos ajudou a combater a evasão. Os
resultados mostram, por exemplo,
que a turma de operadores de caixa
foi praticamente toda aproveitada.
O mesmo ocorreu com a turma de
vendedores”, ressalta a educadora
Jordana Duenha Rodrigues.
No Acre, por exemplo, foi feita uma
parceria com empresas para que a
prática seja in loco, sob supervisão.
40

Maria José e
Maria Antonia
Adriano, curso de
Camareira
Lucienne Ramalhete,
curso de Depiladora
Com isso, muitos alunos dos cursos de
Garçom e Recepcionista de Hotel foram
convidados a permanecer na empresa,
efetivados como funcionários. Etelvino
Bezerra, de 26 anos, é um desses. O
jovem conta que sempre fazia trabalhos
temporários como garçom em festas e
confraternizações, mas como não tinha
o curso não era considerado profissional,
inclusive ganhava metade das diárias
pagas aos garçons. “Hoje, posso afirmar
que sou profissional de verdade. Com
o diploma do Senac posso conseguir
emprego em qualquer estabelecimento.
O trabalho é o mesmo, porém a forma
de interagir com o cliente é que muda.
Tudo isso o Senac me proporcionou, me
sinto verdadeiramente valorizado”,
garante Etelvino.
Mas não são apenas os mais jovens
que aceitam o desafio dos cursos
oferecidos pelo PSG. Desempregado,
39 anos, sem perspectiva de arrumar
um trabalho. Esse era o quadro de
Hélio Silva, morador da Quadra 1203
Sul, em Palmas, capital de Tocantins,
que mudou radicalmente após se
inscrever e ser selecionado para o curso
de Operador de Microcomputador do
Programa Senac de Gratuidade.
“Assim que o curso terminar vou sair
para procurar um emprego”, diz um
empolgado Silva. E as chances de
conseguir um emprego são grandes.
Isso porque, segundo o instrutor de
Informática do Senac Milton Bortolozo, o
curso de Operador de Microcomputador
é um dos que garantem com mais
facilidade a inserção no mercado de
trabalho. “Três alunos dessa turma
do PSG já conseguiram emprego”,
conta. O curso de Operador de
Microcomputador do PSG foi realizada
de maio a julho de 2009. As aulas foram
ministradas de segunda a sexta-feira,
com quatro horas diárias.
42

Sem saber trabalhar com o computador,
Silva conta que no início do curso tinha
“medo da nova máquina”, mas que logo
aprendeu os segredos da tecnologia.
“No começo tudo era difícil, porque
a gente fica com medo de quebrar a
máquina. Agora faço muita coisa, mas
vou continuar estudando nessa área
para aprender ainda mais”, diz. Para
ele, o PSG foi fundamental. “Poder
fazer um curso no Senac, com esse
nível de qualidade, e gratuitamente, é
muito bom. A gratuidade ajuda a gente
demais”, finaliza.
Parte desse sucesso do PSG no
Tocantins pode ser atribuído à
articulação feita com entidades
públicas: “Quando percebemos a
dificuldade de trazer esse aluno para
o Senac, devido principalmente à
distância da nossa unidade e dos
custos de transporte e alimentação,
começamos a pensar em como
descentralizar nossa ação no PSG.
Então firmamos um termo de
cooperação com a Secretaria Estadual
de Educação para oferta do ensino
médio concomitante com uma escola
da rede pública estadual regular.
Nossa primeira experiência será com o
Centro de Ensino Médio Tiradentes, já
em 2010” explicou Dirce Bethânia de
Oliveira Faustino, diretora de Educação
Profissional.
Outra inovação foi a forma de receber
o aluno: “Criamos um processo de
ambientação em que o aluno teria um
tempo com os docentes para entender
o que é o PSG. Também utilizamos
uma técnica de dinâmica de grupo com
psicólogos”, detalha Dirce Bethânia.
Para o lançamento do PSG, o Senac
Paraíba também investiu em encontros
prévios com potenciais alunos. Foram
feitas palestras e reuniões em escolas
públicas das redes estadual e municipal
e associações de moradores, além
da divulgação em rádios populares.
“Procuramos mostrar o que realmente
estava sendo oferecido nesse programa
e nos surpreendemos ao descobrir que
muitos nem sabiam ao certo o que era o
Senac, embora o nome fosse conhecido.
Essa foi uma ação fundamental para
aumentar o comprometimento do
aluno”, ressalta Vera Lucia da Silva,
diretora de Educação Profissional.
Outra observação feita pela equipe da
Paraíba foi o quanto a autoestima de
alguns alunos estava fragilizada, o que
logo recebeu uma pronta atenção. “Foi
preciso mostrar que a oportunidade
aberta pelo PSG poderia, sim, fazer
diferença em um futuro profissional e
pessoal de melhor qualidade”, analisa
Vera Lucia. A resposta a tanto empenho
não tardou: já há alunos empregados e
outros tantos que resolveram seguir o
43

Nívea Regina
Ambrósio, curso de
Administração
caminho do empreendedorismo, em
especial na área de cabeleireiro e
recepção de eventos.
No Espírito Santo foram feitas
reuniões a cada nova turma do
PSG. Inicialmente, a preocupação
foi mostrar as diferenças entre o
PSG e o programa de qualificação
profissional do FAT (Fundo de
Amparo ao Trabalhador): “Dávamos
todos os detalhes dos cursos
oferecidos pelo PSG e esclarecíamos
as dúvidas que restassem”,
detalhou Léa Marina Erlacher Brito,
superintendente de Educação
Profissional. Só após essa reunião
de esclarecimento, em que o aluno
tomava realmente consciência do
que estava por vir, é que a matrícula
era efetivada. “Esse foi o grande
diferencial do nosso Regional, que
conseguiu um índice de evasão quase
nulo”, garante a superintendente.
Outro estado que desenvolve ações
prévias à matrícula é o de Santa
Catarina. Na Unidade de Criciúma
são feitas entrevistas com os
candidatos classificados pelo índice
PSG, procurando conscientizá-los
sobre o projeto e também municiálos
com mais informações sobre o
curso que pretendem ingressar. Essa
medida foi a solução encontrada
para combater a evasão registrada
nas primeiras turmas da unidade,
que chegou a ser de 62,5% no curso
de Técnico em Logística.
Segundo os gestores da Unidade, na
primeira turma, não foi realizada
nenhuma entrevista com os alunos
do PSG, sendo percebido, ao
longo do curso, que esses alunos
conheciam muito pouco a respeito
da profissão. Vieram apenas pelo
fato de o curso ser gratuito, sem
saber exatamente a duração. Na
segunda turma, a de Auxiliar
Administrativo, foram realizadas
entrevistas. O resultado, é que,
até o momento, não foi registrado
nenhuma evasão.
Outra forma de manter o aluno
realmente interessado em cursar
o PSG é saber administrar o
calendário de abertura de vagas
para o PSG, como explica Nina
Cátia, diretora de Educação
Profissional do Senac Rondônia:
“Optamos por não fazer as
inscrições de PSG todas de uma
vez. Fizemos de forma pontual, por
períodos, pois a nossa experiência
com iniciativas de caráter gratuito
mostrou que se matricularmos para
um curso que só começará daqui a
três ou quatro meses, a chance de o
aluno ter saído da região é real”.
44

Receita para a felicidade
Ana Paula Cardoso de Jesus tem
34 anos, é separada, tem três
filhos e trabalha como auxiliar de
mecanografia no colégio Notre
Drame, na Asa Sul, em Brasília. Os
filhos – de 13, 8 e 5 anos – estudam
nesse mesmo colégio, por meio
de bolsas distribuídas à população
carente. Em 2010, ela pretende
fazer vestibular para a faculdade de
Administração. E ela afirma “Estou
muito feliz”.
Essa tranquila história poderia
ter tido um desenrolar nada feliz.
Há menos de um ano, Ana Paula
estava deprimida: recém-separada,
sem amigos próximos e com três
filhos para sustentar absolutamente
sozinha. O único emprego que
conseguira foi distribuir panfletos em
sinais de trânsito.
Ana Paula soube do PSG por um
edital na agência dos Correios e
resolveu se inscrever. Em fevereiro
de 2009 ela começou as aulas no
Senac/DF, mesma época em que
seus filhos conseguiram a bolsa
estudantil: “A irmã, diretora do
colégio, me perguntou o que eu
fazia. Quando eu disse que estava
fazendo um curso no Senac, ela me
chamou para trabalhar no colégio!”,
conta, emocionada com a superação
que tem alcançado. A primeira
turma do PSG do curso Técnico de
Contabilidade termina em março de
2010, mas Ana Paula mudou para o
turno da noite e deverá permanecer
mais algum tempo na sala de aula.
Ela também não deixou passar a
oportunidade das aulas extras,
oferecidas como forma de suprir
defasagens de ensino: “Já recebi os
certificados de Língua Portuguesa e
Matemática Financeira. E ainda vou
fazer o de Etiqueta Profissional”.
Para Ana Paula, o curso do PSG teve
um aspecto ainda mais relevante,
pois durante seus 13 anos de casada o
marido a impedia de trabalhar: “Agora,
só penso em estudar. Quero me
capacitar ainda mais e fazer uma boa
faculdade”. Do lado pessoal, o impacto
parece ter sido no mesmo nível: “Esse
curso resgatou minha autoestima.
Quando eu era casada, não tinha
muitos amigos. Hoje tenho amigos
não só entre os colegas da turma,
mas até entre o pessoal do Senac, os
professores e funcionários. Todos estão
me dando muita força. Já nem lembro
como é ficar deprimida”.
Ana Paula
Cardoso de
Jesus, curso
Técnico de
Contabilidade
45

Juntando forças
Rosane Sara,
curso de
Culinária
Ampliar e fortalecer parcerias tem
sido mais um ganho que o PSG trouxe
para o Senac. São muitas e diversas
as experiências que valem a pena
ser conhecidas. Segundo Lucymara
Carpim, coordenadora de Educação
Profissional do Senac Paraná, uma
parceria com a empresa Riza tem
proporcionado vagas para alunos com
deficiência mental. A ação é inédita
no estado e já recebeu total apoio do
Ministério Público do Trabalho.
Outra parceria feita pelo Senac/PR
foi com o Sindicato das Empresas
de Compra, Venda, Locação,
Administração, Incorporação e
Loteamento de Imóveis e dos Edifícios
em Condomínios Residenciais e
Comerciais do Paraná. Graças a essa
iniciativa, o curso de Porteiro e Vigia
do PSG pôde ser realizado nas cidades
de Caiobá, Cascavel, Foz, Maringá,
Ponta Grossa e Curitiba.

José Augusto Alves
Gomes, da ONG
Rede que Vale
No Espírito Santo, as parcerias
foram feitas com organizações
sociais que, mantidas com recursos
de empresas locais, já desenvolvem
projetos sociais em escolas da
rede pública. “A nossa intenção é
oferecer a esses alunos algum curso
no PSG, aumentando sua chance de
inserção social”, explica Léa Marina
Erlacher Brito.
Um exemplo desse tipo de parceria
é a realizada entre a unidade
capixaba e o projeto Rede que
Vale, mantido pela Fundação Vale,
em Cariacica, no Espírito Santo.
Segundo José Augusto Alves Gomes,
de 32 anos, representante da rede,
a ideia era aumentar a oferta de
cursos para os jovens que já faziam
parte da iniciativa: “Nossa surpresa
foi receber não apenas a resposta
positiva, mas a oferta de uma turma
inteira do PSG, em Técnico em
Comércio, para os nossos jovens”.
Dos 51 jovens encaminhados para o
Senac, 40 obtiveram o índice para
participar das aulas e frequentam o
curso desde outubro de 2009.
As parcerias também são uma
boa forma de divulgação do PSG.
Em Rondônia, por exemplo, a
propagação do programa contou
muito com a ajuda de lideranças de
base, como igrejas e associações
comunitárias, contatadas pelo
Departamento Regional. “Fizemos
uma grande reunião com essas
lideranças e cada uma saiu com sua
‘pasta de trabalho’”. Percebemos
claramente a vantagem de trabalhar
com essas lideranças, pois as pessoas
que se inscreveram já sabiam
exatamente do que se tratava o PSG.
Foi realmente eficaz”, explica
Nina Cátia.
Maria Iolanda Alves, técnica de
educação profissional do Senac
Roraima, traz o relato de uma relação
ainda mais inovadora: “Numa parceira
com o Cefet, trabalhamos o projeto
Mulheres Mil, um curso de Auxiliar de
Cozinha voltado para mulheres presas
no regime fechado e no semiaberto.
Até mesmo algumas mulheres que
ganharam a liberdade ao longo do
curso permanecem frequentando as
aulas regularmente”. E ela também
garante: “Todos os nossos cursos
tiveram uma boa absorção pelo
mercado de trabalho. Além disso,
investimos na prática do estágio
supervisionado, o que amplia muito a
chance de contratação imediata”.
Ana Luiza Küller, do Senac/SP,
destaca que “o PSG também tem
proporcionado a ampliação da
articulação do Senac com instituições
do poder público, com ONGs e
48

Evento de
formatura do
PSG em Porto
Alegre
associações de base”. Segundo Ana,
essas parcerias precisam ser feitas
mesmo antes da abertura dos cursos,
pois são elas que ajudam a descobrir
as demandas do público-alvo do PSG.
E não é só: “Com esse modo de atuar,
temos conseguido até mesmo a cessão
de espaços para a realização dos
cursos. Um curso PSG em uma escola
perto de uma comunidade carente faz
com que o custo de passagem diminua
ou nem mesmo exista”.
E vem do Senac São Paulo uma boa
nova em relação a parcerias com o
Poder Público: “Também está em
curso uma parceria com a Secretaria
de Assistência Social de São Paulo
para que o Senac atenda pelo PSG
jovens que estão cadastrados no
banco de dados da secretaria. Essa
parceria é inovadora porque os
alunos terão o subsídio do valetransporte,
que será oferecido pelo
49

Presente de
Natal
De Ibura de Baixo, periferia de Recife,
vem mais uma história que comprova
o quanto o PSG está mudando a
vida de pessoas que acreditam em
seu potencial para ir à luta. Julio
de Aquino Bandeira, de 28 anos, e
Edjéssica Maria Lima de Azevedo,
Julio de Aquino
Bandeira, curso
de Garçom, e
família
50

25 anos, são pai e mãe de William
Lima de Aquino Bandeira, de 3 anos.
Às vésperas do Natal, o presente da
família foi a contratação de Julio como
garçom no restaurante Dom Ferreira,
na Praia Boa Viagem, em Recife.
Durante quase cinco anos, Julio
trabalhou como ascensorista em
um prédio residencial, ao mesmo
tempo em que fazia um curso de
Eletrônica: “Quando fui demitido,
comecei a fazer ‘bicos’ nesse ramo,
mas não consegui trabalho de carteira
assinada”. Desde 2005, quando perdeu
o emprego, Julio não ingressava no
mercado de trabalho formal.
A mudança veio na última semana
do curso de Garçom do PSG no
Senac/PE, em dezembro de 2009.
Chamado para uma entrevista de
emprego, a resposta foi dada no
mesmo dia: “Eu não tinha nenhuma
experiência como garçom, estava
desempregado e com família para
sustentar. Dediquei-me muito ao
curso e estou muito feliz por ter
conseguido esse emprego”. A mulher
de Julio também não esconde sua
alegria: “Eu sempre achei que com
o curso do Senac ele iria conseguir
emprego, só não imaginava que
fosse tão rápido. E só não faço um
curso também porque não tenho
com quem deixar meu filho”, diz
Edjéssica.
Além de ter conseguido voltar ao
mercado de trabalho, Julio tem feito
serviços de bufê, durante os finais
de semana: “Lá mesmo no Senac, os
mais antigos vão indicando os mais
novos para esses serviços”. Julio, que
soube do PSG por intermédio de uma
funcionária do Senac, garante que
não houve qualquer diferenciação
por parte da Instituição pelo fato de
o PSG ser um curso gratuito: “Fomos
muito bem recebidos. Os professores
são muito bons”, diz ele, muito
animado.
Poder Público. É mais uma ação que
combate a evasão”, ressalta Ana
Luiza.
Outro fato a ser destacado é que
a oferta de cursos para população
de baixa renda, com bolsas de 50%
a 100% de desconto, uma prática
antiga do Senac São Paulo, continua
a ser feita em diversos cursos
técnicos que não estão incluídos
no PSG. “Não houve qualquer
diminuição nessa iniciativa, mas sim
somou-se a ela a proposta do PSG”,
garante Ana Luiza.
A verdade é que a gratuidade de
cursos com a qualidade do Senac
tem sido mesmo o impulso para que
muitos possam mudar de vida, como
comprova o depoimento da aluna
do curso de Almoxarife, no Senac
Sergipe, Crislaine Costa, de 17 anos:
“Eu estou muito feliz porque, além
de estar fazendo um curso em uma
instituição tão conceituada como o
Senac, não tive despesas. Isso vai
enriquecer o meu currículo e só
trazer benefícios para mim e para
minha família”.
Assim como Crislaine, Paulo Gomes
dos Santos não teria como fazer
o curso de Almoxarife não fosse
pelo PSG. Ele foi aluno do Senac
Rondônia, na Unidade Jatuarana,
em Porto Velho. Seu depoimento é
interessante por comprovar que os
cursos do PSG estão adequados às
demandas do mercado: “Por causa
das Usinas do Madeira, a construção
civil teve um crescimento muito
grande em Porto Velho, e diversas
empresas e grandes armazéns se
instalaram, vindo à tona a figura
do almoxarife. Foi então que
resolvi buscar me qualificar nesse
segmento. Fui ao Senac, fiz minha
inscrição, fui selecionado e me
matriculei. A partir daí tive uma
experiência fantástica, pois o Senac
me proporcionou conhecimento na
área de almoxarifado com material
didático, métodos modernos de
ensino, inclusive na informática. E
tudo gratuitamente”.
Uma curiosidade também apontada
por Paulo Gomes é que dos 34
integrantes da turma 30 eram
do sexo feminino, derrubando o
preconceito de que o profissional
de almoxarifado deveria ser
apenas do sexo masculino. E ele
complementa: “Foi um período que
ficou marcado tanto na minha vida
como na de cada um que participou
do curso. Sem esse incentivo,
não teríamos condições de nos
qualificar e aproveitar este momento
de crescimento da profissão em
Rondônia”.
51

Primeira oportunidade
Alunos do
Programa de
Aprendizagem
O PSG também atende jovens
selecionados por diferentes empresas
para suprir a demanda da Lei da
Aprendizagem Comercial. Esse é o
caso de um animado grupo de jovens
manauaras, que ingressaram no PSG
em julho de 2009: Jéssica Macedo
e Jôsse Meire de Andrade da Silva,
ambas de 17 anos; Rosane de Souza,
14 anos; e Wendell Sodré Aranha, de
17 anos. Todos trabalham quatro horas
por dia nas empresas e precisam ainda
completar mil horas de aulas no Senac,
sem deixar de frequentar o ensino
regular. O contrato anual pode ser
renovado apenas uma vez, por mais
um ano.
Jéssica trabalha em uma grande
rede de supermercados e diz: “Mudei
bastante o meu modo de pensar a
vida. O que o Senac me oferece hoje,
assim como no meu trabalho, está
muito além do que eu pensaria. Estou
52

Cerimônia de
formatura do
PSG em Porto
Alegre
tentando me dedicar ao máximo.
Pretendo continuar trabalhando na
área e para isso quero fazer faculdade
de Administração”. Jéssica trabalha
com rotinas administrativas, como
folha de ponto etc. Rosane de Souza
trabalha na mesma empresa que
Jéssica, no setor de bazar: “Na minha
blusa está escrito ‘posso ajudar?’. Isso
está me ajudando a deixar de ser tão
tímida, já que tenho que me relacionar
com pessoas o tempo todo”, diz a mais
jovem do grupo, que quer estudar
Administração e Biologia.
Jôsse Meire de Andrade da Silva
trabalha no setor de pessoal de
uma cooperativa médica: “Estou na
diretoria de pessoal, onde cuidamos da
admissão e demissão de funcionários,
entre outras coisas. Tenho contato até
mesmo com o presidente da empresa.
No Senac, tenho aprendido sobre ética
e relações pessoais. Lá na empresa,
me sinto valorizada e gosto muito
do que faço”. No caso de Jôsse, o
sonho é fazer faculdade de Direito e
especializar-se na área administrativa.
Wendell Sodré Aranha trabalha em
uma empresa de metalurgia e dedica
suas horas na empresa a cuidar do
arquivo do departamento de pessoal:
“Aprendemos a teoria no Senac e a
prática na empresa”, diz o jovem que
também venceu a timidez e quer fazer
o curso Técnico de Informática.
Distante muitos quilômetros de
Manaus, está Rodrigo Campos, ex-aluno
de Aprendizagem Comercial em Natal,
no Rio Grande do Norte. Quando
ainda era aprendiz, ao chegar à
empresa logo ouviu: “Não contratamos
aprendizes, portanto, não se anime.”
Para um jovem cheio de sonhos,
palavras como essas quase o fizeram
desistir, mas ele foi orientado pelo
Senac e mudou o cenário que não lhe
era favorável: “Procurei a professora,
angustiado, mas ela me orientou a
dar o melhor de mim e procurar fazer
a diferença, esquecendo tudo o que
foi dito”. Rodrigo seguiu em frente e
tornou-se um aprendiz exemplar. O
final não poderia ser melhor, pois com
o aparecimento de uma vaga Rodrigo
foi contratado.
Na Paraíba, Sara Rayane Rodrigues, 17
anos, estudante do 3º ano do ensino
médio, que trabalha no McDonald’s
desde fevereiro de 2009, diz que o
curso do Jovem Aprendiz, oferecido
gratuitamente, foi a primeira
oportunidade de profissionalização e
inserção no mercado de trabalho: “Com
o meu salário, agora, eu consigo ajudar
na renda familiar, além de guardar um
pouco para fazer cursos para o futuro,
como Inglês, Informática... O que
aprendi dentro do Senac, apliquei no
trabalho e me tornei aberta a ter novos
conhecimentos não apenas no meu
54

Momento
mágico
para 1.350
jovens
Bruna Vaes
Marques,
aluna
formanda do
PSG
próprio setor, mas também em outros,
o que traz uma maior visão do futuro
na empresa.”
E o curso de Aprendizagem Comercial
não traz benefícios só para os alunos,
como mostra o depoimento de Márcio
Poeta, gerente de recursos humanos
do Supermercado Imperatriz, em
Santa Catarina, rede que recebe
todos os anos cerca de 180 jovens
aprendizes: “Procuramos aproveitar
grande parte desses jovens após o
término do contrato. Entendemos
que não basta apenas cumprir a lei
de cotas, aproveitamos a lei para
treinar e capacitar os jovens, a
fim de prepará-los para o mercado
de trabalho. Não tem sentido
trabalharmos esses jovens e depois
mandá-los embora, já que eles ficam
com a gente durante nove meses.
Por que não aproveitá-los dentro da
própria empresa?”, questiona.
Numa ação inédita, a unidade Passo
D’Areia, do Senac/RS, realizou a
formatura de 1.350 alunos e alunas
de cursos de Aprendizagem Comercial
do PSG. O evento, que ocorreu
no Ginásio Tesourinha, em Porto
Alegre, aconteceu no dia 21 de
dezembro de 2009.
Ao todo, foram 42 turmas
que concluíram os cursos de
Aprendizagem Comercial em
Assistente Administrativo, Assistente
Administrativo em Instituições de
Saúde e Aprendizagem em Comércio,
entre outros. São 800 horas de aula e
de práticas em empresas da região,
que proporcionam aos jovens um
preparo inicial para o ingresso no
mercado de trabalho. Os diplomas
foram entregues por empresários de
organizações parceiras.
Uma das formandas do dia 21 de
dezembro foi Bruna Vaes Marques,
de 17 anos. Moradora de Alvorada,
Bruna concluiu o ensino médio em
2009 e, paralelamente, fez o curso
de Aprendizagem Comercial, no
Senac Passo D’Areia. Segundo seu
depoimento, a capacitação a ajudou
a descobrir qual caminho seguir
profissionalmente. “Ainda não sabia
muito bem qual carreira seguir após
a conclusão do ensino médio. Sempre
gostei de artes cênicas, mas nunca
tive certeza. Nas aulas do Senac
tive cursos de Dicção e Oratória. A
cada encontro fui descobrindo que
esse é realmente o caminho que
quero trilhar”.
Vizinho de Bruna e também com
apenas 17 anos de idade, Arceni
Dutra Lopes Júnior optou pelo
mesmo curso no Senac/RS. Em 2009,
Arceni ingressou no primeiro ano
do ensino médio. “Trabalho desde
os 14 anos, por opção. Sempre quis
ter a minha liberdade financeira.
E sempre trabalhei no comércio,
principalmente como atendente,
mas nunca tinham assinado minha
carteira”. Essa realidade mudou após
o curso de Aprendizagem no Senac.
No caso de Arceni, as aulas práticas
previstas foram realizadas na rede
de supermercados e hipermercados
Zaffari e Bourbon. Após o término,
o jovem foi efetivado como
empacotador: “Agora conquistei a
minha sonhada carteira assinada.
Trabalho das 9h às 16h, de segunda
a sábado, e estudo durante a noite.
Venho todos os dias a Porto Alegre
para trabalhar e estudo em Alvorada.
O meu objetivo, hoje e sempre, é
crescer cada vez mais.”
55

Beleza empreendedora
Ana Paula da
Silva Borges
Charille, curso
de Depilação
Os cursos na área de beleza são dos
mais procurados no Senac. Sucesso no
PSG, são vários os relatos de alunos
que passaram a prestar serviço na
residência de clientes ou que pensam
em abrir seu próprio salão de beleza.
Um desses casos é o de Ana Paula
da Silva Borges Charille, que desde
adolescente se interessava pelo
ramo e aprendeu sozinha o serviço
de manicure: “Naquela época, eu
não tinha noção da importância da
profissionalização”. Moradora de
Cariacica, região metropolitana de
Vitória, no Espírito Santo, ela foi aluna
do curso de Depilação no Senac e exibe
orgulhosa seu cartão de visitas, como
profissional de beleza: “Meu diferencial
de serviço é que vou até a casa das
minhas clientes”, diz a capixaba,
de 34 anos, casada há 18 com um
caminhoneiro e mãe de um casal de
adolescentes.
56

Jéssica Fidelis
Correa, curso de
Cabeleireiro
Mãos que
embelezam
e sorrisos
que
encantam
58
Ela soube do curso pelas clientes que
já atendia como manicure, em sua
própria casa, e logo se interessou:
“Fiquei sabendo que tinham algumas
regras para entrar no PSG e fiquei com
medo de não ser selecionada. Depois
da inscrição, todas as candidatas foram
para um evento onde os nomes dos
aprovados seriam divulgados. Para
minha surpresa e alegria total, meu
nome foi o primeiro a ser chamado”.
Ana Paula trabalhou durante muitos
anos em salões de beleza, mas acabou
optando por ser autônoma: “Aumentou
minha autoestima e veio num momento
muito difícil da minha vida. Abriu
janelas que eu nem imaginava que
existiam. Passei a cuidar mais de mim”.
Colega de curso de Ana Paula, Luciene
Ramalhete, de 33 anos, fazia faxinas
para manter a si e a filha, uma
adolescente de 15 anos. Foi uma
amiga que a incentivou a se inscrever
no PSG, embora Luciene não tivesse
o menor conhecimento da área de
estética. Como diarista, ela ganhava de
25 a 70 reais, dependendo do tamanho
da casa que teria que limpar. Depois
do curso, que foi de julho a setembro
de 2009, Luciene já chegou a conseguir
250 reais em um único dia de trabalho:
“Fiz meus cartões e tenho orgulho
de me apresentar como depiladora
formada pelo Senac/ES. Hoje, sou uma
profissional realizada e um dia vou
montar meu salão de estética”.
Os cursos de estética parecem
ser mesmo um bom caminho para
melhorar a vida de muitas mulheres.
Em Rondônia, Anaildes Ferreira de
Almeida da Luz, de 37 anos, casada e
mãe de quatro filhos, não cabe em si
de tanto entusiasmo: “Desde os meus
15 anos, eu trabalhava de empregada
Irajá é um subúrbio tradicional do Rio
de Janeiro. É nesse bairro, reduto de
grandes sambistas, que o Senac/RJ
mantém uma unidade inteiramente
dedicada a cursos para a população
carente. É nessa unidade que estudam
Louise e Jéssica, duas alunas do curso
de Cabeleireiro que se destacam pelo
visível entusiasmo com que participam
do PSG. Ambas começaram o curso em
setembro 2009 e se formam em janeiro
de 2010. As aulas são de segunda a
sexta, das 13 às 17 horas.
Louise da Silva Leite Tranqueira tem
30 anos, é casada e mãe de três filhos,
de 12, 10 e 4 anos. Moradora da Zona
Oeste do Rio de Janeiro, no bairro
de Paciência, ela nunca trabalhou de
carteira assinada: “Eu faço salgadinhos
e vendo nas padarias do bairro. Meu
marido está desempregado e me ajuda
com a entrega. Meu sonho, e sei que
vou realizar, é trabalhar em um salão
bem equipado, onde eu possa aplicar
tudo o que aprendi aqui”. Louise
sabia que não teria como pagar um
curso de qualificação profissional, por
isso resolveu pesquisar na internet:
“Coloquei ‘cursos gratuitos’ no site
de busca e vi que o Senac estava
dando essa oportunidade.” Enquanto
não realiza seu sonho de trabalhar
em um “estúdio de beleza”, ela tem
feito serviços esporádicos em um

Louise da
Silva Leite
Tranqueira,
curso de
Cabeleireiro
salão próximo a sua casa: “No Natal,
trabalhei bastante e consegui um bom
dinheirinho”. O entusiasmo de Louise
é tão contagiante que seu marido
também resolveu procurar o PSG: “Ele
está fazendo Massoterapia, um curso
de quase dois anos de duração”.
Jéssica Fidelis Correa tem 24 anos
e luta por um sonho: dar uma vida
melhor a seu filho de 3 anos. Jéssica
mora com a mãe, o padrasto e mais
dois irmãos, na comunidade do
Juramento, em Vaz Lobo, subúrbio
do Rio, e não trabalha formalmente
há mais de um ano: “Eu tenho feito
escovas em muitas amigas lá mesmo na
comunidade, mas não dá para ganhar
muito”. Tal como Louise, Jéssica quer
conseguir um emprego em um bom
salão de beleza: “Não vejo a hora de
ter uma renda própria. Também quero
fazer o curso de Maquiagem e me
especializar em cortes de cabelos”.
doméstica, agora deixo a vida de
empregada para assumir minha nova
profissão: depiladora e formada pelo
Senac”. Anaildes concluiu o curso em
dezembro de 2009: “Já está fazendo
grande diferença na minha vida e no
meu lar, e pretendo fazer outros cursos
pelo Senac. Este foi só o primeiro”.
O curso de Depiladora também foi a
escolha de Adriana Smith Castanheira,
aluna do PSG no Senac Rio: “Quando
iniciei o curso achei que não tivesse
perfil para a área, mas nos primeiros
dias percebi que, na realidade, estava
no lugar certo, notando grande
identificação. E com o passar dos
dias o curso se tornou para mim um
caso de amor”, diz a aluna. Adriana
também destaca as mudanças que já
começaram a ocorrer em sua vida:
“Agora, posso contar a todos a minha
alegria, pois já estou há três meses
trabalhando como depiladora em um
59

Aline da Silva, curso
de Garçom
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salão de beleza, e também atendo
clientes em minha residência. A cada
dia de curso me sinto mais preparada e
confiante para o mercado de trabalho.
O PSG é muito bom, superou todas as
minhas expectativas”.
Também no Rio de Janeiro, Andreia
Pinheiro Machado é uma das alunas
do curso de Cabeleireiro, na Unidade
Caxias, na Baixada Fluminense: “Há
tempos eu esperava por isso, mas
não tinha condições financeiras para
pagar o curso. Mesmo com apenas um
mês de curso, estou adorando tudo.
Aprender mais e ser uma excelente
profissional e ingressar no mundo da
beleza são os meus objetivos”. Outra
estudante, Zilma Soares da Rocha faz
questão de ressaltar: “Está sendo uma
honra ser aluna do Senac. Eu sei que
o Senac tem tudo que eu preciso para
crescer. É um sonho estar realizando
esse curso aqui”. Assim como Andreia,
Zilma também pensa em abrir seu
próprio salão.
Em São Paulo, Sandra da Conceição
Ferreira Duarte, 33 anos, aluna do curso
Técnico em Estética da Unidade Senac
Santo Amaro, diz que, para ela, tudo
começou por acaso: trabalhava como
cabeleireira há algum tempo e veio à
unidade com sua ex-chefe, que buscava
o curso de Depiladora. Participou do
processo e foi selecionada. Por meio
do Mural de Oportunidades, que a
Unidade disponibiliza com informação
de vagas por empresas que procuram
profissionais capacitados pelo Senac,
consegui ser contratada em uma
clínica de estética, trabalhando com
massagem, drenagem, cabelos e design
de sobrancelhas. Fora seu trabalho
na clínica, tem seu trabalho informal,
no qual atende clientes em domicílio
até mesmo para aperfeiçoar seu
conhecimento.
Sandra hoje consegue ter uma
renda em torno de R$1.200,00, que
ajudou muito para construção de
sua casa própria. Também busca
constantemente se aperfeiçoar a
cada dia, com o intuito de atender as
tendências do mercado de trabalho.
Acabou estreitando o relacionamento
com suas colegas de curso, indicando
as mesmas para outras oportunidades
de trabalho dentro da clínica onde
trabalha. Seu próximo objetivo é de
cursar graduação em Farmácia, e
futuramente conseguir abrir a sua
própria clínica.
Mas o crescimento do mercado de
trabalho no setor da beleza não ocorre
só no Sudeste. No Piauí, Evilania
Silva Barroso, de 27 anos, vem tendo
aulas de colorimetria, relaxamento
de cabelos, luzes e mechas. As aulas
são realizadas na cidade de Castelo
do Piauí, por meio de uma parceira

Heitor
Bezerra,
curso de
Culinária
entre Senac e prefeitura local, o
que garante que o PSG chegue a
outras localidades mais distantes da
capital Teresina. “Os cursos estão me
proporcionando qualificação. Eu já
planejava ter meu salão, e no curso de
Auxiliar Administrativo fiz um trabalho
que era um projeto de uma empresa,
que aproveitei e fiz do meu futuro
salão que planejo montar em breve.
Com a teoria, a prática e a experiência
que já tinha como cabeleireira, o
curso elevou meus conhecimentos
e minha segurança nos serviços que
ofereço. Hoje, já trabalho com escova
progressiva, sabendo que cada cabelo
exige um tratamento diferenciado.
Enfim, a procura pelo meu trabalho
aumentou, o reconhecimento e a
minha renda também” declara Evilânia.
De norte a sul, os cursos da área
de beleza têm rendido resultados
animadores. Em Rondônia, Karine
Cristiane de Aguiar Lavarda, de 18
anos, foi aluna do curso de Manicure
e Pedicure pelo PSG na Unidade
de Vilhena. Logo após terminar o
curso, a jovem foi chamada para
trabalhar em um conceituado salão
de beleza, porém optou por atuar
como autônoma e já planeja a
abertura de sua própria empresa
de estética e cosméticos. “O curso
foi muito importante, pois apesar
de já trabalhar como manicure
e pedicure, aprendi as técnicas
corretas e ainda me capacitarei para
montar meu próprio negócio, através
das disciplinas socioeducativas
principalmente na parte gerencial e
de saúde. Sem falar na parte prática
que além de nos capacitar ainda
faz com que conheçamos futuros
clientes”.
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Turmas integradas
Tse Ting Hung,
curso de
Garçom
Para o Senac, implantar o PSG foi um
desafio em diversos aspectos. Não
bastava oferecer vagas para cobrir
metas. Era preciso integrar o aluno
ao ambiente pedagógico, eliminando
qualquer forma de diferenciação entre
alunos pagantes e não-pagantes. A
experiência de turmas mistas, reunindo
os dois grupos, foi uma estratégia
adotada por alguns Departamentos
Regionais.
Ivan Luiz Eco, gerente da Divisão de
Educação Profissional do Senac Santa
Catarina explica: “O aluno recebe
bolsa mas frequenta turmas com alunos
pagantes, com isso se sente mais
integrado. De forma geral, o resultado
tem sido positivo. Em Santa Catarina,
são oferecidos cursos de qualificação
e também cursos técnicos”. Também
tem sido assim em Goiás, como afirma
Maria de Lourdes, diretora de Formação
Profissional: “Optamos por turmas mistas
na maioria dos cursos”.
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Ligia Regina Pereira,
curso de Cozinheiro
Olimpíada do
Conhecimento:
um desafio a
mais
No Rio de Janeiro, também foi feita
essa experiência: “Tivemos turmas
mistas e turmas exclusivas. Nas
unidades do interior, optamos mais por
grupos apenas do PSG, adequando-os
à realidade local. E com portfólio bem
diversificado, da aprendizagem ao
curso técnico”, explica Wilma Freitas.
“Houve turmas mistas e outras
exclusivas, sem que qualquer
uma apresentasse dificuldade de
relacionamento entre os diferentes
estudantes” nos informa Mazza Maciel,
do Senac Ceará, onde o PSG foi também
uma oportunidade para aprofundar
uma experiência que já vinha sendo
realizada: o Programa de Inclusão e
Desenvolvimento Social, no qual a
clientela era basicamente a mesma.
Assim, foi feita uma migração de um
programa ao outro, aperfeiçoando ainda
mais a proposta de oferecer cursos
gratuitos à população de baixa renda.
“As turmas foram divididas em grupo
e, antes da matrícula, fizemos uma
detalhada explanação sobre os cursos
que haviam sido escolhidos. A intenção
era mostrar um cenário do que estava
por vir e a chance até de o aluno poder
trocar de curso, caso descobrisse que
outro lhe interessava mais. Isso foi
feito com todos os alunos do PSG”,
complementa Mazza.
“Nosso empenho tem sido na
realização de turmas mistas, algo
previsto nas Diretrizes do PSG”,
complementa Ana Luiza Küller, do
Departamento Regional de São Paulo.
E se depender do Senac Rio Grande
do Sul a estratégia de integrar os
diferentes grupos de alunos será
ampliada: “Tivemos apenas turmas
exclusivas do PSG, mas em 2010 serão
mistas”, garante Lucio José da Silva,
gerente de Educação Profissional.
Acreditar em si mesmo e estar
aberto a novas oportunidades são
características encontradas facilmente
entre os alunos do PSG. E não deve
causar surpresa o fato de vários
alunos do programa terem sido
escolhidos para representar seus
estados na edição 2010 da Olimpíada
do Conhecimento, no Rio de Janeiro.
Maior evento de educação profissional
do Brasil, a Olimpíada é promovida
desde 1982 pelo Senai. Em 2008, o
Senac inaugurou as provas voltadas a
ocupações comerciais nas categorias
Cabeleireiro, Cozinha e Serviço de
Restaurante. Em 2010, a Instituição
ampliará sua participação no evento
com mais duas atividades: Maquiagem
e Técnico de Enfermagem.
Entre os representantes do Senac
no evento está Franceildo Silva do
Nascimento, 20 anos, aluno do curso
de Cozinheiro, no restaurante-escola
do Senac no Maranhão, em pleno
Reviver, centro histórico de São Luís.
“Surpreendi-me por ter feito a melhor
prova. Agora estou me dedicando a
melhorar o que sei para fazer bonito
no Rio de Janeiro”. Nascido em Mojó,
em Paço do Lumiar, zona rural do
Maranhão, ele soube do PSG por
um amigo. Franceildo, que tem dois
irmãos, veio morar com a tia em São
Luís para poder ficar mais próximo ao
restaurante-escola do Senac. “Minha
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mãe ficou em Mojó, mas sempre que
posso vou até lá”, garante.
O curso de Cozinheiro dura
aproximadamente seis meses e é
considerado de longa duração. Em mais
uma iniciativa do Senac/MA, esse tipo
de curso oferece um passe-estudante
que dá direito ao pagamento de meia
passagem aos alunos. Franceildo ainda
tem mais um benefício por ter sido
escolhido representante do Senac para
a Olimpíada do Conhecimento: uma
ajuda de custo, em dinheiro, para suprir
algumas necessidades, enquanto se
dedica diariamente ao aperfeiçoamento
das técnicas de cozinha.
Para esse jovem, que se imagina um chef
de cozinha famoso ou proprietário de
um restaurante renomado, o curso de
Cozinheiro é só o primeiro passo. “Fiquei
sabendo que talvez criem os cursos
de Técnico em Nutrição e Técnico em
Gastronomia. Eu queria muito fazer”.
Renato Araujo Nogueira, aluno do curso
de Garçom, e Leticia Mayara Pereira de
Sousa, do curso de Cabeleireiro, ambos
de 20 anos e moradores da periferia de
São Luís, foram também escolhidos para
representar o Senac/MA na competição
que ocorre em março, no Rio de
Janeiro. Os dois estão formados, mas se
dedicam às aulas, em período integral,
de aperfeiçoamento para a Olimpíada.
“Agora quero fazer tudo muito melhor.
Além de estar representando o
Maranhão, estou representando o Senac
e meus amigos do curso”.
Leticia Mayara, a jovem cabeleireira
que será a companheira de viagem de
Franceildo e Renato, é mais um exemplo
de sucesso do PSG no Senac/MA. Ela
participou do curso de Cabeleireiro
de abril a outubro e já atende os
clientes em casa, num salão de beleza
improvisado: “Eu não sabia nem ligar
um secador e hoje todo mundo do
bairro e da minha família me procura
para fazer o cabelo. Como estou me
dedicando ao preparo para a Olimpíada
do Conhecimento, ainda não estou
trabalhando em nenhum salão. Então,
uso o fim de semana para conseguir
essa renda”, diz entusiasmada
com a possibilidade de
participar de um
evento tão grande.
Leticia destaca
que o curso
do Senac não
ensina apenas
a técnica
profissional:
“Aprendemos
também a
lidar com
diferentes tipos de
pessoas. Isso é muito
importante. Abriu um leque
de informações que eu nem imaginava
existir”. A jovem imagina que os
conhecimentos adquiridos graças ao
PSG são fundamentais para alcançar o
seu objetivo, que é abrir seu próprio
salão de beleza: “Já aprendi muito e
quero fazer outros cursos no Senac,
como os de Colorimetria, Maquiagem e
Estética. Depois disso, quero ter meu
negócio”.
Leticia também conta que no inicio
do PSG havia certa desconfiança sobre
a qualidade do curso, o que não se
confirmou em nenhum momento:
“As pessoas diziam que um curso
gratuito não seria tão bom quanto um
curso pago, mas eu resolvi apostar
nessa chance. Hoje vejo que não
tem diferença alguma e ainda faço
propaganda do PSG para meus amigos”.
E a mudança não parou por aí: “Vi
que minha vida podia ser melhor e
passei a acreditar nisso. Terminei com
meu namorado porque ele não era um
companheiro para meus sonhos. Ele
vivia reclamando que eu me dedicava
muito ao curso”, diz.
Da cidade de Aparecida de Goiânia, em
Goiás, vem outro representante do PSG
na Olimpíada do Conhecimento: Abrão
Alves de Souza. “Mesmo com pouco
tempo de curso na época,
consegui estudar e ser
aprovado. Em março
de 2010, estarei
no Rio de Janeiro
para participar da
etapa nacional. Já
estou estudando
o conteúdo que
será cobrado. Se
for classificado
nessa etapa, em 2011
estarei em Londres. É
uma ótima experiência!”,
diz Abrão, animado com a
possibilidade de se classificar para a
WorldSkills, competição internacional
de educação profisional que em 2011
ocorrerá na Inglaterra.
Sobre o PSG, suas palavras também
demonstram todo o seu entusiasmo:
“Sempre tive vontade de trabalhar na
área de saúde. Quando fiquei sabendo
do PSG pela internet, corri para
fazer minha inscrição. Eram quatro
vagas para o curso de Técnico em
Enfermagem e fui um dos selecionados.
Nesse momento estou no segundo
módulo do curso, que tem duração
de cerca de dois anos e meio. Ainda
estou no ensino médio, e fico feliz de
saber que terei uma profissão garantida
depois de concluir a formação básica.
O Senac tem uma boa estrutura e
ótimos instrutores, além de uma carga
horária intensa e material didático
completo. Depois de concluir o curso,
pretendo trabalhar como técnico em
enfermagem”, afirma Abrão.
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Juntos no PSG
Ricardo e
Talita da Silva,
casal atendido
pelo PSG
Uma história de amor e a certeza de
que juntos terão um futuro melhor.
Ricardo Marques da Silva, de 28 anos,
e Talita Ferreira da Silva, de 23 anos,
são moradores de Mauá, na região
do ABC Paulista, e alunos do PSG na
Unidade Santo André do Senac São
Paulo. O casal, que tem duas filhas
de 6 e 3 anos, orgulha-se de suas
conquistas.
Ricardo já terminou o curso de Técnico
em Logística, e está empregado na
Scorpions, uma firma de metalurgia em
São Mateus. “Comecei antes mesmo
de terminar o curso. Quando soube da
vaga, me inscrevi e fui selecionado.
Tenho certeza que foi por causa da
qualidade do ensino do Senac”. A
turma de Ricardo não era exclusiva
do PSG, mas, segundo ele, não havia
qualquer diferença entre os alunos: “As
poucas pessoas que sabiam que eu não
era um aluno pagante faziam questão
de me incentivar”.
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Para Talita, aluna do curso Técnico
em Nutrição e Dietética, a grande
vantagem é o fato de as aulas serem
à noite, o que permite que ela fique
com as filhas enquanto o marido
trabalha. Quando ele chega, é ela
quem vai para os estudos. “Eu fui
chamada para fazer estágio, mas não
compensa muito. Prefiro pegar o meu
diploma e procurar algo mais efetivo,
pois sei que o Senac me dá essa
condição”, acredita.
Com a história de Ricardo e Talita,
que, na verdade, está em ritmo
acelerado para novas mudanças
positivas, termina nossa viagem
de descobertas pelo PSG. As
transformações geradas pelo programa
foram vistas por todo o país e provam
a seriedade com que o Senac vem
conduzindo o acordo celebrado com o
Governo Federal.
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PSG:
perspectivas
para 2010
Em 2010, o Programa Senac de Gratuidade planeja oferecer, em todo o
país, mais de 151 mil vagas, distribuídas em:
• Aprendizagem
• Capacitação
• Aperfeiçoamento
• Qualificação Profissional Técnica
• Habilitação Técnica de Nível Médio
Devem ser ofertadas turmas em sete eixos tecnológicos*:
- Ambiente, Saúde e Segurança
- Apoio Educacional
- Gestão e Negócios
- Hospitalidade e Lazer
- Informação e Comunicação
- Infraestrutura
- Produção Cultural e Design
O eixo tecnológico Gestão e Negócios deverá responder por cerca de 70%
das vagas. Já o eixo tecnológico Ambiente, Saúde e Segurança aparece
em segundo lugar nas previsões, com 12% das vagas, com ênfase em
cursos de Capacitação.
* Segundo a Lei nº 11.741/2008, os Eixos Tecnológicos são caracterizados como “grandes
agrupamentos de práxis, de aplicações científicas à atividade humana: tecnologias simbólicas,
organizacionais e físicas. Um eixo tecnológico teria um núcleo politécnico comum, fundamentandose
nas mesmas ciências, utilizando métodos semelhantes e tornando o processo educativo mais
sintonizado” (Portal MEC - 21/08/2008).
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