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três literatos e um conflito: a guerra do paraguai - XXVI Simpósio ...

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forma ao lendário, liberta o “produto da sua fantasia” intenciona registrar <strong>um</strong><br />

acontecimento que julga extraordinário e merece<strong>do</strong>r de registro perpétuo.<br />

Luiz José Pereira da Silva organizou a epopéia em cinco cantos, esclarecen<strong>do</strong><br />

desde o primeiro momento o motivo primeiro de sua narrativa: “Eu canto os bravos da<br />

brazilea armada; Que de havel-os por prole a patria exulta; Por estes negra affronta foi<br />

vingada; Em troca dan<strong>do</strong> a vida a gente stultua 1 (SILVA, 1883: 1). O autor indica desde<br />

o primeiro verso o heroísmo <strong>do</strong>s brasileiros e aponta a derrota aplicada aos <strong>paraguai</strong>os:<br />

“Do rio a onda, Em cuja riba inculta; Da pugna horrível aos destroços, restao; Que seu<br />

valor ao mun<strong>do</strong> claro, Attestão (SILVA, 1883: 1).<br />

A batalha naval de Riachuelo (11 de junho de 1865) foi deflagrada na curva <strong>do</strong><br />

rio Paraná, defronte à foz de <strong>um</strong> riacho conheci<strong>do</strong> como Riachuelo, devi<strong>do</strong> as suas<br />

pequenas proporções. Os navios eram obriga<strong>do</strong>s a navegarem muito próximo a margem<br />

esquerda <strong>do</strong> rio, n<strong>um</strong> canal tortuoso e estreito, causan<strong>do</strong> dificuldades de navegabilidade<br />

às embarcações brasileiras, pouco afeitas à navegação fluvial. Estrategicamente, os<br />

<strong>paraguai</strong>os instalaram trinta canhões ao longo da margem tentan<strong>do</strong> impedir a passagem<br />

naquele trecho <strong>do</strong> rio (DORATIOTO, 2002: 148).<br />

A função exercida pelo autor de Riachuelo pareceu clara, coadunava com os<br />

interesses <strong>do</strong> Império na luta contra o Paraguai, agin<strong>do</strong> como espécie de ideólogo,<br />

justifican<strong>do</strong> a própria necessidade da <strong>guerra</strong>, feita contra “fracos inimigos atrasa<strong>do</strong>s”<br />

(SILVA, 1883: 3).<br />

Em outro momento, Pereira da Silva foi enfático ao associar a honrada morte em<br />

prol <strong>do</strong>s valores brasileiros: “Mas <strong>do</strong>r não há no peito varonil; O coração não treme<br />

palpitante; Nem corre o pranto em rosto juvenil; Nem há tristeza ou magoa no<br />

semblante; Do que suc<strong>um</strong>be em honra <strong>do</strong> Brazil [...]” (SILVA, 1883: 113).<br />

A epopéia Riachuelo parecia reforçar as idéias de Nação enquanto tentativa<br />

forjada de aglutinar “sentimentos íntimos da personalidade e da afinidade básica <strong>do</strong><br />

grupo” (BOBBIO, 2002: 797). Para Ba<strong>um</strong>an (2005: 27), a identidade nacional foi e<br />

continua sen<strong>do</strong> <strong>um</strong>a “noção agonística e <strong>um</strong> grito de <strong>guerra</strong>”, <strong>um</strong> grupo de indivíduos<br />

sen<strong>do</strong> sobrepuja<strong>do</strong>s pela “comunidade nacional coesa”.<br />

1<br />

Optei em manter a grafia original <strong>do</strong> poema. A sonoridade das rimas depende da maneira como a<br />

escrita se apresenta.<br />

Anais <strong>do</strong> <strong>XXVI</strong> Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 14

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