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Justiça<br />

<strong>Federal</strong><br />

Informativo da Seção Judiciária do Paraná<br />

Ano XXI | Nº 109 | Agosto/2008<br />

<strong>em</strong> <strong>revista</strong><br />

E mais:<br />

Congresso Internacional <strong>em</strong> Curitiba<br />

Informações institucionais das Subseções<br />

Artigo: A Imparcialidade Positiva do Juiz


Expediente<br />

JUSTIÇA FEDERAL DO PARANÁ<br />

Administração<br />

Juiz <strong>Federal</strong> MARCELO MALUCELLI – Diretor do Foro<br />

Juiz <strong>Federal</strong> DANILO PEREIRA JUNIOR – Vice-Diretor<br />

MARCOS VENÍCIO HOLANDA – Diretor da Secretaria Administrativa<br />

Subseção Judiciária de Curitiba<br />

Foro <strong>Federal</strong> Manoel de Oliveira Franco Sobrinho<br />

Av Anita Garibaldi, 888 – CEP 80540-180 – Curitiba – Paraná<br />

PABX (41) 3313-4400<br />

1ª a 8ª Varas Federais Cíveis<br />

1ª a 3ª Varas Federais Criminais<br />

1ª a 3ª Varas Federais de Execuções Fiscais<br />

Vara <strong>Federal</strong> Previdenciária<br />

Vara <strong>Federal</strong> do Sist<strong>em</strong>a Financeiro de Habitação<br />

Vara <strong>Federal</strong> Ambiental, Agrária e Residual<br />

Sede Centro<br />

R Voluntários da Pátria, 532 – CEP 80020-000 – Curitiba – Paraná<br />

PABX (41) 3219-7500<br />

1ª, 2ª, 3ª e 4ª Varas do Juizado Especial <strong>Federal</strong> Cível e Previdenciário<br />

1ª e 2ª Turmas Recursais<br />

Subseção Judiciária de Apucarana<br />

R Miguel Simião, 350 – CEP 86800-260 – PABX (43) 3422-9035<br />

Diretor do Foro: Juiz <strong>Federal</strong> ROBSON CARLOS DE OLIVEIRA<br />

Subseção Judiciária de Campo Mourão<br />

Av José Custódio de Oliveira, 1345 – CEP 87300-020 – PABX (44) 3523-7900<br />

Diretor do Foro: Juiz <strong>Federal</strong> CLEBER SANFELICI OTERO<br />

Subseção Judiciária de Cascavel<br />

R Paraná, 2767 – CEP 85802-840 – PABX (45) 3225-4983<br />

Diretora do Foro: Juíza <strong>Federal</strong> SUANE MOREIRA DE OLIVEIRA<br />

Agenda<br />

Diretor do Foro visita Subseções<br />

O Juiz <strong>Federal</strong> Marcelo Malucelli, Diretor do<br />

Foro da Seção Judiciária do Paraná, esteve no<br />

dia 11 de set<strong>em</strong>bro <strong>em</strong> visita à Subseção de<br />

Jacarezinho, onde foi recepcionado pelos Juízes<br />

Federais Mauro Spalding, Diretor do Foro, e<br />

Gilson Luiz Inácio, titular da 2ª Vara <strong>Federal</strong> de<br />

Londrina que está atuando <strong>em</strong> Jacarezinho.<br />

No dia 12/09, a visita foi <strong>em</strong> Londrina, <strong>em</strong><br />

companhia do Diretor do Foro local, Franco Mattos<br />

e Silva, e dos Juízes Federais Artur César de<br />

Souza, Alexandre Delanni Mônaco, Décio José<br />

da Silva, Oscar Alberto Mezzaroba Tomazoni,<br />

F á b i o<br />

Nunes de Martino, Lília Côrtes de<br />

Carvalho de Martino, Stella Stefano<br />

Malvezzi, Alexandre Zanin Neto e Roberto<br />

Lima Santos.<br />

Subseção Judiciária de Foz do Iguaçu<br />

R Edmundo de Barros, 1989 – CEP 85856-310 – PABX (45) 3523-2848<br />

Diretor do Foro: Juiz <strong>Federal</strong> PEDRO CARVALHO AGUIRRE FILHO<br />

Subseção Judiciária de Francisco Beltrão<br />

R Tenente Camargo, 1660 – CEP 85601-610 – PABX (46) 3524-6168<br />

Diretora do Foro: Juíza <strong>Federal</strong> ANA CARINE BUSATO DAROS<br />

Subseção Judiciária de Guarapuava<br />

R Professor Becker, 2730 – CEP 85015-230 – PABX (42) 3623-4107<br />

Juizado Especial <strong>Federal</strong> Avançado <strong>em</strong> Pitanga<br />

Av Interventor Manoel Ribas, 420 – CEP 85200-000 – PABX (42) 3646-2425<br />

Diretor do Foro: Juiz <strong>Federal</strong> MARCOS JOSEGREI DA SILVA<br />

Subseção Judiciária de Jacarezinho<br />

R Paraná, 833 – CEP 86400-000 – PABX (43) 3525-7401<br />

Diretor do Foro: Juiz <strong>Federal</strong> MAURO SPALDING<br />

Subseção Judiciária de Londrina<br />

Av do Café, 543 – CEP 86038-000 – PABX (43) 3325-7414<br />

Diretor do Foro: Juiz <strong>Federal</strong> FRANCO MATTOS E SILVA<br />

Subseção Judiciária de Maringá<br />

R XV de Nov<strong>em</strong>bro, 734 – CEP 87013-320 – PABX (44) 3226-1862<br />

Juizado Especial <strong>Federal</strong><br />

Av Cerro Azul, 544 – CEP 87010-000 – PABX (44) 3226-1862<br />

Diretor do Foro: Juiz <strong>Federal</strong> ADRIANO JOSÉ PINHEIRO<br />

Subseção Judiciária de Paranaguá<br />

R Comendador Correia Junior, 662 – CEP 83203-560 – PABX (41) 3422-8910<br />

Diretora do Foro: Juíza <strong>Federal</strong> ANA BEATRIZ VIEIRA DA LUZ PALUMBO<br />

Subseção Judiciária de Paranavaí<br />

Rua São Cristóvão, 144 – CEP 87706-070 – PABX (44) 3422-7396<br />

Diretora do Foro: Juíza <strong>Federal</strong> MARCIA VOGEL VIDAL DE OLIVEIRA<br />

Subseção Judiciária de Pato Branco<br />

R Itacolomi, 710 – CEP 85501-240 – PABX (46) 3225-0650<br />

Diretora do Foro: Juíza <strong>Federal</strong> LIANE VIEIRA RODRIGUES<br />

Subseção Judiciária de Ponta Grossa<br />

R Theodoro Rosas, 1125 – CEP 84010-180 – PABX (42) 3222-4343<br />

Diretor do Foro: Juíz <strong>Federal</strong> ANTONIO CÉSAR BOCHENEK<br />

Subseção Judiciária de Toledo<br />

Av Maripá, 1185 – CEP 85900-000 – PABX (45) 3278-1459<br />

Diretora do Foro: Juíza <strong>Federal</strong> ANDRÉIA CASTRO DIAS<br />

Subseção Judiciária de Umuarama<br />

Av Brasil, 4159 – CEP 87501-000 – PABX (44) 3624-6968<br />

Diretora do Foro: Juíza <strong>Federal</strong> NARENDRA BORGES MORALES<br />

Subseção Judiciária de União da Vitória<br />

R Professora Amazília, 780 – CEP 84600-000 – PABX (42) 3522-0091<br />

Diretora do Foro: Juíza <strong>Federal</strong> GRAZIELA SOARES<br />

Juízes Coordenadores<br />

Coordenador da Central de Mandados<br />

Juiz <strong>Federal</strong> FRIEDMANN ANDERSON WENDPAP<br />

Coordenador da Ouvidoria<br />

Juiz <strong>Federal</strong> MARCOS JOSEGREI DA SILVA<br />

Coordenador do Atendimento aos Juizados Especiais Federais<br />

Juiz <strong>Federal</strong> RODRIGO KRAVETZ<br />

Coordenador da Capacitação<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Substituto MARCUS HOLZ<br />

Coordenador da Biblioteca<br />

Juiz <strong>Federal</strong> NICOLAU KONKEL JUNIOR<br />

Consultor de Descarte de Autos Findos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> JOSÉ SABINO DA SILVEIRA<br />

Esta publicação é editada pela<br />

Seção de Comunicação Social<br />

Av Anita Garibaldi, 888 – 6º andar – CEP 80540-180 – Tel (41) 3313-4430<br />

www.jfpr.gov.br / comsoc@jfpr.gov.br<br />

Supervisora da Seção: Marísia Faucz<br />

Jornalista Responsável: Paula Caroline Zarth Padilha (MTE 05289/PR)<br />

Estagiária de Jornalismo: Hélia Scr<strong>em</strong>in<br />

Impressão/Arte-final: Jojafe - Comunicação e Marketing Ltda (3078-6003)<br />

Tirag<strong>em</strong>: 2.200 ex<strong>em</strong>plares<br />

Novos Juízes Federais Substitutos para a 4ª Região<br />

O Tribunal Regional <strong>Federal</strong> divulgou<br />

no dia 14 de agosto o resultado<br />

final do XIII Concurso Público para<br />

Provimento de Cargo de Juiz <strong>Federal</strong><br />

Substituto da 4ª Região. Dos 22<br />

candidatos aprovados, 19 tomaram<br />

posse no dia 15 de set<strong>em</strong>bro. Na primeira<br />

fase do concurso, 4.077 candidatos<br />

se inscreveram.<br />

Entre os dias 16 e 26 de set<strong>em</strong>bro<br />

os novos magistrados participam<br />

do Curso de Formação Inicial<br />

da Carreira da Magistratura da 4ª<br />

Região, conforme disposto no Plano<br />

Nacional de Aperfeiçoamento e de<br />

Pesquisa de Juizes Federais do Conselho<br />

da Justiça <strong>Federal</strong> – PNA. O curso<br />

é coordenado pela Emagis - Escola<br />

da Magistratura do Tribunal Regional<br />

<strong>Federal</strong> da 4ª Região.<br />

De acordo com o Diretor da Escola,<br />

Des<strong>em</strong>bargador <strong>Federal</strong> Paulo Afonso<br />

Brum Vaz, o curso t<strong>em</strong> como objetivos<br />

principais introduzir os novos Juízes<br />

Federais Substitutos à Instituição,<br />

promover a compreensão da administração<br />

judiciária, esclarecer sobre os<br />

direitos e deveres da magistratura e<br />

favorecer o desenvolvimento de habilidades<br />

necessárias ao bom exercício<br />

das funções de administrar e liderar,<br />

proporcionando o melhor des<strong>em</strong>penho<br />

de seu papel nas comunidades<br />

<strong>em</strong> que atuarão.<br />

Do Paraná, participam como palestrantes<br />

nos painéis do Módulo I –<br />

Uma visão da JF da 4ª Região - os<br />

Juízes Federais Marcelo Malucelli,<br />

Diretor do Foro, Erivaldo Ribeiro dos<br />

Santos e Flávia da Silva Xavier. O<br />

curso é compl<strong>em</strong>entado com os módulos<br />

“Formação e desenvolvimento<br />

de lideranças”, “Administração Judiciária”,<br />

com a participação dos Juízes<br />

Federais Ricardo Rachid de Oliveira e<br />

Paulo Cristóvão de Araújo Silva Filho,<br />

“Juizados Especiais Federais e Sist<strong>em</strong>a<br />

de Conciliação”, com os Juízes<br />

Federais Rodrigo Kravetz e José Antônio<br />

Savaris representando os JEFs<br />

da Seção Judiciária do Paraná; “Varas<br />

Federais e Questões Atuais”, com<br />

a Juíza <strong>Federal</strong> Luciane Merlin Clève<br />

Kravetz.<br />

O Ministro Gilson Dipp, Corregedor<br />

Nacional de Justiça, é o responsável<br />

pela Conferência de Encerramento,<br />

além da presença das d<strong>em</strong>ais autoridades<br />

no âmbito da Justiça <strong>Federal</strong><br />

que participam dos painéis.<br />

No dia 27 de agosto, o Pleno do Tribunal Regional <strong>Federal</strong> da 4ª Região<br />

promoveu a Juíza <strong>Federal</strong> Verbena Duarte Brito de Carvalho para assumir<br />

como titular da 1ª Vara <strong>Federal</strong> e Juizado Especial <strong>Federal</strong> Criminal Adjunto<br />

de Cascavel. A magistrada, que atuava na 1ª Vara <strong>Federal</strong> Tributária de Porto<br />

Alegre, foi promovida por merecimento.<br />

02 Justiça <strong>Federal</strong> <strong>em</strong> <strong>revista</strong> | Ano XXI | Nº 109 | Agosto/2008 Magistrada é promovida a titular <strong>em</strong> Cascavel


Congresso Internacional na Justiça <strong>Federal</strong><br />

Em foco<br />

A Justiça <strong>Federal</strong> do Paraná foi sede, <strong>em</strong> Curitiba,<br />

do Congresso Internacional de Política Judiciária e<br />

Administração da Justiça nos dias 1º e 2 de set<strong>em</strong>bro.<br />

Juristas conceituados e operadores do direito de diversas<br />

áreas expuseram suas idéias e experiências durante o<br />

Congresso. As palestras foram divididas <strong>em</strong> cinco painéis<br />

t<strong>em</strong>áticos. O evento é promovido pelo Ibrajus, TRF da<br />

4ª Região, Secretaria da Reforma do Judiciário e Justiça<br />

<strong>Federal</strong> do Paraná.<br />

O Presidente do Ibrajus (Instituto Brasileiro de<br />

Administração do Sist<strong>em</strong>a Judiciário) Vladimir Passos de<br />

Freitas, Des<strong>em</strong>bargador <strong>Federal</strong> aposentado do TRF da<br />

4ª Região, abriu o evento falando sobre a importância da<br />

política judiciária e da administração da justiça.<br />

Na conferência de abertura, “O papel do Judiciário na<br />

sociedade cont<strong>em</strong>porânea”, o Ministro Sidnei Beneti, do<br />

Superior Tribunal de Justiça, questionou o sist<strong>em</strong>a judiciário<br />

brasileiro, defendendo algumas soluções para que os<br />

procedimentos sejam mais rápidos e eficientes.<br />

1º Painel: “Acesso e Efetividade da Justiça”. O Professor<br />

do Programa de Capacitação <strong>em</strong> Poder Judiciário<br />

da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, Mauriti<br />

Maranhão, falou sobre “Estratégia e Fragmentação do Poder”,<br />

enfatizando a importância da unicidade do poder e<br />

os riscos de sua fragmentação para o sucesso da gestão;<br />

Nilton Leonel Arnecke Maria, Defensor Público Coordenador<br />

<strong>em</strong> Porto Alegre, trouxe a experiência local, onde<br />

aproximadamente 75% dos casos <strong>em</strong> tramitação nas Varas<br />

de Família têm a participação de defensores públicos,<br />

d<strong>em</strong>onstrando a “função extrajudicial da defensoria como<br />

multiplicador de cidadania”. A “Liberdade de Expressão<br />

na Era Digital” foi t<strong>em</strong>a da palestra do diretor de redação<br />

do site Consultor Jurídico, Maurício Cardoso, que defendeu<br />

a internet como meio de divulgação; entretanto, para<br />

ele, há uma “síndrome de liberdade e falta de controle”.<br />

2º Painel: “Poder Judiciário e Economia”. Os reflexos<br />

das decisões judiciais na economia foi o assunto da exposição<br />

de Judas Tadeu Grassi Mendes, Pós-doutor <strong>em</strong> Economia<br />

e Diretor Presidente da Estação Business School<br />

de Curitiba. Cláudia Maria Barbosa, professora doutora da<br />

PUC/PR e Vice-Presidente do Ibrajus, considera que “há<br />

um consenso na reforma do judiciário, mas ainda é d<strong>em</strong>agógico,<br />

pois ninguém quer um judiciário menos eficiente”,<br />

pedindo prioridade na realização de políticas públicas. Os<br />

reflexos das decisões dos Juizados Especiais na economia<br />

foi objeto da explanação do Juiz de Direito e Diretor<br />

da Escola da Magistratura do Paraná, Roberto Portugal<br />

Bacellar. O Professor adjunto e doutorando da Pace University<br />

School of Law <strong>em</strong> Nova York, Rômulo Sampaio,<br />

comparou o estudo do Direito no Brasil e nos Estados<br />

Unidos, declarando que o ensino brasileiro é mais discursivo,<br />

priorizando a capacidade de m<strong>em</strong>orização; nos<br />

Estados Unidos é priorizada a capacidade argumentativa<br />

e o pensamento crítico.<br />

3º Painel: “Poder Judiciário e Planejamento Estratégico”.<br />

A Diretora de Recursos Humanos do TRF da 4ª<br />

Região, Ivete Rossoni, apresentou casos b<strong>em</strong> sucedidos<br />

do Tribunal com o t<strong>em</strong>a “A gestão dos recursos humanos<br />

no Poder Judiciário”. O t<strong>em</strong>a “Judiciário na Al<strong>em</strong>anha e no<br />

Brasil: um estudo comparativo”, foi apresentado por Karin<br />

Kassmayer, professora e doutoranda da UFPR e Universidade<br />

de Turbingen, Al<strong>em</strong>anha; e o “O papel das ONGs<br />

no aprimoramento do Poder Judiciário na Argentina”, foi<br />

uma exposição de Sandra Elena, Coordenadora de Relações<br />

Internacionais da Organização Não-Governamental<br />

Fores Justicia.<br />

4º Painel: “Poder Judiciário e Tecnologia”. O Juiz de<br />

Direito <strong>em</strong> São Paulo, Carlos Fonseca Monnerat, defendeu<br />

o uso de videoconferências para audiências criminais<br />

como solução para evitar riscos à população e aos agentes<br />

de escolta, diminuir chances de resgate de presos, minimizar<br />

custos operacionais e garantir a integridade física<br />

do preso. Paulo Cristóvão de Araújo Filho, Juiz <strong>Federal</strong><br />

Substituto da 3ª Vara <strong>Federal</strong> de Curitiba e m<strong>em</strong>bro da<br />

Comissão Nacional do Sist<strong>em</strong>a Processual do CNJ, CJF e<br />

TRFs, mostrou a realidade de trabalho com o Processo<br />

Eletrônico. Para o magistrado, o sist<strong>em</strong>a poupa t<strong>em</strong>po de<br />

protocolo e libera os servidores para outras atribuições.<br />

A tecnologia como ferramenta de apoio à administração<br />

da Justiça foi a abordag<strong>em</strong> de Cinthia Freitas, Professora<br />

Doutora de Ciência e Engenharia da Computação da PUC-<br />

PR. O Juiz da 1ª Vara do Trabalho de São José dos Pinhais<br />

e integrante da Comissão de Ensino à Distância do Conselho<br />

Superior da Justiça do Trabalho, Bráulio Gabriel Gusmão,<br />

falou sobre as mudanças proporcionadas por tecnologias,<br />

como o apoio aos magistrados e a diminuição de<br />

trabalhos mecânicos, no caso do Processo Eletrônico.<br />

5º Painel: 1º Prêmio Emagis de Gestão. O Des<strong>em</strong>bargador<br />

<strong>Federal</strong> Paulo Afonso Brum Vaz, Diretor da Escola<br />

da Magistratura do TRF da 4ª Região, presidiu a mesa e<br />

apresentou os vencedores do 1º Prêmio Emagis de Gestão:<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Roger de Curtis Cand<strong>em</strong>il, 1º lugar na<br />

Categoria Práticas de Sucesso, com o trabalho “Indicadores<br />

de T<strong>em</strong>po Médio de Tramitação (ITMT)”, e o Juiz <strong>Federal</strong><br />

Nórton Luís<br />

Benites, 1º lugar<br />

na Categoria Produção<br />

Literária,<br />

“Padronização de<br />

Procedimentos -<br />

A experiência da<br />

Vara <strong>Federal</strong> de<br />

Carazinho/RS”.<br />

03Justiça <strong>Federal</strong> <strong>em</strong> <strong>revista</strong> | Ano XXI | Nº 109 | Agosto/2008


Institucional<br />

Mutirão habitacional<br />

termina com 61 acordos<br />

<strong>em</strong> Curitiba<br />

Novas obras são adquiridas pela<br />

Biblioteca Central<br />

Acervo também foi distribuído às Bibliotecas Setoriais<br />

Mutuários com processos <strong>em</strong><br />

tramitação na Vara <strong>Federal</strong> do<br />

Sist<strong>em</strong>a Financeiro de Habitação<br />

puderam participar, entre os<br />

dias 22 e 26 de agosto, de audiências<br />

de conciliação. Nos contratos<br />

administrados pela CEF/<br />

EMGEA (Empresa Gestora de<br />

Ativos), dos 167 processos, 57<br />

terminaram <strong>em</strong> acordo e 27 casos<br />

foram redesignados. Das 26<br />

ações <strong>em</strong> que a Cohab é parte,<br />

4 acordos foram homologados.<br />

Nos oito processos de contratos<br />

administrados pelo Banestado/<br />

Itaú não houve acordo. As audiências<br />

foram orientadas pelos<br />

Juízes Federais Anne Karina Stipp<br />

Amador Costa, Claudia Rocha<br />

Mendes Brunelli, Danilo Pereira<br />

Junior, Marcos Francisco Canalli,<br />

Anderson Furlan Freire da Silva e<br />

José Antonio Savaris. O próximo<br />

mutirão está agendado para os<br />

dias 22 a 29 de set<strong>em</strong>bro.<br />

Atividades da<br />

Associação Cidadania<br />

<strong>em</strong> Ação <strong>em</strong> Curitiba<br />

No dia 02 de agosto a associação<br />

voluntária iniciou VIII Turma<br />

de Cidadania e Informática, possibilitando<br />

o ensino para 16 adolescentes<br />

parentes de terceirizados<br />

da Justiça <strong>Federal</strong>. As aulas<br />

são realizadas aos sábados, com<br />

previsão de término para o dia<br />

29/11. Em junho, a Cidadania<br />

<strong>em</strong> Ação doou 40 latas de Leite<br />

Nutren Júnior para o Instituto<br />

AMA - Associação Mantenedora<br />

de Apoio à Criança de Risco e<br />

com Câncer. Cada lata custa <strong>em</strong><br />

média R$ 30. A compra foi realizada<br />

com doações <strong>em</strong> dinheiro<br />

da 2ª Vara <strong>Federal</strong> e com fundos<br />

da Associação.<br />

A Biblioteca da Seção Judiciária do Paraná disponibiliza aos<br />

magistrados e servidores de todo o Estado 1.588 novas obras para<br />

consulta, somando 7.320 volumes nesta aquisição. Os livros foram<br />

selecionados com a supervisão do Juiz <strong>Federal</strong> Nicolau Konkel Junior,<br />

Coordenador da Biblioteca.<br />

Os volumes foram distribuídos entre a Biblioteca Central, localizada<br />

na Sede Ahú, <strong>em</strong> Curitiba, e as 17 Bibliotecas Setoriais, localizadas<br />

nas 16 Subseções do Estado e no Edifício Bagé, sede dos Juizados<br />

Especiais Federais de Curitiba e das Turmas Recursais. Com a compra<br />

das novas unidades foram investidos R$ 363 mil até agosto de 2008.<br />

Os locais de disponibilização das obras e de todo o acervo das<br />

Bibliotecas da Justiça <strong>Federal</strong> pod<strong>em</strong> ser consultados no Portal, link<br />

http://thesaurus.jfpr.gov.br. Em 2007 foram adquiridos 2.632 títulos,<br />

entre obras recentes e especializadas.<br />

O acervo total da Biblioteca (incluindo Central e Setoriais) é de,<br />

aproximadamente, 23.000 volumes, sendo mais de 8.000 títulos, 300<br />

títulos de periódicos e mais de 300 títulos <strong>em</strong> outras mídias.<br />

No primeiro s<strong>em</strong>estre de 2008 foram efetuados 4.620 <strong>em</strong>préstimos e<br />

3.061 renovações. A Biblioteca realiza <strong>em</strong> média 700 atendimentos para<br />

pesquisas doutrinárias. A acervo também conta com a colaboração de<br />

doadores. Em 2008 foram 400 volumes doados.<br />

Seção de Protocolo t<strong>em</strong> novo local<br />

de atendimento no edifício Bagé<br />

Desde o dia 09 de junho, o<br />

atendimento do protocolo na sede<br />

Bagé passou da sobreloja para o<br />

1º andar, junto à Seção de Apoio<br />

aos JEFs.<br />

Há um guichê exclusivo para<br />

os advogados, que são atendidos<br />

por ord<strong>em</strong> de chegada. Pod<strong>em</strong> ser<br />

protocoladas petições iniciais para<br />

a Subseção Judiciária de Curitiba e<br />

petições de processos já <strong>em</strong> andamento<br />

no TRF da 4ª Região e nas<br />

Subseções do Paraná, Rio Grande<br />

do Sul e Santa Catarina. Só não<br />

são aceitas petições de processos<br />

<strong>em</strong> tramitação nas Varas de Curitiba,<br />

pois das 13 às 18 horas, horário<br />

de funcionamento do setor, as<br />

secretarias estão abertas e protocolam<br />

suas próprias petições.<br />

Nos JEFs, só são aceitos protocolos<br />

via e-Proc, sist<strong>em</strong>a de Processo<br />

Eletrônico da Justiça <strong>Federal</strong><br />

da 4ª Região. Para o ajuizamento<br />

de ações iniciais nos JEFs, o advogado<br />

deve se cadastrar pelo número<br />

da OAB no site https://jef.<br />

jfpr.gov.br/eproc/ e comparecer a<br />

uma das Seções de Protocolo das<br />

Subseções Judiciárias para receber<br />

uma senha de acesso ao sist<strong>em</strong>a.<br />

Estatísticas do novo local:<br />

186 liberações de senhas para advogados no e-proc<br />

89 protocolos de petições iniciais para distribuição no SIAPRO<br />

88 protocolos de petições iniciais para distribuição no e-proc.<br />

1342 petições recebidas no SUP (Sist<strong>em</strong>a Único de Protocolo)<br />

04<br />

Justiça <strong>Federal</strong> <strong>em</strong> <strong>revista</strong> | Ano XXI | Nº 109 | Agosto/2008


Oficiais de Justiça participam de<br />

curso sobre Processo Civil<br />

A Juíza <strong>Federal</strong> Vera Lucia<br />

Feil Ponciano, titular da 8ª Vara<br />

<strong>Federal</strong> de Curitiba, é a instrutora e<br />

coordenadora do curso de Processo<br />

Civil para Oficiais de Justiça e<br />

servidores que atuam diretamente<br />

com a matéria nas Varas Federais.<br />

As duas primeiras turmas,<br />

formadas por Oficiais da capital e<br />

das Subseções de Ponta Grossa, Guarapuava, União da Vitória e Paranaguá,<br />

participaram do treinamento nos dias 4 e 5 de agosto e também nos dias<br />

19 e 20/08 para os d<strong>em</strong>ais servidores. A abertura do curso na primeira<br />

turma foi realizada pelo Juiz <strong>Federal</strong> Substituto Marcus Holz, Coordenador<br />

da Capacitação da Seção Judiciária do Paraná.<br />

O curso visa aprofundar o estudo teórico e prático do Processo Civil,<br />

fomentando a discussão de procedimentos. O conteúdo programático<br />

inclui reformas no processo de execução de título judicial e extrajudicial;<br />

atos processuais relativos à execução por quantia certa; execução contra<br />

a fazenda pública.<br />

Subseções<br />

Para as Subseções do interior, o cronograma terá início <strong>em</strong> outubro:<br />

nos dias 7 e 8/10 participam Oficiais de Justiça de Foz do Iguaçu, Cascavel,<br />

Francisco Beltrão, Pato Branco e Toledo, sediado <strong>em</strong> Foz. Os d<strong>em</strong>ais<br />

servidores destas localidades participam do curso nos dias 9 e 10/10.<br />

Para os servidores e oficiais das d<strong>em</strong>ais Subseções ainda não há data<br />

definida. Em Londrina, o curso será ministrado para oficiais locais e de<br />

Jacarezinho, Apucarana, Maringá, Campo Mourão, Umuarama e Paranavaí.<br />

Os servidores de Londrina, Jacarezinho e Apucarana participam do curso<br />

na primeira Subseção, e os de Campo Mourão, Umuarama e Paranavaí se<br />

reún<strong>em</strong> <strong>em</strong> Maringá com os servidores locais.<br />

Novo edital de eliminação de<br />

autos judiciais findos<br />

No dia 22 de agosto, foi publicado<br />

no Diário Eletrônico da Justiça<br />

<strong>Federal</strong> da 4ª Região, o Edital<br />

I – 2008, de Ciência de Eliminação<br />

dos Autos Judiciais Findos da Seção<br />

Judiciária do Paraná, com 9.300<br />

autos das Subseções de Cascavel,<br />

Curitiba, Foz do Iguaçu, Francisco<br />

Beltrão, Londrina, Paranavaí e<br />

Ponta Grossa. Os processos judiciais<br />

findos são das classes Agravo<br />

de Instrumento e Execução Fiscal<br />

com t<strong>em</strong>poralidade cumprida, de<br />

acordo com as Resoluções 359/04<br />

e 393/04 do Conselho da Justiça<br />

<strong>Federal</strong>. O edital e a lista de processos<br />

por Subseção pod<strong>em</strong> ser<br />

consultados no Portal da Justiça<br />

<strong>Federal</strong> (www.jfpr.gov.br). O prazo<br />

para requisição de autos para<br />

guarda particular pelas partes interessadas<br />

é de 45 dias a partir da<br />

data de publicação do edital. Após<br />

esse prazo os processos serão triturados<br />

e a renda obtida com a<br />

venda do papel será revertida para<br />

entidades beneficentes.<br />

Institucional<br />

Nova supervisão da<br />

Seção de Pagamento de<br />

Pessoal/NRH<br />

A partir do dia 12 de agosto,<br />

a Seção de Pagamento de<br />

Pessoal da Seção Judiciária do<br />

Paraná t<strong>em</strong> nova supervisão.<br />

Pela primeira vez uma mulher<br />

assume a função. A servidora<br />

Flávia Victorino Quevedo assumiu<br />

a função após a r<strong>em</strong>oção,<br />

para Rondonópolis/MT, do servidor<br />

Paulo Sergio Moises, pelo<br />

Concurso Nacional de R<strong>em</strong>oção.<br />

O contato para assuntos da Seção<br />

de Pagamento de Pessoal<br />

pode ser feito pelo telefone (41)<br />

3313-4455 ou pelo e-mail pagamento@jfpr.gov.br.<br />

Servidores no Conselho<br />

Antidrogas de<br />

Jacarezinho<br />

No dia 28 de agosto, os servidores<br />

Nathan Barros Osipe e<br />

Júlio César De Souza, da Subseção<br />

de Jacarezinho, tomaram<br />

posse no Conselho Municipal<br />

Antidrogas. Eles integram voluntariamente<br />

o Conselho, como<br />

conselheiro e suplente, respectivamente.<br />

Os servidores visam<br />

uma efetiva participação da Justiça<br />

<strong>Federal</strong> neste meio que, de<br />

acordo com os voluntários, necessita<br />

de pessoal qualificado e<br />

ciente das necessidades sociais<br />

da comunidade <strong>em</strong> que viv<strong>em</strong>. A<br />

participação no Conselho pelos<br />

servidores foi motivada por convite<br />

da Prefeitura Municipal. A<br />

tramitação na Justiça <strong>Federal</strong> de<br />

processos envolvendo o tráfico<br />

internacional de drogas, os qualificou<br />

a colaborar com o município<br />

no combate à diss<strong>em</strong>inação<br />

de drogas.<br />

05 Justiça <strong>Federal</strong> <strong>em</strong> <strong>revista</strong> | Ano XXI | Nº 109 | Agosto/2008


Varas Especializadas<br />

Especialização de Varas Federais<br />

A criação das varas especializadas no âmbito da Justiça <strong>Federal</strong> do Paraná , que teve sua primeira implantação <strong>em</strong><br />

1993, resultou da necessidade da sociedade <strong>em</strong> constante transformação. “Diante de tantas áreas no Direito <strong>em</strong> concreto,<br />

a realidade impôs ao Judiciário também essa especialização”, avalia o Juiz <strong>Federal</strong> Marcelo Malucelli, Diretor do Foro da<br />

Seção Judiciária do Paraná.<br />

Com essa diversidade, algumas matérias do Direito necessitaram de atenção especial do judiciário, seja por sua peculiaridade,<br />

seja pela d<strong>em</strong>anda econômico-social. A individualização de algumas Varas Federais foi proporcionada pela busca<br />

da celeridade processual s<strong>em</strong> prejuízo da legalidade e, a partir dessa nova concepção, os juízes passaram a ser detentores<br />

de conhecimentos específicos.<br />

A Seção Judiciária do Paraná atualmente conta com 29 varas especializadas, distribuídas pelas Subseções de Cascavel,<br />

Curitiba, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Guarapuava, Londrina, Maringá, Ponta Grossa e Umuarama.<br />

Varas Federais Previdenciárias<br />

A competência das Varas Federais Previdenciárias<br />

é restrita às ações de revisão e concessão<br />

de benefícios previdenciários propostas contra o<br />

INSS. No primeiro tipo, o autor pretende a concessão<br />

do benefício de aposentadoria, pensão por<br />

morte, auxílio-doença, etc. No segundo, pretende<br />

revisão de um benefício que já percebe do INSS,<br />

apenas deseja sua correção ou aplicação de índices<br />

não aplicados <strong>em</strong> determinado período.<br />

As primeiras varas previdenciárias foram criadas<br />

<strong>em</strong> Curitiba pela Resolução nº 39 e 40, de 30<br />

de agosto de 1993, do TRF4, com as designações<br />

de 14ª e 15ª Vara <strong>Federal</strong>, respectivamente, que tiveram sua denominação<br />

alterada para 1ª e 2ª Vara <strong>Federal</strong> Previdenciária <strong>em</strong> junho de 1994. A<br />

1ª Vara, <strong>em</strong> março de 1996, foi transformada <strong>em</strong> 3ª Vara <strong>Federal</strong> Criminal<br />

e a 2ª Vara, <strong>em</strong> Vara <strong>Federal</strong> Previdenciária, se tornado vara única nessa<br />

matéria na capital.<br />

A Subseção Judiciária de Francisco Beltrão também cont<strong>em</strong>pla uma<br />

Vara Previdenciária, instalada <strong>em</strong> 10/05/2005, com Juizado Especial Previdenciário<br />

Adjunto.<br />

A Juíza <strong>Federal</strong> Luciane Merlin Clève Kravetz, da Vara <strong>Federal</strong> Previdenciária<br />

de Curitiba, acredita que “a existência de varas especializadas<br />

<strong>em</strong> matéria previdenciária é de destacada importância para as causas nas<br />

quais se discut<strong>em</strong> direitos fundamentais sociais, como benefícios mantidos<br />

pelo RGPS e ao benefício de prestação continuada previsto na Lei Orgânica<br />

de Assistência Social”. A magistrada defende que a condução do processo,<br />

na especialização, exige uma postura ativa do juiz. “O envolvimento único<br />

com causas previdenciárias permite ao juiz confiar <strong>em</strong> sua intuição na interpretação<br />

do conjunto de provas, a partir de regras de experiência, como<br />

forma de chegar a uma convicção. A especialização é valiosa não só sob o<br />

enfoque do julgamento das causas, mas também de seu processamento,<br />

pois a vara especializada conta com uma equipe de servidores treinados<br />

para lidar com uma clientela singular, que cada vez mais reivindica direitos<br />

e que merece um tratamento especial, desde o balcão de atendimento até<br />

a elaboração de cálculos específicos”.<br />

Movimentação processual: quadro comparativo entre a data<br />

de instalação da vara e o mês de set<strong>em</strong>bro de 2008<br />

Local Matéria Vara<br />

Curitiba<br />

Francisco<br />

Beltrão<br />

Fonte: NAJ<br />

06<br />

Previdenciária<br />

1ª VF<br />

e<br />

2ª VF<br />

VF<br />

VF<br />

Justiça <strong>Federal</strong> <strong>em</strong> <strong>revista</strong> | Ano XXI | Nº 109 | Agosto/2008<br />

Movimentação Instalação /<br />

Processual Especialização<br />

Atual<br />

Set/93 set/08<br />

Em Juízo 1015 3252<br />

Sobrestados 0 963<br />

TRF 1 2068<br />

mar/96 set/08<br />

Em Juízo 2379 3252<br />

Sobrestados 0 963<br />

TRF 596 2068<br />

mai/05 set/08<br />

Em Juízo 2571 3371<br />

Sobrestados 57 112<br />

TRF 811 1061<br />

Varas Federais de Execuções Fiscais<br />

As varas especializadas <strong>em</strong> execução fiscal<br />

abrang<strong>em</strong> as execuções judiciais que segu<strong>em</strong> o<br />

rito da Lei nº 6.830/80, que dispõe sobre a cobrança<br />

da Dívida Ativa da União, dos Estados,<br />

do Distrito <strong>Federal</strong>, dos Municípios e respectivas<br />

Autarquias.<br />

As primeiras varas foram instaladas <strong>em</strong> set<strong>em</strong>bro<br />

de 1993, com a denominação de 12ª e<br />

13ª Vara <strong>Federal</strong> de Curitiba, com alteração de<br />

denominação para 1ª e 2ª Vara <strong>Federal</strong> de Execuções<br />

Fiscais, respectivamente, <strong>em</strong> junho de<br />

1994, pela Resolução nº 10 do TRF4.<br />

Tendo <strong>em</strong> vista o elevado número de processos,<br />

mais uma vara foi instalada, a 3ª Vara <strong>Federal</strong> de Execuções Fiscais,<br />

<strong>em</strong> abril de 1999.<br />

Outras duas Subseções Judiciárias no Paraná contam com varas especializadas<br />

<strong>em</strong> matéria de execuções fiscais: Londrina, desde maio de 1999,<br />

e Maringá, desde março de 2005.<br />

Para o Juiz <strong>Federal</strong> da 1ª Vara de Execuções Fiscais <strong>em</strong> Curitiba, Gerson<br />

Luiz Rocha, “A especialização das Varas Federais representa um avanço<br />

significativo no aspecto da administração da Justiça, na medida <strong>em</strong> que<br />

permite a adequação da força de trabalho a determinadas lides, cujos aspectos<br />

quantitativos ou as especificidades processuais exig<strong>em</strong> tratamento<br />

diferenciado. A execução fiscal é um ex<strong>em</strong>plo, pois trata-se de processo<br />

muito específico, que exige uma grande quantidade de atos, tanto do gabinete<br />

quanto por parte da secretaria. Por outro lado, a quantidade de feitos<br />

desta natureza também é um indicativo da necessidade de especialização<br />

nesta matéria”.<br />

De acordo com o magistrado, “os dados do CJF, de 30/06/2008, indicam<br />

que tramitam na 4ª Região 434.423 execuções fiscais, e na Justiça<br />

<strong>Federal</strong> como um todo são 2.333.243 de processos desta natureza. O resultado<br />

obtido pode ser verificado nos dados da arrecadação relativa aos<br />

processos ajuizados, que no ano de 2007, na 4ª Região, resultaram no<br />

ingresso nos cofres públicos de R$ 375.147.583,00 , apenas de créditos<br />

fiscais administrados pelo INSS, afora os créditos da Fazenda Nacional,<br />

FGTS e outros órgãos.”<br />

Movimentação processual: quadro comparativo entre a data de<br />

instalação da vara e o mês de set<strong>em</strong>bro de 2008<br />

Local Matéria Vara<br />

Curitiba<br />

Londrina<br />

Maringá<br />

Fonte: NAJ<br />

Execuções<br />

Fiscais<br />

1ª VF<br />

2ª VF<br />

3ª VF<br />

VF<br />

VF<br />

Movimentação Instalação /<br />

Processual Especialização<br />

Atual<br />

set/93 set/08<br />

Em Juízo 3889 6694<br />

Sobrestados 159 18764<br />

TRF 0 776<br />

set/93 set/08<br />

Em Juízo 3845 8516<br />

Sobrestados 148 13814<br />

TRF 0 571<br />

abr/mai - 1999 set/08<br />

Em Juízo 6390 6591<br />

Sobrestados 3064 16204<br />

TRF 586 1039<br />

mar/05 set/08<br />

Em Juízo 16418 15360<br />

Sobrestados 5595 5716<br />

TRF 200 1150<br />

mar/05 set/08<br />

Em Juízo 6796 6458<br />

Sobrestados 3323 4176<br />

TRF 294 531


Varas Especializadas<br />

completa 15 anos no Paraná<br />

Vara <strong>Federal</strong> Ambiental, Agrária e Residual<br />

A Justiça <strong>Federal</strong> da 4ª Região é pioneira na<br />

especialização <strong>em</strong> matéria agrária, ou seja, processamento<br />

e julgamento de ações de desapropriação<br />

– e outras conexas – que envolvam desapropriação<br />

por interesse social para fins de reforma<br />

agrária, cuja ação é proposta pelo INCRA.<br />

A Vara <strong>Federal</strong> Agrária, Ambiental e Residual,<br />

antiga 9ª Vara <strong>Federal</strong> de Curitiba, detém<br />

competência especializada <strong>em</strong> Direito Ambiental,<br />

s<strong>em</strong> prejuízo da competência r<strong>em</strong>anescente,<br />

desde maio de 2005. Nessa Vara tramitam ações<br />

cíveis ou criminais que, direta ou indiretamente,<br />

discut<strong>em</strong> o direito ambiental e o meio ambiente<br />

no âmbito da Justiça <strong>Federal</strong>, entre os quais danos ambientais e poluição,<br />

licenciamento e impacto ambiental, crimes e infrações ambientais, meio<br />

ambiente cultural e patrimônio histórico, exploração do litoral, urbanização,<br />

questão indígena.<br />

O Juiz <strong>Federal</strong> Nicolau Konkel Júnior, titular da Vara Ambiental <strong>em</strong> Curitiba,<br />

acredita na celeridade como conseqüência da especialização: “Como<br />

se t<strong>em</strong> observado <strong>em</strong> toda especialização, há uma dedicação maior dos<br />

juízes e servidores na condução dos processos, acarretando uma prestação<br />

jurisdicional mais célere e eficaz”. O magistrado defende a especialização<br />

<strong>em</strong> matéria ambiental: “Essa concentração da competência evita que casos<br />

importantes sejam conduzidos como processos comuns, com manifesto prejuízo<br />

ao meio ambiente. Não tenho dúvida de que a especialização foi uma<br />

medida acertada do TRF da 4ª Região, o que t<strong>em</strong> despertado o interesse de<br />

diversos Estados brasileiros e até mesmo de outros países”.<br />

Movimentação processual: quadro comparativo entre a data de instalação<br />

da vara e o mês de set<strong>em</strong>bro de 2008<br />

Local<br />

Curitiba<br />

Fonte: NAJ<br />

Vara <strong>Federal</strong> do Sist<strong>em</strong>a Financeiro da Habitação<br />

À Vara do Sist<strong>em</strong>a Financeiro da Habitação<br />

cabe processar e julgar as causas baseadas na<br />

Lei nº 4.380, de 21 de agosto de 1964, que instituiu<br />

a correção monetária nos contratos imobiliários<br />

de interesse social, o sist<strong>em</strong>a financeiro<br />

para aquisição da casa própria, criou o Banco<br />

Nacional da Habitação (BNH), e sociedades de<br />

crédito imobiliário, as letras imobiliárias, o Serviço <strong>Federal</strong> de Habitação e<br />

Urbanismo e dá outras providências. As ações geralmente visam à revisão<br />

do contrato firmado sob as regras do SFH, com a Caixa Econômica <strong>Federal</strong>,<br />

b<strong>em</strong> como ações consignatórias e cautelares.<br />

Em Curitiba, a vara que atua nessa área foi instalada <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro de<br />

2000. É responsável pelos mutirões realizados visando a negociação entre<br />

mutuários e Caixa Econômica <strong>Federal</strong>, além das pré-audiências de conciliação<br />

que resultam <strong>em</strong> acordos satisfatórios para as partes envolvidas.<br />

De acordo com a Juíza <strong>Federal</strong> Anne Karina Stipp Amador Costa, da<br />

Vara <strong>Federal</strong> do Sist<strong>em</strong>a Financeiro da Habitação de Curitiba, o maior benefício<br />

nessa especialização reside no fato de “ações repetitivas propiciar<strong>em</strong><br />

a construção de soluções a partir do caso concreto”. A padronização<br />

dos procedimentos, pelo fato dos processos se concentrar<strong>em</strong> <strong>em</strong> uma vara<br />

específica, facilita a organização e agiliza o trâmite processual, “o que é<br />

bom tanto para a Justiça <strong>Federal</strong> quanto para instituições financeiras”,<br />

pondera a Juíza, que acredita que tanto a d<strong>em</strong>anda processual quanto a<br />

matéria requer<strong>em</strong> a especialização.<br />

Movimentação processual: quadro comparativo entre a data de<br />

instalação da vara e o mês de set<strong>em</strong>bro de 2008<br />

Local Matéria Vara<br />

Curitiba SFH VF<br />

Fonte: NAJ<br />

Matéria<br />

Ambiental<br />

Movimentação Instalação /<br />

Processual Especialização<br />

Atual<br />

nov/dez - 2000 set/08<br />

Em Juízo 5472 4026<br />

Sobrestados 30 253<br />

TRF 594 1456<br />

Movimentação Instalação/<br />

Processual Especialização<br />

Atual<br />

mai/05 set/08<br />

Em Juízo 6059 1977<br />

Sobrestados 49 3162<br />

TRF 1840 1210<br />

Varas Federais Criminais<br />

A especialização das varas criminais provém<br />

da Resolução nº 314, de 14 de maio de 2003,<br />

do Conselho da Justiça <strong>Federal</strong> (CJF), que determinou<br />

a competência dos TRFs <strong>em</strong> especialização<br />

de varas federais para julgamento de crimes<br />

de lavag<strong>em</strong> de dinheiro, com competência exclusiva<br />

ou concorrente, e da Resolução nº 517,<br />

de 30/06/2006 que incluiu na especialização o<br />

processo e julgamento de crimes praticados por<br />

organizações criminosas, independent<strong>em</strong>ente<br />

do caráter transnacional ou não das infrações.<br />

Atualmente, no Paraná, a Justiça <strong>Federal</strong> conta<br />

com seis varas criminais especializadas, duas <strong>em</strong><br />

Curitiba, duas <strong>em</strong> Foz do Iguaçu, uma <strong>em</strong> Londrina e uma <strong>em</strong> Maringá.<br />

A primeira especialização ocorreu <strong>em</strong> maio de 2003, na 2ª Vara <strong>Federal</strong><br />

Criminal de Curitiba, <strong>em</strong> relação aos crimes contra o Sist<strong>em</strong>a Financeiro<br />

Nacional e de lavag<strong>em</strong> de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e valores<br />

e, posteriormente, <strong>em</strong> relação aos crimes praticados por organizações criminosas.<br />

A partir de julho de 2006, à 3ª Vara <strong>Federal</strong> Criminal de Curitiba<br />

é atribuída a mesma especialidade; também nessa data, a 1ª Vara Criminal<br />

passou a ter competência exclusiva para processar e julgar os processos<br />

de execução de pena.<br />

Em Foz do Iguaçu, 1ª e 2ª Vara <strong>Federal</strong> Criminal foram especializadas<br />

para julgar crimes praticados por organizações criminosas <strong>em</strong> set<strong>em</strong>bro e<br />

outubro de 2006, respectivamente. A mesma competência foi estendida<br />

para as varas criminais das Subseções de Londrina e Maringá <strong>em</strong> abril de<br />

2007.<br />

Favorável à especialização, o Juiz <strong>Federal</strong> Nivaldo Brunoni, da 3ª Vara<br />

<strong>Federal</strong> Criminal de Curitiba, defende a idéia de que, tendo o Direito muitos<br />

ramos, é inviável que o juiz conheça a fundo cada um deles. Nesse sentido,<br />

a especialização permite ao magistrado o aprofundamento da matéria<br />

e conhecimento específico que traz celeridade e segurança ao processo.<br />

Relata que o sucesso das operações se deve a essa especialização, ainda<br />

que isso “incomode muita gente”.<br />

Movimentação processual: quadro comparativo entre a data de<br />

instalação da vara e o mês de set<strong>em</strong>bro de 2008<br />

Local Matéria Vara<br />

Curitiba<br />

Foz do<br />

Iguaçu<br />

Londrina<br />

Maringá<br />

Fonte: NAJ<br />

Criminal<br />

1ª VF<br />

2ª VF<br />

3ª VF<br />

1ª VF<br />

2ª VF<br />

Movimentação Instalação /<br />

Processual Especialização<br />

Atual<br />

jul/06 set/08<br />

Em Juízo 2096 1747<br />

Sobrestados 19 128<br />

TRF 130 268<br />

mai/03 set/08<br />

Em Juízo 906 2340<br />

Sobrestados 47 7<br />

TRF 172 269<br />

jul/06 set/08<br />

Em Juízo 1478 2088<br />

Sobrestados 109 55<br />

TRF 213 184<br />

jun/06 set/08<br />

Em Juízo 4301 7121<br />

Sobrestados 286 375<br />

TRF 181 241<br />

out/06 set/08<br />

Em Juízo 3603 5238<br />

Sobrestados 159 479<br />

TRF 149 312<br />

abr/07 set/08<br />

Em Juízo 2043 2591<br />

Sobrestados 32 448<br />

TRF 344 287<br />

abr/07 set/08<br />

Em Juízo 1912 1513<br />

Sobrestados 285 296<br />

TRF 167 195<br />

07 Justiça <strong>Federal</strong> <strong>em</strong> <strong>revista</strong> | Ano XXI | Nº 109 | Agosto/2008


Gente que faz Justiça<br />

Conhecendo as Turmas Recursais<br />

Histórico<br />

Nov<strong>em</strong>bro de 2001 – Criada a 1ª Turma Recursal pela<br />

Resolução nº 54 da do TRF/4ª Região, composta por três Juízes<br />

titulares e dois suplentes, que assumiam <strong>em</strong> caso de ausência ou<br />

impedimento dos titulares.<br />

Fevereiro de 2003 - Os magistrados que atuavam s<strong>em</strong> prejuízo<br />

à jurisdição de orig<strong>em</strong> tiveram o afastamento determinado,<br />

atuando exclusivamente nas turmas recursais.<br />

Nov<strong>em</strong>bro de 2004 – Regulamentada a condução automática<br />

da suplência para a titularidade, vedando a recondução de<br />

titulares, que têm mandato de dois anos.<br />

Janeiro de 2006 – Instalação da 2ª Turma Recursal<br />

Junho de 2008 - Resolução nº 15 amplia para três os Juízes<br />

Federais Suplentes <strong>em</strong> cada Turma Recursal da 4ª Região.<br />

Sessões de julgamento<br />

Juízas das TRs que participaram das sessões <strong>em</strong> set<strong>em</strong>bro.<br />

Os processos a ser<strong>em</strong> julgados <strong>em</strong> sessão são selecionados<br />

pelos juízes relatores e incluídos <strong>em</strong> pauta pelo Juiz Presidente<br />

de Turma, que encaminha listag<strong>em</strong> à Secretaria para a devida<br />

publicação. As sessões ordinárias ocorr<strong>em</strong> a cada quinze dias,<br />

cada turma <strong>em</strong> uma s<strong>em</strong>ana, <strong>em</strong> data e horário designado pelos<br />

respectivos Presidentes, observado o critério de necessidade dos<br />

trabalhos. As sessões e votações são públicas, com a proclamação<br />

de seu julgamento.<br />

Mutirão<br />

Desde o início deste ano, as Turmas Recursais funcionam <strong>em</strong><br />

regime de mutirão. Ao final de fevereiro, foram convocados juízes<br />

suplentes e auxiliares para trabalhar<strong>em</strong> <strong>em</strong> conjunto com os titulares.<br />

A primeira etapa aconteceu no primeiro s<strong>em</strong>estre e novos<br />

componentes foram chamados para a segunda, que t<strong>em</strong> sessões<br />

agendadas até 9 de dez<strong>em</strong>bro.<br />

Na primeira etapa (31/03 a 30/06) foram convocados os Juízes<br />

Federais Frederico Valdez Pereira, Graziela Soares, Gilson Luiz<br />

Inácio, Erivaldo Ribeiro dos Santos, Andréia Castro Dias, José Jácomo<br />

Gimenes, Anderson Furlan Freire da Silva e Cristiano Aurélio<br />

Manfrim. Na segunda etapa (01/07 a 19/12) participam os Juízes<br />

Federais Franco Mattos e Silva, Graziela Soares, Gilson Luiz Inácio,<br />

Andréia Castro Dias, José Jácomo Gimenes, Anderson Furlan Freire<br />

da Silva e Cristiano Aurélio Manfrim.<br />

Para os Juízes suplentes da 1ª Turma foram distribuídos no<br />

mutirão processos que inclu<strong>em</strong> benefícios por incapacidade (Auxílio<br />

Doença / Aposentadoria por Invalidez / LOAS) e para os da 2ª<br />

Turma os t<strong>em</strong>as inclu<strong>em</strong> Averbação de T<strong>em</strong>po de Serviço Rural e<br />

Conversão de T<strong>em</strong>po de Serviço Especial.<br />

Para os Juízes convocados como auxiliares foram distribuídos<br />

somente processos eletrônicos de matéria cível previdenciária e<br />

não-previdenciária.<br />

Apoio<br />

Servidores das Turmas<br />

As Turmas Recursais contam com o apoio de servidores para<br />

trabalhos s<strong>em</strong>elhantes aos executados nas secretarias das Turmas<br />

do Tribunal Regional Federais da 4ª Região. A Divisão de Apoio às<br />

Turmas Recursais é responsável pelo recebimento e encaminhamento<br />

dos processos aos gabinetes; elaboração de cronogramas e<br />

pautas; acompanhamento das sessões de julgamento; expedição<br />

de intimações e ofícios e pelo retorno dos processos aos juizados<br />

de orig<strong>em</strong> ou encaminhamento às Turmas de Uniformização e ao<br />

STF. Para atender a essa d<strong>em</strong>anda, 12 servidores, 1 estagiário e 2<br />

aprendizes trabalham na Divisão, que fica no mesmo edifício das<br />

Turmas.<br />

De abril de 2002 até nov<strong>em</strong>bro de 2005, essas atividades eram<br />

executadas pela Seção de Apoio Administrativo da Turma Recursal,<br />

que foi extinta para a criação do Núcleo de Apoio às Turmas<br />

Recursais. Em maio de 2007, o Núcleo foi transformado <strong>em</strong> Divisão<br />

mantendo-se subordinado à Direção do Foro.<br />

Competência<br />

As Turmas Recursais são responsáveis por processar e julgar<br />

recursos e outros pedidos relacionados a processos nos Juizados<br />

Especiais Federais (JEFs): recursos de sentenças Cíveis ou Criminais;<br />

recursos contra rejeição de denúncia ou queixa criminal;<br />

recursos contra deferimento de medida cautelar; mandados de segurança<br />

contra atos de processos; conflitos de competência; <strong>em</strong>bargos<br />

de declaração a acórdãos das turmas.<br />

Os presidentes de cada turma coordenam as reuniões das<br />

respectivas turmas, designam a data e horário das sessões de<br />

julgamento, b<strong>em</strong> como proclamam os resultados, e solicitam a<br />

convocação de juiz auxiliar.<br />

Atribuições específicas<br />

1ª Turma - organizar e orientar Secretaria das Turmas Recursais<br />

quanto a atos nos processos <strong>em</strong> andamento<br />

2ª Turma - juízo de admissibilidade de recursos para Turmas<br />

de Uniformização (regional ou nacional) ou ao STF<br />

Curiosidades<br />

Regimento Interno: Resolução 22, de 8 de maio de 2007.<br />

A 1ª Sessão da Turma Recursal do Paraná aconteceu <strong>em</strong> abril de 2002 com seis processos na pauta.<br />

Cada um dos seis gabinetes t<strong>em</strong> apoio de três servidores e dois estagiários e pode ter até dois voluntários.<br />

As pautas das sessões têm <strong>em</strong> média 800 processos.<br />

Em uma única sessão, foram computadas mais de 50 inscrições para sustentação oral.<br />

A sessão mais longa durou dois dias, sendo suspensa e recomeçando no dia seguinte.<br />

Trinta e um servidores trabalham nas turmas e na Divisão de Apoio às Turmas Recursais.<br />

Em 31 de agosto de 2005 foi realizada sessão com o julgamento de 5.889 processos eletrônicos.<br />

08 Justiça <strong>Federal</strong> <strong>em</strong> <strong>revista</strong> | Ano XXI | Nº 109 | Agosto/2008


Compulsão por compras<br />

Saúde Total<br />

Drª Alécia Nepel<br />

Médica Psiquiatra da SJPR<br />

O comprador compulsivo é um<br />

dependente do comportamento de<br />

comprar, precisando fazê-lo s<strong>em</strong><br />

limites para se sentir b<strong>em</strong>, pelo menos<br />

naquele momento, para depois se<br />

arrepender. Acaba por consumir<br />

coisas pelo fato de consumir e não<br />

mais pela necessidade do objeto<br />

que é consumido. E, como <strong>em</strong><br />

qualquer comportamento aditivo, o<br />

mais comum é perder o controle da<br />

situação.<br />

Entretanto, é fundamental fazer<br />

a diferença entre o simples hábito<br />

pelas compras do comportamento<br />

compulsivo às compras. Comprar<br />

por impulso, mas não por<br />

compulsão, é adquirir um b<strong>em</strong> por<br />

sentir uma atração instantânea<br />

pelo produto, seja por causa<br />

da <strong>em</strong>balag<strong>em</strong>, do preço ou do<br />

apelo publicitário. Essas pessoas<br />

impulsivas pelas compras comet<strong>em</strong><br />

pequenas “loucuras” ao comprar um<br />

produto que é anunciado como uma<br />

grande liquidação, com facilidades<br />

de pagamento <strong>em</strong> dez vezes s<strong>em</strong><br />

juros, ou ao passar pelas gôndolas<br />

de supermercados, quando levam<br />

para casa uma garrafa de bebida ou<br />

um pacote de biscoitos a mais. Já o<br />

compulsivo vai às compras como um<br />

viciado que sai de casa para jogar<br />

ou <strong>em</strong> busca das drogas. A compra<br />

compulsiva envolve pessoas que<br />

estão s<strong>em</strong>pre comprando coisas que<br />

talvez nunca us<strong>em</strong>, <strong>em</strong> quantidades<br />

maiores do que necessitam, mesmo<br />

s<strong>em</strong> ter como pagar por elas.<br />

Atualmente, a compra compulsiva<br />

é considerada um fenômeno global<br />

que ocorre numa faixa entre 2<br />

a 8% da população, segundo<br />

alguns estudos. As mulheres são<br />

as principais vítimas. Todavia,<br />

os compradores compulsivos<br />

masculinos vêm aumentando<br />

progressivamente. Produtos como<br />

maquiag<strong>em</strong>, jóias, roupas, bolsas<br />

e sapatos são os preferidos pelas<br />

mulheres. Já os homens têm como<br />

foco os celulares, eletroeletrônicos,<br />

motos e até carros.<br />

Sobre as possíveis motivações,<br />

alguns autores suger<strong>em</strong> que<br />

o comportamento de compra<br />

compulsiva é usado como<br />

uma resposta compensatória a<br />

uma frustração ou depressão,<br />

na tentativa de administrar o<br />

humor e superar a infelicidade.<br />

Os compradores compulsivos<br />

d<strong>em</strong>onstram alegria e excitação no<br />

momento da compra, procurando<br />

substituir um estado de espírito<br />

negativo. Contudo, a compra não<br />

é capaz de preencher totalmente a<br />

sensação de vazio decorrente dos<br />

sentimentos negativos, podendo<br />

intensificá-los, pois a tensão,<br />

t<strong>em</strong>porariamente suavizada pela<br />

compra, é rapidamente transferida<br />

para um sentimento de culpa.<br />

Muitos parec<strong>em</strong> ter pouco prazer<br />

com as coisas que compram por<br />

t<strong>em</strong>er<strong>em</strong> que alguém descubra ou<br />

porque nunca usaram o que foi<br />

adquirido.<br />

A tendência ao vício do consumo<br />

guarda relação com inseguranças,<br />

probl<strong>em</strong>as de infância, o fato de a<br />

pessoa se sentir desinteressante,<br />

depressão e falta de apoio <strong>em</strong>ocional<br />

nos relacionamentos.<br />

Há três fatores que pod<strong>em</strong><br />

influenciar na ocorrência deste<br />

transtorno. O primeiro refere-se a<br />

influencias psicológicas, incluindo<br />

auto-estima, percepção do status<br />

social e poder. O segundo fator<br />

relaciona-se às influências familiares,<br />

já que este comportamento<br />

é comum <strong>em</strong> famílias que já<br />

possu<strong>em</strong> este transtorno. O<br />

terceiro segmento diz respeito às<br />

influências sociológicas, envolvendo<br />

pressão dos pares, a televisão, a<br />

internet, acessibilidade do cartão de<br />

crédito, caixas automáticos, crédito<br />

instantâneo. São fatores sócioculturais<br />

que contribu<strong>em</strong> para a<br />

compra compulsiva. Por ex<strong>em</strong>plo,<br />

o shopping center reforça valores<br />

materialistas por concentrar, <strong>em</strong> um<br />

só local, a apresentação de muitos<br />

produtos associados à “boa vida”.<br />

Pod<strong>em</strong>os dizer que o consumista,<br />

que não coloca <strong>em</strong> risco suas<br />

finanças, está inserido na patologia<br />

da “cont<strong>em</strong>poraneidade”: compra<br />

também para preencher um<br />

vazio, mas s<strong>em</strong> comprometer o<br />

andamento de sua vida, podendo<br />

até ficar um pouco endividado, mas<br />

s<strong>em</strong> nenhuma gravidade. Todavia,<br />

até mesmo neste caso, é preciso<br />

ter cuidado para não se tornar um<br />

compulsivo. Alguns consumidores<br />

contam que sent<strong>em</strong> os produtos<br />

chamando por eles, pedindo que<br />

sejam comprados. Por isso, existe a<br />

possibilidade de um indivíduo com<br />

tendência à compra compulsiva<br />

manifestar seu comportamento no<br />

ambiente do shopping center, assim<br />

como agiria um jogador compulsivo<br />

<strong>em</strong> um cassino.<br />

As conseqüências freqüentes<br />

são o endividamento, as falências<br />

pessoais, o estresse, probl<strong>em</strong>as<br />

de convivência, comprometimento<br />

da carreira profissional, da vida<br />

acadêmica e social.<br />

Estas pessoas necessitam de<br />

respaldo médico e psicológico, com<br />

a realização de psicoterapia e se<br />

necessário, utilizar medicamentos.<br />

Além disso, medidas práticas<br />

dev<strong>em</strong> ser tomadas, como o<br />

acompanhamento por familiares do<br />

histórico financeiro do comprador<br />

compulsivo, a redução do crédito<br />

bancário, evitar a utilização de talões<br />

de cheque ou cartão de crédito, sair<br />

com uma lista do que é necessário<br />

comprar e segui-la rigorosamente,<br />

não gastar mais do que se ganha,<br />

rever as necessidades e estabelecer<br />

metas de redução de gastos.<br />

09 Justiça <strong>Federal</strong> <strong>em</strong> <strong>revista</strong> | Ano XXI | Nº 109 | Agosto/2008


Saiba Mais<br />

Jurisprudência das Turmas Recursais dos Juizados<br />

Especiais Federais da 4ª Região<br />

RECURSO CÍVEL Nº<br />

2006.70.95.015682-0/PR<br />

Ementa: PREVIDENCIÁRIO. APO-<br />

SENTADORIA POR TEMPO DE SER-<br />

VIÇO. APOSENTADO QUE VOLTA A<br />

EXERCER ATIVIDADE ABRANGIDA<br />

PELO REGIME GERAL DE PREVI-<br />

DÊNCIA SOCIAL - RGPS. PECÚLIO.<br />

PRESCRIÇÃO. ARTIGO 81, INCISO<br />

II, DA LEI Nº 8.213/91, REVOGADO<br />

PELA LEI Nº 8.870/94. DIREITO AD-<br />

QUIRIDO.<br />

1. Não se verifica a ocorrência da<br />

prescrição qüinqüenal da pretensão<br />

do segurado, pois o referido prazo<br />

somente se inicial após o afastamento<br />

da atividade.<br />

2. É devido o benefício de pecúlio ao<br />

aposentado por idade ou por t<strong>em</strong>po<br />

de serviço que volta a exercer<br />

atividade laborativa abrangida pelo<br />

RGPS, quando dela se afastar.<br />

3. A Lei nº 8.870/94, que revogou<br />

o artigo 81, inciso II, da Lei nº<br />

8.213/91, não afasta o direito adquirido<br />

dos segurados que já poderiam<br />

receber o pecúlio <strong>em</strong> face da<br />

legislação anterior.<br />

Julgado <strong>em</strong> 10 de set<strong>em</strong>bro de<br />

2008.<br />

RECURSO CÍVEL Nº<br />

2007.70.95.007757-1/PR<br />

Ementa: PREVIDENCIÁRIO. APO-<br />

SENTADORIA POR TEMPO DE SER-<br />

VIÇO. REVISÃO DA RENDA MEN-<br />

SAL INICIAL. ACRÉSCIMO AOS<br />

SALÁRIOS-DE-CONTRIBUIÇÃO DOS<br />

VALORES DEVIDOS A TÍTULO DE<br />

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE,<br />

RECONHECIDOS EM SEDE DE RE-<br />

CLAMAÇÃO TRABALHISTA. DATA<br />

DE INÍCIO DA REVISÃO.<br />

1. É devido ao segurado a revisão do<br />

cálculo de seu benefício de aposentadoria,<br />

mediante acréscimo aos salários-de-contribuição,<br />

que integram<br />

o período básico de cálculo, dos valores<br />

devidos a título de adicional<br />

de insalubridade, reconhecidos <strong>em</strong><br />

sede de reclamação trabalhista.<br />

2. O termo inicial da renda mensal<br />

revisada é a data do requerimento<br />

administrativo de revisão, pois o<br />

segurado não apresentou ao INSS,<br />

quando da concessão do benefício,<br />

quaisquer el<strong>em</strong>entos de prova necessários<br />

ao correto cálculo do benefício.<br />

Julgado <strong>em</strong> 10 de set<strong>em</strong>bro de<br />

2008.<br />

RECURSO CÍVEL Nº<br />

2008.70.95.002142-9/PR<br />

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.<br />

IMPOSSIBILIDADE. NEGATIVA DE<br />

SUBMISSÃO À CIRURGIA. CONCES-<br />

SÃO DE AUXÍLIO DOENÇA. REABI-<br />

LITAÇÃO PROFISSIONAL.<br />

1. A recusa injustificada, ou por motivos<br />

pessoais da parte (ex. medo),<br />

para não se submeter a tratamento<br />

cirúrgico não enseja à concessão de<br />

aposentadoria por invalidez, apesar<br />

do disposto no art. 101 da Lei n.º<br />

8.213/91.<br />

2. Possibilidade de reabilitação para<br />

outra atividade profissional, já que<br />

a patologia compromete apenas a<br />

realização de esforços físicos.<br />

Julgado <strong>em</strong> 10 de set<strong>em</strong>bro de<br />

2008.<br />

Nova composição das Turmas<br />

Recursais<br />

1ª Turma Recursal<br />

Titulares:<br />

• Luciane Merlin Clève Kravetz<br />

• Ana Beatriz Vieira da Luz Palumbo<br />

• Silvia Regina Salau Brollo<br />

RECURSO CÍVEL Nº 2007.70.95.010931-6/PR<br />

Ementa: DIREITO PREVIDENCIÁRIO. CUMULAÇÃO INDEVIDA DE BENEFÍCIO<br />

DE PENSÃO POR MORTE E RENDA MENSAL VITALÍCIA. BENEFÍCIO PREVI-<br />

DENCIÁRIO DE VALOR MÍNIMO. DESCONTO DO QUE FOI PAGO INDEVIDA-<br />

MENTE. POSSIBILIDADE.<br />

1. É inacumulável o benefício de renda mensal vitalícia com qualquer outra<br />

espécie de benefício.<br />

2. Os valores recebidos a maior, <strong>em</strong> razão de indevida acumulação de renda<br />

mensal vitalícia e pensão por morte, dev<strong>em</strong> ser restituídos à Previdência Social,<br />

mesmo tratando-se de boa-fé.<br />

3. O artigo 115, inciso II e § 1º, da Lei nº 8.213/91 autoriza o desconto do<br />

pagamento de benefício além do devido na forma do regulamento, exceto <strong>em</strong><br />

caso de má-fé, ou seja, <strong>em</strong> caso de boa-fé, é possível a devolução <strong>em</strong> parcelas<br />

e, tratando-se de má-fé, a devolução deve ser feita <strong>em</strong> uma única vez<br />

(Decreto nº 3.048/99, artigo 154, § 2º).<br />

4. A norma do artigo 201, § 2º, da Constituição <strong>Federal</strong> não impede o desconto<br />

de valores recebidos além do devido, pois assegura que nenhum benefício<br />

terá renda mensal inferior a um salário mínimo. Ad<strong>em</strong>ais, há outras hipóteses<br />

que pod<strong>em</strong> implicar na mesma situação, s<strong>em</strong> ofensa à indicada norma constitucional,<br />

como, por ex<strong>em</strong>plo, descontos no benefício para pagamento de<br />

pensão alimentícia, pagamento de <strong>em</strong>préstimos e financiamento.<br />

5. Recurso provido <strong>em</strong> parte.<br />

Julgado <strong>em</strong> 12 de agosto de 2008.<br />

Suplentes:<br />

• Márcia Vogel Vidal de Oliveira<br />

• Sergio Fernando Moro<br />

2ª Turma Recursal<br />

Titulares:<br />

• Bianca Geórgia Arenhart Munhoz<br />

da Cunha<br />

• Flávia da Silva Xavier (Presidente)<br />

• Eduardo Fernando Appio<br />

Suplentes:<br />

• Ana Carine Busato Daros<br />

• Ivanise Corrêa Rodrigues Perotoni<br />

• Andréia Castro Dias<br />

10<br />

Justiça <strong>Federal</strong> <strong>em</strong> <strong>revista</strong> | Ano XXI | Nº 109 | Agosto/2008


Artigo<br />

A parcialidade positiva do juiz<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Artur César de Souza<br />

Vara de Execuções Fiscais de Londrina<br />

O postulado dogmático do juiz<br />

(im)parcial, na sua concepção clássica<br />

iluminista, é fruto de ultrapassadas<br />

e objetivamente criticáveis<br />

tendências formalistas vinculadas<br />

ao pensamento que pressupõe a<br />

existência no processo de um juiz<br />

“eunuco” e totalmente “asséptico”,<br />

b<strong>em</strong> como ao princípio utópico e<br />

falacioso de que todos são iguais<br />

perante a lei.<br />

A visão meramente formalista<br />

cria uma falsa ilusão <strong>em</strong> relação ao<br />

ser humano juiz.<br />

Na verdade, o juiz não é neutro<br />

e muito menos imparcial, pois, de<br />

certa forma, ele está vinculado às<br />

suas concepções sociais, econômicas,<br />

culturais, psicológicas e ideológicas.<br />

É um ser histórico e fruto<br />

de seu t<strong>em</strong>po. Ao mesmo t<strong>em</strong>po,<br />

os poderes disciplinar e biopolítico<br />

diss<strong>em</strong>inados perifericamente num<br />

determinado momento histórico<br />

da humanidade sugestionam a sua<br />

subjetivação , b<strong>em</strong> como sua performance<br />

no âmbito da relação jurídica<br />

processual.<br />

Não sendo o juiz neutro, muito<br />

menos (im)parcial, deve-se romper<br />

com essa visão meramente formalista<br />

e iluminista, sugerindo-se uma<br />

nova leitura para o princípio da (im)<br />

parcialidade do juiz. E essa leitura<br />

está consubstanciada na diferenciação<br />

entre a parcialidade negativa e<br />

a parcialidade positiva.<br />

Na perspectiva humanística do<br />

processo, é necessário que o magistrado<br />

seja positivamente parcial.<br />

Por meio do principio da parcialidade<br />

positiva, as diferenças<br />

sociais, culturais, econômicas, étnicas,<br />

raciais etc. deixam de ser fatores<br />

neutros e extra-processuais, e<br />

passam a constituir critérios éticos<br />

materiais para a persecução de um<br />

processo, como diz<strong>em</strong> os italianos,<br />

giusto e équo.<br />

O princípio do juiz positivamente<br />

parcial, que garante o reconhecimento<br />

das diferenças sociais, econômicas,<br />

culturais das pessoas envolvidas<br />

na relação jurídica processual,<br />

seja ela civil ou penal, t<strong>em</strong> por<br />

fundamento, além da concepção<br />

filosófica da racionalidade ou alteridade<br />

do outro, desenvolvida por<br />

Enrique Dussel e Emmanuel Lévinas,<br />

também a determinação Constitucional<br />

p<strong>revista</strong> no artigo 3º, inciso<br />

I, III e IV da C.F. Não se deve<br />

esquecer que o Poder Judiciário faz<br />

parte da República Federativa do<br />

Brasil, e, conseqüent<strong>em</strong>ente, deve<br />

perseguir no âmbito de sua função<br />

primordial os objetivos fundamentais<br />

desta República traçados pela<br />

Constituição.<br />

A parcialidade positiva do juiz,<br />

portanto, é fruto de uma racionalidade<br />

crítica que visa a romper com<br />

a totalidade do sist<strong>em</strong>a vigente,<br />

com a clausura e delimitação da<br />

vida a partir da mera conservação<br />

do sist<strong>em</strong>a.<br />

O juiz deve reconhecer a exterioridade<br />

das vítimas que se apresenta<br />

transcendentalmente no processo,<br />

para o efeito de introduzir no âmbito<br />

da relação jurídica processual<br />

penal ou civil uma ética material<br />

voltada para a produção, reprodução<br />

e desenvolvimento da vida humana.<br />

Assim, deve o magistrado libertar-se<br />

da dogmática de seu “solipsismo”,<br />

de sua “subjetividade asséptica”,<br />

para alcançar o “outro”<br />

que se encontra num âmbito transcendental,<br />

realçando desta forma<br />

a sua responsabilidade pré-ontológica<br />

no campo da relação jurídica<br />

processual.<br />

O juiz não deve t<strong>em</strong>atizar o Outro<br />

(vítima inferiorizada na relação<br />

jurídica processual), mas desenvolver<br />

um desejo metafísico de proferir<br />

uma decisão équo e justa, segundo<br />

sua responsabilidade ética pré-originária<br />

à totalidade do sist<strong>em</strong>a jurídico<br />

dominante.<br />

Tendo <strong>em</strong> vista essa responsabilidade<br />

ética pré-originária não t<strong>em</strong>atizadora<br />

do “Outro”, o método<br />

analético antecede a própria dialética<br />

existente no âmbito da relação<br />

jurídica processual, permitindo,<br />

desta forma, a abertura efetiva ao<br />

“Outro” e, concomitant<strong>em</strong>ente, a<br />

derrubada do sist<strong>em</strong>a e da totalidade<br />

cerrada, para o fim de liberar o<br />

Outro negado <strong>em</strong> sua dignidade.<br />

Para a concretização desse postulado,<br />

o arquétipo de uma Justiça<br />

representada pela deusa Témis<br />

(a deusa da Justiça), com os olhos<br />

vendados, segurando <strong>em</strong> uma das<br />

mãos a espada e na outra uma balança<br />

<strong>em</strong> equilíbrio, deve adequarse<br />

a esse método analético. A venda<br />

da deusa da Justiça necessita<br />

ser retirada para que se possa reconhecer<br />

no processo a racionalidade<br />

do outro, a sua diferença sóciocultural-político-econômica.<br />

A balança, diante da realidade<br />

latino-americana, deve ser desequilibrada,<br />

a fim de representar as desigualdades<br />

sociais, econômicas e<br />

culturais existentes num continente<br />

regrado por injustiças sociais. E a<br />

espada, por fim, deveria ser substituída<br />

por uma ‘lupa’ para que se<br />

possam avistar as concepções ideológicas<br />

que exist<strong>em</strong> por detrás de<br />

um determinado ordenamento jurídico<br />

de cunho capitalista e neoglobalizante.<br />

Artigo com base na obra “A Parcialidade<br />

Positiva do Juiz”, publicada pela<br />

Editora Revista dos Tribunais. O Juiz<br />

<strong>Federal</strong> Artur César de Souza é Doutor<br />

pela Universidade <strong>Federal</strong> do Paraná;<br />

Pós-Doutor pelas seguintes Universidades:<br />

Università Statale di Milano, Universidad<br />

de Valência, Universidade <strong>Federal</strong><br />

de Santa Catarina; Juiz <strong>Federal</strong> da<br />

Vara de Execuções Fiscais de Londrina;<br />

Pesquisador da CAPES.<br />

11 Justiça <strong>Federal</strong> <strong>em</strong> <strong>revista</strong> | Ano XXI | Nº 109 | Agosto/2008


Domínio Público<br />

Esta coluna disponibiliza textos já divulgados no link www.dominiopublico.com.br, mantido pelo Ministério da<br />

Educação. Nesta edição estão publicados os primeiros capítulos da obra “Uma praga rogada nas escadas da forca”,<br />

de Camilo Castelo Branco (1825-1890), romancista português, nascido <strong>em</strong> Lisboa, autor de “Amor de Perdição”,<br />

entre outras obras. Foi o primeiro autor de língua portuguesa a viver de suas obras literárias.<br />

Uma praga rogada nas escadas da forca<br />

Camilo Castelo Branco<br />

- I -<br />

Bernardo Silva era um filho bastardo de<br />

um pobre de Vizeu. Do ventre materno passou<br />

à roda dos expostos e daí aos cuidados<br />

duma pobre mulher d’aldeia.<br />

Aos dez anos não conhecia pai; e sua<br />

mãe, mulher do povo, arrastada sobre a lama<br />

da plebe toda a sua vida, morrera com o segredo<br />

do nobre, que se dignara descer até<br />

ela para honrá-la com desonra.<br />

Bernardo, aos dez anos, era aprendiz de<br />

alfaiate, e de todos os seus companheiros era<br />

ele o mais desprezado, porque também era o<br />

mais preguiçoso.<br />

O rapaz vivia triste como se a idade lhe<br />

permitisse compreender a dor imensa dum<br />

grande desastre. Lá dentro daquele coração<br />

infantil falava uma profecia fúnebre. Com os<br />

olhos s<strong>em</strong>pre extáticos no horizonte negro do<br />

seu futuro, o pobre moço não tinha uma hora<br />

livre para o trabalho. Muitas vezes uma bofetada<br />

acordava-o daquele letargo; e o braço,<br />

que estava suspenso com a agulha, continuava<br />

a tarefa molhada de lágrimas.<br />

Aos 13 anos, era ainda um aprendiz de<br />

alfaiate, repelido deste para aquele mestre,<br />

desacreditado <strong>em</strong> todos, e inutilmente espancado<br />

por todos. Chamavam-no incorrigível, e<br />

ele mesmo conheceu que o era.<br />

Abandonou a agulha, e foi servir <strong>em</strong> casa<br />

de Francisco de Lucena. Era, aí, como <strong>em</strong><br />

toda parte, conhecido pelo “Bernardo Enjeitado”.<br />

Nunca ninguém se l<strong>em</strong>brou, alguma vez,<br />

de que um dos seus muitos filhos, atirados à<br />

roda, poderia ser seu lacaio.<br />

Bernardo era criado de tábua.<br />

- II -<br />

Este ofício era-lhe mais generoso que o<br />

de alfaiate. Tinha muitas horas livres para<br />

sua melancolia, e muitos esconderijos no<br />

amplo palácio de seu amo para refugiar-se<br />

duma sociedade que ele detestava s<strong>em</strong> saber<br />

por quê.<br />

Este viver excepcional naquela galhofeira,<br />

estúrdia, e estragada, excitou a curiosidade<br />

dos seus companheiros, e, depois, a dos<br />

amos. Aqueles chasqueavam-no com desabrimento:<br />

estes admiravam-no por compaixão.<br />

Bernardo chorava s<strong>em</strong> motivo. Sorria-se<br />

com violência. Era humilde com um não sei<br />

quê de estranha delicadeza. Destacava-se da<br />

sua classe com um ar orgulhoso, mas não calculado.<br />

Cumpria as suas muitas obrigações,<br />

e ninguém sabia quando as cumpria. Estas<br />

qualidades, raríssimas vezes encontradas<br />

num lacaio, tornavam-no assunto de estudo<br />

para os amos, que principiavam a interessarse<br />

na análise daquele obscuro enjeitado.<br />

Guardadas as inauferíveis distâncias que<br />

separam o senhor do servo, os fidalgos souberam<br />

que Bernardo desejava muito saber<br />

12<br />

Justiça <strong>Federal</strong> <strong>em</strong> <strong>revista</strong> | Ano XXI | Nº 109 | Agosto/2008<br />

ler, e gastava a maior parte da noite soletrando<br />

o abecedário, decorando as lições que<br />

o mordomo da casa lhe dava nas horas de<br />

desenfado.<br />

Qualquer que fosse o impulso que a isso<br />

o levou, é certo que o amo, por um nobre<br />

impulso, permitiu que o rapaz fosse a uma<br />

escola, e para isso aliviou-o dos encargos de<br />

moço de tábua, e elevou-o à hierarquia de<br />

escudeiro do menino mais velho.<br />

- III -<br />

Um ano depois, Bernardo fizera admiráveis<br />

progressos. Lia com inteligência do que<br />

lia; escrevia com acerto, e aprendera só consigo<br />

a gramática portuguesa, visto que seus<br />

amos lhe tinham permitido esta segunda<br />

parte dos seus estudos. Seria um caprichoso<br />

luxo permitir ao servo ciência que os amos<br />

não tinham! O Senhor de Lucena não daria o<br />

menor dos seus galgos pela vasta ciência do<br />

Lobato. E, talvez, tivesse razão.<br />

Em casa de fidalgo desta bitola, quando<br />

um criado adquire a confiança dos amos, há<br />

s<strong>em</strong>pre para isso uma de duas razões. Ou<br />

o criado, devasso como eles, encobre astuciosamente<br />

as devassidões dos amos; ou se<br />

torna estimável pelo zelo honroso com que<br />

procura encobrir-lhas, já que não pode repreender-lhas.<br />

Bernardo estava na segunda razão. Os<br />

filhos de Lucena eram livres e desmoralizados<br />

a não poder ser mais. Quiseram captar a<br />

benevolência do servo, não para aconselhálos,<br />

que não desciam eles a isso, mas para<br />

acompanhá-los <strong>em</strong> <strong>em</strong>presas difíceis, daquelas<br />

<strong>em</strong> que o braço do plebeu é muitas vezes<br />

a salvação das costas do fidalgo.<br />

Não o conseguiram nunca; mas também<br />

não tiveram de arrepender-se da confiança<br />

desse convite. Bernardo exercia uma influência<br />

admirável sobre os nobres libertinos. Era<br />

a superioridade da inteligência. Ouviam-no, e<br />

maravilhavam-se do acerto das suas idéias,<br />

e da linguag<strong>em</strong> escolhida com que o enjeitado<br />

se saía! O fato de ser enjeitado era <strong>em</strong><br />

Bernardo, talvez, um motivo de superstição<br />

naquela casa. Se ele fosse reconhecido filho<br />

dalgum borra-botas, como <strong>em</strong> linguag<strong>em</strong> nobiliárquica<br />

se chama um plebeu, decerto lhe<br />

não dariam a importância de o considerar<strong>em</strong><br />

pela inteligência. Mas o mistério, a possibilidade<br />

de ser vergôntea infeliz dum tronco<br />

ilustre, cingiam-lhe a fronte duma auréola<br />

entre nuvens, que poderia talvez, mias tarde,<br />

dissipar-se, e deixar na plenitude da sua<br />

luz aquele fruto do amor criminoso d’alguma<br />

raça nobilíssima, mais ou menos aparentada<br />

com os Lucenas!<br />

Tudo isto era possível; mas o que eles<br />

julgariam, entretanto, impossível, é o que vai<br />

ler-se.<br />

- IV -<br />

A família que Bernardo servia compunhase<br />

de pai, mãe, três filhos, e uma filha, de<br />

todos os irmãos a mais nova. Por então contava<br />

quinze anos. Era bonita, mas pobre. Os<br />

morgados não a pediam; os filhos segundos<br />

também não; e a sensível menina precisava<br />

amar, porque o seu coração era da têmpera<br />

daqueles que não sab<strong>em</strong> conceber somente o<br />

amor com a condicional do casamento.<br />

Eulália não tinha a mais superficial tintura<br />

de instrução, e por isso não pod<strong>em</strong>os, <strong>em</strong><br />

boa-fé, chamar-lhe romântica. Não era janeleira,<br />

n<strong>em</strong> rapinhava da papelaria dos irmãos<br />

o perfumado papel-cetim para depósito de<br />

sensaborias amorosas, e por isso não pod<strong>em</strong>os<br />

chamar-lhe doida.<br />

Era uma mulher, e nisto está dito tudo.<br />

Este Bernardo é que realmente se parecia<br />

muito com os nossos poetas de aspirações<br />

ferventes e meditações profundas. Mas não<br />

era impostor, n<strong>em</strong> romanticamente parvo. O<br />

rapaz tinha uma alma como poucas, e uma<br />

tristeza inconsolável como nenhuma. “A minha<br />

organização - dizia ele - é um aborto,<br />

uma enfermidade incurável”.<br />

Eulália simpatizava com aquela tristeza, e<br />

com a figura do rapaz. Achava-lhe traços de<br />

s<strong>em</strong>elhança com seus irmãos, e via nele o<br />

que ela chamava “cara de pessoa de b<strong>em</strong>”.<br />

E, conquanto eu deteste esta maneira de<br />

classificar as caras, porque não conheço as<br />

“caras de pessoas de mal” tenho-me visto <strong>em</strong><br />

circunstâncias forçadas de dizer o mesmo,<br />

porque há neste val de lágrimas umas caras<br />

que não exprim<strong>em</strong> b<strong>em</strong> n<strong>em</strong> mal, e essas são<br />

as piores caras.<br />

Bernardo não se l<strong>em</strong>brou nunca de fazer<br />

sentir à cozinheira da casa, e menos se l<strong>em</strong>braria<br />

de acender o fogo do amor no ilustre<br />

coração duma Lucena, com qu<strong>em</strong> <strong>em</strong> toda a<br />

sua vida falara três vezes.<br />

Eulália passou da doce simpatia ao amor<br />

abrasado, e do amor abrasado à paixão violenta.<br />

Por mais finos e eloqüentes olhares que<br />

a fogosa menina lançou ao escudeiro, o escudeiro,<br />

ou não dava por eles, ou explicava-os<br />

de qualquer modo, contanto que não ousasse<br />

ensoberbecer-se daquele fato disparatado. E<br />

Eulália desesperava-se!<br />

Uma praga rogada nas escadas da fôrca, de Camilo<br />

Castelo Branco<br />

Fonte: CASTELO BRANCO, Camilo. Uma praga rogada<br />

nas escadarias da fôrca. São Paulo : Logos,<br />

1959. p. 53-70 (Antologia da Literatura Mundial).<br />

Texto proveniente de:<br />

A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro<br />

<br />

A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo<br />

Permitido o uso apenas para fins educacionais.<br />

Texto-base digitalizado por: Simone Rosales - Porto<br />

Alegre – RS

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