02.09.2014 Views

Prezado - Curso de Música - Universidade Federal do Maranhão ...

Prezado - Curso de Música - Universidade Federal do Maranhão ...

Prezado - Curso de Música - Universidade Federal do Maranhão ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ENCONTRO DE PESQUISADORES EM COMUNICAÇÃO E MÚSICA POPULAR<br />

Abordagens interdisciplinares na pesquisa em música popular: arte, merca<strong>do</strong> e socieda<strong>de</strong>.<br />

26 a 28 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2010 – Campus <strong>do</strong> Bancanga – São Luis-MA<br />

1<br />

DO VINIL AO MP3:<br />

Musicalida<strong>de</strong> via celular na mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> 1<br />

Anissa Ayala Rocha da Silva Cavalcante 2<br />

Marina Fernanda Veiga <strong>do</strong>s Santos <strong>de</strong> Farias 3<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Maranhão, São Luís/MA<br />

Resumo: Esse artigo busca avaliar como a música po<strong>de</strong> se adaptar mediante as novas<br />

tendências fonoaudiólogicas, ou seja, na comunicação oral como meio <strong>de</strong> formação e<br />

consolidação nas relações sociais da atualida<strong>de</strong>. Ressaltan<strong>do</strong> a trajetória musical <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o vinil<br />

até o mp3, analisamos suas adaptações <strong>de</strong> veiculação e recepção, tornan<strong>do</strong> acessível à<br />

preferência das massas. Diante <strong>do</strong>s novos suportes tecnológicos, ven<strong>do</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

conciliar o lazer com a correria <strong>do</strong> dia-a-dia, o celular tem procura<strong>do</strong> se encaixar nessa<br />

modalida<strong>de</strong>, procuran<strong>do</strong>, também, colaborar com outros meios <strong>de</strong> comunicação para<br />

disponibilização e acesso a músicas <strong>de</strong> uma forma fácil e rápida. A partir disso, preten<strong>de</strong>mos<br />

enten<strong>de</strong>r a evolução da música através <strong>do</strong> mp3 perpassan<strong>do</strong> pelo vinil como importante<br />

suporte para o processo musical.<br />

Palavras-chave: Música. Convergência. Mídia. Comunicação.<br />

INTRODUÇÃO<br />

“A música é celeste, <strong>de</strong> natureza divina e <strong>de</strong> tal beleza<br />

que encanta a alma e a eleva acima da sua condição.”<br />

(Aristóteles)<br />

O vinil surgiu em mea<strong>do</strong>s da década <strong>de</strong> 50, numa época em que a música se<br />

tornava um privilégio <strong>de</strong> apreciação. Fazia parte da rotina das famílias que ao fim das tar<strong>de</strong>s<br />

se reuniam em volta das vitrolas para relaxar ao som <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s cantores da época. Com o<br />

passar <strong>do</strong> tempo e a transformação na mentalida<strong>de</strong> musical das pessoas, a busca pela novida<strong>de</strong><br />

tem se torna<strong>do</strong> constante, pois a música é algo fugaz que precisa se reconfigurar diante <strong>de</strong><br />

1 Trabalho apresenta<strong>do</strong> ao GT (nº 04): Música e convergência tecnológica, <strong>do</strong> II Musicom – Encontro <strong>de</strong><br />

Pesquisa<strong>do</strong>res em Comunicação e Música Popular, realiza<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 26 a 28 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2010, no Campus<br />

da UFMA, em São Luis – MA.<br />

2 Aluna <strong>do</strong> 5º perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Curso</strong> <strong>de</strong> Comunicação Social - Jornalismo da UFMA<br />

http://lattes.cnpq.br/2788717181423010. Email: anissa-ayala@hotmail.com<br />

3 Aluna <strong>do</strong> 5º perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Curso</strong> <strong>de</strong> Comunicação Social – Rádio e TV da UFMA.<br />

http://lattes.cnpq.br/9994267253743990. Email: mari.comunica@gmail.com


ENCONTRO DE PESQUISADORES EM COMUNICAÇÃO E MÚSICA POPULAR<br />

Abordagens interdisciplinares na pesquisa em música popular: arte, merca<strong>do</strong> e socieda<strong>de</strong>.<br />

26 a 28 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2010 – Campus <strong>do</strong> Bancanga – São Luis-MA<br />

2<br />

cada perío<strong>do</strong> e <strong>de</strong> cada época. Os artistas têm observa<strong>do</strong>s essa necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação e tem<br />

proporciona<strong>do</strong> seus estilos através <strong>de</strong> pacotes disponíveis via celular, ou seja,<br />

comercializan<strong>do</strong> e divulgan<strong>do</strong> seus conteú<strong>do</strong>s.<br />

Com isso, a música tem sofri<strong>do</strong> uma convergência tecnológica no âmbito <strong>do</strong><br />

ciberespaço em que a prática <strong>do</strong> <strong>do</strong>wnload permite a acessibilida<strong>de</strong> musical e a facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

transferência <strong>de</strong> arquivos para inúmeros suportes como o MP3 player ou o celular, em que o<br />

indivíduo po<strong>de</strong> ouvir a música da sua preferência em um simples “play” em qualquer lugar e<br />

em qualquer hora.<br />

A música tem a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aproximar pessoas <strong>de</strong> diversas “tribos” que<br />

possuem gostos afins e compartilham experiências na sua integração, como explica Olga<br />

Pombo.<br />

Mas a palavra falada é também uma palavra escutada e, enquanto tal, a cultura<br />

oral/acústica supõe um outro tipo <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong>, a proximida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s homens entre<br />

si, isto é, a constituição <strong>de</strong> fortes relações grupais. Mas, por isso mesmo, os ouvintes<br />

ten<strong>de</strong>m a manter-se próximos, liga<strong>do</strong>s entre si por nexos familiares e <strong>de</strong> estreita<br />

convivencialida<strong>de</strong>, relações tribais ou laços <strong>de</strong> cidadania e pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

manter viva uma memória colectiva. (OLGA POMBO, 1960, pág. 4)<br />

Ou seja, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista da mistificação cultural, a música não é só ouvida, mas<br />

internalizada <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com seu esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> espírito. Consequentemente, ven<strong>do</strong> a importância<br />

<strong>de</strong> manter essa internalização entre a música e o seu ouvinte, surge o celular que, <strong>de</strong>ntre<br />

muitas <strong>de</strong> suas funções, proporciona a portabilida<strong>de</strong> musical através <strong>do</strong> MP3 para acesso<br />

individual ou coletivo.<br />

UMA NOVA COMUNICAÇÃO<br />

A música se manifesta <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a pré-história em que o homem tomava<br />

conhecimento <strong>de</strong> um novo meio <strong>de</strong> comunicação com diferentes povos e permitia uma<br />

interação entre as diversas culturas e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s. Com a mo<strong>de</strong>rnização da socieda<strong>de</strong> e as<br />

influências sociais e culturais, a música tem toma<strong>do</strong> rumos diferentes em sua recepção se<br />

adaptan<strong>do</strong> às novas ferramentas. Carrega consigo mídias sonoras musicalizadas que tem como<br />

pressuposto buscar a aceitação <strong>do</strong> gran<strong>de</strong> público e se solidificar no meio em que compõe.<br />

A partir disso, o Vinil, a Fita cassete, o CD e atualmente o MP3, tornaram-se<br />

extensões da música, ou seja, através <strong>de</strong>les a música chega aos nossos ouvi<strong>do</strong>s e nos propõe


ENCONTRO DE PESQUISADORES EM COMUNICAÇÃO E MÚSICA POPULAR<br />

Abordagens interdisciplinares na pesquisa em música popular: arte, merca<strong>do</strong> e socieda<strong>de</strong>.<br />

26 a 28 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2010 – Campus <strong>do</strong> Bancanga – São Luis-MA<br />

3<br />

uma nova interação com o mun<strong>do</strong> e suas relações merca<strong>do</strong>lógicas provenientes <strong>do</strong> seu<br />

consumo.<br />

Walter Benjamin enfatiza em sua obra, Reprodutibilida<strong>de</strong> Técnica, que a música,<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à reprodução, per<strong>de</strong> a sua “aura”, ou seja, o seu valor artístico. Decio Pignatari ressalta<br />

essa questão quan<strong>do</strong> diz que, “A reversão <strong>do</strong> consumo da obra <strong>de</strong> arte não é mais o especta<strong>do</strong>r<br />

que vai ao objeto, mas o objeto que vai ao aprecia<strong>do</strong>r.” (PIGNATARI, 1976, pág. 82)<br />

Com esse pensamento analisa-se que a música se manifesta <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o<br />

contexto social a que se está inserida e que a mesma <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da condição <strong>de</strong> aceitação <strong>do</strong><br />

homem. Maurício Monteiro associa essa i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> adaptação da época à civilida<strong>de</strong>,<br />

Seguir os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> comportamento significava inserir-se e fazer parte <strong>de</strong> um<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> grupo que se diferenciava <strong>do</strong>s outros pela postura, pelo gosto e pelo<br />

costume. Esses manuais não só <strong>de</strong>terminaram os mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> comportamento e as<br />

regras <strong>de</strong> bem viver, como também serviram para distanciar ainda mais uma classe<br />

da outra. (MAURÍCIO, 2008, pág. 67)<br />

Esse distanciamento que Maurício fala, mostra na verda<strong>de</strong>, como a música se<br />

diversifica para todas as classes sociais. Forró, axé, pop, clássico, instrumental, rock, reggae<br />

entre outros, são gêneros que convivem no seu espaço, além <strong>de</strong> serem exemplos <strong>de</strong> como a<br />

música se compreen<strong>de</strong> diante <strong>de</strong> um novo mun<strong>do</strong> com públicos diversifica<strong>do</strong>s e visões<br />

diferentes. Na medida em que o indivíduo se permite compartilhar das práticas moldadas pelo<br />

meio, classifica-se o gosto como um fenômeno social. Logo, gosto se discute.<br />

NEM IDEAIS ABSOLUTOS, NEM PRECONCEITOS INFLEXÍVEIS 4 .<br />

No ciberespaço a música visa a coletivida<strong>de</strong>, em que a disponibilização <strong>de</strong><br />

conteú<strong>do</strong> musical é facilmente encontrada em programas específicos e sites, buscan<strong>do</strong> a<br />

convergência da música com seus usuários.<br />

O merca<strong>do</strong> on line não conhece as distâncias geográficas. To<strong>do</strong>s os seus pontos<br />

estão em princípio igualmente “próximos” uns <strong>do</strong>s outros para o compra<strong>do</strong>r<br />

4 Frase <strong>de</strong> Gilberto Freyre, utilizada por Maurício Monteiro na obra: A Construção <strong>do</strong> Gosto. Música e<br />

Socieda<strong>de</strong> na corte <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro – 1808-1821. (2008, pág. 15)


ENCONTRO DE PESQUISADORES EM COMUNICAÇÃO E MÚSICA POPULAR<br />

Abordagens interdisciplinares na pesquisa em música popular: arte, merca<strong>do</strong> e socieda<strong>de</strong>.<br />

26 a 28 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2010 – Campus <strong>do</strong> Bancanga – São Luis-MA<br />

4<br />

potencial (telecompra). Em suma, o cibermerca<strong>do</strong> é mais transparente que o<br />

merca<strong>do</strong> clássico. (LÉVY. 1996, pág. 62)<br />

Portanto, o ciberespaço possibilita a convergência <strong>de</strong> tribos que buscam<br />

afinida<strong>de</strong>s e conteú<strong>do</strong>s para manutenção <strong>do</strong>s seus gostos e aproxima a música <strong>de</strong> seus<br />

usuários. A partir disso, o celular faz com que a pessoa disponibilize <strong>do</strong> pleno <strong>do</strong>mínio<br />

daquela mídia, pois, a transferência <strong>de</strong>sse arquivo faz com que o indivíduo <strong>de</strong>tenha controle<br />

<strong>do</strong> que ouve po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> selecionar as músicas <strong>de</strong> sua preferência em playlists. Alimentan<strong>do</strong><br />

assim, um merca<strong>do</strong> como o das gran<strong>de</strong>s companhias <strong>de</strong> celular que, direta ou indiretamente,<br />

promovem a parceria entre os artistas e a telefonia celular, que vêem na música um<br />

interessante meio <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> lucro por ambas as partes.<br />

Como exemplo, temos o caso apresenta<strong>do</strong> em 2008, no qual a Nokia lançou um<br />

pacote <strong>de</strong> músicas gratuitas, Comes with Music, 5 que teve como objetivo dificultar a<br />

comercialização ilegal da música. Porém esse pacote acabou causan<strong>do</strong> uma possível ameaça<br />

não só à superiorida<strong>de</strong> da Apple no campo da mídia digital, mas também <strong>de</strong> todas as outras<br />

opera<strong>do</strong>ras. Esse fato reflete um merca<strong>do</strong> crescente e competitivo vigente na indústria atual.<br />

“A música, obe<strong>de</strong>cen<strong>do</strong> ao impulso <strong>de</strong> sua própria coerência objetiva, tem<br />

dissolvi<strong>do</strong> criticamente a i<strong>de</strong>ia da obra re<strong>do</strong>nda e compacta e corta<strong>do</strong> a conexão <strong>do</strong> efeito<br />

coletivo.” (ADORNO, 2007, pág. 33). Um exemplo <strong>do</strong> que A<strong>do</strong>rno refere, são os fones <strong>de</strong><br />

ouvi<strong>do</strong>, responsáveis pela individualização musical em que, a música foca-se apenas ao<br />

auditivo pessoal, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o mesmo compartilhar com outras pessoas que venham a se<br />

interessar ou não <strong>do</strong> mesmo estilo. Para Mcluhan “o canal <strong>de</strong> audição é intrinsecamente mais<br />

rico, ou como ele expressa, „mais quente‟ <strong>do</strong> que, digamos, o da visão” (MCLUHAN, 1971,<br />

pág. 11), ou seja, a música como mídia sonora <strong>de</strong>sperta em seus a<strong>de</strong>ptos o imaginário pela<br />

riqueza <strong>de</strong> suas letras, diferentemente da visão, em que tu<strong>do</strong> se encontra <strong>de</strong> forma muito<br />

específico.<br />

MÚSICA SEM FRONTEIRAS: uma nova maneira <strong>de</strong> socialização<br />

A música como fonte inspira<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s artistas trabalha com a recepção e se<br />

torna a peça chave para a aceitação <strong>do</strong> público.<br />

5 Termo cita<strong>do</strong> no site Terra, referin<strong>do</strong>-se ao novo pacote da Nokia para divulgação da música e sua<br />

consolidação no merca<strong>do</strong>.


ENCONTRO DE PESQUISADORES EM COMUNICAÇÃO E MÚSICA POPULAR<br />

Abordagens interdisciplinares na pesquisa em música popular: arte, merca<strong>do</strong> e socieda<strong>de</strong>.<br />

26 a 28 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2010 – Campus <strong>do</strong> Bancanga – São Luis-MA<br />

5<br />

A música como expressão artística da razão e da sensibilida<strong>de</strong> das<br />

pessoas, a partir da qual se cria a cultura musical. A música cumpre<br />

ao mesmo tempo as funções <strong>de</strong> linguagem e <strong>de</strong> signo, que expressa e<br />

simboliza acontecimentos particulares <strong>de</strong> cada socieda<strong>de</strong>. (CLÓVIS<br />

LIMA E ROSE SANTINI, 2009, pág. 2)<br />

Desta forma, as letras das músicas, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a época, são o primeiro atrativo<br />

que, ao serem ouvidas tanto pelo vinil como pelo celular, aguçam os senti<strong>do</strong>s<br />

automaticamente apreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> públicos específicos que buscam nas mesmas, i<strong>de</strong>ntificação e<br />

memórias associadas à vida pessoal. Simone Sá 6 , no artigo, Mediações musicais através <strong>do</strong>s<br />

telefones celulares, argumenta com Meyrowitz (2004) sobre a cultura <strong>do</strong>s “nôma<strong>de</strong>s globais”,<br />

ou seja, estaríamos entran<strong>do</strong> em uma era <strong>de</strong> perda da cultura das letras e, conseqüentemente,<br />

retornan<strong>do</strong> à era das cavernas. Esse regresso mostraria como os indivíduos têm sofri<strong>do</strong> a<br />

recepção musical, “Ler e escrever não são tão naturais quanto ouvir e falar, e não são tão<br />

facilmente aprendi<strong>do</strong>s”. (MEYROWITZ, 2004, p.24)<br />

O vinil vem <strong>de</strong>limitar a música como referencial, em que pessoas guardavam-os<br />

como verda<strong>de</strong>iras obras <strong>de</strong> arte ven<strong>do</strong> no seu <strong>de</strong>lica<strong>do</strong> <strong>de</strong>sign um meio <strong>de</strong> diversão, e, nas<br />

suas melodias, relaxamento. Com gravação analógica, os riscos <strong>de</strong> conservação <strong>do</strong> vinil eram<br />

inevitáveis. Com ajuda <strong>de</strong> uma agulha para reprodução <strong>do</strong> vinil, esse processo acabava<br />

danifican<strong>do</strong>-os e tornan<strong>do</strong>-se pouco atraente com o uso contínuo. Com o passar <strong>do</strong> tempo e o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento das cida<strong>de</strong>s esse perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> “ouvir música em casa”, tornou-se remoto. Era<br />

necessário ter praticida<strong>de</strong> e melhor qualida<strong>de</strong> para que a música acompanhasse o novo ritmo<br />

<strong>de</strong> vida das pessoas A partir <strong>de</strong>ssas transformações o homem aprimorou o disco <strong>de</strong> vinil para<br />

um formato mais compacto e com maior armazenamento, surgin<strong>do</strong> o CD. Esse era apenas o<br />

ponto <strong>de</strong> partida para digitalização musical levan<strong>do</strong> produtores a investir cada vez mais no<br />

ramo musical.<br />

MP3: Uma extensão musical da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />

Para ter acesso ao CD, as pessoas tinham que pagar um preço, na maioria das<br />

vezes, alto. Porém, com a disponibilização das músicas na internet pelo <strong>do</strong>wnload, ficou mais<br />

fácil ter uma ou mais faixas <strong>de</strong> um ou mais CD‟s. Com isso, inicia-se uma nova era musical<br />

6 Simone Pereira <strong>de</strong> Sá é Doutora em Comunicação e antropóloga. É professora <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação<br />

em Comunicação da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense, on<strong>de</strong> coor<strong>de</strong>na o C.U.L.T – Laboratório <strong>de</strong> Cultura<br />

Urbana, Lazer e Tecnologias, <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> no momento pesquisa (apoiada pelo CNPq) sobre tecnologias<br />

digitais e música eletrônica. É autora <strong>de</strong> Baiana Internacional – As mediações culturais <strong>de</strong> Carmen Miranda<br />

(MIS – 2002); co-organiza<strong>do</strong>ra da coletânea Prazeres Digitais: computa<strong>do</strong>res, entretenimento e sociabilida<strong>de</strong> (epapers;<br />

2004); ten<strong>do</strong> publica<strong>do</strong> diversos artigos sobre tecnologias da comunicação, música e sociabilida<strong>de</strong>.


ENCONTRO DE PESQUISADORES EM COMUNICAÇÃO E MÚSICA POPULAR<br />

Abordagens interdisciplinares na pesquisa em música popular: arte, merca<strong>do</strong> e socieda<strong>de</strong>.<br />

26 a 28 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2010 – Campus <strong>do</strong> Bancanga – São Luis-MA<br />

6<br />

em que a Internet contribui para a rápida evolução. Novas interações são consolidadas e a<br />

procura pelo ineditismo se torna a maior das angústias para aqueles que produzem e<br />

preten<strong>de</strong>m “fabricar” músicas para comercialização. Assim, as músicas são disponibilizadas<br />

em sites especializa<strong>do</strong>s almejan<strong>do</strong> a aceitação <strong>do</strong> gran<strong>de</strong> público. Os meios <strong>de</strong><br />

armazenamento se <strong>de</strong>senvolvem <strong>de</strong>spertan<strong>do</strong> o interesse e facilitan<strong>do</strong> a massificação musical.<br />

Clóvis Lima fala sobre as transformações tecnológicas que afetam a música e<br />

como o MP3 influencia neste senti<strong>do</strong>. “As mudanças tecnológicas afetam os mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

registro e <strong>de</strong> difusão da música. e as formações subjetivas em torno <strong>do</strong> mp3 são extremamente<br />

ricas e claramente transitórias” (CLÓVIS LIMA E ROSE SANTINI, 2009, pág. 2 e 3)<br />

Com a Internet, o MP3 causou gran<strong>de</strong> revolução no mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> entretenimento,<br />

marcan<strong>do</strong> uma nova transição da música em que a digitalização permite melhor sonorida<strong>de</strong> e<br />

compressão <strong>de</strong> arquivos po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser armazena<strong>do</strong> até 1000 músicas. O MP3 é uma ferramenta<br />

útil para armazenar as músicas que as pessoas venham a acessar e baixar através da internet.<br />

Esse processo rápi<strong>do</strong> e fácil <strong>de</strong> acesso ao material disponível na re<strong>de</strong> acaba por fortalecer o<br />

novo “merca<strong>do</strong> da música”.<br />

Henry Jenkings 7 , na obra Cultura da Convergência, traz à tona três conceitos<br />

pertinentes que são a convergência <strong>do</strong>s meios <strong>de</strong> comunicação, cultura participativa e<br />

inteligência coletiva, nos nortean<strong>do</strong> na real interação <strong>de</strong>stes meios para publicização musical,<br />

“A convergência não ocorre por meio <strong>de</strong> aparelhos, por mais sofistica<strong>do</strong>s que venham a ser. A<br />

convergência ocorre <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s cérebros <strong>de</strong> consumi<strong>do</strong>res individuais e em suas interações<br />

sociais com outros” (HENRY JENKINGS, 2008, p.27-28).<br />

O que <strong>de</strong>monstra que além da participação massiva <strong>de</strong> suportes midiáticos, o<br />

homem precisa também se <strong>de</strong>ixar levar por esta cultura, em que o ouvi<strong>do</strong> humano se torna um<br />

importante instrumento no campo da cibercultura.<br />

Música e Cibercultura: influências na musicalida<strong>de</strong> contemporânea<br />

7 Henry Jenkins III (nasci<strong>do</strong> em 4 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1958 em Atlanta, Geórgia) é um americano estudioso da mídia e<br />

atualmente reitor Professor <strong>de</strong> Comunicação, Jornalismo e Artes Cinematográficas, uma ca<strong>de</strong>ira comum na USC<br />

Annenberg School for Communication e a Escola <strong>de</strong> Artes Cinematográficas da USC . [1] Anteriormente, ele era<br />

o Peter <strong>de</strong> Florez Professor <strong>de</strong> Humanida<strong>de</strong>s e co-diretor <strong>do</strong> MIT Media Comparative Studies programa com<br />

William Uricchio . Ele também é autor <strong>de</strong> vários livros, incluin<strong>do</strong> a convergência: Cultura on<strong>de</strong> os antigos e<br />

New Media Colli<strong>de</strong>, Poachers Textual: fãs <strong>de</strong> televisão e Participativo da Cultura e que fez Pistachio Nuts?:<br />

Early Sound Comédia e da Estética Vau<strong>de</strong>ville


ENCONTRO DE PESQUISADORES EM COMUNICAÇÃO E MÚSICA POPULAR<br />

Abordagens interdisciplinares na pesquisa em música popular: arte, merca<strong>do</strong> e socieda<strong>de</strong>.<br />

26 a 28 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2010 – Campus <strong>do</strong> Bancanga – São Luis-MA<br />

7<br />

Mesmo com a música ten<strong>do</strong> sofri<strong>do</strong> evoluções em sua “aura”, como explicitou<br />

Benjamin, o que se observa hoje, é a “reutilização” <strong>de</strong> meios que na década <strong>de</strong> 50 estavam no<br />

auge da popularida<strong>de</strong> e, que, atualmente servem como ferramentas para elaboração <strong>de</strong> um<br />

novo som que vem a proporcionar uma mesclagem <strong>do</strong> antigo com o mo<strong>de</strong>rno.<br />

A cibercultura também está relacionada a esses processos <strong>de</strong> digitalização musical<br />

em que a “virtualização da música” vem ganhan<strong>do</strong> a<strong>de</strong>ptos que procuram acessibilida<strong>de</strong> e ser<br />

inseri<strong>do</strong> na cultura <strong>do</strong> digital. Clóvis e Rose Santini (2009) argumentam com Lévy (1999)<br />

que, “A „cibercultura‟ - isto é, a sinergia entre a esfera tecnológica das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comunicação<br />

e a sociocultural - imprimiu um redimensionamento ao mun<strong>do</strong> da música advindas das<br />

técnicas <strong>de</strong> compressão em arquivos <strong>de</strong> áudio” (LÉVY, 1999).<br />

A palavra “virtual” significa força, ou seja, a virtualização conota um importante<br />

meio <strong>de</strong> interações vigentes no ciberespaço. Como o próprio Lévy cita metaforicamente que<br />

“a árvore está virtualmente presente na semente”, em que o virtual e o atual caminham juntos<br />

para <strong>de</strong>senvolvimento da cibercultura.<br />

Uma gran<strong>de</strong> parcela <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> exclusivamente <strong>do</strong>s seres<br />

sociais que, inseri<strong>do</strong>s no meio, se vêem em uma nova realida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s são<br />

formadas e construídas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s “imaginárias”, que o homem <strong>de</strong>tém <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> formar<br />

sua própria imagem ditada pela socieda<strong>de</strong> para aceitação nessa re<strong>de</strong>.<br />

Quan<strong>do</strong> uma pessoa, uma coletivida<strong>de</strong>, um ato, uma informação se virtualizam, eles<br />

se tornam “não presentes” se <strong>de</strong>sterritorializam. Uma espécie <strong>de</strong> <strong>de</strong>sengate e separa<br />

<strong>do</strong> espaço físico ou geográfico ordinário e da temporalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> relógio e <strong>do</strong><br />

calendário. É verda<strong>de</strong> que não são totalmente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> espaço tempo <strong>de</strong><br />

referência, uma vez que <strong>de</strong>ve sempre se inserir em suporte físico e se atualizar aqui<br />

ou alhures, agora ou mais tar<strong>de</strong>. (LÉVY, 1996, pág. 21)<br />

“Os cibernautas não têm necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dinheiro porque sua comunida<strong>de</strong> já<br />

dispõe <strong>de</strong> um objeto constitutivo, virtual, <strong>de</strong>sterritorializa<strong>do</strong>, produtor <strong>de</strong> vínculo e cognitivo<br />

por sua própria natureza.” (LÉVY, 1996, pág. 129). Portanto, percebemos que com a<br />

compressão e armazenamento <strong>de</strong>sses arquivos permiti-se abrir um leque <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s<br />

comunicacionais em que a música está inserida através <strong>de</strong> suas re<strong>de</strong>s e influências i<strong>de</strong>ntitárias<br />

provenientes da cultura <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r.


ENCONTRO DE PESQUISADORES EM COMUNICAÇÃO E MÚSICA POPULAR<br />

Abordagens interdisciplinares na pesquisa em música popular: arte, merca<strong>do</strong> e socieda<strong>de</strong>.<br />

26 a 28 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2010 – Campus <strong>do</strong> Bancanga – São Luis-MA<br />

8<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

A passagem da música, inicialmente, pela pré-história como um novo meio <strong>de</strong><br />

comunicação; sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> evolução <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o contexto histórico à qual está<br />

inserida; extensões perpassan<strong>do</strong> pelo Vinil, Fita cassete, CD e MP3; mo<strong>de</strong>rnização tanto em<br />

seus gêneros como em sua reprodução e recepção; os meios tecnológicos facilitan<strong>do</strong> na<br />

distribuição da música; a individualização musical em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong>sses aparelhos e o<br />

constante processo <strong>de</strong> evolução da música, das ferramentas e da mentalida<strong>de</strong> humana, foram<br />

as peças-chave para <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sse estu<strong>do</strong>.<br />

Realizar um regresso ao passa<strong>do</strong> e ver como a música está inserida nas nossas<br />

vidas é <strong>de</strong>scobrir a nossa própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Como <strong>de</strong>ixamos claro, a música não se<br />

transforma, se evolui. E essa evolução nos permite <strong>de</strong>scobrir como a música se manifestou em<br />

cada época, como meio <strong>de</strong> comunicação entre os povos, como referência <strong>de</strong> nobreza, como<br />

causa <strong>de</strong> movimentos pacifistas, como crítica social e política e como i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural.<br />

Portanto, a música se torna uma expressão <strong>do</strong> espírito <strong>do</strong> indivíduo que durante as<br />

transformações socioculturais ganhou uma conotação merca<strong>do</strong>lógica. E é nessa transposição<br />

da música para comercialização, e que a mesma per<strong>de</strong> sua “aura”, se tornan<strong>do</strong> um produto <strong>de</strong><br />

consumo das massas.<br />

REFERÊNCIAS<br />

JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. 1º edição. São Paulo. Editora Aleph. 2008.<br />

TRAVASSOS, Elizabeth. Mo<strong>de</strong>rnismo e Música brasileira. 2ª edição. Rio <strong>de</strong> Janeiro. Jorge<br />

Zahar. 2000.<br />

MILLER, Jonathan. As idéias <strong>de</strong> Mcluhan. São Paulo. Cultrix. Edição da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

São Paulo, 1973.<br />

LÉVY, Pierre. O que é virtual? 1ª ed. 1996 e 1ª reimpressão 1997. São Paulo. Editora 34.<br />

1996.<br />

ADORNO, Theo<strong>do</strong>r W. Filosofia da nova música. 3ª edição – 2ª reimpressão. Editora<br />

perspectiva. São Paulo. 2007.<br />

PIGNATARI, Decio. Informação. Linguagem. Comunicação. 7ª edição. Editora<br />

perspectiva. São Paulo, 1976.<br />

MONTEIRO, Maurício. A construção <strong>do</strong> gosto: música e socieda<strong>de</strong> na corte <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro – 1808-1821. Editora Ateliê editorial. São Paulo, 2008.<br />

LIMA, Reinal<strong>do</strong>. Um pouco da história <strong>do</strong> vinil.<br />

http://reinal<strong>do</strong>l.wordpress.com/2007/06/12/um-pouco-da-historia-<strong>do</strong>-vinil/ com acesso em<br />

11/05/2010.


ENCONTRO DE PESQUISADORES EM COMUNICAÇÃO E MÚSICA POPULAR<br />

Abordagens interdisciplinares na pesquisa em música popular: arte, merca<strong>do</strong> e socieda<strong>de</strong>.<br />

26 a 28 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2010 – Campus <strong>do</strong> Bancanga – São Luis-MA<br />

9<br />

POMBO, Olga. O meio é a mensagem.<br />

http://www.educ.fc.ul.pt/<strong>do</strong>centes/opombo/hfe/ca<strong>de</strong>rnos/mcluhan/estu<strong>do</strong>_mcl_olga.pdf com<br />

acesso em 11/05/2010<br />

LIMA, Clóvis; SANTINI ROSIE. Produção <strong>de</strong> música com as novas tecnologias <strong>de</strong> informação<br />

e comunicação http://www.gepicc.ufba.br/enlepicc/pdf/RoseMarieSantini.pdf, Com<br />

acesso:11/05/2010.<br />

LIMA, Clóvis; SANTINI ROSIE Música e cibercultura<br />

http://revcom2.portcom.intercom.org.br/in<strong>de</strong>x. php/famecos/article/viewFile/5964/5269, Com<br />

acesso:12/05/2010<br />

TERRA, Site. http://tecnologia.terra.com.br/noticias/0,,OI3227411-EI15606,00-<br />

Nokia+enfrenta+Apple+com+celular+e+pacote+<strong>de</strong>+musica.html, com acesso em 13/05/2010.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!