Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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AS REFORMAS DE BASE E O MOVIMENTO ESTUDANTIL<br />
No início <strong>do</strong>s anos <strong>de</strong> 1960, principalmente entre 1962 e os primeiros meses <strong>de</strong><br />
1964, o principal <strong>de</strong>bate que dividiu as opiniões da socieda<strong>de</strong> brasileira foram as<br />
reformas <strong>de</strong> base. Essas reformas foram materializadas, <strong>de</strong>ntre outras, nas propostas<br />
<strong>de</strong> reforma agrária, urbana, bancária, eleitoral e universitária. A justificativa era <strong>de</strong> que<br />
o Brasil havia chega<strong>do</strong> a um grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>sen<strong>vol</strong>vimento que exigia transformações<br />
estruturais que possibilitassem a sua continuida<strong>de</strong> por meio da “ativação da economia<br />
rural e da mobilização da econômica urbana, ampliada através” das outras reformas<br />
em marcha. 1<br />
Como tema <strong>de</strong>ssas reformas o ensino superior também era consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong><br />
supera<strong>do</strong> para a realida<strong>de</strong> em que o Brasil se encontrava. Segun<strong>do</strong> o Programa <strong>de</strong><br />
Governo para a Educação e Cultura:<br />
“*o+ país que se industrializa e necessita, cada vez mais, <strong>de</strong> técnicos <strong>de</strong><br />
nível superior para as múltiplas tarefas <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna,<br />
continuamos a manter um ensino universitário obsoleto, <strong>de</strong> alto custo<br />
e baixo rendimento, além <strong>de</strong> inteiramente insuficiente <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong><br />
vista quantitativo.” 2<br />
Para Florestan Fernan<strong>de</strong>s, além da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> superar a precarieda<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
ensino superior, também era necessário uma total “substituição <strong>do</strong> padrão aí<br />
<strong>do</strong>minante <strong>de</strong> trabalho pedagógico que fazia <strong>do</strong> labor intelectual um fim em si mesmo,<br />
divorcian<strong>do</strong>-se exageradamente da pesquisa científica, <strong>do</strong> pensamento cria<strong>do</strong>r e da<br />
reflexão prática”. 3<br />
As reformas que foram propostas no campo educacional, no entanto, não<br />
foram <strong>de</strong>bates exclusivos <strong>do</strong> governo ou <strong>do</strong>s intelectuais. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudanças<br />
1 RIBEIRO, Darcy. (1994) “Nossa herança política”. In: FREIXO, Adriano <strong>de</strong>; MUNTEAL, Oswal<strong>do</strong>;<br />
VENTAPANE, Jaqueline (Org.). O Brasil <strong>de</strong> João Goulart: um projeto <strong>de</strong> nação. Rio <strong>de</strong> Janeiro: PUC-<br />
Rio/Contraponto, 2006, pp. 207-208.<br />
2 Programa <strong>de</strong> governo para educação e cultura (1961), Educação e Ciências Sociais, Ano VI, <strong>vol</strong>. 9, nº.<br />
17, Maio – Agosto, p. 14.<br />
3 FERNANDES, Florestan (1960). “Da<strong>do</strong>s Sobre a situação <strong>do</strong> ensino”. Revista Brasiliense. nº. 30, Julho –<br />
Agosto, p. 112.