a educação no sanatório - Faculdade de Psicologia e de Ciências ...

horizontes com as amizades, nacionais e estrangeiras, com quem partilham ideários vastos e laicos
que lhes permitem a construção de uma personalidade alicerçada em importantes valores sociais,
e que lhes possibilitam, em muitos casos, o desempenho de papéis de intervenção social, cultural
e mesmo política.
Este trabalho permitiu-nos abrir a pesquisa à educação não formal, no sentido em que, para
além da escola elementar que continha, todo o sanatório foi uma escola. Desde a sua concepção
foi uma escola de cidadania pelo compromisso cívico que demonstrou, escola de arquitectura
sanatorial pela inovação que constituiu, escola de medicina pela divulgação de práticas curativas
de vanguarda e pela sua divulgação aos jovens médicos da escola médico-cirúrgica do Porto que
iniciavam a sua prática clínica neste sanatório.
Pretendemos também despertar a curiosidade de investigadores para a continuação do estudo
deste tipo de instituições de forma a traçar um panorama das práticas médico-sociais relativas à
assistência à tuberculose e para a necessidade de uma investigação cuidada das relações e dos
intercâmbios estabelecidos entre os diferentes sanatórios do país; a mobilidade dos doentes, o
excesso de lotação e os longos períodos de internamento; a circulação de conhecimentos científicos
e de práticas médicas nos sanatórios; a frequente troca de favores entre médicos, políticos e
beneméritos.
Apesar das limitações, consideramos que lográmos conhecer uma realidade esquecida no
tempo: a tuberculose e o seu tratamento num sanatório marítimo; o património arquitectónico
ainda existente; o seu arquitecto, Oliveira Ferreira, e sua gramática arquitectónica; a educação em
ambiente sanatorial. Caracterizámos a génese de uma comunidade que teve início com a existência
de uma doença e que muito beneficiou com um movimento privilegiado de doentes que, com
grande reconhecimento pela instituição que os devolveu à vida, ofereceram o que tinham de
melhor em gesto de gratidão. Os abastados ofereceram dinheiro e bens; os médicos aqui deixaram
as suas práticas e produção técnica; os artistas presentearam a comunidade com obras de arte,
textos, poemas; os populares, dedicação; e as crianças transmitiram às gerações futuras o que foi
sobreviver ao flagelo da tuberculose num contexto de afastamento das famílias internadas num
sanatório.
Contactos: Escola Secundária Dr. Joaquim Gomes Ferreira Alves, Rua Professor Amadeu Santos, 4405-594
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Porto, Rua Dr. Manuel Pereira da Silva, 4200-392 Porto – Portugal
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