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Jornalismo cultural em tempos de cultura líquida - Itaú Cultural

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indústria <strong><strong>cultura</strong>l</strong> no jornalismo como uma forma <strong>de</strong> reconhecimento <strong>de</strong>ssa prática, dotada <strong>de</strong><br />

uma lógica distintiva para os produtos <strong>cultura</strong>is.<br />

Ao tentar ocupar mais espaços nos veículos, fazer com que os jornalistas apont<strong>em</strong>, elejam<br />

distintivamente um produto <strong><strong>cultura</strong>l</strong> (filme, livro, álbum fonográfico), i<strong>de</strong>ntifico que há uma<br />

dinâmica no ambiente midiático que, tradicionalmente, colocou o jornalismo <strong><strong>cultura</strong>l</strong> como um<br />

mediador entre indústria <strong><strong>cultura</strong>l</strong> e consumidor, mercado e plateia, instituição e público. Essa<br />

lógica, ao que me parece, foi o sustentáculo da relação s<strong>em</strong>pre próxima entre jornalismo e<br />

indústria <strong><strong>cultura</strong>l</strong>, relação esta que pod<strong>em</strong>os consi<strong>de</strong>rar como intermediada, na medida que as<br />

orientações e os agendamentos sobre o consumo dos produtos <strong>cultura</strong>is s<strong>em</strong>pre partia das<br />

instituições da indústria da <strong>cultura</strong>. Detalhando: são as instituições da indústria do cin<strong>em</strong>a<br />

(estúdios, distribuidoras) que indicam os períodos <strong>em</strong> que os filmes serão lançados. O critério <strong>de</strong><br />

agendamento <strong>de</strong> uma matéria jornalística sobre um filme se dá <strong>em</strong> função do lançamento <strong>de</strong>sse<br />

filme nos cin<strong>em</strong>as. Logo, t<strong>em</strong>os os contornos do que pod<strong>em</strong>os chamar da indústria agendando o<br />

jornalismo: parte-se do pressuposto <strong>de</strong> que o jornalista <strong><strong>cultura</strong>l</strong> <strong>de</strong>ve falar sobre algo que esteja<br />

<strong>em</strong> circuito <strong>de</strong> exibição, nas prateleiras das lojas, nas principais livrarias.<br />

Mas, vamos probl<strong>em</strong>atizar: comecei esta reflexão falando justamente das formas presenciais e<br />

virtuais <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> bens <strong>cultura</strong>is. E, ao me r<strong>em</strong>eter, por ex<strong>em</strong>plo, a circuitos <strong>de</strong> exibição,<br />

prateleiras das lojas e livrarias, estou tratando, unicamente, das formas presenciais <strong>de</strong> consumo<br />

<strong>de</strong> bens <strong>cultura</strong>is. Logo, a intermediação da indústria <strong><strong>cultura</strong>l</strong> sobre a noticiabilida<strong>de</strong> e o<br />

agendamento dos textos nos jornalismo <strong><strong>cultura</strong>l</strong> parece dizer respeito, fundamentalmente, a uma<br />

dinâmica presencial e, portanto, parcial do acesso aos bens <strong>cultura</strong>is. A minha pergunta ressoa:<br />

e os filmes que estão disponíveis nas plataformas <strong>de</strong> compartilhamento? Os arquivos <strong>de</strong> MP3<br />

que se encontram nos blogs e até nos sites dos artistas? Que dizer dos livros que estão<br />

disponíveis para download nos próprios sites dos escritores? Como lidar com esses produtos<br />

<strong>cultura</strong>is “líquidos”, que se espraiam, estão livres, disponíveis, acessíveis nas inúmeras<br />

plataformas <strong>de</strong> conteúdo da re<strong>de</strong>? De que forma o jornalismo <strong><strong>cultura</strong>l</strong> lida com esses produtos?<br />

Eles “val<strong>em</strong>” matéria? Rend<strong>em</strong> alguma pauta ou texto apreciativo? O que falar sobre esses<br />

produtos se eles não exist<strong>em</strong> “fisicamente”? É possível?<br />

Algumas questões sobre <strong>de</strong>sintermediação<br />

Sim, é possível. E, <strong>em</strong> alguns casos, trata-se <strong>de</strong> uma fresta <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> na prática do<br />

jornalismo <strong><strong>cultura</strong>l</strong> <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula. Por que, ao ministrarmos as disciplinas <strong>de</strong> jornalismo<br />

<strong><strong>cultura</strong>l</strong>, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os nos pautar por eventos, ações, lançamentos exclusivamente presenciais? Por<br />

que não realizar coberturas, por ex<strong>em</strong>plo, <strong>de</strong> exposições <strong>de</strong> arte virtuais, <strong>de</strong> espetáculos <strong>de</strong><br />

www.itau<strong><strong>cultura</strong>l</strong>.org.br 9

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