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HE&TICOS E IMPUROS<<strong>br</strong> />

a Inquisi~iio e os cristRos-novos no Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

seculo XVIII


FIXFEITCrM DA CIDADC DL) NO DE JANEIRO<<strong>br</strong> />

Ccsar Maia<<strong>br</strong> />

SECKTARIA MIJNICIFAL DF. CULTLIRA<<strong>br</strong> />

Helena Scvcro<<strong>br</strong> />

DEPARTAMENTO GGRAL DE DOCIJMENTACAO<<strong>br</strong> />

E INFOWC.&O CLILTURAL<<strong>br</strong> />

Vera Mangas<<strong>br</strong> />

DIVISiiO DE EDITORACAO<<strong>br</strong> />

Diva Maria Dias Graciosa<<strong>br</strong> />

CONSELMO EDITORIAL<<strong>br</strong> />

Vera Mansas Cpm.idcntc), Renato Cordeiro Gomes, Luciano Raposo de<<strong>br</strong> />

Almeida Figueiredo, Heloisa Frossard, Alexander Nicolaeff, Anna Maria de<<strong>br</strong> />

Andrade Rodngues, Alexandre Nazareth, Diva Maria Dias Graciosa<<strong>br</strong> />

co~~sslio JLlLGAnORA DO<<strong>br</strong> />

FRh410 CARIOCA DE MONOGMFIA 1994<<strong>br</strong> />

Heloisa Frossard (presidoltc), Renato Cordeiro Gomes, Margareth da Silva<<strong>br</strong> />

Fereira, Gra~a Salgado e Meloisa Ruarque de Hollanda


P&MIO CARIOCA DE MO NOGRAFIA<<strong>br</strong> />

1994<<strong>br</strong> />

z0 P&MIO<<strong>br</strong> />

HE&TICOS E IMPUROS<<strong>br</strong> />

a Inquisi~Bo e os cristBos-novos no Rio de Janei,,<<strong>br</strong> />

sPcul0 XVIII<<strong>br</strong> />

C O L E i A O<<strong>br</strong> />

Bblotm cdrloca<<strong>br</strong> />

Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

Secretaria Municipal de Cultura<<strong>br</strong> />

Departamento Geral de Documentaqlo<<strong>br</strong> />

e Informa~Zo Cultural<<strong>br</strong> />

DivisZo de Editoraciio


Colr~Ro Riblioteca Ca<strong>rio</strong>ca<<strong>br</strong> />

\'ol~ullc S!)<<strong>br</strong> />

Serie Fublicaqio Cientifica<<strong>br</strong> />

Copvrisllt C 1995 1v.Lina Gorc~~st~.~n Fel-reira da Silva<<strong>br</strong> />

Pireitos desta ediqRo rcservados ao Dcyi~rtarnellto Gcr;~l de Documcnta~Ro e<<strong>br</strong> />

Informaq2o Cultural da Secretaria Mun~cipal de C~~lt~ura.<<strong>br</strong> />

F'ri~lt~,tlin f;rc7zil/ Imprcsso no Rrasil<<strong>br</strong> />

I,Cf?,\' $5 - S.iScS4 -(1s- 8<<strong>br</strong> />

FREhlIO CARIOCA DL hlC7NOGFb\Fl!\ 1994, 2" pr?m~o<<strong>br</strong> />

EdiCRn e revisgo de testo<<strong>br</strong> />

DlvisAn de Editora~3o: Ct;lia Almcidn Cotrutn, Diva hlnria Dias Gracioszt.<<strong>br</strong> />

Eliz;~hetlu Loboda e Roqemary de Stqucira Ramos<<strong>br</strong> />

Estns~;irlos: .+\dr~:in;~ Frag3, Ed~tarclo 'fii\rares, Lilian Sal\.atore Olivcira,<<strong>br</strong> />

h4ar1;l 1.11iza Oli\,c~ra e Sllvi;~ Fastorc<<strong>br</strong> />

Lopolnarca da cole~fio<<strong>br</strong> />

Rosanda R~beiro<<strong>br</strong> />

Arte-f~nal do miolo<<strong>br</strong> />

Valcntin de Carvalho<<strong>br</strong> />

catalo?a@o. Diretoriade RihliotecnsCiDGDI<<strong>br</strong> />


FREFACIO, 9<<strong>br</strong> />

NOTA DA AUTOFLI, 15<<strong>br</strong> />

HER~TICOS E IMFLrROS, 17<<strong>br</strong> />

INTRODUCL;\O. 19<<strong>br</strong> />

1.0 FALCO DOS ACONTECIMENTOS, 27<<strong>br</strong> />

2. A VIDA URRANA, AS FROFISS@ES, O COTIDIANO, 41<<strong>br</strong> />

3. OS ENGENHOS, OS FARTIDOS E OUTROS NEGOCIOS, 59<<strong>br</strong> />

4. UMA FAM~LIA CRISTA-NOVA: OS RARROS, 81<<strong>br</strong> />

5. A IGREIA CONTRA O JUDA~SMO, 101<<strong>br</strong> />

6. DELAC.&O E CONFISSAO: UM ENIGMA A DESVENDAR, 1 1 5<<strong>br</strong> />

CONCLUSAO, 127<<strong>br</strong> />

FONTES E RIRLIOGMFIA, 13 1<<strong>br</strong> />

ANESOS, I 53


Tombo, folheando milhares de pa ginas de manuscr .itos refer1 entes a<<strong>br</strong> />

historia da Inquisiq%o e dos perses juidos no Brasil co lonial, esl 2antoume<<strong>br</strong> />

que a histo<strong>rio</strong>gwfia <strong>br</strong>asileira te n ha dadc 1 t%o pouc a atenq%c I a essa<<strong>br</strong> />

riquissima fonte para a compreens%o da sociedade e do pensamento<<strong>br</strong> />

na epoca colonial. Surpreendeu-me tambem que esta vasta documentaq%o<<strong>br</strong> />

n%o se encontrasse ainda em nosso pais, acessivel aos<<strong>br</strong> />

interessados e estudiosos. ,<<strong>br</strong> />

Capistrano de A<strong>br</strong>eu, Rodolfo Garcia, ~arnha~en e outros<<strong>br</strong> />

historiadores <strong>br</strong>asileiros chamaram a atenq%o, nas suas pioneiras<<strong>br</strong> />

publicaqbes, para a importancia dessas fontes inquisitoriais, mas<<strong>br</strong> />

suas mensagens n%o tiveram eco. Apenas uma pequena elite intelectual<<strong>br</strong> />

incorporou esses estudos na sua interpretaq30 da historia do<<strong>br</strong> />

Brasil, e a origem judaica dos antigos <strong>br</strong>asileiros tornou-se um tema<<strong>br</strong> />

exoticc 3, ventilac Jo nos p~ ?quenos!<<strong>br</strong> />

grupos m lais culto: j e esclar ecidos.<<strong>br</strong> />

f \ maioria dos acad Iemicos E ! historiac jores nic 1 tomou c onhecimento<<strong>br</strong> />

I desse tema, re petindo muitas L 'ezes en I seus E ?scritos<<strong>br</strong> />

discrepancias como a de que o Brasil n%o teve Inai ~isi$%o, n 30 teve<<strong>br</strong> />

racismo, e foi modelo de democrat cia. Bela: que est& I sendo<<strong>br</strong> />

gradativamente depostas.<<strong>br</strong> />

Na decada de 60 iniciaram-seos prime~ros passos na direq%o de<<strong>br</strong> />

uma investiga@o sistematica da Inquisi@o, mas os estudos feitos,<<strong>br</strong> />

apesar de seu merito, n%o alcanqaram resultados satisfato<strong>rio</strong>s, pois<<strong>br</strong> />

o fen6meno Inquisiq%o e suas principais vitimas, os crist%os-novos,<<strong>br</strong> />

permanece ainda pouco pesquisado e ma1 compreendido.<<strong>br</strong> />

Por que raz%o historiadores <strong>br</strong>asileiros e portugueses negligenciaram<<strong>br</strong> />

as pesquisas so<strong>br</strong>e o Tribunal da Inquisiqio em Portugal,<<strong>br</strong> />

quando so<strong>br</strong>e a Inquisiq%o espanhola e os conversos foram feitos<<strong>br</strong> />

numerosos estudos nos llltimos anos? Escreve-se so<strong>br</strong>e a cultura<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>asileira sem mencionar a presenqa de judeus nem as consequencias<<strong>br</strong> />

da a~%o inquisitorial na colbnia. Falta de conhecimento?<<strong>br</strong> />

Preconceito? Dificuldades para chegar as fontes? Darcy Ribeiro, por


exemplo, acaba de publicar Opovo <strong>br</strong>asileiro - a forma@o e o sentido<<strong>br</strong> />

do Brasil (Companhia das Letras, 1995), onde os colonizados, indios,<<strong>br</strong> />

negros ocupam um espaCo consideravel, mas ignora totalmente a<<strong>br</strong> />

presenCa da populaq%o crist3-nova, que, segundo pesquisas que<<strong>br</strong> />

est%o sendo realizadas, pode ser avaliada como constituindo 20% da<<strong>br</strong> />

populaq%o <strong>br</strong>anca e livre da Bahia, do Rio de Janeiro e da Paraiba.<<strong>br</strong> />

So<strong>br</strong>e as outras regides ainda n3o podemos precisar a porcentagem,<<strong>br</strong> />

aguardando o resultado das pesquisas em andamento. Faz apenas<<strong>br</strong> />

uma referencia ao Santo Oficio, en passant, sem dar absolutamente<<strong>br</strong> />

seu significado para a vida colonial. A Inquisi$%o veio buscar no Brasil<<strong>br</strong> />

n%o somente os judaizantes, mas, como ja escrevi ante<strong>rio</strong>rmente, os<<strong>br</strong> />

crist%os-novos e seus bens. Foi o fato de estes pertencerern a uma<<strong>br</strong> />

camada rica da sociedade que levou os inquisidores a se voltarem<<strong>br</strong> />

para o Brasil.<<strong>br</strong> />

0s documentos referentes a Inquisi$30 no Brasil est%o atualmente<<strong>br</strong> />

sendo estudados por uma equipe de pesquisadores do<<strong>br</strong> />

Departamento de Historia e do Centro de Estudos Judaicos da<<strong>br</strong> />

Universidade de S%o Paulo, que se concentram so<strong>br</strong>e diferentes<<strong>br</strong> />

regides, visando compreender o fen6meno dentro do context0 social<<strong>br</strong> />

colonial, sem contudo desprende-lo da conjuntura mundial. Esses<<strong>br</strong> />

estudos acompanham fielmente a ideia do saudoso Lourival Gomes<<strong>br</strong> />

Machado, que sempre repetia: "sem os estudos dos crist%os-novos e<<strong>br</strong> />

dosjesuitas n3o podemos escrevera historia do Brasil". 0s resultados<<strong>br</strong> />

da investigaq30 nas fontes inquisitoriais s%o imprevisiveis e a maior<<strong>br</strong> />

surpresa veio quando, examinando a correspondencia que os<<strong>br</strong> />

inquisidores enviaram para o Brasil, encontrei os jesuitas como<<strong>br</strong> />

agentesde confian~a doTribunal. lsso surpreende ainda mais quando<<strong>br</strong> />

lem<strong>br</strong>amos que, no mesmo pe<strong>rio</strong>do em que a Companhia de Jesus<<strong>br</strong> />

e os dominicanos, representantes da Inquisiq30, eram inimigos em<<strong>br</strong> />

Portugal, no Brasil os irm3os de Loyola serviam o Santo Oficio.<<strong>br</strong> />

Esse fato a<strong>br</strong>e uma nova faceta para o estudo da Companhia de<<strong>br</strong> />

Jesus, que aparece entZo com toda sua diversidade e contradi~des.<<strong>br</strong> />

Foi ao sentir o interesse dos alunos de pos-gradua@o pela<<strong>br</strong> />

pesquisa e pelos estudos inquisitoriais que elaborei um projeto<<strong>br</strong> />

visando resgatar essa historia acumulada durante tres seculos em<<strong>br</strong> />

registros altamente secretos, e conhecer os bastidores da historia do<<strong>br</strong> />

Brasil, onde os crisMos-novos desempenharam papel fundamental,<<strong>br</strong> />

tanto do ponto de vista econbmico como no campo das ideias.<<strong>br</strong> />

N%o temos ainda elementos suficientes que nos permitam


conhecer demograficamente o total da populaq%o crist2-nova em<<strong>br</strong> />

todas as regides do Brasil, nem dizer urna palavra final so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />

dimens20 e o carater que assumiu o judaismo na col6nia, mas, no<<strong>br</strong> />

estado atual da pesquisa, podemos adiantarque eram principalmente<<strong>br</strong> />

numerosos os homens de negocios e os agricultores.<<strong>br</strong> />

A realiza~%o de um projeto que vise urna historia geral da<<strong>br</strong> />

Inquisiq%o no Brasil depende em grande parte do conhecimento das<<strong>br</strong> />

historias regionais. Aqualidade da gente que foi presa na Paraiba, por<<strong>br</strong> />

exemplo, difere totalmente dos "laicos" e sofisticados crist%os-novos<<strong>br</strong> />

do Rio de Janeiro, tanto do ponto de vista cultural como econbmico<<strong>br</strong> />

e social. E necessa<strong>rio</strong> que se descarte urna histaria parcial, para<<strong>br</strong> />

depois inseri-la numa historia total. E necessa<strong>rio</strong> conhecer o<<strong>br</strong> />

evenemenciel, os fatos, as reaqbes pessoais, a penetra~%o do medo<<strong>br</strong> />

e da suspeita nos nucleos familiares.<<strong>br</strong> />

Esse estudo so<strong>br</strong>e a Inquisiq20 e crist%os-novos no Brasil foi<<strong>br</strong> />

dividido entre urna equipe de alunos de pos-graduaqao, cada grupo<<strong>br</strong> />

concentrado no estudo de urna regiso, como Rio de Janeiro, Bahia,<<strong>br</strong> />

Minas Gerais, Goias, Paraiba, Pernambuco, que foram as regides<<strong>br</strong> />

mais visadas, urna vez que eram as mais prosperas. N%o podemos<<strong>br</strong> />

tambem, num estudo so<strong>br</strong>e a Inquisi$%o, negligenciar as areas mais<<strong>br</strong> />

afastadas, menos ricas, pois foi para o fundo do sert%o que muitos<<strong>br</strong> />

cristsos-novos e crist%os-velhos fugiram, quando se davam as<<strong>br</strong> />

"visitas"ou "inquiri~des" inquisitoriais.<<strong>br</strong> />

Sinto-me gratificada em apresentar o primeiro resultado desse<<strong>br</strong> />

projeto, que e o livro de Lina Gorenstein Ferreira da Silva so<strong>br</strong>e urna<<strong>br</strong> />

familia de crist%os-novos do Rio de Janeiro, que ora se publica pela<<strong>br</strong> />

Prefeitura da Cidade, atraves da Secretaria Municipal de Cultura.<<strong>br</strong> />

Adedica~20 e o talento de Lina Gorenstein Ferreira da Silva para<<strong>br</strong> />

a pesquisa se revelaram em todas as etapas de eleboraq%o deste<<strong>br</strong> />

trabalho. Soube utilizar com maestria os documentos manuscritos,<<strong>br</strong> />

extraindo deles um quadro da sociedade fluminense.<<strong>br</strong> />

Procurou, a partir das denuncias, confissdes, contraditas,<<strong>br</strong> />

inqueritos oficiais, mostrar um comportamento clandestino totalmente<<strong>br</strong> />

fora do alcance em outras fontes. A historia dos cristsos-novos se<<strong>br</strong> />

tornou inteligivel a partir do momento em que se compreende em que<<strong>br</strong> />

termosfoi construidoo mundo colonial, osconquistadores transferindo<<strong>br</strong> />

para o Brasil seus valores, preconceitos, racismo, mitos de<<strong>br</strong> />

supe<strong>rio</strong>ridade, orgulho de classe. Valores esses a que urna fac@o<<strong>br</strong> />

portuguesa soube t%o bem resistir.


0 rnais belo monument0 que os portugueses puderam erguer<<strong>br</strong> />

para si no Novo Mundo est5 contido na mensagem dos hereges,<<strong>br</strong> />

expressas na critica religiosa e na resistencia em aceitar passivamente<<strong>br</strong> />

valores arcaicos, de uma cultura peninsular, fechada em si rnesma.<<strong>br</strong> />

Hereges cristaos-novos e cristaos-velhos, tanto em nivel erudito<<strong>br</strong> />

como popular, antepuseram aos padrdes oficiais uma resposta<<strong>br</strong> />

dissidente, pela qua1 pagaram um prep muito alto. Mas do submundo<<strong>br</strong> />

hereticoemergiu uma nova postura, queiriadesaguarna modernidade.<<strong>br</strong> />

0s cristaos-novos do Brasil vivenciaram duas crises psicologicas:<<strong>br</strong> />

a religiosa e a de sua identidade. Como se viam a si prop<strong>rio</strong>s os<<strong>br</strong> />

cristaos-novos?<<strong>br</strong> />

Bem cedo entenderam que era impossivel a assimilaqio. 0s<<strong>br</strong> />

metodos de fiscalizaq%o utilizados pela Inquisiq%o criaram barreiras<<strong>br</strong> />

sociais intransponiveis que n%o permitiam sua integraqgo plena na<<strong>br</strong> />

sociedade crista.<<strong>br</strong> />

N%o foi unicamente a fe dos crist%os-novos que levou a cria@o<<strong>br</strong> />

do Tribunal da Inquisi~%o, mas o fato dos judeus "existirem". Na<<strong>br</strong> />

pratica a instituiq30 so<strong>br</strong>evivia apoiada financeiramente nos confiscos,<<strong>br</strong> />

mas ideologicamente pregou urn antijudaismo e um odio<<strong>br</strong> />

existencial a todos os judeus, como um povo.<<strong>br</strong> />

0s cristaos-novos foram for~ados a construir uma vida ambigua<<strong>br</strong> />

para poder so<strong>br</strong>eviver. A mascara e o jogo foram o<strong>br</strong>igatorias<<strong>br</strong> />

defesas.<<strong>br</strong> />

0 conflito existente entre os prop<strong>rio</strong>s grupos crist%os-novos<<strong>br</strong> />

denota uma diversidade de atitudes. De um lado havia aqueles que<<strong>br</strong> />

faziam todas as tentativas para apagar suas origens e procurar<<strong>br</strong> />

integrar ao corpo social amplo, chegando ao extremo de n%o se<<strong>br</strong> />

comunicarcom seus correligiona<strong>rio</strong>s. Sebastiao de Lucena Montarroio,<<strong>br</strong> />

um crist%o-novo <strong>br</strong>asileiro do Rio de Janeiro, e urn exemplo de como,<<strong>br</strong> />

em certos casos, e impossivel a assimilaq20. Foi t%o grande seu<<strong>br</strong> />

temor que o tomassem como judaizante que proibiu que o corpo de<<strong>br</strong> />

seu pai fosse transportado para a sepultura por cristaos-novos.<<strong>br</strong> />

Mateus de Moura Fogaqa, outro cristao-novo fluminense, insistiu<<strong>br</strong> />

em provar que era fie1 catolico, que pertencia a lrmandade dos<<strong>br</strong> />

Passos, que apurava severamente a "limpeza de sangueUde seus<<strong>br</strong> />

irmsos, comia toucinho e dava donativos para a construq%o de uma<<strong>br</strong> />

igreja em Jacarepagua. Foga~a era conhecido no Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

como fie1 praticante do catolicismo. Tudo isso de nada Ihe valeu.<<strong>br</strong> />

Corriarn "rumores" de que era cristao-novo por parte de sua avo


paterna. Levado para os carceres de Lisboa, foi queirnado.<<strong>br</strong> />

Por outro lado, rnovia-se urna fac@o crista-nova cujos cornprornissos<<strong>br</strong> />

corn os representantesoficiaisda lgrejaerarnapenas aparentes.<<strong>br</strong> />

Fechados em seu ternplo, que erarn suas casas, procuravarn transrnitir<<strong>br</strong> />

aos descententes sua rnernoria historica, desde o exodo do Egito<<strong>br</strong> />

ate as torturas da Inquisi@o, e alirnentavarn-se dos rnitos he<strong>br</strong>aicos<<strong>br</strong> />

cornoo ParaisoTerrestre, asTribos Perdidase a reden~%o rnessianica.<<strong>br</strong> />

0s cristaos-novos incorporararn urn novo "eu" no seu inconsciente,<<strong>br</strong> />

urn "eu" que assurnirarn mas que lhes foi conferido "de fora". Muitos<<strong>br</strong> />

crist2os-novos quiserarn abandonar o judaisrno, mas nern sernpre<<strong>br</strong> />

iss~ era possivel.<<strong>br</strong> />

A historia so<strong>br</strong>e os cristaos-novos do Rio de Janeiro perrnite<<strong>br</strong> />

retornar reflexdes longarnente discutidas na histo<strong>rio</strong>grafia so<strong>br</strong>e o<<strong>br</strong> />

marranisrno e a "credibilidade" das confissdes. A tese do padre Vieira<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e a "inocencia" de tantos reus encontra neste trabalho de Lina<<strong>br</strong> />

Gorenstein Ferreira da Silva urn fundarnento e a<strong>br</strong>e certarnente<<strong>br</strong> />

novas visdes so<strong>br</strong>e o problerna.<<strong>br</strong> />

Espero que esse estudo seja cornpreendido pelos historiadores<<strong>br</strong> />

e que preencha urn espaqo ainda em <strong>br</strong>anco na histo<strong>rio</strong>grafia<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>asileira.<<strong>br</strong> />

Anita Novinsky<<strong>br</strong> />

Universidade de SBo Paulo


NOTA DA AUTORA<<strong>br</strong> />

Este trabalho resulta, sern altera~bes, de dissertaqao de<<strong>br</strong> />

mestrado apresentada na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciencias<<strong>br</strong> />

Humanas da Universidade de S2o Paulo em novem<strong>br</strong>o de<<strong>br</strong> />

1993, intitulada Inqu;s;@o no Rio de Janeiro setecel'ltista - uma<<strong>br</strong> />

familia crist8-nova. A banca examinadora foi formada pelos<<strong>br</strong> />

professores Anita Novinsky (orientadora), Rifka Berezin e Jose<<strong>br</strong> />

Carlos Sebe Bon Mehy, a qua1 agrade~o a honra e o beneficio.<<strong>br</strong> />

Contei no inicio da pesquisa corn o apoio da Coordenadoria de<<strong>br</strong> />

Aperfei~oamento de Pessoal do Ensino Supe<strong>rio</strong>r - CAPES, que<<strong>br</strong> />

me concedeu bolsa de estudos por dois anos.<<strong>br</strong> />

Este trabalho e parte de um conjunto de pesquisas so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

InquisiC80 e cristaos-novos no Brasil dirigidas pela professora<<strong>br</strong> />

Novinsky.<<strong>br</strong> />

Sou .grata a Lana Lage, Maria Lucia Mott, Cleonir Xavier de<<strong>br</strong> />

Albuquerque, Felipe Neves, Tiago dos Reis Miranda, Aurelio<<strong>br</strong> />

Delgado e Adolpho da Silva Gordo pelas sensatas criticas e<<strong>br</strong> />

sugestbes.<<strong>br</strong> />

Registro a valiosa colaboraq20 das professoras Miriam Moreira<<strong>br</strong> />

Leite e Suely Robles de Queiroz, quando da apresenta~ao deste<<strong>br</strong> />

a banca de qualificaq30.<<strong>br</strong> />

A Eni de Mesquita Samara, que me introduziu nos estudos<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e a historia da familia, os meus agradecimentos.<<strong>br</strong> />

N3o poderia deixar de registrar minha profunda gratidao ao<<strong>br</strong> />

meu primeiro mestre, professor Eduardo dlOliveira Fran~a, sempre<<strong>br</strong> />

presente.<<strong>br</strong> />

Agradeqo especialmente a professora Anita Novinsky pela<<strong>br</strong> />

cuidadosa orientaq20 da disserta~30 e prestimosa cessao de<<strong>br</strong> />

microfilmes de processos da Inquisi@o de Lisboa, de seu arquivo<<strong>br</strong> />

particular, sem os quais nao seria possivel .a execuq%o deste<<strong>br</strong> />

trabalho.<<strong>br</strong> />

Lina Gorenstein Ferreira da Silva


Contra os agentes do esqueciinento, os destrzridores<<strong>br</strong> />

de documentos, os assassmos da<<strong>br</strong> />

menidria, os revisores de enciclope'dia, os<<strong>br</strong> />

conspiradores do sikncio,' contra aqtreles que,<<strong>br</strong> />

na belissima inlagern de Kundera, poden?<<strong>br</strong> />

apagar urn honlem de trma fotografia para<<strong>br</strong> />

que nada sqa deixado dele, u nniib ser sezr<<strong>br</strong> />

chapeu - soniente o historiador, coin a paixiio<<strong>br</strong> />

atrstera pelo fato, prova, evidgncia, que<<strong>br</strong> />

siio jmdamentais para szla ~~ocaqio, pode<<strong>br</strong> />

efetivamente montar p~mda.<<strong>br</strong> />

YH. Yerushalnli. Zakhor


Nosso trabalho iniciou-se com a leitura do processo de SebastiZo de<<strong>br</strong> />

Lucena Montarroio" advogado. fill10 de AntBnio dc Barros. Concentramos<<strong>br</strong> />

nossa pesquica em alguns mem<strong>br</strong>os dessa familia. utilizando corno fonte<<strong>br</strong> />

principal processos da InquisiqZo de Lisboa. A docurnentaqSo revelou-se rica<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e a familia, niostrando qile para o grupo de cristZos-novos selecionado.<<strong>br</strong> />

as relaqi,es faniliares eram evtremamente importantes. tanto do ponto de<<strong>br</strong> />

vista afetivo quanto econ6mico.<<strong>br</strong> />

Assim, usatnos tambCm corno fonte para o trabalho outros processos de<<strong>br</strong> />

farniliareg de Sebasti<strong>rio</strong>": do patriarca Antcinio de Barros, advogado e senhor<<strong>br</strong> />

de engenho. sua esposa. d.Brites de Lucena. seus filhos. Fenros e nora:<<strong>br</strong> />

Sehastiiio de Luccna Montarroio. advogado. casado corn d.Ana SodrC<<strong>br</strong> />

Pereira: d.lsabel de Lucena. casada corn o advogado e senhor de engenho<<strong>br</strong> />

Agostinho dc Pajedes: d.Guimar de Lucena. casada com o senhor de engenho<<strong>br</strong> />

Manuel de Moura Fogaqa: d.AntBnia de ~arros, casada com Mateus de<<strong>br</strong> />

Moura Fosaqa. mineiro: e os trCs filhos solteiros. Jose de Barros. mineiro,<<strong>br</strong> />

Miguel de Barros. rnilitar. e AntBnio de Rarros, sem oficio.<<strong>br</strong> />

Na leitura desses processos chamou-nos atenqiio especialmente a<<strong>br</strong> />

situaqZo peculiar em que se achava o grupo de cristgos-novos a que pertencia<<strong>br</strong> />

SebastiZo: corno verernos nos capiti~los seguintes. faziam parte da elite<<strong>br</strong> />

colonial, uma vez que eram proprietaries de terras e de escravos: eram<<strong>br</strong> />

senhores de engenho. muitos haviam estudado em Coim<strong>br</strong>a e participavam<<strong>br</strong> />

da administraqWo colonial. Entretanto, tinham consciencia de sua condiqiio<<strong>br</strong> />

de cristZos-novos. conscisncia essaque era partilhada portodaa comunidade,<<strong>br</strong> />

tanto de crist<strong>rio</strong>s-novos corno de cristzos-velhos: elite fragilizada, elite que foi<<strong>br</strong> />

dizimada pela aqWo do Tribunal do Santo Oficio.<<strong>br</strong> />

As duas coletdneas de documentos do seculo XVIlI publicadas por<<strong>br</strong> />

Anita Novinsky'" foram essenciais para rt compreensao da quest20 da aqZo<<strong>br</strong> />

inquisitorial no pe<strong>rio</strong>do. e os Inventa<strong>rio</strong>s forneceram dados para a fonnaqZo<<strong>br</strong> />

do painel so<strong>br</strong>e a vida cotidiana dos cristWos-novos do Rio de Janeiro, assim<<strong>br</strong> />

corno so<strong>br</strong>e was atividades profisrinais e nivel de riquem. conio veremos nos<<strong>br</strong> />

capitulos 2 e 3.<<strong>br</strong> />

A pr6pria natureza do processo inquisitorial, em que o reu era o<strong>br</strong>igado<<strong>br</strong> />

a denunciar todos aqueles que o haviam denunciado. sob pena de ser<<strong>br</strong> />

considerado "diminuto" ou '-negativo". e portanto "relavado ao <strong>br</strong>aqo<<strong>br</strong> />

secular'"^, fzia com que em todos os processos de reus de uma familia<<strong>br</strong> />

constassem praticamenteas mesmas pessoas (cristZos-novos. que eram os qlle


interessavam i Inql~isiqiio). pessoas corn as q~laisc relacionavam, tanto na<<strong>br</strong> />

vida familiare social como no trabalho". Deste modo. formava-seum circulo<<strong>br</strong> />

de pessoasque poderia levaropesq~~isadora pensarque se tratava deum grupo<<strong>br</strong> />

fechado. de uma cornunidade restrita. separada do restante da sociedade,<<strong>br</strong> />

identificada pelas origens judaicas.<<strong>br</strong> />

Entretanto, e necessh<strong>rio</strong> muito cuidado no evalne dessas fontes. pois os<<strong>br</strong> />

cristsos-novos denunciados n3o erarn os ilnicos qlre viviam no Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

no pe<strong>rio</strong>do. como nos indicam os prncessos esaminados. 6 ccrto que hnvia<<strong>br</strong> />

outros. os quais n3o se relacionavani com os que foram presos, e que desta<<strong>br</strong> />

fom~a tenham escapado i sanha inquisitorial. A quest30 da pritica do<<strong>br</strong> />

judaismo entre os cristaos-novos do Rio de .lanciro sera discutida no capitillo<<strong>br</strong> />

6, porem, sempre restrita ao grupo cstudado.<<strong>br</strong> />

Geralmente, o processo inquisitorial apresentava-se da scguinte forma:<<strong>br</strong> />

ordem de prisso (no s6culo XVIII era um form~llfi<strong>rio</strong> impresso. e no caso dos<<strong>br</strong> />

processos examinados. havia nestc a ordem de confisco dos bcns dos<<strong>br</strong> />

acusados); auto de entrega (do prisioneiro nos chrceres dos Estaus, o palhcio<<strong>br</strong> />

que sediava o Tribunal do Santo Oficio em Lisboa): planta do carcere<<strong>br</strong> />

(mostrando em que cela o preso ficaria detido). Eram anesados enti r o ao<<strong>br</strong> />

processo os testemunhos daq~~eles que haviam denunciado o rdu (nos<<strong>br</strong> />

processos examinados, todos os reus haviam sido denunciados por rnais de<<strong>br</strong> />

quarenta testernunhas), caracterizando-se suas culpas.<<strong>br</strong> />

Seguiam-se as primeiras sesscies de interrogat6<strong>rio</strong>: o inventi<strong>rio</strong>. onde<<strong>br</strong> />

o reu dizia quais os bens. moveis e imoveis que possuia. alem de dividns a<<strong>br</strong> />

pagar e a receber. Esse inventi<strong>rio</strong> n30 era sempre completo: o prisioneiro<<strong>br</strong> />

procurava esconder o q11e fosse possivel para escapar ao confisco; mas se n3o<<strong>br</strong> />

representa a totalidade dos bens do acusado. certamente representa um<<strong>br</strong> />

minimo: poderia ter mais, nunca mcnos do que o declarado.<<strong>br</strong> />

A seguir. a genealogia. onde o reu relacionava os mem<strong>br</strong>os de sua<<strong>br</strong> />

familia. avos, pais. irmsos. esposa, filhos, pep filndamental para o estudo das<<strong>br</strong> />

familias, e atraves da qua1 chegava-se por que via o rdu possuia sangue<<strong>br</strong> />

"infecto". Era ali tambem que declarava ser batizado e crismado. dizia as<<strong>br</strong> />

oraqiies catolicas. se freqiientava as missas. se comungava. A declara~3o de<<strong>br</strong> />

batismo era essencial, pois era ela q~le permitia ao Tribunal processar o riu<<strong>br</strong> />

como herege: se n8o fosse batimdo, n3o estaria submetido a autoridade da<<strong>br</strong> />

Igreja.<<strong>br</strong> />

0 processo continuava corn as sesscies in gencre (onde o inquisidor


intcrrogava 6 reu a respeito da heresia judaica) e in .spccic ( onde era<<strong>br</strong> />

perguntado ao ac~rsado quandn, onde e con1 quem cotnetera a hercsia).<<strong>br</strong> />

Havin as itiq~/irc(.rics. que os inquisidores niandavam fazer no Rio de<<strong>br</strong> />

Janeiro. onde varias perguntus eram forniuladas n crist<strong>rio</strong>s-velhos quc<<strong>br</strong> />

conheciarn o I-eu: se este declarasze ser crist3o-velho. havia as inquiriq2ics ck.<<strong>br</strong> />

getlo-c, feitasno Riodc Janeiroe nos locais deonde provinhaa familia. Virias<<strong>br</strong> />

sess6es de libelo, provas dc culpas. estiincias con1 o procurador, defesa.<<strong>br</strong> />

admoestaq6es da mesa ao r611. rcperguntas as testeniunhas e contraditas<<strong>br</strong> />

repctiarn-se Bs vezes d~rrante anos.<<strong>br</strong> />

As contrudi~a~ s5o peqas do processo ricas eln inforniaqaes so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

relacionamentos dcntro da comunidade. onde percebe-se que o rcu. ao tentar<<strong>br</strong> />

adivinhar quem o denunciara. denunciava atodos os que conhecia. procurando<<strong>br</strong> />

provar quc estes eram seus inimigos, contando ent%o fatos e historias<<strong>br</strong> />

passadas. Muitas ve7es. o mesnio fato era relatado por vi<strong>rio</strong>s acusados, e<<strong>br</strong> />

confirmado por testeniunhas crist3s-velhas nas inquiriqiies do Rio de Janeiro.<<strong>br</strong> />

Finalmente, caso o reu n<strong>rio</strong> houvesse ainda confessado. havia o ~luto cic<<strong>br</strong> />

r7011ficnqL70, onde tomava conhecimento. muitas vezes de "m2os atadasM.que<<strong>br</strong> />

ouviria sua sentenqa em auto-de-fe. Era a sua illtima chance: se niio<<strong>br</strong> />

confessasse. seria considerado "negative" e seria relasada a justi~a secular.<<strong>br</strong> />

Mavia ent<strong>rio</strong> a confi.s.~dn. onde denunciava a todos que contra ele haviatn<<strong>br</strong> />

testemunhado. Satisfcitos os inquisidores. sairia ent<strong>rio</strong> em auto-de-fe. onde<<strong>br</strong> />

receberia a sentenqa.<<strong>br</strong> />

Na verdade. o processo inquisitorial deve ser sempre lido e analisado<<strong>br</strong> />

com muito cuidado: devemos nos lem<strong>br</strong>ar que. alem de mostrar o discurso<<strong>br</strong> />

"possivel"" dos reus. mostra tambem. especialmente na confiss3o. o<<strong>br</strong> />

discurso necessi<strong>rio</strong>: delatar para salvar a vida. Ainda. o discurso do re11 e as<<strong>br</strong> />

declara~des de testem~~nhas aparecetn no processo intemiediados por urn<<strong>br</strong> />

noti<strong>rio</strong>, que transcrevia suas declaraqiies. Geralmente, eratii utilizadas<<strong>br</strong> />

formas esquematizadas, feitas as mestnas perguntas aos rCus; para as<<strong>br</strong> />

testemunlias, tambkrn os intetrogato<strong>rio</strong>s eram similares: nas contratlitas e<<strong>br</strong> />

inquiri~bes liavia maior fluidez. uma vez que ali erarn relatadas historias,<<strong>br</strong> />

deisando transparecer sentimentos e envolvimentos.<<strong>br</strong> />

Na documenta~<strong>rio</strong> consultada, forani relacionadas 393 pessoas denunciadas<<strong>br</strong> />

pelo crime de heresiajudaica, sendo 163 mulheres e238 homens, entre<<strong>br</strong> />

1700 e 1730, todos n~orudorcs no Rio de Janeiro": 27 1 foran efetivaniente<<strong>br</strong> />

presos e processados. a maioria tendo sido condenada a pena de carcere e


habit0 penitencial perpetuo. Dos 12 1 restantes. quarenta faleceram antes da<<strong>br</strong> />

prisiio. dois fugiram com os franceses em 17 1 I e seis chegaram a ser presos.<<strong>br</strong> />

mas morreram no carcere; os outros 73 denunciados ntio foram presos. n2o<<strong>br</strong> />

sabemos por que razbes.<<strong>br</strong> />

Seg~lndo a documentaq20, verificamos que cerca de 50% desses<<strong>br</strong> />

cristsos-novos fluminenses estavam envolvidos em atividade agricola. principalmente<<strong>br</strong> />

com o cultivo da cana-de-aqilcar. como foi o caso do grupo<<strong>br</strong> />

familiar que selecionamos para eshldo. Assim, procuramos localizar os<<strong>br</strong> />

engenhos e partidos de cana pertencentes a cristiios-novos, verificar sua<<strong>br</strong> />

atividade econ8mica. que, como veremos, nZo se restringiu somente a<<strong>br</strong> />

a~ricultura: tambCm dedicaram-se ao comercio e a profissKes liberais, como<<strong>br</strong> />

a advocacia e a medicina.<<strong>br</strong> />

,<<strong>br</strong> />

Para o estudo do Rio de Janeiro nas primeiras decadas do sCculo XVIIl<<strong>br</strong> />

- pe<strong>rio</strong>do em que a regic'io sofreu intensas mudanqas. transformando-se em<<strong>br</strong> />

porto escoador das riquezas e exportador de bens de consumo para as Gerais<<strong>br</strong> />

- tivemos dificuldades em relaqso a bibliografia e a documentaq2o. A<<strong>br</strong> />

bibliografia so<strong>br</strong>e o Rio de Janeiro concentra-se so<strong>br</strong>e as questdes do seculo<<strong>br</strong> />

XVll . passando a seguir para o pe<strong>rio</strong>do do Vice-Reinado, deixando de<<strong>br</strong> />

examinar exatamente esse pe<strong>rio</strong>do de transiq20, quando o Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

cosmopolitizou-se, transformando-se na capital da ColBnia. As fontes para<<strong>br</strong> />

o pe<strong>rio</strong>do existentes nos arquivos ca<strong>rio</strong>cas tanibem s2oexiguas. talvezdevido<<strong>br</strong> />

ao grande incCndio que atingiu o Senado da Csmara do Rio de Janeiro em<<strong>br</strong> />

1790. A documentaqzo dos carto<strong>rio</strong>s fluminenses relativa ao seculo XVIIl<<strong>br</strong> />

eviste no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, mas niio acessivel ao p~blico.<<strong>br</strong> />

Para o pe<strong>rio</strong>do, do poucos os relatos de viajantes, o que dificultou a<<strong>br</strong> />

reconstruq20 da vida fluminense na kpoca.<<strong>br</strong> />

Com relaqBo a transcriqgo dos nomes, mantivemos a nomenclatura<<strong>br</strong> />

original. optando na maioria das vezes pela atualizaqzo ortografica; assim,<<strong>br</strong> />

quando no documento aparece o nome Brittes, escrevemos Brites. n8o<<strong>br</strong> />

mudando para Beatriz; Joseph foi transcrito como Jose, Sylva, Silva. Para<<strong>br</strong> />

facilidade de listagem, as poucas Elenas transformaram-se em Helena, e os<<strong>br</strong> />

Roiz. em Rodrigues.<<strong>br</strong> />

Procuramos conhecer aspectos da vida na sociedade colonial. Atraves<<strong>br</strong> />

da reconstruq8o da vidados cristzos-novos no Rio de Janeiro, tanto na cidade.<<strong>br</strong> />

como nos engenhos e partidos, as atividades profissionais. o comercio com<<strong>br</strong> />

as Minas, desvendamos urn pouco da historia dessa regigo em um pe<strong>rio</strong>do de


transiq<strong>rio</strong>. Atraves do estudo de uma familiacristri-nova-como viviam. como<<strong>br</strong> />

se relacionavam entre si e com a comunidade. tanto de crist<strong>rio</strong>s-novos como<<strong>br</strong> />

de cristsos-velhos, como se compunha essa familia. seu comportamento<<strong>br</strong> />

sesual e afetivo. as semelhanqas e diversidades corn familias crist5-novas e<<strong>br</strong> />

crist8-velhas. e. principalmente, o carater patriarcal dessa familia e sua<<strong>br</strong> />

inserqzo em uma rede de parentesco tarnbem corn caracteristicas patriarcais,<<strong>br</strong> />

operamos no campo da historia da farnilia. Ao esaminarmos a aq%o do<<strong>br</strong> />

Tribunal do Santo Oficio. que desintegrou essa familia. confiscando seus<<strong>br</strong> />

bens. prendendo seus mem<strong>br</strong>os. acabando com a solidariedade familiar,<<strong>br</strong> />

criando uma nova ordem. na qua1 todos se tomavam delatores. m2e e filhos<<strong>br</strong> />

denunciando uns aos o~rtros como unico rnodo de salvarem suas vidas,<<strong>br</strong> />

reconstnrimos uma pequena parte da historia da lnquisiq<strong>rio</strong> no Brasil. E ao<<strong>br</strong> />

nos de<strong>br</strong>uqarmos so<strong>br</strong>e a questso da heresiajudaica imputada a esses crist8osnovos,<<strong>br</strong> />

procuramos incluir a historia desses novos crist5os no universo da<<strong>br</strong> />

historia judaica.<<strong>br</strong> />

NOTAS<<strong>br</strong> />

I- Ver Ka!,serling, Meyer. Ilistriria dos j11tle11.s en1 Portlrgol. Trrid. Anita<<strong>br</strong> />

Novinsky c Cia<strong>br</strong>iele R.C. da Silva. SBo Paulo. PioncirnIEDUSP. 1871.<<strong>br</strong> />

2- Vcr I lerculano. Aleuandre. llistdrinda ori,qen~ e cstohelccin~rntocln Inql~isicdo<<strong>br</strong> />

crn Portzrgnl. Lisboa. lrnprensa Nacionnl. 1845.<<strong>br</strong> />

3- Ver Saraiva. Antonio Josk. Incl~ri.riqdo e cristiioc.-tio~.os. 3 sd..Porto. Inova.<<strong>br</strong> />

1969 e Novinsky. Anita. Cri.rtdo.r-novos nn Rollin. S<strong>rio</strong> Paulo. Perspectiva.<<strong>br</strong> />

1979.<<strong>br</strong> />

4- Lei de 25 de rnaio de 1773, decretnndo o lirn da clas.;ificaq<strong>rio</strong> "crist<strong>rio</strong>-novo".<<strong>br</strong> />

5- Ver \lJi7nit;rer. Arnold. Osj~rclc~rsno Rrnsrlcolonrnl Trnd. Oli\.ia Krahenbhul.<<strong>br</strong> />

S<strong>rio</strong> Paulo. Pioneira. 1966.<<strong>br</strong> />

6- Ver Carneiro. Maria Luin l'ucci. Preconceito roccnl no Rrasrl Col<strong>rj</strong>nin. S<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Paulo. Rrasiliense. 1983.<<strong>br</strong> />

7- Lapn. Josk R. do Arnaral. Li19ro dr~ I.isita~<strong>rio</strong> do Sonto Ofiio d& Inqzrisiqdo<<strong>br</strong> />

no E.vtodo (lo Gr<strong>rio</strong>-Pnrci 11 -63-1 -69). Petr6polis. Vozes. 1979.<<strong>br</strong> />

8- Processo de Sebastigo de Lucena Montarroio. Inquisiqiio de L.isbon. n.5478.<<strong>br</strong> />

rnicrofilrne gentilrnente cedido pela professors Anita Novinsk!. de seu arquivo


particular.<<strong>br</strong> />

9- Processo de Jose de Barros, 1nquisi$2o.de Lisboa. n.11684; processo de<<strong>br</strong> />

Mateus de Moura Fogaqa. Inquisi~ilo de Lisboa. n.2040, rnicrofilrnes tarnbCrn<<strong>br</strong> />

cedidos pela professora Novinsky de seu arquivo particular; processo de<<strong>br</strong> />

d.Brites de Lucena, Inquisipio de Lisboa. n. l 1596 e processo de Agostinho de<<strong>br</strong> />

Paredes. Inquisiq20 de Lisboa. n.8690 (xeroc6pias enviadas de Lisboa por<<strong>br</strong> />

Tiago dos Reis Miranda).<<strong>br</strong> />

10- Novinsky, Anita. Inqzlisi~do: inventb<strong>rio</strong>s de hens confiscados a crist8osnovos.<<strong>br</strong> />

Lisbba, Casa da MoeddLivraria Camdes, s.d. e Inquisi~do: rol dos<<strong>br</strong> />

czrlpados - fontes para a llistdria do Brasil, shczrlo Xl'lll. Rio de Janeiro.<<strong>br</strong> />

Express20 e Cultura, 1992.<<strong>br</strong> />

1 I- Era considerado '-dirninuto" o reu que nlo denunciasse a todos que o<<strong>br</strong> />

haviarn denunclado; "negative" era o reu que niio aceltava as acusaqdes que Ihe<<strong>br</strong> />

erarn irnputadas. "relaxado ao <strong>br</strong>aqo secular" era urn eufemismo utilizado pelo<<strong>br</strong> />

Santo Oficio. que significava a condena~20 a rnorte pelo fogo, executada pelo<<strong>br</strong> />

poder civil, e n8o pela Igreja.<<strong>br</strong> />

12- Ver Saraiva. Jose Antonio. op.cit.. especialrnente o capitulo 3, "0 processo",<<strong>br</strong> />

p.75-108.<<strong>br</strong> />

13- Ver Novinsky. Ilana. Heresia, rnulher e sexualidade (algurnas notas para o<<strong>br</strong> />

Nordeste <strong>br</strong>asileiro nos seculos XVI e XVII, in Bruschini, Maria Cristina e<<strong>br</strong> />

Rosernberg. Fulvia. lrivCncia. histdria, sev~ralidade e imager~sfemininas. S2o<<strong>br</strong> />

Paulo. BrasilienseIFundaqBo Carlos Chagas, 1980, p.227-256.<<strong>br</strong> />

14- Consideramos neste trabalho sornenteos moradores do Rio de Janeiro, e n2o<<strong>br</strong> />

todos os natzrrais da cidade, corno por exemplo, 0.s filhos de crist8os-novos<<strong>br</strong> />

penitenciados. nascidos no Rio de Janeiro. mas que no pe<strong>rio</strong>d0 rnoravarn em<<strong>br</strong> />

Portugal.


I - 0 PALCO DOS ACONTECIMENTOS<<strong>br</strong> />

En1 alhlra de 73 graus esta a provincia do Rio de Janeiro. assim<<strong>br</strong> />

chamada, por ser no prirneiro dia deste nit% descoberta. E sun cabeqa a cidade<<strong>br</strong> />

de Slio Sebastilio. corte de todas as nossas praqas do sul: os preyado5 gi.ntr-ns<<strong>br</strong> />

que daquelas partes por mar e terra se Ihe conduzern. a form fazendn rica.<<strong>br</strong> />

e hqie se acha opulenta corn os desco<strong>br</strong>imentos de numerosus minas de ouro<<strong>br</strong> />

que daqueles dilatadissimos sertdes se leva aquela praqa. como a kira deste<<strong>br</strong> />

precioso metal. e a busc6-lo se acharn no seu porto inunierAvei5 cniharcaq6es<<strong>br</strong> />

de Portugal e do Brasil: e pelo comercio que desta freqiitncia Ihe resulta. 6 o<<strong>br</strong> />

terceiro empo<strong>rio</strong> desta regiiio. A cidade C de mediana grandezn. mas de muita<<strong>br</strong> />

formosura: firndada em sitio raso, se estende t2o igual con? sua r-ibeira. que<<strong>br</strong> />

por todo um lado a leva o mar.<<strong>br</strong> />

Pita. Sebastiiio da Rocha. HIstdria da .41?1h-iccr portrrgztcsrr. Belo<<strong>br</strong> />

Horizonte. Itatiaia: S90 Paulo. E DUSP. 1976. p. 64.<<strong>br</strong> />

.4 conjuntura<<strong>br</strong> />

A descriqlio que fezo cronista Rocha Pita (em livro publicado em 1730)<<strong>br</strong> />

da provincia do Rio de .laneiro e das mais exatas. A descoherta do ouro nas<<strong>br</strong> />

Gerais fez com que houvesse ulna adequaqiio a nova con-juntura. Nos<<strong>br</strong> />

primeiros anos do seculo XVIII a regi2o sofreu mudanqa significativa na sua<<strong>br</strong> />

estrutura econ61nica: a cana-de-aqi~car ainda era atividade iniportante, apesar<<strong>br</strong> />

das variaqaes no preqo e da queda da produqgo e esportaqiio do aqi~car. mas<<strong>br</strong> />

o aparecimento de urn novo polo de atraqiio. o ouro das Gerais. clianiou os<<strong>br</strong> />

investimentos e desviou escravos da agricultura para a ~iiineraqiio. transformando<<strong>br</strong> />

o Rio de Janeiro em entreposto comercial para as Minas. enviando<<strong>br</strong> />

produtos necess6<strong>rio</strong>s hqueles qile participavam diretanlente da empresa '


mineradora- parte deles importados da metr6pole -. ao mcsmo tempo que<<strong>br</strong> />

era o porto exportador das riqilezas das Gerais. A cidade desenvolveu-se.<<strong>br</strong> />

havendo increment0 do comercio com a regiiio do Prata e. especialmente. as<<strong>br</strong> />

"carrega~iies" para as Gerais. para abastecer a regi2o com snl. aqi~car,<<strong>br</strong> />

queijos. peixe seco. azeite. vinho. aguardcnte. farinha. panos. vesti~i<strong>rio</strong>,<<strong>br</strong> />

ferramentas e, principalmentc, escravos.<<strong>br</strong> />

A transferfncia de escravos da lavourado Rio de Janeiro para o trabalho<<strong>br</strong> />

na regi2o das Minas foi intensa desde o desco<strong>br</strong>imento das primeiras jazidas.<<strong>br</strong> />

chegando a preocupar o <strong>gov</strong>ernador: em 26 de marqo de 1700. Art~~r de Sa<<strong>br</strong> />

e Meneses proibiu que fossem enviados para as Minas escra\,os e lavradores<<strong>br</strong> />

de cana e mandioca. Porh, ao mesmo tempo. a Csrnara do Rio de Janciro<<strong>br</strong> />

pedia Ametropole que facilitassea entradade negros na capitania e o Conselho<<strong>br</strong> />

Ultramarino decretou a liberdade do trhfico e comercio de ne~ros; com isso.<<strong>br</strong> />

cresceu muito o comkrcio de escravos no Rio de Janeiro. que se tornou o<<strong>br</strong> />

grande entreposto para as capitanias do sul'.<<strong>br</strong> />

Em 1704 o provedor da Fazenda Real do Rio de Janeiro escreveu so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

o problema. dizendo: "c certo que se n%o houver castigo de todo ficarSo as<<strong>br</strong> />

lavouras sem negros por causa das minas, mas pelo que tenho experimentado<<strong>br</strong> />

acho que nada o hi de proibir"'.<<strong>br</strong> />

No inicio, a Coroa tentara restringir o comercio da regiiio mineradora<<strong>br</strong> />

com o Rio de Janeiro e com as demais provincias. procurando evitar o desvio<<strong>br</strong> />

de m2o-de-o<strong>br</strong>a e o contrabando do ouro, limitando a esporta~iio de escravos<<strong>br</strong> />

para as minas. mas logo o <strong>gov</strong>erno desistiu desse controle. de dificil<<strong>br</strong> />

in~tauraq~io'. A escassez de escravos e a evasiio de capitais da atividade<<strong>br</strong> />

agricola provocaram dificuldades no abastecimento da propria cidade. corno<<strong>br</strong> />

podemos ver em carta de 1713. quando Pedro de Vasconcelos. <strong>gov</strong>ernador<<strong>br</strong> />

geral do Rrasil, escreve da Bahia em resposta ao bispo da cidade do Rio de<<strong>br</strong> />

Janeiro:<<strong>br</strong> />

Fatais tcni sido para o Rrasil os desconcertos do tempo. pois a F3;lhia<<strong>br</strong> />

tamhem tern experimentado unia sua mnneira quc muitas fontcs sccnram<<strong>br</strong> />

e se n5o fora o incanshvel desassosrego con1 quc procurci quc os<<strong>br</strong> />

senhoresdeengenho. lavradores emais pcrsoas assistcntcs no rcci,ncn\no<<strong>br</strong> />

desta cidade dessem invioldvel cumprimcnto h Ici de S.h.laiestade. que<<strong>br</strong> />

Deus guardc. sohre a planta das mandiocas. a qua1 esta tamh6m no Rio<<strong>br</strong> />

de Janeiro i. ccrto esperi~nentarin ncsta cidade maior falta dc mantimentos<<strong>br</strong> />

do que V.llustrissirna me siynifica que essc povo p~rdessc: porh


A cidade do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

A area urbana da cidade ainda era pequena nas prirneiras tlecadas do<<strong>br</strong> />

seculo XVIII: o Centro lirnitava-se a rtla da Vala (atual Un~guaiana). assini<<strong>br</strong> />

chamada por servir de despcio pirbiico. rua da Prainha (atual nla Acre). largo<<strong>br</strong> />

da Prainha (atual prap Maui), o litoral at6 o cais da praia D.Manuel, no<<strong>br</strong> />

Engenho Novo, antigo porto dos Padres da Conipanhia. contomava o morro<<strong>br</strong> />

do Castelo. praia Santa Luzia. rua da A.juda e campo de Santo Ant6nio (atual<<strong>br</strong> />

largo da Ca<strong>rio</strong>ca)lr'.<<strong>br</strong> />

Nesse perimetro ticavam os conventos da Companhia de Jesus. dos<<strong>br</strong> />

carmelitas. dos franciscanos e dos beneditinos. As principais freg~resias eram<<strong>br</strong> />

a de Nossa Senhora da Candelaria, da Se e a de S%o Josd: havia ainda a<<strong>br</strong> />

Misericordia. as igrejas dc Santa Cruz. Nossa Senhora do Rod<strong>rio</strong>, Nossa<<strong>br</strong> />

Senhora da Gloria. Nossa Senhora do Parto e a de Nossa Senhora da<<strong>br</strong> />

ConceiqZo. esta ultima contigua ao pal6cio do Bispo. Desde 1697 a Casa da<<strong>br</strong> />

Moeda havia sido fundada na cidade, para receber e fundir o ouro que<<strong>br</strong> />

comeqava a fluir das Gerais; ficava no terreiro do Carmo. em frente ao<<strong>br</strong> />

convent0 dos cannelitas. olhando para a praia".<<strong>br</strong> />

Nesse pe<strong>rio</strong>do foi edificadaa Casa da Alfsndega. que funcionava anera<<strong>br</strong> />

ao palicio do Governador.<<strong>br</strong> />

Este situava-se na rua Direita (hqje rua Primeiro de Marqo. onde esta<<strong>br</strong> />

o predio-sede do Banco do Brasil)"; constn~ido no s6culo XVII. foi a segunda<<strong>br</strong> />

casados <strong>gov</strong>emadores. ate 1 743. passando a seguir a sediar a Casa dos Contos,<<strong>br</strong> />

tendo sido demolida em 1870. Segundo Moreira de Azevedo:<<strong>br</strong> />

Tinha doze janelas de sacada no scg~rndo pavimento .... e quatro<<strong>br</strong> />

portas c quatro janelas no prrmeiro pavimento . . . I 7 .<<strong>br</strong> />

A rua mais cornercial e a mais freqiientada. 6 aqucla onde mora o<<strong>br</strong> />

<strong>gov</strong>ernador e que chamam a grancle rua. f3 hastante larga. bastante<<strong>br</strong> />

colnprida c compreende sozinha a mais da rnctadc da cidadel-'.<<strong>br</strong> />

As casas dos moradores."no<strong>br</strong>emente edificadas"," situavam-se nas<<strong>br</strong> />

freguesias centrais da Se. Candelaria e S%o Jose. A partir do seculo XVII eraln<<strong>br</strong> />

feitas corn melhor acabamento. sendo que na rua Direita e ad-jaccncias<<strong>br</strong> />

aparecia um OLI outro ~o<strong>br</strong>adol~. Alphonse de Beauchamp. via.jante franc& de


passagem pela cidade em 1713, descreveu-a com nlas estreitas e irregulares.<<strong>br</strong> />

ladeada por casas de urn andar17. Outro fiancks. o abade Nicolas de la Caille.<<strong>br</strong> />

que esteve no Rio de Janeiro em 1751. considerou-a bela. corn casas de pedra<<strong>br</strong> />

e tijolos, janelas e portas de gelosia. elogiando as igre.jas. lusuosas. a praqa<<strong>br</strong> />

em frente ao porto e a magnifica baiat8.<<strong>br</strong> />

0 traqado das ruas era irregular. tendo sido delineado durante o seculo<<strong>br</strong> />

XVII. A cidade se estendia pela vkzea entre os quatro rnorros: Castelo<<strong>br</strong> />

(chamado ent2o S2o .lanua<strong>rio</strong>). SBo Bento, Conceiq5io e Santo AntBnio: ali<<strong>br</strong> />

havia uma grande lagoa chamada Ca<strong>rio</strong>ca, mais tarde aterrada (onde ho.ie se<<strong>br</strong> />

situa p teatro Municipal). Na verdade. antes da ocupaq,?~, o Rio de daneiro<<strong>br</strong> />

apresentava-se como uln grande charco. e havia lagoas e <strong>br</strong>ejos por todo<<strong>br</strong> />

lado'". Do morro do Castelo. desciam trCs ladeiras: a da Miserichrdia. a beiramar,<<strong>br</strong> />

chamada do Descanso; a do Poqo do Porteiro (Ajuda) e a do Cotovelo<<strong>br</strong> />

ou Castelo: da cornunicaqBo entre ela. surgiram aqi~elas que depois se<<strong>br</strong> />

transformaram nas mais antigas ruas da cidade: Misericordia, Ajuda. Direita<<strong>br</strong> />

e S'io Jose.<<strong>br</strong> />

Na rua da Misericordia, a principal no seculo XVII, residia a no<strong>br</strong>eza<<strong>br</strong> />

colonial; a Ajuda levava ate o Catete e praia de Francisco Velho; a nla Direita<<strong>br</strong> />

ia ate o morro de S9o Bento, onde foram se instalando os mercadores.<<strong>br</strong> />

espalhando-se depois ate a rua Andre Dias (chamada Rosa<strong>rio</strong> desde meados<<strong>br</strong> />

do seculo XVIII, quando foi erguida a igre-ja da Irmandade de N.Senhora do<<strong>br</strong> />

Rosa<strong>rio</strong>)'" e S2o Jose, onde ficava o mercado de negros africanos. Pouco a<<strong>br</strong> />

pouco, a<strong>br</strong>iram-se, perpendiculares ao mar, os caminhos de S30 Francisco<<strong>br</strong> />

(depois rua da Cadeia e atualmente Assemblkia - e Rephblica do Peru) e o<<strong>br</strong> />

caminho dos Pescadores (atual Visconde de Inhauma)". Datam de meados<<strong>br</strong> />

deste seculo os bairros do Valongo e da Saude; a igreja da G16ria do Outeiro,<<strong>br</strong> />

na antiga praia do Leripe, foi erguida em 1671, comunicando-se corn o<<strong>br</strong> />

nascente bairro de Botafogo. em fiente a antiga praia de Francisco Velho e<<strong>br</strong> />

o caminho da Gavea".<<strong>br</strong> />

Em meados do seculo XVII dois bairros se destacavam, ocupando o<<strong>br</strong> />

atual centro comercial da cidade: o da Miseric<strong>br</strong>ida. ate S3o Bento: e o de<<strong>br</strong> />

Santo Antbnio, inclusive o campo e capela deNossa Senhorada Ajuda. Havia<<strong>br</strong> />

a nla da Vala. aberta em 164 I, e em 1646 inaugurou-se a rua do Cano, que<<strong>br</strong> />

desembocava onde hoje e a praqa Quinze de Novem<strong>br</strong>o.<<strong>br</strong> />

Importante tambem era a rua da Quitanda, uma das mais antigas da<<strong>br</strong> />

cidade. cu-jo nome derivou de "quitanda dos mariscos". movirnentado centro


cornercial setecentista; havia ainda a nra Aleixo Manuel (Ouvidor desde<<strong>br</strong> />

meados do sCculo XVII1,quando !a rnorou o ouvidor Mesquita Pinto)13; no<<strong>br</strong> />

trecho proximo a rua Direita. recebeu o nome de rua da Cruz ou Santa CruzlJ;<<strong>br</strong> />

a rua das Flores,rnais tarde foi charnada de travessa do Ouvidor, rua Nova do<<strong>br</strong> />

Ouvidor e Padre Duarte (ah~alrnente Sachet)?'; a rua Diogo de Brito (rua da<<strong>br</strong> />

Alfsndega desde 1716)26, a rua Gon~alo Gonqalves ou rua do Sab5o (a<<strong>br</strong> />

desaparecida General Cimara), onde ficava o armazern do sab5o do Rio<<strong>br</strong> />

c01onial~~.<<strong>br</strong> />

A cidade era protegida por fortalezas, como as de Santa Cruz, Carmo,<<strong>br</strong> />

S5o Gonqalo. SZo Sebasti%o(Castelo), S3o Jo50, SZo Tiago (Calabou~o),<<strong>br</strong> />

Concei~Zo e o forte da ilha das Co<strong>br</strong>as; na epdca das invasbes francesas. a<<strong>br</strong> />

guamiq5o do Rio de Janeiro contavacorn 2.270 praqas, 650 distribuidos pelas<<strong>br</strong> />

fortalezas e baterias da barra e do porto, contando corn 174 peGas de artilharia<<strong>br</strong> />

2" Apos o resgate da cidade, o <strong>gov</strong>ernador d.Francisco de Tavora iniciou a<<strong>br</strong> />

rnelhoriadas condi~bes de defesa da cidade, reparando as fortalezas e baterias<<strong>br</strong> />

e corneqando a construq80 de urna rnuralha. Jo5o Masse, engenheiro franc&<<strong>br</strong> />

a serviqo de Portugal, foi enviado ao Brasil logo apos as invasdes francesas,<<strong>br</strong> />

tendo sido incurnbido de tomar inexpugnavel a cidade. A muralha a<<strong>br</strong> />

protegeria pelo lado do sertZo, mas tinha um inconveniente: isolaria grande<<strong>br</strong> />

parte da cidade e as duas fontes de abastecirnento d'agua da populaq30 -a da<<strong>br</strong> />

Ca<strong>rio</strong>ca e a da Bica dos Marinheiros. A muralha acabou por n5o ser<<strong>br</strong> />

construida, tendo sido sornente lan~ada em toda sua extens50~~.<<strong>br</strong> />

A primeira tentativade abastecer o Centro da cidade com a agua do <strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Ca<strong>rio</strong>ca foi feita em 1673, agua colhida em suas nascentes e trazida atraves<<strong>br</strong> />

de Santa Teresa. Porem somente em 1720 6 que a canalizaq50 foi concluida.<<strong>br</strong> />

chegando at6 a Ajuda, e depois, corn a constru~3o dos Arcos, ligou o morro<<strong>br</strong> />

de SantaTeresa(antig0 Desterro) aornorro de Santo AntBnio. contomando-o'O.<<strong>br</strong> />

Catete, Botafogo e Lagoa Rodrigo de Freitas (nomenclatura atual) e os<<strong>br</strong> />

bairros que rodeavam o Centro continuavam zonas agricolas; os arredores da<<strong>br</strong> />

cidade eram tornados pelas chacaras, onde se cultivavarn hortaliqas para seu<<strong>br</strong> />

abastecirnento . Vastas hreas foram aforadas para a foma~Zo de chacaras.<<strong>br</strong> />

Algumas das mais antigas datam exatamente do principio do seculo XVIII,<<strong>br</strong> />

entre estas a do cbnego AntBnio Pereira da Cunha, arcediago da Se".<<strong>br</strong> />

0 Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

12 abundante de muitas hortali~as.legumes. plantas. frutas e flores de<<strong>br</strong> />

Portugal, que todos os dias enchem a sua praGa. parecendo pomares e<<strong>br</strong> />

jardins portiiteis. 0s seus redores s8o cultivados de apraziveis e ferteis


quintnq. a que I;i charnam chicaras'?<<strong>br</strong> />

Ao redor desse perimetro urbane a<strong>br</strong>ia-se o sertr?~; do Campo de<<strong>br</strong> />

Santana-onde havia a capela de Santana (antes rnanzite de SZo Diogo.<<strong>br</strong> />

comunicando-ce corn a rua da Alfrindcga atraves de trilhas, c hoje praqa da<<strong>br</strong> />

Repi~blica) pelo "caminho de Capucin~qu" (iniciava-se a rua da AIFandega,<<strong>br</strong> />

seguia em direqTio 3 lagoa da Sentinela. atravessava os campos de SBo<<strong>br</strong> />

Domingos- ahla1 praqa da Repi~blica -, ia pelo mangue at6 a praia Formosa<<strong>br</strong> />

e S<strong>rio</strong> CristbvSo)", chegava-se ate o Engenho Pequeno. a lagoa da Sentinela<<strong>br</strong> />

(regi<strong>rio</strong> que hqje a<strong>br</strong>ange as ruas Frei Caneca e Senador Eu~ebio)'~. de onde<<strong>br</strong> />

saiam caminhos para S<strong>rio</strong>CristovTio e o Engenho Velho. Dali partiam eshadas<<strong>br</strong> />

para Inhauma. Tiiuca. Jacarepagua, Irai;i e Campo Grande.<<strong>br</strong> />

Havia ainda o caminho de Mata-Cavalos. que se iniciava nas fraldas do<<strong>br</strong> />

morro do Desterro. passava pelo atual Estacio. cnlzava o vale do <strong>rio</strong> Iguaqu<<strong>br</strong> />

(Rio Comprido) e chegava a Andarai e Engenho Velho".<<strong>br</strong> />

Durante o seculo XVlIl melhoraram os caminhos para o inte<strong>rio</strong>r, quer<<strong>br</strong> />

os que partiam diretamente da cidade, via Iraja, quer os que se iniciavam<<strong>br</strong> />

atraves de alguns <strong>rio</strong>s, como o Mage, Piedade, Inhomirim. I3trela e Igua~u.<<strong>br</strong> />

Pelo Irthomirini escoava-se o ouro extraido das mina~'~.<<strong>br</strong> />

0 caminho velho, que passava por Parati. foi substih~ido pelo caminho<<strong>br</strong> />

novoparao sertzo, ou sejapelo norteda capitaniado Riode Janeiro.echegavaseas<<strong>br</strong> />

capitanias de Minas. Goias e Mato Grosso. pelo menos no trecho inicial.<<strong>br</strong> />

usando-se os <strong>rio</strong>s do rec8ncavo".<<strong>br</strong> />

No scu reccincavo houve I20 engenhos: os quc permancem de<<strong>br</strong> />

presente sf10 cento e um. deiuando de moer os outros.por se Ihe tirarem<<strong>br</strong> />

os escravos para as minas: e a mesma falta (pela pr6pria causa)<<strong>br</strong> />

esperimcntam as mais fazendas e lavouras. quc forarn muita~.'~.<<strong>br</strong> />

0 rec8ncavo flurninense dividia-se em freguesia~ para fins religiosos,<<strong>br</strong> />

que deram origem aos bairros ou cidades pr6ximas ao Rio de Janeiro. que<<strong>br</strong> />

atualmente conservam o rnesmo nome. Desde meados do ceculo XVII,<<strong>br</strong> />

contomando as fregi~esias centrais de S5o Jose. Se e Candeliiria. insuficientes


para atender espiritualmente a populaqBo das zonas rurais da capitania, foram<<strong>br</strong> />

sendo criadas as freguesias de Iraja, SBo Jogo do Meriti, Sgo Gongalo<<strong>br</strong> />

(atualmente Niteroi), Jacutinga, Campo Grande e Jacarepagua.<<strong>br</strong> />

A area do recBncavo, fertil, era cortada por va<strong>rio</strong>s <strong>rio</strong>s, que serviam para<<strong>br</strong> />

escoar a produqBo das freguesias, tanto de aqucar, como de produtos para<<strong>br</strong> />

abastecimento da cidade e das Gerais; tambem serviam de caminho para as<<strong>br</strong> />

minas ecomo meiode escoamentodoouro; os<strong>rio</strong>s Inhomirim e Iraiacortavam<<strong>br</strong> />

afreguesiade Iraj$ o Serapuiatravessava SBo Jo2odo Meriti; em Jacarepagua<<strong>br</strong> />

os <strong>rio</strong>s Pirapitungui e Grande formavam uma grande lagoa; Jacutinga era<<strong>br</strong> />

fertilizada pelo Cachoeira, Santo AntBnio do Mato. Douro e Riachgo,<<strong>br</strong> />

enquanto em SBo Gonqalo corria o <strong>rio</strong> Guaxandibaqq.<<strong>br</strong> />

Ali, alCm da cana-de-aqucar, plantava-se mandioca. milho, hortaliqas.<<strong>br</strong> />

frutas, criava-se gado; havia engenhos, fa<strong>br</strong>icas de aguardente e olaria~'~.<<strong>br</strong> />

Em todas essas freguesias. durante o seculo XVIl e o inicio do seculo<<strong>br</strong> />

XVIII, a principal atividade era o cultivo da cana-de-agucar. 0 aqucar era o<<strong>br</strong> />

produto de exportaqBo do Brasil mais importante desde o inicio do seculo<<strong>br</strong> />

XVI. A partir de 1650, Portugal monopolizara o mercado europeu de agucar,<<strong>br</strong> />

com a produggo do Nordeste <strong>br</strong>asileiro. A conquista da regiBo pelos holandeses,<<strong>br</strong> />

na primeira metade do seculo XVII, favoreceu o Rio de Janeiro, que<<strong>br</strong> />

aumentou suaprodug80 paraco<strong>br</strong>irodeficit provocado peloconflito.No final<<strong>br</strong> />

do seculo, a produg80 e exportaqBo do produto sofreram o impacto da recess20<<strong>br</strong> />

econBmica e da retomada da produqBo nordestina.<<strong>br</strong> />

OdesenvolvimentodocuItivodacana-de-aqucaredaindustriaagucareira<<strong>br</strong> />

durante o siculo XVII fez com que o porto do Rio de Janeiro ampliasse seu<<strong>br</strong> />

interciimbio com a metropole e as demais colBnias portuguesas (ilhas do<<strong>br</strong> />

Atliintico, Africa e Asia), assim como a regiBo do Prata (com a qual, alem dos<<strong>br</strong> />

couros e prata, realizava intenso trafico clandestine de escravos) e com outras<<strong>br</strong> />

regides do Brasil, solidificando seu papel como defensor da fronteira do sul<<strong>br</strong> />

e inserindo-se permanentemente na economia mercantil, tornando-se parte<<strong>br</strong> />

da rota atlfintica da qua1 fora at6 entgo perif6ricoJ'.<<strong>br</strong> />

Em 1629 havia do Rio de Janeiro cerca de setenta engenhos em<<strong>br</strong> />

operaqio, enquanto na Bahia havia oitenta e em Pernambuco 1 jOJ?. Antonil,<<strong>br</strong> />

em 1710, computou 146 engenhos na Bahia. 246 em Pernambuco e 136 no<<strong>br</strong> />

Rio de Janeiro4]. Esse cronistacalculou a produqgo aqucareira fluminense em<<strong>br</strong> />

10.120 caixasJ4, produgBoessaque baixou para 2.500caixasanuais, conforme<<strong>br</strong> />

o carregamento das fiotas".<<strong>br</strong> />

Porkm, essaqueda naprodu~Bodo aqi~carnBo afetou o desenvolvimento


da provincia. a esportaqzo do aqucar tendo sido substituida pela do ouro, pelo<<strong>br</strong> />

comercio corn as Minas e a regi3o do Prata. desviando capitai5 da produqso<<strong>br</strong> />

do aqi~car, que se tomou atividade secundaria, para o mais lucrativo comercio<<strong>br</strong> />

do ouro. escravos e couros4'.<<strong>br</strong> />

No final do seculo XVI, a populaqgo da capitania do Rio de Janeiro foi<<strong>br</strong> />

calculada pelo padre Jose de Anchieta em 3.850 alrnas. senclo trts mil de<<strong>br</strong> />

indios, setecentos portugueses e uma centena de indios africanosJ7.<<strong>br</strong> />

Um seculo mais tarde. em 171 3. Alphonse de Beaucahmp computou a<<strong>br</strong> />

populaq3o da cidade em doze mil habitantes, e oito mil no RecBncavo, sem<<strong>br</strong> />

no entanto dividi-la entre <strong>br</strong>ancos, negros e indiosJR.<<strong>br</strong> />

Sebasti30 da Rocha Pita. no mesmo pe<strong>rio</strong>do. fez calculo semelhante,<<strong>br</strong> />

presumindo haver dez mil pessoas na cidade e dez mil no recBnca~o"~.<<strong>br</strong> />

A coincidtncia no cilculo de dois cronistas contempor?ineos, aliada a<<strong>br</strong> />

total falta de dados demograficos para o pe<strong>rio</strong>do - os primeiros censos na<<strong>br</strong> />

regigo datam do final do seculo XVIII-, nos levam aaceitarcomo verdadeiras<<strong>br</strong> />

essas estimativas. PorCm, n30 podemos precisar o numero de <strong>br</strong>ancos, negros<<strong>br</strong> />

e indios que habitavam a capitania.<<strong>br</strong> />

Para a Bahia, em 17 10. Stuart Scwartz chegou a urn numero semelhante:<<strong>br</strong> />

24.193 individuos. incluindo crianqas e escravos"' e. dispondo para a<<strong>br</strong> />

reg60 de censos eclesiasticos, calculou o aumento dessa populaq30 durante<<strong>br</strong> />

0 sCcul0 XVIII.<<strong>br</strong> />

No Rio de Janeiro. a documentaqgo eclesiastica esistente para a<<strong>br</strong> />

primeira metade do seculo XVlII e de dificil acesso. devido a seu preca<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

estado de conservaq30. 0 abade La Caille, em 1750, estimou a populaq30 da<<strong>br</strong> />

provincia em cinqiienta mil habitantes".<<strong>br</strong> />

Apesar dos problemas de abastecimento da cidade do Rio de Janeiro no


inicio do seculo, sabernos que a provincia. com suas terras ferteis. produzia<<strong>br</strong> />

gen6ros alinienticos con1 abundincia: fn~tas como laran-ias. limbes. cocos.<<strong>br</strong> />

mangas, goiabas e cajus. hortaliqas. leyunes. mandioca: peises, mariscos.<<strong>br</strong> />

came de vaca. de porco, de aves como galinhas. patos e gansos. Da metr6pole<<strong>br</strong> />

vinham os vinhos. as especiarias e o azeite".<<strong>br</strong> />

A alimentaqzo basica de toda a populaq8o era a farinha de mandioca<<strong>br</strong> />

e o peise. Mesmo a elite <strong>br</strong>anca tinha como habito alimentar-so de farinha e<<strong>br</strong> />

de peise. muitas vezes seco. alem do vinho do porto. especiarias e fn~tas".<<strong>br</strong> />

Essa elite vestia-se corn tecidos importados da Euro~a"': havia luso e<<strong>br</strong> />

ostentaqno, colno mostra carta do bispo do Rio de Janeiro . Francisco de S2o<<strong>br</strong> />

JerAnimo.em que se nianifestou contri<strong>rio</strong> B vestimentn dns escravas:<<strong>br</strong> />

(...) n cupcri?ncia tcm rnostrado qrlc tlos traies de clue wain as<<strong>br</strong> />

eqcravas sc seguem ~nuitns ofcnsas contra Yosso Senhor. que V hl, sqin<<strong>br</strong> />

scrhido de mandar que de nenhuma rnltneira uscrn. nem tle scdas nem<<strong>br</strong> />

tlc telhos c ouro. porclue sei-6 tirar-lhe a ocasi;io dc po~lzrcnincitar para<<strong>br</strong> />

os pccndos com os ndornos custosos dc quc sc vestem".<<strong>br</strong> />

Se as cscravas vestiam-se com tanto luso. tanto mais as senhoras .... E<<strong>br</strong> />

verdade. porem, que as mulheres da elite pouco saiam h rua: so apareciam por<<strong>br</strong> />

ocasizo de feqtas religiosas ou para irem a igreja.<<strong>br</strong> />

Franqois Froger, viajante franc&, assim descreveu em 1695 os habitantes<<strong>br</strong> />

da cidade :<<strong>br</strong> />

Srs hohiton~sonr propres, R. d'rrt7e ,yrt~~.irP orclirrcrir~e ir lerrr .\btion,<<strong>br</strong> />

11s snnt riches d- ait~1~7t Ic rrofic: ils ot11~yrcr17tit7on1/~rr d 'E.sclo~,cs noirs.<<strong>br</strong> />

oritre.r plrtsie~~rsjonzillcs erzticres d'lt7die11.s qrr 'r1.s ~111retiet7nc11t ~ C I I ~ S<<strong>br</strong> />

lerrrs S~rcreries, R- i1 qlri ils nc velrlcnt ptrs o.sser 1'1 lih~,rtc:, conrnre ktcrns<<strong>br</strong> />

trot~rrc~ls dlc Po>,.s. Lcrrrs f;.~clol.cs fir71 polir Itr plrrpc7rt lo~rtcs lc.7 crffirrr.es<<strong>br</strong> />

cle IN tn(1ixon: ce qrri les rend si rnols (S. xi cfivritro:. clrr 'i1.s ne<<strong>br</strong> />

rlrrr,qnc~r.oicnt ptrs se hnisser l7011r l?rencire err.\--nr~t~re.s rrne c;/~it~qle, rinnt<<strong>br</strong> />

tl.~lrt.oienr hesoin 1.e Irrue cst si nrdrnrrrre pcrrnti c.1r.u. ,,/111~ trot~ JCII/CI~II~<<strong>br</strong> />

Ic.~ Ro~rrgrois, nzais n10n7es les Reli,zierrr pcrrvenr entt.i,tetrir de.yli.nrnle.s<<strong>br</strong> />

p~rhlic/~re.s sons crnindre In cens~rrr ctl. 1c.s mctlisat~ces ti!/ perrplc, qrri ICIII-<<strong>br</strong> />

porte Irn respect to~itpnrticul~er-: I 'imp~rreti n 'esf prrs le serrl tl~forrt rfc<<strong>br</strong> />

ces moines inlpies.. . "'.<<strong>br</strong> />

Em economia predominantemente agriria. era grande a importincia<<strong>br</strong> />

dos senhores de engenho, seguidos pelos lavradores de partido, pelos homens


hraricos quee\c.rc~am funqbes tecnicasnos engenhos. colno niestrede aqilcar.<<strong>br</strong> />

t. nns c1dadt.s era111 artesilos. e tinalmente a mSo-cle-ohra escrava. prlnc~palmcnte<<strong>br</strong> />

neyra no Rio de Janeiro. 1 Invia ilm gnrpo forte de homens de negijcios.<<strong>br</strong> />

interrnediri<strong>rio</strong>s nn e\-portaq5o do nqi~car. importadores de bens de consumo.<<strong>br</strong> />

detentores do credito; ainda, linvia aqueles que pertenciani aos quadros da<<strong>br</strong> />

hurocracia colonial e os profissionais liberais. como advogados c mkdicos.<<strong>br</strong> />

I'sse setor cadn vez rnais se impunha. aumentando o ni~cleo. aincla incipiente<<strong>br</strong> />

IIO alvorecer do si.culo XVIII. dn burguesia fluminense. mac que nos anos<<strong>br</strong> />

seglrintes cresceu. fortaleceu-sc. firmando gnlpo importante na socieciade de<<strong>br</strong> />

rneados do s6culo XVlll e scculo XIX".<<strong>br</strong> />

iV0 TAS<<strong>br</strong> />

I - Conrnc?. Vivaltlo. 0 Rio tic .h~~~<strong>rj</strong>iro no sdcli/rl .\'I.//.<<strong>br</strong> />

1065. Coleqlio Rio 4 SPculos. \ 01.6. p.246.<<strong>br</strong> />

T! ed.. lose olynipio.<<strong>br</strong> />

2- I)oc~rrn~n/o.~ Ilts/<strong>rj</strong>ricos. Rio tlc Saneiro. Bihliotccn N:~cionnl. 1045. \,o1.70.<<strong>br</strong> />

p. 33.<<strong>br</strong> />

3- Lobo. FJul;ili:~ hlnrin I,nhmc!cr. "0 comCrcio :~tI:intico e a ctimr~nidade de<<strong>br</strong> />

rncrcndorcs tlo Rio dc Saneiro c em Charlrston no s2culo SVIII". Ncvi.r!n de<<strong>br</strong> />

I11.rr<strong>rj</strong>r.ro. n. I0 I. ,inn 'mar~o. 1075. S<strong>rio</strong> Parrlo. IISI'. p.58.<<strong>br</strong> />

4- /)oc~rmctitor 1lr.xt<strong>rj</strong>ricos Rio dc fnnciro. Rihlioteci~ Nncionnl. 10-15. \,01.70.<<strong>br</strong> />

p 149.<<strong>br</strong> />

5- [.isanti. I.uis. \'c~,pric.ros colonitri.~ (rmo corrcspont/i.ncio comcrc.io1 do st;clilo<<strong>br</strong> />

.\~1'111). Brasilia. \l~nistC<strong>rio</strong>(in Fa/cncla: S,io Pnulo. Vis3o l:ditori;~l. 1973. vol.1.<<strong>br</strong> />

p.CCS. CCSSII. CCXS\'I.<<strong>br</strong> />

0- Pita. Sehnsti<strong>rio</strong> iln Rochn. op.cit.. p.h-1<<strong>br</strong> />

7- Ihidern. p.65<<strong>br</strong> />

X- ..\rtur de S;i hlcncscs foi o pri~iiciro rovernador nomendo corn a grnti~~a~so de<<strong>br</strong> />

capitso-general: folernou o Rio dc Snnciro dc 1607 a 1702. Foi succdido por<<strong>br</strong> />

d.:\l\.nro dn Sil\cira r2lbuqt1ertl~1c (1702-1705): d.l'crnnndo tle 'Llnsc:~rcnhas<<strong>br</strong> />

(1705-1700): ,\ntAnio de Alhuq~~crql~e (1700): I-rancisco dc Cnstro hlorais<<strong>br</strong> />

(1710-1 71 1 ): ,+\nti,nio de :llhuqucrq~re(sceundo co\.erno, 171 1-1 713):<<strong>br</strong> />

d.1-rancisco S:I\ icr tln T&\ ora ( 1713- 1716): Manuel C'nstelo [iranco ( 1716):<<strong>br</strong> />

:\ntOnio dc Ilrito c h,leneses ( 1716- 1719): Aircs dc S;~ldnriha ( 1719-1725): I>uis<<strong>br</strong> />

\'ahin hlontciro ( 1725-1732): \lanuel de Freit:ls tln Fonsecn ( 1732-1733) e


finnl~noitc (io~ncs Frcire de .4ntlrndc. quc yoccrnou o I


XI'//. op.cit.. p.126: Cruls. Gast<strong>rio</strong>. opeit.. vol.1. p.75<<strong>br</strong> />

29- Ferrez. Gilberto. op.cit.. p.l l<<strong>br</strong> />

3 1 - Coaracy. Vivaldo. op.cit.. p.2 10<<strong>br</strong> />

32- Pita. Sebastilio da Rocha. op.cit.,p.64<<strong>br</strong> />

33- Cruls. Gast<strong>rio</strong>. op.cit.. vol.1. p.99<<strong>br</strong> />

34- Fleuiss. Mar. opeit.. p.89 e Cruls. Gastfio. op.cit. vol.l, p.99<<strong>br</strong> />

35- Cruls. Gast<strong>rio</strong>. op cit.. vol.1. p.99<<strong>br</strong> />

36- Ibidem. p. 128<<strong>br</strong> />

38- Pita. Sebasti<strong>rio</strong> da Rocha. op.cit.. p.64<<strong>br</strong> />

39- Ara~!jo. Sost de Souza .Azevedo Pizarro. .\lemdrici.~ llis~riricas do Rio de<<strong>br</strong> />

Jnneiro. Rio de Saneiro. Imprensa Nacional . 1945. vols.2-5.<<strong>br</strong> />

40- Ibidem<<strong>br</strong> />

41- Lobo. Eulrilia Maria Lahmeyer. Histcjria do Rio de Jnneiro, op.cit.. vol.1.<<strong>br</strong> />

p.20-27.<<strong>br</strong> />

42- Sch\\.artz. Stuart U. Segredos internos - engenkos e escrcrvos na socredade<<strong>br</strong> />

coloninl. Trad. Laura Teiseira da Motta. Sfio Paulo. Cia. das Letras. 1988.<<strong>br</strong> />

p. 149.<<strong>br</strong> />

44- Anton~l. Andre Jo5o C'rcliltrc~ e oprr1L;ncrn do Rrnsrl. Introduqgo de Alice<<strong>br</strong> />

Cana<strong>br</strong>ava. S<strong>rio</strong> I'aulo. Cla.Ed Nacional. 1967. p.228.<<strong>br</strong> />

45- Pinto. Virgilio No!.a. 0 0111.0 hrasileiro e o comPrcio nnglo-portlig~iPs. Silo<<strong>br</strong> />

Paulo, Cia.Ed.Nacionnl1MEC. 1979. p. 191.<<strong>br</strong> />

46- Pinto. Viryilio Yoya. op.cit.: Zemclla. Mafalda. 0 ohnstecin~ento da<<strong>br</strong> />

cnpitnnra de .\/inns Gcrais. Silo Paulo. 1951. Ver tamhim Ciodinho. Vitorino<<strong>br</strong> />

Magalhlies. .\lito e mercodoria . utopia e prdtica de navegar, s~crrlos k7/1-<<strong>br</strong> />

XI'111. Lisboa. DIFEL,. 1990. p.489.<<strong>br</strong> />

47- Fleuiss. Ma\. op.cit.. p.66<<strong>br</strong> />

48- Beauchamp. Alphonsede. op.cit.. p.396. apud Lobo. Eulalia Maria Lahmeyer.<<strong>br</strong> />

op.cit.. vol.1. p.34.<<strong>br</strong> />

49- Pita. Sebasti<strong>rio</strong> da Rocha. op.cit.. p.65.<<strong>br</strong> />

50- Sch\vartz. Stuart B. op.cit.. p.85.<<strong>br</strong> />

5 I- Caille. Nicolas Louis de la, sac., op.cit., p. 119-34. apud Lobo. Eulalia Maria<<strong>br</strong> />

Lahmey. op.cit..vol.l. p. 35.<<strong>br</strong> />

52- Lobo. Eulalia Maria Lahmeycr. op.cit.. vol. I. p.34-35


53- Ibidem. p.35<<strong>br</strong> />

53- Ver Lisanti. Luis. op.cil.. vol.1. p.CCIX a CCCIXV<<strong>br</strong> />

55- Docrimen/o.s His/cirico.r. Rio de Janeiro. RibliotecaNacional. ~01.03. p. 158.<<strong>br</strong> />

56- Froger. Fran~ois. Rc'lation r/ 'lrn ~,ojnge./iri/ ct7 1695, 1696 r/ 169- arrx rdtc~s.<<strong>br</strong> />

d'.-lfrrqrce. dgrroit de ,.\/rr,qellrrr7. Rresil. ('~i!,ennc et I.rles .lt~/illc.r pol. 1111(,<<strong>br</strong> />

esccldrr c/c.cs \,a.sseozru clrr No;, cnmmnnck;e pr7r .2/ dc Ger7ne.s faite par le Sieur<<strong>br</strong> />

Froger. Ingenieur volontairc srrr le vaisseau le Faucon Anglois. Amsterdam.<<strong>br</strong> />

chez les hCriticrs tl'Antoinc Schelte. hl[>CXCIS. p.73-75.<<strong>br</strong> />

Seus habitantes sdo limpos c dc aspecto grave. comuns 3 SII;~ naq;io: srlo ricos<<strong>br</strong> />

e gostam dc comerciar: !Cni um grande ni~mero dc escra\.os ncyros. altm cle<<strong>br</strong> />

famili;)~ inteiras de indios. que mantkrn em serls engcnhos. nos quai.; n2c1<<strong>br</strong> />

querern pri\.ar dn liherdade. pois siio naturais do pais Scu.; cscra\o.;<<strong>br</strong> />

executam a maioria das tarefas domi.sticas: isso os torna ~ io pre~~~i~osos c.<<strong>br</strong> />

efeminados. que eles nBo se dipam a abaixar-se para pegar trm allinctc. se<<strong>br</strong> />

precisassem. 0 luso 6 t5o comum entre eles. que ndo somcritc os hurgr~cses.<<strong>br</strong> />

mas tambem os religiosos podem manter mulheres puhlicas sern tcmcr ;I<<strong>br</strong> />

censura e a maledicPncia do povo, qr~o a eles tributa um rcspcito todo<<strong>br</strong> />

particular: a irnpurcza n30 6 o ilnico defeito destes mongcs impios.<<strong>br</strong> />

57- Ver Lobo. Eullilia Maria Lahme\.er. op.cit. vol. 1. capitulo I. p. 17-72


trEs q~~artos da populaqiio <strong>br</strong>anca da cidade era de origem judaica.<<strong>br</strong> />

Parte dessa comunidade cristR-nova morava na cidade, esercendo<<strong>br</strong> />

atividades urbanas: conforme ja dissemos. cerca de 50°/0 dela se dedicava a<<strong>br</strong> />

atividade agricola, principalmente ao cultivo da cana e ao fa<strong>br</strong>ic0 do aqi~car,<<strong>br</strong> />

fosse como senhor de engenho ou partidista: mas, rnuitos deles tinham outras<<strong>br</strong> />

atividades, como advogados, medicos. comerciantes. mantendo residtncia<<strong>br</strong> />

tambem na cidade e refor~ando estensa rede de parentesco. como veremos<<strong>br</strong> />

a seguir.<<strong>br</strong> />

Na cidade<<strong>br</strong> />

Dentre os cristzos-novos que moravam na cidade do Rio de Janeiro.<<strong>br</strong> />

encontramos advogados, medicos, estudantes , comerciantes. homens de<<strong>br</strong> />

negocios, militares. sacerdotes e burocratas.<<strong>br</strong> />

Ocupavam casas no Centro do Rio de Janeiro, dentro do quadrilatero<<strong>br</strong> />

das freguesias da Se, Candelaria e Silo Jose. Erarn as zonas mais populosas<<strong>br</strong> />

da cidade, qiie a partir do inicio do seculo comeqava a crescer. 0 s cristzosnovos<<strong>br</strong> />

viviam proximos a elite colonial, ao <strong>gov</strong>ernador, ao bispo, muitos<<strong>br</strong> />

pertenciam a essa elite, conviviam, comportavam-se como ela. E suas<<strong>br</strong> />

moradias, vestua<strong>rio</strong> e objetos denotavam exatamente isso: eram vizinhos e<<strong>br</strong> />

tinham o mesmo comportamento dessa elite colonial.<<strong>br</strong> />

Vejamos onde residiam esses cristzos-novos: na nla da Cruz, trecho da<<strong>br</strong> />

Ouvidor, proxima a SC. caminho para o Campo de Santana (hqje praqa da<<strong>br</strong> />

Republica), Agostinho de Paredes. advogado e senhor de engenho tinha casas<<strong>br</strong> />

terreas: ali ficavam tambem as residencias do homem de negocios e senhor<<strong>br</strong> />

de engenho Jose Gomes Silva e do senhor de engenho Jose Pacheco de<<strong>br</strong> />

Azevedo'.<<strong>br</strong> />

Na rua Direita, uma das mais jmportantes do pe<strong>rio</strong>do. de grande<<strong>br</strong> />

movimento comercial. onde situava-se. como vimos, a casa do <strong>gov</strong>ernador,<<strong>br</strong> />

viviam diversos cristzos-novos: o homem de negocios Agostinho Lopes<<strong>br</strong> />

Flores e seu cunhado, o senhor de engenho Alesandre Soares moravam em<<strong>br</strong> />

casa com vista para o mar; o medico e dono de partido Francisco de Siqueira<<strong>br</strong> />

Machado e o mestre de meninos Francisco Mendes Sirndes tambCm ali<<strong>br</strong> />

residiamh.<<strong>br</strong> />

Na ruadaMisericordia oadvogado Sebastizo de Lucena Montarroioera<<strong>br</strong> />

o proprieta<strong>rio</strong> de casas terreas7; na rua da Quitanda morava Miguel de Castro


Lara, advogado. 0 senhor de engenho Jo2o Rodriglies Calassa tinha casa na<<strong>br</strong> />

rua do Rosh<strong>rio</strong>. e na rua das Flores. prbxima a rua do Ouvidor. o senhor de<<strong>br</strong> />

engenho Jose Correia Ximenes tinha casas peqilenas e terreas, alem de<<strong>br</strong> />

rnanter residencia em uma meia-agua na nia do padre Bento Cardoso; seu<<strong>br</strong> />

inn80 JoSo Correia Ximenes tinha casa na rua do Sucucurara (trecho da rua<<strong>br</strong> />

da Quitanda) virando para o campoR.<<strong>br</strong> />

Vernos que os cristgos-novos residiam exatamente nas inesrnas ruas<<strong>br</strong> />

onde, como disse Rocha Pita. encontravam-se as casas "no<strong>br</strong>emente<<strong>br</strong> />

edificadas" dos rnoradores da cidade. Caracterizavam-se como parte da elite<<strong>br</strong> />

colonial. Era ali. na zona no<strong>br</strong>e da cidade. que ficavam as casas de senhores<<strong>br</strong> />

de engenho e homens de negocios, alem de advogados e medicos.<<strong>br</strong> />

Cristgos-novos tarnbk~n habitavam nas suas "chacaras". rodeando a<<strong>br</strong> />

cidade; JoZo Correia Ximenes, enquanto esperava a constru$80 de sua casa<<strong>br</strong> />

na rua do Sucucurara. morava em urna quinta na Ca<strong>rio</strong>ca" vizinha. atras do<<strong>br</strong> />

outeiro de Santo AntBnio, tinha unia cli,icara a cristH-nova Apolania de<<strong>br</strong> />

Sousa''; na niesma regiZo ficava a propriedade do capitgo Luis Vieira de<<strong>br</strong> />

Medanha. enquanto Ana Henriques, viuva do tesoureiro da C5mara do Rio<<strong>br</strong> />

de Janeiro Francisco de Andrade, tinlia sua chacara na Gamboa. perto da<<strong>br</strong> />

Prainha: nos arredoresdacidade tambein inoravam o padre crist8o-novo JoZo<<strong>br</strong> />

Peres Caldeira e o senhor de engenho Pedro Mendes Henriques".<<strong>br</strong> />

Atividades urbanas<<strong>br</strong> />

CristZos-novos rnoravam na cidade do Rio de Janeiro exercendo<<strong>br</strong> />

atividades as mais diversas.<<strong>br</strong> />

Alguns dos homens de negocios n80 declararam em seus inventa<strong>rio</strong>s<<strong>br</strong> />

possuir propriedades im6veis. sequer casas para rnorar na cidade: talvez<<strong>br</strong> />

desejassem poupa-las do inevitavel confisco. que acontecia no momento da<<strong>br</strong> />

prisso daqueles acusados de heresiajudaica. Entretanto, moravam e trabalhavam<<strong>br</strong> />

na cidade do Rio de Janeiro. centro importador e exportador de<<strong>br</strong> />

mercadorias da'regifio. Exportar o aqucar. principal produto agrLio e de<<strong>br</strong> />

esportaq80 ate inicio do seculo XVIII, evportar o ouro das Gerais, importar<<strong>br</strong> />

ferro, tecidos, alimentos e escravos. exigiam a pemianincia na cidade,<<strong>br</strong> />

condi$%o para que pudessem bem gerir sells negocios. Entre os homens de


neg6cioscrist3os-novos setecentistas. denunciadosoi~ prssos pela InquisiqSo.<<strong>br</strong> />

encontramos 1 J pcssoas rnoradoras no Rio de Janciro. entre contratadores.<<strong>br</strong> />

mercadores e tratantes. representantlo cerca dc 7"'0 entre os 228 honiens<<strong>br</strong> />

cristSos-novos presos ou denunciados ao Trihirnal do Santo Oficio.<<strong>br</strong> />

Ilornens tlr negbcios rristaos-novos rnoratlores<<strong>br</strong> />

no Rio tlr .lanitro (l"00-1730)<<strong>br</strong> />

I i s I I ;<<strong>br</strong> />

:\le\;~ntlrc I lc~iricl~~ci<<strong>br</strong> />

.\ntfinio d3 C'il\ta Xiltll<<strong>br</strong> />

.\nlOriio clo V:tlc \lc\clilit:~<<strong>br</strong> />

llon'ctll 'Ic<<strong>br</strong> />

ncrocro\<<strong>br</strong> />

~nc.ri:~tlor<<strong>br</strong> />

nicrc;~clor<<strong>br</strong> />

~~~crc;~cli~r 1~11i\ \1;1tci\o<<strong>br</strong> />

L1:lnucl C';rrclo.;o dc' A/?\ rdo<<strong>br</strong> />

;\eostinho I ope\ IFlorc\<<strong>br</strong> />

ninrti dc \l~r;~ntln<<strong>br</strong> />

mrrcadl~r<<strong>br</strong> />

tr;tti1111c<<strong>br</strong> />

Cul~r~nht) ~r;~t;~t~tc<<strong>br</strong> />

lrat:~tile<<strong>br</strong> />

Tenlos pouca not icia de pequenos comerciantcs cristsos-novos estahelecidos<<strong>br</strong> />

na cidade: encontramos somente Llnl penitenciado qlle declarou tcr<<strong>br</strong> />

"loja de virias fazcndas" na cidade do Rio de Janeiro".<<strong>br</strong> />

Identificamos oito mkdicos cristiios-novos (cerca de 3.j0,;1 dos holnens<<strong>br</strong> />

presos oil denunciados) q ~ ali ~ praticavam c no inicio do sCculo XVlll e que<<strong>br</strong> />

foram atingidos pcla a~So inquisitorial".<<strong>br</strong> />

\li.tliros crist:io+novns mor;lclores no Rio cle .laneim,<<strong>br</strong> />

fnrmatlo~ n:c I ni\cmitlatlc tlc ('oimhr.~(I~8CC1721)<<strong>br</strong> />

A medicina era uma da atividades mais visadas pzlos Estatutos de<<strong>br</strong> />

Pureza de Sang~le. que proibiam o acesso dos cristiios-novos ao esh~do da<<strong>br</strong> />

ciPncia mbdica. qile fora doniinada po<strong>rj</strong>udeus desde a Idade Media. Durante<<strong>br</strong> />

muito tempo foram estes os mkdicos da Corte' I; a medicina. nu sqja. o estildo<<strong>br</strong> />

do corpo. era considerada atividade heretica pelo clero, e assitn observada de


per-to ptlos jcsuitas: ap6s a cc~nvers<strong>rio</strong>. vh<strong>rio</strong>s tlecretos foram emitidos<<strong>br</strong> />

procurando impedir o acesso dos crist5os-novos :I medicilia. nem sempre<<strong>br</strong> />

aplicados de rnaneira eficiente". Encontramos crist<strong>rio</strong>s-novos qile estudaram<<strong>br</strong> />

nessa academia rnesmo ap6s a sua prisSo e condenaq5o como liereticos"'. ou<<strong>br</strong> />

mesmo apcis o pai ter sido denr~nciado como liert;ticol'.<<strong>br</strong> />

AlCm da prritica privada. era pequeno o campo de atuaq3o desses<<strong>br</strong> />

profissionais. lose Rarniresdo Valefoi medicoda Crimaraedo presidio. assim<<strong>br</strong> />

corno Franciscode Siqueira Macliado; este teve aunientn de vencimentos em<<strong>br</strong> />

1700. sendo o<strong>br</strong>igado a tratar os doentes no hospital da Santa Casa e em suas<<strong>br</strong> />

resid0ncias. Antbnio Correia Ximenes cantlidatou-se ao carso de tnCciico do<<strong>br</strong> />

presidio. mas n<strong>rio</strong> atingiu seu intento. Jo<strong>rio</strong> da Mota 1,eite foi medico do<<strong>br</strong> />

Scnado, da Cham c do liuspitnl dn Snntn Casn cle Miseric<strong>br</strong>dia. norncaclo<<strong>br</strong> />

pelo provedor Salvador Viana In.<<strong>br</strong> />

Eqses m6dicos fluminenses estavam ligados a atividade aqucareira.<<strong>br</strong> />

fosse conio proprietri<strong>rio</strong>s. fosse atraves de laqos farniliares. Dois deles eraln<<strong>br</strong> />

donos de partido de canas, um era filho, outro rieto e um terceiro era genro<<strong>br</strong> />

de senhor de engenhol".<<strong>br</strong> />

A discrirninaq<strong>rio</strong> dos crist<strong>rio</strong>s-novos nos cargos pi~blicos na Legislaq<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Portuguesa data de 1 5 14'". quando para o oficio de regedor da Justiqa cia Casa<<strong>br</strong> />

da Suplicaq<strong>rio</strong> exigia-se uma pessoa de "limpo sangue"; at6 1744. forani<<strong>br</strong> />

promulgadas mais de 17 leis especificando cargos vedaclos aos descendentes<<strong>br</strong> />

de judeus.<<strong>br</strong> />

Apesar dessa legisla~io. cristzos-novos atuavam nos quadros da<<strong>br</strong> />

burocracia colonial desde o seculo XV12': no inicio do seculo XVII I. foram<<strong>br</strong> />

denunciaclos ao Tribunal de Lisboa como crist<strong>rio</strong>s-novos judaizantes o<<strong>br</strong> />

alcaide-rnor do Rio de Janeiro. o tesoi~reiro da Crimara. um procurador da<<strong>br</strong> />

Crimara. urn meirinho e escriv<strong>rio</strong> da Crimara, um tabeli<strong>rio</strong>, urn alniosarife e<<strong>br</strong> />

urn juiz de alfrindega.<<strong>br</strong> />

CMOS-mvos em cargos <strong>br</strong>rroctlih (1700-1730)<<strong>br</strong> />

Antixlto ck Ekrn<<strong>br</strong> />

~xtnada cia C' ,uliara<<strong>br</strong> />

I otne Cnnna V,mqw<<strong>br</strong> />

r~mcrwo de Tnndxk<<strong>br</strong> />

Franclwo Nunes 61 C'odrl<<strong>br</strong> />

Jo<strong>rio</strong> Car 5<<strong>br</strong> />

Manuel d<<strong>br</strong> />

alack-mortmrre~ro<<strong>br</strong> />

da Cham<<strong>br</strong> />

~nerrmtio e mv2o th Cimm<<strong>br</strong> />

~1xl1,io<<strong>br</strong> />

almo~mfe<<strong>br</strong> />

\Lli7113 df;uldq


Dentre eles. encontramos va<strong>rio</strong>s corn ligaqbes com o cultivo da<<strong>br</strong> />

cana-de-aqircar: tres eram senhores de engenho e urn, dono de partido".<<strong>br</strong> />

Como acontecia corn a medicina. o estudo das leis era vedado aos<<strong>br</strong> />

cristiios-novos pelos Estati~tos de Limpeza de Sangue; no si.culo XVI.<<strong>br</strong> />

professores de Coirn<strong>br</strong>a forarn esp~rlsos como crist3os-novos; entretanto,<<strong>br</strong> />

muitos continuaram a freqiientar a ~~niversidade e dali sair advogados".<<strong>br</strong> />

Dentre os profissionais liberais crist3os-novos do Rio de Janeiro, os<<strong>br</strong> />

advogados formados em Coim<strong>br</strong>n constitiriam o grupo mais numeroso.<<strong>br</strong> />

cerca de gO'O . No pe<strong>rio</strong>do de nosso eqtudo. encontramos 19, todos<<strong>br</strong> />

formados em Coim<strong>br</strong>a'.'. muitos corn escrito<strong>rio</strong> e exercendo a advocacia<<strong>br</strong> />

- no pc<strong>rio</strong>do.<<strong>br</strong> />

Advqeados crist5os-novos momdores no Ride Janeiru<<strong>br</strong> />

formatlos na I;niverridade tle C'oimbm (16-57-1722)<<strong>br</strong> />

I657<<strong>br</strong> />

1677<<strong>br</strong> />

Andnio dc Ikui-cr;<<strong>br</strong> />

Guilhame (ionits<<strong>br</strong> />

Agostinho de I'ruwles<<strong>br</strong> />

So50 I'enx Cnlclc.in<<strong>br</strong> />

So5o Mad- da Siva<<strong>br</strong> />

Luis 'Lk~hxIo I Iorn~m<<strong>br</strong> />

Migucl dc Caqm Lara<<strong>br</strong> />

Selx~\~i;lo dc I > L I L ~ ~<<strong>br</strong> />

I<<strong>br</strong> />

blontrun>io<<strong>br</strong> />

blartim Comia de Si I<<strong>br</strong> />

So30 ;\I\ an3 I. i~ueim I(.'V<<strong>br</strong> />

I<<strong>br</strong> />

I(x%<<strong>br</strong> />

I<<strong>br</strong> />

16'11<<strong>br</strong> />

I693<<strong>br</strong> />

/ Mmucl cle 1';ndc.i<<strong>br</strong> />

Dominosl ciwin da Mats -<<strong>br</strong> />

Inkio (ionitxi A/~mdo<<strong>br</strong> />

fvlanucl Conria V;IV~LILS<<strong>br</strong> />

Manucl 120pc3 dc Moniis<<strong>br</strong> />

1 Belclilior Hcnriques dn Silm<<strong>br</strong> />

F~ancisco Games Dinis<<strong>br</strong> />

Guilhtme Gornm Mourh<<strong>br</strong> />

h i r m Rodriglc~ M da<<strong>br</strong> />

I(+W<<strong>br</strong> />

I(+N<<strong>br</strong> />

17(X)<<strong>br</strong> />

1701<<strong>br</strong> />

17(U<<strong>br</strong> />

171U<<strong>br</strong> />

17(V<<strong>br</strong> />

172<<strong>br</strong> />

s.d.<<strong>br</strong> />

Antbnio de Barros, seu filho Sebastizo de Lucena Montarroio e seu<<strong>br</strong> />

genro Agostinho de Paredes eram socios em urn escrit6<strong>rio</strong>. tendo<<strong>br</strong> />

advogado varias causas. inclusive defendendo cristzos-velhos em litigio<<strong>br</strong> />

corn cristios-novos, como foi o caso da defesa do capit30 Jo3o dos Reis.<<strong>br</strong> />

cristzo-velho, que disputou terras com o senhor de engenho cristiio-novo<<strong>br</strong> />

JoZo Rodrigues Calassa, tendo sido patrocinado por Sebasti3o: ou ainda<<strong>br</strong> />

Antbnio de Barros, que atuou en1 disputa envolvendo a familia Vale (de<<strong>br</strong> />

cristzos-novos) e o senhor de engenho Sebastigo da Silveira (cristiovelho).<<strong>br</strong> />

substituido nessa causa por seu filho Sebastiio".


Va<strong>rio</strong>s desses advo~ados erarn tarnbern ligados a terra. Ao rncnos<<strong>br</strong> />

seis deles erarn senhores de engenho ou donos de partido de cana'" aindn.<<strong>br</strong> />

rnuitos dos outros profissionais acirna erarn filhos, genros de pessoas<<strong>br</strong> />

ligadas agricultura, a cana-de-a~i~car. Forrnavam urna gera~io de<<strong>br</strong> />

profissionais liberais estreitarnente relacionados i atividade a~ucareirn.<<strong>br</strong> />

Desde rneados do seculo XVll senhores dc engenho cristiios-novos<<strong>br</strong> />

rnandavarn seus filhos estudarem em Portugal, na Universidade de<<strong>br</strong> />

Coim<strong>br</strong>a". Alguns dos filhos de senhores de engenho seguiarn a carreira<<strong>br</strong> />

rnilitar. outros participavarn das crirnaras corno "hornens bon~"'~.<<strong>br</strong> />

Entre os cristios-novos por n6s estudados, encontramos no Rio de<<strong>br</strong> />

Janeiro 2 1 militares (9%). sete sacerdotes(-39.0). 1 I estudantes de grarnitica<<strong>br</strong> />

(5?/0), alem de dois caixeiros, dois alfaiates, urn pescador, dois<<strong>br</strong> />

rni~sicos, dois carpinteiros e urn rnestre de rneninos (3.5%). Nessas<<strong>br</strong> />

categorias profissionais tarnbern se rnanifcstava a rcdc de parentesco,<<strong>br</strong> />

rnuitos ligados ao cultivo da cana-de-a~ucar"'.


Patlm cri5t.ios-now6 morxclores no Rio cle .laneiro (1 70-1 730)<<strong>br</strong> />

Estuclantm tle gmm6tica crist5ocnovos moraclnm no Rio de Janeim (1 700-1 730)<<strong>br</strong> />

,-\ndr2 dc \'cign I-r-cire '<<strong>br</strong> />

So< (ioni~.; cIc I':ucules<<strong>br</strong> />

:\nthnio cle h Iclo<<strong>br</strong> />

lielq~<strong>rio</strong>r cln I onsia [loria<<strong>br</strong> />

Relquior I lcnriclrlcscla Sika<<strong>br</strong> />

Iliog) I:arto<<strong>br</strong> />

J~lan~rel dc Pamdcs<<strong>br</strong> />

Joe Jc Siclucir,~ Vachaclo<<strong>br</strong> />

Luis I.cm:uiJ~~ C'ratn<<strong>br</strong> />

Diogo d3 Sil\ :I h1ont;lmio<<strong>br</strong> />

Sc.n;ninio 1 Ienricl~~c~<<strong>br</strong> />

Ocupaqk skin-pmfis5bnak: crist50s-novos moradores no<<strong>br</strong> />

Rio cle .laneim(17fMl-1730)<<strong>br</strong> />

Frmci.ro (inrnc~ Sil1.a<<strong>br</strong> />

cai\ciro<<strong>br</strong> />

.At;mA~in 'VIC-~CT<<strong>br</strong> />

linrpi.;tn da<<strong>br</strong> />

cia^ clc Se~us<<strong>br</strong> />

Fmncixo dc I'~ulule<<strong>br</strong> />

cii\cila<<strong>br</strong> />

Valcntim I


que era tamhem advogado. medico ou tratante. ~eria seus neg~icios da cidade.<<strong>br</strong> />

E impossivel dissociar esse grupo urban0 daquele ligado a produqSo do<<strong>br</strong> />

a~i~car: assim. essa incipiente burguesia cristS-nova fluminense de inicio do<<strong>br</strong> />

seculo tinha raizes no grande propriedade agricola monocultora e escravista<<strong>br</strong> />

do aqi~car, com a qua1 se encontrava profundamente relacionada.<<strong>br</strong> />

Gilberto Fre>,re indica uma oposi~iio entre a "no<strong>br</strong>eza n~ral" , os<<strong>br</strong> />

produtores de aqilcar de Pemambuco. que mantinharn nas cidades os<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>ados. e o grupo de mercadores. notadamente reinhis que atuavam no<<strong>br</strong> />

Recife setecentista. oposicSo que resultou na "gucrra dos Mascates""'.<<strong>br</strong> />

Entretanto. para o Rio de Janeiro dos cristiios-novos. essa oposiqSo nRo foi<<strong>br</strong> />

identificada, fosse porque esses cristiios-novos senhores de engenho tinharn<<strong>br</strong> />

desaparecido nastrts primeirasdecadasdo seculo. devido aaq'5o inquisitorial.<<strong>br</strong> />

fosse porque os pr6p<strong>rio</strong>s senhores de engenho deram sinais de aderir aos<<strong>br</strong> />

novos tempos. novos negocios. novas atividades econilniicas. como o comercio<<strong>br</strong> />

com as Gerais. tornando-se eles mesmos parte dessa burguesia comercial<<strong>br</strong> />

que comecava a se impor no Rio de Janeiro.<<strong>br</strong> />

0 cotidiano: mobilih<strong>rio</strong>, vestuh<strong>rio</strong>, objetos<<strong>br</strong> />

Em residEncias bem mobiliadas viviam os cristsos-novos. de acordo<<strong>br</strong> />

com os padrcies da t-poca.<<strong>br</strong> />

Segundo depoimentos de viajantes que passaram pelo Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

nesse pe<strong>rio</strong>do. a maioria das casas eram terreac. havendo poucos so<strong>br</strong>ados.<<strong>br</strong> />

Entretanto. o luso, a ostenta@o era comum: "l,e IZLYCSI .ri ordit~crircpcrrnii<<strong>br</strong> />

elL\-. '"'. NSo possuimos informa~bes quanto ao numero de c6niodos. nem<<strong>br</strong> />

a distribuiqilo das areas de servi~o e social, nem tampouco Area do terreno;<<strong>br</strong> />

podemos deduzir. entretanto. pelo mobilii<strong>rio</strong>. que houvesse o quarto ou<<strong>br</strong> />

quartos de dormir, onde ficariam as camas, redes. arma<strong>rio</strong>s, uma Area social<<strong>br</strong> />

talvez contigua a uma cozinha: n5o encontramos indicioq de haver sen~alas<<strong>br</strong> />

ou acomodaqbes pr6prias para os escravos. devendo os mesrnos viver dentro<<strong>br</strong> />

das casas".<<strong>br</strong> />

Atraves da analise de 73 inventh<strong>rio</strong>s de cristiios-novos moradores no<<strong>br</strong> />

Rio de Janeiro no inicio do sPculo XVIII. procuramos formar um painel do<<strong>br</strong> />

cotidiano dessas pessoas. mostrando seus m6veis. vesturi<strong>rio</strong> e objetos".


A noite, o sono em bons leitos. Havia de todos os tipos, desde o simples<<strong>br</strong> />

catre, o leito fa<strong>br</strong>icado em pau comum, ate aqueles mais luxuosos. em<<strong>br</strong> />

jacaranda. tomeados e retorcidos. Com paramentos, lenqois, colchas, cobertores,<<strong>br</strong> />

cortinados. de algodso <strong>br</strong>anco e paramentos de damasco com franjas<<strong>br</strong> />

de ouro, cortinado de tafeta carmesim listrado com franjas de retros. ou<<strong>br</strong> />

cortinados de rendas <strong>br</strong>ancas. e ainda, paramentos de duquesa escarlate com<<strong>br</strong> />

franjas verdes, ou safena de veludo carmesim bordado com fios de ouro. Para<<strong>br</strong> />

o f<strong>rio</strong>, alcatifas (cobertores) bordadas, cobertores de damasco amarelo com<<strong>br</strong> />

pasamande de ouro. Geralmente, aparece uma, b vezes duas camas por<<strong>br</strong> />

residencia; para Minasqh. havia desproporqso entre o numero de leitos e dos<<strong>br</strong> />

moradores das casas. No Rio de Janeiro, sabemos que algumas das familias<<strong>br</strong> />

de cristsos-novos tinham mais de cinco filhos; porem, sabemos tambem que<<strong>br</strong> />

muitas dessas farnilias mantinham duas residencias, no engenho e na cidade,<<strong>br</strong> />

e a mulher e filhos pequenos permaneciam no engenho, sendo dificil<<strong>br</strong> />

determinar quantas pessoas ocupavam urn leito, ou dormiam em redes ou no<<strong>br</strong> />

chZo. Encontramos referencia a colch6es, mas nZo a travesseiros. comuns na<<strong>br</strong> />

SZo Paulo seiscentista e em Minas Gerais".<<strong>br</strong> />

Havia aqueles que preferiam as redes para dormir, ou entZo para o<<strong>br</strong> />

passeio; os palanquins que as sustentavam, eram luxuosos, de barregana azul<<strong>br</strong> />

forrado, ou de seda da 1ndia cor de ouro; as redes podiam ser <strong>br</strong>ancas, de<<strong>br</strong> />

algod20,ou com paramentos enfeitados, e com alcatifas bordadas. e aparecem<<strong>br</strong> />

em menor numero do que as camasJs.<<strong>br</strong> />

Para as refei@es, possuiam talheres de prata; os pratos podiam ser de<<strong>br</strong> />

louqa da india, ou de estanho; pucaros e salvas de prata (especie de copo, ou<<strong>br</strong> />

taqa, com o prato que a sustentava), saleiros e galhetas (recipiente para o<<strong>br</strong> />

azeite, vinagre ou vinho) tambem em prata. Paliteiros, em prata ou ouro.<<strong>br</strong> />

Jarros, para o vinho e agua. e para lavar as miles. No seculo XIX no Rio de<<strong>br</strong> />

Janeiro os talheres n%o eram utilizados habitualmente, somente quando havia<<strong>br</strong> />

visitas, segundo depoimento de um inglCs, Lindley, que constatou que as<<strong>br</strong> />

pessoas comiam com as msos, habito que o horrorizou'" provavelmente no<<strong>br</strong> />

seculo XVlIl acontecia o mesmo.<<strong>br</strong> />

Castiqais e candeeiros, todos em prata, iluminavam as noites ca<strong>rio</strong>cas.<<strong>br</strong> />

Nas janelas, cortinas, de chita, de droguete.<<strong>br</strong> />

Em todas as casas. bacias. De todos os tamanhos. materiais, para<<strong>br</strong> />

diversas finalidades. As mais simples, de arame (composiq50 de metais de<<strong>br</strong> />

cor amarelada; co<strong>br</strong>e ou <strong>br</strong>onze), seguidas pelas de estanho e as de prata;


serviam para ficar aos pis da cama ou como instrumento, juntamente com o<<strong>br</strong> />

pincel. para a barba. Havia ainda os grandes tachos de co<strong>br</strong>e, para a cozinha.<<strong>br</strong> />

Certamente utilizavam gamelas e copos de madeira, alem de cer2mica de<<strong>br</strong> />

origem indigena para o triviali0.<<strong>br</strong> />

AIguns dos senhores usavam bengalas. bastdes encastoados de prata em<<strong>br</strong> />

cima e embaixo. Muitos mantinham em suas casas adagas, espadas e armas<<strong>br</strong> />

de fogo: espingardas. pistolas. bacamartes e clavinas.<<strong>br</strong> />

Peqas utilitarias, como selas de montaria, e redes de pescar tambem ali<<strong>br</strong> />

existiam. Ao menos um amante da nii~sica, entre os cristgos-novos, dono de<<strong>br</strong> />

uma viola grande, marchetada de marfim.<<strong>br</strong> />

Dentre os artigos importados pelos negociantes do Rio de Janeiro.<<strong>br</strong> />

encontramos grande variedade de tecidos, como baetas, sedas, tafetas,<<strong>br</strong> />

gorgordes, veludos, panicos. I%, rendas, cam<strong>br</strong>aia, damasco, algodgo, linho,<<strong>br</strong> />

camel20, cochonilha, <strong>br</strong>etanha. em varias cores, como o azul, preto, verde,<<strong>br</strong> />

vermelho e o carmesimJ'. Tecidos utilizados pelos alfaites da cidade, fossem<<strong>br</strong> />

os dois crist2os-novos, fossem outros. para a confecqso de peqas para o<<strong>br</strong> />

vestua<strong>rio</strong> de homens e mulheres.<<strong>br</strong> />

0s homens crist2os-novos usavam roupa <strong>br</strong>anca, que chamavam de<<strong>br</strong> />

"roupa fina <strong>br</strong>anca"'? como camisas, ceroulas e meias; calqbes, capotes -<<strong>br</strong> />

"agaloados com our^"^', vestido de camel20 de seda cinza, roupas de uso;<<strong>br</strong> />

certamente deviam constar de seu vestua<strong>rio</strong> "de uso" calqas, casacas, coletes,<<strong>br</strong> />

jalecos. como os encontrados nas Minas e em Sgo PauloJ4.<<strong>br</strong> />

Foram declaradossomente um chapeu e um parde borzeguinsde couro,<<strong>br</strong> />

mas certamente eram itens presentes no uso desses cristgos-novos. Para<<strong>br</strong> />

Minas e Sgo Paulo, foi encontrada grande variedade de chinelos, tamancos,<<strong>br</strong> />

escarpins. luvas, chapeus e perucas, que tambem deveriam existir no Rio de<<strong>br</strong> />

Janeiro, como demonstra a relaqso de fivelas para sapatosJ'.<<strong>br</strong> />

As mulheres vestiam saias de seda, coletes, corpinho, aventais, vestidos,<<strong>br</strong> />

nos tecidos mais variados. como o veludo, o tafeta, o droguete. a baeta,<<strong>br</strong> />

alem da roupa <strong>br</strong>anca de uso, como espartilhos, anaguas, ceroulas e cintasJ6.<<strong>br</strong> />

No item ')oiasm e que e possivel vislum<strong>br</strong>ar com maior clareza o luxo


e ostenta~30 que reinava dcntrc a elite cristz-nova.<<strong>br</strong> />

Rroches de ouro e diamantes. outros corn pedras de menor valor:<<strong>br</strong> />

cordbes de ouro de variados pesos. <strong>br</strong>incos de diamantes. esmeraldas e rubis.<<strong>br</strong> />

alguns tambem enfeitados com esrnalte; fios de a!jKfar (perolas). mcm6rias<<strong>br</strong> />

(aneis) de diamantes e outras pedras precioqas: caisas de ouro, lisas e<<strong>br</strong> />

trabalhadas, palitos de ouro. esgaravatores de ouro: botbes dc ouro para<<strong>br</strong> />

roupas feniininas e masculinas. fivelas de ouro para os sapatos. Somcnte duas<<strong>br</strong> />

cruzes foram arroladas nos invcnti<strong>rio</strong>s: uma grande. dc ouro. com cordHo. e<<strong>br</strong> />

outra crave.jada de diamantes".<<strong>br</strong> />

Tanto no vestir, como no hahitar. esses crist3os-novos n3o aprescntavarn<<strong>br</strong> />

diferen~as rnarcantes em relacso a seus vizinhos cristsos-velhos; porein,<<strong>br</strong> />

dentre as j6ias notamos a falta dc muitas cnlzes c principalmente de rosi<strong>rio</strong>s.<<strong>br</strong> />

comuns entre os paulistas'? do mesmo modo. nas residencias. hi aus6ncia de<<strong>br</strong> />

objetos de cunho reli,' OIOSO.<<strong>br</strong> />

Objetos religiosos<<strong>br</strong> />

Dentre os 73 inventa<strong>rio</strong>s csaniinados, somente quatro apresentam<<strong>br</strong> />

ob.jetos de cunho religiose; o hornem de negbcios Agostinho Lopes Flores<<strong>br</strong> />

relacionou entre suas joias as duas cruzes mencionadas acima'": Manucl de<<strong>br</strong> />

Moura Fogaca, senhor de cngcnho. disse ser propricti<strong>rio</strong> de uni orato<strong>rio</strong> de<<strong>br</strong> />

caixeta pintado. com dois castiqais, um calice e uma patena de prata. aieln de<<strong>br</strong> />

urna vestirnenta de 12 "com alva e demais preparos para dizer a missa""'; o<<strong>br</strong> />

advogado SebastiHo de Lucena Montarroio tinha um Santo Cristo e ulna cruz<<strong>br</strong> />

de ebano marchetados de prata. iniagens de Nosso Senhor atado i coluna.<<strong>br</strong> />

Nossa SenlioradaConcei~2oeNossa Senhoracorn o Menino Jesus e szo Jose.<<strong>br</strong> />

alem de uma imagem de santo Ant6nio com o Menino Jesus. ambos com<<strong>br</strong> />

resplendoresde prata". Noengenho doadvogado Agostinhode Paredes havia<<strong>br</strong> />

um orato<strong>rio</strong> com todos os ornamentos de dizer missa".<<strong>br</strong> />

Para Vila Rica, no skculo XVIIl foram encontradas varias imagens de<<strong>br</strong> />

Nossa Senhora do Rosa<strong>rio</strong>. Nosso Senhor Cnrcificado. orato<strong>rio</strong>s. niissais e<<strong>br</strong> />

quadros de santos". Nas paredes das casas palllistas havia quadros de<<strong>br</strong> />

apostolos. Isminas da Virgem. de santa Catarina e s3o Jose".


Devemos ter em mente, entretanto. que esses inventa<strong>rio</strong>s eram realizados<<strong>br</strong> />

para fins de confisco dos bens e. portanto. n2o devem ser considerados<<strong>br</strong> />

completos. como acontecia quando eram inventa<strong>rio</strong>s com fins de dividir a<<strong>br</strong> />

heran~ apos a morte do proprieta<strong>rio</strong>. Assim. e possivel que esses crist2osnovos<<strong>br</strong> />

tivessem, mas nzo tenham declarado, objetos religiosos sem grande<<strong>br</strong> />

valor. como cnlzes de madeira por exemplo; ainda assim, quando vemos nos<<strong>br</strong> />

inventa<strong>rio</strong>s outros objetoscomo bacias ou tamboretes. ou qualqueroutro bem<<strong>br</strong> />

declarado que muitas vezes n2o valia mais do que quatro mil reis, ou "alguns<<strong>br</strong> />

tostdes". fica a quest20 so<strong>br</strong>e a razz0 de n5o constarem nesses documentos<<strong>br</strong> />

objetos do culto catolico: n2o tinham. n2o acreditavam. n5o declararam ?<<strong>br</strong> />

0s livros<<strong>br</strong> />

Livros eram raros no Brasil colonial; a imprensa. proibida, e para ler,<<strong>br</strong> />

somenteo<strong>br</strong>as que haviam passado pelocrivo dacensura. N2o havia no Brasil<<strong>br</strong> />

tipografias nem sequer universidades, diversamente da America espanhola.<<strong>br</strong> />

Alciintara Machado computou somente 55 livros nos inventa<strong>rio</strong>s<<strong>br</strong> />

paulistas, a maioria de literatura religiosa e devocioni<strong>rio</strong>s"; uma so o<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

juridica, alguns trabalhos didaticos e algumas o<strong>br</strong>as da literatura hispsnica.<<strong>br</strong> />

como as Novelas de Cewantes".<<strong>br</strong> />

Entretanto, nas Gerais do final do sCculo, ja encontramos grandes<<strong>br</strong> />

bibliotecas, como a do c6nego Luis Vieira da Silva, que tinha em sua casa,<<strong>br</strong> />

nos sertaes, cerca de 270 o<strong>br</strong>as com oitocentos volumes", como diciona<strong>rio</strong>s.<<strong>br</strong> />

livros de historia, literatura, demonstrando influencia da Ilustra~2o francesa.<<strong>br</strong> />

No Rio de Janeiro, no inicio do seculo XVIII, nos inventa<strong>rio</strong>s de<<strong>br</strong> />

processos da Inquisiq20 de Lisboa, foi declarada a existencia de mais de<<strong>br</strong> />

setecentos volumes, pertencentes a dez cristzos-novos presos pelo Santo<<strong>br</strong> />

Oficio'! Quatro advogados eram donos da maioria dos exemplares (cerca de<<strong>br</strong> />

480), dois medicos tinham cerca de 240 volumes e dois advogados ngo<<strong>br</strong> />

declararam quantos livros havia em suas bibliotecas. 0s poucos livros<<strong>br</strong> />

restantes pertenciam a dois lavradores de cana.<<strong>br</strong> />

Declararam os rCus que aproximadamente 350 volumes tratavam de<<strong>br</strong> />

direito; 130 eram livros de "conto, estorias e cu<strong>rio</strong>sidades'"O. oitenta vinham<<strong>br</strong> />

da faculdade medicinam e somente um dos lavradores declinou os titulos de


sua biblioteca composta por "dois livros de sermbes, outro intih~lado Arte de<<strong>br</strong> />

reinar e outro da vida do conde Damatizio e umas horas do oficio de Nossa<<strong>br</strong> />

Senhora em latim "6'; o outro disse que tinha tres ou quatro livros de moral<<strong>br</strong> />

e historia da indiah2.<<strong>br</strong> />

Somente no seculo XIX, ap6s atransferencia da familia real portuguesa<<strong>br</strong> />

para o Rio de Janeiro, e que foi criada a lmprensa Rtgia, aumentando o<<strong>br</strong> />

numero de livros em circulaqBo no pais, o que, juntamente corn a criaqgo de<<strong>br</strong> />

escolas, propiciou a expansgo do publico leitoP3.<<strong>br</strong> />

NOTAS<<strong>br</strong> />

I- Apud Fleuiss. Max, op.cit.. p.66<<strong>br</strong> />

2- Em I595 AntBnio de Lucena recebeu do <strong>gov</strong>ernador Salvador Correia de Sa<<strong>br</strong> />

'-uns chaos devolutos" (Tombo das cartas de sesrnorins do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

(1595-1606).Rio de Janeiro, Arquivo National. 1967. p.83-84). Diogo de<<strong>br</strong> />

Montarroio e Manuel Gomes receberam sesmaria em 1603 e Miguel Cardoso<<strong>br</strong> />

em 1602 (Tombo. op.cit., p. 196 e 1 18). Em 1665 AntBnio de Barros casou-se<<strong>br</strong> />

com d.Brites de Lucenae foram morar em seu engenho de Jacarepaguk. herdado<<strong>br</strong> />

de seus pais.<<strong>br</strong> />

3- Beauchamp. Alphonse de. op.cit..p.396 e Pita, SebastiBo da Rocha, op.cit.,<<strong>br</strong> />

p.65.<<strong>br</strong> />

4- Froger. Fran~ois, op.cit.. p.65: "isso demonstra a ma fC dessa naqfio. de que<<strong>br</strong> />

mais de trCs quartos sao originariamente judeus<<strong>br</strong> />

5- Novinsky. Anita. Inventd<strong>rio</strong>s. op.cit.. p.25 e 170.<<strong>br</strong> />

6- Ibidem. p.22. 120 e 115.<<strong>br</strong> />

7- Processo de Sebastiao de Lucena Montarroio. cit.. lnventa<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

8- Novinsky, Anita. Inventd<strong>rio</strong>s. op.cit., p.219.145 e 168: Lisboa. Balthazar da<<strong>br</strong> />

Silva. Anais do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Typ. Seignot-Plancher e Cia.,<<strong>br</strong> />

1834. vo1.5, p.471.<<strong>br</strong> />

9- Novinsky, Anita. Inventd<strong>rio</strong>s. op.cit., p.131 e Lisboa. B.S.. op.cit., vol.5,<<strong>br</strong> />

p.472.<<strong>br</strong> />

10- Lisboa. B.S.. op.cit.. vo1.5, p.375.<<strong>br</strong> />

I I- Novinsky. Anita. Inventd<strong>rio</strong>s. op.cit.. p. 142.<<strong>br</strong> />

12- Ibidem. p. 167.<<strong>br</strong> />

13- Ver Brasilia. vol.lV Coim<strong>br</strong>a, 1949 (publicaqfio comemorativa do quarto


centenA<strong>rio</strong> da cidntle do Salvador - Fnculdade de I.ctr:i.; (In Ilniversidade de<<strong>br</strong> />

Coim<strong>br</strong>a. Inhtitr~to clc l?stutlos I3rasilc1ros). Joiio Nunes Viser~ e loso dn Mota<<strong>br</strong> />

1-cite. na.;citlo\ cm l'ortuyal. n3o constam dessa relnq3o. compostn por nnturnis<<strong>br</strong> />

do Rrasil.<<strong>br</strong> />

13- Carnciro. hlnria 1,uiza 7'ucci. op.cit.. p. 105.<<strong>br</strong> />

15- Ihidem. p. 16-l.<<strong>br</strong> />

16- Foi o c;i.


25- Processo de Sehastido dc I,uccna Montarroio. cit.. Inquiric;5o do Rio de<<strong>br</strong> />

Saneiro. 18 de feverciro de 1715 e C'ertiddo de Autos Civis. de 2 de main de<<strong>br</strong> />

1715.<<strong>br</strong> />

26- Erani senhores de enyenho Anthnio de Rarros. Agostinho dc Paredcs e<<strong>br</strong> />

Manuel de Paretles tla Sil\a: Rclquior Henriques da Sil\a era filho de SosC<<strong>br</strong> />

Gomes Silva. senhor de cneenho e homcm de neg6cios: Sebasti<strong>rio</strong> de Lucena<<strong>br</strong> />

Montarroio era filho do senliorde en~enho i\nthnio de Rarros e gcnro do senhor<<strong>br</strong> />

de engenlio IoSo Gomes dn Silva l'ercira: Ciuilherme Gomes MourSo e SoBo<<strong>br</strong> />

.Alves Figueird cram fillios do Iavrador :\ires de Miranda: Inicio Cardoso era<<strong>br</strong> />

filho dosenhorde enpenho Agostinho de Parcdes cclono de partido de cana: So30<<strong>br</strong> />

I'ercs Caldeira e Jodo Mcntlcs da Silva cram donos de partido de cana.<<strong>br</strong> />

27-Cregd<strong>rio</strong> de 13arros. scnhor tlc engenho. mandou seu filho AntAnio de Barros<<strong>br</strong> />

para Coimhrn: sste. por sua \cr. mnndou scu filho Schastifio de L.uccna<<strong>br</strong> />

Montarroio. Rotlrigo hlendcs cle Parcdes. senhor de engcnho. mantlou para<<strong>br</strong> />

C'oim<strong>br</strong>a seu filho Ayostinho dc Parcdes.<<strong>br</strong> />

28- Para a Rahin. ver Sch\\art7. Stuart R.. op.cit.. p.232-233.<<strong>br</strong> />

29- Como por esemplo 05 solclados So50 Gomcs Sodre Percira e 1050 Corrcia<<strong>br</strong> />

Ximcnes. respectlvamentc tillios dos senhores dc engenho JoBo acerdina. 18 13. vol. I. p.780.<<strong>br</strong> />

36- Ver Mapalhdes. Reatriz Ricardina. op.cit., p.190.<<strong>br</strong> />

37- Para S3o Paulo. \cr hlachado. .4lcfintara. 17da e nzorte do bontlerronte. Relo<<strong>br</strong> />

Horizonte. Itatiaia: S<strong>rio</strong> Paulo. EDIISP. 1980. p.77: para Minas. \.er h,la~alhdes.<<strong>br</strong> />

t3eatriz Ricardina. op.cit.. p. 190.


38- Magalhaes. Beatriz Ricardina.op.cit., p.189.<<strong>br</strong> />

39- Apud Araujo, Emmanuel. 0 teatro dos vicios - transgressdo e transigCncio<<strong>br</strong> />

na sociedade zrrbana colonial. Rio de Janeiro. Jost Olympio. 1993. p. 126.<<strong>br</strong> />

40- Ver Machado. Alcintara. op.cit., p.79.<<strong>br</strong> />

41- Ver Lisanti. Luis. op.cit.. vol.1, p.XC a XCIV.<<strong>br</strong> />

42- Novinsky, Anita. Inventd<strong>rio</strong>s. op.cit.. p.102.<<strong>br</strong> />

43- Ibidem. p.56.<<strong>br</strong> />

44- Ver Magalhles. Beatriz Ricardina. op.cit.. p.175 e Machado. Alcdntara.<<strong>br</strong> />

op.cit., p.88.<<strong>br</strong> />

45- Ver MagalhBes. Beatriz Ricardina. op.cit., p.175: Machado. Alcbntara.<<strong>br</strong> />

op.cit.. p.91; Novinsky. Anita. Inventd<strong>rio</strong>s. op.cit.. p.2 e 213.<<strong>br</strong> />

46- Magalhles. Beatriz Ricardina. op.cit.. p.176.<<strong>br</strong> />

47- Novinsk). Anita. Inventci<strong>rio</strong>s. op.cit.. p.23.<<strong>br</strong> />

48- Machado. Alcbntara. op.cit.. p.96.<<strong>br</strong> />

49- Novinsky, Anita. Invenfci<strong>rio</strong>s. op.cit.. p.23.<<strong>br</strong> />

50- Ibidem. p.207.<<strong>br</strong> />

51- Processo de SebastiBo de Lucena Montarroio. cit.. Inventa<strong>rio</strong>.<<strong>br</strong> />

52- Processo de Agostinho de Paredes, cit.. Inventh<strong>rio</strong>.<<strong>br</strong> />

53- Magalhles. Beatriz Ricardina. op.cit.. p. 191.<<strong>br</strong> />

54- Machado. Alcbntara op.cit.. p.72<<strong>br</strong> />

55- Ibidem. p. 103.<<strong>br</strong> />

56- Ibidem. p. 104.<<strong>br</strong> />

57- Frieiro. Eduardo. 0 diabo no livraria do c6nego. 2 ed. Belo Horizonte.<<strong>br</strong> />

Itatiaia: S2o Paulo. EDUSP. 198 1, p.20.<<strong>br</strong> />

58- 0 s advogados Sebastiiio de Lucena Montarroio. Joao Mendes da Silva.<<strong>br</strong> />

Miguel de Castro Lara. Damilo Rodrigues Moeda. Francisco Lopes Dinis e<<strong>br</strong> />

Manuel Lopes de Moraes: os mtdicos JoBo Nunes Viseu. Diogo Cardoso<<strong>br</strong> />

Coutinho: os lavradores Diogo Rodrigues Moeda e Jost Correia Ximenes.<<strong>br</strong> />

59- Novinsky. Anita. Inventd<strong>rio</strong>s, op.eit.. p.139.<<strong>br</strong> />

60- Ibidem, p.86.<<strong>br</strong> />

61 - Ibidem. p.96.<<strong>br</strong> />

62- Ibidem. p. 168.<<strong>br</strong> />

63- Ver Silva, Maria Beatriz Nizza da. Cultzrra e sociedade no Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

11808-1821). Slo Paulo. Cia.Ed. Nacional. 1977.


3 - OS ENGENHOS, OS PARTIDOS<<strong>br</strong> />

E OUTROS NEGOCIOS<<strong>br</strong> />

0s engenhos<<strong>br</strong> />

Ao redor da cidade do Rio de Janeiro estabelecerarn-se os cristgosnovos,<<strong>br</strong> />

desde inicios do seculo XVII. com suas propriedades e engenhos de<<strong>br</strong> />

aqucar. Iraja. Jacarepagua, SZo Gonqalo. Sio Jo%o do Meriti e Jacutinga forarn<<strong>br</strong> />

as freguesias onde se concentraram. em urn raio de cinco a dez ICguas da Se<<strong>br</strong> />

- terras banhadas por va<strong>rio</strong>s <strong>rio</strong>s, boas para o cultivo.<<strong>br</strong> />

Dentre os crist%os-novos denunciados ou presos pela InquisiqIo de<<strong>br</strong> />

Lisboa nas tr&s prirneiras dCcadas do seculo XVIII, encontramos trinta<<strong>br</strong> />

senhores de engenho, 36 lavradores de cana e donos de partido e cerca de 150<<strong>br</strong> />

pessoas ligadas a esses 66 agricultores, entre esposas, vii~vas, filhas solteiras<<strong>br</strong> />

e filhos rnenores ou sem oficio, o que significa que mais de 50% desses<<strong>br</strong> />

cristzos-novos dependiam da atividade agricola. Entre as propriedades dos<<strong>br</strong> />

cristgos-novos encontrarnos algumas de grande porte, com rnuitos escravos<<strong>br</strong> />

e W<strong>br</strong>ica, demonstrando a riqueza de seus proprieta<strong>rio</strong>s.<<strong>br</strong> />

Devernos ressaltar que nossa docurnentaqgo so permitiu verificar o<<strong>br</strong> />

relacionamento, no cultivo da cana-de-aqucar e fa<strong>br</strong>ic0 do aqucar. de crist2osnovos<<strong>br</strong> />

com os prop<strong>rio</strong>s cristgos-novos; possivelmente havia engenhos de<<strong>br</strong> />

cristgos-novos corn partidos decrist%os-velhos evice-versa, ou seja, partidistas<<strong>br</strong> />

cristaos-novos com partido em engenhos de cristsos-velhos. porem, nossas<<strong>br</strong> />

fontes ngo deram indicaqzo disso.<<strong>br</strong> />

Nas prirneiras decadas do sCculo XVlll Antonil calculou em 136 os<<strong>br</strong> />

engenhos do rec8ncavo ca<strong>rio</strong>ca', e Rocha Pita em 1012. Corno veremos a<<strong>br</strong> />

seguir, cerca de 21 engenhos pertenciarn a cristzos-novos.<<strong>br</strong> />

0s engenhos de cristZos-novos ngo apresentavam diferenqas em<<strong>br</strong> />

rela~go aos de outros proprieta<strong>rio</strong>s. Ali havia todo o aparato necessa<strong>rio</strong> a<<strong>br</strong> />

fa<strong>br</strong>ica~fio do aqucar, as terras de plantio da cana e de outras culturas,


pastagens para a criaq3o de gado, cavalos e a sede. NBo encontramos<<strong>br</strong> />

descriqso de senzalas. mas deviam esistir. pois havia grande numero de<<strong>br</strong> />

escravos'.<<strong>br</strong> />

0 mais antigo engenho de cristzos-novos do Rio de Janeiro de que<<strong>br</strong> />

possuimos a descriqBo pertencia a Sebastizo de Lucena Montarroio e sua<<strong>br</strong> />

esposa. d.Beatriz de Paredes, em meados do seculo XVII. Era um "engenlio<<strong>br</strong> />

de trCs paus" em Maragoi da InvocaqSo de Nossa Senhora do Rosa<strong>rio</strong>: havia<<strong>br</strong> />

ali um engenho coberto de telha com moenda chapeada e chamenceiras de<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>onze. cas'a de caldeiras, duas caldeiras de co<strong>br</strong>e. tres tachos, um tacho de<<strong>br</strong> />

resfriar, um remunhol, urna repartideira. lrma batedeira. trEs escumadeiras,<<strong>br</strong> />

tudo de co<strong>br</strong>e, e um rod0 de ferro: urna casa de purgar. que ficava na varanda<<strong>br</strong> />

do engenho. tambem coberta por telhas. Criavam +?do. cerca de 24 cabeqas<<strong>br</strong> />

entre bois e novilhos. tinham trCs carros de boi com suas cangas, uma canoa<<strong>br</strong> />

e havia ainda um bananal. As terras do engenho incluiam "a testada com trEs<<strong>br</strong> />

leguas para o sertB0"'.<<strong>br</strong> />

Na propriedade de Agostinho de Paredes. o engenho do Campinho. em<<strong>br</strong> />

Iraia. havia a fa<strong>br</strong>ica, uma moenda torneada corn a chapeaqzo. tres aguilhdes<<strong>br</strong> />

para outra moenda. trCs bacias de resfriar. irma caldeira. os co<strong>br</strong>es mii~dos<<strong>br</strong> />

necessaries: havia ainda a casa do engenho. corn "varandas a roda", casa de<<strong>br</strong> />

purgar. taxaria, casa de encaixotamento. um forno de cozer telha e ti.jolo. com<<strong>br</strong> />

ti.jolos ja feitos. Na sede, ou casa de vivenda. havia um oratb<strong>rio</strong> "ern urna<<strong>br</strong> />

banda" com todos os omamentos de dizer missa'. Alem do espaqo para o<<strong>br</strong> />

cultivo da cana. havia pastos para o gado. que no caso era de cerca de 66<<strong>br</strong> />

cabe~as. alem de seis carros de bois. Estes eram usados para levar a cana ate<<strong>br</strong> />

o engenho. e o aqi~car para a cidade".<<strong>br</strong> />

No engenhoda familia Vale. em Sso Gonqalo. alPm dacasa de moradia<<strong>br</strong> />

da familia. havia quatro casas utilizadas para a fi<strong>br</strong>ica do engenho, e legua<<strong>br</strong> />

e meia de terra usada para os pastos dos 120 bois: oito cavalos e outra legua<<strong>br</strong> />

e meia para os canaviais e os matos. Deste engenho temos a produqso<<strong>br</strong> />

aproximada, que constou em 1 7 10 de uma safra ja tirada e liquida de sessenta<<strong>br</strong> />

caiuas, as menores com trinta arrobas e outras com um pouco mais, algumas<<strong>br</strong> />

de aqucar mascavado e outras ainda por tirar o aqircar. que preencheria oito<<strong>br</strong> />

ou 12 caixas7.<<strong>br</strong> />

Em todas as propriedades. a mBo de o<strong>br</strong>a utili7ada era predominantemente<<strong>br</strong> />

negra. Havia tambem aqueles que desenipenliavam as funqdes mais<<strong>br</strong> />

especializadas, essenciais para o funcionamento do en~enho: no engenho de


Sebastiso e Beatriz. morava um negro da Guine chamado Gaspar. que era<<strong>br</strong> />

mestre de aqilcar: a documenta~iio sugere que, juntamente com sua mulher,<<strong>br</strong> />

Maria. era praticamente consideradocorno parte da fi<strong>br</strong>ica doengenho. tendo<<strong>br</strong> />

sido vendido junto com ele. corno consta do contrato de vendax.<<strong>br</strong> />

Entre oscristiios-novos moradores no Rio de Janeiro no inicio dosCculo<<strong>br</strong> />

XVIII, encontramos trCs mestresde aqi~car" estes deviam dirigir as operaqdes<<strong>br</strong> />

no canavial e no engenho. veriticando a capacidade das caldeiras. supervisionando<<strong>br</strong> />

o process0 de escumar o caldo e conduzindo as tarefas em geral; essas<<strong>br</strong> />

etapas erarn consideradas as mais importantes da manufatura do aqi~car. "e<<strong>br</strong> />

os mestres de qilcar. quando homens livres, eram as empregados mais bem<<strong>br</strong> />

pa~os"'@.<<strong>br</strong> />

As freguesias e seus engenhos<<strong>br</strong> />

A freguesia de Iraji (atualmente um bairro da Zona Norte do Rio de<<strong>br</strong> />

Janeiro) foi fundada pelo padre Gaspar da Costa em dezem<strong>br</strong>o de 1644. com<<strong>br</strong> />

a capela dedicada a Nossa Senhora da Apresentaqiio, tornando-se paroquia<<strong>br</strong> />

independente em 1647; limitava-se ao norte com a freguesia de Siio Jose do<<strong>br</strong> />

Meriti, a leste chegava a duas leguas de distsncia do mar: ao sul finalizava<<strong>br</strong> />

corn a freguesia de Sso Tiago de Inhauma, a oeste com a de Nossa Senhora<<strong>br</strong> />

do Loreto e Santo AntBnio de Jacarepagua. e a sudoeste com a freguesia de<<strong>br</strong> />

Nossa Senhora do Desterro de Campo Grande.<<strong>br</strong> />

Terras ferteis, onde havia va<strong>rio</strong>s engenhos de aqilcar. a freguesia<<strong>br</strong> />

escolhida pelos crist%os-novos, segundo Coaracy: "lra.ja parece ter sido<<strong>br</strong> />

preferida por muitos dos cristsos-novos que no Rio de Janeiro se dedicaram<<strong>br</strong> />

a atividades agricolas, tais corno os Paredes e os Ximenes"".<<strong>br</strong> />

Eram senhores de engenho em Iraja: Rodrigo Mendes de Paredes,<<strong>br</strong> />

Manuel Paredes da Costa". Agostinho de Paredes". Agostinho de Paredest4,<<strong>br</strong> />

Jose Correia Ximenes", AntBnio de Barrosfh, Luis de Paredes. JoZo Afonso<<strong>br</strong> />

de Oliveira" e Jose Pacheco de AzevedotR.<<strong>br</strong> />

Nove senhores de engenho cristsos-novos ali tinham suas fa<strong>br</strong>icas.<<strong>br</strong> />

porem localizamos somente seis engenhos; e possivel qile tres engenhos<<strong>br</strong> />

tenham passado para as msos da geraqso seguinte. corno no caso de Jose


Correia Ximenes(genr0 de Agostinho de Paredes) e Joilo Afonso de Oliveira<<strong>br</strong> />

(genro de Luis de Paredes), cu.jos engenhos podem ter sido os mesmos de seus<<strong>br</strong> />

sogros, e o de Manuel de Paredes da Costa. que pode ter sido herdado de seu<<strong>br</strong> />

pai, Rodrigo Mendes de Paredes. Esses tr6s engen hos entilo estariam nas milos<<strong>br</strong> />

de familias cristts-novas pelo menos ha duas geraqbes.<<strong>br</strong> />

Sendo Jacarepagua muito distante de Iraja, foi necessa<strong>rio</strong> criar-se uma<<strong>br</strong> />

nova paroquia, devido ao "numeroso povo"" que ali habitava, a qua1 foi<<strong>br</strong> />

dedicadaa NossaSenhorado Loretoe Santo AntBnio. Dividia-sea0 nortecom<<strong>br</strong> />

a freguesia de Iraja. ao sul com Guaratiba. a oeste com Campo Grande e a leste<<strong>br</strong> />

terminava na serra da Tijuca.<<strong>br</strong> />

No alvorecer do seculo XVIII, tres cristZlos-novos tinham seus engenhos<<strong>br</strong> />

nessa freguesia: AntBnio de Barros20. Manuel de Paredes da Silva" e<<strong>br</strong> />

Sebastiilo da Fonseca Coutinho2?.<<strong>br</strong> />

Em 1647 foi confirmada a criaqto da par6quia de Sto Gonqalo, que,<<strong>br</strong> />

pela proximidade do <strong>rio</strong> Guaxandiba, ficou conhecida como Igreja de<<strong>br</strong> />

Guaxandiba (atualmente e a regito de Niteroi); limitava-se ao norte com as<<strong>br</strong> />

freguesias de ltambi e de Bom Jesus de Paquetii, a nordeste com ltaborai, a<<strong>br</strong> />

leste com Marica, ao sill corn Silo Joilo Batista do Carii.<<strong>br</strong> />

0s seguintes cristilos-novos tinharn ali seus engenhos: Joilo Rodrigues<<strong>br</strong> />

Calas~a?~, Joilo Dique de Sousa2-' e a familia Vale, com os irmgos Manuel do<<strong>br</strong> />

Vale da Silveira, Similo Rodrigues de Andrade e Jose Ramires do Vale2'.<<strong>br</strong> />

Navizinha freguesiade ltambi encontramos oengenhode outrocristilonovo,<<strong>br</strong> />

Joilo Gomes da Silva Pereira26; C possivel tambem que Cosme de<<strong>br</strong> />

Azeredo e seu filho AntBnio de Azeredo, parentes da esposa de Joto Gomes<<strong>br</strong> />

da Silva Pereira, d.Catarina de Azeredo, ali tambem tivessem seu engenho2'.<<strong>br</strong> />

Em Sto Gonqalo encontramos assim trCs engenhos de cristilos-novos e em<<strong>br</strong> />

ltambi no minimo um.<<strong>br</strong> />

A freguesia de Silo Joilo do Meriti (hoje um municipio da Baixada<<strong>br</strong> />

Fluminense) foi criada em meados do sCculo XVII; limitava-se ao norte com<<strong>br</strong> />

a freguesia de Jacutinga. ao sul com Irajii, aoeste com Campo Grande e a leste<<strong>br</strong> />

ficava o mar.<<strong>br</strong> />

Tinham engenhos na freguesia os seguintes cristtos-novos: Alexandre<<strong>br</strong> />

Soares PereiraZ8, Jose Gomes SiIvaZq, Joilo Correia XimenesIo. Manuel de<<strong>br</strong> />

Moura Fogaqa3' e Baltasar Rodrigues Co~tinho'~.<<strong>br</strong> />

Com a construqilo da igreja de Santo AntBnio de Jacutinga foi criada<<strong>br</strong> />

a freguesia por volta de 1657; limitava-se ao norte com Iguaqu, ao sul com


Sto Joto do Meriti, a oeste corn Nossa Senhora da Conceiqgo do Mariapicu<<strong>br</strong> />

e a leste ficava o mar.<<strong>br</strong> />

Ali tinharn seus engenhos os cristtos-novos Joto Rodrigues do Vale",<<strong>br</strong> />

Diogo de Lucena Montarroi~~~ e Bento de Lucenal'.<<strong>br</strong> />

Assirn, dos trinta senhores de engenho denunciados ou presos no inicio<<strong>br</strong> />

do stculo XVIII, pudemos localizar os engenhos de 26. PorCrn, alguns erarn<<strong>br</strong> />

senhores do rnesrno engenho; ternos assirn, 2 1 engenhos de cristtos-novos no<<strong>br</strong> />

inicio do sCculo XVIII. Se levarmos em consideraqto o c8rnputo de Rocha<<strong>br</strong> />

Pita, corn 101 engenhos no Rio de Janeiro, os pertencentes a cristtos-novos<<strong>br</strong> />

representariarn cerca de 23%; se o c6rnputo de Antonil for o rnais aproxirnado<<strong>br</strong> />

(136 engenhos), os dos crist8os-novos representariam cercade 17%. (Para 0s.<<strong>br</strong> />

senhores e seus engenhos, ver Quadro anexo, p. 148.<<strong>br</strong> />

Va<strong>rio</strong>s desses senhores de engenho erarn aparentados, corno t o caso<<strong>br</strong> />

da farnilia Vale, que alern dos trCs irmtos, senhores de engenho em Sao<<strong>br</strong> />

Gonqalo, tern urn tio, Joto Rodrigues do Vale, corn engenho em' Jacutinga;<<strong>br</strong> />

AntBnio de Barros, senhor de engenho em Irajh e Jacarepagui, era sogro de<<strong>br</strong> />

Manuel de Moura Fogaqa, senhor de engenho em Meriti; os Paredes, os<<strong>br</strong> />

Barros, os Lucena Montarroio erarn todos parentes; encontrarnos irmtos,<<strong>br</strong> />

prirnos e filhos, que seguirarn adrninistrando a propriedade dos pais, genros<<strong>br</strong> />

adrninistrando a propriedade de sogros, conformando a teia familiar que era<<strong>br</strong> />

reforqada, corno verernos, pela presenqa dos lavradores de partido, rnern<strong>br</strong>os<<strong>br</strong> />

dessas farnilias.<<strong>br</strong> />

Escravos<<strong>br</strong> />

0s engenhos de cristaos-novos que conseguirnos localizar possuiarn<<strong>br</strong> />

urn nlirnero representativode escravos; conseguimos dados de 1 1 engenhosJ6:<<strong>br</strong> />

possuiarn cercade470 escravosnosengenhos, alCrn de 55 parauso dornestico,<<strong>br</strong> />

o que perfaz urna rnCdia de cerca de 47 escravos por engenho; nurna projeqzo<<strong>br</strong> />

simples, podernos calcular em cerca de 1.234 os escravos existentes nos 22<<strong>br</strong> />

engenhos pertencentes a crist%os-novos.<<strong>br</strong> />

Encontrarnos ainda vinte partidistas donos de 190 escravos, alCm de<<strong>br</strong> />

trinta domesticos, perfazendo urna rntdia de 1 1 escravos por partido. Assim,<<strong>br</strong> />

nos 22 partidos identificados (corno verernos a seguir), nurna projeqto


simples, haveria cerca de 750 escravos.<<strong>br</strong> />

Entre senhores de engenho e donos de partidos, os cristaos-novos que<<strong>br</strong> />

estavam fixados nas freguesias fluminenses seriam donos de aproximadamente<<strong>br</strong> />

1.284 escravos nas primeiras decadas do seculo XVIII.<<strong>br</strong> />

0s partidos<<strong>br</strong> />

Dos senhores dependern os lavradorcs que 1i.m partitlos arrentlados<<strong>br</strong> />

em terras do mesmo cnyenho. como os cidad,ios dos fidal~os: e quanto<<strong>br</strong> />

os senhores sfio mais possanle? e hem nparelhados de todo o necessri<strong>rio</strong>.<<strong>br</strong> />

afrivcis e verdadeiros. tanto mais sfio procurados. ainda dos que nfio ti.m<<strong>br</strong> />

a cana cativa. ou por antign ohri_payfio. ou por preyo que para isso<<strong>br</strong> />

rcceheram".<<strong>br</strong> />

0s lavradores de partido plantavam a cana-de-aqucar em terras<<strong>br</strong> />

proprias ou em terras arrendadas aos engenhos. formando um grupo importante<<strong>br</strong> />

na sociedade colonial; desde meados do seculo XVI. com o Re,' olmento<<strong>br</strong> />

de 17 de novem<strong>br</strong>o de 1.548. do <strong>gov</strong>ernador Tome de Sousa" tinham sua<<strong>br</strong> />

situaqjo regulamentada; eram livres, donos de suas terras, mas sem recursos;<<strong>br</strong> />

para poder cultivar a cana-de-aqucar, ficariam ligados, atraves das cartas de<<strong>br</strong> />

sesmarias. aos engenhos moedores de sua cana ("cana cativa"); mais tarde,<<strong>br</strong> />

surgiu uma nova categoria de lavradores, os que, alem de proprietaries de suas<<strong>br</strong> />

terras, poderiam moer sua cana onde escolhessem ("cana livre"). levando em<<strong>br</strong> />

consideraqiio relaqbes de amimde, parentesco e vizinhanqa. Havia outro tipo<<strong>br</strong> />

de relacionamento, em que o lavrador arrendava ten.as do engenho. com<<strong>br</strong> />

contratos de nove ate 18 anos. que especificavam a irea de plantio e as<<strong>br</strong> />

o<strong>br</strong>igaqbes dos lavradores". Ainda, alguns lavradores dedicavam-se a outras<<strong>br</strong> />

culturas, principalmente 3s de subsistEncia. como a da mandioca.<<strong>br</strong> />

Ogrupode lavradoresde partido eranumeroso. constituindo-se, ao lado<<strong>br</strong> />

dos senhores de engenho. em um dos mais representativos na economia<<strong>br</strong> />

aqucareira; eram tambem fator de relativa mobilidade social no inte<strong>rio</strong>r da<<strong>br</strong> />

estrutura econ6mico-social. com possibilidade deascensjo dos lavradoresde<<strong>br</strong> />

cana, que procuravam enquadrar-se nas camadas supe<strong>rio</strong>res da sociedade.


Stuart Schwartz. referindo-se aos partidistas baianos. disse que, em termos<<strong>br</strong> />

sociais, estes poderiam ser concebidos como "senhores de engenho em<<strong>br</strong> />

potential", tendo basicamente as mesmas origens sociais e compartilhando<<strong>br</strong> />

as mesmas aspiraq6esJn.<<strong>br</strong> />

Issoaconteciacom os lavradores e partidistascristiios-novosque faziam<<strong>br</strong> />

parte da intrincada rede de parentesco que envolvia os senhores de engenho<<strong>br</strong> />

crist3os-novos do Rio de Janeiro: encontrarnos cerca de 36 na regiSo no inicio<<strong>br</strong> />

do skculo XVIII, todos relacionados aos senhores. fosse como filhos. so<strong>br</strong>inhos,<<strong>br</strong> />

genros ou ate mesmo os prop<strong>rio</strong>s senhores, qile tinham partido em<<strong>br</strong> />

outros engenhos. ldentificamos os partidos de 3 1 desses partidistas. sendo<<strong>br</strong> />

duas mulheres donas de partido: 05 demais declararam ser lavradores, ou de<<strong>br</strong> />

cana ou de mandioca, mas niio disseram se eram ou niio partidistas e nem<<strong>br</strong> />

especificaram a localizaqiio de suas rocas.<<strong>br</strong> />

Em S5o Gonqalo ficava ilma das mais extensas redes de parentesco<<strong>br</strong> />

envolvendo partidistas. No engenho de Golambande. da familia Vale, um dos<<strong>br</strong> />

filhos do senhor tinha um partido de canas, alem de seis caisas de aqucar<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>anco, duas de mascavado e duzentas formas de aqlicar e ferragens-'I; ali<<strong>br</strong> />

tambem trabalhava um dos genros4'; era dono de partido um medico, parente<<strong>br</strong> />

da familia.". Mais dois partidistas, irmzos, ali tinham suas propriedadesJ.'. Na<<strong>br</strong> />

mesma freguesia, no engenho Vera Cruz. um dos filhos do senhor tinha<<strong>br</strong> />

partido, alem de haver no minimo um outro partidista-".<<strong>br</strong> />

Em SZo Jogo do Meriti localizamos quatro partidos, dois de lavradores<<strong>br</strong> />

de mandiocaJ6, outro de um filho de senhor de engenho em Iraj&", e o quarto<<strong>br</strong> />

de um.advogado, que tinha partido de canas no engenho de seu cunhado,<<strong>br</strong> />

cristZo-velhoJR.<<strong>br</strong> />

Na freguesia de Iraja, um filho de senhor de engenho tinha partido no<<strong>br</strong> />

engenho de seu primoJ? Dois senhores de engenho, um em Jacutinga e outro<<strong>br</strong> />

em SZo Jo%o do Meriti, eram tambkm donos de partido em Ira.ia5"; a esposa<<strong>br</strong> />

de um senhor de engenho em Meriti era proprietaria de um partido de canas<<strong>br</strong> />

em Iraja". Outra crist2-nova. ainda no seculo XVII, tambem era dona de<<strong>br</strong> />

partido no engenho de seu irmZo'!. No inicio do seculo XVIII, a historia se<<strong>br</strong> />

repetiu na mesma familia com pessoas hom8nimas, com outra crist3-nova.<<strong>br</strong> />

viuva de senhor de engenho. desta vez dona de um partido de canas no<<strong>br</strong> />

engenho de seu genro".<<strong>br</strong> />

Nas freguesias de Jacutinga. Iguacu e Andarai localizamos um partido<<strong>br</strong> />

de crist8o-novo em cada uma delas": em Jacarepagua. dois partidos".


Assim, lavradores de partido e senhores de engenho na comunidade<<strong>br</strong> />

crist2-nova de inicios do seculo XVIll estavam estreitamente ligados por<<strong>br</strong> />

laqos de parentesco. Ligaqzo comandada pela solidariedade para corn<<strong>br</strong> />

rnern<strong>br</strong>osde sua familia, vizinhos ou comunidade, solidariedadeque traduzia<<strong>br</strong> />

laqos familiares patriarcais, corno veremos no capitulo 4.<<strong>br</strong> />

As carrega~Bes para as Minas<<strong>br</strong> />

Com a descoberta do ouro e pedras preciosas na regiiio das Gerais,<<strong>br</strong> />

inaugurou-se um novo pe<strong>rio</strong>d0 na economia colonial. Como ja rnostrarnos,<<strong>br</strong> />

o Rio de Janeiro foi diretamente afetado pela nova conjuntura, e seus<<strong>br</strong> />

habitantes procurararn adequar-se a nova situaq80. 0s cristSlos-novos n%o<<strong>br</strong> />

deixararn de participar dessa nova atividade, atuando principalmente corno<<strong>br</strong> />

comerciantes, isto e, parte desses cristgos-novos que tinham na agricultura<<strong>br</strong> />

sua principal atividade, assim corno va<strong>rio</strong>s daqueles que exerciam profissBes<<strong>br</strong> />

urbanas, participaram da nova conjuntura corno fornecedores de bens<<strong>br</strong> />

necessa<strong>rio</strong>s aos que estavarn nas Minas. Senhores de engenho, lavradores,<<strong>br</strong> />

advogados e medicos cristzos-novos se envolveram na atividade rn ineradora.<<strong>br</strong> />

Somente seis identificaram-se corno "mineir~s"'~(ver Rela~iio anexa,<<strong>br</strong> />

p.197), um corno "contratador para as minas""; alguns tinham rocas - de<<strong>br</strong> />

feijgo e milho -'8 e casas na regiii~'~.<<strong>br</strong> />

Nas rnercadorias levadas para as Minas pelos cristzos-novos encontrarnos<<strong>br</strong> />

chapeus, carnisas, calq6es de pano de algodzo, panos de linho, roupas em<<strong>br</strong> />

geral; aguardente, sat, aq~icar, queijos e peixe seco, alem de cavalos e<<strong>br</strong> />

escravos".<<strong>br</strong> />

Um senhor de engenho em Jacutinga, em sociedade com um advogado<<strong>br</strong> />

e corn um medico (estes primos entre si) residentes no Rio de Janeiro, fizeram<<strong>br</strong> />

paraas Minas umacarregaqiio com negros, vestuh<strong>rio</strong> e tecidosh'. Outro senhor<<strong>br</strong> />

de engenho associou-se a urn rnorador da Bahia para fazer uma carregaqgo<<strong>br</strong> />

as Geraish2.<<strong>br</strong> />

Lavradores de partido tambem participaram das carregaqbes para as<<strong>br</strong> />

Minas6', assim corno filhos de senhor de engenhobJ; dos cristiios-novos que<<strong>br</strong> />

se declarararn "rnineiros", tr@s eram rnern<strong>br</strong>os da mesma familia65.<<strong>br</strong> />

Deste rnodo, podemos ver que no grupo de cristgos-novos fluminenses,


a teia familiar enredava a todos: atividades urbanas, profissbes liberais,<<strong>br</strong> />

cultivo da cana. produqiio do aqi~car e o incipiente comCrcio com as Gerais.<<strong>br</strong> />

as mesmas familias estavam envolvidas: um mem<strong>br</strong>o estava no engenho,<<strong>br</strong> />

outro na cidade e um terceiro. nas Minas. ern um relacionamento tipico da<<strong>br</strong> />

sociedade colonial, patriarcal. de base agraria, latifundiiria e escravista, que<<strong>br</strong> />

tinha o clii rural como celula essential da organizaqiio social e politica.<<strong>br</strong> />

formando uma rede de pessoas ligados a ele por interesses diversos.<<strong>br</strong> />

0s negocios<<strong>br</strong> />

Ate serem presos, os cristiios-novos fluminenses dedicaram-se. como<<strong>br</strong> />

vimos. a varias atividades. urbanas e rurais; participavam ativamente da vida<<strong>br</strong> />

da colbnia e negociavam com os cristlos-velhos e entre si, comprando e<<strong>br</strong> />

vendendo mercadorias e propriedades.<<strong>br</strong> />

Encontramos registro de concessBo de sesmarias a cristlos-novos no<<strong>br</strong> />

Rio de Janeiro desde o final do seculo XVI e durante o seculo XVII: no inicio<<strong>br</strong> />

do seculo XVlll temos va<strong>rio</strong>s cristlos-novos proprietaries de engenhos e<<strong>br</strong> />

escravos, alcm de possuirem tambem imoveis na cidade.<<strong>br</strong> />

Data de 1659 o registro mais antigo de venda de engenho de cristlosnovos<<strong>br</strong> />

no Rio de Janeiro que encontramos; Sebastigo de Lucena Montarroio<<strong>br</strong> />

e sua esposa venderam um engenho ao administrador do Rio de Janeiro,<<strong>br</strong> />

Antbnio Mariz Loureiro, por 7.500 cruzados em dinheiro do contado. dos<<strong>br</strong> />

quais foram logo pagos cinco mil cruzados "em aqucar a como valer a<<strong>br</strong> />

dinheiro do contado ou em dinheiro. e os 7.500 que restam em os dois anos<<strong>br</strong> />

primeiros seguintes na propria c~nformidade"~~. Essa forma de pagamento<<strong>br</strong> />

foi bastante comum durante o seculo XVII. devido a escassez de meio<<strong>br</strong> />

circulante, fazendo o aqucar as vezes de moedah7.<<strong>br</strong> />

Dessa forma tambem foi feito o pagamento da metade de um engenho<<strong>br</strong> />

vendido pelo cristlo-novo Jose Gomes Silva ao viga<strong>rio</strong>-geral e chantre. o<<strong>br</strong> />

doutor Jolo Pimenta de Carvalho (a outra metade do engenho era do capitlo<<strong>br</strong> />

Antbnio Pereira Galviio); neste engenho. situado na freguesia de S%o Jolo do<<strong>br</strong> />

Meriti, estava localizada a igreja de Slo Roque. 0 preqo de venda foi de 4.500<<strong>br</strong> />

cruzados. cujo pagamento foi feito da seguinte maneira: quando da assinatura<<strong>br</strong> />

daescritura. quatrocentas arrobas de aqucar <strong>br</strong>anco, que o vendedorconfessou


ji haver recebido "a seu contento" nos trapiches da cidade, pelo valor que<<strong>br</strong> />

tivesse na primeira frota esperada: os pa, oamentos restantes:<<strong>br</strong> />

Comeqaram de lnarqo de 1693 por diante a duzentas arrobas de<<strong>br</strong> />

aqi~car <strong>br</strong>anco catl:l pagamento honi. e de receher c~!jo prevo sera<<strong>br</strong> />

tarnhcm pclo valor dns frotas que se seguirem aos tais pagarnentos em<<strong>br</strong> />

partidas. em dinheiro de contado e se ohrigava ele dito comprador a<<strong>br</strong> />

fa~er nos ditos msses dc marco dc cadn um ano sucessivnmente tantos<<strong>br</strong> />

pagarnentos quantos hastem para o dito vendcdor cte todo ssr pago do<<strong>br</strong> />

preco da tiita a mct:~tlc do ensenho e sua fahri~a."~.<<strong>br</strong> />

No final do seculo XVII, em 1689, urn outro crist30-novo, o senhor de<<strong>br</strong> />

engenho Pedro Mendes Henriques, comprou um engenho, juntamente com<<strong>br</strong> />

um socio, Pedro Sanches da Fonseca, tambem cristso-novo , de Grego<strong>rio</strong> da<<strong>br</strong> />

Fonseca e sua mulher. Maria Pimenta, pagando vinte mil cn~zados";<<strong>br</strong> />

Grego<strong>rio</strong>. por sua vez, o havia comprado do capitiio Am<strong>br</strong>osio Ferreira. 0<<strong>br</strong> />

chamado "engenho do Campinho". localizado em Iraia. foi novamente<<strong>br</strong> />

negociado, tendo sido vendido por Pedro Mendes Henriques a outro crist2onovo.<<strong>br</strong> />

o advogado Agostinho de Paredes por volta de 1705 por trinta mil<<strong>br</strong> />

cruzados: em 1714, Agostinho devia a Pedro 12 cn17ados e tre7entos milrei5'".<<strong>br</strong> />

Atraves dos inventa<strong>rio</strong>s desses cristsos-novos fica claro que negociar<<strong>br</strong> />

era algo inerente a suas v~das, assim como na dos cristsos-velhos; em va<strong>rio</strong>s<<strong>br</strong> />

inventa<strong>rio</strong>s encontramos registro de dividas. a serem pagas. ou a receber. de<<strong>br</strong> />

emprestimos. enfim. todo o tip0 de transaq'io financeira: tambem, venda e<<strong>br</strong> />

compra de hens moveis e imoveis, como qualquer outro colono de posses.<<strong>br</strong> />

Encontramos o registro de venda de um engenho de J090 Rodrigues do Vale,<<strong>br</strong> />

em Jacutinga, a um lavrador, Domingos da Costa. 0 ouvidor do Rio de<<strong>br</strong> />

Janeiro, segundo o vendedor, considerou que a escritura de venda era<<strong>br</strong> />

"fantastica". o que o declarante admitiu7'.<<strong>br</strong> />

ConseqiiCncias da perseguiq50 inquisitorial no Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

0s acusados do crime de heresia estavam sujeitos ao confisco de seus<<strong>br</strong> />

hens. Na "ordem de prisso" expedida contra os acusados, ja se encontrava


quais boa parte saiu dos cofres reais. Em 1714, a Coroa co<strong>br</strong>ou dos moradores<<strong>br</strong> />

do Rio de Janeiro ressarcimento da q~rantia paga por ela. e isso foi feito atraves<<strong>br</strong> />

de arrecadaq<strong>rio</strong> promovida pelo Fisco Real, cada propriedade pagando uma<<strong>br</strong> />

quantia proportional a avaliaqso do bem imovel.<<strong>br</strong> />

Silva Lisboa apresentou uma relaq<strong>rio</strong> das propriedades de cristsosnovos<<strong>br</strong> />

que contribuiram para esse pagamento, vB<strong>rio</strong>s deles ja presos e corn<<strong>br</strong> />

seus bens confiscados, e naquela altura ja arrendadas pelo Fisco Real a novos<<strong>br</strong> />

donos''.<<strong>br</strong> />

Propriedades urbanas. corno as residCncias de Agostinho de Paredes,<<strong>br</strong> />

Jogo e Jose Correia Ximenes. Agostinho Lopes Flores. Francisco de Siqueira<<strong>br</strong> />

Machado. Miguel de Castro Lara pagaram esse impostoRn.<<strong>br</strong> />

Engenhos e partidos tambern entraram na arrecadaqso, tendo pago as<<strong>br</strong> />

propriedades localizadas nas freguesias que circundavam a cidade. assini<<strong>br</strong> />

corno as chacaras de propriedade de cristgos-novosR'.<<strong>br</strong> />

0s arrendati<strong>rio</strong>s dessas propriedades. crist2os-velhos. pagaram a<<strong>br</strong> />

contribuiq<strong>rio</strong>: o novo arrendata<strong>rio</strong> do engenho da Cruz em Ira-ji, o senhor de<<strong>br</strong> />

engenho Miguel Domingues, em 1715, prestou depoimento na condiqso de<<strong>br</strong> />

locati<strong>rio</strong>8' e o sargento-engenheiro Manuel de Melo Castro arrendou a<<strong>br</strong> />

propriedade confiscada a sua sogra";.<<strong>br</strong> />

0 diplomata franc& Du Verger. baseado em cartas recebidas do Brasil,<<strong>br</strong> />

calcularaem 75 o numero de engenhos confiscados a cristgos-novos no inicio<<strong>br</strong> />

do seculo XVIII. confisco esse que, segundo ele. causara a queda da produqRo<<strong>br</strong> />

doaqucar, fazendo com que somente mil caixasdo produto fossem exportadas<<strong>br</strong> />

em 171484. Com efeito. encontramos praticamente o mesmo nuniero de<<strong>br</strong> />

engenhos confiscados a cristsos-novos no pe<strong>rio</strong>do. ou seja, 18 engenhos<<strong>br</strong> />

confiscados a senhores presos".<<strong>br</strong> />

Entretanto. a queda na produ@o e exportaqso do aqucar no pe<strong>rio</strong>do. no<<strong>br</strong> />

Rio de Janeiro, nRo pode ser atribuida somente a quest<strong>rio</strong> dos confiscos,<<strong>br</strong> />

mesmo porque tudo indica que esses engenhos eram logo arrendados a outros<<strong>br</strong> />

senhores. No aparecimento de novos polos de atra~so. de novas atividades,<<strong>br</strong> />

transformando o Rio de Janeiro em entreposto para o envio de mercadorias<<strong>br</strong> />

necessarias regi<strong>rio</strong> mineradora. ao mesmo tempo que era o porto exportador<<strong>br</strong> />

das riquezas daquela regigo, alem de todo o comercio com o Sul. 6 que devem<<strong>br</strong> />

ser procurados os motivos para tal decrescimo no fa<strong>br</strong>ic0 do aqlicar.<<strong>br</strong> />

0s cristiios-novos. ate serem perseguidos e presos pelo Tribunal do<<strong>br</strong> />

Santo Oficio n2o fugiram a tendencia da epoca: comeqaram a intereisarae


e chegaram efetivamente a iniciar um relacionamento comercial com as<<strong>br</strong> />

Gerais, atraves de carregaqbes. A aqiio inquisitorial interrompeu essa nova<<strong>br</strong> />

atividade dos cristsos-novos. mas fica claro que muitos deles ja estavam se<<strong>br</strong> />

adequando aos novos tempos.<<strong>br</strong> />

Tanto na agricultura. nas atividades urbanas, quanto no comercio com<<strong>br</strong> />

as Gerais, a teia de rela~bes familiares desses crist%os-novos permeou a<<strong>br</strong> />

atividade econ6mica. Fosse no relacionamento com os partidistas, fosse no<<strong>br</strong> />

envio de carrega~bes para as Minas, os cristiios-novos mantiveram mem<strong>br</strong>os<<strong>br</strong> />

da familia em todas as atividades, impregnando a totalidade desses empreendimentos<<strong>br</strong> />

com o comportamento patriarcal predominante nos relacionamentos<<strong>br</strong> />

farniliares, que examinaremos a seguir.<<strong>br</strong> />

1- Antonil, AndrC Jo<strong>rio</strong>. op.cit.. p.228<<strong>br</strong> />

2- Pita. Sebasti,?~ da Rocha. op.cit.. p.63<<strong>br</strong> />

3- Para a Rahia. ver Schnartz. Stuart B.. op.cit.. p.125: "No firn do pe<strong>rio</strong>d0<<strong>br</strong> />

colonial. a rnaioria dos observadores ainda concordava em que os escravos erarn<<strong>br</strong> />

pessirnarnentc ale-jados". Para Vila Rica. ver MagalhBes. Reatriz Ricardina.<<strong>br</strong> />

op.cit.. p. 185.<<strong>br</strong> />

4-cartb<strong>rio</strong> do 1°0ficiodo Riode Janeiro. anode 1659. rnaqo48. p.906(Arqilivo<<strong>br</strong> />

Geral da Cidade do Rio de JaneiroIAGCRJ. copia).<<strong>br</strong> />

5- Idem. ano de 1689. rnaqo 47. p.775 (ibidem. cbpia).<<strong>br</strong> />

6- Ver Schisartz. Stuart R. op.cit.. p. 108<<strong>br</strong> />

7- Novinsky. Anita. Inventd<strong>rio</strong>s. op.cit.. p.236.<<strong>br</strong> />

8- Cartb<strong>rio</strong> do I" Oficio do Rio de Janeiro. ano de 1659. rnaqo 48. p.906<<strong>br</strong> />

(AGCRJ. cbpia).<<strong>br</strong> />

9- Filipe de Mendonqa. filho ilrgitirno do senhor de engenho Luis de Paredes:<<strong>br</strong> />

Gonqalo Gornes. tarnbCrn lavrador. casado corn urna filha ilegitima de Luis de<<strong>br</strong> />

Paredes. Ana de Parrdes: Francisco de Paredes, tarnbern filho ilegitirno de<<strong>br</strong> />

Rodrigo Mendes de Paredes. senhor de engenho.Ver Anexo "llegitimidade".<<strong>br</strong> />

p. 205.<<strong>br</strong> />

10- Schnartz. Stuart B.. op.cit.. p.133. Para urna descriq<strong>rio</strong> detalhada do<<strong>br</strong> />

process0 e do fa<strong>br</strong>ico do aqi~car. ver Antonil. Andre JoBo. op.cit.. e Schnartz.<<strong>br</strong> />

Stuart R.. op.cit.. capitulo 5 "Safra: as ticnicas do fa<strong>br</strong>ico do aqt'icar". p.95-


121: para o trahalho no carnpo. \er o capitl~lo 6 ..Trahnlhadores no c;in;~vial.<<strong>br</strong> />

traballiadores no cnrenho". p. 127-153.<<strong>br</strong> />

I I- Coaracy. Vi\,aldo. O Rro nfr .Iotiriro no si;ci~lo .YI.ll. opcit.. p 131<<strong>br</strong> />

12- Rodrigo kdendcs de Parcdcs. scnhor tle cnecnho. cnsado corn Maria de<<strong>br</strong> />

Galegos. teve dois filhos legitirnos. Agostinho dc I'aredes e Manuel do I'arcdcs<<strong>br</strong> />

da Costa. c no rncnos quatro ilcgitirnos (Francisco dc Parcdcs. rnestre dc aci~car.<<strong>br</strong> />

Gahriel de Parcdcs. carpinteiro. I.conor Mendcs e 1,ourcnqa Mentles). Agostinho<<strong>br</strong> />

tle Pareclcs Ihrmou-so advogado ern Coirn<strong>br</strong>a. e cserceu a profissfo no Rio<<strong>br</strong> />

de Janeiro: Manuel cle Paredes da Costa dedicou-sc B agricultura. e provavelrnente<<strong>br</strong> />

herdou o engenho do pai. ern Iraii. urna vez que r\gostinho cornprou urn<<strong>br</strong> />

engenho. tarnhkrn en1 Irnja. ji no inicio do skculo XVlll. ,\ssirn. possivclrnente<<strong>br</strong> />

Rodr~go Mendes dc Paredes c sen lilho Manuel de Parcdes da Costa scriarn<<strong>br</strong> />

donos clo rnesrno cngenho. locali;rado em Sapopema. Iraj6. Para verificar os<<strong>br</strong> />

relacionamcntos fi~miliares. ver Cienealogia VIII, anew. p. 162.<<strong>br</strong> />

13- ,\~oit~nho de Parcdes. filho de Rodrigo Mendes de Paredes e Marla de<<strong>br</strong> />

Gale~os: ad\ ogado. casado corn cl.lsnbel dc Lucena. filha do advogado e senhor<<strong>br</strong> />

de engenho AntGnio de Barros: era dono do engcnho do Carnpinho. locali;.ado<<strong>br</strong> />

em Irz!i;i. corn toda Ki<strong>br</strong>ica. escravos e gado (No\einsk>,. Anita. In\-rntti<strong>rio</strong>s.<<strong>br</strong> />

op.cit..p.25).Ver (ienealogia I c VIII anesas. p.158 e p.162.<<strong>br</strong> />

14- Agostinho dc Paredes. homcinirno do iZgostinho acima c tin do rnesrno. era<<strong>br</strong> />

ir~nBo de Rodrigo Mendes de Paredes: filho dc hlanuel cle Paredes da Costa e<<strong>br</strong> />

Guiornar Rodrigues. era casado corn d.Ana dc Azeredo. corn quern teve dois<<strong>br</strong> />

filhos. Rodrigo Zlendes de Parcdcs e lnicio Cardoso dc Axredo. estc forrnado<<strong>br</strong> />

ad\ocatlo por Coirnhra. os dois tlonos de partidos de cana: te\.e tarnhem duas<<strong>br</strong> />

filhas Icgitimas. d.Ciuimar dc A;.crcdo. que sc casou corn o senhor de engcnho<<strong>br</strong> />

Ins6 Correia Ximenet?. e d.Brites dc Paredes. clue sc casou corn o tarnbkrn senhor<<strong>br</strong> />

de engcnho JoBo Correia Xirnenes: Agostinho era dono do encenho da Cruz. em<<strong>br</strong> />

Iraii (conforme Processo de Josk dc Rarros. cit.. confiss<strong>rio</strong> de rnfos atadas. 23<<strong>br</strong> />

de outuhro tle 1717. tarde). enpcnho este que encontrarnos no seculo XVIII<<strong>br</strong> />

tendo corno dono urn de seus genros. Jose Correia Xirnenes (conforrne Processo<<strong>br</strong> />

de lost; de Rarros. cit.. conlissfo de 23 de outuhro tle 1717. rnanhf). Ver<<strong>br</strong> />

Genealogia IX ancs3.p. 163.<<strong>br</strong> />

15- Josd Correia Xirnenes era filho do tabeli5o So50 Correia Xirnenes. titular do<<strong>br</strong> />

cartb<strong>rio</strong> do IoOficio do Rio de Janeiro de 1661 atd 1666.c depois do -I0.0ficio.<<strong>br</strong> />

at6 1696. In Tahclicies do Rio dc laneiro. Rio dc Janeiro. Arquivo National.<<strong>br</strong> />

1965. Casou-sc por volta de 1698 com d.Guirnar dc Azcrcdo. filha do senhor de<<strong>br</strong> />

enyenho Agostinho de Paredcs. An ser preso. em 1712. dcclarou ern seu<<strong>br</strong> />

in\enti<strong>rio</strong> ser dono dc urn enyenho em Sapopema. Irnii. corn toda fhhrica.<<strong>br</strong> />

escra\ os c yado (Novinsky. Anita. Invent<strong>rj</strong>rros. op.cit.. p. 168).<<strong>br</strong> />

16- Antdnio de Rarros. advogatlo forrnado em Coirn<strong>br</strong>a. coln escrit6<strong>rio</strong> cstabelecido<<strong>br</strong> />

no Rio dc Janeiro. era proprieta<strong>rio</strong> de dois enyenhos. urn ern Jacarepagua<<strong>br</strong> />

s outro cm Iraih. no CapBo: seu filho Jose de Rarros confessou te<strong>rj</strong>udaii.ado no<<strong>br</strong> />

"cneenho de Iraii" (Processo de Josk de Barros. cit.. confissfo de 23 tle out~lhro


de 1717. manhB). Ver Genealogia I anesa. p. 158.<<strong>br</strong> />

17- Luis de Paredes. filho de Manuel de Paredes da Costae Guiomar Rodrigues:<<strong>br</strong> />

irrnSo de Rodrigo Mendes de Paredes e Agostinho de Paredes: niio se casou. mas<<strong>br</strong> />

teve va<strong>rio</strong>s filhos ilegitimos. como o padre Francisco de Paretles. Ana de<<strong>br</strong> />

Paredes e InCs de Paredes: como os irmfios. era senhor de engenho, con1<<strong>br</strong> />

propriedade em Sapopema. Ira15 (conforme Proccsso de Jose de Barros. cit.,<<strong>br</strong> />

confissBo de 23 de outu<strong>br</strong>o de 1717. manha). llm de seus genros. o senhor de<<strong>br</strong> />

engenho Jofio Afonso de Oliveira. casado com lnCs de Paredes. aparece como<<strong>br</strong> />

morador e senhor de engenho em Ira-ia. talvei! o mesmo engenho do sogro<<strong>br</strong> />

(conforme Processo de Agostinho de Paredes. cit.. Inquiriqfio de Testemunhas<<strong>br</strong> />

do Rio de Janeiro. 31 de maio de 1715. freguesia de Ira;& testemunha JoSo<<strong>br</strong> />

Afonso de Oliveira).Ver Genealogia Ill anesa. p. 159.<<strong>br</strong> />

18- Jose Pacheco de Azevedo. preso em 171 4. declarou em seu inventri<strong>rio</strong> ser<<strong>br</strong> />

dono de urn engenho de aqucar em Iraja. corn toda a fihrica. gado e escravos<<strong>br</strong> />

(Novinsky. Anita. Inventrirros. op.cit.. p.171). Foi o ilnico senhor de engenho<<strong>br</strong> />

preso que nSo era aparentado corn nenhum dos outros cristiios-novos presos. at6<<strong>br</strong> />

onde pudemos verificar.<<strong>br</strong> />

19- Aracio. JoC de Sousa A7evedo Pizarro. op.cit.. vo1.3. p. 164<<strong>br</strong> />

20- 0 engenho de Antanio de Barros em Jacarepagua. o "engenho da Covanca".<<strong>br</strong> />

fora herdado de seus pais. Grego<strong>rio</strong> de Barros e d.Guiomar Rodrigues. AntAnio<<strong>br</strong> />

morou ali corn sua esposa. d.Brites de Lucena. e ali casaram-se suns filhas. em<<strong>br</strong> />

orato<strong>rio</strong> erguido no engenho. Arquivo da Curia do Rio de Janeiro. Livro de<<strong>br</strong> />

Registro de Casamentos. .lacarepagua. livro 4. fls 39 e 39v.<<strong>br</strong> />

2 1- Manuel de Paredes da Silva era filho de d.Beatriz de Paredes c seu segundo<<strong>br</strong> />

marido, Luis Fernades Crato: casou-se corn d.Catarina Marques. filha do<<strong>br</strong> />

homem de negocios e senhor de engenho Jose Gomes Silva: faleceu antes de ser<<strong>br</strong> />

preso pelo Santo Oficio. nBo deixando inventa<strong>rio</strong>: porCm. temos rcgistro de uma<<strong>br</strong> />

hipoteca so<strong>br</strong>e metade de seu en~enho em Jacarepagi~a (Cartci<strong>rio</strong> do l o Oficio<<strong>br</strong> />

do Rio de Janeiro. maqo 55. p.1 143. AGCRJ. cbpia): 6 citado por Catarina<<strong>br</strong> />

Soares Brandoa como sendo o proprietii<strong>rio</strong> do "engenho Real d'agua" em<<strong>br</strong> />

Jacarepagui (Processo de Agostinho de Paredes. cit.. transcriqao de dcnunciantes.<<strong>br</strong> />

15 de maio de 1706). 0 engenho de Manuel cie Paredes da Silva aparece<<strong>br</strong> />

tambPm corn o nome de "engenho da Serra". em Jacarepagua (Processo de<<strong>br</strong> />

Mateus de Moura Fogaqa. cit.. confissBo de mBos atadas). Para as relaqbes<<strong>br</strong> />

familiares. ver Genealogias VII e X anesas. p.162 e p. 163.<<strong>br</strong> />

22- SebastiBo da Fonseca Coutinho era tenente-coronel da cavalaria e senhor de<<strong>br</strong> />

engenho; preso em 1715. declarou ser proprieta<strong>rio</strong> de um engenho de fazer<<strong>br</strong> />

aqucar na freguesia de Jacarepagui. com toda sua fihrica. gado e escravos<<strong>br</strong> />

(Novinsky. Anita. Invent6<strong>rio</strong>s. op.cit.. p.236): era aparentado corn d.Brites de<<strong>br</strong> />

Lucena. esposa de Antbnio de Barros e corn Manuel dc Paredes da Silva. senhor<<strong>br</strong> />

de engenho na mesma freguesia. Ver Genealogias V c VII anesas. p. 160 e p. 162.<<strong>br</strong> />

23- JoBo Rodrigues Calassa era dono de um engenho no sitio de Italina. S<strong>rio</strong>


Gonyalo. corn escravos. fri<strong>br</strong>ica e gado: declarou que a rnaior parte de seu gado<<strong>br</strong> />

havia sido roubada por ocasiiio da invasiio francesa de 171 1 (Novinsky. Anita.<<strong>br</strong> />

Inventd<strong>rio</strong>s. op.cit.. p.145).<<strong>br</strong> />

24- Joiio Dique de Sousa, prcso ern 1712 e relasado ao <strong>br</strong>aqo secular (condenado<<strong>br</strong> />

i rnorte pelo fogo) no auto-de-fk de 14 de outuhro de I714 (Novinsky. Anita.<<strong>br</strong> />

Rol. op.cit.. p.55). era proprieti<strong>rio</strong> de urn dos rnaiores engenhos de crist<strong>rio</strong>snovos.<<strong>br</strong> />

o "engenho Vera Cruz". prcisirno ao <strong>rio</strong> Guasandiba. corn cerca de<<strong>br</strong> />

noventa escravos negros e "urn curral grande de gado" (Novinsky. Anita.<<strong>br</strong> />

In~*entd<strong>rio</strong>s. op.cit.. p. 132).<<strong>br</strong> />

25- A farnilia Vale era proprietriria dc urn grande engenho. conhecido corno<<strong>br</strong> />

"GolarnbandC da lnvoca~iio de Nossa Senhora de Montrsserrate". quc ficava<<strong>br</strong> />

is rnargens do <strong>rio</strong> Guasandiha - cram vizinhos de So30 Dique de Sousa - na<<strong>br</strong> />

freguesia de S2o Gon~alo: qunndo dn investida inquisitorial no s6culo XVIII.<<strong>br</strong> />

seu patriarca. Duarte Rodrigucs dc Andradeji havia falecido (Novinsky. Anita.<<strong>br</strong> />

Rol.op.cit.. p.33): a rnatriarca. d.Ana dovale foi presaepenitenciada(Novinsky.<<strong>br</strong> />

Anita. Rol . op.cit.. p.1 17): trOs filhos declarararn ao Tribunal ser senhores de<<strong>br</strong> />

engenho : Manuel do Vale da Silveira. Sirniio Rodrigues dc Andrade e JosC<<strong>br</strong> />

Rarnires do Vale: outro filho. Dorningos Rodrigues Rarnires. declarou ser<<strong>br</strong> />

lavrador de canas corn partido no engenho da farnilia. Segundo Manuel. ele.<<strong>br</strong> />

JosC e Sirniio adrninistravarn no engenho "o rnelhor quinhiio. e a outra rnetade<<strong>br</strong> />

pertencia a sua rniie. Ana do Valc" (Novinsky. Anita. Inventrirros. op.cit..<<strong>br</strong> />

p. 171).<<strong>br</strong> />

26- Joiio Gornes da Silva Pereira foi denunciado corno cristiio-novo. mas nlio<<strong>br</strong> />

cliegou a ser preso (Novinsky. Anita. Rol. op.cit.. p.55): era sogro de Sebastiiio<<strong>br</strong> />

de Lucena Montarroio. filho do senhor de engenho .Ant8nio dc Rarros. e era<<strong>br</strong> />

senhor de urn engrnho na freguesia de Itarnhi. mas nso ternos rnaiores dctalhes<<strong>br</strong> />

de sua propriedade (Proccsso dc Sebastiiio de Lucena Montarroio. cit..<<strong>br</strong> />

Genealogia). Ver Genealogia XII. "A Nora: os Pereira". anesa. p.164.<<strong>br</strong> />

27- Cosrne de Azcredo e scu filho AntAnio de Azeredo forarn denunciados corno<<strong>br</strong> />

cristiios-novos c senhoresde engenho (Novinsky. Anita. Rol. op.cit.. p.22 e p.8).<<strong>br</strong> />

mas nlio chegararn a ser prcsos. niio esistindo assirn inventi<strong>rio</strong> de suas<<strong>br</strong> />

propriedades: aparecern. entretanto. corno rnoradores em ltarnbi no processo de<<strong>br</strong> />

urna parenta. d.Catarina da Silva I'creira. filha do senhor de engenho Joiio<<strong>br</strong> />

Gornes da Silva Pcrcira (I'rocesso de d.Catarina da Silva Pereira. cit.. confissiio).<<strong>br</strong> />

28- Alesandre Soares Pereira era dono de urn engenho no sitio da Pavuna. em<<strong>br</strong> />

Siio Jolio do Meriti. engenho herdado de seu pai. Soiio Soares Pereira: cornprara<<strong>br</strong> />

a parte de seu irrniio. Joiio Soares de Mesquita. que tinha partido de canas no<<strong>br</strong> />

engenho da sogra. d.Ana do Vale (Novinsk!,. Anita. Inventci<strong>rio</strong>s. op.cit.. p.30).<<strong>br</strong> />

29- JosC Gornes Silva. hornern de negcicios. contratador. era tarnbCrn senhor de<<strong>br</strong> />

engenho em Meriti. engenho ern que era scicio do capit<strong>rio</strong> AntAnio Pereira<<strong>br</strong> />

Galviio (Carto<strong>rio</strong> do I" Oficio do Rio de Janeiro. ano de 1692. p.877. AGCRJ.<<strong>br</strong> />

cbpia).Para as relaqdes farniliares. ver Genealogia X anesa. p. 163.


30- Jogo Correia Xirnencs. casado corn a outra filha do senhor dc engenho<<strong>br</strong> />

Agostinho de Paredes. d.lSrites de Paredes. 'era senhor de urn engenho em<<strong>br</strong> />

Meriti. corn escravos. boa fa<strong>br</strong>ica e sern gados (Novinsky. Anita. Iriventci<strong>rio</strong>s.<<strong>br</strong> />

op.cit.. p.130). Nesta fre~uesia Solo Correia Xirnencs ersueu urna capela.<<strong>br</strong> />

dedicada a Nossa Senhora da ConceiqBo. antes de 1708. no porto da fregclesia<<strong>br</strong> />

(Arau,io. JosC de A. Pizarro. op.cit.. vo13.. p. 17). Para as relaqdes farniliares. ver<<strong>br</strong> />

Genealogia 1X aneua. p. 163.<<strong>br</strong> />

31- Manuel de Moura Fogaqa era casado corn d.Guiniar de Lucena. filha do<<strong>br</strong> />

senhor de engenho AntBnio de Barros: era filho e neto de senhor de en~enho.<<strong>br</strong> />

como testernunhou um cristlo-velho. o lavrador de canas Francisco Pereira do<<strong>br</strong> />

Vale. que disse conhecer. "os pais e avhs paternos (de Manuel e seu irrnBo<<strong>br</strong> />

Mateus). que tarnbCm forarn lavradores de a~ucar no scu engenho" (Processo<<strong>br</strong> />

de Mateus de Moura Fogaqa. cit.. Inquiri~5o de Genere no Rio dc Janeiro. 30<<strong>br</strong> />

de agosto de 1717). 0s pais de Manuel haviarn sido proprietaries de engenho<<strong>br</strong> />

em Siio Jolo do Meriti. conhecido corno "engenho do Carrapato" (Processo de<<strong>br</strong> />

Mateus de Moura Foga~a. cit.. Inquiriqlo de Genere no Rio de Saneiro. 30 de<<strong>br</strong> />

agosto de 1717. testernunha padre Gaspar Ribeiro Pereira). Em seu inventa<strong>rio</strong>.<<strong>br</strong> />

Manuel declarou ser proprieti<strong>rio</strong> de urn engenho charnado "Covanca". corn<<strong>br</strong> />

escravos e fh<strong>br</strong>ica (Novinsky. Anita. Inventci<strong>rio</strong>s. op.cit.. p. 306). mas nlo diz<<strong>br</strong> />

em q~le freguesia estava situaclo. l'xistern duvidas quanto a localizaq8o deste<<strong>br</strong> />

engenho: poderia ser em Jacarepagua- talvez herdado de seu sogro: podcria ser<<strong>br</strong> />

em Meriti - herdado de seus pais: Lisboa o localiza em Silo Gonqalo (L.isboa,<<strong>br</strong> />

R.S.. op.cit.. vol.5. p.374): Dines. em Jacarepaguh (Dines. A. op.cit.. p.394).<<strong>br</strong> />

Assirn, continuam duvidas quanto a exata IocalizaqBo desse engenho. Para as<<strong>br</strong> />

relaqdes farniliares. ver Genealogias I e XI anexas. p.158 e 164.<<strong>br</strong> />

32- Raltasar Rodrigues Coutinho pertencia a farnilia estabelecida no Rio de<<strong>br</strong> />

Janeiro dcsde rncados do stculo XVII. Seu pai. Miguel Cardoso. recebera<<strong>br</strong> />

sesrnaria em frente ao <strong>rio</strong> Caioba (Arau.10. Jose A.Pizarro "Rcla~Bo das<<strong>br</strong> />

sesrnarias da capitania do Rio de Janeiro", RIHGB. tomo 63. parte 1. 1900. p.93-<<strong>br</strong> />

153): Baltasar nlo chcgou a ser preso pela Inquisiqlo. falecendo antes. mas sua<<strong>br</strong> />

esposa e filhos forarn. e declarararn ter sido ele senhor de urn engenho de a~ucar<<strong>br</strong> />

em Meriti (Novinsky. Anita. Inventci<strong>rio</strong>s. op.cit.. p. 148).<<strong>br</strong> />

33- Jolo Rodrigues do Vale era irrnBo do senhor de engenho Duarte Rodrigues<<strong>br</strong> />

de Andrade. do engenho GolarnbandC. crn Slo Goncalo: era proprieth<strong>rio</strong> de urn<<strong>br</strong> />

engenho corn toda a fi<strong>br</strong>ica. cscravos e gado em Jacutinga (Novinsky. Anita.<<strong>br</strong> />

Inventri<strong>rio</strong>s. op.cit.. p. 148).<<strong>br</strong> />

34- A farnilia Lucena estava no Rio de Janeiro desde o final do sCculo XVI.<<strong>br</strong> />

quando AntBnio de Luccna recebeu urna sesrnaria (Tornbo das cartas de<<strong>br</strong> />

sesrnarias do Rio de Saneiro- 1595-1606. Rio de Janeiro. Arquivo National.<<strong>br</strong> />

1967. p.83). Urn filho de AntBnio. Diogo de Montarroio. ji em 1603 era dono<<strong>br</strong> />

de urn engenho de fazer a~ucar (Tornbo. op.cit.. p.196). Urn filho de Diogo.<<strong>br</strong> />

Sebastilo de Lucena Montarroio. em rneados do seculo XVII tambtrn era senhor<<strong>br</strong> />

de engenho (Cartb<strong>rio</strong> do 1" Oficio do Rio de Janeiro. ano de 1659. rnaqo 48.


p.906. AGCRS. chpia). De seu prirneiro casarnento. Sebastiiio teve urna filha.<<strong>br</strong> />

d.Nasccnqa. quc foi mlie do senhor de engenho Sehastiiio da Fonseca Coutinho.<<strong>br</strong> />

citado na nota 22 deste capitulo: do segundo casarnento teve dois filhos. d.Rrites<<strong>br</strong> />

de Lucena. casada corn o senhor de engenho AntAnio dc Rarros. e Diogo de<<strong>br</strong> />

Lucena Montarroio. casado corn d.Esperanqa de Azeredo (irrnli de d.Ana de<<strong>br</strong> />

Azeredo. casada corn o senhor de engenho Agostinho de Paredes. citado na nota<<strong>br</strong> />

14 deste capitulo): no inicio do sCculo XVIII. Diogo de L.ucena Montarroio era<<strong>br</strong> />

senhor de urn engenho em Jacutinga. engenho este que aphs a prislio de<<strong>br</strong> />

d.Espcranqa foi arrendado pelo genro Manuel de Castro e Melo (Lisboa. R.S..<<strong>br</strong> />

op.cit.. v.5. p, 475). Para as relaqnes farniliares. ver Genealogias 1V.V.VI e VII<<strong>br</strong> />

aneuas. p. 160-2.<<strong>br</strong> />

35- Bento dc 1.ucena era urn dos filhos de Dio_eo de Lucena Montarroio e<<strong>br</strong> />

d.Esperan~a dc Azeredo, casado corn urna das filhas do senhor de enpenho Jose<<strong>br</strong> />

Gornes Silva. Nan chegou a ser preso. niio esistindo assirn inventa<strong>rio</strong>: porern.<<strong>br</strong> />

esiste recistro do confisco de seu engenho na freguesia de Jacutinga. o<<strong>br</strong> />

"engenho de Guaeuaqu". fa<strong>br</strong>icado corn rnuitos escravos (Lisboa. B.S.. op.cit..<<strong>br</strong> />

vo1.5, p.375). Rento de Lucena aparece corno o reconstrutor da capela de Nossa<<strong>br</strong> />

Senhora de Nazare. localizada na fa~enda do rnosteiro de Siio Bento. llha do<<strong>br</strong> />

Governador (Pizarro. op.cit.. vol.4. p.77). o que reforqa a colocaqiio de Alberto<<strong>br</strong> />

Dines quanto a farnilia ter sido proprietiria de engenho na regiiio (Dines.A..<<strong>br</strong> />

op.cit.. p.382).<<strong>br</strong> />

36- 0s senhoresde engenho que declarararn o nurnero de escravos que possuiarn<<strong>br</strong> />

forarn: Acostinho de I'arrdes. Josd Pacheco de Arevedo. Jose Correia Xirnencs.<<strong>br</strong> />

Sebastilio da Fonseca Coutinho. Joiio Dique de Sousa. a farnilia Vale. Joiio<<strong>br</strong> />

Correia Xirnenes. Manuel de Moura Fogaqa. So50 Rodrigues do Vale (Novinsk>..<<strong>br</strong> />

Anita. In~~enrh<strong>rio</strong>s. op.cit.): para Manuel de Paredes da Costa e Manuel de<<strong>br</strong> />

Paredes da Silva. ternos o ni~rnero dcclarado por ocasilio do confisco (1.ishoa.<<strong>br</strong> />

B.S.. op.cit.). Ver Quadro anexo, p. 155.<<strong>br</strong> />

37- Antonil. AndrC SoBo. op.cit.. p. 139.<<strong>br</strong> />

39- Ibidem.<<strong>br</strong> />

40- Schtvart7. Stuart B.. op.cit.. p.253<<strong>br</strong> />

41- Era Dorningos Rodrigues Rarnires. filho de Duarte Rodrigues de Andrade<<strong>br</strong> />

e d.Ana do Vale (Novinsky. Anita. Invenrri<strong>rio</strong>s. op.cit.. p.99).<<strong>br</strong> />

42- Jolio Soares de Mesquita. casado corn Isabel Gornes da Costa. filha de<<strong>br</strong> />

Duarte Rodrigues de Andrade e d.Ana do Vale. Disse ter "urn partido de canas<<strong>br</strong> />

corn suas casas sitas em Gallio-BandC. cinco lkguas do Rio de Janeiro. na<<strong>br</strong> />

fazenda de sua sogra Ana do Vale. que valeriarn trinta rnil-rCis" (Novinsk!..<<strong>br</strong> />

Anita. Inventh<strong>rio</strong>s. op.cit.. p.120): Jolio era irrniio do senhor de engenho<<strong>br</strong> />

Alesandre Soares Pereira. citado na nota 28 deste capitulo. e so<strong>br</strong>inho dos Vale.<<strong>br</strong> />

43- 0 medico Francisco de Siqueira Machado. dono de urn --partido de canas<<strong>br</strong> />

7 6


corn I5 ate 18 escravos que nele trabalharn. no engenho de Ana do Vale.<<strong>br</strong> />

rnoradora no mesrno engenho" (Novinsky. Anita. Inventa<strong>rio</strong>s. op.cit.. p. 120):<<strong>br</strong> />

era irrn<strong>rio</strong> de d.Leonor Mendes da Paz. casada corn o senhor de cngenho<<strong>br</strong> />

Alexandre Soares Pereira.<<strong>br</strong> />

44- Diogo Rernal da Fonseca e Jo<strong>rio</strong> da Fonseca Bernal (Novinsky. Anita.<<strong>br</strong> />

Inventcir-ios. op.cit., p.84 e Lisboa. B.S.. op.cit., vol.5. p.373).<<strong>br</strong> />

45- Luis Dique. filho ilegitirno de Jo<strong>rio</strong> Dique de Sousa, '-tinha uma roqa em<<strong>br</strong> />

umas terras de dona ~rsula. junto ao engenho de seu pai. Jo<strong>rio</strong> Dique. a qua1 roqa<<strong>br</strong> />

P de rnandioca" (Novinsky. Anita. Inventci<strong>rio</strong>s. op.cit.. p. 176): o outro partidista<<strong>br</strong> />

do engenho Vera Cruz era Jo<strong>rio</strong> Henriques de Castro (ibidem, p. 137).<<strong>br</strong> />

46- Belqi~ior Rodrigues. dono de casas de palha corn urn bananal (Novinsky,<<strong>br</strong> />

Anita. Inventa<strong>rio</strong>s. op.cit.. p.70). E era dono tarnbtm de um partido de<<strong>br</strong> />

rnandioca na rnesrna freguesia. no engenho de Alevandre Soarcs Mesquita.<<strong>br</strong> />

Francisco da Costa Barros (Processo de Mateus de Moura Fogaqa. cit..<<strong>br</strong> />

confiss<strong>rio</strong>).<<strong>br</strong> />

47- lnicio Cardoso de Azeredo. filho do senhor de engenho Agostinho de<<strong>br</strong> />

Paredes: era dono de urn partido de cana no engenho da Covanca. heguesia de<<strong>br</strong> />

S<strong>rio</strong> Jo<strong>rio</strong> do Meriti (Novinsky, Anita. Inventa<strong>rio</strong>s. op.cit.. p. 128); P possivel que<<strong>br</strong> />

este partido ficasse no engenho de Manuel de Moura Fogaqa. ou no engenho do<<strong>br</strong> />

cunhado de Inacio, Jo<strong>rio</strong> Correia Xirnencs.<<strong>br</strong> />

38- 0 advogado Jo<strong>rio</strong> Mendes da Silva era proprieta<strong>rio</strong> de urn partido de canas<<strong>br</strong> />

no engenho de seu cunhado, o coronel Felix Corieia de Castro. crist<strong>rio</strong>-velho,<<strong>br</strong> />

"que consta de urnas casas de telha e algurnas cabeqas de gado" corn oito<<strong>br</strong> />

escravos trabalhando no partido (Novinsky. Anita. Inventci<strong>rio</strong>s, op.cit.. p. 139).<<strong>br</strong> />

49- Rodrigo Mendes de Paredes, filho do senhor de engenho Agostinho de<<strong>br</strong> />

Paredes, irrnao de Inacio Cardoso de Azeredo (Novinsky, Anita. Inventa<strong>rio</strong>s,<<strong>br</strong> />

op.cit., p. 232).Era dono de urn partido de canas no ensenho de seu primo<<strong>br</strong> />

Manuel de Parcdes da Costa.<<strong>br</strong> />

50- Jo20 Rodrigues do Vale, senhor de urn engenho em Jacutinga. tinha um<<strong>br</strong> />

partido de canas com 23 escravos em Ira.ja. no engenho de JosC- Pacheco de<<strong>br</strong> />

Azevedo (Novinsky. Anita. fnventb<strong>rio</strong>s. op.cit..p.l48). Jose Gornes Silva.<<strong>br</strong> />

senhor de cngenho em Meriti. tinha urn partido de canas em Iraja (Lisboa. B.S..<<strong>br</strong> />

op.cit.. vol.5, p.472).<<strong>br</strong> />

5 I - D.Brites de Paredes, esposa do senhor de engenho Jo2o Correia Xirnenes.<<strong>br</strong> />

filha do'senhor de engenho Agostinho de Paredes. irrnri dos partiditas lnacio<<strong>br</strong> />

Cardoso de Azeredo e Rodrigo Mendes de Paredes (Lisboa. B.S.. op.cit.. vol.5,<<strong>br</strong> />

p. 472).<<strong>br</strong> />

52- D.Beatriz de Paredes foi partidista no engenho do irm<strong>rio</strong>. o senhor de<<strong>br</strong> />

engenho Agostinho de Paredes. partido que foi hipotecado em 1692 (Carto<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

do I" Oficio do Rio de Janeiro. ano de 1692. maqo 49. p.892. AGCRJ, c6pia).


53- D.Rrites de Lucena. apos a rnorte do rnarido.Ant6nlo de Rarros. foi dona de<<strong>br</strong> />

urn partido de canas no engenho de seu genro Agostinho dc Paredes. em Ira.ji<<strong>br</strong> />

(Processo de d.Brites de Lucena. cit.. Invenrci<strong>rio</strong>)<<strong>br</strong> />

54- Luis ~lvares Montarroio. filho do senhor de engenho Diopo de Montarroio.<<strong>br</strong> />

era dono de urn partido de rnandioca em Iacutinga (Novinsky. Anita. Invenrd<strong>rio</strong>s.<<strong>br</strong> />

op.cit.. p.175): Francisco Ca~npos Silva tinha urn partido em Iguaqu<<strong>br</strong> />

(ibidem. p.108): Manuel Nunes Viseu tinha urn partido em Andarai (ibidem.<<strong>br</strong> />

p.910).<<strong>br</strong> />

55- Bartolorneu Gornes da Costa. corn partido de canas no engenho da Serra. de<<strong>br</strong> />

Manuel de Paredes da Silva em Iacarepagua (Processo de Mateus de Moura<<strong>br</strong> />

Fogaqa. cit.. confiss8o): Jose da Fonseca Soutomaior. propr~eta<strong>rio</strong> de urn partido<<strong>br</strong> />

de canas em Jacarepag~li. "no engenho que hoje e do Fisco e que foi de Manuel<<strong>br</strong> />

de Paredes" (Novinsky. Anita. Invenfcirros. op.cit.. p. 158).<<strong>br</strong> />

56- AntBnio de Azevedo. FCli\r Mendcs Leite. Francisco de Lucena Montarroio.<<strong>br</strong> />

JosC de Barros. Mateus de Moura Fogaqa e Joiio dos Santos.<<strong>br</strong> />

57- Andre de Barros.<<strong>br</strong> />

58- Corno Mateus de Moura Fogaqa. que tinha nas Minas "uma roqa de rnilho<<strong>br</strong> />

e feij8o" (Processo de Mateus de Moura Fogaqa. cit.. Inventci<strong>rio</strong>).<<strong>br</strong> />

59- Corno Scbastiio de Lucena Montarroio. advogado. que declarou ser<<strong>br</strong> />

proprieta<strong>rio</strong> "de urnas casas nas Minas do OLEO. na la de Nossa Senhora da<<strong>br</strong> />

Conceiqiio de SabarB" (Processo de Sebastl%o de Lucena Montarroio. cit..<<strong>br</strong> />

Inventb<strong>rio</strong>).<<strong>br</strong> />

60- Mercadorias relacionados nos invcnta<strong>rio</strong>s de crist8os-novos rnoradores no<<strong>br</strong> />

Rio de Janeiro.<<strong>br</strong> />

61- Soso Rodrigucs do Vale. senhor de engenho em Jacutinga. Dami8o Rodrigues<<strong>br</strong> />

Moeda. advosado. e Joio Nunes Viseu. medico (Novinsky. Anita. Invenr<strong>br</strong>ros.<<strong>br</strong> />

op.cit., p.73 e 74).<<strong>br</strong> />

62- Pedro Mendes Menriques. senhor de engcnho no Rio de Janeiro (Novinsky.<<strong>br</strong> />

Anita. Invenfcirlos. op.cit.. p.229).<<strong>br</strong> />

63- Como Diogo Lopes Flores. Diogo Rodrigues Sanches (Novinsky. Anita.<<strong>br</strong> />

Inventd<strong>rio</strong>s. op.cit.. p.28 e 96) e Manuel Cardoso Coutinho. partidista e filho<<strong>br</strong> />

ilegitimo do senhor de engenho Baltasar Rodrigues Coutinho (ibidem. p. 183).<<strong>br</strong> />

64- Corno o acirna citado Manuel e lnacio Cardoso de Azeredo. filho do senhor<<strong>br</strong> />

de engenho Agostinho de Paredes: lnicio foi preso pela Inquisiqio quando se<<strong>br</strong> />

encontrava nas Minas. onde tinha "urna casa nova de telhas" (Novinsky. Anita.<<strong>br</strong> />

Invent6<strong>rio</strong>s. op.cit.. p. 128): seu irrnio Rodrigo Mendes de Paredes mandara<<strong>br</strong> />

para as Minas uma carregaqiio sob a responsabilidade de Inacio (ibidem. p.223).<<strong>br</strong> />

65- Francisco de Lucena Montarroio era prirno de JosC de Rarros. que era<<strong>br</strong> />

cunhado de Mateus de Moura Fogaqa.


66- Cartorlo do 1' Oficlo do Rio de Jane~ro, ano de I659.rnaqo 48. p 906<<strong>br</strong> />

(AGCRJ. cdpla)<<strong>br</strong> />

67- Lobo. Eulilia Maria Lahrneyer. op.cit.. vol. I . p.24.<<strong>br</strong> />

68- Carto<strong>rio</strong> do lo Oficio do Rio de Janeiro. ano de 1692. p.897 (AGCR.1. cbpia)<<strong>br</strong> />

69- Idem. ano de 1689. m ap 47. p.775 (ibidem).<<strong>br</strong> />

70- Novinsky. Anita. Inventtir-ios. op.cit., p.27<<strong>br</strong> />

71- Ibidem. p. 148. Segundo o dicionarista Moraes Silva. "venda fantastica : em<<strong>br</strong> />

que ha urn fingindo vendedor e cornprador" (Silva. AntAnio Moracs. Dicionci<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

dn lin~~ln port~rgzleso. Lisboa. Typ. Lacerdina. 1813. vo1.2. p. I I).<<strong>br</strong> />

72- Processo dc Jose de Rarros. cit.. Ordern dc Prisiio.<<strong>br</strong> />

73- Encontrarnos transcri~lo do docurnento "Regirnento dosjuizes das Confiscaqdes<<strong>br</strong> />

pelo crime de hercsia". datado dc 154.7. na Rela~iio da Rahia de 1752<<strong>br</strong> />

(Arquivo Nacional do Rio de Janeiro. codice 3 1 1). o que dernonstra o conhecirnento<<strong>br</strong> />

e a continuidade deste cargo na ColBnia.<<strong>br</strong> />

74- Ver Saraiva. Jose AntBnio. op.cit.. p.255.<<strong>br</strong> />

75- Cunha. d.Luis da. Testomen~opolitico. Siio Paulo. Alfa-Omega. 1976. p.87.<<strong>br</strong> />

76- Sanches. AntBnio Nunes Ribeiro. Cristdos novos e crrstdos velhos en7<<strong>br</strong> />

Porrlrgol. Prcfhcio de Raul do Rego. 2.ed.. Porto. Paisagern. 1973. p.74.<<strong>br</strong> />

77- Processo de Mateus de Moura Fogaqa. cit.. Inquiriqiio de Tcsternunhas do<<strong>br</strong> />

Rio de Janeiro. 27 de julho de 17 17.<<strong>br</strong> />

78- "Relaqiio das pessoas e das quantias corn que contribuirarn para o resgate<<strong>br</strong> />

desta cidade. rendida pelos franceses em 11 dc sctern<strong>br</strong>o de 171 I". RINGB.<<strong>br</strong> />

Porno 21. 2.cd.. 1858. vo1.2. p.28.<<strong>br</strong> />

79- Lisboa. R.S.. op.cit..vol.j.. p.373 e seguintes. Ralthazar da Silva Lisboa niio<<strong>br</strong> />

indicou a fonte desses dados so<strong>br</strong>e as propriedadcs confiscadas a cristiiosnovos:<<strong>br</strong> />

porirn. encontrarnos no Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

va<strong>rio</strong>s volumes contendo cbpias de docurnentos relativos ao Rio de Janeiro que<<strong>br</strong> />

Ralthazar 1,ishoa rnandara fazer: rnuitos docurncntos desaparecerarn corn o<<strong>br</strong> />

inctndio do Senado da Ciimara de 20 de julho de 1790: assirn. considerarnos<<strong>br</strong> />

seus dados como a unica tlocurnentaqiio conhecida ati o rnornento so<strong>br</strong>e o<<strong>br</strong> />

assunto.<<strong>br</strong> />

80- Lisboa. R.S.. op.cit.. vo1.5. p.373 e seguintes.<<strong>br</strong> />

81- Pagararn o irnposto so<strong>br</strong>e scus engenhos Manuel Paredes da Costa.<<strong>br</strong> />

Agostinho de Paredes. Jose Correia Xirnenes. Jo<strong>rio</strong> Correia Xirnenes. Catarina<<strong>br</strong> />

Marques (viilva de Manuel de Paredes da Silva). Jo2o Rodrigues Colassa.<<strong>br</strong> />

Manuel de Moura Fogaqa. Isabel da Silva (viilva de Bento de Lucena).<<strong>br</strong> />

Esperanqa de Azeredo (viuva de Diogo de Montarroio): so<strong>br</strong>e seus partidos de<<strong>br</strong> />

cana. pagararn o imposto entre outros Joiio Mendes da Silva. Rodrigo Mendes<<strong>br</strong> />

de Paredes. Brites de Parcdes e Jose Gornes Silva. Ver Lisboa. B.S.. op.cit..<<strong>br</strong> />

vol.5. p.373 e seg.<<strong>br</strong> />

,


82- Processo de Sebastijo de Lucena Montarroio. cit. Inquiri~Ro dc testemunhas<<strong>br</strong> />

do Rio de Janeiro. 18 de fevereiro de 1715.<<strong>br</strong> />

83- Lisboa. B.S.. op.cit.. vol.5, p.472.<<strong>br</strong> />

84- Apud Pinto. Virgilio Noya, op.cit., p.191.<<strong>br</strong> />

85- Dezoito engenhos de crist8os-novos efetivamente presos e penitenciados;<<strong>br</strong> />

trCs senhores de engenho denunciados ntio foram presos: Joio Afonso de<<strong>br</strong> />

Oliveira. JoRo Gomes da Silva Pereira e Cosme de Azeredo.


4 - UMA FAMILIA CRYST*-NO VA:<<strong>br</strong> />

0s BARROS<<strong>br</strong> />

Hist6ria da familia no Brasil<<strong>br</strong> />

Nos estudos so<strong>br</strong>e a familia no passado <strong>br</strong>asileiro destacarn-se duas<<strong>br</strong> />

vertentes: uma pioneira. ligada a histo<strong>rio</strong>grafia traditional' e outra. mais<<strong>br</strong> />

recente. com trabalhos ligados a demografia historica?.<<strong>br</strong> />

Nos trabalhos desses primeiros historiadores, a familia era vista como<<strong>br</strong> />

sendo do tip0 patriarcal, cornposta por um centro formado pelo casal <strong>br</strong>anco,<<strong>br</strong> />

seus filhos. noras, genros e netos. A seguir, os parentes e afilhados, depois as<<strong>br</strong> />

concubinas, filhos ilegitimos e agregados. Finalmente os escravos, todos<<strong>br</strong> />

vivendo sob a proteqzo da casa-grande; ainda. sob influtncia do patriarca, os<<strong>br</strong> />

vizinhos (roceiros. lavradores e sitiantes), amigos e protegidos.<<strong>br</strong> />

Gilberto Freyre, estudando o Nordeste a~ucareiro, mostrou a familia<<strong>br</strong> />

como urn grupo hierarquicamente organizado, onde havia a dominaq2o do<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>anco so<strong>br</strong>e o negro, do homem so<strong>br</strong>e a mulher, do adulto so<strong>br</strong>e a crianqa;<<strong>br</strong> />

ressaltou os beneficios da miscigenaq20 e apontou a existgncia de uma<<strong>br</strong> />

democracia racial. graCas as relaqbes afetivas entre o senhor e seus escravos3.<<strong>br</strong> />

Ant6nio Cindido. enfocando a regiZ.0 Centro-Sul, preocupou-se em caracterizar<<strong>br</strong> />

a familia em seus aspectos estruturais: seria cornposta por um nucleo<<strong>br</strong> />

formado pela familia <strong>br</strong>anca legalmente constituida. tendo como ob-jetivo<<strong>br</strong> />

basico a preservaqzo da posiqZ.0 social e dos bens econ6micos; ao redor desse<<strong>br</strong> />

nucleo, "uma periferia nem sempre bem delineada", onde se incluiam desde<<strong>br</strong> />

parentes at6 escravos. passando por concubinas. filhos ilegitimos, agregados4.<<strong>br</strong> />

As caracteristicas essenciais dessa familia patriarcal eram a base<<strong>br</strong> />

agraria latifundiaria e escravista, alem do poder do paterlfamilias: a ele<<strong>br</strong> />

estavam subjugados todos que dependiam de sua benevoltncia, desde esposa<<strong>br</strong> />

e filhos ate parentes, vizinhos e amigos. Formava-se uma rede de individuos


ligados por interesses e dependCncias varias. Era o cl% rural como celula<<strong>br</strong> />

essential da organizaq%o social e politica.<<strong>br</strong> />

A partir desses trabalhos, que enfocavam areas e pe<strong>rio</strong>dos especificos,<<strong>br</strong> />

indevidamente adotados como modelos validos para toda a sociedade<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>asileira, constituiu-se o estereotipo de familia patriarcal, tomada como<<strong>br</strong> />

sin6nimo de familia extensa e familia <strong>br</strong>asileira5.<<strong>br</strong> />

Recentemente, alguns autores tCm procurado demonstrar os problemas<<strong>br</strong> />

acarretados por esses enfoques generalizadores6; trabalhando so<strong>br</strong>e uma base<<strong>br</strong> />

empirica comum, como os censos populacionais e os registros paroquiais,<<strong>br</strong> />

utilizando a metodologia da Demografia Historica, chamam a atenqgo para<<strong>br</strong> />

as diferenqas temporais e socias na composiq8o da familia, mostrando que<<strong>br</strong> />

para o Sul e Sudeste (mais especificamente S%o Paulo, Parana e Minas<<strong>br</strong> />

~&ais), a partir do ultimo quartel do seculoXVII1, predominou umaestrutura<<strong>br</strong> />

familiar mais simplificada, a familia nuclear com menor numero de integrantes.<<strong>br</strong> />

Entretanto, para o estudo de uma familia crist%- nova no Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

setecentista, tendo como base documental os processos inquisitoriais (documentaq%o<<strong>br</strong> />

at6 agora n%o utilizada para este fim) e levando em consideraq50<<strong>br</strong> />

as diferenqas no pe<strong>rio</strong>d0 abordado, nenhum dos enfoques propostos por esses<<strong>br</strong> />

novos historiadores da familia possibilitaria o estudo dessa familia. Nessa<<strong>br</strong> />

documentaq%o n%o C possivel distinguir os fogos ou domicilios, muitas vezes<<strong>br</strong> />

associados a familia na histo<strong>rio</strong>grafia recente, n%o sendo, portanto, utilizados<<strong>br</strong> />

neste trabalho.<<strong>br</strong> />

A necessidade de um modelo teorico para melhor compreender essa<<strong>br</strong> />

familia cristz-nova, familia de elite, de base agraria, semelhante a familia<<strong>br</strong> />

descrita por Freyre para o Pemambuco colonial, nos levou a uma releitura da<<strong>br</strong> />

o<strong>br</strong>a do soci6log0, baseada na proposta apresentada por Angela Mendes de<<strong>br</strong> />

Alrneida, de considerar a familia patriarcal de Freyre como ponto de partida<<strong>br</strong> />

(aliada a familia patriarcal descrita tambkm por Sergio Buarque de Holanda);<<strong>br</strong> />

a familia patriarcal, rural, escravista e poligimica como sendo uma "especie<<strong>br</strong> />

de ctlula basica de nossa sociedade":<<strong>br</strong> />

Uma especie de matriz que permeia todas as esferas do social: a da<<strong>br</strong> />

politica. atravCs do clientelismo e do populismo: a das relaqaes de<<strong>br</strong> />

trabalho e poder, onde o favor e alternativa da viol@ncia preponderarn<<strong>br</strong> />

nos contratos de trabalho e na formaqgo dos feudos politicos. muito mais<<strong>br</strong> />

que a idCia de direitos universais do cidadao: e por fim nas pr6prias


ela~des interpessoais em que a personalidade "cordial" do <strong>br</strong>asileiro<<strong>br</strong> />

irnpne pela intimidade e respeita a privacidadc e independencia do<<strong>br</strong> />

individuo7.<<strong>br</strong> />

Neste trabalho utilizamos o conceit0 de farnilia patriarcal nessa<<strong>br</strong> />

perspectiva, traqando um paralelo para nossa farnilia crist3-nova. na qua1<<strong>br</strong> />

encontramos caracteristicas analogas. talvez porter tido o Rio de Janeiro do<<strong>br</strong> />

final do seculo XVll e inicio do XVlIl as rnesrnas bases econ6rnica.s do<<strong>br</strong> />

Nordeste a~ucareiro. Nesta farnilia de elite, de base agraria, de senhores de<<strong>br</strong> />

engenho. ainda n3o se delineia a familia modema. burguesa, nuclear do<<strong>br</strong> />

seculo XIXn; era farnilia colonial e patriarcal. con1 rede de parentesco e<<strong>br</strong> />

agregados, interagindo nos diversos niveis das atividades econ6rnicas e<<strong>br</strong> />

profissionais, presente na burocracia. participando da politica local. Sornente<<strong>br</strong> />

a a~3o efetiva do Tribunal do Santo Oficio revelou a fiagilidade dessa familia<<strong>br</strong> />

patriarcal crist3-nova, que n%o p6de evitar sua aniquiliq30 nos carceres<<strong>br</strong> />

inquisitoriais.<<strong>br</strong> />

A familia Barros<<strong>br</strong> />

No Rio de Janeiro setecentista dos cristsos-novos, a teia familiar<<strong>br</strong> />

espraiava-se por toda a comunidade: senhores de engenho. donos de partido,<<strong>br</strong> />

hornens de negocios, cornerciantes, profissinonais liberais, todos estavarn<<strong>br</strong> />

nela enredados.<<strong>br</strong> />

Para examinarmos mais de perto as caracteristicas dessa familia cristC<<strong>br</strong> />

nova. de tentaculos t3o poderosos, selecionarnos urn dentre os va<strong>rio</strong>s cornponentes<<strong>br</strong> />

desses grupos familiares.<<strong>br</strong> />

Nossos personagens centrais se<strong>rio</strong>, a partir de agora, o cristso-novo.<<strong>br</strong> />

advogado e senhor de engenho Ant6nio de Barros e sua familia, considerada<<strong>br</strong> />

de elite9 dentro dos quadros da sociedade colonial. Era senhor de dois<<strong>br</strong> />

engenhos, um em Jacarepagua e outro em Iraja. proprieta<strong>rio</strong> de terras e<<strong>br</strong> />

escravos; mern<strong>br</strong>o tambern da elite intelectual, de bachareis formados em<<strong>br</strong> />

Coim<strong>br</strong>a, advogado corn escrit6<strong>rio</strong> estabelecido na cidade do Rio de Janeiro.<<strong>br</strong> />

Farnilia radicada na provincia desde o final do seculo XVI, cujos<<strong>br</strong> />

mem<strong>br</strong>os pertenciam a antiga elite, atuante na burocracia colonial. Nessa<<strong>br</strong> />

kpoca, encontrarnos urn av6 de Ant6nio como secretri<strong>rio</strong> do <strong>gov</strong>ernador


d.Francisco de Sousa na Bahia. em seguida exercendo o cargo de almosarife<<strong>br</strong> />

da Fazenda no Rio de Janeiro. funq'io na qua1 foi substituido pelo genro. pai<<strong>br</strong> />

de AntBniolo. Ver Genealogia 11 anesa. p. 159.<<strong>br</strong> />

Ant6nio de Barros teve vida longa - 84 anos - e prospera; apos a<<strong>br</strong> />

pemlani.ncia em Coim<strong>br</strong>a (dc 1651 a 1657). voltou ao Rio de Janeiro. e alem<<strong>br</strong> />

da advocacia. eserceu tambCm o cargo de procurador da Cdmara. sem<<strong>br</strong> />

descuidar-se do engenho da Covanca. herdado de seus pais. 0 cargo de<<strong>br</strong> />

procurador euistia na ColBnia desde 1532. e entre si~as atribi~i~bes estavam<<strong>br</strong> />

osreparos e a conservaqgo dos bens da CBmara. servir como tesoureiro quando<<strong>br</strong> />

n,?o houvesse ilm, e estar presente h posse e entrega do <strong>gov</strong>ern0 ao chanceler<<strong>br</strong> />

e ao provedor-mor .por procuraqzo do <strong>gov</strong>ernador. quando estes assumissem<<strong>br</strong> />

os cargos' I.<<strong>br</strong> />

Casou-se em 70 de janeiro de 1665 na igreja de Nossa Senhora do<<strong>br</strong> />

Loreto. freguesia do termo de .lacarepagua "pelas oito para as nove horas da<<strong>br</strong> />

manh%"I2 com d.Brites de Lucena. dama de igual estirpe, pertencente a<<strong>br</strong> />

familia de igual tradiqzo no Rio de Janeiro, ali radicadadesde o final do seculo<<strong>br</strong> />

XVI: familia de senhores de engenho e advogados, familiade elite, apesar de<<strong>br</strong> />

dupla mancha: alCm do sangile cristzo-novo .a"casta de carij6" de umaavol'.<<strong>br</strong> />

Ver Genealogias Ill e IV anesas, p. .<<strong>br</strong> />

A cerimcnia do casamento foi oticiada pelo padre Francisco Silveira<<strong>br</strong> />

Dias, e entre as testemunhas estavarn tr2s colegas de Antanio, os advogados<<strong>br</strong> />

JoZto Chaves. Tome de Sousa e JuliSo de Moura14; que havia sido contemporBneo<<strong>br</strong> />

de Ant8nio em Coim<strong>br</strong>al'; tres advogados, todos cristsos-velhos.<<strong>br</strong> />

Familia bem relacionada tanto entre os crist%os-novos, como entre 0s<<strong>br</strong> />

crist2os-velhos.<<strong>br</strong> />

AntBnio e d.Brites moraram no engenho da Covanca, em Jacarepagua,<<strong>br</strong> />

por mais de trinta anos. de 1665. quando se casaram. ate aprosimadamente<<strong>br</strong> />

1700: depois passaram a residir no Capgo, em Ira.ja. Possuiam residencia na<<strong>br</strong> />

cidade. onde AntBnio mantinha seu escrito<strong>rio</strong>, e onde. como su, Oere a<<strong>br</strong> />

documentaqZo. passava grande parte do ano.<<strong>br</strong> />

Vizinhos do casal, tanto na Covanca como no CapZo, declararam que<<strong>br</strong> />

d.Brites raramente saia do engenho para ir a cidade. fazendo-o somente<<strong>br</strong> />

durante as festas da Piscoa:<<strong>br</strong> />

Desde que tcve uso da ra;rlio se lern<strong>br</strong>a que dona Rrites vivia em sua<<strong>br</strong> />

fa7cnda de .lacarcpaguri e vinha a esta cidade toda Quaresrna e que<<strong>br</strong> />

passada a festa da P6scoa se tornava a recolher em sua fazenda e que<<strong>br</strong> />

continuou at6 o tempo em que comeqou a vir ... a esta terra. que havera


24 anos desde este ... n5o veio rnnis a esta cidatlc e \ ivcu na dita farcntln<<strong>br</strong> />

de Jacarepayui. E quc n rd residira ern sua fnzcnda dc .lncarcpa_~ua e<<strong>br</strong> />

que ...... casando suns filhas se passara a viver em Iraii at6 o tempo em<<strong>br</strong> />

que faleceu seu rnarido AntBnio dc Barros. havera seis anos. clue ent5o<<strong>br</strong> />

se passou a viver no engenho de scu _eenroi".<<strong>br</strong> />

0s filhos do casal foram batizados e crismados em orato<strong>rio</strong>s erguidos<<strong>br</strong> />

nos engenhos da familia; tinham prestigio: o prop<strong>rio</strong> bispo Francisco de S5o<<strong>br</strong> />

Jer6nimo batizou, em um desses orato<strong>rio</strong>s, a uma crian~a cristii-nova ...".<<strong>br</strong> />

0 fill10 mais velho foi batizado com o nome de seu av6 matemo,<<strong>br</strong> />

Sebastizo de Lucena Montarroio, tendo como padrinho urn tio-avb'! Seguiu<<strong>br</strong> />

os passos do pai, e est~ldou Leis na Universidade de Coim<strong>br</strong>a. formando-se<<strong>br</strong> />

advogado em 1695. Voltando para o Rio de Janeiro, trabalhou corn o pai.<<strong>br</strong> />

colaborando com o mesmo em variascausas (ver capiti~lo 2). Dos outros filhos<<strong>br</strong> />

homens, nenhum foi paracoim<strong>br</strong>a, ernbora fossem todosalfabetizados, como<<strong>br</strong> />

declararam ao Tribunal do Santo Oficio: um era mineiro , outro militar e o<<strong>br</strong> />

terceiro "sem oficio".<<strong>br</strong> />

Alem dos batizados. casamentos tambern eram realizados no orato<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

doengenho; foi naCovancaqueduasdas filhas docasal se casarani, no mesmo<<strong>br</strong> />

dia, com o mesmo cele<strong>br</strong>ante e as mesmas testernunhas'" irma das noivas,<<strong>br</strong> />

d.Isabel, foi o<strong>br</strong>igada a recorrer a dispensa eclesihstica para casar-se com sen<<strong>br</strong> />

tio, o advogado e senhor de engenho Agostinho de Paredes. so<strong>br</strong>inho de sua<<strong>br</strong> />

avo matema. primo de sua m5e. Alguns anos depois, outra irm8, d.Guimar.<<strong>br</strong> />

casou-se com outro senhor de engenho, Manuel de Moura Foga~a. irmso de<<strong>br</strong> />

seu cunhado Mateus. marido de sua irm2 d.Ant6nia. Ver Genealosia I anesa.<<strong>br</strong> />

p. Dos quatro filhos homens, somente Sebastizo se casou; a noiva. d.Ana<<strong>br</strong> />

Sodre Pereira, era filha de senhor de engenho2'. Ver Genealogia XI1 anexa.<<strong>br</strong> />

P.<<strong>br</strong> />

Quatro casamentos na familia, casamentos com mem<strong>br</strong>os da igualha:<<strong>br</strong> />

filhas de senhor de engenho casadas com senhores de engenho ou seus filhos.<<strong>br</strong> />

e vice-versa.<<strong>br</strong> />

A familia Barros, assim como todos os cristzos-novos. cele<strong>br</strong>ava os<<strong>br</strong> />

casamentos conforme as recomendagbes da igre.ja Tridentina. Fosse em


orato<strong>rio</strong>s e capelas erguidos nos engenhos. 011 nas igre.ias das paroquias onde<<strong>br</strong> />

residiam os noivos, o fato eque secasavam legalmente. Como familiadeelite.<<strong>br</strong> />

confirmam osestudosrealizadosso<strong>br</strong>eocasamento no Brasil colonial,em que<<strong>br</strong> />

diversos autores concordam so<strong>br</strong>e a alta incidencia do casamento legalizado<<strong>br</strong> />

dentre as camadas privilegiadas da popula$ZoX. 0 dote. parte integrante do<<strong>br</strong> />

casamento, existia neste grupo familiar, e nos processos examinados ha<<strong>br</strong> />

referhias a essa pratica. SebastiBo arrolou entre suas propriedades "casas e<<strong>br</strong> />

roqas" que recebeu como dote no engenho do sogro em Itambix.<<strong>br</strong> />

A importgncia conferida ao casamento pode ser percebida pelo mod0<<strong>br</strong> />

como se referiam a ele alguns desses cristsos-novos. Ser convidado e n%o<<strong>br</strong> />

comparecer, n2o ser convidado. ou o simples fato de ir a cerimcnia eram<<strong>br</strong> />

interpretados corno sintoma para comprovar a amizade, o trato que existia<<strong>br</strong> />

entre os nucleos familiares.<<strong>br</strong> />

Agostinho de Paredes, marido de d.lsabe1. para comprovar o "mau<<strong>br</strong> />

trato" e "inimizade" que exisfia entre parentes disse:<<strong>br</strong> />

Era tfio pouco o trato que ... o r6u tinha com o so<strong>br</strong>editos seus<<strong>br</strong> />

parentes, e t8o pouca a familiaridade que com se tratavam. que se<<strong>br</strong> />

casando Rodrigo Mendes de Paredes duas ve7es. e lnacio Cnrdoso e suas<<strong>br</strong> />

irmfis. todos primos dele rCu. e casando ... Bento de Lucena e dona Brites<<strong>br</strong> />

sua irmfi. filhos de Diogo de Montarroio e de dona Esperan~a de<<strong>br</strong> />

Azeredo. em nenhum dos so<strong>br</strong>editos casamentos sc achou o rCu nem sua<<strong>br</strong> />

mulher de que bem se infere que n<strong>rio</strong> havia entre eles familiaridade para<<strong>br</strong> />

trato de tfio grande materia*'.<<strong>br</strong> />

Desentendimentos e conflitos entre familias crists-novas mostram que<<strong>br</strong> />

a solidariedade costumeira que existia entre os cristsos-novos As vezes era<<strong>br</strong> />

rompida. 0 patriarca Ant6nio de Barros desaprovou o casamento da meiairmBded.Brites,<<strong>br</strong> />

suaesposa. D.Isabe1 de Paredesresolveu secasarcom o sogro<<strong>br</strong> />

de seu irmso Manuel, o tratante Jose Gomes Silva, mas a familia n%o aceitou<<strong>br</strong> />

tal unigo; Sebasti20 disse que d.lsabel se casara contra a vontade de seu pai<<strong>br</strong> />

e demais parentes, chegando a injuriar a tia. chamando-a de "puta de Jose<<strong>br</strong> />

Gomes", dizendo que "ngo estavam casados por serem compadres um do<<strong>br</strong> />

outro". D.lsabe1 e o marido souberam dos insultos e Jose Gomes disse que<<strong>br</strong> />

Sebastigo "o punhaem precipicios deomandar mataruz4. Ver GenealogiasVII<<strong>br</strong> />

e X anexas. p. 162-3.<<strong>br</strong> />

0 ressentimento se fez sentir por ocasi2o do casamento de uma filha de<<strong>br</strong> />

Jose Gomes corn urn primo da familia Barros. quando estes n8o assistiram ao


casamento, nem felicitaram o casal, antes "o estranharam muito e o desprezaram<<strong>br</strong> />

dele, niio tratando nem com os ditos nem a sua familia ..."?'.<<strong>br</strong> />

Doscasamentos legalizadosnasciam filhos legitimos. Dos quatro filhos<<strong>br</strong> />

de Ant6nio e d.Brites que se casaram na igreja, somente duas filhas deram<<strong>br</strong> />

netos ao casal. Sebastiiio e sua irmii d.Ant8nia niio tiveram filhos dentro do<<strong>br</strong> />

casamento. Jad.1sabel teve ao menos dois filhos, chamados Agostinho (como<<strong>br</strong> />

o pai) e Sebastiiio (como o tio e o bisav8). E d.Guimar. seis filhos , sendo que<<strong>br</strong> />

duas filhas chegaram a se casar no Rio de Janeiro em meados do sCculo<<strong>br</strong> />

XVII12h. Ver Genealogia I anexa, p. 158.<<strong>br</strong> />

Das 164 mulheres cristk-novas denunciadas ou presas pela Inquisiqiio<<strong>br</strong> />

no iniciodo seculoXVIll queencontramosem nossadocumentaqiio, sessenta<<strong>br</strong> />

eram solteiras (cerca de 36%); eram filhas de mercadores, militares, lavradores,<<strong>br</strong> />

uma filha de medico, uma de um advogado. trts eram filhas legitimas<<strong>br</strong> />

e quatro, filhas ilegitimas de senhor de engenho?'. Entretanto, devemos<<strong>br</strong> />

lem<strong>br</strong>ar que a prisiio interrompeu o ritmo natural da vida dessas mulheres;<<strong>br</strong> />

niio sabemos quantas dessas moqas teriam se casado em circunstdncias<<strong>br</strong> />

rotineiras, nem mesmo quantas se casaram mais tarde.<<strong>br</strong> />

Em relaqiio aos homens crist%os-novos, tambem presos ou denunciados<<strong>br</strong> />

(228), encontramos 25 solteiros menores de vinte anos, e aproximadamente<<strong>br</strong> />

metade dos homens declarou ser casado; dos cem homens restantes, a maioria<<strong>br</strong> />

era realmente solteira e declarou isso ao Tribunal; para alguns poucos existem<<strong>br</strong> />

duvidas- niiodisseram qua1 seu estadocivil. Assim, cerca de 57%dos homens<<strong>br</strong> />

cristiios-novos eram solteiros na epoca das denuncias.<<strong>br</strong> />

CristSos-novos - porcentagem de solteiros<<strong>br</strong> />

e casados<<strong>br</strong> />

mulheres<<strong>br</strong> />

homens<<strong>br</strong> />

solteiras<<strong>br</strong> />

d o s<<strong>br</strong> />

Casados<<strong>br</strong> />

36,596 solteiras 57% solteiros<<strong>br</strong> />

63,5% casadas 43% casados<<strong>br</strong> />

392 crist5os-novos presos ou denunciados no<<strong>br</strong> />

Rio de Janeiro en& 1700- 1730


Se tomarmos o exe~nplo da familia selecionada para estudo, encontramos<<strong>br</strong> />

as tris filhas (todas as que atingiram a idade adulta) casadas. e somente<<strong>br</strong> />

um dentre os quatro filhos homens, casado. Assim podemos pensar que<<strong>br</strong> />

enquanto para as mulheres o casamento era uma das fonnas aceitaveis para<<strong>br</strong> />

a vida em sociedade - principalmente no caso de familias de elite -,JB para<<strong>br</strong> />

os homenshaviaoutrasopqbes, comoas uniiiespassageiras, ou asconsensuais.<<strong>br</strong> />

como o concubinato. que acontecia com parceiras negras ou pardas. escravas<<strong>br</strong> />

ou forras. como veremos adiante.<<strong>br</strong> />

Ha alguns indiciosque levam a crerque a pratica do casamento existisse<<strong>br</strong> />

entre os escravos que pertenciam as familias crists-novas. especificamente a<<strong>br</strong> />

familia aqui analisada.<<strong>br</strong> />

Ja em meados do seculo XVII. quando os pais de d.Brites negociaram<<strong>br</strong> />

a venda de um engenho, venderam junto um casal de escravos. "um negro da<<strong>br</strong> />

Guine por nome Gaspar com sua mulher Maria" , ou seja, ngo separaram o<<strong>br</strong> />

casal de escravo~?~.<<strong>br</strong> />

Encontramos no Arquivo da Curia do Rio de Janeiro registro de<<strong>br</strong> />

casamento de um escravo de AntBnio de Barros, que em 13 dejaneiro de 1702<<strong>br</strong> />

casou-se com Andreza, do ginero da Guine?'.<<strong>br</strong> />

Ulna mulher parda livre, antiga escrava de d.Brites e AntBnio, AntBnia<<strong>br</strong> />

de Sousa, filha de Salvador de Barros, em seus va<strong>rio</strong>s depoimentos. declarou<<strong>br</strong> />

tersidonascidaecriadanacasade d.Britesde Lucena.edali tersaidojacasada<<strong>br</strong> />

com Sirn2o da Costa3".<<strong>br</strong> />

A quest20 da familia escrava. dos casamentos entre escravos tem sido<<strong>br</strong> />

objeto de estudos de va<strong>rio</strong>s historiadores: ha controversias so<strong>br</strong>e o assunto,<<strong>br</strong> />

mas parece que. apesar das barreiras esistentes para essas unides, hi<<strong>br</strong> />

evidincias de que constituiam familia".<<strong>br</strong> />

Endogamia<<strong>br</strong> />

Urn dos traqos marcantes do comportamento deste grupo familiar foi<<strong>br</strong> />

aendogamia; caracteristica encontradanso somente em familias cristzs-novas,<<strong>br</strong> />

mas em familias da elite colonial <strong>br</strong>asileira em geral'?.<<strong>br</strong> />

Na casa do dr.Ant6nio de Barros e d.Brites de Lucena. duas filhas.<<strong>br</strong> />

d.Ant6nia e d.Guimar casaram-se com com dois irmios: Mateus e Manuel.


pertencentes a familia Moura Fogaqa; a outra filha,d.lsabel, casou-se com um<<strong>br</strong> />

tio, Agostinho de Paredes. so<strong>br</strong>inho de sua avo materna. prirno de sua mBe.<<strong>br</strong> />

Ver Genealogias 1. I I1 e Vl l l anexas, p. 158-9-62.<<strong>br</strong> />

Tambem entre parentes dos Barros, na mesma epoca, encontramos<<strong>br</strong> />

va<strong>rio</strong>s casos de endogamia. 0s irrn2os Jo3o e Jose Correia Ximencs casaramse<<strong>br</strong> />

com duas irmb, d.Brites de Paredes e d.Guimar de Azeredoj' (Ver<<strong>br</strong> />

Genealogia IX anexa. p. 163); a m2e das mesmas d.Brites e d.Guimar, por<<strong>br</strong> />

sua vez, casara-se com o irrnAo da sogra de sua inn3 " (Ver Genealogias V1<<strong>br</strong> />

e VII anexas. p. 161-2). Jose Gomes Silvacasou-secom acunhadadesua filha<<strong>br</strong> />

Catarina"; outra filha de Jose Gomes Silva casou-se com um so<strong>br</strong>inho da<<strong>br</strong> />

mesma Catarina"'. Ver Genealogias VI, VII e X anesas. p. 161-3-3.<<strong>br</strong> />

As dispensas eclesiristicas para a realiza~Bo de casamentos entre<<strong>br</strong> />

parentes eram concedidas com relativa facilidade. Maria Beatriz Nizza da<<strong>br</strong> />

Silva, apos analiqe de documentaq20 da Curia de SBo Paulo, afirma que<<strong>br</strong> />

mesmo antes de 1790. quando o papa concedeu aos bispos do Brasil o poder<<strong>br</strong> />

de dispensar na maioria dos graus de parentesco os nubentes, os bispos da<<strong>br</strong> />

ColBnia "ja ha muito concediam dispensas"'. Para o casamento de d.lsabel<<strong>br</strong> />

com seu tio Agostinho, estes "foram dispensadosno impediment0 que tinham<<strong>br</strong> />

de parentesco"'! Entre os motivos para tal procedimento. alguns eram<<strong>br</strong> />

provavelmente os lnesmos de que se queixava a elite colonizadora de mod0<<strong>br</strong> />

geral: a escassez de mulheres <strong>br</strong>ancas e de estirpe con1 as quais pudessem<<strong>br</strong> />

contrair matrimbnio sem ter a pecha da mestiqagem (o que nBo significou que<<strong>br</strong> />

estes mesmos senhores. que recorriam as dispensas eclesibticas para manter<<strong>br</strong> />

o bom nome e a linhagem familiar. nBo mantivessem relaqdes com ne, "ras e<<strong>br</strong> />

mulatas. e delas tivessem numerosa prole).<<strong>br</strong> />

No Pernambuco setecentista. Evaldo Ca<strong>br</strong>al de Melo apresenta estrategia<<strong>br</strong> />

endogsmica para a familia de Felipe Paes Barreto. estratigia que ja<<strong>br</strong> />

existia desde o ultimo quartel do skculo XVI; considera que. no caso, a<<strong>br</strong> />

endogarnia nBo se constituiu somente como pratica destinada a preservar na<<strong>br</strong> />

familia a fortuna, mas representou a rejeiq3o aos valores culturais dos<<strong>br</strong> />

invasores holandeses e discriminaq80 contra os reinois de camadas subalternasj9.<<strong>br</strong> />

No caso do Rio de Janeiro. as condiq6es historicas eram diversas, e o<<strong>br</strong> />

final foi diferente: a familia pernambucana n2o foi presa pela Inquisigiio,<<strong>br</strong> />

apesar de sua condi~'70 crist2-nova ter sido denunciada pela InquiriqBo de<<strong>br</strong> />

Genere promovida quando Filipe Pais Barreto candidatou-se a Ordem de<<strong>br</strong> />

Cristo, denuncia esta que foi manipulada de forma a esconder a origem


sefardita da familia.<<strong>br</strong> />

Ainda, para as familias cristfi-novas fluminenses, o comportamento<<strong>br</strong> />

endogfimico certamente incluiu um componente econbmico. Vimos que era<<strong>br</strong> />

comum mem<strong>br</strong>os de familia crists-nova de base rural trabalhar para a familia<<strong>br</strong> />

ou em conjunto com ela. Grande parte dos lavradores de partido presos pelo<<strong>br</strong> />

Santo Oficio tinham partido em engenhos da familia: ou dos pais, dos sogros<<strong>br</strong> />

ou de cunhados e primos. Do mesmo modo, a atividade na regiso das Gerais.<<strong>br</strong> />

principalmente no abastecimento e comkrcio, tambCm revelou IigaqBes<<strong>br</strong> />

familiares. Em atividades urbanas, como na advocacia, paise filhos. genros<<strong>br</strong> />

e cunhados trabalhavam juntos (caso de AntBnio de Barros e seu filho<<strong>br</strong> />

Sebastifio. e o genro Agostinho de Paredes).<<strong>br</strong> />

MatrimGnios entre cristlos-novos e cristlos-velhos<<strong>br</strong> />

Na comunidade cristfi-nova fluminense de inicios do seci~lo XVlll<<strong>br</strong> />

foram poucososenlacescom cristfios-velhos. Encontramossomente oitocasos<<strong>br</strong> />

de casarnentos com cBn.juges comprovadamente cristfios-velhos, que nil0 foram<<strong>br</strong> />

presos e sequer denunciados h lnquisi@o.<<strong>br</strong> />

Casamentos entre cBnjuges cristlos-no\-os e crirtsos-velhos<<strong>br</strong> />

Rio tle .laneiro (17061730)<<strong>br</strong> />

cristior-novos<<strong>br</strong> />

Joqe Pacheco de A7e\edo<<strong>br</strong> />

(senhor de eneenho)<<strong>br</strong> />

Jort! Rarreto de 1 nrln<<strong>br</strong> />

(senhor de engenho)<<strong>br</strong> />

D. Ana Gertrudes de Rragan~a<<strong>br</strong> />

D. Barbara de Azeredo<<strong>br</strong> />

D Branca Vasques do Pilar<<strong>br</strong> />

lsahel<<strong>br</strong> />

Correia<<strong>br</strong> />

Francisco de Lucena Montarroto<<strong>br</strong> />

(minetro)<<strong>br</strong> />

D Brites de Lucena<<strong>br</strong> />

D. Maria de Ahreu<<strong>br</strong> />

D. Paula Rangel<<strong>br</strong> />

Narciso Galhardo<<strong>br</strong> />

(capitso)<<strong>br</strong> />

Luis da Costa<<strong>br</strong> />

(taheliio)<<strong>br</strong> />

cristsos-velhor<<strong>br</strong> />

Jorge Pere~ra Dints<<strong>br</strong> />

(escrivio da alfandega)<<strong>br</strong> />

Fel~v Correla de Co~tro<<strong>br</strong> />

(senhor de engenho)<<strong>br</strong> />

D lnacia Gomes<<strong>br</strong> />

Manuel de Melo e Castro<<strong>br</strong> />

(cap~tio-engenhelrol


Dentre eles,um primo dos Barros. Francisco de Lucena Montarroio.<<strong>br</strong> />

cristgo-novo, mineiro. filhode senhor de engenho. que secasou em 170 1 com<<strong>br</strong> />

d.1nacia Gornes. crists-velha, filha do capitgo Francisco Gornes Ribeiro. que<<strong>br</strong> />

a deserdou porter se unido a urn crist~o-no~o~~. D.Brites de Lucena. irm3 de<<strong>br</strong> />

Francisco, casou-se em 1700 corn o capitgo-morengenheiro Manuel de Melo<<strong>br</strong> />

e Castro, cristso-velho.<<strong>br</strong> />

0s filhos de d.1nacia e os de Manuel foram denunciados ao Tribunal do<<strong>br</strong> />

Santo Oficio e constam do Rol dos Culpados da Inquisiq20. n80 chesando<<strong>br</strong> />

porkrn a ser presosu.<<strong>br</strong> />

0 casamento com cristsos-velhos. para o Tribunal do Santo Oficio, n8o<<strong>br</strong> />

"limpava" o sangue "infecto" dos cristsos-novos; ao contra<strong>rio</strong>. "manchava"<<strong>br</strong> />

a familia cristg-velha, cujos filhos e netos seriarn "parte de cristgo-novo".<<strong>br</strong> />

"parte" que variava segundo a "quantidade" de "sangue ruim": um neto de<<strong>br</strong> />

judeu seria "quarto de cristgo novo", um filho de judeu "rneio cristso-novo".<<strong>br</strong> />

Desde o final do seculo XV forarn promulgadas leis e decretos em<<strong>br</strong> />

Portugal visando a irnpedir a realizaqiio de casamentos mistos: em 1671 urn<<strong>br</strong> />

decreto proibiu que cristiios-novos se casassem com crist2os-velhos; as leis<<strong>br</strong> />

vedando os casamentos mistos perduraram ate o fim da distinqso entre<<strong>br</strong> />

cristgos-novos e cristsos-velhos, na epoca pombalina4'.<<strong>br</strong> />

Vozes seiscentistas, corno a do padre AntGnio Vieira4', e setecentistas<<strong>br</strong> />

corno a do hurnanista Antbnio Nunes Ribeiro Sanches", elevararn-se para<<strong>br</strong> />

protestar contra essas proibi~bes que, segundo eles, impedia a cristianizaq30<<strong>br</strong> />

sincera e a integraqzo dos cristgos-novos na sociedade. Para Sanches, a<<strong>br</strong> />

necessidade de conhecimento dos preceitos judaicos corno unica forma de<<strong>br</strong> />

escapar da condena@o pela Inquisiqiio corno herege, levou rnuitos cristsosnovos<<strong>br</strong> />

"bons catolicos" a preservar e transmitir esses valores a seus filhos.<<strong>br</strong> />

Do mesmo mod0 que as outras disposiqbes dos Estatutos de Pureza de<<strong>br</strong> />

Sangue nso foram seguidas a risca na ColBnia, certamente a proibiqgo de<<strong>br</strong> />

casamentos mistos tambem foi desrespeitada.<<strong>br</strong> />

Na Bahia e Pemambuco, nos seculos XVI e XVII, ha evidencias de<<strong>br</strong> />

casarnentos de cristsos-novos com cristgos-velhos, em vi<strong>rio</strong>s seEynentos da<<strong>br</strong> />

sociedade; o casarnento de filhas de cristsos-novos ricos com crist3os-velhos<<strong>br</strong> />

mem<strong>br</strong>os da burocracia colonial provocou rivalidades que transformaram<<strong>br</strong> />

esses cristsos-novos em alvo das denuncias por ocasizo das Visitaqbes".<<strong>br</strong> />

Anita Novinsky considera que no minimo 20% da populaqgo da Bahia<<strong>br</strong> />

na prirneira metade do seculo XVII era cristg-nova. proporqgo esta que


aumentou no sCculo XVIII. devido tanto aos casamentos mistos como a<<strong>br</strong> />

chegada de portugueses. intensificada com as descobertas nas Gerais"'.<<strong>br</strong> />

No inicio do seculo XVIII. o panorama encontrado na comunidade<<strong>br</strong> />

cristBnova do Rio de Janeiro que examinamos apresenta-se com poucos<<strong>br</strong> />

casamentos mistos: amaioria dos casais teve ambos os c6njuges denunciados<<strong>br</strong> />

ou presos como judaizantes. Entretanto,como ji ressaltamos ante<strong>rio</strong>rmente.<<strong>br</strong> />

trabalhamos com um ~rniverso determinado de cristios-novos (0s que foram<<strong>br</strong> />

denunciados, presos e processados) que n2o eram necessariamente os unicos<<strong>br</strong> />

cristios-novos moradores no Rio de Janeiro no pe<strong>rio</strong>do. Assim, sio precisos<<strong>br</strong> />

estudos mais aprofundados para cada epoca e cada regiio para poderrnos<<strong>br</strong> />

avaliar a proporqio de casamentos entre cristios-novos e cristios-velhos.<<strong>br</strong> />

Adultk<strong>rio</strong> e concubinato<<strong>br</strong> />

Na familia de Ant6niode Barrose d.Brites de Lucena o "pecado" estava<<strong>br</strong> />

presente. Apesar da estrita moral com que o dr.Ant6nio julgou a cunhada<<strong>br</strong> />

Isabel por seu casamento com Jose Gomes Silva, seus filhos e genros n8o<<strong>br</strong> />

seguiram a conduta do patriarca (que ate onde pudemos verificar. nio teve<<strong>br</strong> />

filhos ilegitimos).<<strong>br</strong> />

Sebastiio. o unico filho casado, nio foi pai de filho legitimo. Entretanto,<<strong>br</strong> />

teve Lrm filho. Ant6nio. fruto de unifio com uma escrava. a parda MariaJ7 -<<strong>br</strong> />

caso flagrante de adulte<strong>rio</strong>.<<strong>br</strong> />

0 mesmo Jose Gomes Silva, objeto das censuras de AntGnio e sua<<strong>br</strong> />

familia, insistiu com sua filha, d.Catarina Marques, para que se divorciasse<<strong>br</strong> />

de seu marido Manuel de Paredes. pois este havia cometido adulte<strong>rio</strong>. e disse-<<strong>br</strong> />

Ihe que "deveria tirar os bens do marido ad~ltero"'~.<<strong>br</strong> />

0 adulte<strong>rio</strong>, definido como crime nas Ordenaqbes do Reino". conduta<<strong>br</strong> />

que Moraes Silva definiu como "copula carnal com pessoa casada, com o<<strong>br</strong> />

marido, ou com a m~lher"'~, nio era restrito as mulheres negras ou pardas.<<strong>br</strong> />

Urn dos genros do dr.AntGnio de Barros. Mateus Cja viirvo na ocasiso),<<strong>br</strong> />

que nas palavras de urn cristfio-velho era "boa pessoa. exceto no que respeita<<strong>br</strong> />

ao vicio da mocidade. porque era inclinado a mulheres"", confessou ter<<strong>br</strong> />

cometido adulte<strong>rio</strong> com uma mulher <strong>br</strong>anca. cristCvelha. casada com um<<strong>br</strong> />

primo da familia Barros. Francisco de Lucena Montarroio. razfio pela qua1


este seria sell inimigo: "era seu inimigo, porque teve ele reu (Mateus)<<strong>br</strong> />

comunicayfio ilicita com d.1nacia Comes Ribeiro. mulher do dito Lucena, o<<strong>br</strong> />

qua1 tambem queisa de que ele cometia adulte<strong>rio</strong> como assim Ihe disse a dita<<strong>br</strong> />

d.Inacia"".<<strong>br</strong> />

Dentre os cristgos-novos do Rio de Janeiro, encontrarnos filhos naturais,<<strong>br</strong> />

sempre de m2es escravas ou forras, htos de relaq6es adulteras ou de<<strong>br</strong> />

relaq6es mais estaveis, quando a existenciade mais de um filho de urn mesmo<<strong>br</strong> />

casal configuraria uma situaqL?o de concubinato.<<strong>br</strong> />

E necessa<strong>rio</strong> fazer uma diferen~a entre as unibes consensuais. ou<<strong>br</strong> />

concubinatos - encontradas para as Gerais no seculo XVIII", onde esse<<strong>br</strong> />

comportamento foi amplamente difundido entre as camadas menos privilegiadas<<strong>br</strong> />

da populacfio, em sociedade marcadamente urbana e com grande<<strong>br</strong> />

mobilidade de populaqgo, - e o concubinato entre a elite crist2-nova<<strong>br</strong> />

fluminense: este acontecia sempre com mulheres negras ou pardas, escravas<<strong>br</strong> />

ou forras, levando a pensar que geralmente era uma relaggo de domina~50,<<strong>br</strong> />

de submiss50 da mulher negra. Assim, a miscigenac20 resultante dessas<<strong>br</strong> />

relagbes n%o seria exatamente fruto da "democracia racial" de FreyreqJ, mas<<strong>br</strong> />

sim fruto da imposi~Zo do senhor so<strong>br</strong>e a escrava.<<strong>br</strong> />

Jose de Barros, filho de AntBnio de Barros. solteiro, foi pai de tres filhos<<strong>br</strong> />

de uma mulher parda, ~rsula, escrava de Jose Correia Ximenes"; a disputa<<strong>br</strong> />

por essa escrava ocasionou <strong>br</strong>igas em familla. Apos a prisfio de Jose Correia<<strong>br</strong> />

Ximenes pelo Santo Oficio, ~rsula foi leiloada pelo Fisco Real, tendo sido<<strong>br</strong> />

arrematada por Jose de Barros. que a alfor<strong>rio</strong>u: "a comprou Jose de Barros,<<strong>br</strong> />

filho da re (d.Brites), o qua1 por haver tido alguns filhos da dita mulata a<<strong>br</strong> />

comprou para aforar como afor~u."'~. Libertado Jose Correia, devido a<<strong>br</strong> />

invasgo dos franceses, pediu a escrava de volta. o que foi negado, indo entfio<<strong>br</strong> />

busca-la na casa de d.Guimar, irm% de Jose de Barros, onde estava a mulata<<strong>br</strong> />

" e ali houve muitas descomposturas e in.juriasW, pemanecendo a mulata<<strong>br</strong> />

forra".<<strong>br</strong> />

E hula<<strong>br</strong> />

ja havia sido piv6 de outra <strong>br</strong>iga: Jose de Barros declarou que<<strong>br</strong> />

o mercador Sim2o Farto era seu inimigo pois "tratava com a mulata ~rsula<<strong>br</strong> />

e o r6u (Jose) a inquietou e lha tirou e ficou tratando com elan".<<strong>br</strong> />

0s outros dois filhos solteiros do dr.AntBnio, AntBnio e Miguel.<<strong>br</strong> />

tambem tiveram filhos com negras'".<<strong>br</strong> />

Esse tipo de comportamento era comum tanto entre os cristgos-novos<<strong>br</strong> />

como entre os cristsos-velhos; desde o seculo XVII, encontramos va<strong>rio</strong>s casos


de cristzos-novos vivendo em concubinato com mulheres negras. Rodrigo<<strong>br</strong> />

Mendes de Paredes.senhor de engenho, antes de seu casamento com Maria<<strong>br</strong> />

de Galegos, com quem teve dois filhos, teve quatro filhos com a mesma<<strong>br</strong> />

negrahO; Jo5o Correia Ximenes, senhor de engenho, antes do casamento com<<strong>br</strong> />

d.Brites de Paredes, teve dois filhoscom umapardachamada Bemarda6'. Luis<<strong>br</strong> />

de Paredes, senhor de engenho, que nunca se casou, teve quatro filhos com<<strong>br</strong> />

a mesma mulher negra6'.<<strong>br</strong> />

Cabe aqui uma ressalva: ngo encontramos mulher <strong>br</strong>anca mle solteira<<strong>br</strong> />

declarada, ao contra<strong>rio</strong> do que aconteceu na S5o Paulo de inicio do sCculo<<strong>br</strong> />

XIX, onde havia alta incidencia de m5es solteiras <strong>br</strong>ancas6'. Ainda, muitas<<strong>br</strong> />

vezes esses relacionamentos se davam com mulheres mulatas "da farnilia",<<strong>br</strong> />

isto e, filhas ilegitimas de algum parente, como foi o caso de Maria. filha do<<strong>br</strong> />

senhor de engenho Agostinho de Paredes6-'.<<strong>br</strong> />

Adulte<strong>rio</strong>s, concubinatos e, ainda, paixZo. Relacionamentos amorosos<<strong>br</strong> />

que por vezes chegavam a provocar atitudes violentas, como o assassinato de<<strong>br</strong> />

um primo, cometido a mando de Jose e Mateus, filho e genro do dr.AntBnio<<strong>br</strong> />

de Barros. Esse primo, Jolo Tavares RoldBo. apaixonou-se por uma forra que<<strong>br</strong> />

Mateus mantinhaem sua casa, a qua1 "amava como sua filhaW6'; aproveitando<<strong>br</strong> />

a ausencia de Mateus, Jogo levou a moqa para a casa de sua mge, e com ela<<strong>br</strong> />

se amancebou, chegando a ter um filho. Ao saber do ocorrido, Mateus ficou<<strong>br</strong> />

fu<strong>rio</strong>so e, pedindo ajuda a seu cunhado Jose, enviaram dois escravos, um<<strong>br</strong> />

negro e, um carijo, para matarem Jo50h6.<<strong>br</strong> />

Outra paixBo causou grande transtorno na familia Barros. AntBnio de<<strong>br</strong> />

Barros (o filho) apaixonou-se por Maria, a filha bastarda de seu cunhado<<strong>br</strong> />

Agostinho de Paredes, "a namorou e a desonr~u"~', tirando-a da casa do pai<<strong>br</strong> />

com a ajuda do inn50 Miguel, levando-a para a casa da m5e, d.Brites.<<strong>br</strong> />

Agostinho tratava Maria com consideraqzo, preservando-a para o casamento,<<strong>br</strong> />

e apos o acontecido <strong>br</strong>igou com a sogra, chegando a expulsa-la de sua casa.<<strong>br</strong> />

0 viga<strong>rio</strong> da igreja de Nossa Senhora do Loreto de Iraja, o padre Jolo de<<strong>br</strong> />

Barcelos Machado, disse a AntBnio: "se continuasse com este esc8ndalo Ihe<<strong>br</strong> />

havia de negar o Sacramento na deso<strong>br</strong>igaqlo da Quaresma ...", e que "o dito<<strong>br</strong> />

Ant6niode Barrosouvindoestacorreqlocom humildadeeobediCnciaa igreja<<strong>br</strong> />

logo lanqou fora de casa a dita Maria, e ela foi para a freguesia de JacarepaguB,<<strong>br</strong> />

aonde contaram a ele testemunha que estava residente havia dias ..."68.<<strong>br</strong> />

Era avontade do senhor que valia; nenhum dos que falaram so<strong>br</strong>e o caso<<strong>br</strong> />

levou em considera~Bo a sorte de Maria, mestiqa e bastarda. Era filha do<<strong>br</strong> />

senhor, mas antes de tudo. era filha de escrava.


llegitimidade e mestigagem<<strong>br</strong> />

Dessas unibes, fossem passageiras ou estaveis (estabilidade precaria,<<strong>br</strong> />

terminada geralmente quando do casamento do homern <strong>br</strong>anco com parceira<<strong>br</strong> />

de sua igualha), resultaram filhos ilegitimos. Em va<strong>rio</strong>s casos, entre os<<strong>br</strong> />

crist8os-novos fluminenses, eram batizados e amparados pelo pai, convivendo<<strong>br</strong> />

corn os irmsos legitimos.<<strong>br</strong> />

Encontramos filhas naturais de senhores de engenho casadas com<<strong>br</strong> />

proprieta<strong>rio</strong>s de engenhos6" filhos ilegitimos que receberarn educaq8o<<strong>br</strong> />

supe<strong>rio</strong>r. tornaram-se padres7', outros medicos7' e advogados7'.<<strong>br</strong> />

Dos cristsos-novos moradores no Rio de Janeiro, cerca de 29 eram<<strong>br</strong> />

mestiqos. filhos bastardos com negras ou pardas. A maioria destes, filhos<<strong>br</strong> />

ilegitimos de gente do campo: ao menos 15 eram filhos de senhor de engenho<<strong>br</strong> />

e dois de donos de partido.Ver anexo "Ilegitimidade", p. 205.<<strong>br</strong> />

Alguns, como vimos acima, erarn fmto de adulte<strong>rio</strong>; outros de relaqbes<<strong>br</strong> />

mais duradouras; todos, porem, filhos de m8es negras ou pardas, e de pais<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>ancos; e todos, perseguidos, acusados de crist2os-novos judaizantes.<<strong>br</strong> />

Ao menos uma filha natural de senhor de engenho legitimou sua prole<<strong>br</strong> />

ao se casar com um senhor de engenho7', prole que no entanto continuou<<strong>br</strong> />

mestiqa. filhos de mestiqa e netos de negra.<<strong>br</strong> />

No Rio de Janeiro setecentista, unibes nZo legalizadas e filhos ilegitimos<<strong>br</strong> />

eram comuns. Para a segunda metade do seculo, Renato Pinto Vengncio<<strong>br</strong> />

encontrou grande incidCncia de ilegitimidade na populaq80 de escravas e<<strong>br</strong> />

forras, ilegitimidade encontrada tambem para Sao Paulo ". Entretanto, ao<<strong>br</strong> />

contra<strong>rio</strong> dos crist8os-novos, onde nao encontramos nenhum caso de <strong>br</strong>ancas<<strong>br</strong> />

m8es solteiras, como ja dissemos, para SZo Paulo e Rio de Janeiro havia<<strong>br</strong> />

mulheres <strong>br</strong>ancas cristCvelhas amancebadas, com filhos ilegitimos7'. Para<<strong>br</strong> />

Minas Gerais, em sociedade predominantemente urbana, a alta incidCncia de<<strong>br</strong> />

concubinatos e filhos ilegitimos foi apontada por estudos demograficos de<<strong>br</strong> />

Vidal Luna e Iraci del Ne1-0~~.<<strong>br</strong> />

No Rio de Janeiro setecentista, encontramos filhos naturais reconhecidos<<strong>br</strong> />

pelos pais, tendo recebido estudos supe<strong>rio</strong>res e so<strong>br</strong>etudo, n80 tendo<<strong>br</strong> />

continuado na condiqzo de escravos; conviveram com seus irmZos, os filhos<<strong>br</strong> />

legitimos. Contudo, parece que no caso de alguns, como no de Maria. a filha<<strong>br</strong> />

bastarda de Agostinho de Paredes, a moral vigente provavelmente desempenhou<<strong>br</strong> />

papel mais importante do que os laqos familiares, pois Maria, apos a<<strong>br</strong> />

desonra, n8o p6de mais privar da convivCncia familiar.


NOTAS<<strong>br</strong> />

1- Entre as o<strong>br</strong>as desta vertente traditional. ver Freyre. Gilberto. Cnsn grnnde<<strong>br</strong> />

K sen:alir: forntrr~cio do-fcrmilin hrasileira soh o re~ime de ecot7ontrn pot<strong>rio</strong>rcnl.<<strong>br</strong> />

13 ed. Rio de Janeiro. JosC Olyrnpio. 1966 e Sohrnilos e mocontbos -<<strong>br</strong> />

decndFiicin do potrrnrcado r-~rrnl e desenvolvimento lrrhano. 4 ed. Rio de<<strong>br</strong> />

Janeiro. JosC Olyrnpio. 1968: Vianna. Oliveira. Pop~rln~des mcridionais do<<strong>br</strong> />

Brnsil. SBo Paulo. Monteiro Lohato Rr Cia.. 1920: Machado. Alcintara. I'ida e<<strong>br</strong> />

mortc do hnndeirnnte. Belo Horizonte. Itatiaia: SBo Paulo.EDUSP. 1980:<<strong>br</strong> />

Souza. AntBnio CBndido de Mello e. "The Brazilian Family" in Smith. L. e<<strong>br</strong> />

Marchant. A. (org.). Bra:il. Portrait of ffalf a Continent. Netv York. The<<strong>br</strong> />

Drydcn Press. 195 1. pp.291-3 1 1 (traduq<strong>rio</strong> - exemplar rnirneografado pelo<<strong>br</strong> />

Centro de Estudos Rurais e Urbanos.SBo Paulo): Flolanda. Sergio Buarque de.<<strong>br</strong> />

Rni-es do Brnsrl. 18 ed. Rio de Janeiro. Jose Olyrnpio. 1986.<<strong>br</strong> />

2- Ver entre outros Marcilio. Maria Luiza. A cidade de So'o Pntrlo -povonmento<<strong>br</strong> />

e popttlaqcio 1-50-1850. S<strong>rio</strong> Paulo. Pioneira. EDUSP. 1974: Sarnara. Eni de<<strong>br</strong> />

Mesquita. As rnulheres, o poder e nfarnilia. Slio Paulo. Marco ZeroISec. do<<strong>br</strong> />

Estado da Cultura de Siio Paulo. 1989: Kuznesof. Elizabeth. Hotrsel7old<<strong>br</strong> />

Eco<strong>rio</strong>mv and Urban Development - SZo Pazrlo, 1-65 to 1863. t3ouldcr,<<strong>br</strong> />

Westview Press. 1986: Costa. Iraci. I 'ila Ricn, popttln~do ( 171'9-1826). SBo<<strong>br</strong> />

Paulo. IPE-USP. Ensaios EconBrnicos. rn. I: Luna. F.V. .\lincls Ge/.nis: escrnvos<<strong>br</strong> />

e senhores - ancilise dn estrzrtzrra pop~rlncionnl e econ6micn de nlgzrns centros<<strong>br</strong> />

rnineratd<strong>rio</strong>s (I-18-1804). SBo Paulo. IPE-USP. 1988.<<strong>br</strong> />

3- Freqre. Gilberto. Casa grande & senzala. op.cit.<<strong>br</strong> />

4- Souza. AntBnio Candido de Mello e . op.cit.. p.294.<<strong>br</strong> />

5- Ver Sarnara. Eni. "TendOncias atuais da hist6ria da farnilia no Brasil" in<<strong>br</strong> />

Alrneida. Angela Mendes de (org.). Pensando n fnmilia no Rrasil. Rio de<<strong>br</strong> />

Janeiro. Espaqo e Tempo. 1987. p.30 e Vainfas. Ronaldo. Tropico dos pecados.<<strong>br</strong> />

Rio de Janeiro. Campus. 1989. p. l 10.<<strong>br</strong> />

6- Ver Sarnara, Eni. op.cit. e Correia. Mariza "Repensando a familia patriarcal<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>asileira" in Alrneida. M.S.K. Colcl7a de retalhos - estlrrlos sohre a fomilrn no<<strong>br</strong> />

Rrasil. Siio Paulo. Brasiliense. 1982. p. 13-82.<<strong>br</strong> />

7- Alrneida. Angela Mendes de. "Notas sohre a farnilia no Brasil" in --- .<<strong>br</strong> />

(org.). op.cit.. p.55.<<strong>br</strong> />

8- Ver Sarnara. Eni. op.cit. e Alrneida. Angela Mendes de. op.cit.<<strong>br</strong> />

9- Ver Burke. Peter. I'eneza e rlmsterd6 - 11n7 estzrdo das elites do siclrlo XI'II.<<strong>br</strong> />

Trad. Rosaura Eichernberg.SBo Paulo. Brasiliense. 1991. e Bourdieu. Pierre. :I<<strong>br</strong> />

economin das trocns simhdlicns. Trad. Sonia Micelli. SBo Paulo. Perspectiva.<<strong>br</strong> />

1976. especialrnente o conceito de "grupo de status" in "Condiq<strong>rio</strong> de classe c<<strong>br</strong> />

posi~tio de classe". p. 15.<<strong>br</strong> />

10- Estamos nos referindo a Belquior Rodrigues: sua filha. Guiornar Rodrigues


casou-sc com Grcpcirlo tlc 13;~rros por \ olt;~ dc 162.7. \'cr Snl\ nilor. I.(;. 0.;<<strong>br</strong> />

cristios-no\ os - po\onlnclito c concluistn do solo hrnsilciro. op.cit- p. 172<<strong>br</strong> />

I 1- Proccsso dc Scha.;tl;to ilc I.uccnn hlontnrroio. cit.. (icnc;lloyi:~. Vcr Salp:ltlo.<<strong>br</strong> />

Graqa (org.). I~'r.sc~ri.s c nic~ir~ir~lros - tr trtlr~rirrrsrrtr~cio 170 1rl~cl c/c c.tr.sernrc,~~to no I?r~n.sil<<strong>br</strong> />

coln~iinl. Slio Pnulo. I:1>1 ISI'; I'.A.Quciroz. 1981 e Snniar;l. I:ni. . 1.s r~rrtlhc~rcs, o<<strong>br</strong> />

poder e a.fbniilicr. op.cit.<<strong>br</strong> />

22- Processo de Schnstiio tlc 1,uccnn Montarroio. cit.. Inventii<strong>rio</strong>. Vcr Nar7;lri.<<strong>br</strong> />

Muriel. Il'orllen. rlrc t.nrrrr11, olrd f'~.opc~rr~~. /Ire Decline, ofrl~c. f)oit~r?, 111 St'ro<<strong>br</strong> />

Palrlo, Bra:il (I/;Ol)-lS-Oi. Ynlc IJniversit!.. 1986. ~r~irnt'o.<<strong>br</strong> />

23- Processo dc Ayostinho dc Parcdcs. cit . contrndita.;. p. 158<<strong>br</strong> />

21- Proccsso dc Schnstido dc I.uccna Jfontnrroio. cit.. contraditns. 20 dc riinryo<<strong>br</strong> />

ds 1717.


26- I>.Antdni;l dc Mourn. tlcnuncindu d Inqui.;i~5o conio judnii.nntc. n,io fni<<strong>br</strong> />

prcsn. e em 1724 cnso~l-sc no Kio tlc Jnnciro con1 :\ntdnio Vnz tla Sil\;l: d.kl:lria<<strong>br</strong> />

dc Mourn. t:lrnhi.tn dcnunciada. n5o li)i press. e em 1739 casou-sc no Rio dc<<strong>br</strong> />

Jarlciro corn Manuel Pc.;t;~na tlc Brito. \'er Rhcinyantz. C'nrlos. I'~.intc*~rn.~<<strong>br</strong> />

.fi-111riI;o.s (lo I


10- Ver lilicingnnt/. C'arlo.;. op..cit.. \ ol.ll. p.45 I. 0 capit50 I-ranciico (iomci<<strong>br</strong> />

liihciro ayilr ~lcntro clos lirnitcs ila lei. poi.; scsundo a\ Ordcn;ryi,ci lo licino.<<strong>br</strong> />

er;t passi\cl de ser clc.;crtl;iJ;~ ;I lilha menor quc .;c casa.;ic sem o conicntimcnto<<strong>br</strong> />

do pni. C'cidi_co filipinoo~r Orilcnaqi,eic I.cisilo lic~no dc I'ortr~sal. Rc~.ompilinylio<<strong>br</strong> />

por mnndndo dcl rci I.'clipc 1 ( 1603). I.:iiiq;io dc C'intliilo hlcndes dc .Almcida.<<strong>br</strong> />

I4 cd. I.p. tlo In.;tituro l'liilomarliico. I S-(1. 7 i.01; (I'~liqlio ktcsimrlc.<<strong>br</strong> />

I.'uni1;1q3o C;~loustc(;~~IIlcnki;~n). Titl~lo I.SXXVlll tlo I.i\,rc~ I\'. \,ol.lll.<<strong>br</strong> />

p.027 c scguintcs.<<strong>br</strong> />

4 I- Ernm fillios dc tl.ln;ici;r (icrmes c I'ranci.;co dc 1,ucen;l: d.llspcr;~nyn. I)iogo<<strong>br</strong> />

e I'ranciico S;I\ ier (Yo\ in\k!.. .-\nit;). Rol . op cit.. p. 130. 34 c 1-11: (1.; tr?s I.oram<<strong>br</strong> />

tlcn~lnci:~~lo.: ;lo Si~ntu Ol'icio. mas nfio chcy;~rain a scr prcsos. em 1717<<strong>br</strong> />

tl.l:spernnqu cnso~r-\c no Rio tlc Snnciro corn Iliogo dc I-;iria c te\.c um;l t'ilhrt.<<strong>br</strong> />

Maria. hntixada em 17-33: Dioro cnsou-se no Kio iic Jnnciro em 1733 con1 Soana<<strong>br</strong> />

(ion~nl\c.;. c I~'r;lnci.cco S;I\ icr C~SOLI-sc en1 1754 conl (icno\c\;~\1:~ri;i clc<<strong>br</strong> />

i\ss~1nc;5o (RI1eing;lntr. Carlos. op.cil.. vol.ll, p.451) 0s fillios dc tl.Rritcs tlc<<strong>br</strong> />

1,uccnn c hl;~nltel ilc h,lelo c Castro cram .2nti,nio tle hlclo c Man~rcl dc \Itlo<<strong>br</strong> />

(No\ insk!. .!\nits. Rol. op.cit.. p. I2 c 81): os doi5 lixnrn ilcn~~ncinclos. mas nlio<<strong>br</strong> />

foram prcsos pelo 1'rihun;ll tlo Santo Oficio.<<strong>br</strong> />

-12- Vcr ":\ linipcr;l tlc sansuc c cnsnlncntos misto.;" in Carneiro. h4;lria I.~li;.;r<<strong>br</strong> />

rucci. op.cit.. p.90-104.<<strong>br</strong> />

13- Vicira. /\ntilnio. p;liirc. 0hi.a~ c.scolhi(/trs. I'rcKtcio c notns de Anti>nio<<strong>br</strong> />

Stryio c I lcrr1;lni C~tl;~dc I.ishoa. Li\. Si (In Costn. 105 1 Vol.lV "O.;~il~dc~~s c<<strong>br</strong> />

n Inquisrq5o". p.hl<<strong>br</strong> />

14- Sanchez. :\nti,nio N.Kihciro. op cit.. p.47<<strong>br</strong> />

15- Ver linrninclli. Iionalcl. Tcn~po t/v 1'isit(7~dc.r. op.cit.. p. 1-13 c sc~uinte.;<<strong>br</strong> />

47- Procc.;so de SosC de liarros. cit.. (icncalogi;l SehnqtiSo nlio tlcclaror~ nvs<<strong>br</strong> />

inquisidorc.; .;er pni tlc urn filllo ilcgitimo. tal\ez pt~rnedo de scr acu\ado<<strong>br</strong> />

tanilieni por crime dc costunies<<strong>br</strong> />

48- Procc.;.;~ de Schnsti30 dc I.ucen;i Montnrroio. cit.. contrarlita.; de 20 tlc<<strong>br</strong> />

rnnrco tlc 17 1-1.<<strong>br</strong> />

40- Cbtligo Filipino ~ LOrtlcnaqdes I<<strong>br</strong> />

c [.cis do Reino de I'ortur:ll. op.cit.. I.ivro<<strong>br</strong> />

V. Tit~rlo 35. p. 1 174 c seeuintcs.<<strong>br</strong> />

50- Silv;~. :\nthnio lie Morncs. op.cit.. ~01.1. p.48<<strong>br</strong> />

5 1 - Procc.;so ife 3lntcr1s tlc 3lourn Fo~;~qa. cit.. Inquiriqi,c.; do Rio de .Innerro.<<strong>br</strong> />

27 iIc .julho dc 1717.<<strong>br</strong> />

52- Procciso tlc Xlatcus dc \lourn Foynya. cit.. contrntlit;is ile I9 tlc,innciro tlc<<strong>br</strong> />

1717.


53- Ver 1;igueircdo. L~~ciano. Iln1.roc,c7.r fir~ililins - \rid0 .for~~ilicrl. e t ~ .\ lirrns<<strong>br</strong> />

Gc,rtris r ~o .s~;c~rlo .\~1~111. S;io l'aulo. III:LCI I-LISP. nicstrado. 1989. ~nimco.<<strong>br</strong> />

54- Fre!,re. Gilhcrto. Ctrso ~rtr~rtle & se~i:n/ir. op.cit.<<strong>br</strong> />

55- I'rocesso de lost2 dc Rarros. cit.. (icncaloria. Os trCs filhos eram .AntOnio.<<strong>br</strong> />

SosC e M~gllel.<<strong>br</strong> />

56- l'roccsso dc ci.Britcs cie Luccna. cit.. contraditas. p.732.<<strong>br</strong> />

57- Proccsso dc Agostinho de r'nredes. cit.. adiq5o 5s contraditas. p. 158.<<strong>br</strong> />

58- l'roccsso dc SosC cle Rarros. cit.. contraditas tlc 20 de marqo de 1717.<<strong>br</strong> />

50- I'rocesso de SosC dc Barros. cit.. (icnealoyia. i2ntBnio tlc Barros teve urn<<strong>br</strong> />

fillio ileyitirno. c Mifuel de Harros. quatro.<<strong>br</strong> />

60- 0s filhos ilegitilnos de Rodrizo Menrlcs dc Paredes l<strong>br</strong>am Ga<strong>br</strong>iel cie<<strong>br</strong> />

P:~rcdes. I'rancisco de I'aredes. I.eonor c Lourcnqn h4cndcs.<<strong>br</strong> />

61- 0s filhos ilegitimos dc So<strong>rio</strong> Correia Xitnenes foram Joaria e SosC Carl-cia.<<strong>br</strong> />

62- Os filhos ilegitirnos dc Luis dc Parcdcs fhram In& c Ann de Parcdes. 1-clipe<<strong>br</strong> />

dc "\lendonqa e I-rancisco de I'arcdcs.<<strong>br</strong> />

6.3- Ver Ilias. Maria Odila da Silva. Qltotidiorto cporle~.enl Siio Porrlo <strong>rio</strong> sc;c~rlo<<strong>br</strong> />

.\'I.V. S50 l'aulo. Brasiliense. 1084.<<strong>br</strong> />

64- Proccsso de Agostinho dc Paredcs. cit.. contraditas. p.257.<<strong>br</strong> />

65- Processo dc Mateus do Moura Fogaqa. cit.. contraditas de I9 dc.ianeiro de<<strong>br</strong> />

1717.<<strong>br</strong> />

66- Ihidcni.<<strong>br</strong> />

67- Processo de ,\fostinho dc I'aredes. cit.. contraditas. p.757.<<strong>br</strong> />

68- Proccsso dc Agostinho de I'aredes. cit.. Inquiriq<strong>rio</strong> do Iiio dc Saneiro. 6 de<<strong>br</strong> />

marqo de 1714.<<strong>br</strong> />

69- Caso de Ink dc Parcdcs. filha do scnhor de engcnho 1,uis de I'aredes. que<<strong>br</strong> />

se casou corn o senhor lie engenho ,1030 Afonso de Oliveira.<<strong>br</strong> />

70- Caso do padre Francisco dc Paredcs. filho do senhor dc engenho 1,uis de<<strong>br</strong> />

I'arcdes.<<strong>br</strong> />

71- O niC.dico Tcodoro I'crcira tla Costa. filho ilegit~mo de Dingo Pcreira.<<strong>br</strong> />

72- Manuel Lopes de Morais. i~dvogatlo. filllo ~iatural de (;uilhertiie Gomes.<<strong>br</strong> />

tarnht2m advogarlo.<<strong>br</strong> />

73- I:stamos nos referintlo a InCs de I'arcdes. ilegitirnn e mestiqa. que se casou<<strong>br</strong> />

con1 o senhor de ensenho. <strong>br</strong>anco. natural dc Portugal. So50 ,\fonso de Oliveira.<<strong>br</strong> />

74- Venrincio. Renato Pinto. "Nos liniites da saprada farnilia - ilcgitimidade e<<strong>br</strong> />

casarnento no Brasil colonial" in Vainfi~s. Ronnldo (or?.). Histcirin c se.xzcolidncle<<strong>br</strong> />

no Brtrsil. Rio dc Janeiro. Graal. 1986. p.107-123.<<strong>br</strong> />

75- Ver VenBncio. Renato Pinto. op.cit. e Dins. Maria Odila da Silva. op.cit.<<strong>br</strong> />

76- Costa. lraci e 1,una F.V. "A \.ids cl~~otidiana en1 julganiento: devassas em<<strong>br</strong> />

Minas Gerais" it1 dfi11n.s coloniirl: ccotlonlirr e soc~iecfnrlc. Siio I'aulo. FlPEI<<strong>br</strong> />

Pioneira. 1973 .Vcr tanibim I-igueireclo. Luciano. op.cit.


Sbulo XVII: Preimbulo<<strong>br</strong> />

Durante os seculos XVI e XVII. o Tribunal do Santo Oficio da<<strong>br</strong> />

Inqi~isi~rTo dirigiu sua atenqio para o Nordeste da Col6nia - principalniente<<strong>br</strong> />

Rahia e Pcrnambuco-. onde se concentrava a prodilq5o do principal produto<<strong>br</strong> />

de exporta~3o do pe<strong>rio</strong>do. o aqi~car. Somente no sCculo XVIII. apbs a<<strong>br</strong> />

descoherta das riqilezas das Gerais. C qi1e as capitanias do Sul foram alvo do<<strong>br</strong> />

interesse inquisitorial.<<strong>br</strong> />

CristSos-novos fixaram residPncia no Rio de Janeiro durante o skculo<<strong>br</strong> />

XVII; vinham da Rahia. Pemambuco. Espirito Santo. tle SSo Paulo e Sso<<strong>br</strong> />

Vicente. muitos de Portugal, alguns de Buenos Aircs. do Peru. da Espanha<<strong>br</strong> />

e outros lugares da Europa'. Frei Diogo do Espirito Santo. subp<strong>rio</strong>r do<<strong>br</strong> />

convento do Carmo, por volta de 1635 chegou a escrever aos inquisidores,<<strong>br</strong> />

denunciarido ofensas a religi3o cat6lica praticadas na provincia'; os nonies<<strong>br</strong> />

desses cristsos-novos ficaram registrados no Santo Oficio devido as denuncias<<strong>br</strong> />

para ali enviadas3, ainda que o numero de famitiares e comissa<strong>rio</strong>s na<<strong>br</strong> />

provincia fosse pequeno"; entretanto, foi pouca a interfcrencia do Tribunal na<<strong>br</strong> />

vida dos crist3os-novos fluminenses no pe<strong>rio</strong>do.<<strong>br</strong> />

Hi noticia de tr@s pessoas presas no Rio de Jnneiro e enviadas para<<strong>br</strong> />

Lisboa no decorrer do seculo XVII: Isabel Mendes, Mi~ilel Cardoso e Diogo<<strong>br</strong> />

da Costa'. Assim. o Rio de Janeiro no scculo XVII era quase Llm porto seguro<<strong>br</strong> />

para os crist<strong>rio</strong>s-novos da ColAnia. ilma vez qile o Tribunal nSo se interessou<<strong>br</strong> />

por eles antes do seculo XVII I, qilando seus descendentcs foram denunciados<<strong>br</strong> />

e presos como judaizantes.<<strong>br</strong> />

SPcl~lo XVIII: as primeiras pris6es<<strong>br</strong> />

A mudan~a do eiso econ6mico da Col6nia do Nordeste para a regi<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

das Gerais e Rio de Janeiro foi acompanhada pelo 'rribunal da Inquisi~<strong>rio</strong>.


Durante o <strong>gov</strong>erno do rei d.Jo2o V, o monarca que apreciava autos-def6".<<strong>br</strong> />

a perseguiqiio aos crist5os-novos fluminenses foi intcnsa.<<strong>br</strong> />

Em 1703 che_cou ao Rio de Janeiro a ordem de prisso de dois il-m%os<<strong>br</strong> />

cristcios-novos. Alesandre tlenriques. natural da vila de Sabugal. bispado<<strong>br</strong> />

de Laniego em Portugal. e morador da cidade do Rio de Janeiro,<<strong>br</strong> />

rnercador de profiss8o. solteiro. foi preso e enviado a Lisboa. onde foi<<strong>br</strong> />

penitenciado ern auto-de-fe em 19 outu<strong>br</strong>o de 1704'. Seu irm3o Duarte<<strong>br</strong> />

Rodrigues Nunes. tambem mercador. n30 estava na cidatle (a ordern de<<strong>br</strong> />

pris3o data de marqo de 1703). e sornente urn ano depois. em agosto de<<strong>br</strong> />

1704. foi preso. saindo penitenciado em auto-de-fe em setem<strong>br</strong>o de 1705'.<<strong>br</strong> />

Urn terceiro ir-~niio. tratante. casado. niorador ell1 Santos. tambem foi<<strong>br</strong> />

preso e sail1 no mesmo auto-de-f6 que Alexandrcq.<<strong>br</strong> />

Ern 1705 o <strong>gov</strong>ernador do Rio de Janeiro. d./ilvaro da Silveira de<<strong>br</strong> />

Albuquerque escreveu para Portugal falando so<strong>br</strong>e os cristrlos-novos qile<<strong>br</strong> />

comeqavarn a fi~gir da provincial".<<strong>br</strong> />

Em fins de 1708. rlovas prisces: sete moradores da cidade - um<<strong>br</strong> />

senhor de engenho. um homern de neghcios, um mercador, juntamente<<strong>br</strong> />

com suas esposas e ainda urn medico, foram enviados para Lisboa. Erani<<strong>br</strong> />

todos da rnesma familial'.<<strong>br</strong> />

Nas duas primeiras investidas setecentistas. Ja se delineava a<<strong>br</strong> />

marca da Inquisiq,?~: trabalho metodico. paciente - antes de tudo,<<strong>br</strong> />

prender todos os mem<strong>br</strong>os da familia.<<strong>br</strong> />

Inicio da destruiq5o das familias cristiis-novas fli~niinenses - o<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

de ulna delatora. Catarina Soares Rrandoa. como afirmam alguns<<strong>br</strong> />

estudiosos?" Ao apresentar-se no Tribunal do Santo Oficio em 1706.<<strong>br</strong> />

para denunciar niais de oitenta moradores do Kio de Janeiro como<<strong>br</strong> />

hereges, ~judou os inquisidores. tanto que em 1710 foi recebida no<<strong>br</strong> />

~rsmio da Santa Madre Igreja, abjurando de seus erros. condenada a<<strong>br</strong> />

cumprir penas e penitencias espirituais. e isso sem seqiiestro de seus bens<<strong>br</strong> />

"visto n2o estar delata ao tempo de sua apresentaqZo"".<<strong>br</strong> />

Catarina. natural de Portugal, residira no Rio de Janeiro. onde,<<strong>br</strong> />

j~rnto corn sua m3e. tivera unla Iqja. Conviveu corn cristsos-novos. e<<strong>br</strong> />

compareceu ao casamento de d.Catarina Marques. filha do homem de<<strong>br</strong> />

negocios e senhor de engenho Jose Gomes Silva, corn Manuel de Paredes<<strong>br</strong> />

da Silva: foi nesta festa que disse ter visto a comunidade crists-nova


participar de cerim6nias judaicas. e declararem-se todos crentes na Lei<<strong>br</strong> />

de Moises. E foi esse casamento que relatou aos inquisidores, quando. de<<strong>br</strong> />

volta a Portugal. denunciou os flurninenses. talvez procurando salvar-se<<strong>br</strong> />

- no que foi hem-sucedida.<<strong>br</strong> />

Certamente a delaqgo de Catarina forneceu nonies ao Tribunal: mas<<strong>br</strong> />

a tentaqiio do ouro das Gerais. das riquezas dos crist8os-novos. aliada a<<strong>br</strong> />

politica de d..loiio V e a falPncia do Estado portugu?sl.' desempenharam<<strong>br</strong> />

papel preponderante na decistio de perseguir. prender e confiscar os bens<<strong>br</strong> />

dos cristgos-novos do Rio de Janeiro.<<strong>br</strong> />

Qual a reaqBo dessas pessoas. algumas pertencentes a familias<<strong>br</strong> />

radicadas ali ha mais de cem anos? 0s primeiros presos erarn ponugueses.<<strong>br</strong> />

com familia vivendo na metropole; seriam realmente considerados<<strong>br</strong> />

como mem<strong>br</strong>os da coniunidade pelos cristgos-novos fluminenses? JB dos<<strong>br</strong> />

presos da seg~~nda leva. cinco eram naturais da cidade. 0 niedo deve ter<<strong>br</strong> />

aumentado. E provavelniente transformou-se em pAnico con1 a prisSo de<<strong>br</strong> />

45 naturais do Rio de Janeiro ern 1710".<<strong>br</strong> />

No ano seguinte. mais prisdes. Por que os cristsos-novos n8o<<strong>br</strong> />

fugiram? Dificil explicar. Duzentos e setenta e sete moradores do Rio de<<strong>br</strong> />

Janeiro forarn presos e penitenciados nas tres primeiras decadas do seculo<<strong>br</strong> />

XVIIl (seis morreram logo apos a priszo, a caminho de Lisboa ou nos<<strong>br</strong> />

carceres inquisitoriais). Das 12 1 o denunciados que n,?o chegaram a ser<<strong>br</strong> />

presos, dois fugiram com os franceses e cerca de quarenta faleceram antes<<strong>br</strong> />

da prisiio; nio chegaram a ser presas 73 pessoas. Grande parte. entretanto,<<strong>br</strong> />

niio chegou a ter sua priszo decretada, n,?o estando assim sob ameaqa<<strong>br</strong> />

de prisso imediata. Fugirani? Provavelmente algumas pessoas siml";<<strong>br</strong> />

outras, permaneceram na cidade e nada lhes aconteceu".<<strong>br</strong> />

Em 17 1 1. novo grupo de cristiios-novos estava preso B espera da<<strong>br</strong> />

frota que os levaria a Lisboa, quando a cidade foi irlvadida e tomada pelos<<strong>br</strong> />

corsa<strong>rio</strong>s franceses comandados por Duguay-Trouin. Du Plessis-Perseau,<<strong>br</strong> />

guarda-marinha de Llm dos navios da frota francesa, descreveu a liberta-


qBo desses prisioneiros:<<strong>br</strong> />

0 s pri\ionciros tlc hl. Du Clerc n<strong>rio</strong> foram os t'lnicos a tirar proveito<<strong>br</strong> />

dc nossa conquista. Encontrnvam-se nns priscics da Incluisiydo Lltn<<strong>br</strong> />

jesuitn. \ ri<strong>rio</strong>s ii~dcus ricos c urn ~~BIIC?S charnt~do Bours~~i_rnon. quc.<<strong>br</strong> />

.;em a nossii in\ns:io. dc\'criam <strong>br</strong>c\crncnte pnpr corn a vida a tolice de<<strong>br</strong> />

tcrcrn dcspertatlo ;I cohica tle suas fort~rnas'".<<strong>br</strong> />

Manuel de Vasconcelos Velho, rnorador da cidade. disse en1 carta<<strong>br</strong> />

a Domingoc Jose da Silveira, morador em Lisboa:<<strong>br</strong> />

I'squccia-me dilcl--1Iic a cluantidadc cle ycnte clue se havin prcso pelo<<strong>br</strong> />

Santo Oficio. que cuido passam de cem pcssoas: c por n<strong>rio</strong> indi~ itlr~A-ln\.<<strong>br</strong> />

tligo clue L: o rc~to dos crist<strong>rio</strong>s-novos clue V.M. c6 conhecia: os quai.;.<<strong>br</strong> />

con1 a invas<strong>rio</strong> francesn. foram buscar SLI:I vida. r nindam andam<<strong>br</strong> />

cspnlhn~ios. e anti;ir<strong>rio</strong>. at? haver na\ io e ocasi,io"'.<<strong>br</strong> />

Dentre esses prisioneiros. ninguem da familia Barros; mas muitos<<strong>br</strong> />

vizinhos c parentes. Ao serern libertados. ja n50 tinham nada: seus bens<<strong>br</strong> />

haviam sido confiscados. alg~lns ja leiloados pelo Fisco Real, ernbora<<strong>br</strong> />

alg~~mas casas nas freguesias rurais ainda estivessem desocupadas; foi<<strong>br</strong> />

para onde se dirigil-am esses cristzos-novos libcrtados.<<strong>br</strong> />

0 patriarca da familia. AntKnio de Barros. havia falecido em 1708<<strong>br</strong> />

": e seu enterro fora ocasizo oportuna para a farnilia deixar claro que niio<<strong>br</strong> />

qiieria contato corn "crist3os-novos" (co~no se eles n3o o fossem!).<<strong>br</strong> />

Sebastigo de Lucena Montarroio. ao encornendar o enterro ao padre<<strong>br</strong> />

Francisco Pinho de Berredo, recomendou "que coln o corpo do pai<<strong>br</strong> />

carrezassem quatro advogados cristsos-velhos. e com declara~3o de qlle<<strong>br</strong> />

nenhum fosse de naq3o ..."". A familia se preparava para, caso fosse<<strong>br</strong> />

presa. alegar distincia. falta de cornunica~30. enfim. tentar provar que<<strong>br</strong> />

n,?o judaizava. que nada tinha a ver con1 os cristzos-novos da cidadr.<<strong>br</strong> />

mesmo sendo aparentada corn boa parte deles.<<strong>br</strong> />

Manuel de Melo e Castro, crist5o-velho, casado com uma prima cia<<strong>br</strong> />

familia Barros. testemunhou que Sebastigo "vivia afastado das pessoas<<strong>br</strong> />

da na~<strong>rio</strong>. murmurando e estranhando suas ideias"-': outra cristg-velha.<<strong>br</strong> />

d.lnacia Gomes. tambem casada com urn primo da familia. disse que<<strong>br</strong> />

Sebasti,?~ n2o tratava con1 a familia. que "sci quando o sogro [de d.lnacia<<strong>br</strong> />

o senhor de engenho Diogo de Montarroio] estava para falecer, mandou


chamar o re11 para Ihe fazer testamento. e por cuja causa foi assistente do<<strong>br</strong> />

dito testamento e a sua morte, porem ao depoic disro que<strong>br</strong>ou novamente<<strong>br</strong> />

corn d. Esperanqa"".<<strong>br</strong> />

0s Rarros n<strong>rio</strong> mostraram a menor solidariedade corn or crist5osnovos<<strong>br</strong> />

recem-libertos: antes. tiveram dele5 veryonlia, e tentaram de todos<<strong>br</strong> />

os modos manter distbncia. procurando evitar ;I sua prbpria prisiio.<<strong>br</strong> />

Provisoriamente conseguiram. ma\ por pouco: Agostinlio de Paredes.<<strong>br</strong> />

genro de Ant6nio de Barros. cliegou a ser preso.por engano. e logo foi<<strong>br</strong> />

solto: a ordem dc pris%o era para seu tio e liom6nirno. ,4yostinho de<<strong>br</strong> />

Paredes. j6 dcfunto e para a esposa decte. tambern jii falecida. d.Ana de<<strong>br</strong> />

A7credo2'.<<strong>br</strong> />

0 mesnio Agostinho chegou a dizer qlle estava "envergonhado e<<strong>br</strong> />

sentido das prisdes", e o "disse puhlicarnente". Ainda. recusou-se a<<strong>br</strong> />

visitar os antigos presos. e mesnio a falar corn qualquer urn delcs"<<strong>br</strong> />

E a farnilia foi arneaqada: Jose Correia Xirnenes disse a d.Guimar,<<strong>br</strong> />

filha de AntGnio, que tivesse cuidado "visto vinha a dizer quc a<<strong>br</strong> />

criminaria em forma neste Santo Tribunal, que ela n<strong>rio</strong> poderia escapar<<strong>br</strong> />

os seus bens ao fisco". E disse mais: "quem tern telhado de vidro n50<<strong>br</strong> />

atirava pedradas ao telhado de seu vizinho":".<<strong>br</strong> />

0s Correia Xirnenes e outros crist<strong>rio</strong>s-novos. ternporariarnente a<<strong>br</strong> />

salvo das garras do Santo Oficio. remiram-se e planejaratn uma "conjuraq9o"<<strong>br</strong> />

contra os Rarros. combinando o que diriam para compromet~los<<strong>br</strong> />

quando fossem novamente presos. Confornic dcclaraq<strong>rio</strong> de SosP de<<strong>br</strong> />

Barros (repetida nos depoimentos de d.Rritec. Schastiso e Agostinho):<<strong>br</strong> />

(...) nn ocasi&o em qur in\;ldindo os frnncc.;cs n cidadc tlo llio dc<<strong>br</strong> />

Snneirc,. se soltaram os prcsos do Snnto Oficio cllre ncla csta\ am c se<<strong>br</strong> />

juntarani todos por niuitas \.e/c.;. no tempo em que e.;tivcrnrn .;altos.<<strong>br</strong> />

coniunicnntlo-se com scprcdos c ,iurns c f;)i pi~hlico q ~ se ~ jl~rit;~\.ani<<strong>br</strong> />

c a<<strong>br</strong> />

form;lr Irma con.il~raq:io.<<strong>br</strong> />

(...) ns principnis cnheqns llcln for;lm os sohrcditos In3cio C':lrtloso.<<strong>br</strong> />

Rodrigo Mendes. d.(i~rirnar dc I'arcdes. .losG Corrc~a Sirncnes.<<strong>br</strong> />

d.fSspc.ranqa dc Axredo. c. a ditn conjuraqr'lo sc prccipiou n;l casa de<<strong>br</strong> />

L.conor hloidcz. aontlc sc~~rntnvnm todoz. 011 rlrlnxe todos os sohrcditos<<strong>br</strong> />

contrnditndos. e os q~lc ni nio sc ;lch;lram. sc tuntaram n:l cnsn dc<<strong>br</strong> />

Rotlripo hlcndes. nondc n tlita conir~rny<strong>rio</strong> con ti nu or^. c na primcirn sc<<strong>br</strong> />

achnrnm n mullier dc Inicio ('nrdoso c a ds Kotlri:o Ylendes. Ilnnucl dc


f'aredes. So80 Gornes e Sos6 Correi;~. c na sejiunda os rnesrnos Manuel<<strong>br</strong> />

I.opcs tlc hlornis. d.Esperanqa c sun filha d.f3rites. Francisco tle Lucenn<<strong>br</strong> />

c outros muitos os quais todos se niuntnrarii em 1;1;.er nial ao r6r1 e a sun<<strong>br</strong> />

mrie. irniiios e cunhados"?'.<<strong>br</strong> />

Miguel Domingues de Carvalho. senhor de engenho ern Ira.iA.<<strong>br</strong> />

cristiio-vellio. que arrendara do Fisco Real o engenlio da Cruz. de Jose<<strong>br</strong> />

Correia Xirnenes, ali encontrou um papel corn o titulo "Rol da Casa<<strong>br</strong> />

Grande", onde estavam escritos os nonies de Agostinho de Paredes. sua<<strong>br</strong> />

esposn, sogra, cunl1ados.e<<strong>br</strong> />

scgundo sua lernhranqa continha estc papel con1 o norne de 36<<strong>br</strong> />

pcssoas. escritos corn duas Ictras divers;~s. c quc niostrando ele testernunha<<strong>br</strong> />

cste papel a algurna.; pessoas quc o Icrani. dissernrn quc a prinicira<<strong>br</strong> />

letra (lo dito papel era dc Inhcio Cartlo.;o. preso pclo Santo Oficio. e que<<strong>br</strong> />

a segunda letra era do rn6dico I>io:o Cardoso. tarnhtm preso pclo Sarito<<strong>br</strong> />

Oficio. e quc n8o lernhrm n qucni fo.;.;ern a.; pcssoas que disserarn scr a<<strong>br</strong> />

Ietrn ...?Y.<<strong>br</strong> />

0s cristzos-novos do Rio de Janeiro conheciarn o funcionamento do<<strong>br</strong> />

Tribunal do Santo Oficio, sabendo que para salvar suas vidas deveriam<<strong>br</strong> />

denunciar a todos que conheciam, confessar tudo que os inquisidores<<strong>br</strong> />

quisessem: "que do engenho da Cruz mandarani um recado a Leonor<<strong>br</strong> />

Mendes, que quando se visse presa nos c6rceres, dissesse e confessasse<<strong>br</strong> />

que a livrar sua vida, e cujo recado passaw adiante.'?'.<<strong>br</strong> />

Jose de Barros declarou so<strong>br</strong>e lnacio Cardoso:<<strong>br</strong> />

(...) insinuou nos conjuratlos. e a todos quc estavarn presentes. que<<strong>br</strong> />

neste Tribunal. quando 02; presos conkssa\arn alguma culpa. se lhes<<strong>br</strong> />

pergunlava pelo lugar e casa ern qile se cornetcu. quantas portas e<<strong>br</strong> />

janelas tinha. se era so<strong>br</strong>ado. ou terre:~. sc era dc din. de noite. se havia<<strong>br</strong> />

luar. sc candcia ou vela. e outras rnuitas circunst5ncias. em ordeni a que<<strong>br</strong> />

n30 discrepasse no que depuscssc. e assini viessern hem instruidos e<<strong>br</strong> />

ajustatlos""'.<<strong>br</strong> />

Se essa conjuraqiio aconteceu mesnio, 011 se esistiu somente na<<strong>br</strong> />

imaginaqso dos Barros e de alguns de seus vizinhos e amigos, 6 dificil<<strong>br</strong> />

afirmar; o que sabemos, entretanto. e que quando chegaram os navios, os<<strong>br</strong> />

cristiios-novos que haviam sido libertados pelos frariceses foram nova-


mente presos e enviados para Lisboa, onde participaram do auto-de-fe de<<strong>br</strong> />

9 de julho de 1713. formando o maior contingcnte de penitenciados<<strong>br</strong> />

rnoradores do Rio de Janeiro". E denunciaram os Barros. que foram<<strong>br</strong> />

presos em 17 1-1".<<strong>br</strong> />

Prender faniilias. parentes. vizinlios. arnigns. conhecidos: quem<<strong>br</strong> />

antes vivia em paz, trabalhava em con.junto. convivia corn os outros.<<strong>br</strong> />

desde a chegada do Tribunal mudou seu lnodo de vida; ate ser prcso.<<strong>br</strong> />

procurava se proteger; quanto rnenos contato. rnelhor; maior contato,<<strong>br</strong> />

lnaior probabilidade de prisso; o amigo de antes era o delator de ho.je. A<<strong>br</strong> />

Inqi~isi@o acabava con1 a teia de solidariedade. com a teia familiar de<<strong>br</strong> />

relaq6es patriarcais que cra caracteristica dessa cnrnunidade crist3-nova<<strong>br</strong> />

flurninense.<<strong>br</strong> />

0s carceres e a lihcrdacle<<strong>br</strong> />

Ant6nio de Barrns morreu antes de ver sua faniilia nos carceres da<<strong>br</strong> />

InquisiqZo de Lisboa. Sua esposa. d.Brites de Lucena. presa aos 64 anos.<<strong>br</strong> />

ficou nos carceres pnr trPs anos antes de sair em auto-de-fe: denunciou<<strong>br</strong> />

seus filhos colno judaizantes; arrependeu-se de ter denunciado "falsamente<<strong>br</strong> />

de sells filhos machos porque corn eles n%o tinha passado cousa<<strong>br</strong> />

alguma no particular da crenca na Lei de MoisCs"": foi ent3o posta no<<strong>br</strong> />

tormento; persistill na revogaciio; os inqt~isidores disseram que havia<<strong>br</strong> />

revogado sua confiss8o induzida pelo den18nio: nova sessiio de tortura:<<strong>br</strong> />

d.Brites n20 agiientou. e confirmou a heresia de seus filhos homens (as<<strong>br</strong> />

mulheres. jB havia denunciado); foi condenada a carcere e habito<<strong>br</strong> />

penitencial perpet110 sern remiss3o. e 1-120 sabemos o que Ihe aconteceu<<strong>br</strong> />

depois disso.


.-\ Familia Harros - Prizfio e Penas<<strong>br</strong> />

Rio de Saneiro).<<strong>br</strong> />

I),<<strong>br</strong> />

Isabel de I.ucena<<strong>br</strong> />

1714<<strong>br</strong> />

17 14<<strong>br</strong> />

carccre e hibito pcnitcncial<<strong>br</strong> />

perpe't~~o ( I7 I7 1 .la estava no<<strong>br</strong> />

Rio de Janeiro).<<strong>br</strong> />

1). Cit~iniar de I-ucen;~<<strong>br</strong> />

1714<<strong>br</strong> />

171 0<<strong>br</strong> />

circcrc e hihito penitcncial<<strong>br</strong> />

perpt'tuo.<<strong>br</strong> />

I) tlna Sotlrtl I'ereira<<strong>br</strong> />

17 1 X<<strong>br</strong> />

1720<<strong>br</strong> />

circerc e hihito penitcncinl<<strong>br</strong> />

perpt'tuo ( 1723 1 Licen~a para<<strong>br</strong> />

\altar ao Rio de Janeiro).<<strong>br</strong> />

Mnnt~el de Moura I-ognya<<strong>br</strong> />

1714<<strong>br</strong> />

17 10<<strong>br</strong> />

circere e hihito penitcncial<<strong>br</strong> />

perpctuo.<<strong>br</strong> />

Mateus de hloura I-'oga~a<<strong>br</strong> />

17 16<<strong>br</strong> />

172 1<<strong>br</strong> />

1720<<strong>br</strong> />

1723<<strong>br</strong> />

circcrc e hihito pcnitcncial<<strong>br</strong> />

pcrpctuo sem reniiss5o con1<<strong>br</strong> />

insignias de fogo e cinco anos<<strong>br</strong> />

de galt's<<strong>br</strong> />

- por ter revogado a confiss5o<<strong>br</strong> />

- relavado ao hra~o secular<<strong>br</strong> />

0 filho mais velho. SebastiBo de Lucena Montarroio. tambeln ficou<<strong>br</strong> />

preso trCs anos. saindo nomesmo auto-de-fe que am3e. tendo sidocondenado<<strong>br</strong> />

a carcere e habit0 penitencial perpktuo. Sua esposa. d.Ana Sodre Pereira,


presa em 171 8. recebeu a lnesma pena. saindo em auto-de-fe de 6 de junho<<strong>br</strong> />

de 1720: presa aos trinta anos. cinco anos mais tarde. em 1733. estava<<strong>br</strong> />

"entrevada e cega. deitnda em sua cania. impossibilitada para ouvir missa.<<strong>br</strong> />

sen1 ter corn qire se curar" e recebeu autori7aq5o do Tribunal para voltar para<<strong>br</strong> />

o Rio de Janeiro corn sell maridoJ'.<<strong>br</strong> />

D.Guimar de Lucena e seu marido Manuel de Moura Fogaqa. presos em<<strong>br</strong> />

171 4. sairam no auto-de-fe de 16 de fevereiro de 17 16. condenados 3 mesma<<strong>br</strong> />

pena (crircere e hribito penitencial perpetuo): os seis fillies do casal n5o foram<<strong>br</strong> />

presos, tendo sido denunciados. constando do Rol dos Culpado~'~.<<strong>br</strong> />

D.lsabel de Lucena. presa em 17 14. quando tinha 43 anos e dois filhos.<<strong>br</strong> />

sail1 em auto-de-fe no mesmo ano. condenada a carcere e hihito penitcncial<<strong>br</strong> />

perpetuo: porkm. em 171 7, ja estava de volta ao Rio de Janeiro": seu marido<<strong>br</strong> />

Agostinho de Pnredes. preso na mesma epoca. saiu ern auto-de-fe em 17 17.<<strong>br</strong> />

e n'io temosmaisnoticias dele. 0 s filhos Agostinhoe SebastiBo. denunciados,<<strong>br</strong> />

niio forarn presos"'.<<strong>br</strong> />

Jose de Barros. preso em 17 14, ficou trOs anos nos cArceres. saindo no<<strong>br</strong> />

mesmo auto-de-fe que sua mBe; foi condenado a circere e habito penitencial<<strong>br</strong> />

perpetuo sem re1niss5o corn insignias de fogo, e degredo para as gales por<<strong>br</strong> />

cinco anos. Em 1773 pediu e obteve licenqa para voltar ao Rio de Janeiro'".<<strong>br</strong> />

Ant8nio dc Barros e Miguel de Barros, presos em 17 14, sairam em autode-fe<<strong>br</strong> />

de 17 14. condenados a carcere e habito penitencial perpetuo, e em 17 17<<strong>br</strong> />

ia se encontravani no Rio de Janeiro4'.<<strong>br</strong> />

Mateus dc Mol~ra Fogaqa, genro de AntBnio e d.Brites, viilvo de<<strong>br</strong> />

d.Anthnia. foi preso em 17 16: saiu em auto-de-fe em 1730, condenado a<<strong>br</strong> />

circere e habito penitencial perpetuo sem remiss30, corn insignias de fogo,<<strong>br</strong> />

e degredo de cinco anos nas gales de Sua Majestade: depois de cumprir dois<<strong>br</strong> />

anos de sua pena. pediu audiencia i Mesa do Santo Oficio e revogou sua<<strong>br</strong> />

confissiio. reafirmando ser cristso-velho e. principalmente. born cristBo.<<strong>br</strong> />

Preso e processado novarnente. os inquisidores declararam que Mateusestava<<strong>br</strong> />

louco, "possuido pelo dem8nio". e no auto-de-f6 de 1723 foi relasado ao<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>aqo secular. tendo rnorrido queimado.<<strong>br</strong> />

0 Santo Oficio conseguira que<strong>br</strong>ar a solidariedade familiar: os filhos<<strong>br</strong> />

denunciaram a mile; a rniie, os filhos; todos. filhos. irmiios. cunhados,<<strong>br</strong> />

denunciaram irns aos outros. incluindo ai os mortos: todos denunciaram o<<strong>br</strong> />

dr.Ant6nio e sua filha d.Antbnia, falecidos antes das prisdes. Era a irnica<<strong>br</strong> />

soluq5o possivel: ou denunciar ou morrer, como aconteceu com Mateus.<<strong>br</strong> />

Outros crist5os-novos do Rio de Janeiro receberam permiss30 do Santo


Oficio de voltarem para a Colbnia. Um dos prirneiros n voltar hi o senhor clc<<strong>br</strong> />

engenho Manuel do Vale da Silveira; preso em 1710. condenado a circcrc e<<strong>br</strong> />

hibito penitencial a arbit<strong>rio</strong>. em 1715<<strong>br</strong> />

estava no Rio tlc Janeiro. morantlo<<strong>br</strong> />

em S<strong>rio</strong> Gon~alo. freg~~esia onde se localizava o antigo engenho da familial'.<<strong>br</strong> />

Leonor Mendes. urna das conjl~radas contra os Ilarros. tarnbkni en1 17 17 j,i<<strong>br</strong> />

estava no Rio de Janeiro". Voltaram ainda a parda Mariana de i\ndradc.<<strong>br</strong> />

Isabel da Silva. fillia do senhor de engenho e homem dc negocios Jose Gomcs<<strong>br</strong> />

da Silva, Clara de Azeredo. Jose Corrcia Ximenes e sun esposa d.Britcs de<<strong>br</strong> />

Azeredo. o advogado e dono dc pnrtido lnicio Cardoso de Azeredo e .loan3<<strong>br</strong> />

de Barros".<<strong>br</strong> />

Em Lisboa. encontrarnos d.lsabel de Paredes. esposa de Josk Go~ncs<<strong>br</strong> />

Silva (o q ~ fi1gi11 ~ e con1 os franceses), suas tillhas d.Rrite5 e d.Ant0nia. e os<<strong>br</strong> />

fillios Luis Femandes Crato e o caql~la Jock. e ainda outro cristzo-no\,o do Rio<<strong>br</strong> />

de Janeiro. Manuel Cardoso, todos rnorando na rua dos Canos. onde<<strong>br</strong> />

conviviarn corn seus vizinhos. gente simples, soldados. artes<strong>rio</strong>s. N5o sabemos<<strong>br</strong> />

se consegl~irani voltar no Rio de Janeirol-'.<<strong>br</strong> />

Enqunnto alguns poucos voltavam para o Rio de Janeiro. outros<<strong>br</strong> />

crist3os-novos cram levados presos para Lisboa. Depois do auto-de-fi; dc<<strong>br</strong> />

1 7 14, onde foram penitenciados 75 nioradores do Rio de Saneiro. celc<strong>br</strong>aramse<<strong>br</strong> />

maisoitoautos-de-fi.publicos em Lisboaate 1730. tendosido penitenciadoc<<strong>br</strong> />

cerca de cem crist3os-novos nioradores do Rio de Janeiro. A cnda auto.<<strong>br</strong> />

diminuia o ni~mero de penitenciados fluminenses: trinta em 1716. 31 em<<strong>br</strong> />

1717, 18 em 1730,33 em 1773. Parece q ~ o ~ Tribunal e do Santo Oficio. no<<strong>br</strong> />

final da dccada de 1720. intensificou sLla a~50 nas Gernis. diminl~indo os<<strong>br</strong> />

presos do Rio de JaneiroJ' e, em contrapartida. aunientando o ni~rnero de<<strong>br</strong> />

moradores daquela regi3o enviados para Lisboa. Teria sido rcal~ncntc<<strong>br</strong> />

dizimada a comunidade cristz-nova fluminense? Certarnente. parte marcante<<strong>br</strong> />

dela acabou nos carceres do Santo Oficio.<<strong>br</strong> />

NOTAS<<strong>br</strong> />

I - Sal\.ntlor. .l.G. 0s oisrtios-r~o~*o,s- po1300nletlto P coi~r/~ti.s~tr (lo solo h~.tr.srl(~~~.o<<strong>br</strong> />

Il53O-lCiSO). op.cit.. p. 153 e seg~~intes e Novinsk!. An~tn. "A rcnte tla\ hnndnc<<strong>br</strong> />

do sul" in Suplen>cnto litcri<strong>rio</strong> d' 0 l.:stado de S<strong>rio</strong> I'ai~lo. 1 J tle n<strong>br</strong>il clc. lOh7.<<strong>br</strong> />

7- Sal\atlor. .I.Ci.. op.cit.. p. 173.


4- Vcr Novinsk!. Anita. "i\ Igrcia no I%r;rsil Coloni;~l - aycntcs da Incluisip5o".<<strong>br</strong> />

:ltrrrr.s (In .\lrr.vc,rt I'trrtlrv!tr. Vnmo SSSIII. 19X.t. p. 17-34.<<strong>br</strong> />

5- Snl\ndor. J.(i.. op.cit.. p. 164. 175 e 176.<<strong>br</strong> />

6- Vcr Nocinsl!. i\nit;~. "llclle\Oc.; sohrc o anti-scmitiinio (Portuyal ii.culo><<strong>br</strong> />

SVI-SX )". ('otryt.r~ssr~ rr7!ct~t7ociotrtrl - IJot.~rr,ycrl r7r1 .vc:c.rtlr~.\'I ./I1 rir, 11 .lo<strong>rio</strong> I.<<strong>br</strong> />

ir Rc~.olrr~cio I~rc~tice.str. I.ishoa. Socictl;~de I'ortuyucsn clc I:stl~doh (lo sCct~lo<<strong>br</strong> />

XV111' I:nivcriit;iri;l Editora. 1901. p.455.<<strong>br</strong> />

7- No\insk!.. .Anit;). I(o1. op.cit.. p.4.<<strong>br</strong> />

8- Ihitlem. p.32.<<strong>br</strong> />

9- I.:stamos f;~l:~ntlo tlc lo50 Nuncs. morador nn Ilha (irantlc. Santo\. No\ ~nsk!.<<strong>br</strong> />

Anita. Rol. op rir.. p 57.<<strong>br</strong> />

10- (\rqui\,o Nacion;ll do Rio de Junciro. Go~.c~rr~crt/orc~s. li\ro XIll-A. fl.450.<<strong>br</strong> />

.Apud I>incs.:\. I 'itlc~tlo i/t~fi),yo. op.cit.. p.57.3.<<strong>br</strong> />

1 I - 1-rancisco Anti)nio I1cnriques. mcrcndor. era c;ls;ldo corn Cntnrina hlcndcs<<strong>br</strong> />

dn I'LII: Ixonor \'Icndcs [In ['a?'. irm3 dc Catnrina. era c;~cada com ~\lc.;andrc<<strong>br</strong> />

Soares Pereir;~. scnlior dc cngcnho: [{rites So:lrcs Pcrcir;~. ir1n3 tlc .Alc\;lndrc.<<strong>br</strong> />

era casada con1 :2gostin1io Lopes 1:lores. liomcm tlc ne,cOcios: c o ni2tlico<<strong>br</strong> />

I-r;~ncisco dc Siqucir;l M;~cliado cr:i irm3o dc Catarina c I.conor.<<strong>br</strong> />

12- L'er A7e\cclo. Jo5o 1-ucio. "Notas sohrc o jl~dnismo c a Inqtrisiy5o no<<strong>br</strong> />

f3r;lsil". op.cit.. p.682: L1$','imitzer. A. 0s j~rclc>rts 170 f~t.tr.st1 Colot7iol. op.cit..<<strong>br</strong> />

p.130 e Salvador. I.G.. op.cit.. p. I I.<<strong>br</strong> />

13- Ver Dints.!\.. op.cit.. p.728<<strong>br</strong> />

14- Ver No\ai.;. Fernando. Porrrc,qtrl c Rrtrsil t7n cri.sc~ (10 nrrtt,yo sisten~tr<<strong>br</strong> />

C'oloi7iol 11----1808). S3o I'aulo. I lucitcc. 1070. cspcci;llmente piyinn 200 c<<strong>br</strong> />

seguintes.<<strong>br</strong> />

15- Sairarn penitencindos 57 rnornclorcs do Rio dc Janciro. hendo 1 I naturais dc<<strong>br</strong> />

f'ortugnl. um (la l3;ihin c -15 nascitlos no Rio dc Jnnciro.<<strong>br</strong> />

16- flste parccc tcr sido o caso do scnhor dc cngcnho So5n Gonics da Silva<<strong>br</strong> />

I'crcirn: niio fni preso. mas seu.; tillios do prirnc~ro cas;~~iiento o hrnm c o<<strong>br</strong> />

dcnuncinrnm: sun scgund;i csposn. Antlrcza. c os cinco filho.; dessc cnsnmcnto<<strong>br</strong> />

n5o foram denunciados no Santo Ol'icio.<<strong>br</strong> />

17- .lo;io i2fonso dc Olivcira. senhor tlc cn_eenho.te\,e a ml~lher presa pelo Santo<<strong>br</strong> />

Oficio: foi dcnl~nciado. jllntarncntc com scu.; tilhos menorcs. mas n3n foram<<strong>br</strong> />

prcsos: estava no Rio de Janeiro em 1715. na frcguesia dc Iraii. ondc tinhn<<strong>br</strong> />

cnycnho. ocasiiio em quc prcstou depoimento na inq~1iriy3o de testelnunhas<<strong>br</strong> />

rcalizada para o processo dc Agostinho dc Parcdes (Proccsso de Arostinho dc<<strong>br</strong> />

Pnrcdcs. cit.. Inqlririp5o (lo Rio dc Ianciro. 3 l dc ninio tlc 17 15. p. 189).<<strong>br</strong> />

18- Du Plessis-l'nrsenu (yunrda tln marinha). "C'ampnnh;~ (10 Rio tie Jnnciro em<<strong>br</strong> />

171 1 - jornal hi.;thrico ou relap50 do qlle sc pns.;ou tlc ni:lis mcmnr:i\.cl n:i


cnmpanlia tlo Rio dc Saneiro pcl:~ csiluadra do rei comnndada por hsl. 1)u Ciua! -<<strong>br</strong> />

Trouin en1 1711". RIHGH. vol. 176. 1041. p. 14').<<strong>br</strong> />

19- ..2pud Arauio. JosC de Sou7a A/c\.cdo Pi7;lrro. \/enr(jt.itrs hi.s/tit~ictr.s (lo liro<<strong>br</strong> />

c/e .Jtr17i~ir.o. op.cit . ~01.1. p.8-l.<<strong>br</strong> />

20- Arquivo da C'irria do Rio dc Saneiro. Livro tic ilbitos da St!. 1708. p. 135.<<strong>br</strong> />

21- Proccsso dc Schnsti<strong>rio</strong> dc 1,uccna \lontarroio. cit.. contraditn.; dc ?I dc<<strong>br</strong> />

rnnrqo tie 17 11.<<strong>br</strong> />

7-2- Processo dc Scba::tiBo dc I.~lccria Montarroio. cit.. inq~ririq3o do Rio tic<<strong>br</strong> />

Saneiro. I X dc fc\,cre~ro dc 17 15.<<strong>br</strong> />

23- Proccsso dc Schnsti<strong>rio</strong> clc I.uccna hlontarroio. cit.. inq~ririqBo do Rio tlc<<strong>br</strong> />

Saneiro. l X dc Scvcrciro de 1715.<<strong>br</strong> />

24- Proccsso tlc .Agostinho clc Parctlcs. cit.. contrntlitas. p. 154.<<strong>br</strong> />

25- Ihidern.<<strong>br</strong> />

26- Proccsso de JosC tie R~~rros. cit.. contraditas de 17 de marqo dc 1714.<<strong>br</strong> />

27- lhidch.<<strong>br</strong> />

28- I'rocesso de lost dc Ilnrros. cit.. inquiriq<strong>rio</strong> de testcmunhas do Rio dc<<strong>br</strong> />

Janeiro. 29 dc janciro de 17 16.<<strong>br</strong> />

29- Proccsso dc Sehasti<strong>rio</strong> dc I.~rccnn blontarroio. cit.. contraditas dc 21 ilc<<strong>br</strong> />

marqo dc 1714.<<strong>br</strong> />

30- Processo dc SosC de Barrob. cit.. contraditas de 20 de marqo de 1711.<<strong>br</strong> />

3 1 - Fornm penitcnciados 7c morailorcs do Rio dc Janeiro<<strong>br</strong> />

32- Eritre janciro c lnnrqo tlc 1714 l'oram presos Arostinho de Paredes, d.lsahel<<strong>br</strong> />

de Lucena. d.Guiniar dc 1.uccna. d.l3rites dc IAuccna. Sebastifio tic Lucena<<strong>br</strong> />

h,lontarroio. AntOnio. Vigucl c .los2 dc Barros: Manuel tle Moura 1,'ogaqa li)i<<strong>br</strong> />

preso ern outuhro clo niesmo ;)no: b~latcus de Mourn Fognqa foi preso em 1716<<strong>br</strong> />

e d.Ana SodrC I'ercira ern 17 1 X.<<strong>br</strong> />

-<<strong>br</strong> />

.>>- Processo tie d.Rrites dc I.ucenn. cit.. revognp<strong>rio</strong>. 3 dc;~rlho tlc 1716.<<strong>br</strong> />

31-"C'circwe c Irtih~ro pen1tc~tlcrirl/)c1.l16tlro" - pena a quc era contlenado o rClr<<strong>br</strong> />

e clue signilicava quc estc tcria q~rc ~ivcr em loc;ll designado pelo .l'rihunal do<<strong>br</strong> />

Snnto Oficio - podia ser em 1-ishoa ou mais cornumcnte em nlgurna aldein<<strong>br</strong> />

distantc. ondc tcria que sc aprcsentar pe<strong>rio</strong>dicarnente ao representante do Santo<<strong>br</strong> />

Oficio: este condenado era ohrigndo a usar o "hrihito.poirrcricinl""..o<<strong>br</strong> />

"sntihct~ito". esp6cie tle cnpa com :I cru7 amarcla de Santo Andre. traie especial<<strong>br</strong> />

quc intlicava suzr condiq3o dc conilcnado por hcresia. Esta pcnn podin scr<<strong>br</strong> />

perp6tunou "a nrhit<strong>rio</strong>" nu scja. os incluisidores poderiam suspend?-la.<<strong>br</strong> />

'-1nsi~ztiiir.s olcfqzo" eram tlcscnhos acrcscentaclos ao sarnhcnito que indicavzun<<strong>br</strong> />

a reniti.ncia do condenado em confcssar suns culpas: e csta pena. por ser "scm<<strong>br</strong> />

remiss<strong>rio</strong>". n<strong>rio</strong> potieria ser suspcnsa. 0s homens podcriam tarnbC-m ser<<strong>br</strong> />

condcnados a trnhalhos forqatlos nas _gaits. l'anto homcns quanto mulhcres<<strong>br</strong> />

podcriam tamhem ser condenados ao degredo em terras distantes. "Relrnailo


no hrn~o sec~rlnr" signilicava clue o rtu fora condenado a lnorte pelo fogo.<<strong>br</strong> />

sentenqa c~ccutada pelo poder civil e n3o pela I_ere.ja.<<strong>br</strong> />

35- Processo de Sehastiiio de 1,ucena Montarroio. peti~iio. 3 de agosto de 1723.<<strong>br</strong> />

.i6- Novinsky. Anita. Rol. op.cit.. paginas 11 8. 124.144. 149. 172 e 161.<<strong>br</strong> />

>7- Processo de Mateus de Moura Foga~a. cit.. inquiri~iio dc reperguntas. Rio<<strong>br</strong> />

!e Janeiro. 22 de julho dc 1717.<<strong>br</strong> />

38- No~insli!,. .Anita. Rol. op.cit.. p.4 e 102.<<strong>br</strong> />

39- Processo de Jose de Barros. cit.. pctiqiio. 14 de setern<strong>br</strong>o de 1723.<<strong>br</strong> />

40- Processo de Mateus dc Moura Fogaqa. cit.. inquiri~iio de reperguntas. Rio<<strong>br</strong> />

de Janeiro. 22 de julho tlc 1717.<<strong>br</strong> />

41- Processo de Sebastilio de Lucena Montarroio. cit.. inquiriq2o do Rio de<<strong>br</strong> />

Janciro. 15 de julho dt: 171 5.<<strong>br</strong> />

42- Processo de Mateus de Moi~ra Foga~a. cit.. inquiriqao de reperguntas. Rio<<strong>br</strong> />

de Janeiro. 22 dc julho de 1717.<<strong>br</strong> />

43- Dines. A.. op.cit.. p.765.<<strong>br</strong> />

44- Processo de Mateus de Moura Fogaca (2" processo).cit.. inquiriq8o de<<strong>br</strong> />

reperguntas. Lisboa. 7 de rnaio de 1723.<<strong>br</strong> />

45- Ver Salvador, J.G. 0 s cristdos-novos em ,blinas Gerais dtrrante o ciclo do<<strong>br</strong> />

orfro (1695-1 -55) - rer'uqiies corn n In,ylorerra. Sao Paulo. Pioneira. 1992.


UM ENIGMA A DESVENDAR<<strong>br</strong> />

I'nzernos saber nos inquisidores. dcpi~tnclo.; e mnis rnini.;tros dn<<strong>br</strong> />

Inqitisi~5o clue. clcs~inndo nos ~ L I C as corl.;ns do Santo Oficio se<<strong>br</strong> />

cont~nuem c adiantcrri nn ohssrvinc~a c pcrl'c~qi~. quc sc rcC]uer ao<<strong>br</strong> />

rnaior servi~o tle Dcus Nosso Senhor. c cxaltav,'lo dc nossa 1:6 Cat6lic;l.<<strong>br</strong> />

e estirpaqio das hcrcsias ...I.<<strong>br</strong> />

Como se sabe, 13 ob.jetivo declarado do Tribunal do Santo Oficio era<<strong>br</strong> />

acabar com as heresias no inipe<strong>rio</strong> porhrg~~es. em especial. com a heresia<<strong>br</strong> />

judaica. Com a conversiio forqada de todos os judeuc do Reino ao catolicismo<<strong>br</strong> />

em 1497, c<strong>rio</strong>u-se uma nova categoria de catolicos. os "crist<strong>rio</strong>s-novos". que<<strong>br</strong> />

nem sempre eram cristgos sinceros, "bons cristiios". Secretamente. praticariam<<strong>br</strong> />

a religi2o judaica; con10 catolicos batizados, scriarn ent2o hereges. e o<<strong>br</strong> />

Tribunal estaria a postos para elimina-10s'.<<strong>br</strong> />

No Rio de Janeiro, o Tribunal do Santo Oficio SO se mostrou com forqa<<strong>br</strong> />

a partir de 1703. Durante o sec~rlo XVII, os crist3os-novos que la foram se<<strong>br</strong> />

estabelecendo, praticamente n2o foram incomodados: se quisessem . poderiam<<strong>br</strong> />

ter praticado a sua antiga religi<strong>rio</strong>: mas o fizeram'? Somente atraves do<<strong>br</strong> />

levantamento e analise da documentaqiio esistente para esse pe<strong>rio</strong>do poderemosobteralgumas<<strong>br</strong> />

respostas. Parao seculo XVII I. adocumentaq30 inquisitorial<<strong>br</strong> />

fornece algurnas pistas. Vamos examinar algumas delas a seguir.<<strong>br</strong> />

0 judaismo na familia Rarros<<strong>br</strong> />

Em uma das primeiras sessbes do processo inquisitorial - a Gencalogia<<strong>br</strong> />

- estavam os elementos que permitiam que esses cristzos-novos focseln


processados como hereges judaizantes. apostatas da fe catolica: todos eram<<strong>br</strong> />

batizados e crisniados. e assim encontravam-se sob a autoridade eclesiastica:<<strong>br</strong> />

era tarnbem ali que, atraves do esame da qualidade de sangue de seus<<strong>br</strong> />

antepassados, ficava provado serem portadores de sanye cristzo-novo.<<strong>br</strong> />

Em seguida, na sess%o In Genere, o reu era interrogadoso<strong>br</strong>eas praticas<<strong>br</strong> />

e cerirnbnias judaicas que era acusado de observar. Geralmente o inquisidor<<strong>br</strong> />

fazia as seg~~intes perguntas aos reus :<<strong>br</strong> />

-se em algum tempo se apartou da Santa Fe Catolica e se passou para<<strong>br</strong> />

a crenqa da Lei de MoisCs para nela se salvar. nZo crendo no miste<strong>rio</strong> da<<strong>br</strong> />

Santissima Trindade nem em Cristo;<<strong>br</strong> />

-se rezava oraqdes judaicas ou padre-nosso sem dizer Jesus no fim, ou<<strong>br</strong> />

os SLII~I~Y de David sem dizerGloritr Patri no fim:<<strong>br</strong> />

-se guardava os sabados de trabalho como se fossem dias santos;<<strong>br</strong> />

-se seguia as Pascoas dos judeus e festas e cerimcnias;<<strong>br</strong> />

-se fazia alguns jejuns judaicos (as segundas e quintas-feiras), como o<<strong>br</strong> />

do Dia Grande de setem<strong>br</strong>o. o da rainha Ester. sem comer nem beber sen50<<strong>br</strong> />

a noite. so ceando coisas que n%o fossem came;<<strong>br</strong> />

-se quando morria alguma pessoa em sua casa ou vizinhanqa, lanqava<<strong>br</strong> />

fora a ay~a<<strong>br</strong> />

dos csntaros. e os colocava com a boca para baixo;<<strong>br</strong> />

-se varria a casa as avessas:<<strong>br</strong> />

-se rnandava amortalhar o corpo com mortalha nova e enterrava em<<strong>br</strong> />

terra virgem e cova funda;<<strong>br</strong> />

-se quando aben~oavapessoa de sua relacgo, o fazia pondo a m5o aberta<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e a cabeqa;<<strong>br</strong> />

-se comia came cle porco, de le<strong>br</strong>e. coelho, ou peixe de pele'.<<strong>br</strong> />

Na sesszo seguinte, In Specie. o inquisidor procurava fazer com que o<<strong>br</strong> />

reu especificasse quando. onde, com quem e quais as priticas e cerim6nias<<strong>br</strong> />

observadas: "Se em certo dia, certo lugar, com certas pessoas, judaizou".<<strong>br</strong> />

Inicialmente, na hmilia Barros as respostas foram sempre negativas a<<strong>br</strong> />

todas essas perguntas, como ocorria em geral a todos os cristsos-novos.<<strong>br</strong> />

Procuraram, de todas as maneiras, provar serem bons crist%os, observantes<<strong>br</strong> />

das regras da lgreja Catolica e portadores de fe sincera.<<strong>br</strong> />

Faziam parte das irmandades, freqiientavam missas, confessavam,<<strong>br</strong> />

comungavam, davam donativos a Igreja. Sebastizode LucenaMontarroio era<<strong>br</strong> />

inn50 da irmandade do Santissimo Sacramento. na freguesia da Se, tendo


so.zou-sogis1.13 sassap e!3u;)Is!?ia ep emalqo~d apue.15 o anb nahansa ' 1 1 1 ~ ~<<strong>br</strong> />

olnnas op sopeaur lira 'saq3ue~ oJ!aq!y saunN o~uoluv .Jaz!p ure!JaAap anb o<<strong>br</strong> />

iuc~qcs a 'leunq!JL op oliraureuo!3unj o ruaq ule13ayuo3 snaJ sassa 'Jo!.ralue<<strong>br</strong> />

olnl!d1?3 ou so~ir!~ o~uo3 .iir?n4;e ~e!~unuap<<strong>br</strong> />

ass:uanbsa osc3 'omu!ur!p<<strong>br</strong> />

no 'o~11e4au ope.1ap1soo3 em naJ o 'ope!sunuap me!Acq o anb sopol e<<strong>br</strong> />

~e13irnuap a e!saJail e J!l!mpe 'sedln:, sens Jessajilos uras :og3e(ap a ogssguoz~<<strong>br</strong> />

- ofssyuo3 e e.ra p.rol!ynbu! ossa3o~d op s!e!3uassa se3ad sep erun<<strong>br</strong> />

's?s!ol,q ap 131 e umehlasqo mau<<strong>br</strong> />

lLlI?!3al~UO3 OgU '~ck?~ t?p 21~3% ?? U103 UlEAt?UO!3R12J aS OF11 'SOAOU-SOp]S!J3<<strong>br</strong> />

ap msadc .anb ~eho~d iue~eln3o~d lelualed oluenb euraleiu e!A ~od olwl<<strong>br</strong> />

cqir!~ anb 'oo!epnran4ues o ~ne~e4au opu e!l!urejcpsoJqwaul soJlnoso<<strong>br</strong> />

.,*can4ues ap ezamdm! a 'ol!ajap ol~p o alui?lsuo3 e~irej ~od equg,,<<strong>br</strong> />

'nI!ap1c3 elso3 ep e1ns~n.p 'c~ualed omens ap aued ~ od 'anb ~ oj sa~op!s!nbu!<<strong>br</strong> />

sop or?snl3uo3 e seur < 317l?pW?ll1.11 [l?l PO 311lh.10d > 'Onyrd I?pcJ;i'c~ r! P.\I?ll7LI3J3\3J 3s anb<<strong>br</strong> />

1~17 ?~II!~~CLUJI r J ~ rrllwr? J .,zossr,l < s~nh 9~ -0.117ncr ap<<strong>br</strong> />

OI)~ nu n! \r?q an17 s>pl:pul:ru.l! s<strong>rio</strong>wp


era a Inquisiqiio. que a necessidade que tinham de conhecer as praticas<<strong>br</strong> />

judaicas. para defender-se en1 caso de prisiio. levava A transmiss20 da heresia.<<strong>br</strong> />

impedindo-os dc se tornarem bons e sinceros catolicos".<<strong>br</strong> />

Dos I 1 mcni<strong>br</strong>os da familia presos, somente trSs. Ant6nio. Miguel e<<strong>br</strong> />

d.lsabel. presos ern janeiro de 171 4. sairam ern auto-de-fi. de outu<strong>br</strong>o do<<strong>br</strong> />

mesmo ano. tendo seu processo corrido rapido (cerca de oito rneses), os tris<<strong>br</strong> />

tendo confcssado suas culpas sern demora: tris anos mais tarde, em 17 17. ja<<strong>br</strong> />

estavam de volta ao Rio de Janeiro. 0 s outros nove ficaram presos por mais<<strong>br</strong> />

de tris anos antes de sereni penitenciados, tendo confessado suas culpas<<strong>br</strong> />

somente quando, ja condenados corno negativos. orlviriam a sentenqa no<<strong>br</strong> />

auto-de-f2tendo por isso recebido penas mais severas: Jose e Mateus foram<<strong>br</strong> />

condenados as sales. e somente nove anos apos a prisiio P que Sebasti2o. sua<<strong>br</strong> />

esposa d.Ana e JosC receberam permissiio para retornar ao Rio de Janeiro.<<strong>br</strong> />

Na confissSo. todos admitiram alyrmas das praticas e cerirn6nias<<strong>br</strong> />

enumeradas na scssiic:, It7 Get7ere. acontecidas niio sempre, mas eventualmente:<<strong>br</strong> />

em.companhia de mem<strong>br</strong>os da familia. de parentes. de vizinhos. denunciando<<strong>br</strong> />

a todos que os haviam denunciado. e enumerando mais algunias<<strong>br</strong> />

pessoas. ora haviam feito os je-juns. ora seguido as proibiqbes alirnentares e<<strong>br</strong> />

todos. scnipre. e con1 todos os que denunciaram. declararam crer na Lei de<<strong>br</strong> />

MoisCs para salvaq2o de sua aln~a.<<strong>br</strong> />

Era ali tambem que disseram como foram instruidos na dita Lei. 0<<strong>br</strong> />

ensino forafeito pelopai'f poralgum conhecidol', porum parentel:. Segundo<<strong>br</strong> />

Leon Poliakov. freqiientemente era encarso da miie de familia e das mulheres<<strong>br</strong> />

de um modo geral a transmissso da heresia judaica. posiqiio endossada por<<strong>br</strong> />

Anita Novisnky". Para a heresia citara em Montaillou. Ladurie tambern<<strong>br</strong> />

Iocalizou nas mulheres a fonte de difusiiol". Para os cristiios-novos do Rio de<<strong>br</strong> />

Janeiro. ha necessidade de compilaqilo de outros processos para chegannos<<strong>br</strong> />

a uma conclus~io; havia mulheres denunciadas como transmissoras da<<strong>br</strong> />

heresia. mas havia tambem homens.<<strong>br</strong> />

Na sessiio Crenqa, ocorrida ap6s as primeiras sessbes de confissiio,<<strong>br</strong> />

declararam-se. como todos os cristHos-novos. arrependidos. e crer na lei de<<strong>br</strong> />

Jesus Cristo corno a ilnica boa para a salvaq2o de suas almas.<<strong>br</strong> />

A priticajudaica mais conhecida, admitidana confissiio. e mencionada<<strong>br</strong> />

tambem nas contraditas. denirncias e inquiriqbes de testemunhas do Rio de<<strong>br</strong> />

Janeiro dos processos. era a relativa aos ritos alimenticios. 0 cristiio-velho<<strong>br</strong> />

Juliiio Rangel de Sousa. escriv2o da Crimara do Rio de Janeiro e tabeliiio


judicial. declarou que Mateus era temente a Deus e bom catolico. e que. em<<strong>br</strong> />

conversa corn outras pessoas. foi contado um caso em que:<<strong>br</strong> />

Tendo o dito Mateus alsumas caFonetes afogadas parajantar no sitio<<strong>br</strong> />

do sogro. recusando um seu cunhado por nome Miguel dc Rarrosacomer<<strong>br</strong> />

do dito peise. o dito Mateus entcndendo que o cunhado n<strong>rio</strong> cornia por<<strong>br</strong> />

ser pcise de pele ou couro. proihido pela Lei de Moisi-s. o estranhara c<<strong>br</strong> />

fizera ao dito cunhado comer h forc;a o dito peise. e nessn mesma ocasir'lo<<strong>br</strong> />

ouviu tamhi-m contar que Mateus fizera castigar e repreender aspernmente<<strong>br</strong> />

uma escrava de seu sogro que o servia ncsta cidade por Ihe ndo<<strong>br</strong> />

ter deitado toucinho na panela. entendendo a dita escrava que tambi-m<<strong>br</strong> />

n5o o ~ omia~~.<<strong>br</strong> />

Na casa de AntBnio de Barros nHo se comia toicinho? Mas comia-se<<strong>br</strong> />

peixe de pele? Eram ou nzo obsewantes das regras alimentares judaicas? E<<strong>br</strong> />

dificil responder a estas questaes; o que fica claro, no entanto, atraves da<<strong>br</strong> />

leitura dos processos, alem do conhecimento de alguns costumes judaicos, e<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>etudo a existencia da press20 social, o medoque havia de ser considerado<<strong>br</strong> />

"herege" pela comunidade.<<strong>br</strong> />

D.Brites, em sua confiss20. disse fazer os jejuns judaicos, e que certa<<strong>br</strong> />

vez, no Dia Grande de setem<strong>br</strong>o, estando doente e fraca, nHo fizera o dito<<strong>br</strong> />

-jejum, mas em seu lugar dera uma esmola, acreditando que isso satisfaria os<<strong>br</strong> />

preceitos da lei, no que foi reassegurada por seus dois meio-irmHo~~~.<<strong>br</strong> />

Tanto a comunidade cristg-velha, como a cristCnova, sabia perfeitamente<<strong>br</strong> />

"como reconhecer urn judaizante", seguindo as instruqaes dos<<strong>br</strong> />

Monito<strong>rio</strong>s Inquisitoriais, desde a primeira VisitaqHo afixados hs portas das<<strong>br</strong> />

igrejas da Co16nia".<<strong>br</strong> />

E sabiam mais, tinharn absoluta consciencia de quem era cristgo-velho<<strong>br</strong> />

e quem tinha "parte de crist2o-novo", sabendo inclusive por que via o sangue<<strong>br</strong> />

"infecto" chegara a essas pessoas.<<strong>br</strong> />

Um depoimento de cristzo-velho informa que Mateus era bom crist2o:<<strong>br</strong> />

"segundo os atos exte<strong>rio</strong>res do reu ... entende que vivia como catolico, fazia<<strong>br</strong> />

esmolas a po<strong>br</strong>es, ia a missas, confessava, comungava ..." . Essa mesma<<strong>br</strong> />

testemunha, t2o generosa quanto ao comportamento "exte<strong>rio</strong>r" do reu, sabia.<<strong>br</strong> />

por ter ouvido dizer seu pai e outras pessoas antigas "que o reu era cristsonovo<<strong>br</strong> />

por parte de sua avo patema"IR. Esse tip0 de depoimento repete-se em<<strong>br</strong> />

todos os processos examinados, tendo partido de varias testemunhas<<strong>br</strong> />

cristb-velhas. 0s crist2os-novos presos, ao denunciarem seus iguais. tam-


Pm apontam a via de infecqZo do sangue destes.<<strong>br</strong> />

Assim, a documentaqgo sugere que a comunidade fluminense sabia<<strong>br</strong> />

perfeitamentequem eraquem. Talvez issoexpliqueem parte o comportamento<<strong>br</strong> />

endogimico nso so da familia Barros, mas dc outras fnmilias cristss-novas:<<strong>br</strong> />

nso seriam somente os cristsos-novos que procurariani casar-se entre si. mas<<strong>br</strong> />

os crist<strong>rio</strong>s-velhos qile desejavam impedir a "macula" no sangue de seus<<strong>br</strong> />

descendentes. Relacionavam-se com os crist<strong>rio</strong>s-novos. freqiientavam suas<<strong>br</strong> />

casas. batizavam seus filhos e tinham filhos batizados por eles, utilizavam<<strong>br</strong> />

seus serviqos profissionais, mas evitavam o casamento.<<strong>br</strong> />

Ainda. endogarnia talvez para proteger o "segredo do judaismo"?'" Na<<strong>br</strong> />

familia Rarros parece pouco provhvel; n8o declararam nenhuma pratica ou<<strong>br</strong> />

cerim6nia que ngo tivesse sido ja declinada pelos inquisidores nas sessdes In<<strong>br</strong> />

Gener-ee InSpecie: n5o demonstraram nenhum conhecimento alem daqueles<<strong>br</strong> />

enumerados nos Monito<strong>rio</strong>s; demoraram a confessar. acreditando. talvez, na<<strong>br</strong> />

justiqa dos inquisidores, que ao final reconheceriam seu comportamento de<<strong>br</strong> />

bons cristgos. Sebastiso de Lucena Montarroio. quando da prisso dos irmSos<<strong>br</strong> />

Ximenes, declarou que n%o acreditava na inocencia deles, "e qile so creria<<strong>br</strong> />

que tambem se prendessem inocentes se o prendessem a ele re^^"'^.<<strong>br</strong> />

E Mateus foi ainda mais longe; apos ter confessado seus crimes. e estar<<strong>br</strong> />

cumprindo pena nasgales, foi a Mesa do Santo Oficioe revogou sua confiss20,<<strong>br</strong> />

dizendo t6-la feito fa!samente por medo da morte; reiterou ser bom catolico,<<strong>br</strong> />

nunca ter judaizado e ter denunciado a todos por medo. e que nZo conhecia<<strong>br</strong> />

nenhum herege. Novamente preso e processado, apes inquiriqbes para<<strong>br</strong> />

determinar o grau de sanidade mental do reu. os inquisidores disseram que<<strong>br</strong> />

ele havia feito a revogaqso sob tentaq<strong>rio</strong> e induqzo do dern6nio. Foi considerado<<strong>br</strong> />

rCu convict0 e confesso no crime de heresia e apostasia, e relasado a<<strong>br</strong> />

justiqa secular"a quem pedem com muita instincia se hajam com ele benigna<<strong>br</strong> />

e piedosamente e nZo procedam a pena de morte com efusjo de sangue"".<<strong>br</strong> />

Morreu na fogueira no auto-de-fe de 10 dc outu<strong>br</strong>o de 173-3.<<strong>br</strong> />

0 sincretismo judaico na ColBnia<<strong>br</strong> />

A cultura judaica tradicional fundnmenta-se em dois patamares: a<<strong>br</strong> />

escola e a casa. ou sqia, a sinagoga. onde os judeus eram alfabetizados e


instruidos na etica e principios da religiBo. e a cultura domestica. as praticas<<strong>br</strong> />

diarias de higiene. alimentaqgo e cele<strong>br</strong>aqBo". Um dos elementos dessa<<strong>br</strong> />

cultura. a escola. foi proibida e pnticamente desapareceu da vida dos cristBosnovos<<strong>br</strong> />

portugueses: a cultura domestica continuou. em parte, com aquelas<<strong>br</strong> />

praticas e cele<strong>br</strong>aq6es de "portas a dentro": entretantb. essas prliticas<<strong>br</strong> />

esvaziaram-seao longodasgeraqbes"e ha necessidade dcestlrdosespecificos<<strong>br</strong> />

para os va<strong>rio</strong>s locais e epocas para distinguir exatamente o que permaneceu.<<strong>br</strong> />

Judaizantes conscientes 011 mito fa<strong>br</strong>icado pela InquisiqBo? Essa<<strong>br</strong> />

quest'io tem sido discutida pelos autores que se dedicaram ao estudo dos<<strong>br</strong> />

cristgos-novos, como Jose Antbnio Saraiva. Israel Revah, Anita Novinsky e<<strong>br</strong> />

Yirmiyahu Yovel.<<strong>br</strong> />

Saraiva e Revah representam as duas posiqnes mais radicais: para o<<strong>br</strong> />

primeiro, a Inquisiq,io foi a "fi<strong>br</strong>ica de judeus"". e para o segundo. os<<strong>br</strong> />

cristgos-novos eram cripto-judeus conscientes ". Anita Novinsky, em seu<<strong>br</strong> />

estudo so<strong>br</strong>e a Bahia seiscentista. analisando os mercadores. classificou-os<<strong>br</strong> />

como "homens divididos", qire n5o podiam ser nem crist2os nem judeus.<<strong>br</strong> />

tornando-se em grande parte ceticos'".<<strong>br</strong> />

"CPticos" e uma das categorias de marranos que Y.Yovel encontrou<<strong>br</strong> />

na comunidade portuguesa de AmsterdB no seculo XVII; havia tambCm<<strong>br</strong> />

aqueles cripto-ludeus, que considera como minoria. ao contra<strong>rio</strong> de Revah;<<strong>br</strong> />

a terceira categoria seria a dos "bons cristBos", que, geraqgo apos a<<strong>br</strong> />

conversgo. nascidos catcilicos. sinceros na fe. com o tempo foram finalmente<<strong>br</strong> />

absorvidos pela cultura crist2. e formariam o contingente maior".<<strong>br</strong> />

Cecil Roth" e o rnesmo Yovel apontam o sincretismo do judaismo com<<strong>br</strong> />

as manifestaqaes cathlicas; o judaismo cada vez mais foi impregnado de<<strong>br</strong> />

categorias e simbolos cristBos. Anita Novinsky, em seu estudo so<strong>br</strong>e os<<strong>br</strong> />

cristgos-novos da Bahia, encontrou manifestaqdes desse sincretismo. como<<strong>br</strong> />

no epis6dio da imagem de santa Teresa que Duarte Roiz Ulhoa mantinha em<<strong>br</strong> />

seu engenho, e que representaria n2o santa Teresa. mas sim a filha queimada<<strong>br</strong> />

em Lisboa'".<<strong>br</strong> />

Com o tempo. foi ficando cada vez mais dificil a pratica dojudaismo:<<strong>br</strong> />

as regras e costumes da Lei de Moises se apagavam gradualmente da memoria<<strong>br</strong> />

ti medida que a comunidade cristB-nova cada vez mais ficav;! isolada do<<strong>br</strong> />

mundo oficial judaico de fora da peninsula Iberica (exceqgo aos homens de<<strong>br</strong> />

negocio e mercadores, que certamente mantinham esses contatos). A dificuldade<<strong>br</strong> />

de comunicaq50, a proibiqRo da manutenq20 de escolas. do ensino da<<strong>br</strong> />

lingua da Riblia. e. principalmente. o perigo mortal de ser descoberto pela<<strong>br</strong> />

Inquisiq2o limitaram a pratica judaica as poucas leis mantidas na memoria.


Segundo Yovel isso lev011 a uln acordo intimo desses antigos judeus: manter<<strong>br</strong> />

uma parte da lei e descumprir a outra. comprometendo a pratica de costumes<<strong>br</strong> />

consideradosessenciais, comoacircuncisFio, em favordaquelesque poderiam<<strong>br</strong> />

ser mais fhcil e secretarnente obser~ados'~.<<strong>br</strong> />

Desse modo. o que esistiria seria o qile Roth classificou como a<<strong>br</strong> />

"religiio rnarrana". ou sqja. 11m judaismo dominado pela simbologia e vis2o<<strong>br</strong> />

de mundo cristis", e sua expressgo maxima seria a ideia da salvaqio. n%o na<<strong>br</strong> />

Lei de Cristo. mas sim na Lei de Moises; e a salvaq2o. concebida a maneira<<strong>br</strong> />

crist2, ulna vezque para ojudaismo n2o e fundamental o conceito de salvaq8o<<strong>br</strong> />

para um mundo futuro, pos-morte, mas sim a pureza da vida diaria,<<strong>br</strong> />

cornpletada pelas "rnitzvas", ou "boas aqdes", embora sempre existindo a<<strong>br</strong> />

crenqa no Messias libertador. Assirn, ao voltar-se para a salva@o corno sua<<strong>br</strong> />

preocupaqio religiosa central. esses crist2os-novos mostravam tanto a educa@o<<strong>br</strong> />

catolica como as suas cartncias: impedidos de manter a pratica diaria<<strong>br</strong> />

essencial do judaismo, superposicionaram uma interpretaq20 judaica a um<<strong>br</strong> />

conceito catolico: nso Jesus Cristo, mas a Lei de Moises era o caminho da<<strong>br</strong> />

verdadeira salvaqgo".<<strong>br</strong> />

Para Anita Novinsky, os inquisidores criaram urna nova categoria. o<<strong>br</strong> />

conceito de identidade sem pratica religiosa como indicio de judaismo: o<<strong>br</strong> />

cristgo-novo suspeito de praticar heresiajudaica poderia ser reconhecido pelo<<strong>br</strong> />

comportamento 011 pela identidade". Ou seja. a lnquisiq20 criando a identidade<<strong>br</strong> />

"crigt2-nova", a conscitncia da diferenqa: consciencia dos crist2osnovos.<<strong>br</strong> />

e conscitncia dos cristgos-velhos".<<strong>br</strong> />

A idPia desse judaismo sincrktico que teria permanecido na mernoria<<strong>br</strong> />

dos cristgos-novos portugileses e bastante interessante. Entretanto. aqui se<<strong>br</strong> />

coloca urna outra questgo: sincretismo realmente praticado pelos cristgosnovos.<<strong>br</strong> />

formi~ladoao longodo tempo, ou sincretismocriadopelos inquisidores?<<strong>br</strong> />

Na verdade. o judaismo encontrado na Col6nia no seculo XVI<<strong>br</strong> />

certarnente era diverso daquele dos sCculos seguintes: ate 1591, ano da<<strong>br</strong> />

prirneira Visitaqgo Inquisitorial, a aplicaqtio da legislaq2o restritiva praticamente<<strong>br</strong> />

inexistill no Brasil e havia a possibilidade de praticar o judaismo mais<<strong>br</strong> />

livremente. Ainda a proximidade com a geraqio dos primeiros conversos,<<strong>br</strong> />

antigos judeus. devia manter vivos na memoria desses cristgos-novos os<<strong>br</strong> />

principios da antiga religigo. Com a chegada dos visitadores. certamente o<<strong>br</strong> />

quadro mudou: a "teia de intriga'"' tomou o lugar da antiga solidariedade.<<strong>br</strong> />

o clima de liberdade foi substituido pelo de delaqgo. prisdes e inseguranp.<<strong>br</strong> />

Essa situaqio se manteve no decorrer do seculo XVII. no Nordeste<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>asileiro, onde a Inquisiqio continuou a agir. Assim, a memoria dojudaismo


talvez tenha sido paulatinarnente substituida pelo sincretislno das duas<<strong>br</strong> />

religibes (ou talvez os !nquisidores tenham transmitido esse sincretisrno aos<<strong>br</strong> />

crist5os-novos): havia. e claro, aqueles ceticos, descrentes. os hornens<<strong>br</strong> />

divididos; havia alguns que mantinham contato corn as cornunidades<<strong>br</strong> />

judaicas do mundo. especialmente durante o pe<strong>rio</strong>do holandCs, quando em<<strong>br</strong> />

Pernambuco a religitio judaica foi praticada abertamente; havia os mercadores.<<strong>br</strong> />

hornens de negocios que pela propria atividade mantiverarn contatos coln<<strong>br</strong> />

judeus e o judaismo durante todo o pe<strong>rio</strong>do colonial. Ainda, a propria<<strong>br</strong> />

Inq~lisiq50 facilitou, iqueles que desejasseni. o conhecirnento das praticas<<strong>br</strong> />

judaizantes. atraves dos Monito<strong>rio</strong>s afixados as portas das igre-jas (em bora ali<<strong>br</strong> />

.la estivesse declarado o sincretisrno na salvaqtio atraves da Lei de MoisCs).<<strong>br</strong> />

NO seculo XVIII, a rnernoria do judaismo traditional estava cada vez<<strong>br</strong> />

mais distante; as praticas e conceitos do judaismo sincretico, presentes; mas<<strong>br</strong> />

ate que ponto esse sincretismo era internalizado? No que acreditavarn esses<<strong>br</strong> />

cristtios-novos setecentistas?<<strong>br</strong> />

A quest,?o inicial continua: o Tribunal do Santo Oficio perseguia<<strong>br</strong> />

realmente os hereticos judaizantes, corno acredita o prof. Revah. ou os<<strong>br</strong> />

cristtios-novos eram um mito criado pela Inquisiqtio, corno diz o prof.<<strong>br</strong> />

Saraiva? Ou ainda, eram ceticos da religiso catolica, rnaus crist5os. representando<<strong>br</strong> />

urn potencial de retomo ao judaisrno corno resposta a repress50<<strong>br</strong> />

inquisitorial, corno acredita a prof. Novinsky? lsto 6. eram realrnente<<strong>br</strong> />

judaizantes os reus, cristtios batizados que praticavam a heresia? Alg~lns<<strong>br</strong> />

his to ria do re^'^ consideram que a lgreja estava cumprindo seu papel, e estava<<strong>br</strong> />

no seu direito ao perseguir, prender, e ate "relaxar ao <strong>br</strong>avo secular" os<<strong>br</strong> />

cristtios-novos; entretanto, e rnuito dificil deterrninar se realmente eram<<strong>br</strong> />

hereticos. Talvez sincreticos, alguns; lnaus cristtios. outros. No caso da<<strong>br</strong> />

farnilia estudada, nem hereticos, nem sincreticos. Quem sabe, ap6s a pristio.<<strong>br</strong> />

descrentes.<<strong>br</strong> />

NOTAS<<strong>br</strong> />

I- Regirnento do Santo Oficio da Inquisi~iio dos Reinos de Portu_eal (1640).<<strong>br</strong> />

1,isboa. Oficina de Manuel da Silva. 1640. p.251.<<strong>br</strong> />

2- I leresia : palavra derivada do _erego hnircsis, hoi,.cn, qi~c significa cscolher:<<strong>br</strong> />

corn o advento do cristianismio. heresia tornou-se tudo o que era contrii<strong>rio</strong> fi<<strong>br</strong> />

cristii. aquilo clue diversia da doutrina da Igrc,ia. Ribciro .lr. ,1030. I'eq~rena


l~istd<strong>rio</strong> dns heres~os. S<strong>rio</strong> Paulo. Papirus. 1989. p. 19. Ver tarnbtm Lc Goff.<<strong>br</strong> />

.lacqi~es(org.). t1Pr~:sies PI Sociifbs dan.7 I Elrr-ope prc;-it~drtstrielle - 1 le-lSe<<strong>br</strong> />

.si6cles. Paris. Mouton, 1968.<<strong>br</strong> />

3- Processo de Matcus dc Moura Fosaqa. cit.. scssfio In Genere. 1 I de main dc<<strong>br</strong> />

1716.<<strong>br</strong> />

4- Processo dc Scba


da Rahia - 1591-92. P.io de Janeiro. F.Briguict Rr Cia.. 1935. Nesta etliyiio<<strong>br</strong> />

tarnbtrn est6 publicado o "MonitO<strong>rio</strong> do lnquisidor Geral". p.XXX.<<strong>br</strong> />

18- Processo de Mateus de hloura Fogaya. cit.. testernunha padre Francisco<<strong>br</strong> />

Pinho de 13arredo. inq~~iriyiio do Rio dc Janeiro. 27 de lulho dc 1717.<<strong>br</strong> />

19- Essa tese foi dcfendida por RartolomC Rennassar no artigo "llne fitlcliti<<strong>br</strong> />

diflicile: les nouvcaus chrktlens de Rahia et de Rio de Janeiro nu XVlltrne et<<strong>br</strong> />

XVlIIPme sitcles". Hixtoire, iconomies et SociL;ths.n.2 annee. 1988.p 209-<<strong>br</strong> />

220.<<strong>br</strong> />

20- Processo de Sehastido dc Lucena Montarroio. cit.. contraditas. 21 de maryo<<strong>br</strong> />

de 1714. tardc.<<strong>br</strong> />

21- Processo de Mateus de Moura Foga~a. cit.. scntenca<<strong>br</strong> />

22- Ver Atlan. Henri. Enrrc le cristtrl et Ia,firniPe - essni srlr I'or,qnni:ation drr<<strong>br</strong> />

vivont. Paris. Seuil. 1979. cspecialmcntc o capitulo I1 "Israel en question".<<strong>br</strong> />

p.235-258 e "Henri Atlan" in 1dc;ias conten~porcineas - entrevistns do Le<<strong>br</strong> />

.\fonde, trad.Maria Lucia Rlumer. SAo Paulo. Atica. 1989. p. 17-25.<<strong>br</strong> />

23- Ver Poliakov. I... op.cit.. p.205 c seguintes.<<strong>br</strong> />

24- Saraiva. Jose Antdnio. op.cit<<strong>br</strong> />

25- Revah. Israel. "L'f-lcresie Marrane dans I'Europe Catholique du I5 au<<strong>br</strong> />

I 8tme siPcle". In Le Goff. Jacques (org.) IfirPsie et SocrPth. op.cit.. p.327-342.<<strong>br</strong> />

26- Novinsky. Anita. Cri.~~<strong>rio</strong>s-novos na Bol~io. Sdo Paulo. Perspectiva. 1972.<<strong>br</strong> />

27- Yovel. Yirmiyahu. Sp~norn and Other Fleretics - Tlie .\.larrono of Reason.<<strong>br</strong> />

Princenton. Princenton University Press. 1989. vol. I. especialmente o capitulo<<strong>br</strong> />

2 '-Spinoza. the Marrano of Reason". p. 15-39, Ver tarnbCm Novinsky. Anita.<<strong>br</strong> />

"Les Marranes: le .judaisme laiquc dans Ic Nouveau Monde" . Ponoromrr/~res.<<strong>br</strong> />

CondC-sur-Noireau. Corlet. 1992. p.92-96. Cabe aqui urn esclarecirnento<<strong>br</strong> />

quanto aos termos "rnarrano" e "cripto-.judeu": rnarrano C urna palavra de<<strong>br</strong> />

origern espanhola. que niio aparece na doc~~rnentayiio portuguesa: tern sido<<strong>br</strong> />

utilizada no rnesrno sentido que cripto-.judeu. ou sqia. aqueles que. rnesrno<<strong>br</strong> />

depois deconvertidos. continuaram fiiis iantiga religijo (Ver Novinsky. Anita.<<strong>br</strong> />

"Jewish Roots of Brazil". op.cit.. p.34); neste trabalho optarnos pelo uso do<<strong>br</strong> />

terrno cristdo-novo. por ser o que aparcce na documenta~lio esarninada. Ainda.<<strong>br</strong> />

crist<strong>rio</strong>-novo 6 urna categoria criada pela Inquisiqiio portuguesa niio sendo urna<<strong>br</strong> />

classificaq5o judaica. isto C. ndo obedcce a nenhum preceito rcligioso ou<<strong>br</strong> />

ci~ltural judaico: ao contri<strong>rio</strong>. por vczes os contraria. corno quando classifica<<strong>br</strong> />

como ':judeus" os filhos de rnscs niio-judias. conforme foi o caso dos filhos de<<strong>br</strong> />

escravas corn cristlios-novos, enquanto para os judeus. slio judeus os filhos de<<strong>br</strong> />

rn'ies judias, ou aqueles convertidos h religiiio judaica.<<strong>br</strong> />

28- Roth. Cecil. A History ofrile \forranos. Apud Poliakov. L.. op.cit.. p. 197-<<strong>br</strong> />

295.<<strong>br</strong> />

29- Novinsky. Anita. Crlst<strong>rio</strong>s-novos na Bnhia. op.cit.. p. 132.


30- Yovel. Y.. op.cit.. p.20<<strong>br</strong> />

31- Apud Poliakov. L.. op.cit.. p.197: ver tambem Yovel. Y.. op.cit.. p.21 e<<strong>br</strong> />

seguintes.<<strong>br</strong> />

32- Yovel. Y., op.cit. p.21<<strong>br</strong> />

33- Novinsky. Anita. ".luifs et nouveaus chretiens du Portusal" in Michoulan.<<strong>br</strong> />

tienri (dir.). Les ./7rr/s d'tlspngne: liisloire d'nne diaspom - 1492-1992, op.cit..<<strong>br</strong> />

p.96.<<strong>br</strong> />

34- Ver Todorov. T. .Yozrs el les alrtres - la rijlesionJran~aise szrr lo diversit6<<strong>br</strong> />

I~~rmaine. Paris. Seuil. 1989 e Kristeva. lulia. ~trangers B nous-meme. Paris.<<strong>br</strong> />

Fayard. 1988.<<strong>br</strong> />

35- Ver Vainfas. Ronaldo. "A teia da intriga: dela~<strong>rio</strong> e moralidade na<<strong>br</strong> />

sociedade colonial" in Vainfas. R. (or?). I-list<strong>rj</strong>ria e se.~~ralrdadc no Rrosrl. Rio<<strong>br</strong> />

de Janeiro. Graal. 1986. p.9-18.<<strong>br</strong> />

36- Ver Rennassar. B. (org). I. 'lnc/lrisition Espagnole LYl'e - X%Ye si6cle) Paris.<<strong>br</strong> />

Flachette. 1977: Azcvcdo. lo30 Lucio. Hisrdria dos cristdos-novos portuR7reses.<<strong>br</strong> />

1,isboa. Livraria Classics Editora. 1922.


A aq2o do Tribunal da Santa Inquisiq20 nos trinta primeiros anos do<<strong>br</strong> />

seculo XVIII. enviando cerca de trezentas pessoas do Rio de Janeiro para os<<strong>br</strong> />

carceres inquisitoriais de Lisboa, revelou a fragilidade da elite crist2-nova<<strong>br</strong> />

'<strong>br</strong>asileira. Evidenciou-se. naquele momento, algo que a comunidade crist3-<<strong>br</strong> />

nova e a comunidade cristii-velha sabiam de longa data: quem tinha ou n2o<<strong>br</strong> />

correndo em suas veias sangue de judeus. Sangue este que tornava essas<<strong>br</strong> />

pessoas sujeitas aos irnpedimentos legais. que restringiam seu acesso as<<strong>br</strong> />

universidades. a Igreja, aos cargos burocriticos.<<strong>br</strong> />

A analise da familia Barros permite afirmar que havia relativa facilidade<<strong>br</strong> />

em escapar deste cerco legal. uma vez que crist2os-novos estudaram na<<strong>br</strong> />

Universidade de Coirn<strong>br</strong>a e participaram da administraq<strong>rio</strong> colonial. ocupando<<strong>br</strong> />

altos postos na vida politica. AntGnio de Barros. seu filho Sebastiao de<<strong>br</strong> />

Lucena Montarroio e seu genro Agostinho de Paredes estudaram Leis em<<strong>br</strong> />

Coim<strong>br</strong>a; Antbnio e Sebastigo foram procuradores da CBmara do Rio de<<strong>br</strong> />

Janeiro; outros cristgos-novos formaram-se medicos e, de volta ao Rio de<<strong>br</strong> />

Janeiro. assumiram cargos oficiais. como medicos da CBmara ou do Presidio.<<strong>br</strong> />

Tambern na Igreja, apesar dos impedimentos, encontramos crist2os-novos;<<strong>br</strong> />

um inn20 de Antbnio de Barros, Manuel de Barros, era padre do habito de<<strong>br</strong> />

S3o Pedro; Mateus e Manuel de Moura Fogaqa. genros de AntBnio, tinham<<strong>br</strong> />

dois tios padres.<<strong>br</strong> />

Outro aspect0 a ressaltar 6 o fato de os cristgos-novos inte, Orarern uma<<strong>br</strong> />

rede familiar de modelo patriarcal, muito proxima ao descrito por Gilberto<<strong>br</strong> />

Freyre parao Nordeste seiscentista. Essa teia familiar permeava praticamente<<strong>br</strong> />

todas as atividades da vida desses crist2os-novos fluminenses; mais de 50%.<<strong>br</strong> />

entre homens e mulheres, estavam ligados, por atividade profissional ou por<<strong>br</strong> />

parentesco, ao cultivo da cana e fa<strong>br</strong>ico do aqi~car.<<strong>br</strong> />

Uma preocupa@o constante desse grupo familiar que estudamos, de<<strong>br</strong> />

base rural, eraenviarseus filhos auniversidadedecoim<strong>br</strong>a. deonde voltaram


paraatuar nacidade do Rio de Janeirocorno medicos e advogados. 0 Exercito<<strong>br</strong> />

foi tarnbCrn urna atraq3o para os descendentes de judeus: alguns dos filhos<<strong>br</strong> />

desses senhores forarn niilitares: outros. eserciarn atividades urbanas. corno<<strong>br</strong> />

no corni.rcio: liavia aqueles que atuavarn nos engenhos. em fi~nqdes tecnicas<<strong>br</strong> />

e adrninistrativas.<<strong>br</strong> />

Dentre os 228 hornens crist2os-novos rnoradores no Rio de Janeiro,<<strong>br</strong> />

presos ou denunciados pelo Tribunal do Santo Oficio, encontranios profissionais<<strong>br</strong> />

liberais corno advogados (8%), medicos (3S0/o). padres (3%): 7%<<strong>br</strong> />

dedicavarn-se ao cornercio. 9% eram militares, 5% estudantes de grarnatica<<strong>br</strong> />

e 3.jo/0 estavarn envolvidos em outras profissdes, colno carpinteiros ou<<strong>br</strong> />

rnusicos. Cerca de 30% desses cristgos-novos estavarn nos engenhos; 13%<<strong>br</strong> />

corno senhores. 17% corno lavradores, donos de partidos e rnestres de aqucar;<<strong>br</strong> />

2S0/0 dos crist3os-novos n2o indicaram sua atividade profissional, mas e certo<<strong>br</strong> />

que tinharn ligaqaes de parentesco corn aqueles voltados ao cultivo da canade-aqucar.<<strong>br</strong> />

So<strong>br</strong>e o grau de rniscigenaq20 entre cristgos-novos e cristfios-velhos, o<<strong>br</strong> />

estudo que fizernos revelou uma atitude constante: a endogarnia. 0 comportamento<<strong>br</strong> />

sexual e afetivo desta farnilia cristfi-nova nfio diferia em essencia das<<strong>br</strong> />

familias de elite cristgs-velhas: o adultC<strong>rio</strong> e o concubinato erarn habituais,<<strong>br</strong> />

sempre ocorrendo entre homens <strong>br</strong>ancos e rnulheres negras ou pardas,<<strong>br</strong> />

escravas ou forras. corn grande nurnero de filhos ilegitirnos.<<strong>br</strong> />

Urn traqo de prohnda significaqfio, talvez passive1 de vincular culturalrnente<<strong>br</strong> />

com o passado judaico, 6 o reconhecirnento que as farnilias cristgsnovas,<<strong>br</strong> />

corno os Barros, os Montarroio. os Paredes. tinham de se seus filhos<<strong>br</strong> />

bastardos, que nfio eram abandonados pelo pai. ao contra<strong>rio</strong>, recebiam<<strong>br</strong> />

cuidados. corno os filhos legitirnos enviados para estudar na Universidade de<<strong>br</strong> />

Coim<strong>br</strong>a, cursando Medicina, Leis e CBnones. ou encaminhados para o<<strong>br</strong> />

trabalho urbano, ou nos engenhos da familia corno rnestres de aqucar e outros<<strong>br</strong> />

cargos de direq2o. Enfim, n2o eram abandonados. e, so<strong>br</strong>etudo. n5o eram<<strong>br</strong> />

escravos: os pais esforqavam-se para liberta-los, corno demonstra o caso de<<strong>br</strong> />

JosC de Barros, que comprou e alfor<strong>rio</strong>u seus filhos juntamente corn a mZe.<<strong>br</strong> />

De rnodo geral. as familias cristb-novas estudadas reproduziam os<<strong>br</strong> />

padraes da sociedade colonial patriarcal. diferenciando-se. talvez, quanto aos<<strong>br</strong> />

cuidados dernonstrados corn seus filhos ilegitirnos.


Enfim, rede familiar patriarcal: o senhor de enyenlio cristgo-novo<<strong>br</strong> />

fluniinense tinlia urn filho estudando na Metrbpole. outro filho cuidando do<<strong>br</strong> />

engenho. e uni terceiro segi~indo a carreira militar. A autoridade do senhor<<strong>br</strong> />

era respeitada pela esposa. pelos filhos. pelas concubinas c pelos escravos; e<<strong>br</strong> />

mais, respeitada por aqueles que integravam a teia de rela~6es mantida pelo<<strong>br</strong> />

senhor: amigos. vizinhos, parentes.<<strong>br</strong> />

Embora esses laqos patriarcais parecessem solidos, diante da aq<strong>rio</strong> do<<strong>br</strong> />

Santo Oficio mostraram-se frrigeis: em pouco tempo, a Inquisi~30 conscguii~<<strong>br</strong> />

desintegrar a familia e a rede de relaqfies por ela estabelecida: todos<<strong>br</strong> />

denunciaram a todos. pais denunciaram filhos. filhos aos pais. vi;.inhos.<<strong>br</strong> />

amigos e parentes. de urn rnomento para o outro. viram-se enredados na teia<<strong>br</strong> />

da dela~go.<<strong>br</strong> />

Apos nossa anrilise, questiies essenciais ainda perduram: seriam os<<strong>br</strong> />

crist3os-novos fluminenses judeus praticantes? A farnilia Barros teria sido<<strong>br</strong> />

exceq3o ou regra dcntro da com~lnidade cristR-nova fluminense setecentista?<<strong>br</strong> />

Nos documentos so<strong>br</strong>e essa familia. encontramos os mesmos sinais<<strong>br</strong> />

ob.jetivos de praticas judaizantes e crenca na Lei de Moises que constam de<<strong>br</strong> />

processos de outras centenas de presos. As confissdes que esaminamos s30<<strong>br</strong> />

repetitivas e nRo comprovani definitivamente seu judaismo. Foram confissdes<<strong>br</strong> />

relatadas com o proposito de burlar os inquisidores. ou foram realmente<<strong>br</strong> />

confissdes de riti~ais praticados? Dificilmente poderemos apresentar uma<<strong>br</strong> />

resposta definitiva.<<strong>br</strong> />

Unla pista se apresenta: a quest20 da memoriadessa heresia,judaica. No<<strong>br</strong> />

seculo XIX, ap6s o fim do Tribunal do Santo Oficio, ja nRo havia ameaqas<<strong>br</strong> />

ob-ietivas e tampouco a proibi~Ro da pratica da religigo judaica. Mas nRo ha<<strong>br</strong> />

registros nem pesquisas so<strong>br</strong>e cristRos-novos no Brasil que tenham voltado<<strong>br</strong> />

a antiga crenqa no seculo XIX; o conhecimento dos antigos rituais hi se<<strong>br</strong> />

apagando e dissipou-se quase completamente, ao menos exte<strong>rio</strong>rmente;<<strong>br</strong> />

resquicios esparsos de praticas "de porta a dentro" podem ser encontrados<<strong>br</strong> />

ate hqje em familias de ancestrais coloniais. que n20 foram aindadevidamente<<strong>br</strong> />

pesquisados.<<strong>br</strong> />

Ao final deste trabalho. o que dizer do "judaismo" da familia Barros?<<strong>br</strong> />

Nzoe de se descartar a hipotesede que a Inquisi~Rotenlia traballlado motivada<<strong>br</strong> />

pelos seus interesses econ6micos; afinal os cristiios-novos constituiam Irma<<strong>br</strong> />

burguesia <strong>br</strong>asileira. rica, influentee pensante. Oexame de seus processos nRo


trouxe nenhuma certeza de que eram realmente judaizantes. 0 Tribunal do<<strong>br</strong> />

Santo Oficio perseguiu. prendeu e penitenciou uma familia, um grupo social<<strong>br</strong> />

que possuia alto nivel socio-econ8mico e cultural; prendeu-os porque eram<<strong>br</strong> />

cristgos-novos. vulneraveis legal e socialmente, suspeitos constantes de uma<<strong>br</strong> />

suposta heresia; mas a excel2ncia de suas posses foi um fator decisivo na<<strong>br</strong> />

motiva~ao das esferas eclesiasticas e politicas da Metropole.


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as diligencias tomadas para a restauraq80 do Rio de Janeiro que os<<strong>br</strong> />

franceses tinham conquistado".<<strong>br</strong> />

'copia da carta que o sargent-mor de batalha Gaspar da Costa Athaide<<strong>br</strong> />

escreveu a Pedro de Vasconcelos em 18 de dezem<strong>br</strong>o de 171 1 so<strong>br</strong>e os<<strong>br</strong> />

franceses no Rio de Janeiro".<<strong>br</strong> />

l'copia da carta que escreveu AntBnio de Albuquerque a Pedro de Vasconcelos,<<strong>br</strong> />

datada do Rio de Janeiro, de 20 de dezem<strong>br</strong>o de 17 1 1 ".<<strong>br</strong> />

"copia da carta que o <strong>gov</strong>emador da capitania de S5o Paulo. AntGnio de<<strong>br</strong> />

Albuquerque Coelllo de Carvalho, escreveu a 6 de novem<strong>br</strong>o de 171 1 a<<strong>br</strong> />

d.Lourenqo de Almeida, so<strong>br</strong>e os mesmos sucessos".<<strong>br</strong> />

'copia da carta que .AntGnio de Albuquerque escreveu a d.Lourenqo de<<strong>br</strong> />

Almeida, Rio de Janeiro, 6 de novem<strong>br</strong>o de 1712".<<strong>br</strong> />

-"copia da carta do <strong>gov</strong>emador do Rio de Janeiro, Francisco de Castro, a<<strong>br</strong> />

d.Lourenqo de Almeida em 15 de novem<strong>br</strong>o de 171 5".<<strong>br</strong> />

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0s senhores e os engenhos - I<<strong>br</strong> />

scnhor tle engenho<<strong>br</strong> />

frefuesia<<strong>br</strong> />

cscr:ivos<<strong>br</strong> />

gntlo<<strong>br</strong> />

valor<<strong>br</strong> />

Iiodrigo Mende.; dc<<strong>br</strong> />

I'arcdt-s<<strong>br</strong> />

Manuel de Paredes<<strong>br</strong> />

cla Costa*<<strong>br</strong> />

Irni3<<strong>br</strong> />

X J<<strong>br</strong> />

16:000?00<<strong>br</strong> />

Agostinho de<<strong>br</strong> />

I'aredcs (clr.)<<strong>br</strong> />

lrnjd<<strong>br</strong> />

Etigenho clo<<strong>br</strong> />

Campintlo<<strong>br</strong> />

4 7<<strong>br</strong> />

66<<strong>br</strong> />

-30.000<<strong>br</strong> />

cr~~zados<<strong>br</strong> />

Agostinlio de<<strong>br</strong> />

1' at . cdes .<<strong>br</strong> />

.lose Cnrreia<<strong>br</strong> />

Ximcncs<<strong>br</strong> />

IrajB<<strong>br</strong> />

Engenho da<<strong>br</strong> />

Cru7<<strong>br</strong> />

18<<strong>br</strong> />

7 dorli.<<strong>br</strong> />

vhrias<<strong>br</strong> />

cabecas<<strong>br</strong> />

18.000<<strong>br</strong> />

cruzados<<strong>br</strong> />

.lose Paclieco de<<strong>br</strong> />

Azevedo<<strong>br</strong> />

Ira.jB<<strong>br</strong> />

5 0<<strong>br</strong> />

hois<<strong>br</strong> />

50.000<<strong>br</strong> />

cruzados<<strong>br</strong> />

I.uis de Paredes<<strong>br</strong> />

.loBo Afonso de<<strong>br</strong> />

Oli\,cira<<strong>br</strong> />

lrqjri<<strong>br</strong> />

Anthio de Rarros<<strong>br</strong> />

Irni;?<<strong>br</strong> />

"Capiio"<<strong>br</strong> />

JacarepaguB<<strong>br</strong> />

"Covanca"<<strong>br</strong> />

Manuel de Parcdes<<strong>br</strong> />

da Silva*<<strong>br</strong> />

.lacarepa_euh<<strong>br</strong> />

Engcnho da<<strong>br</strong> />

Scrra<<strong>br</strong> />

(Real d0,4gua)<<strong>br</strong> />

5 0<<strong>br</strong> />

Sebasti.50 da<<strong>br</strong> />

Fonscca Co~ttinho<<strong>br</strong> />

Jncarepagua<<strong>br</strong> />

40 e<<strong>br</strong> />

tantos<<strong>br</strong> />

40 e<<strong>br</strong> />

tantos<<strong>br</strong> />

12.000<<strong>br</strong> />

cruzados<<strong>br</strong> />

Fonte:<<strong>br</strong> />

Novinsky, Anita. /ii~.rti/dt.io.s. op. cit. e Pt.occ.s.sos tlcr<<strong>br</strong> />

It7c/ltisi(~io c/e 1.1.c-hon, citados.<<strong>br</strong> />

* dados de Lishoa. Baltliazar da Silva. .-lt7t?trc.s do Rio c/c<<strong>br</strong> />

.Irrt7cit.o. op. cit.


0s senhores e os engenhos - I1<<strong>br</strong> />

Diogo de Lucena<<strong>br</strong> />

M ontarro i o<<strong>br</strong> />

Bento de Lucena<<strong>br</strong> />

Jog0 Gomes da<<strong>br</strong> />

Silva Pereira<<strong>br</strong> />

Cosmo de Azeredo<<strong>br</strong> />

Jacutinga<<strong>br</strong> />

Jacutinga<<strong>br</strong> />

"Guaguaqu"<<strong>br</strong> />

Itambi<<strong>br</strong> />

Itambi


0 s partidos


Genealogia I1<<strong>br</strong> />

A Via Paterna<<strong>br</strong> />

Genealogia I11<<strong>br</strong> />

A Via Materna - 0s Paredes I<<strong>br</strong> />

I I I I<<strong>br</strong> />

R eatnz de Paredcs Foringo Mendcs Agoshnho Luis dc Farerles<<strong>br</strong> />

dn rlr Fitrcles de Paredes dn


Genealogia IV<<strong>br</strong> />

A Via Materna - 0s Lucena<<strong>br</strong> />

AntAnlo de Lucena --<<strong>br</strong> />

dn<<strong>br</strong> />

--I.--<<strong>br</strong> />

.......<<strong>br</strong> />

Mlinica Martlns<<strong>br</strong> />

ii<<strong>br</strong> />

I I I<<strong>br</strong> />

Susana C;~tal~na FranL~sco Alvajo Esperanqa Beatr~z<<strong>br</strong> />

de Lucena de Lucena de Lucena de Lucena de Lucena de Lucena<<strong>br</strong> />

Genealogia V<<strong>br</strong> />

A Via Materna - 0s Montarroio I<<strong>br</strong> />

Sebastieo - -<<strong>br</strong> />

de Lucena<<strong>br</strong> />

Montarrolo<<strong>br</strong> />

...<<strong>br</strong> />

Isabel<<strong>br</strong> />

Rarreta<<strong>br</strong> />

(1 '' nupclas)<<strong>br</strong> />

Beatriz<<strong>br</strong> />

de Paredes<<strong>br</strong> />

(2.' nupclas)<<strong>br</strong> />

dn<<strong>br</strong> />

I<<strong>br</strong> />

Nascenqa de Lucena Dlogo de Lucena Esperanqa<<strong>br</strong> />

Montarrolo Montarroio de<<strong>br</strong> />

Azeredo<<strong>br</strong> />

#<<strong>br</strong> />

lo20 da Fonseca<<strong>br</strong> />

Coutlnho<<strong>br</strong> />

........... Antbnlo<<strong>br</strong> />

de kledanha<<strong>br</strong> />

Sebastl'ao da ......... Catarina<<strong>br</strong> />

de Moura<<strong>br</strong> />

Cout~nho<<strong>br</strong> />

dn<<strong>br</strong> />

Lucena<<strong>br</strong> />

Barros<<strong>br</strong> />

dn


Genealogia VI<<strong>br</strong> />

A Via Materna - 0s Montarroio I1<<strong>br</strong> />

Dlog~, de Luccna<<strong>br</strong> />

;2 lontarroro<<strong>br</strong> />

till<<strong>br</strong> />

Brrrcs dc<<strong>br</strong> />

Lucena<<strong>br</strong> />

Franc~scn dc Lucena<<strong>br</strong> />

\lnnti~rroio<<strong>br</strong> />

r:<<strong>br</strong> />

Luis :\lvarcs<<strong>br</strong> />

hlontarm~o<<strong>br</strong> />

Manuel dc<<strong>br</strong> />

Llcln e<<strong>br</strong> />

Castro<<strong>br</strong> />

lnhcra Gnrnes<<strong>br</strong> />

I<<strong>br</strong> />

Dlogo de Lucena<<strong>br</strong> />

h4ontarroro<<strong>br</strong> />

Sehastrin de<<strong>br</strong> />

Luccna<<strong>br</strong> />

Antfinlo dc ilcln<<strong>br</strong> />

tin<<strong>br</strong> />

Manuel de Mdo<<strong>br</strong> />

dn<<strong>br</strong> />

E\peranva da S~lva<<strong>br</strong> />

Dlogo da Srlva<<strong>br</strong> />

Francisco Xa\ rer<<strong>br</strong> />

da S~l>a<<strong>br</strong> />

dn


Genealogia VII<<strong>br</strong> />

A Via Materna - 0s Paredes I1<<strong>br</strong> />

Sehastl'nn de<<strong>br</strong> />

Lucena<<strong>br</strong> />

hlontarrnln<<strong>br</strong> />

il " nupclas)<<strong>br</strong> />

Rr~te\ de<<strong>br</strong> />

Lucenn<<strong>br</strong> />

Dingo de<<strong>br</strong> />

Lucrna<<strong>br</strong> />

\lonIarrolo<<strong>br</strong> />

d n<<strong>br</strong> />

Catarlna<<strong>br</strong> />

hlnrques<<strong>br</strong> />

dn<<strong>br</strong> />

\lanuel<<strong>br</strong> />

-1. .I\ , ares<<strong>br</strong> />

Rnld,io<<strong>br</strong> />

lose<<strong>br</strong> />

Gnrnes<<strong>br</strong> />

SlI\.a<<strong>br</strong> />

dn<<strong>br</strong> />

Genealogia VIII<<strong>br</strong> />

A Via Materna - 0s Paredes I11<<strong>br</strong> />

Agosrlnho de Paredes<<strong>br</strong> />

hlanuel dr Paredes da Costa<<strong>br</strong> />

Isahel de Lucena<<strong>br</strong> />

a<<strong>br</strong> />

lsahel Gornes da Costa<<strong>br</strong> />

'f<<strong>br</strong> />

Francisco de Paredes<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

Gahrlel dr Paredcs<<strong>br</strong> />

tl<<strong>br</strong> />

Leonor bkndes<<strong>br</strong> />

H<<strong>br</strong> />

Lowenga hlendes<<strong>br</strong> />

t!


Genealogia IX<<strong>br</strong> />

A Via Materna - 0s Paredes IV<<strong>br</strong> />

I<<strong>br</strong> />

.\gnst~nhi> de Paredes<<strong>br</strong> />

.\nn dc .\/c.redn<<strong>br</strong> />

dn iln<<strong>br</strong> />

Genealogia X<<strong>br</strong> />

A Via Matema - Parentes<<strong>br</strong> />

Catnrlana<<strong>br</strong> />

hlarques<<strong>br</strong> />

dn<<strong>br</strong> />

Isabel<<strong>br</strong> />

Il.~rros<<strong>br</strong> />

Sllva<<strong>br</strong> />

kfanucl<<strong>br</strong> />

Parmies<<strong>br</strong> />

Sil~d<<strong>br</strong> />

dn<<strong>br</strong> />

ncnto dc<<strong>br</strong> />

I.ucen;~<<strong>br</strong> />

dn


Genealogia XI<<strong>br</strong> />

0s Genros (Moura Foga~a)<<strong>br</strong> />

I<<strong>br</strong> />

Manuel de bfourn Fogaqa<<strong>br</strong> />

I<<strong>br</strong> />

padre Jo5o<<strong>br</strong> />

tie hlourn<<strong>br</strong> />

I<<strong>br</strong> />

padre Franc~sco<<strong>br</strong> />

de blourn<<strong>br</strong> />

frelra Ana de<<strong>br</strong> />

\lourn<<strong>br</strong> />

I<<strong>br</strong> />

Manuel de h,loura<<strong>br</strong> />

Ana dehlnura<<strong>br</strong> />

dn<<strong>br</strong> />

Gulmar dc<<strong>br</strong> />

Lucena<<strong>br</strong> />

dn<<strong>br</strong> />

Banolomru<<strong>br</strong> />

Gnmes da<<strong>br</strong> />

Costa<<strong>br</strong> />

dn<<strong>br</strong> />

Genealogia XI1<<strong>br</strong> />

A Nora: 0s Pereira<<strong>br</strong> />

I<<strong>br</strong> />

JnRo Games da S~lva ........... Catarlna de<<strong>br</strong> />

Pere~ro<<strong>br</strong> />

Azeredo<<strong>br</strong> />

dn<<strong>br</strong> />

(1" nhpc~as)<<strong>br</strong> />

Andreza Perera<<strong>br</strong> />

13" nilpcla5)<<strong>br</strong> />

Franc~sco<<strong>br</strong> />

Ana Sndre Camr~na Job Gornes Antbnlo<<strong>br</strong> />

Pere~ra da Sllvn Sodre de Azeredo Venrura<<strong>br</strong> />

ii Pere~ra Pere~ra Pere~ra<<strong>br</strong> />

4 1


Advogados cristiios-novos moradores no<<strong>br</strong> />

Rio de Janeiro (1 703- 1730)<<strong>br</strong> />

Antdnio de Burros<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- formado em Coirn<strong>br</strong>a em 1657<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- defunto<<strong>br</strong> />

Agostinho de Paredes<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- formado em Coirn<strong>br</strong>a em 1682<<strong>br</strong> />

- preso em lo de janeiro de 17 14<<strong>br</strong> />

- azrto-de-fe': 14 de outu<strong>br</strong>o de 17 17<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpCtuo<<strong>br</strong> />

Belqttior Henriqzies da Silva<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- formado em Coirn<strong>br</strong>a em 1704<<strong>br</strong> />

- preso em 1 1 de outu<strong>br</strong>o de 1 71 2<<strong>br</strong> />

- aztto-de-fi: 9 de julho de 17 13<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Danric7n Rodrigties Moedu<<strong>br</strong> />

- natural de Portugal<<strong>br</strong> />

- advogado<<strong>br</strong> />

- preso em 6 de outu<strong>br</strong>o de 171 0<<strong>br</strong> />

- auto-de-fk: 16 de julho de 17 1 1<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Domingos Tei~eira da A4ata<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- formado em Coim<strong>br</strong>a em 1699<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- n2o foi preso


ficir7crsco Gorne.~ Denis<<strong>br</strong> />

- natural do Rio dc Janeiro<<strong>br</strong> />

- fonnado ern Coim<strong>br</strong>a em 1707<<strong>br</strong> />

- preso ern 99 de out~~<strong>br</strong>o de 1 7 14<<strong>br</strong> />

- crz~to-c1e-f;; I6 de fevereiro de 1716<<strong>br</strong> />

- pena : carcerc e habito penitenc~al a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

G'l~illlernle Cor~ie.r<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- formado em Coim<strong>br</strong>a em 1677<<strong>br</strong> />

- deni~nciacio<<strong>br</strong> />

- defunto<<strong>br</strong> />

G11ill7err?le Gomcs Mot~rfio<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- formado em Coim<strong>br</strong>a em 1722(apos a pristio)<<strong>br</strong> />

- (711to-dc-fC;. 9 de julho de 1713<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Incicio Ccirdo.~o ck. Areredo<<strong>br</strong> />

- nahrral do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- formado em Coim<strong>br</strong>a em 1700<<strong>br</strong> />

- preso em 1 1 de outu<strong>br</strong>o de 1712<<strong>br</strong> />

- tr~~to-de,fc:: 9 de julho de I 713<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpktuo<<strong>br</strong> />

.JoFio .-ih1nre.r Fig~rcird<<strong>br</strong> />

- nat~rral do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- formado em Coim<strong>br</strong>a em 1697<<strong>br</strong> />

- preso em 17 10<<strong>br</strong> />

- c~~/to-dc,fi: 26 de julho de 171 1<<strong>br</strong> />

- pena : circere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

./ado ~l~lendes dci Silva<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- formado em Coim<strong>br</strong>a em 169 1<<strong>br</strong> />

- preso em I0 de outu<strong>br</strong>o de 1 7 12<<strong>br</strong> />

- ullto-de+: 9 de julho de 171 3<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habit0 penitencial a arbit<strong>rio</strong>


JoEo Peres Caldeira<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- formado em Coim<strong>br</strong>a em 1686<<strong>br</strong> />

- preso em 10 de fevereiro de 1 7 14<<strong>br</strong> />

- defunto nos carceres<<strong>br</strong> />

- auto-de-jk: 14 de outu<strong>br</strong>o de 1 7 14<<strong>br</strong> />

Lzris Machado Homem<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- formado em Coim<strong>br</strong>a em 1693<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- n%o foi preso<<strong>br</strong> />

Manzrel Correia Vasqzres<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- formado em Coim<strong>br</strong>a em 1 70 1<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- n%o foi preso<<strong>br</strong> />

Manziel Lopes de Morais<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- formado em Coim<strong>br</strong>a em 1704<<strong>br</strong> />

- preso em 1 1 de outu<strong>br</strong>o de 1 7 12<<strong>br</strong> />

- auto-de+: 9 de julho de 1 7 13 .<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Manzrel de Paredes<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- formado em Coim<strong>br</strong>a em 1698<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- dehnto<<strong>br</strong> />

Martim Correia de Sd<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- formado em Coim<strong>br</strong>a 1695<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- nFio foi preso


Adiguel de Castro Lara<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- formado em Coim<strong>br</strong>a em 1693<<strong>br</strong> />

- preso em setem<strong>br</strong>o de 1 7 10<<strong>br</strong> />

- azrto-de,fi: 26 de julho de 171 1<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

SrhasriGo de Lucena Montarroio<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- formado em Coim<strong>br</strong>a em 1695<<strong>br</strong> />

- preso em 1714<<strong>br</strong> />

- az~to-de$&: 24 de outu<strong>br</strong>o de 17 17<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo


Medicos crist5os-novos moradores no Rio<<strong>br</strong> />

de Janeiro (1 703- 1 730)<<strong>br</strong> />

Antdnio Correia Ximenes<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho de Luis Machado, advogado<<strong>br</strong> />

- formado em Coim<strong>br</strong>a em 1686<<strong>br</strong> />

- n8o foi denunciado<<strong>br</strong> />

- defunto<<strong>br</strong> />

Diogo Cardoso Cozltinho<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho do senhor de engenho Baltasar Rodrigues Coutinho<<strong>br</strong> />

- formado em Coim<strong>br</strong>a em 1704<<strong>br</strong> />

- preso em 10 de outu<strong>br</strong>o de 17 12<<strong>br</strong> />

- azito-degi: 9 de julho de 171 3<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Franci.sco de Siqzreira Machado<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- formado em Coim<strong>br</strong>a em 1680<<strong>br</strong> />

- preso em 30 de outu<strong>br</strong>o de 1708<<strong>br</strong> />

- auto-de-fP: 30 de junho de 1709<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

JoBo Nzme~s C'izeli<<strong>br</strong> />

- natural de Portugal<<strong>br</strong> />

- preso em 8 de outu<strong>br</strong>o de 17 10<<strong>br</strong> />

- auto-de-fi: 26 de julho de 17 1 1<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

JoGo da Mota Leite<<strong>br</strong> />

- natural de Amarante, Portugal<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- defunto


JoGo T017ici.~ de Casfro<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho de Miguel de Castro Lara. advogado<<strong>br</strong> />

- formado em Coim<strong>br</strong>a em 1721<<strong>br</strong> />

- atito-de--: I3 de outu<strong>br</strong>o de 1726<<strong>br</strong> />

- pena : relaxado ao <strong>br</strong>ago secular como reu diminuto e impenitente<<strong>br</strong> />

./o.YC; Raniires do Vale<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho de Manuel do Vale<<strong>br</strong> />

- formado em Coim<strong>br</strong>a em 1682<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- defunto<<strong>br</strong> />

Teocioro Pereira da Costa<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho de Diogo Pereira. homem de negocios<<strong>br</strong> />

- formado em Coim<strong>br</strong>a em 1709<<strong>br</strong> />

- preso em 24 de outu<strong>br</strong>o de 17 16<<strong>br</strong> />

- azito-de--: 16 de junho de 1720<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpCtuo


Homens de negocios crist5os-novos<<strong>br</strong> />

moradores do Rio de Janeiro (1 700- 1730)<<strong>br</strong> />

Agost inho .Y;nienes<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- contratador do sal<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- nZo foi preso<<strong>br</strong> />

Jos6 Gornes Silva<<strong>br</strong> />

- natural de Portugal<<strong>br</strong> />

- contratador e senhor de engenho<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- allto-de-fe': 14 de outu<strong>br</strong>o de 1 7 14<<strong>br</strong> />

- em fuga,queimado em estatua<<strong>br</strong> />

Andrk de Burros<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- contratador para as Minas<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- auto-de-fe: 14 de outu<strong>br</strong>o de 17 14<<strong>br</strong> />

- em hga, queimado em estatua<<strong>br</strong> />

Jodo Gonles de Burros<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- homem de negocios<<strong>br</strong> />

- preso em 1 1 de outu<strong>br</strong>o de 17 12<<strong>br</strong> />

- auto-de-fe': 9 de julho de 17 13<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Alexundre Henriqlles<<strong>br</strong> />

- natural de Sabugal, Portugal<<strong>br</strong> />

- mercador<<strong>br</strong> />

- auto-de+: 10 de outu<strong>br</strong>o de 1704<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong>


Antdnio da Costa Szttil<<strong>br</strong> />

- rnercador<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- defunto<<strong>br</strong> />

Antdnio do Vctle Mesqrtita<<strong>br</strong> />

- natural de Lisboa<<strong>br</strong> />

- rnercador<<strong>br</strong> />

- preso em 7 de outu <strong>br</strong>o de 1 7 10<<strong>br</strong> />

- attto-de-jk: 26 de julho de 17 1 1<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Dztarte Rodriiqies Nztnes<<strong>br</strong> />

- natural de Portugal<<strong>br</strong> />

- rnercador<<strong>br</strong> />

- aztto-de-fe': 6 de setern<strong>br</strong>o de 1705<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Francisco Anrdnio Rodrigztes<<strong>br</strong> />

- natural de Portugal<<strong>br</strong> />

- rnercador<<strong>br</strong> />

- azrto-defk: 30 de junho de 1709<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e hlbito penitencial perpCtuo<<strong>br</strong> />

Sima'o Farto<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- rnercador<<strong>br</strong> />

- preso em outu<strong>br</strong>o de 1 7 12<<strong>br</strong> />

- azrro-de-fe': 9 de julho de 17 13<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Manztel Cardoso de Azevedo<<strong>br</strong> />

- natural de Po.flugal<<strong>br</strong> />

- mercador<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- n2o foi preso


Agostinho Lopes Flores<<strong>br</strong> />

- natural de Coruche, Portugal<<strong>br</strong> />

- tratante<<strong>br</strong> />

- preso em 3 de novem<strong>br</strong>o de 1708<<strong>br</strong> />

- auto-de+: 30 de junho de 1709<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Amaro de Miranda Cozltinho<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- tratante<<strong>br</strong> />

- preso em 6 de outu<strong>br</strong>o de 17 10<<strong>br</strong> />

- auto-de-fc:: 26 de julho de 171 1<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

Llris Matoso<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- tratante<<strong>br</strong> />

- auto-de+: 9 de julho de 17 13<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong>


CristZios-novos moradores no Rio de<<strong>br</strong> />

Janeiro que ocuparam cargos na<<strong>br</strong> />

administraqzo colonial ( 1 700- 1 73 0)<<strong>br</strong> />

:I ntcjnio cle Burros<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- procurador da C21nara do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- defunto<<strong>br</strong> />

Tonib Concu Vu.rqz~es<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- alcaide-mor do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- ntio foi preso<<strong>br</strong> />

Frunciso de Andrade<<strong>br</strong> />

- natural de Portugal<<strong>br</strong> />

- tesoureiro da C2mara do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- defunto<<strong>br</strong> />

I;rc~nc~.~co Nzmt.r du Costa<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- meirinho e escrivtio da Cimara do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- preso em 8 de novem<strong>br</strong>o de 1715<<strong>br</strong> />

- allto-de;fi: 16 de fevereiro de 1716<<strong>br</strong> />

- penas espirituais<<strong>br</strong> />

.Jodo Correia ,'ii'menes<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- tabelizo<<strong>br</strong> />

- preso em outu<strong>br</strong>o de 1 7 12<<strong>br</strong> />

- uzrro-de-$k: 9 de julho de 171 3<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo


Mantle/ da Costa du Fonseca<<strong>br</strong> />

- almoxarife<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- n2o foi preso<<strong>br</strong> />

Manzrel Correia Vasqz~es<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- juiz da alfindega do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- n2o foi preso


Militares criseos-novos moradores no Rio<<strong>br</strong> />

de Janeiro (1 703-1 730)<<strong>br</strong> />

Antdnio Zzcarte<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- capitgo<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- n5o foi preso<<strong>br</strong> />

Francisco ,bier Correia<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- sargento<<strong>br</strong> />

- attto-de:@: 14 de outu<strong>br</strong>o de 171 7<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

Francisco ,bier<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- soldado de infantaria<<strong>br</strong> />

- auto-de-f6: 10 de outu<strong>br</strong>o de 1723<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

Incicio de Andrade Soares<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- soldado de infantaria<<strong>br</strong> />

- auto-de-fk: 14 de outu<strong>br</strong>o de 17 17<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

Incicio de Oliveira<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- soldado de infantaria<<strong>br</strong> />

- auto-de+: 9 de julho de 171 3<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

JoCo Correia Ximenes<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- soldado de infantaria<<strong>br</strong> />

- alrto-de-f6: 10 de outu<strong>br</strong>o de 1723<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito que se tira no auto


Jodo Gontes Sodrc; Pereira<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- soldado de infantaria<<strong>br</strong> />

- preso em 1" de novem<strong>br</strong>o de 1720<<strong>br</strong> />

- auto-de-fe': 10 de outu<strong>br</strong>o de 1723<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

Jos; Correia<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- soldado de cavalos<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

' - defunto<<strong>br</strong> />

Jost; Lopes Ledo<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- soldado<<strong>br</strong> />

- auto-defd: 14 de outu<strong>br</strong>o de 1 7 1 7<<strong>br</strong> />

- pena : chrcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

Jocio de Ahreit Pereira<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- mestre de campo<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- n8o foi preso<<strong>br</strong> />

Lziis Mendes da Silva<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- capit20 de ordenan~a<<strong>br</strong> />

- auto-de-$2: 9 de julho de 171 3<<strong>br</strong> />

- pena : chrcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Lzr;.~ I'ieira<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- soldado de infantaria<<strong>br</strong> />

-preso em 23 de agosto de 1725<<strong>br</strong> />

- auto-defk: 13 de outu<strong>br</strong>o de 1726


Lziis de Puredes<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de janeiro<<strong>br</strong> />

- soldado de infantaria<<strong>br</strong> />

- auto-de+: I0 de outu<strong>br</strong>o de 1723<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

- preso segunda vez por culpa de falsidade<<strong>br</strong> />

- auto privado de fe: 27 de marqo de 1727<<strong>br</strong> />

Munzrel C~zrdoso de Azevedo<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- capit80<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- n%o foi preso<<strong>br</strong> />

Munziei Rodrigues de LeZo<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- soldado de infantaria<<strong>br</strong> />

- auto-defk: 16 de junho de 1720<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Murtim Correiu de Sa<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- sargento-mor<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- n8o foi preso<<strong>br</strong> />

Mi


Pedro I\ fende.~ SinGcs<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- capita0 de ordenanqa<<strong>br</strong> />

- preso em 14 de novem<strong>br</strong>o de 1715<<strong>br</strong> />

- allto-de-fe': 16 de fevereiro de 1 716<<strong>br</strong> />

- pena : circere e hibito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Sul~~uckor da Fonseca<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- soldado infante<<strong>br</strong> />

- preso em 13 de fevereiro de 1725<<strong>br</strong> />

- arrro-de-J&: 6 de maio de 1725<<strong>br</strong> />

Sehastiiio da Fonseca Cozrtinho<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- tenente-coronel da cavalaria<<strong>br</strong> />

- preso em 29 de outu<strong>br</strong>o de 17 15<<strong>br</strong> />

- azrto-dc,fi: 16 de junho de 1720


Estudantes de gramatica cristsos-novos<<strong>br</strong> />

moradores no Rio de Janeiro (1 700- 1730)<<strong>br</strong> />

Andrr' d ~i I 'eigu Frcire<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- preso em 2 de dexem<strong>br</strong>o de 1718<<strong>br</strong> />

- auto-clc-SL;. 16 de junho de 1720<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpkuo<<strong>br</strong> />

.Intdnio de Melo<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- nlo foi preso<<strong>br</strong> />

Belqz<strong>rio</strong>r da Fonseca Ddria<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- preso em 1 1 de outu<strong>br</strong>o de 1 7 12<<strong>br</strong> />

-auto-de-jd: 9dejulhode 1713<<strong>br</strong> />

- ciircere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Belquior Henriqzres dn Siha<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- preso em outu<strong>br</strong>o de 17 12<<strong>br</strong> />

- uzrro-de,fb: 9 de julho de 1 7 13<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habit0 penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Diogo Farto<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- preso em 22 de outu<strong>br</strong>o de 171 4<<strong>br</strong> />

- alrro-defb: I 6 de fevereiro de I 7 1 6<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Diogo da Sihla Monfurroio<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- auto privado de fe I 1 de setem<strong>br</strong>o de 1723<<strong>br</strong> />

- preso segunda vez como falsa<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

- auto privado de fe: 27 de marqo de 1727


JerBnimo Henriques<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- auto particular de fe: 17 de junho de 17 15<<strong>br</strong> />

- penas espirituais<<strong>br</strong> />

Josd Gonles de Paredes<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- preso em 20 de agosto de 172 1<<strong>br</strong> />

- auto-de-f&: I0 de outu<strong>br</strong>o de 1723<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

Josk de Siqueira Machado<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- auto-de+: 9 de julho de 17 13<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

Ltris Fernandes Crato<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- preso em outubiro de 1 7 12<<strong>br</strong> />

- auto-de+: 9 de julho de 171 3<<strong>br</strong> />

Manuel de Paredes<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- auto privado de fe 14 de janeiro de 172 1<<strong>br</strong> />

- preso segunda vez como falsa<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

- auto privado de f6 27 de marqo de 1727


Padres cristiios-novos moradores no Rio de<<strong>br</strong> />

Janeiro ( 1 700- 1 73 0)<<strong>br</strong> />

Berito Cur~foso<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- sacerdote do habito de S5o Pedro<<strong>br</strong> />

- preso em I " de janeiro de 17 14<<strong>br</strong> />

- defunto nos carceres em 1 7 14<<strong>br</strong> />

- az~to-dc,fi: 20 de setem<strong>br</strong>o de 1733<<strong>br</strong> />

Dntvingo.~ de :Izerec/o<<strong>br</strong> />

- nat~~ral do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- sacerdote do habito de S5o Pedro<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- n5o foi preso<<strong>br</strong> />

Frnr7cisco Mendes<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- sacerdote do habito de SBo Pedro<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- n50 foi preso<<strong>br</strong> />

Frnrtcl~co de Puredes<<strong>br</strong> />

- nati~ral do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- sacerdote do habito de SBo Pedro<<strong>br</strong> />

- preso em novem<strong>br</strong>o de 1716<<strong>br</strong> />

- UZIIO-deTfi: I6 de junho de 1720<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpktuo sem remiss50 com insignias de<<strong>br</strong> />

fogo, cinco anos de gales. privado para sempre de exercer suas ordens<<strong>br</strong> />

.JoC?o Peres Caldeiru<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- sacerdote do habito de S2o Pedro<<strong>br</strong> />

- preso em I0 de fevereiro de 17 14<<strong>br</strong> />

- defunto nos carceres<<strong>br</strong> />

- az~to-de-fi: 14 de outu<strong>br</strong>o de 17 14


Manzrel de Barros<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- sacerdote do habito de SBo Pedro<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- n8o foi preso<<strong>br</strong> />

Jou'o de Mozlra de Santa Maria<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- frade do mosteiro de Santo Antbnio<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- n5o foi preso


Cristiios-novos moradores no Rio de<<strong>br</strong> />

Janeiro - outras profiss6es (1 700- 1 730)<<strong>br</strong> />

Francisco Gomes da Silva<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- caixeiro<<strong>br</strong> />

- auto-de-fe': em ~vora<<strong>br</strong> />

Francisco de Paredes<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- caixeiro<<strong>br</strong> />

- preso em 13 de marGo de 1723<<strong>br</strong> />

- azrto-de-fe': 10 de outu<strong>br</strong>o de 1723<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

Agostinho Monteiro<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- alfaiate<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- n%o foi preso<<strong>br</strong> />

JoGo da Cnlz<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- alfaiate<<strong>br</strong> />

- auto-de-fe': 16 de junho de 1720<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

Ant6nio Cardoso<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- pescador<<strong>br</strong> />

- auto-de-fe': 16 de fevereiro de 1 7 16<<strong>br</strong> />

Afanbsio Mendes<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- m~isico - harpista da Companhia de Jesus<<strong>br</strong> />

-preso em 31 de outu<strong>br</strong>o de 1720<<strong>br</strong> />

- auto particular de fe: 2 1 de outu<strong>br</strong>o de 1723


Valentim Rodripies Moeda<<strong>br</strong> />

- natural de Portugal<<strong>br</strong> />

- musico<<strong>br</strong> />

- auto-de-fe': 24 de outu<strong>br</strong>o de 1 7 1 7<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Dornigos Batis ta<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- carpinteiro<<strong>br</strong> />

- arrto-de-je: 14 de outu<strong>br</strong>o de 1 7 1 7<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habit0 penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Ga<strong>br</strong>iel de Paredes<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- carpinteiro<<strong>br</strong> />

- preso em outu<strong>br</strong>o de 17 14<<strong>br</strong> />

- auto-de-jk: 16 de fevereiro de 1 7 16<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e hdbito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Francisco Mendes Sim6e.y<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- rnestre de meninos<<strong>br</strong> />

- preso em 1 " de janeiro de 1 7 14<<strong>br</strong> />

- atrto-de-fe': 14 de outu<strong>br</strong>o de 17 17<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habit0 penitencial perpetuo sem remiss20, corn insignias de<<strong>br</strong> />

fogo, cinco anos de gales


Senhores de engenho crist5os-novos<<strong>br</strong> />

moradores na cidade do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

(1 700-1 730)<<strong>br</strong> />

.4goslinho de Pnredes<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho em lra.ja<<strong>br</strong> />

- dono do engenho da Cruz<<strong>br</strong> />

- prisso decretada<<strong>br</strong> />

- defunto<<strong>br</strong> />

Agoslinho c/e Paredes (dr)<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- advogado formado em Coim<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho em Ira-ja<<strong>br</strong> />

- dono do engenho do Campinho<<strong>br</strong> />

- preso em I " de janeiro de 17 14<<strong>br</strong> />

- auto-&fG: 14 de outu<strong>br</strong>o de 17 17<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

,4 le.1-clndre Soares Pereiru<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho ern SZo JoZo do Meriti<<strong>br</strong> />

- preso em 20 de dezem<strong>br</strong>o de 1 708<<strong>br</strong> />

- n111o-c/e--: 30 de junho de 1709<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

Anttinio de Barros<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- advogado formado em Coim<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho em Jacarepagua e Iraja<<strong>br</strong> />

- dono do engenho da Covanca. em Jacarepagua, e do engenho do Cap2o. em<<strong>br</strong> />

Ira-ja<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- defunto


Boltasar Rodrigz~es Col~tinho<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho em S2o Jo2o do Meriti<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- defunto<<strong>br</strong> />

Bento de Lllcena A4ontarroio<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- senhor do engenho Gi~aguaqu. na fieguesia de Jacutinga<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- defunto<<strong>br</strong> />

Cosnie c/e .keredo<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho em ltambi<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- defunto<<strong>br</strong> />

Diogo de .I\ funtorroio<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho em Jacutinga<<strong>br</strong> />

- denunciado .<<strong>br</strong> />

- defunto<<strong>br</strong> />

.lodo ,+fon.so tie 0li1-eiru<<strong>br</strong> />

- natural de Lisboa<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho em lraja<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- n5o foi preso<<strong>br</strong> />

Jodo C'orrriu .Yit?ienes<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- tabeli5o<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho em S2o Jo5o do Meriti<<strong>br</strong> />

- preso em outu<strong>br</strong>o de 1712<<strong>br</strong> />

- a~~to-c/e~fi: 9 de julho de 1713<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo


Jodo Diqzle de Sozisa<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho em S%o Gonqalo<<strong>br</strong> />

- dono do engenho Vera Cn~z<<strong>br</strong> />

- preso em 1 0 de outu<strong>br</strong>o de 1 7 12<<strong>br</strong> />

- auto-de-fe': 14 de outu<strong>br</strong>o de 171 4<<strong>br</strong> />

- pena : relaxado a justiqa secular como rku convicto, negativo e pertinaz<<strong>br</strong> />

Jodo Gornes da Silva Pereira<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho em ltambi<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- n%o foi preso<<strong>br</strong> />

Jodo Rodrigties Calassa<<strong>br</strong> />

- natural de Elvas, Portugal<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho em SFio Gonqalo<<strong>br</strong> />

-presoemlOdeoutu<strong>br</strong>ode1712 .<<strong>br</strong> />

- avto-deyk: 9 de julho de 17 13<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Jodo Rodrigues do Vale<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho em Jacutinga<<strong>br</strong> />

- preso em 24 de outu<strong>br</strong>o de 17 10<<strong>br</strong> />

- auto-de$P: 26 de julho de 171 1<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpCtuo<<strong>br</strong> />

JosP Barreto de Faria<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- nFio foi preso


./OSL; Correia .'ti'n?enes<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho em Ira.i,i<<strong>br</strong> />

- dono do engenho da Cruz<<strong>br</strong> />

- preso em janeiro de 1 7 14<<strong>br</strong> />

- auto-de+. 9 de julho de 17 13<<strong>br</strong> />

- pena : circere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

.Jo.sP Gomc>.s .Silva<<strong>br</strong> />

- natural de Portugal<<strong>br</strong> />

- homem de negocios<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho em S%o<<strong>br</strong> />

Jo3o do Meriti<<strong>br</strong> />

- preso no Rio de Janeiro em 171 1<<strong>br</strong> />

- libertado pelos franceses comandadoq por Duyuay Trouin<<strong>br</strong> />

- auto-delfi:: 14 de outu<strong>br</strong>o de 17 14<<strong>br</strong> />

- em fuga, queimado em estatua<<strong>br</strong> />

Jost: Pacheco dc~ A:evcdo<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho em lraja<<strong>br</strong> />

- preso em 25 de marqo de 17 14<<strong>br</strong> />

- auto-de+: de 24 de outu<strong>br</strong>o de 17 17<<strong>br</strong> />

- penas espirituais<<strong>br</strong> />

Jose Rarnire.~ do i ale<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho em S3o Gon~alo<<strong>br</strong> />

- dono, juntamente com a m%e e os irrnAos, do engcnho Golamband6 da<<strong>br</strong> />

Invoca~Slo de Nossa Senhora de Montesserrate<<strong>br</strong> />

- preso em 10 de outu<strong>br</strong>o de 17 10<<strong>br</strong> />

- auto-de+: 26 de julho de 171 1<<strong>br</strong> />

- pena: carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

L11i.v de Paredc~.~<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho em Ira.$<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- defbnto


Manzrel de Mozrra Fogup<<strong>br</strong> />

- nahlral do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho em S5o Joiio do Meriti<<strong>br</strong> />

- dono do engenho da Covanca<<strong>br</strong> />

- preso em outu<strong>br</strong>o de 17 14<<strong>br</strong> />

- atrto-de+: 16 de fevereiro de 1 7 16<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

Manziel rlc Paredes dcr Costo<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho em Iraja<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- defunto<<strong>br</strong> />

Mantle1 de Paredes da ~ilv-a<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho em Jacarepagua<<strong>br</strong> />

- dono do engenho da Serra e do engenho Real d'Agua<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- defunto<<strong>br</strong> />

Mantrel do Vale da Silveira<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho em S5o Gonqalo<<strong>br</strong> />

- dono, junto com a m3e e os irrngos, do engenho Golamband6 da Invocaqiio<<strong>br</strong> />

de Nossa Senhora de Montesserrate<<strong>br</strong> />

- preso em 1 7 10<<strong>br</strong> />

- azcto-defi: 26 de junho de 17 1 1<<strong>br</strong> />

- pena : circere e habito penitencial perpet~~o<<strong>br</strong> />

Pedro Mendes Henriques<<strong>br</strong> />

- natural do Crato, Portugal<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho<<strong>br</strong> />

- preso em outu<strong>br</strong>o de 1 71 0<<strong>br</strong> />

- azrto-defG: 26 de julho de 17 1 1<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

- preso novamente em 12 de junho de 171 3<<strong>br</strong> />

- auto-de+: 9 de julho de 17 13<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo sem remiss50


Rodrigo Mende.7 de Pur.ede.7<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho em Iraja<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- defunto<<strong>br</strong> />

Suh~ador Corrciu<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- nZo foi preso<<strong>br</strong> />

Sehustiu'o du Fonseca Coutinho<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- tenente- coronel da cavalaria<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho em Jacarepagua<<strong>br</strong> />

- preso em 29 de outu<strong>br</strong>o de 17 15<<strong>br</strong> />

- auto-de+: 16 de junho de 1720<<strong>br</strong> />

SimGo Rodrigales de A ndrade<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho em SZo Gonqalo<<strong>br</strong> />

- dono. junto com a m2e e os irmtios, do engenho Golambande da InvocaqZo<<strong>br</strong> />

de Nossa Senhora de Montesserrate<<strong>br</strong> />

- preso em 9 de outu<strong>br</strong>o de 1 7 10<<strong>br</strong> />

- auto-de-ji: 26 de julho de 17 1 1<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpktuo<<strong>br</strong> />

Tomd Conca Vasq~ies<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- alcaide-mor do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- nZo foi preso


Lavradores cristilos-novos moradores no<<strong>br</strong> />

Rio de Janeiro (1 700- 1 730)<<strong>br</strong> />

.4ntdnio de Azeredo<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- lavrador de canas<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- n%o foi preso<<strong>br</strong> />

Bultasar de Azeredo<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- lavrador de canas<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- defunto<<strong>br</strong> />

Baltusar Rodrigties<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- lavrador<<strong>br</strong> />

- preso em 25 de marqo de 1714<<strong>br</strong> />

- auto-dc+: de 16 de fevereiro de 17 16<<strong>br</strong> />

- pena : chrcere e hhbito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

Bartolonieli Gomes da Costa<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- dono de partido de canas em lraia<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- defunto<<strong>br</strong> />

Belqt<strong>rio</strong>r Rodrigues<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- lavrador de mandioca em Silo Jo2o do Meriti<<strong>br</strong> />

- preso em 25 de agosto de 17 14<<strong>br</strong> />

- atito-defi?: 16 de fevereiro de 1 7 16<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e hhbito penitencial a arbit<strong>rio</strong>


Belqztior Rodriiqtes Brmo<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- lavrador de mandioca<<strong>br</strong> />

- preso em 29 de novem<strong>br</strong>o de 17 16<<strong>br</strong> />

- aza1o-tie-f6: 16 de junho de 1720<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Diogo Bernul rlu Fonsecca<<strong>br</strong> />

- natural de Portugal<<strong>br</strong> />

- dono de partido de canas em SZo Gonplo<<strong>br</strong> />

- preso em 9 de outu<strong>br</strong>o de 1 710<<strong>br</strong> />

- aztto-~k-jii: 26 de julho de 171 1<<strong>br</strong> />

- pena : carcere a habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Diogo Lopes F/ore.~<<strong>br</strong> />

- natural de Portugal<<strong>br</strong> />

- lavrador de cana<<strong>br</strong> />

- preso em 29 de outu<strong>br</strong>o de 1710<<strong>br</strong> />

- auto-c2'eTf&: 26 de julho de 17 1 1<<strong>br</strong> />

- pena : carc.ere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

- natural de Portugal<<strong>br</strong> />

- lavrador de cana<<strong>br</strong> />

- preso em 11 de outu<strong>br</strong>o de 1712<<strong>br</strong> />

- uzrto-de-fi: 9 de julho de 17 13<<strong>br</strong> />

- pena : circere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

Diogo Rodrigttes Sunches<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- lavrador de cana<<strong>br</strong> />

- preso em I 1 de outu<strong>br</strong>o de 1712<<strong>br</strong> />

- azt~o-tie~ji!: 9 de julho de 1713<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong>


Dotningos Rodr~gzres Rcnnires<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- dono de partido de canas em SBo Gonqalo<<strong>br</strong> />

- preso em 10 de outu<strong>br</strong>o de 17 10<<strong>br</strong> />

- auto-def6: 26 de julho de 17 1 1<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

Francisco Canlpos Silva<<strong>br</strong> />

- natural de Portugal<<strong>br</strong> />

- dono de partido de canas em lguaqu<<strong>br</strong> />

- preso em 6 de outu<strong>br</strong>o de 1 7 10<<strong>br</strong> />

- auto-de--6: 26 de julho de 17 1 1<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

Francisco Correia de Soz~sa<<strong>br</strong> />

- lavrador em S90 Gongalo<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- nBo foi preso<<strong>br</strong> />

Francisco dc~ Costa Burros<<strong>br</strong> />

- lavrador<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- nBo foi preso<<strong>br</strong> />

Incicio Cardoso de Azeredo<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- advogado formado em Coim<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

- dono de partido de canas ern S9o JoSo do Meriti<<strong>br</strong> />

- preso em 1 1 de outu<strong>br</strong>o de 17 12<<strong>br</strong> />

- aztto-defk: 9 de julho de 171 3<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

JoCo Aires de Agzrirre<<strong>br</strong> />

- lavrador em Inhauma<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- nfio foi preso


Joa'o Batista de Matos<<strong>br</strong> />

- natural de Portugal<<strong>br</strong> />

- lavrador de canas<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- n2o foi preso<<strong>br</strong> />

Joa'o da Fonseca Bernal<<strong>br</strong> />

- natural de Celorico, Portugal<<strong>br</strong> />

- dono de partido de cana em S%o Gongalo<<strong>br</strong> />

- auto-de-fP: 26 de julho de 171 1<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

JoZo Henriqz~es de Cmtro<<strong>br</strong> />

- natural de Portugal<<strong>br</strong> />

- dono de partido de cana em SBo Gon~alo<<strong>br</strong> />

-presoem 1712<<strong>br</strong> />

- auto-de-fe': 9 de julho de 171 3<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

Joa'o Rodrip~es de Andrade<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- lavrador de canas<<strong>br</strong> />

- preso em 1 1 de outu<strong>br</strong>o de 1712<<strong>br</strong> />

- auto-de-fb: 14 de outu<strong>br</strong>o de 1714<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpCtuo<<strong>br</strong> />

JoZo Soares de Mesquita<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- dono de partido de cana em S3o Gongalo<<strong>br</strong> />

- preso em 7 de outu<strong>br</strong>o de 17 1 0<<strong>br</strong> />

- auto-de-fe': 26 de julho de 171 1<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpktuo<<strong>br</strong> />

Joiio Tomas Brum<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- lavrador de cana<<strong>br</strong> />

- preso em outu<strong>br</strong>o de 171 0<<strong>br</strong> />

- auto-deqi: 26 de julho de 17 1 1<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong>


Josk Cut-valho Chaves<<strong>br</strong> />

- natural de Lisboa<<strong>br</strong> />

- lavrador de cana<<strong>br</strong> />

- preso em 22 de outu<strong>br</strong>o de 1 7 14<<strong>br</strong> />

- auto privado de fe: 17 de fevereiro de 171 6<<strong>br</strong> />

Josk Correiu (Ximenes)<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- lavrador<<strong>br</strong> />

- preso em janeiro de 17 14<<strong>br</strong> />

- auto-de-f6: de 14 de outu<strong>br</strong>o de 171 4<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

Josk du Fonseca Souro Maior<<strong>br</strong> />

- dono de partido de cana em Jacarepaguh<<strong>br</strong> />

- preso em 14 de fevereiro de 1725<<strong>br</strong> />

- atito-de-fe': 16 de outu<strong>br</strong>o de 1729<<strong>br</strong> />

Jos& Pinheiro<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- lavrador<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- n5o foi preso<<strong>br</strong> />

Luis Dique<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- dono de partido de mandioca em SBo Gon~alo<<strong>br</strong> />

- preso em 22 de outu<strong>br</strong>o de 17 14<<strong>br</strong> />

- auto-de+: 16 de fevereiro de 17 16<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habit0 penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Mantrel Comes Pereira<<strong>br</strong> />

- natural de Portugal<<strong>br</strong> />

- lavrador de canas<<strong>br</strong> />

- auto-de-fe': 26 de julho de 17 1 1<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo


Manuel Nzmes Vizezi<<strong>br</strong> />

- natural de Portugal<<strong>br</strong> />

- dono de partido de cana em Andarai<<strong>br</strong> />

- preso em 1710<<strong>br</strong> />

- atito-de-jig: 26 de julho de 1 7 1 1<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

Manuel Rodripres Penteado<<strong>br</strong> />

- natural de Portugal<<strong>br</strong> />

- lavrador de canas<<strong>br</strong> />

- azito-de-f6: 16 de fevereiro de 17 16<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpCtuo<<strong>br</strong> />

Pedro Hornem da Costa<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- lavrador de canas<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- n<strong>rio</strong> foi preso<<strong>br</strong> />

Pedro Rodripres de A<strong>br</strong>ezt<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- lavrador de cana<<strong>br</strong> />

- preso em 2 de janeiro de 17 14<<strong>br</strong> />

- auto-de-fe: 14 de outu<strong>br</strong>o de 17 14<<strong>br</strong> />

- pena: carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

Rodrigo Mendes de Paredes<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- dono de partido de canas em lraja<<strong>br</strong> />

- preso em outu<strong>br</strong>o de 1 7 12<<strong>br</strong> />

- auto-de+: 9 de julho de 17 13<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

Salvador Pais Barreto<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- lavrador de cana<<strong>br</strong> />

- preso em 30 de novem<strong>br</strong>o de 171 6<<strong>br</strong> />

- auto-de-jii: 16 de junho de 1720<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpktuo


Outras atividades rurais<<strong>br</strong> />

Felipe de Mendon~a<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- oficial de aqucar<<strong>br</strong> />

- auto-deye': 14 de outu<strong>br</strong>o de 1 7 1 7<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpCtuo<<strong>br</strong> />

Jose' Barreto<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- aguardenteiro<<strong>br</strong> />

- preso em marqo de 1 7 1 4<<strong>br</strong> />

- auto-defe': 16 de fevereiro de 17 16<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Francisco de Paredes<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- mestre de aqhcar<<strong>br</strong> />

- preso<<strong>br</strong> />

- defunto no mar<<strong>br</strong> />

- auto-de-fe': de 14 de outu<strong>br</strong>o de 1 7 1 4<<strong>br</strong> />

Gonqalo Comes<<strong>br</strong> />

- mestre de aqucar<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- n%o foi preso


Mineiros cristZos-novos moradores no Rio<<strong>br</strong> />

de Janeiro (1 700- 1730)<<strong>br</strong> />

Antbnio de Arevedo<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- n2o foi preso<<strong>br</strong> />

F6li.c Mendes Leite<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- preso em 1 " de dezem <strong>br</strong>o de 1 7 1 8<<strong>br</strong> />

- auto-de-fk: 16 de junho de 1720<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

Francisco de Lzrcena Montarroio<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- preso em 1 1 de outu<strong>br</strong>o de 17 1 1<<strong>br</strong> />

- auto-de-fi: 9 de julho de 17 13<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e hhbito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

JoGo dos Santos<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- auto-de-fk: 16 de junho de 1720<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e hhbito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Jose' de Burros<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- preso em janeiro de 17 14<<strong>br</strong> />

- atito-de-fk: 24 de outu<strong>br</strong>o de 1 7 17<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo sem remiss20 com insignias de<<strong>br</strong> />

fogo, degredo nas gales por cinco anos


Matetrs de Mozrra Fogaqa<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- preso em 1716<<strong>br</strong> />

- auto-de-fe': 16 de junho de 1720<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo sem remiss20 com insignias de<<strong>br</strong> />

fogo, degredo de cinco anos nas galis<<strong>br</strong> />

- preso novarnente em 1722 por ter revogado a confiss3o<<strong>br</strong> />

- auto-de-fe': 10 de outu<strong>br</strong>o de 1723<<strong>br</strong> />

- pena : relaxado a justiqa secular como convicto, ficto, falso, simulado.<<strong>br</strong> />

confitente, revogante e impenitente.


A familia Barros<<strong>br</strong> />

A ntdnio dc Barros<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho de Grego<strong>rio</strong> de Barros e Guiomar Rodrigues<<strong>br</strong> />

- advogado formado em Coim<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho<<strong>br</strong> />

- casado com d.Brites de Lucena<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- defunto<<strong>br</strong> />

D. Brites de Lzlcena<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filha de Sebasti3o de Lucena Montarroio e d.Beah.iz de Paredes<<strong>br</strong> />

- casada com Antdnio de Barros<<strong>br</strong> />

- presa em marc0 de 17 14<<strong>br</strong> />

- azrfo-de-fi: 24 de outu<strong>br</strong>o de 17 1 7<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo sem remiss30<<strong>br</strong> />

SebastiGo de Lzrcena Montarroio<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho de Antdnio de Barros e d.Brites de Lucena<<strong>br</strong> />

- advogado formado em Coim<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

- casado com d.Ana Sodre Pereira<<strong>br</strong> />

- pai deum filho ilegitimo. Antdnio. com umaescrava. que n5o foi denunciado<<strong>br</strong> />

nem preso<<strong>br</strong> />

-presoem 1714<<strong>br</strong> />

- azrto-de+: 24 de outu<strong>br</strong>o de 17 17<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

D. Ana Sodre' Pereira<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filha de JOZO Comes da Silva Pereira e d.Catarina de Azeredo<<strong>br</strong> />

- casada com Sebastigo de Lucena Montarroio<<strong>br</strong> />

- presa em 2 de a<strong>br</strong>il de 17 18<<strong>br</strong> />

- auto-de-fe': 16 de junho de 1720<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo


D. Atddnia de Barros<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filha de AntGnio de Barros e d.Brites de Lucena<<strong>br</strong> />

- casada com Mateus de Moura Fogaga, mineiro<<strong>br</strong> />

- denunciada<<strong>br</strong> />

- defunta<<strong>br</strong> />

i24a1ezrs de Moura Fogaqa<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho de Manuel de Moura Fogaga e Catarina Machada<<strong>br</strong> />

- casado com d.Ant6nia de Barros<<strong>br</strong> />

- preso em 17 16<<strong>br</strong> />

- auto-defi: 16 de junho.de 1720<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo sem remiss20 com insignias de<<strong>br</strong> />

fogo, degredo de cinco anos nas gales<<strong>br</strong> />

- preso novamente em 1722 por ter revogado a confiss2o<<strong>br</strong> />

- auto-de-jk: 10 de outu<strong>br</strong>o de 1723<<strong>br</strong> />

- pena : relaxado ao <strong>br</strong>ago secular como convicto, ficto, falso. simulado,<<strong>br</strong> />

confitente, revogante e impenitente.<<strong>br</strong> />

D. Isabel de Lucena<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filha de AntGnio de Barros e d.Brites e Lucena<<strong>br</strong> />

- casada com Agostinho de Paredes. advogado e senhor de engenho<<strong>br</strong> />

- m2e de dois filhos, Agostinho e Sebastigo, que foram denunciados, mas n20<<strong>br</strong> />

foram presos<<strong>br</strong> />

- presa em janeiro de 1 7 14<<strong>br</strong> />

- auto-de-fe': 14 de outu<strong>br</strong>o de 17 14<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

Agosfinho de Paredes<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho de Rodrigo Mendes de Paredes e Maria de Galegos<<strong>br</strong> />

- advogado formado em Coim<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho<<strong>br</strong> />

- preso em 1" de janeiro de 17 14<<strong>br</strong> />

- auto-de-fe': 24 de outu<strong>br</strong>o de 17 1 7<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpttuo


D.Gziimar de Lzicena<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filha de Ant6nio de Barros e d.Brites de Lucena<<strong>br</strong> />

- casada com Manuel de Moura Foga~a, senhor de engenho<<strong>br</strong> />

- m2e de seis filhas (Brites, Josefa, AntGnia, Maria. Guimar e Isabel Mariana)<<strong>br</strong> />

que foram denunciadas, mas n3o foram presas<<strong>br</strong> />

presa em marc0 de 1714<<strong>br</strong> />

- aziro-de--: 16 de fevereiro de 1716<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

A4anuel de Mozrra Fogaqa<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho de Manuel de Moura Foga~a e Catarina Machada<<strong>br</strong> />

- senhor de engenho<<strong>br</strong> />

casado com d.Guimar de Lucena<<strong>br</strong> />

- preso em outu<strong>br</strong>o de 1714<<strong>br</strong> />

- auto-de--: 16 de fevereiro de 1716<<strong>br</strong> />

- pena: carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

Josd de Barros<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho de Ant6nio de Barros e d.Brites de Lucena<<strong>br</strong> />

- mineiro<<strong>br</strong> />

- solteiro<<strong>br</strong> />

- pai de trCs filhos ilegitimos com uma mulata, ~rsula (AntBnio, Jose e<<strong>br</strong> />

Manuel), que n2o foram denunciados nem presos<<strong>br</strong> />

- preso em janeiro de 1714<<strong>br</strong> />

aziro-de-jd: 24 de outu<strong>br</strong>o de 17 17<<strong>br</strong> />

- pena : circere e habito penitencial perpetuo sem remiss50 com insi~nias de<<strong>br</strong> />

fogo, e degredo nas gales por cinco anos.<<strong>br</strong> />

Mipel de Barros<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho de Ant6nio de Barros e d.Brites de Lucena<<strong>br</strong> />

- soldado de cavalos<<strong>br</strong> />

- solteiro<<strong>br</strong> />

- pai de filhos ilegitimos<<strong>br</strong> />

- preso em janeiro de 17 14<<strong>br</strong> />

- auto-de-fe': 14 de outu<strong>br</strong>o de 1 7 14<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo


Ant6nio de Bnrros<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho de AntBnio de Barros e d.Brites de Lucena<<strong>br</strong> />

- sem oficio<<strong>br</strong> />

- solteiro<<strong>br</strong> />

- pai de filho ilegitirno<<strong>br</strong> />

- preso em lo de janeiro de 17 14<<strong>br</strong> />

- azrto-de-fb: 14 de outu<strong>br</strong>o de 1 7 14<<strong>br</strong> />

- pena : chrcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong>


Criseos-novos moradores no Rio de<<strong>br</strong> />

Janeiro (1 700- 1 730)<<strong>br</strong> />

Ilegitimihde<<strong>br</strong> />

Ana de Paredes<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filha ilegitima de Luis de Paredes, senhor de engenho e Leonor. 6reta forra<<strong>br</strong> />

da Guine<<strong>br</strong> />

- casada com Gonqalo Gomes, mestre de a~ucar e lavrador de cana<<strong>br</strong> />

- presa em 7 de outu<strong>br</strong>o de 1715<<strong>br</strong> />

- azito-de+: 16 de fevereiro de 1716<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e hfibito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

Antbnio Rodripres<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho ilegitimo de Domingos Rodrigues Ramires, lavrador, e da parda<<strong>br</strong> />

Mariana de Andrade<<strong>br</strong> />

- denunciado<<strong>br</strong> />

- defunto<<strong>br</strong> />

Antdnio<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho ilegitimo de SebastiBo de Lucena Montarroio, advogado, e da parda<<strong>br</strong> />

Maria<<strong>br</strong> />

- n8o foi denunciado<<strong>br</strong> />

- n3o foi preso<<strong>br</strong> />

Antcinio<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho ilegitimo de Jose de Barros, mineiro, e da mulata ljrsula<<strong>br</strong> />

- n30 foi denunciado<<strong>br</strong> />

- n5o foi preso


Atanhsio Mcndes<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho ilegitimo de Francisco Mendes Simbes. mestre de meninos<<strong>br</strong> />

- harpista da Companhia de Jesus<<strong>br</strong> />

- preso em 3 1 de outu<strong>br</strong>o de 1720<<strong>br</strong> />

- auto privado de fe: 2 1 de outu<strong>br</strong>o de 1723<<strong>br</strong> />

Brites de Je.~us<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filha ilegitima de Baltasar Rodrigues Coutinho, senhor de engenho, com<<strong>br</strong> />

Jer6nima Siqueira, filha de escrava<<strong>br</strong> />

- azrto-de,fi: 14 de outu<strong>br</strong>o de 1 7 14<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

~rites'de Paredes Gramachn<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filha ilegitima de Manuel de Paredes da Costa (ou de seu pai. Rodrigo<<strong>br</strong> />

Mendes de Paredes), senhor de engenho<<strong>br</strong> />

- casada com Agostinho Monteiro, alfaiate<<strong>br</strong> />

- presa em outu<strong>br</strong>o de 1715<<strong>br</strong> />

- azrto-de+: 16 de fevereiro de 1716<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Esperan~a dc Oliveira<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filha ilegitima de Inacio de Sousa<<strong>br</strong> />

- auto particular de f6: 30 de outu<strong>br</strong>o de 1717<<strong>br</strong> />

Fclipe de Mendonqa<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho ilegitimo de Luis de Paredes, senhor de engenho<<strong>br</strong> />

- mestre de aqucar<<strong>br</strong> />

- ozrto-de+: 14 de outu<strong>br</strong>o de 1 7 1 7<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo


Francisco de Paredes<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho ilegitimo de Agostinho de Paredes, senhor de engenho. e de uma parda,<<strong>br</strong> />

chamada Romaria<<strong>br</strong> />

- mestre de acucar<<strong>br</strong> />

- preso<<strong>br</strong> />

- defunto no mar<<strong>br</strong> />

- azrto-de-ye': 14 de outu<strong>br</strong>o de 1 7 14<<strong>br</strong> />

Francisco de Paredes (padre)<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho ilegitimo de Luis de Paredes, senhor de engenho<<strong>br</strong> />

- sacerdote do habito de Sgo Pedro<<strong>br</strong> />

- preso em novem<strong>br</strong>o de 1 7 1 6<<strong>br</strong> />

- auto-deye': junho de 1720<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo sem remissgo com insignias de<<strong>br</strong> />

fogo, cinco anos nas gales, privado para sempre de exercer suas ordens<<strong>br</strong> />

Francisco de Paredes<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho ilegitimo de Manuel de Paredes da Silva, senhor de engenho, e de uma<<strong>br</strong> />

parda chamada Esperanqa<<strong>br</strong> />

- caixeiro<<strong>br</strong> />

- preso em 13 de margo de 1723<<strong>br</strong> />

- auto-de-fe': outu<strong>br</strong>o de 1723<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Ga<strong>br</strong>iel de Paredes<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho ilegitimo de Rodrigo Mendes de Paredes. senhor de engenho<<strong>br</strong> />

- carpinteiro<<strong>br</strong> />

- preso em outu<strong>br</strong>o de 1 7 14<<strong>br</strong> />

- auto-de-fe': fevereiro de 1 7 1 6<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong>


Inks de Paredes<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filha ilegitima de Luis de Paredes, senhor de engenho, e de sua escrava<<strong>br</strong> />

Leonor<<strong>br</strong> />

- casada com Joilo Afonso de Oliveira, senhor de engenho<<strong>br</strong> />

- presa em setem<strong>br</strong>o de 17 1 5<<strong>br</strong> />

- azito-defk: 16 de fevereiro de 17 16<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpktuo<<strong>br</strong> />

Isabel Cardoso<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filha ilegitima de Salvador Cardoso Coutinho. sem oficio, e Maria, filha de<<strong>br</strong> />

escrava<<strong>br</strong> />

- auto-def2: 14 de outu<strong>br</strong>o de 1 7 1 4<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Joana Correia<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filha ilegitima de Jo%o Correia Ximenes,senhor de engenho, e da parda<<strong>br</strong> />

Bemarda<<strong>br</strong> />

- presa em janeiro de 1 7 14<<strong>br</strong> />

- auto-defk: 14 de outu<strong>br</strong>o de 1 7 14<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Jotio da Crtc<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho ilegitimo de Bento Cardoso, padre<<strong>br</strong> />

- alfaiate<<strong>br</strong> />

- preso<<strong>br</strong> />

- auto-defe': 16 de junho de 1720<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpktuo<<strong>br</strong> />

Jose' Correia (Ximeens)<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho ilegitimo de Joilo ~orreia Ximenes, senhor de engenho, e da parda<<strong>br</strong> />

Bemarda<<strong>br</strong> />

- lavrador<<strong>br</strong> />

- preso em janeiro de 1714<<strong>br</strong> />

- alrro-defk: outu<strong>br</strong>o de 1714<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e babito penitencial perp6tuo


Jo.~t;<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho ilegitimo de Jose de Barros e da mulata ~rsula<<strong>br</strong> />

- n8o foi denunciado<<strong>br</strong> />

- n2o foi preso<<strong>br</strong> />

Leonor Mendes<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filha ilegitima de Rodrigo Mendes de Paredes, senhor de engenho, e da parda<<strong>br</strong> />

~rsula<<strong>br</strong> />

- presa em outu<strong>br</strong>o de 1712<<strong>br</strong> />

- a~rto-de-fi: 9 de julho de 1713<<strong>br</strong> />

- pena: carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

Lolrren~a Mends<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filha ilegitimade Rodrigo Mendes de Paredes, senhor de engenho, eda parda<<strong>br</strong> />

~rsula<<strong>br</strong> />

- viuva de Jo%o Gramacho, lavrador de cana<<strong>br</strong> />

- presa em outu<strong>br</strong>o de 17 15<<strong>br</strong> />

- alrto-de-jk: 16 de fevereiro de 1 7 1 6<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

L1ri.s Diqlre<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho ilegitimo de Jo2o Dique de Sousa. senhor de engenho<<strong>br</strong> />

- preso em 22 de outu<strong>br</strong>o de 17 14<<strong>br</strong> />

- auto-deft;: 16 de fevereiro de 17 16<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habito penitencial<<strong>br</strong> />

Manzrel Lopes de Morais<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho ilegitimo de Guilherme Gomes, advogado<<strong>br</strong> />

- advogado<<strong>br</strong> />

- preso em 1 1 de outu<strong>br</strong>o de 1 7 12<<strong>br</strong> />

- al~to-de+: 9 de julho de 17 13<<strong>br</strong> />

- pena : cArcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong>


i2.lanztel Rodr~~qztes Cozrtinho<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho ilegitimo do senhor de engenho Baltasar Rodrigues Coutinho<<strong>br</strong> />

- preso em 1712<<strong>br</strong> />

- azito-defk: 9 de julho de 1713<<strong>br</strong> />

- pena : carcere e habit0 penitencial perpetuo<<strong>br</strong> />

Munztel<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho ilegitimo de Jose de Barros e da mulata ~rsula<<strong>br</strong> />

- n2o foi denunciado<<strong>br</strong> />

- n2o foi preso<<strong>br</strong> />

Maria<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filha ilegitima de Agostinho de Paredes, advogado e senhor de engenho<<strong>br</strong> />

- nso foi denunciada<<strong>br</strong> />

- n2o foi presa<<strong>br</strong> />

SehastiGo da Silva<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filho ilegitimo de Jog0 Rodrigues de Andrade, lavrador de canas, e de<<strong>br</strong> />

Micaela<<strong>br</strong> />

- preso em 8 de novem<strong>br</strong>o de 1 7 15<<strong>br</strong> />

- atrto-defk: 16 de fevereiro de 17 16<<strong>br</strong> />

- pena : chrcere e habito penitencial a arbit<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

Teodoro Pereira da Costa<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- mPdico<<strong>br</strong> />

- filho ilegitimo de Diogo Pereira. homem de negocios<<strong>br</strong> />

- preso em 24 de outu<strong>br</strong>o de 17 16<<strong>br</strong> />

- azrto-de,fi: 16 de junho de 1720<<strong>br</strong> />

- pena : carcereAe habito penitencial perpetuo


Teresa Comes<<strong>br</strong> />

- natural do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

- filha ilegitima de Jose Gomes Silva, homem de negocios e senhor de<<strong>br</strong> />

engenho, e Luisa de Sousa. parda<<strong>br</strong> />

- casada com SimFio de Andrade, lavrador de farinha<<strong>br</strong> />

- denunciada<<strong>br</strong> />

- defunta


COLE~~O BIBLIOTECA CARIOCA<<strong>br</strong> />

A ERA DAS DEMOLIC~ES/HABITAC~ES POPULARES, de<<strong>br</strong> />

Oswaldo Porto Rocha e Liade Aquino Carvalho. 1986,1995. Volume<<strong>br</strong> />

1.<<strong>br</strong> />

. AFORAMENTOS: INVENTARIOSUMARIO, de Arquivo Geral da<<strong>br</strong> />

Cidade do Rio de Janeiro. 1987. Volume 2.<<strong>br</strong> />

RIO DE JANEIRO: CIDADE E REGZA-0, de Lysia Bernardes e<<strong>br</strong> />

Maria Therezinha de Segadas Soares. 1987, 1995. Volume 3.<<strong>br</strong> />

A A LM ENCANTADORA DASRUAS, de Joiio do Rio. 1987,199 1,<<strong>br</strong> />

1995. Volume 4.<<strong>br</strong> />

0 GARATUJA, de Jose de Alencar. 1987. Volume 5.<<strong>br</strong> />

HISTORIA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, de Delgado de<<strong>br</strong> />

Carvalho. 1988, 1990, 1994. Volume 6.<<strong>br</strong> />

ASMULHERES DE MNTILHA, de Joaquim Manuel de Macedo.<<strong>br</strong> />

1988. Volume 7.<<strong>br</strong> />

DIARIO DO HOSP~CIO/O CEMITERIO DOS VIVOS, de Lima<<strong>br</strong> />

Barreto. 1988, 1993. Volume 8.<<strong>br</strong> />

UM RIO EM 68, de Departamento Geral de Documentaeiio e<<strong>br</strong> />

Informa@o Cultural. 1988. Volume 9.<<strong>br</strong> />

DESABRIGO, de Ant6nio Fraga. 1990. 1995. Volume 10.<<strong>br</strong> />

PEREIRA PASSOS: UM HA USSMANN TROPICAL, de Jaime<<strong>br</strong> />

Larry Benchimol. 1990, 1992. Volume 1 I.<<strong>br</strong> />

A VENIDA PRESIDENTE VARGAS: UMA DR~STZCA CIRUR-<<strong>br</strong> />

GIA, de Evelyn Furquim Werneck Lima. 1990, 1995. Volume 12.<<strong>br</strong> />

A MULHER E OS ESPELHOS, de Joiio do Rio. 1990, 1995.<<strong>br</strong> />

Volume 13.


MISTERIO~S DO RIO, de Benjamim Costallat: 1990, 1995. Volume<<strong>br</strong> />

14.<<strong>br</strong> />

BOM-CRIOULO. de Adolfo Caminha. 199 1 . Volume 15<<strong>br</strong> />

OMUNDODEA4ACHADODEASSIS.de MiCcioTati. 1991,1995.<<strong>br</strong> />

Volume 16.<<strong>br</strong> />

DOS TRAPIC'HES A0 PORTO, de Sergio Tadeu de Niemeyer<<strong>br</strong> />

Lamargo. 1991. Volume 17.<<strong>br</strong> />

0 RIO DE JANEIRO DA PAC'IFICA~~O, de Paulo Knauss de<<strong>br</strong> />

Mendon~a. 1991. Volume 1 8.<<strong>br</strong> />

A CIDADE MULHER. de Alvaro Moreyra. 199 1. Volume 19.<<strong>br</strong> />

OS TRAlWORTES COLETIT'OS NA CIDADE DO RIO DE ./A-<<strong>br</strong> />

NEIRO, de Maria Lais Pereira da Silva. 1992. Volume 20.<<strong>br</strong> />

NATUREZA ESOCIEDADE NO RIO DEJANEIRO, org. Mauricio<<strong>br</strong> />

A<strong>br</strong>eu. 1992. Volume 21.<<strong>br</strong> />

INCONFIDLNCIA<<strong>br</strong> />

NO RASCUNHO DA NAC:~~:<<strong>br</strong> />

NO RIO DE<<strong>br</strong> />

JANEIRO, de Afonso Carlos Marques dos Santos. 1992. Volume<<strong>br</strong> />

22.<<strong>br</strong> />

ESTACA"O RIO, de Maria Augusta Machado da Silva. 1992.<<strong>br</strong> />

Volume 23.<<strong>br</strong> />

NEGOCIANTES E CAIXEIROS NA SOCIEDADE DA INDEPEN-<<strong>br</strong> />

DENCIA, de Lenira Menezes Martinho e Riva Gorenstein. 1993.<<strong>br</strong> />

Volume 24.<<strong>br</strong> />

AS TROPAS DA MODERACA-0, de Alcir Lenharo. 1993. Volume<<strong>br</strong> />

25.<<strong>br</strong> />

BAMBAMB~!, de Orestes Barbosa. 1993. Volume 26.<<strong>br</strong> />

AS RAZ~ES DO CORA~~O.<<strong>br</strong> />

de Afrdnio Peixoto. 1994. Volume<<strong>br</strong> />

27.<<strong>br</strong> />

JoA"O DO RIO: CATALOGO BIBLIOG~FICO, de Joiio Carlos<<strong>br</strong> />

Rodrigues. 1994. Volume 28.


AUGUSTO MALTA: CATALOGO DA SENE NEGATIVO EM<<strong>br</strong> />

VIDRO, de Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. 1994.<<strong>br</strong> />

Volume 29.<<strong>br</strong> />

SEBASTIAN~)POLIS, de Adelino MagalhFies. 1994. Volume 30.<<strong>br</strong> />

A IND&TRIA DO RIO DE JANEIROATRA VES DE SUASSOCI-<<strong>br</strong> />

EDADESANONIMAS, de Maria Barbara Levy. 1994. Volume 3 1.<<strong>br</strong> />

TIA CIA TA E A PEQ UENA A'FRKA NO RIO DE JA NEIRO, de<<strong>br</strong> />

Roberto Moura. 1995. Volume 32.<<strong>br</strong> />

0 CARNAVAL DAS LETRAS, de Leonardo Affonso de Miranda<<strong>br</strong> />

Pereira. 1995. Volume 33.<<strong>br</strong> />

A NEGREGADA INSTITUI~: CAPOEIRAS NO RIO DE JA-<<strong>br</strong> />

NEIRO, de Carlos EugCnio Libano Soares. 1995. Volume 34.<<strong>br</strong> />

PAPEIS VELHOS E OUTRAS HIST~RIAS, de Machado de Assis.<<strong>br</strong> />

1995. Volume 35.


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Professor de lo e 2" graus<<strong>br</strong> />

Estudante de graduaqBo<<strong>br</strong> />

Estudante de p6s-graduaqiio<<strong>br</strong> />

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INSTITUICAO COM A QUAL MANTEM 0 V~NCULO EMPREGAT~CIO<<strong>br</strong> />

AClMA CITADO:<<strong>br</strong> />

Caso voct desenvolva ou possua algurna pesquisa que tenha corno terna a cidade<<strong>br</strong> />

do Rio de Janeiro, inforrne o titulo, apresente urna pequena sinopse, o nhrnero<<strong>br</strong> />

de laudas datilografadas e sua destinaqiio (tese de doutorado, dissertaqiio de<<strong>br</strong> />

mestrado. rnonografia de fim de curso, publicaqio de livro ou artigo. rnontagern<<strong>br</strong> />

de exposiqlo, projeto tCcnico etc.)<<strong>br</strong> />

- ~<<strong>br</strong> />

No que se refere A cidade do Rio de Janeiro, quais slo suas ireas de interesse?<<strong>br</strong> />

Caso voct conheceu a COLECAO BIBLIOTECA CARIOCA?<<strong>br</strong> />

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