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XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2006<br />
<strong>Treinamento</strong> <strong>operacional</strong> e <strong>aumento</strong> <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>: Estudo <strong>de</strong> Caso<br />
em indústria automotiva<br />
Weliton da Silva Barreiros (<strong>UTFPR</strong>/PG) wbarreiros@uol.com.br<br />
Luis Maurício Resen<strong>de</strong> (<strong>UTFPR</strong>/PG) mauricio@pg.cefetpr.br<br />
João Luiz Kovaleski (<strong>UTFPR</strong>/PG) kovaleski@pg.cefetpr.br<br />
Resumo<br />
Este trabalho apresenta um estudo com os requisitos para o atingimento <strong>de</strong> <strong>aumento</strong>s <strong>de</strong><br />
eficiência produtiva através do treinamento da mão-<strong>de</strong>-obra, objetivando a polivalência e<br />
multifuncionalida<strong>de</strong> dos operadores <strong>de</strong> produção, com incremento da motivação e<br />
participação do pessoal. Em seguida, é apresentado um estudo <strong>de</strong> caso, <strong>de</strong> uma indústria do<br />
segmento automotivo, instalada no interior do Paraná, pertencente a gran<strong>de</strong> grupo<br />
internacional, que alterou sua política <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> pessoal e implantou um Centro <strong>de</strong><br />
<strong>Treinamento</strong> para capacitação prévia dos operadores <strong>de</strong> linhas montagem, alcançando<br />
ganhos representativos <strong>de</strong> eficiência/produtivida<strong>de</strong> através do <strong>aumento</strong> da habilida<strong>de</strong> e<br />
conscientização <strong>de</strong>stes operadores, resultando assim na melhoria dos processos internos.<br />
Palavras-chave: <strong>Treinamento</strong> <strong>operacional</strong>, Produtivida<strong>de</strong>, Eficiência Produtiva.<br />
1. Introdução<br />
Os atuais <strong>de</strong>safios da concorrência empresarial globalizada, estão levando as empresas<br />
perceberem nos últimos anos que os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> gestão utilizados até então, se <strong>de</strong>monstram<br />
incompatíveis com as novas necessida<strong>de</strong>s operacionais, exigindo assim, padrões alternativos<br />
<strong>de</strong> gerenciamento. Verifica-se que a forma <strong>de</strong> gestão utilizada pelas empresas, está se<br />
flexibilizando organizacionalmente.<br />
Tenório (2000, p.163), observa esta situação apresentando novos padrões emergentes <strong>de</strong><br />
gestão, agrupados em seis características básicas:<br />
I - Um esforço permanente para a melhoria simultânea da qualida<strong>de</strong>, dos custos e dos<br />
serviços <strong>de</strong> entrega;<br />
II - Manter-se muito próximo dos clientes, para enten<strong>de</strong>r suas necessida<strong>de</strong>s e ser capaz<br />
<strong>de</strong> se adaptar para satisfaze-los;<br />
III- Busca <strong>de</strong> uma maior aproximação com os fornecedores;<br />
IV- Utilização estratégica da tecnologia, visando à obtenção <strong>de</strong> vantagens competitivas;<br />
V - Utilização <strong>de</strong> estruturas organizacionais mais horizontalizadas e menos compartimentalizadas;<br />
VI- Utilização <strong>de</strong> políticas inovadoras <strong>de</strong> recursos humanos.<br />
Estes novos padrões são <strong>de</strong>nominados <strong>de</strong> flexibilização organizacional. Esta forma <strong>de</strong><br />
gerenciamento é consi<strong>de</strong>rada uma evolução das teorias organizacionais, contrapondo o<br />
mo<strong>de</strong>lo taylorismo-fordismo que dominou a gestão até os anos 70 - 80, principalmente nos<br />
seguintes aspectos:<br />
Taylorismo-Fordismo<br />
Produção em massa <strong>de</strong> produtos<br />
Padronizados<br />
Flexibilização organizacional<br />
Produção flexível <strong>de</strong> produtos<br />
diferenciados<br />
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ABEPRO<br />
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Definição <strong>de</strong> tarefas e divisão<br />
Múltiplas habilida<strong>de</strong>s, trabalho<br />
racional do trabalho<br />
em equipe e acúmulo <strong>de</strong> funções<br />
Fonte: Adaptado <strong>de</strong> Tenório (2000, p.163) pelo autor<br />
Tabela 1: Aspectos Taylorismo-Fordismo – Flexibilização organizacional<br />
A <strong>de</strong>scrição feita por Ferreira, Reis & Pereira (2002, p.153), quando analisando a<br />
administração japonesa, ilustra bem as características <strong>de</strong>sta evolução:<br />
“Para respon<strong>de</strong>r rapidamente às flutuações <strong>de</strong> mercado, a flexibilida<strong>de</strong> é refletida em<br />
vários aspectos: racionalização do espaço, equipamentos <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> geral e versáteis,<br />
layout celular, nivelamento e seqüenciamento da produção em pequenos lotes, redução<br />
<strong>de</strong> estoques, quadro <strong>de</strong> trabalhadores qualificados e flexíveis.”<br />
As empresas têm procurado acompanhar as mudanças do mercado, aplicando conceitos da<br />
flexibilização organizacional em seu gerenciamento, ainda que <strong>de</strong>sconheça na totalida<strong>de</strong> suas<br />
causas, premissas ou conseqüências futuras. Estaremos portanto, analisando principalmente a<br />
teoria da flexibilização organizacional, vivenciada pela empresa e aplicada no módulo <strong>de</strong><br />
treinamento que é o objeto <strong>de</strong>ste estudo.<br />
2. Eficiência e necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação e treinamento<br />
O treinamento como educação específica que, conduzida na escola ou fora <strong>de</strong>la, antes ou<br />
durante o trabalho, ajuda a pessoa a <strong>de</strong>sempenhar bem suas tarefas profissionais, conforme<br />
<strong>de</strong>finiu Rocha-Pinto (2005, p.93). Sugundo a autora, há uma tendência a se relacionar<br />
treinamento a um processo <strong>de</strong> aquisição ou aperfeiçoamento <strong>de</strong> conhecimentos e habilida<strong>de</strong>s e<br />
<strong>de</strong> mudanças <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s, particularmente envolvido com o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> uma tarefa ou <strong>de</strong><br />
um cargo.<br />
A eficiência empresarial e a sua conquista, estão ligadas à existência <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra eficiente<br />
em todos os setores da empresa, sendo assim o <strong>de</strong>sempenho organizacional <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do<br />
<strong>de</strong>sempenho individual <strong>de</strong> cada pessoa. Taylor (1856-1915), o fundador da Administração<br />
Científica, já buscava a melhoria da eficiência <strong>de</strong> cada operário para provocar a melhoria em<br />
toda a empresa. A partir da idéia <strong>de</strong> que o somatório das tarefas individuais eficientes traria<br />
conseqüentemente um <strong>aumento</strong> da eficiência geral <strong>de</strong> toda a indústria. Com base nesta<br />
premissa; a busca pela eficiência empresarial força a busca por homens eficientes no trabalho,<br />
então Taylor (1990, p.22-23) no início do século XX já afirmara:<br />
“Nunca se mostrou tão intensa, como atualmente, a procura <strong>de</strong> homens melhores e mais capazes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
diretores <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s companhias até simples serventes. E agora, mais do que antes, a procura dos<br />
componentes exce<strong>de</strong> a oferta. O que todos procuramos, entretanto, é o homem eficiente já formado; o<br />
homem que outros prepararam. Só entraremos, todavia, no caminho da eficiência nacional, quando<br />
compreen<strong>de</strong>rmos completamente que nossa obrigação, como nosso interesse, está em cooperar<br />
sistematicamente no treinamento e formação <strong>de</strong>ssas pessoas, em vez <strong>de</strong> tirar <strong>de</strong> outros os homens que<br />
eles preparam.”.<br />
Taylor também, entendia que para alcançar para alcançar a eficiência, é necessário<br />
treinamento e formação sistemáticos, as boas organizações empresariais têm como objetivo<br />
maior, o aperfeiçoamento <strong>de</strong> seus colaboradores, e sob uma direção racional, este po<strong>de</strong>rá<br />
atingir o mais alto posto, <strong>de</strong> modo rápido e seguro.<br />
Frank B. Gilbreth (1868-1924), (apud CHIAVENATO, 2000, p.57) acompanhou Taylor em<br />
seu interesse pelo esforço humano como meio <strong>de</strong> aumentar a produtivida<strong>de</strong>. Introduziu o<br />
estudo <strong>de</strong> tempos e movimentos dos operários como técnica administrativa básica para<br />
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ABEPRO<br />
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racionalização do trabalho. Concluiu que todo trabalho manual po<strong>de</strong> ser reduzido a<br />
movimentos elementares (aos quais <strong>de</strong>u o nome <strong>de</strong> therblig, Gilberth ao contrário), para<br />
<strong>de</strong>finir os movimentos necessários à execução <strong>de</strong> qualquer tarefa.<br />
Rocha-Pinto (2005, p.95) apresenta também a “eficácia organizacional” como um produto do<br />
processo <strong>de</strong> treinamento e <strong>de</strong>senvolvimento (T&D), <strong>de</strong>monstrado na figura 1.<br />
ENTRADA<br />
- Treinandos<br />
- Recursos<br />
Organizacionais<br />
PROCESSO<br />
- Programas <strong>de</strong><br />
treinamento<br />
- Processo <strong>de</strong><br />
aprendizagem<br />
individual<br />
SAÍDA<br />
- Conhecimento<br />
- Atitu<strong>de</strong>s<br />
- Habilida<strong>de</strong>s<br />
- Eficácia<br />
organizacional<br />
RETROAÇÃO<br />
- Avaliação dos<br />
resultados<br />
Figura 1: Processo <strong>de</strong> T&D<br />
Fonte: adaptado <strong>de</strong> Rocha-Pinto (2005, p.95)<br />
Para Chiavenato (2000, p.58) “o conceito <strong>de</strong> eficiência é fundamental para a Administração<br />
Científica. A análise do trabalho e do estudo dos tempos e movimentos buscava a melhor<br />
maneira (the best way) <strong>de</strong> executar uma tarefa e elevar a eficiência do operário”. A eficiência<br />
significa a correta utilização dos recursos (meios <strong>de</strong> produção) disponíveis, e po<strong>de</strong> ser<br />
<strong>de</strong>finida pela equação: E = P/R, on<strong>de</strong> P são os produtos resultantes e R os recursos<br />
utilizados. Chiavenato ainda <strong>de</strong>talha o conceito <strong>de</strong> eficiência, citando que a eficiência está<br />
voltada para a melhor maneira pela qual as coisas <strong>de</strong>vem ser feitas ou executadas (métodos <strong>de</strong><br />
trabalho), a fim <strong>de</strong> que os recursos (pessoas, máquinas, matérias-primas, etc.) sejam aplicados<br />
<strong>de</strong> forma mais racional possível. A eficiência preocupa-se com os meios e métodos, que<br />
precisam ser planejados a fim <strong>de</strong> assegurar a otimização dos recursos disponíveis e que a<br />
conseqüência direta da eficiência é a produtivida<strong>de</strong>. A produtivida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida como a<br />
produção <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> produtora por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tempo, isto é, o resultado da produção <strong>de</strong><br />
alguém por um <strong>de</strong>terminado período <strong>de</strong> tempo. Quanto maior a eficiência, tanto maior a<br />
produtivida<strong>de</strong>.<br />
3. Tarefa<br />
A <strong>de</strong>vida substituição dos métodos empíricos por métodos científicos, torna o trabalho<br />
<strong>operacional</strong> fruto <strong>de</strong> um trabalho planejado antecipadamente. A este trabalho planejado<br />
antecipadamente Taylor (1990, p.42) classificou <strong>de</strong> tarefa a ser <strong>de</strong>sempenhada: “não somente<br />
pelo operário, mas também em quase todos os casos pelo esforço conjunto do operário e da<br />
direção”. Na tarefa está especificado o que <strong>de</strong>ve ser feito e também como fazê-lo, além do<br />
tempo exato concebido para a execução. Estas tarefas são planejadas, <strong>de</strong> modo que a sua<br />
execução seja a<strong>de</strong>quada e correta, mas que não obrigue o trabalhador a esforço algum que lhe<br />
prejudique a saú<strong>de</strong>. Esta preocupação com a saú<strong>de</strong> e bem-estar do trabalhador, fortemente<br />
explorada atualmente, já fazia parte dos estudos <strong>de</strong> Taylor no início do século XX (1990,<br />
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ABEPRO<br />
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p.42) “A tarefa regulada, <strong>de</strong> sorte que o homem, adaptado a ela, seja capaz <strong>de</strong> trabalhar<br />
durante muitos anos, feliz e próspero, sem sentir os prejuízos da fadiga.”<br />
A atenção individual ao trabalhador, bem como, oportunizar o uso <strong>de</strong> todas as suas<br />
potencialida<strong>de</strong>s e talentos, mostra uma idéia para reflexão posterior, pois observa-se que,<br />
Taylor (1990, p.58) utilizando rudimentarmente conceitos atuais <strong>de</strong> “mentoring” e “coaching”<br />
quando afirma:<br />
“Deixando <strong>de</strong> lidar com homens, em gran<strong>de</strong>s equipes ou grupos, e passando a consi<strong>de</strong>rar cada<br />
trabalhador individualmente, entregamos o trabalhador que falha em sua tarefa a instrutor competente<br />
para lhe indicar o melhor modo <strong>de</strong> executar o serviço e para guiá-lo, ajudá-lo e encorajá-lo, bem como<br />
estudar suas possibilida<strong>de</strong>s como trabalhador...”.<br />
Além, <strong>de</strong> lançar também os fundamentos da “gestão participativa”, “programas <strong>de</strong> melhoria<br />
contínua”, “programas <strong>de</strong> incentivo à qualida<strong>de</strong>”, estabelecendo o ambiente favorável a<br />
sugestões (TAYLOR, 1990, p.93):<br />
“Todo o estímulo, contudo, <strong>de</strong>ve ser dado a ele, para sugerir aperfeiçoamentos, quer em métodos, quer<br />
em ferramentas. E sempre que um operário propõe um melhoramento, a política dos administradores<br />
consistirá em fazer análise cuidadosa do novo método e, se necessário, empreen<strong>de</strong>r experiência para<br />
<strong>de</strong>terminar o mérito da nova sugestão, relativamente ao antigo processo padronizado. E quando o<br />
melhoramento novo for achado sensivelmente superior ao velho, será adotado como mo<strong>de</strong>lo em todo o<br />
estabelecimento. Conferir-se-á honra ao trabalhador por sua idéia e ser-lhe-á pago prêmio como<br />
recompensa. Por este meio, a verda<strong>de</strong>ira iniciativa do operário é obtida <strong>de</strong> modo melhor sob a<br />
administração científica do que sob o antigo sistema individual.”<br />
4. Mediação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho<br />
A ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medir ou mensurar, reúne um conjunto <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, pressupostos, métodos e<br />
técnicas que visam quantificar variáveis e atributos <strong>de</strong> interesse do objeto a ser analisado. Em<br />
relação ao termo <strong>de</strong>sempenho, ele contempla a idéia <strong>de</strong> alguma coisa que já foi executada,<br />
realizada ou exercida. Com o entendimento que para alcançar a eficiência, é necessário<br />
treinamento e formação sistemáticos, as boas organizações empresariais têm como objetivo<br />
maior, o aperfeiçoamento <strong>de</strong> seus homens, e sob uma direção racional, este po<strong>de</strong>rá atingir o<br />
mais alto posto, <strong>de</strong> modo rápido e seguro (TAYLOR, 1990, p.23).<br />
5. Polivalência ou multifuncionalida<strong>de</strong> para <strong>aumento</strong> da eficiência<br />
Segundo Tenório (2000, p.174), as novas formas <strong>de</strong> organização do trabalho enfatizam o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> múltiplas habilida<strong>de</strong>s por parte do empregado, que <strong>de</strong>ve ser capaz não<br />
apenas <strong>de</strong> prever problemas e <strong>de</strong>senvolver soluções alternativas, mas <strong>de</strong> também <strong>de</strong> sugerir<br />
novas linhas <strong>de</strong> ação no chão <strong>de</strong> fabrica. Além disso, privilegiam o trabalha em equipe e a<br />
cooperação, ou seja, a divisão do trabalho é minimizada. Para os trabalhadores que<br />
permanecem em seus postos, estas inovações exigem maior qualificação, viabilizando o<br />
máximo do aproveitamento tecnológico.<br />
Para Santos Júnior (2001, p. 47) a polivalência torna o trabalho mais estimulante, <strong>de</strong> forma a<br />
envolver a criativida<strong>de</strong>, com certa varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s. Os sistemas multifuncionais <strong>de</strong><br />
trabalho, por serem sistemas <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra flexível, pressupõem que os operadores sejam<br />
pessoas mais conscientes <strong>de</strong> sua tarefa enquanto membros da empresa, responsáveis também<br />
pelo seu crescimento.<br />
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Outro fator é a elevação cultural dos funcionários que, pela troca <strong>de</strong> informações e a<br />
intensificação do treinamento interno na empresa, adquirem mais conhecimentos técnicos<br />
sobre os processos com os quais trabalham e, naturalmente, enriquecem sua cultura geral,<br />
resultando para a empresa em um quadro <strong>de</strong> pessoal mais eficiente tecnicamente e mais<br />
evoluído culturalmente. Trabalho em grupo, participação nas <strong>de</strong>cisões, respeito mútuo,<br />
satisfação pelo que faz e conhecimento <strong>de</strong> todo o processo produtivo, são elementos que<br />
consolidam as principais vantagens dos operadores com a polivalência.<br />
De modo semelhante, para Santini (1999), a multifuncionalida<strong>de</strong> é um sistema <strong>de</strong> trabalho que<br />
exige maior atenção ao treinamento, sendo caracterizada por maior enca<strong>de</strong>amento entre<br />
pessoas e ativida<strong>de</strong>s, a fragilida<strong>de</strong> do treinamento nas empresas é fator preocupante. Sendo a<br />
polivalência dificultada, senão inviabilizada, com programas <strong>de</strong> treinamentos frágeis,<br />
consi<strong>de</strong>rando-se treinamento frágil como aquele em que não existem suficientes garantias <strong>de</strong><br />
eficiência. A autora relaciona tal fragilida<strong>de</strong> com o planejamento <strong>de</strong>ficiente ou falta <strong>de</strong><br />
padronização das etapas do treinamento e variação da duração do treinamento <strong>de</strong> acordo com<br />
a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> produção.<br />
Benevi<strong>de</strong>s Filho (1999, p.158), constatou ao final <strong>de</strong> uma pesquisa <strong>de</strong> campo que além <strong>de</strong><br />
possibilitar uma flexibilida<strong>de</strong> produtiva e uma redução nas doenças do trabalho por esforços<br />
repetitivos, a polivalência também possibilitou nas quatro empresas pesquisadas as seguintes<br />
vantagens:<br />
1. compromisso com os objetivos globais: com o operador executando várias operações<br />
na produção da empresa, em <strong>de</strong>terminado momento sendo cliente, em outro sendo<br />
fornecedor nas etapas do processo produtivo, facilitou-se o entendimento das reais<br />
necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seus clientes internos e estimulou-se o senso <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> dos<br />
operários. Assim estes ficaram completamente comprometidos com os objetivos<br />
globais <strong>de</strong> suas respectivas empresas.<br />
2. redução da monotonia do trabalho: com a rotativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> funções, os operadores<br />
ficaram mais estimulados a seus trabalhos, pois antes eles faziam sempre a mesma<br />
tarefa tornando o trabalho monótono. Estimulando também a disseminação do<br />
conhecimento entre os operadores, além <strong>de</strong> uma maior interativida<strong>de</strong> (coleguismo)<br />
entre todos que compõem os setores produtivos, pois cada membro do chão <strong>de</strong> fábrica<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> um do outro.<br />
3. efetivida<strong>de</strong> na aplicação das técnicas do controle da qualida<strong>de</strong> total e seus programas<br />
<strong>de</strong> melhorias contínua: com a disseminação do conhecimento dos operadores,<br />
possuindo um enfoque sistêmico <strong>de</strong> todo o processo, e com o estímulo ao trabalho em<br />
grupo, a polivalência possibilitou a aplicação eficiente <strong>de</strong> diversas técnicas do TQC,<br />
tais como: PDCA, CCQ´s, kaizen, 5S´s, manutenção produtiva total, CEP, <strong>de</strong>ntre<br />
outras.<br />
4. permitiu uma remuneração mais justa: os operadores passaram a ser remunerados <strong>de</strong><br />
acordo com seus <strong>de</strong>sempenhos e suas habilida<strong>de</strong>s. Isto é, com o nível <strong>de</strong> polivalência<br />
que ele adquiriu.<br />
6. Estudo <strong>de</strong> caso<br />
Um exemplo da situação, na qual po<strong>de</strong>-se constatar os evi<strong>de</strong>ntes benefícios e retorno dos<br />
investimentos em treinamento, visando o <strong>aumento</strong> da eficiência/produtivida<strong>de</strong> é uma indústria<br />
do segmento automotivo, instalada no interior do Paraná, fornecedora <strong>de</strong> montadoras<br />
nacionais e estrangeiras, e pertencente a gran<strong>de</strong> grupo multinacional, lí<strong>de</strong>r mundial no<br />
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segmento. Este complexo industrial fabrica peças, utilizadas no sistema elétrico, através <strong>de</strong><br />
linhas <strong>de</strong> montagens em série, empregando gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra. Claramente<br />
observa-se a aplicação <strong>de</strong> conceitos “Fordianos e Tayloristas” no funcionamento das linhas <strong>de</strong><br />
montagem, porém otimizadas e balanceadas com forte influência do Sistema Toyota <strong>de</strong><br />
Produção (STP).<br />
E é por conta das a<strong>de</strong>quações das linhas <strong>de</strong> montagem a partir do STP, on<strong>de</strong> se requer um<br />
maior nível habilida<strong>de</strong>, bem como a atuação <strong>de</strong> operadores multifuncionais (ou polivalentes)<br />
capazes <strong>de</strong> trabalhar em diferentes postos das linhas <strong>de</strong> montagem, que se faz imprescindível<br />
a cuidadosa preparação prévia dos operadores, através <strong>de</strong> treinamentos teóricos, práticos em<br />
linhas <strong>de</strong> montagem didáticas e também acompanhamento on-the-job (no próprio posto <strong>de</strong><br />
trabalho).<br />
Esta preparação prévia é feita através <strong>de</strong> um Centro <strong>de</strong> <strong>Treinamento</strong>, que possui uma sólida<br />
metodologia expositiva, treinamentos práticos, recursos didáticos áudio-visuais e material <strong>de</strong><br />
apoio específicos, além <strong>de</strong> aplicar avaliações escritas, práticas e até comportamentais para<br />
comprovação da a<strong>de</strong>quação do perfil candidato a operador ao tipo <strong>de</strong> trabalho a ser executado.<br />
Este Centro <strong>de</strong> <strong>Treinamento</strong> foi implantado em Julho <strong>de</strong> 2003, e transformou a sistemática <strong>de</strong><br />
treinamento prático anterior, a qual era baseada em sua gran<strong>de</strong> parte somente no sistema onthe-job.<br />
E <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, o atingimento da produtivida<strong>de</strong> (ou eficiência produtiva) esperada no<br />
início <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong> novas linhas <strong>de</strong> montagem, em especial com operadores recémcontratados,<br />
foi reduzido em mais <strong>de</strong> 50% do tempo anteriormente apurado. Nos gráficos a<br />
seguir po<strong>de</strong>-se constatar esta evolução:<br />
No Gráfico 1, está <strong>de</strong>monstrada a eficiência <strong>de</strong> uma linha <strong>de</strong> montagem <strong>de</strong>nominada “F”, a<br />
qual iniciou as operações <strong>de</strong> montagem em novembro <strong>de</strong> 2002.<br />
120%<br />
LINHA PROD. "F" - 2003<br />
100%<br />
80%<br />
60%<br />
40%<br />
57%<br />
42%<br />
94%<br />
52% 56% 77% 71%<br />
100% 95%<br />
90% 88% 92%<br />
20%<br />
0%<br />
Eficiencia Mês<br />
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />
Gráfico 1: Linha <strong>de</strong> montagem iniciada em nov./02 sem Centro <strong>de</strong> <strong>Treinamento</strong><br />
Fonte: Empresa pesquisada<br />
Verifica-se que uma eficiência produtiva média acima <strong>de</strong> 90%, foi alcançada após nove meses<br />
<strong>de</strong> sua implantação, em julho <strong>de</strong> 2003.<br />
A seguir na Gráfico 2, está apresentada uma linha <strong>de</strong> montagem <strong>de</strong>nominada “D”, a qual<br />
iniciou suas ativida<strong>de</strong>s em setembro <strong>de</strong> 2003, já utlizando-se plenamente da metodologia do<br />
Centro <strong>de</strong> <strong>Treinamento</strong>.<br />
Meta<br />
ENEGEP 2006<br />
ABEPRO<br />
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XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2006<br />
LINHA PROD. "D" - 2003<br />
120%<br />
100%<br />
80%<br />
95%<br />
85%<br />
60%<br />
65%<br />
40%<br />
20%<br />
Eficiencia Mês<br />
Meta<br />
28%<br />
0%<br />
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />
Gráfico 2: Linha <strong>de</strong> montagem iniciada em set./03 com Centro <strong>de</strong> <strong>Treinamento</strong><br />
Fonte: Empresa pesquisada<br />
Por sua vez, nesta linha <strong>de</strong> montagem, verifica-se que o atingimento <strong>de</strong> uma eficiência<br />
produtiva média acima <strong>de</strong> 90%, foi alcançada apenas após quatro meses <strong>de</strong> sua implantação,<br />
já em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003, portanto em menos <strong>de</strong> 50% do tempo da linha <strong>de</strong> montagem “F”,<br />
apresentada anteriormente.<br />
7. Conclusão<br />
Conforme apresentado neste Estudo <strong>de</strong> Caso, uma das maneiras sustentáveis <strong>de</strong> <strong>aumento</strong> da<br />
competitivida<strong>de</strong> das empresas, através do <strong>aumento</strong> da produtivida<strong>de</strong> é a capacitação <strong>de</strong> sua<br />
mão-<strong>de</strong>-obra. Através <strong>de</strong> treinamentos estruturados é possível capacitar previamente seus<br />
colaborados, para que quando estes inciem suas ativida<strong>de</strong>s operacionais, estejam habilitados a<br />
<strong>de</strong>senvolverem as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> forma plenamente conscientes e seguros, elevando assim sua<br />
motivação para o trabalho e por conseqüência sua eficiência, otimizando os resultados <strong>de</strong><br />
produção, qualida<strong>de</strong> e como efeito final os a melhora nos resultados econômicos.<br />
A experiência vivenciada por esta indústria evi<strong>de</strong>ncia os benfícios <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> uma<br />
estratégia consistente focada na aprendizagem organizacional, afim <strong>de</strong> otimizar seus<br />
processos internos. Estartégia esta, colocada em prática através <strong>de</strong> ações planejadas e<br />
executadas com consistência teórica e apoiada por experiência e conhecimento já<br />
consolidados <strong>de</strong>ntro da própria indústria, os quais foram organizados, documetandos e<br />
colocados em funcionamento com os requisitos <strong>de</strong> excelência que o concorrência atual exige.<br />
Por fim, <strong>de</strong>monstra-se que a aplicação <strong>de</strong> ferramenta gerencial amplamente conhecida, como<br />
o <strong>Treinamento</strong> Operacional sistematizado, traz benfícios plenamente mensuráveis para as<br />
organizações, comprovando assim que a prática <strong>de</strong> <strong>Treinamento</strong>s, planejados e estruturados,<br />
com objetivos <strong>de</strong>finidos, se torna <strong>de</strong> fato um investimento com retorno garantido à empresa,<br />
tanto nos aspectos motivicionais aos funcionários, e por conseqüência resultados econômicofinanceiros,<br />
através da melhora da eficiência <strong>operacional</strong> ou produtivida<strong>de</strong>.<br />
8. Referências<br />
BARNES, Ralph Mosser. Estudo <strong>de</strong> movimentos e tempos: projeto e medida do trabalho; tradução da 6 a . ed.<br />
americana por Sérgio Luiz Oliveira Assis et alli – São Paulo: Edgard Blücher, 1977 – 7 a . reimpressão, 1999.<br />
ENEGEP 2006<br />
ABEPRO<br />
7
XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2006<br />
BENEVIDES FILHO, Sérgio Armando. A Polivalência como Ferramenta para a Produtivida<strong>de</strong>. Dissertação<br />
<strong>de</strong> Mestrado apresentada à Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina, Florianópolis, 1999.<br />
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução a teoria geral da administração. 6 a . ed. – Rio <strong>de</strong> Janeiro: Campus,<br />
2000.<br />
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