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mente, no litoral <strong>do</strong> atual esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Grande<br />
<strong>do</strong> Norte. Prosseguiu margean<strong>do</strong> rumo ao sul.<br />
O comandante, com o calendário em punho, ia<br />
“batizan<strong>do</strong>” os primeiros acidentes geográficos<br />
encontra<strong>do</strong>s pelo caminho. Os nomes escolhi<strong>do</strong>s<br />
eram aqueles <strong>do</strong>s santos <strong>do</strong> dia ou <strong>do</strong>s dias de<br />
festas religiosas. Em janeiro de 1502, essa expedição<br />
chegava ao Rio de Janeiro (prosseguiria,<br />
alcançan<strong>do</strong> o Rio da Prata). Justamente no<br />
primeiro dia <strong>do</strong> ano de 1502, as embarcações<br />
alcançaram a entrada da Baía de Guanabara e as<br />
tripulações vislumbraram a região que receberia<br />
o nome de Rio de Janeiro.<br />
O rei de Portugal recebia as notícias que davam<br />
conta <strong>do</strong> clima, das condições da terra e<br />
da única riqueza encontrada com possibilidade<br />
de comercialização em larga escala àquela<br />
altura: o pau-brasil. Porém, esse produto, de<br />
mo<strong>do</strong> algum, superava os lucros obti<strong>do</strong>s pelo<br />
comércio com o Oriente. Essa árvore fazia parte<br />
da mata que se estendia ao longo <strong>do</strong> litoral.<br />
Daí o nome recebi<strong>do</strong>: “Costa <strong>do</strong> Pau-Brasil”.<br />
Mais ao sul, atribuía-se o nome de “Costa <strong>do</strong><br />
Ouro e da Prata”, em razão das notícias sobre<br />
a existência daqueles metais preciosos. Porém,<br />
nem só o pau-brasil atraía a atenção <strong>do</strong>s europeus<br />
daquela época: impressionavam-se com<br />
as araras de cores vistosas, com os papagaios,<br />
com os saguis...<br />
Aquele era um “estranho novo mun<strong>do</strong>” – nada<br />
fácil de entender, pensavam. Mas, por outro<br />
la<strong>do</strong>, concluíam, ofertava produtos diferentes<br />
que alimentavam o comércio varia<strong>do</strong> e lucrativo!<br />
As notícias se espalhavam. Embarcações abarrotadas<br />
de merca<strong>do</strong>rias, ostentan<strong>do</strong> a cruz da<br />
Ordem de Cristo, aportavam em Portugal. E as<br />
notícias iam além...<br />
Comandada por Gonçalo Coelho, outra expedição<br />
foi organizada em 1503 por particulares.<br />
A Coroa firmou, em 1502, contrato com um grupo<br />
de comerciantes, ten<strong>do</strong> à frente Fernão de Noronha.<br />
A terra foi arrendada por um perío<strong>do</strong> de<br />
três anos para exploração <strong>do</strong> pau-brasil (prazo<br />
prorroga<strong>do</strong> adiante). Em troca, comprometiam-<br />
-se a construir feitorias, pagan<strong>do</strong> à Coroa parte<br />
<strong>do</strong> lucro obti<strong>do</strong>. As feitorias instaladas serviam<br />
como depósitos <strong>do</strong> pau-brasil até que as embarcações<br />
portuguesas aqui chegassem. Essas<br />
árvores não nasciam juntas. Encontravam-se dispersas<br />
nas grandes áreas de Mata Atlântica. Os<br />
europeus passaram a recorrer aos índios, que<br />
cortavam a madeira e recebiam, por esse trabalho,<br />
objetos de pouco valor, como facas, pentes<br />
e espelhos. Essa relação, chamada de escambo,<br />
baseava-se na troca de produtos.<br />
Nessa época, as pessoas que exploravam aqui o<br />
comércio <strong>do</strong> pau-brasil eram chamadas de “brasileiros”.<br />
Para os nativos que nela habitavam,<br />
eram “ibirapitangas”. Mas será que os portugueses<br />
se interessavam em saber o porquê de os<br />
nativos chamarem de “Ibirapitanga” a terra em<br />
que moravam? Essa era uma forma particular de<br />
os europeus encararem os mun<strong>do</strong>s que descobriam.<br />
Talvez, a nenhum deles ocorria respeitar<br />
e manter os nomes já existentes <strong>do</strong>s lugares e<br />
das coisas. No entender de Sérgio Buarque de<br />
Holanda, essa atitude significava um anseio de<br />
submeter o nativo. Assim, desde o princípio, a<br />
intenção <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>ra marcava as imagens <strong>do</strong><br />
novo território: dar nomes é conquistar; nomear<br />
é tomar; batizar é <strong>do</strong>minar...<br />
De lá para cá... Daqui para lá:<br />
piratas e contrabandistas. A<br />
ofensiva da Coroa portuguesa<br />
A atração, provocada por riquezas vistas (valiosas<br />
madeiras, plantas estranhas, animais desconheci<strong>do</strong>s)<br />
e intuídas (metais preciosos), agitava<br />
um número incalculável de pessoas.<br />
Por outro la<strong>do</strong>, o Trata<strong>do</strong> de Tordesilhas não se<br />
sustentava. Franceses e ingleses, por exemplo,<br />
recusaram-se a respeitar as decisões nele contidas.<br />
Para esses não signatários <strong>do</strong> Trata<strong>do</strong> de<br />
Tordesilhas, o mar e as terras descobertas não<br />
tinham <strong>do</strong>no. Na prática, isso significava ataques<br />
e incursões frequentes de aventureiros e de traficantes.<br />
A Coroa portuguesa sentia na pele a<br />
ameaça que vinha pelas águas da Guanabara.<br />
Em cena: o século XVI. Tremulava ao sabor <strong>do</strong>s<br />
ventos, hasteada, a bandeira negra com o desenho<br />
de um crânio com duas tíbias cruzadas.<br />
O Rio antes <strong>do</strong> Rio<br />
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