Os municÃpios e as polÃticas públicas de segurança: Uma ... - Dilemas
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Des<strong>de</strong> então, mecanismos e instituições foram<br />
criados, antigos paradigm<strong>as</strong> tiveram que ser revistos<br />
e, a essa altura, já po<strong>de</strong>mos dizer que existe um certo<br />
saber acumulado a respeito <strong>de</strong>ssa dinâmica no âmbito<br />
d<strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong> sociais.<br />
Não é meu objetivo central me <strong>de</strong>ter em um diálogo<br />
aprofundado – seja breve ou exaustivo – com esse saber<br />
acima aludido. Pretendo, por outro lado, com o mesmo no<br />
horizonte, oferecer uma <strong>de</strong>scrição do processo que me foi<br />
dado conhecer, a saber, o do amadurecimento (bem-sucedido<br />
ou não, isso já seria uma outra discussão) da i<strong>de</strong>ia do<br />
protagonismo dos municípios no plano da elaboração <strong>de</strong><br />
polític<strong>as</strong> <strong>de</strong> segurança, <strong>de</strong>tectando prováveis entraves.<br />
Municipalizar <strong>as</strong> polític<strong>as</strong> <strong>de</strong> segurança pública implicaria,<br />
a princípio, a <strong>de</strong>scentralização do po<strong>de</strong>r institucional<br />
<strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão relativo a esse <strong>as</strong>sunto, o<br />
que, obviamente, pressupõe o fato <strong>de</strong> que tais polític<strong>as</strong><br />
estariam tradicionalmente legad<strong>as</strong> às esfer<strong>as</strong> estadual<br />
e fe<strong>de</strong>ral. Durante o período do regime militar que o<br />
país viveu entre os anos <strong>de</strong> 1964 e 1985, por exemplo,<br />
pensar a questão da segurança era o mesmo que pensar<br />
a chamada segurança nacional. Sob essa ótica, a própria<br />
noção <strong>de</strong> segurança pública como direito e responsabilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> todos tornava-se um tanto inviável. Mais<br />
do que isso, nem era uma questão <strong>de</strong> governo, e sim<br />
uma questão para <strong>as</strong> forç<strong>as</strong> armad<strong>as</strong>. Nesse sentido, a<br />
municipalização (e por <strong>as</strong>sim dizer, a <strong>de</strong>scentralização)<br />
dos mecanismos <strong>de</strong> execução <strong>de</strong> polític<strong>as</strong> públic<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />
segurança encontra-se, ao menos no plano formal, em<br />
consonância com o esforço <strong>de</strong> consolidação <strong>de</strong> um Estado<br />
<strong>de</strong>mocrático <strong>de</strong> direito vivido pelo país a partir <strong>de</strong><br />
meados da década <strong>de</strong> 1980.<br />
Partindo-se do pressuposto <strong>de</strong> que qualquer construção<br />
<strong>de</strong> política <strong>de</strong>ve ter início com uma boa coleta<br />
<strong>de</strong> informações, todo plano municipal <strong>de</strong> segurança<br />
não haverá <strong>de</strong> abrir mão <strong>de</strong> um diagnóstico que procure<br />
dar conta da, por <strong>as</strong>sim dizer, realida<strong>de</strong> local. O<br />
próximo p<strong>as</strong>so é o do planejamento estratégico propriamente<br />
dito, que, acredita-se, será potencialmente<br />
mais eficiente quanto mais amplo e preciso pu<strong>de</strong>r ser<br />
o trabalho <strong>de</strong> diagnóstico.<br />
80 DILEMAS <strong>Os</strong> municípios e <strong>as</strong> polític<strong>as</strong> públic<strong>as</strong> <strong>de</strong> segurança Marcos Veríssimo