SALA DE AULA - Intranet.fia.edu.br

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RESENHA<br />
MORAIS, Regis de. Sala de Aula: Que espaço é esse? 3.ed. Campinas:<br />
Papirus,1988.<br />
Priscilla Cássia Rossettini 1<br />
Luciana Miyuki Sado Utsumi 2<br />
No livro Sala de aula: que espaço é esse?, observa-se a preocupação em<br />
definir o que é uma sala de aula, não como sendo apenas um espaço físico em que<br />
alunos absorvem informações de um professor, mas sim um lugar em que idéias e<br />
experiências de vidas, tanto de alunos, quanto de professores, interagem-se com o<br />
objetivo de trocas, sendo que são essas trocas que fazem toda a diferença.<br />
Um aprendizado rico não é unilateral, em que o professor fala e o aluno<br />
acata, mas podemos ter a vantagem de uma riquíssima educação através da troca<br />
de informações, experiências, vivências, tornando assim uma aprendizagem alunoprofessor<br />
e professor-aluno.<br />
Um outro ponto importante é o conhecimento do próprio ser humano,<br />
através da troca mencionada acima. Nós podemos conhecer realmente o que é<br />
humano e isto é a maior de todas as aprendizagens que possamos ter e também de<br />
ensinar, pois, às vezes, educar pode significar estar simplesmente com o outro, sem<br />
as abordagens técnico-científicas que tanto se observam nas salas de aula.<br />
A sala de aula precisa ser um lugar não só de preparo para o sucesso em<br />
notas e na vida escolar mas, principalmente, precisa ser um espaço para uma<br />
preparação mais humana para a vida fora dela.<br />
O autor também dá ênfase em algo muito comum e perigoso: o<br />
autoritarismo na sala de aula. Devemos ser cuidadosos neste ponto, pois para<br />
muitos educadores, ser professor é estar em um patamar superior ao dos alunos,<br />
pois seu currículo assim diz. Afinal, para ser professor é necessário estudar, dedicar-<br />
1 Aluna do Curso de Licenciatura Plena em Letras da Faculdade Interação Americana - FIA<br />
2 Pedagoga, Mestre em Educação na linha de Formação de Educadores, Docente e Supervisora de<br />
Estágios das Licenciaturas da Faculdade Interação Americana – FIA.<br />
Contato: (lucianasado@fia.edu.br).

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se, ser impecável no quesito de educador; mas deve-se ficar alerta em relação a<br />
esta atitude, pois podemos caminhar para o autoritarismo, levando à destruição do<br />
que foi dito anteriormente sobre a relação aluno-professor e professor-aluno e suas<br />
trocas enriquecedoras.<br />
A arrogância é o pior instrumento que um educador possa usar no<br />
processo de educação de qualquer tipo, pois fecha caminhos e portas, impedindo-o<br />
de observar por outros ângulos. O educador arrogante apenas percorre um caminho,<br />
limitando seus alunos e a ele mesmo de possuírem uma educação mais humana e<br />
rica.<br />
A autoridade deve ser encarada como liderança e não chefia, ou seja, se<br />
o professor lidera com responsabilidade, disciplina e respeito seus alunos, o<br />
educador se tornará um professor de prestígio, caso contrário, apenas será um mero<br />
ditador, sem resultados.<br />
O grande segredo de ser um bom educador impondo respeito e<br />
organização, sem autoritarismo, é o encontro do equilíbrio.<br />
Em uma sala de aula é comum observar o “jogo do poder”. O professor<br />
deixa de correr certos riscos ao impor seu poder em uma sala de aula por causa de<br />
uma instituição, sendo que primeiramente, um profissional da educação deve ter a<br />
consciência de que o fato dele ter mais sabedoria não justifica agir como “dono”<br />
exclusivo do saber, pois ao educar alguém, o professor também se educa.<br />
Outra questão é em relação ao comportamento formal. As barreiras de<br />
acesso que se formam entre professor e aluno podem e devem ser quebradas com<br />
um relacionamento menos formal, desde que isto não afete a imposição do respeito,<br />
ou seja, seriedade e respeito podem perfeitamente interagirem-se em um<br />
relacionamento informal. O que fará a diferença será o profissionalismo do educador.<br />
O bom profissional deve criar situações dinâmicas, uma espécie de jogo<br />
para que os alunos possam absorver com mais facilidade os conteúdos, de forma a<br />
não se tornar cansativa uma aula. O segredo está em tornar prazeroso o<br />
aprendizado, o que se está aprendendo, pois a partir disto, o conhecimento<br />
adquirido deixa de ser uma obrigação, ficando claro que absorvemos muito mais<br />
informações quando gostamos de um certo assunto. Uma determinada disciplina<br />
considerada difícil e não muito agradável, pode ser aprendida de forma fácil e<br />
prazerosa, dependendo da didática do professor, ou seja, vai depender da forma do<br />
“jogar” as informações e do dinamismo do ensino.

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O termo sala de aula pode conter muitos significados, dependendo do<br />
ponto de vista. Por exemplo, o lar onde nascemos e somos educados. Lá, temos<br />
regras a serem seguidas, horários a serem respeitados, além de absorver<br />
informações de nossos pais; ou seja, somos educados de uma determinada<br />
maneira. Nossos “primeiros professores”, sem dúvida, são nossos pais.<br />
Um outro aspecto a ser observado é que a escola deve constituir<br />
relacionamentos humanos profundos e duradouros, que possam envolver o aluno<br />
em toda a sua potencialidade e em sua riqueza de experiências, propiciando assim o<br />
enriquecimento e o crescimento entre professores e alunos.<br />
Porém, na maioria das vezes, a escola oferece apenas relacionamentos<br />
amargos, destrutivos, laços de ódio que comprometem futuros relacionamentos.<br />
Uma educação com controle mental, livros medíocres e aulas expositivas<br />
apenas tornam o ambiente escolar propício ao descaso de alunos e até mesmo de<br />
professores.<br />
A educação deve ser flexível, não autoritária, participativa, integrada em<br />
grupos de idades diferentes para uma maior troca de experiências. Ou seja,<br />
integração e criatividade, eis os elementos para uma educação valiosa.<br />
Um dos aspectos em relação à educação de crianças, é que o espaçoescola<br />
deve expressar a relação entre aluno e professor. É através do<br />
relacionamento entre educador e educando que o convívio é registrado, marcando<br />
descobertas, crescimento e dúvidas. O espaço é registrado através da arrumação e<br />
organização da sala de aula.<br />
Assim, tudo o que é vivido dentro da sala explode como registro e se<br />
expressa como mudança física, que possui significados para os alunos. É por este<br />
motivo que não se deve ter a mesma arrumação e os mesmos registros na parede.<br />
Isto demonstra estancamento no processo de aprendizagem e com isso, diminui a<br />
paixão do conhecer, algo muito próprio do ser humano.<br />
A pré-escola é encarada como um “preparatório” para o primeiro ano do<br />
ensino fundamental. Um conjunto de regras, horários e procedimentos são<br />
responsáveis para que a criança se acostume com o obedecer, a ter disciplina e a<br />
ter uma seriedade futura. Mas existem experiências que tentam outros caminhos,<br />
como por exemplo, crianças e professores sentados em círculo (em vez das<br />
tradicionais carteiras enfileiradas, como se estivesse em um quartel), discutindo<br />
quais atividades irão realizar ao longo do dia. Neste espírito de planejamento e

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execução em grupo, formam-se grupos de crianças, espontaneamente agrupadas. A<br />
professora reforça a autonomia das opções, a noção das atividades e da tarefa<br />
começada-terminada.<br />
Este procedimento, além de provocar a interação espontânea entre os<br />
alunos, permite que as atividades explorem alguns temas. Os conteúdos vão<br />
surgindo, vão sendo criados a partir da experiência de crianças e adultos, juntos.<br />
Concluindo, temos o dever de mudar o ambiente de ensino. É função de<br />
todos os professores, como profissional na missão de educar um ser humano,<br />
oferecer o melhor do ensino, da melhor forma. O espaço sala de aula é o lugar não<br />
apenas para aprender o acadêmico, mas devemos encará-lo como uma<br />
oportunidade para receber informações de vida, compartilhar experiências, vivenciar<br />
a integração e, principalmente, compreender e aprender a conviver com algo mais<br />
importante do que um bom boletim ou estrelinhas como mérito: o ser humano.