A Qualidade no Serviço de Transporte Público Urbano - Ucg
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A QUALIDADE NO SERVIÇO DE TRANSPORTE PÚBLICO URBANO<br />
Benjamim Jorge Rodrigues dos Santos<br />
1. Consi<strong>de</strong>rações gerais<br />
O transporte coletivo é um serviço essencial nas cida<strong>de</strong>s, segundo FERRAZ (1998);<br />
<strong>de</strong>senvolve papel social e econômico <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância, pois <strong>de</strong>mocratiza a mobilida<strong>de</strong>,<br />
na medida em que facilita a locomoção das pessoas que não possuem automóvel ou não<br />
po<strong>de</strong>m dirigir; constitui um modo <strong>de</strong> transporte imprescindível para reduzir<br />
congestionamentos, os níveis <strong>de</strong> poluição e o uso indiscriminado <strong>de</strong> energia automotiva; e<br />
minimiza a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> vias e estacionamentos. Um sistema <strong>de</strong> transporte<br />
coletivo planejado, otimiza o uso dos recursos públicos, possibilita investimentos em setores<br />
<strong>de</strong> maior relevância social e uma ocupação mais racional e humana do solo urba<strong>no</strong>.<br />
Em geral, todos os segmentos da socieda<strong>de</strong> são beneficiados pela existência do<br />
transporte público: os trabalhadores, porque po<strong>de</strong>m atingir o local <strong>de</strong> trabalho; os<br />
empresários, porque dispõem <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra e do mercado consumidor com facilida<strong>de</strong>; e o<br />
conjunto da socieda<strong>de</strong>, porque, através do transporte coletivo, po<strong>de</strong> usufruir todos os bens e<br />
serviços que a vida urbana oferece.<br />
Os modos <strong>de</strong> transporte coletivo <strong>de</strong> passageiros empregam várias tec<strong>no</strong>logias, com<br />
características diversificadas, que aten<strong>de</strong>m a faixas <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda específicas com maior<br />
eficiência. Os principais modos são: ônibus, trólebus, bon<strong>de</strong>, pré-metrô, metrô e trem<br />
suburba<strong>no</strong>. Pela sua flexibilida<strong>de</strong>, custo <strong>de</strong> aquisição e <strong>de</strong> investimentos para sua operação,<br />
mesmo com baixa capacida<strong>de</strong>, o ônibus é atualmente o principal modo <strong>de</strong> transporte público<br />
na maioria das cida<strong>de</strong>s brasileiras, além <strong>de</strong> ser um importante complemento para os modos <strong>de</strong><br />
alta capacida<strong>de</strong> que operam nas maiores cida<strong>de</strong>s do país.<br />
O principal <strong>de</strong>safio dos planejadores <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> transporte público é atrair cada<br />
vez mais os usuários do automóvel, que, segundo RICHARDSON (1978 P. 96) , é um meio<br />
<strong>de</strong> transporte barato, se consi<strong>de</strong>rado um trajeto porta a porta <strong>de</strong> até cerca <strong>de</strong> 24 km. Além<br />
disto, é confortável e extremamente flexível, o que compensa eventuais diferenças <strong>de</strong> custo. O<br />
usuário do automóvel <strong>no</strong>rmalmente consi<strong>de</strong>ra como custo da viagem apenas o combustível
2<br />
consumido <strong>no</strong> trajeto, <strong>de</strong>sprezando os gastos relativos à manutenção, <strong>de</strong>preciação do veículo e<br />
outros. Devido a estas vantagens, o usuário do transporte público é cada vez mais atraído pelo<br />
transporte individual. Soma-se a isto o fato <strong>de</strong> o automóvel significar status social e um<br />
símbolo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r para uma parcela consi<strong>de</strong>rável da população.<br />
MELO (2000, p.126) confirma que o automóvel é um meio <strong>de</strong> transporte conveniente<br />
e que aten<strong>de</strong> bem a uma viagem pessoal <strong>de</strong>vido à sua flexibilida<strong>de</strong> e in<strong>de</strong>pendência <strong>no</strong><br />
trânsito. O autor citado salienta ainda que em ambientes cada vez mais congestionados tais<br />
vantagens <strong>de</strong>saparecem e os proprietários dos automóveis passam a pressionar o po<strong>de</strong>r<br />
público para investir na infra-estrutura viária, em obras <strong>de</strong> alargamento <strong>de</strong> ruas e construção<br />
<strong>de</strong> viadutos em áreas ocupadas por edifícios. Estas ações melhoram <strong>de</strong> imediato a circulação<br />
dos automóveis, mas, incentivam ainda mais o uso <strong>de</strong>ste transporte individual. Com o<br />
<strong>de</strong>correr <strong>de</strong> alguns a<strong>no</strong>s, em <strong>de</strong>corrência do aumento do número <strong>de</strong> automóveis nas ruas, os<br />
congestionamentos voltam, retroalimentando um círculo vicioso.<br />
VASCONCELLOS (1996, p.215) comenta que um objetivo fundamental citado em<br />
todas as políticas <strong>de</strong> circulação e transportes <strong>no</strong>s países em <strong>de</strong>senvolvimento refere-se à<br />
transferência <strong>de</strong> viagens dos automóveis para os ônibus. O autor pon<strong>de</strong>ra as dificulda<strong>de</strong>s para<br />
fazer a referida transferência e aponta como solução mais comum a oferta <strong>de</strong> serviços<br />
especiais <strong>de</strong> ônibus, com veículos mais sofisticados que realizam poucas paradas e<br />
atravessando bairros <strong>de</strong> classe média.<br />
SILVA e FERRAZ (1991, p.4) apresentam uma interessante comparação entre o<br />
espaço <strong>de</strong> viário consumido pelo automóvel e pelo ônibus. Consi<strong>de</strong>rando que um automóvel<br />
transporta em média 1,5 passageiro e ocupa cerca <strong>de</strong> 7 m 2 <strong>de</strong> espaço viário, tem-se que cada<br />
passageiro ocupa cerca <strong>de</strong> 5 m 2 <strong>de</strong> via. Um ônibus ocupa cerca <strong>de</strong> 30 m 2 <strong>de</strong> via e transporta,<br />
em média 60 passageiros, o que resulta em uma área <strong>de</strong> 0,5 m 2 por passageiro. Estes números<br />
mostram que o automóvel consome aproximadamente <strong>de</strong>z vezes mais espaço viário que o<br />
ônibus.<br />
Reconhecida a importância do transporte público para melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />
nas cida<strong>de</strong>s, os planejadores <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> transportes adotaram um procedimento, que já é<br />
uma tendência mundial: a priorização do transporte público <strong>de</strong> passageiros. Uma das maiores<br />
dificulda<strong>de</strong>s para se implantar um sistema <strong>de</strong> transporte coletivo <strong>de</strong> passageiros, é o
3<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> estratégias que levem ao equilíbrio da oferta com a <strong>de</strong>manda, com<br />
<strong>de</strong>sempenho otimizado. O <strong>de</strong>sempenho é avaliado segundo dois critérios básicos: a eficiência,<br />
que é a capacida<strong>de</strong> do sistema <strong>de</strong> utilizar os recursos disponíveis para realizar o serviço; e a<br />
eficácia, que diz respeito ao nível <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> alcançado na realização <strong>de</strong>stes serviços<br />
(TALLEY e ANDERSON apud CARVALHO, 1984, p.15).<br />
Um <strong>de</strong>sempenho otimizado, segundo SILVA e FERRAZ (1991, p. 5), não é simples<br />
<strong>de</strong> ser alcançado; qualquer melhoria na eficiência, <strong>no</strong>rmalmente piora a eficácia, e vice-versa.<br />
Mas, existem situações em que é possível melhorar bastante os dois aspectos. Tanto a<br />
eficiência como a eficácia <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> aspectos operacionais, que incluem,<br />
entre outros: a configuração; o número e a extensão das linhas <strong>de</strong> transporte público; a<br />
velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> operação; a freqüência do serviço e as características dos veículos.<br />
Neste trabalho, preten<strong>de</strong>-se apresentar didaticamente os principais parâmetros<br />
empregados na análise da eficácia <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> transporte público por ônibus e seus<br />
atributos indicadores <strong>de</strong> sistemas que apresentam qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviço boa, média ou ruim. A<br />
análise <strong>de</strong>sses parâmetros constitui um critério para a avaliação da qualida<strong>de</strong> e para orientar<br />
medidas que levem a um sistema <strong>de</strong> transporte público mais atrativo.<br />
2. A qualida<strong>de</strong><br />
Uma viagem por transporte coletivo urba<strong>no</strong> engloba, em geral, as seguintes etapas:<br />
percurso a pé da origem até o local <strong>de</strong> embarque <strong>no</strong> sistema, espera pelo ônibus e, por último,<br />
caminhada do ponto <strong>de</strong> <strong>de</strong>sembarque até o <strong>de</strong>sti<strong>no</strong> final. Muitas vezes, para realizar a viagem<br />
por completo, o usuário é ainda obrigado a efetuar uma ou mais transferências <strong>de</strong> um veículo<br />
para outro. Como estas ações consomem energia e tempo, e expõem os passageiros ao contato<br />
com ambientes nem sempre agradáveis, é importante que atendam certos requisitos quanto à<br />
comodida<strong>de</strong>, conforto e segurança.<br />
Com o objetivo <strong>de</strong> difundir conhecimentos e contribuir <strong>de</strong> maneira <strong>de</strong>cisiva para que<br />
as ações dos responsáveis pelas políticas <strong>de</strong> transporte urba<strong>no</strong> e trânsito, levem ao<br />
aprimoramento dos serviços prestados e ao atendimento dos requisitos necessários, a
4<br />
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE TRANSPORTES PÚBLICOS (1998), aborda a questão da<br />
qualida<strong>de</strong> dos serviços prestados pelos sistemas <strong>de</strong> transportes públicos.<br />
Diversos aspectos são consi<strong>de</strong>rados pelos usuários na avaliação da qualida<strong>de</strong> dos<br />
sistemas <strong>de</strong> transporte público urba<strong>no</strong>. A percepção individual e conjunta <strong>de</strong>sses fatores varia<br />
bastante em função da condição social e econômica das pessoas, da ida<strong>de</strong>, do sexo, etc. Outro<br />
ponto importante é que a percepção da qualida<strong>de</strong> é influenciada pelas condições <strong>de</strong> transporte<br />
vigente, pois há um crescimento do grau <strong>de</strong> expectativa dos passageiros com a melhoria da<br />
oferta. Sobre as expectativas dos passageiros Eiji Kawamoto afirma que “<strong>no</strong> entanto, a<br />
satisfação <strong>de</strong> ter conseguido um nível maior <strong>de</strong> conforto e rapi<strong>de</strong>z nas suas viagens durará<br />
pouco, pois o nível <strong>de</strong> aspiração está sempre além do nível alcançado. Assim, parece bastante<br />
lógico estabelecer a hipótese <strong>de</strong> que a natureza hedonista do homem, associado à aspiração,<br />
torna ilimitado o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> viajar <strong>de</strong> modo mais rápido e mais confortável...” (KAWAMOTO<br />
, 1994 apud FERRAZ, 1998, p.118).<br />
Deve-se consi<strong>de</strong>rar que um serviço <strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong> implica, quase sempre em<br />
tarifas mais elevadas. O custo do transporte é praticamente insignificante para as pessoas mais<br />
ricas, para estas pessoas o nível <strong>de</strong> serviço é o que mais importa, mas, para as pessoas mais<br />
pobres, a maioria da população, a tarifa baixa é mais interessante que um serviço <strong>de</strong> maior<br />
qualida<strong>de</strong>.<br />
Mas, apesar da complexida<strong>de</strong> do problema, é preciso <strong>de</strong>finir padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para<br />
efeito <strong>de</strong> planejamento <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> transporte público. Esses padrões <strong>de</strong>vem se basear na<br />
opinião da maioria dos usuários habituais do transporte público, que, em sua maior parte<br />
pertencem às classes me<strong>no</strong>s favorecidas. É importante salientar que tais padrões variam <strong>de</strong><br />
país para país, e até mesmo em função do porte da cida<strong>de</strong>. A maior parte dos trabalhos nesse<br />
sentido foi realizada em países <strong>de</strong>senvolvidos; uma referência é o trabalho do NATIONAL<br />
COMMITTEE ON URBAN TRANSPORTATION – NCUT dos Estados Unidos. Os padrões<br />
<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para o transporte público urba<strong>no</strong> por ônibus <strong>no</strong> Brasil foram <strong>de</strong>senvolvidos a<br />
partir <strong>de</strong>ssa obra e dos estudos realizados por FERRAZ (1988, 1990, 1997 e 1998). A seguir<br />
serão abordados os padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.
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4. Os fatores caracterizadores da qualida<strong>de</strong><br />
Os principais fatores que caracterizam a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> transporte público<br />
urba<strong>no</strong> por ônibus são: acessibilida<strong>de</strong>, tempo <strong>de</strong> viagem, confiabilida<strong>de</strong>, intervalo entre<br />
atendimentos, lotação, características dos veículos, facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização e mobilida<strong>de</strong>.<br />
Descreve-se a seguir, cada um <strong>de</strong>stes fatores.<br />
4.1.1 Acessibilida<strong>de</strong><br />
A acessibilida<strong>de</strong> é relacionada com as distâncias que os usuários caminham quando<br />
utilizam o transporte coletivo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a origem da viagem até o ponto <strong>de</strong> embarque e do ponto<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>sembarque até o <strong>de</strong>sti<strong>no</strong> final. Quanto me<strong>no</strong>s o passageiro caminha, melhor é a<br />
acessibilida<strong>de</strong> do sistema <strong>de</strong> transporte público. A sensibilida<strong>de</strong> dos usuários em relação à<br />
acessibilida<strong>de</strong> é mais crítica <strong>no</strong>s bairros que <strong>no</strong> centro das cida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> é mais agradável<br />
caminhar.<br />
4.1.2 Tempo <strong>de</strong> viagem<br />
O tempo <strong>de</strong> viagem é função da velocida<strong>de</strong> comercial dos ônibus e do traçado das<br />
linhas. A velocida<strong>de</strong> comercial <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do grau <strong>de</strong> separação do transporte público em<br />
relação ao tráfego geral, da distância média entre os pontos <strong>de</strong> parada, da condição <strong>de</strong><br />
rolamento proporcionada pelo pavimento das vias e das condições do trânsito. A geometria<br />
das linhas dos ônibus também influi <strong>no</strong> tempo <strong>de</strong> viagem. Em rotas diretas ou sem<br />
sinuosida<strong>de</strong>s as viagens são mais rápidas, pois os percursos são me<strong>no</strong>res.<br />
Quando os ônibus circulam pelas vias em faixas segregadas ou exclusivas po<strong>de</strong>-se<br />
conseguir velocida<strong>de</strong>s satisfatórias. Mas, quando trafegam junto com o trânsito geral, o grau<br />
<strong>de</strong> direitura da rota interfere na velocida<strong>de</strong>. Este grau po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido como a relação entre o<br />
percurso dos ônibus e o percurso dos veículos particulares consi<strong>de</strong>rando a área analisada e o<br />
centro da cida<strong>de</strong>. O grau <strong>de</strong> direitura <strong>de</strong>ve ser verificado <strong>no</strong>s sentidos centro-bairro e bairro-
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centro. Os passageiros percebem quando a rota é muito aberta <strong>no</strong> bairro, ou faz <strong>de</strong>svios<br />
enfadonhos, <strong>no</strong>tadamente <strong>no</strong> trajeto bairro-centro.<br />
A direitura das rotas é relacionada com os trajetos <strong>de</strong>snecessários, sob o ponto <strong>de</strong><br />
vista do passageiro; é <strong>de</strong>terminada dividindo-se a distância percorrida por ônibus pela<br />
distância, em linha reta, ligando a origem ao <strong>de</strong>sti<strong>no</strong> da viagem. Direituras <strong>de</strong> rotas superiores<br />
a 1,7 são enfadonhas para os passageiros.<br />
O fator tempo <strong>de</strong> viagem é avaliado através da relação entre os tempos <strong>de</strong> viagem por<br />
ônibus e por automóvel.<br />
4.1.3 Confiabilida<strong>de</strong><br />
A confiabilida<strong>de</strong> é relacionada com o grau <strong>de</strong> certeza dos usuários <strong>de</strong> que o ônibus<br />
sairá da origem e chegará ao <strong>de</strong>sti<strong>no</strong> <strong>no</strong> horário previsto, consi<strong>de</strong>rando um atraso tolerável. A<br />
confiabilida<strong>de</strong>, portanto, engloba a pontualida<strong>de</strong>. Diversos fatores po<strong>de</strong>m ocasionar o não<br />
cumprimento dos horários <strong>de</strong> partida e chegada programado para as viagens: <strong>de</strong>feitos <strong>no</strong>s<br />
ônibus, aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trânsito, aci<strong>de</strong>ntes com passageiros <strong>de</strong>ntro dos veículos ou <strong>no</strong> embarque/<br />
<strong>de</strong>sembarque, <strong>de</strong>sentendimentos graves e assaltos <strong>no</strong>s ônibus, congestionamentos, inabilida<strong>de</strong><br />
dos motoristas, etc. A confiabilida<strong>de</strong> é avaliada pela porcentagem <strong>de</strong> viagens programadas<br />
que não foram realizadas, incluindo as realizadas parcialmente e as concluídas com atraso<br />
superior a 5 minutos.<br />
4.1.4 Freqüência<br />
A freqüência <strong>de</strong> atendimento, que <strong>de</strong>termina o intervalo <strong>de</strong> tempo entre passagens<br />
consecutivas dos ônibus pelos pontos <strong>de</strong> parada, <strong>de</strong>finido como headway na engenharia <strong>de</strong><br />
tráfego, tem gran<strong>de</strong> relevância para os passageiros que chegam aleatoriamente <strong>no</strong>s locais <strong>de</strong><br />
embarque. No entanto, também tem relativa importância para os usuários que conhecem<br />
previamente os horários, pois lhes confere maior ou me<strong>no</strong>r flexibilida<strong>de</strong> na utilização do
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sistema. A avaliação da freqüência é feita através da medição do intervalo <strong>de</strong> tempo entre<br />
atendimento consecutivos dos ônibus <strong>no</strong>s pontos <strong>de</strong> parada.<br />
4.1.5 Lotação<br />
A qualida<strong>de</strong> do transporte também está relacionada com a lotação dos ônibus, sendo<br />
que a percepção dos usuários em relação a este parâmetro <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do período em que<br />
utilizam o sistema. Os passageiros habituais dos períodos <strong>de</strong> pico, em geral adultos e jovens<br />
que se dirigem à escola ou trabalho, são me<strong>no</strong>s sensíveis à lotação que os usuários típicos <strong>de</strong><br />
outros períodos, geralmente mulheres, crianças e idosos.<br />
A avaliação do fator lotação é feita através da relação entre o número <strong>de</strong> passageiros<br />
<strong>no</strong> interior do ônibus <strong>no</strong> trecho e período crítico, sua lotação máxima, e a capacida<strong>de</strong>,<br />
calculada para uma taxa <strong>de</strong> ocupação <strong>de</strong> 7 passageiros em pé por metro quadrado. Os<br />
atributos da lotação indicadores da qualida<strong>de</strong> do serviço <strong>de</strong> transporte público são<br />
apresentados <strong>no</strong> Quadro I apresentado adiante.<br />
4.1.6 Características dos ônibus<br />
A tec<strong>no</strong>logia e o estado <strong>de</strong> conservação dos ônibus são fatores <strong>de</strong>terminantes do<br />
conforto dos passageiros durante as viagens. No que se refere à tec<strong>no</strong>logia, <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar<br />
na <strong>de</strong>terminação do nível <strong>de</strong> serviço: micro ambiente inter<strong>no</strong> do veículo, caracterizado pela<br />
temperatura, ventilação, nível <strong>de</strong> ruído, umida<strong>de</strong> do ar, etc.; e arranjo físico: número e largura<br />
das portas, largura do corredor, posição da catraca, altura dos <strong>de</strong>graus, etc.<br />
No caso dos ônibus são especialmente relevantes: o número <strong>de</strong> portas, a largura do<br />
corredor e o estado <strong>de</strong> conservação. A existência <strong>de</strong> 3 portas e corredor largo <strong>no</strong>s ônibus<br />
convencionais facilita bastante, sobretudo <strong>no</strong>s períodos <strong>de</strong> pico, a locomoção dos passageiros<br />
<strong>no</strong> interior do veículo durante as operações <strong>de</strong> embarque e <strong>de</strong>sembarque. Na avaliação do<br />
estado <strong>de</strong> conservação dos veículos <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar: a limpeza, o aspecto geral e a<br />
existência ou não <strong>de</strong> ruídos provenientes <strong>de</strong> partes soltas.
8<br />
O fator características dos veículos é avaliado com base <strong>no</strong>s seguintes itens: ida<strong>de</strong> dos<br />
ônibus, número <strong>de</strong> portas e largura do corredor.<br />
4.1.7 Facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização<br />
Este parâmetro envolve os seguintes aspectos: sinalização dos pontos <strong>de</strong> parada,<br />
existência <strong>de</strong> abrigo <strong>no</strong>s locais <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>manda, divulgação <strong>de</strong> horários e distribuição <strong>de</strong><br />
mapas simplificados dos itinerários das linhas com localização dos terminais, disponibilização<br />
<strong>de</strong> informações por telefone, etc.<br />
A não sinalização dos pontos <strong>de</strong> parada, comum na periferia <strong>de</strong> algumas cida<strong>de</strong>s, não<br />
prejudica diretamente os usuários habituais, que sabem on<strong>de</strong> os ônibus param. Mas reflete, <strong>no</strong><br />
entanto, uma certa <strong>de</strong>sorganização do serviço prestado. Para os usuários não habituais a<br />
sinalização clara dos pontos é fundamental na utilização do transporte coletivo.<br />
A existência <strong>de</strong> cobertura para a proteção dos usuários durante os períodos <strong>de</strong> chuva<br />
ou sol forte é uma facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apoio bastante importante. Bancos para sentar também<br />
melhoram a comodida<strong>de</strong>. A distribuição periódica <strong>de</strong> tabelas <strong>de</strong> horários e mapas das linhas e<br />
terminais é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância, principalmente para os passageiros não habituais, não<br />
<strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> ser útil também para os cativos, que ampliam o conhecimento do sistema.<br />
O fator facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização, <strong>no</strong> caso do transporte coletivo por ônibus, é avaliado<br />
com base <strong>no</strong>s seguintes itens: sinalização a<strong>de</strong>quada <strong>no</strong>s pontos <strong>de</strong> parada, existência <strong>de</strong><br />
cobertura <strong>no</strong>s locais mais movimentados e distribuição periódica ou não <strong>de</strong> informações sobre<br />
o funcionamento do sistema.<br />
4.1.8 Mobilida<strong>de</strong><br />
A mobilida<strong>de</strong> é caracterizada pelo grau <strong>de</strong> facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> locomoção das pessoas <strong>de</strong> um<br />
local para outro da cida<strong>de</strong>, utilizando o transporte público. Importante salientar que na<br />
mobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar, além do planejamento e distribuição das linhas pela cida<strong>de</strong>,<br />
aspectos relativos aos passageiros, inclusive os portadores <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s especiais. Para
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aten<strong>de</strong>r esta faixa específica <strong>de</strong> usuários o BANCO INTERAMERICANO DE<br />
DESENVOLVIMENTO (2001), apresenta uma série <strong>de</strong> estudos e sugestões que po<strong>de</strong>m ser<br />
incorporadas em um sistema <strong>de</strong> transporte público urba<strong>no</strong>.<br />
O i<strong>de</strong>al seria que as viagens entre dois locais quaisquer pu<strong>de</strong>ssem ser diretas, sem<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transbordo. Isso contudo, é <strong>no</strong>rmalmente impossível <strong>de</strong> ser realizado com<br />
freqüências aceitáveis. Em razão <strong>de</strong>ssa impossibilida<strong>de</strong> prática, é <strong>de</strong>sejável a integração física<br />
e tarifária nas diversas linhas do sistema.<br />
A integração física é necessária para que as transferências entre veículos <strong>de</strong> linhas<br />
distintas sejam feitas com comodida<strong>de</strong> e segurança. A integração tarifária para que não seja<br />
necessário o pagamento <strong>de</strong> outra passagem <strong>no</strong>s transbordos, proporcionando <strong>de</strong>sta maneira<br />
justiça social através da eliminação das discriminações geográficas <strong>no</strong> espaço urba<strong>no</strong>. A<br />
maneira <strong>de</strong> promover a integração física e tarifária <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do tamanho da cida<strong>de</strong>.<br />
Nas cida<strong>de</strong>s pequenas e médias, como as ativida<strong>de</strong>s comerciais e <strong>de</strong> serviços estão<br />
fortemente concentradas na região <strong>de</strong><strong>no</strong>minada zona central, a melhor configuração da re<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> transporte público é através <strong>de</strong> rotas radiais. Nessas cida<strong>de</strong>s a implantação <strong>de</strong> um terminal<br />
fechado é, <strong>no</strong>rmalmente, a melhor solução para se promover a integração física e tarifária.<br />
Nos terminais fechados os usuários po<strong>de</strong>m trocar <strong>de</strong> ônibus sem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pagar <strong>no</strong>va<br />
passagem, realizando o embarque pelas portas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sembarque.<br />
Nas cida<strong>de</strong>s maiores existe gran<strong>de</strong> concentração da <strong>de</strong>manda <strong>no</strong>s principais<br />
corredores, o que viabiliza o emprego <strong>de</strong> linhas tronco operadas por ônibus <strong>de</strong> maior<br />
capacida<strong>de</strong> e com circulação em faixas segregadas ou exclusivas, ou mesmo tec<strong>no</strong>logias sobre<br />
trilhos com operação em faixas exclusivas ou em vias específicas ao nível do solo, elevadas<br />
ou subterrâneas. No sistema <strong>de</strong> linhas troncais é necessária a utilização <strong>de</strong> rotas alimentadoras<br />
com o propósito <strong>de</strong> transportar passageiros e concentrá-los nas rotas principais, o que <strong>de</strong>ve<br />
ser feito através <strong>de</strong> terminais a<strong>de</strong>quados que possibilitam a integração física e, também,<br />
quando fechados, a integração tarifária.<br />
Nas gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s ocorre gran<strong>de</strong> dispersão das ativida<strong>de</strong>s comerciais e <strong>de</strong> prestação<br />
<strong>de</strong> serviços, sendo necessário <strong>no</strong> sistema <strong>de</strong> transporte público, além das linhas troncais e<br />
alimentadoras, a disponibilização <strong>de</strong> linhas comuns diametrais, radiais e interbairros. A
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integração física, possibilitada <strong>no</strong>s cruzamentos das linhas, <strong>de</strong>ve ser feita a<strong>de</strong>quadamente<br />
disponibilizando ao público abrigos e bancos, <strong>de</strong> modo a garantir comodida<strong>de</strong> satisfatória <strong>no</strong>s<br />
transbordos. A integração tarifária <strong>de</strong>ve ser realizada com o emprego <strong>de</strong> sistemas automáticos<br />
<strong>de</strong> cobrança <strong>no</strong> interior dos veículos e <strong>no</strong>s terminais, com a utilização <strong>de</strong> cartões ou bilhetes<br />
magnéticos. O fator mobilida<strong>de</strong> é avaliado consi<strong>de</strong>rando a existência ou não <strong>de</strong> integração<br />
física e tarifária <strong>no</strong> sistema <strong>de</strong> transporte público urba<strong>no</strong>.<br />
5. Os padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />
Consi<strong>de</strong>rando-se os parâmetros <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, aqui divulgados, foram estabelecidos<br />
atributos que caracterizam, na opinião da maioria dos usuários, um serviço <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> boa,<br />
regular ou ruim, conforme mostrado <strong>no</strong> Quadro 1 apresentado a seguir.<br />
Quadro 1 - Padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>no</strong> transporte público por ônibus<br />
PARÂMETROS<br />
QUALIDADE<br />
BOA MÉDIA RUIM<br />
Acessibilida<strong>de</strong> – distância <strong>de</strong> caminhada (m). 500<br />
Tempo <strong>de</strong> viagem – relação entre os tempos < 1,3 1,3 – 1,7 > 1,7<br />
ônibus/carro.<br />
Confiabilida<strong>de</strong> – porcentagem <strong>de</strong> viagens com < 98 95-98 < 95<br />
atraso me<strong>no</strong>r que 5 minutos.<br />
Freqüência – tempo entre atendimentos (min.). < 15 15-30 > 30<br />
Lotação – relação entre a Pico < 0,67 0,67 – 0,90 > 0,90<br />
<strong>de</strong>manda e a capacida<strong>de</strong>. Entre picos < 0,50 0,50 – 0,67 > 0,67<br />
Características dos veículos<br />
Ida<strong>de</strong> (a<strong>no</strong>s) < 5 < 5 5 – 8 > 8<br />
Número <strong>de</strong> portas 3 2 - -<br />
Facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização<br />
Mobilida<strong>de</strong><br />
Fonte: FERRAZ (1998)<br />
Corredor estreito largo - -<br />
Pontos sinalizados<br />
Abrigos<br />
Informações<br />
Integração física<br />
Integração<br />
tarifária<br />
Sim<br />
sim<br />
sim<br />
Sim<br />
sim<br />
sim<br />
sim<br />
não<br />
sim<br />
não<br />
-<br />
não<br />
não<br />
não<br />
não
11<br />
6. Conclusões<br />
Foram apresentados neste trabalho os principais parâmetros para avaliação da<br />
qualida<strong>de</strong> do serviço prestado por sistemas <strong>de</strong> transporte público urba<strong>no</strong>. Também foram<br />
relacionados também atributos <strong>de</strong>stes parâmetros relativos a uma qualida<strong>de</strong> boa, média e<br />
ruim. Através da análise <strong>de</strong>stes parâmetros têm-se um critério para julgamento da qualida<strong>de</strong><br />
do serviço do transporte coletivo por ônibus. As análises, por outro lado, po<strong>de</strong>m i<strong>de</strong>ntificar<br />
<strong>de</strong>ficiências em algum ou vários indicadores <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Essas <strong>de</strong>ficiências quando<br />
<strong>no</strong>vamente trabalhadas po<strong>de</strong>m levar a uma melhoria na qualida<strong>de</strong> do serviço prestado. Desta<br />
forma, os planejadores po<strong>de</strong>m oferecer um transporte coletivo que atenda as expectativas dos<br />
passageiros e, em <strong>de</strong>corrência, atrair cada vez mais os usuários do automóvel. Se parte<br />
consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong>stes usuários migrarem para o transporte público toda a população será<br />
contemplada com benefícios importantes, tais como: redução do número <strong>de</strong> veículos nas ruas,<br />
diminuição do número <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes, minimização <strong>de</strong> congestionamentos <strong>no</strong> trânsito, aumento<br />
do número <strong>de</strong> vagas para estacionamento <strong>de</strong> veículos, redução da poluição atmosférica e<br />
so<strong>no</strong>ra entre outros, que contribuem para melhorar a qualida<strong>de</strong> da vida nas cida<strong>de</strong>s.<br />
Bibliografia<br />
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