Um conceito bem relativo Quando você pensa em periferia, logo a associa a um espaço pobre, cheio de problemas como a violência e a falta de serviços básicos. Pois bem, essa é apenas uma ideia que se pode ter sobre o assunto. Periferia é algo mais amplo. E pode remeter ao nosso próprio corpo, com o <strong>centro</strong> e suas extremi<strong>da</strong>des, como faz pensar a Crônica que abre esta edição. Ao chamar para a discussão o tema Periferia e batizar este número com o título <strong>No</strong> <strong>centro</strong> <strong>da</strong> <strong>cultura</strong>, a Continuum quer provocar seu leitor a olhar as regiões que se situam nas bor<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s grandes ci<strong>da</strong>des de outra forma. Uma frase que resume o espírito <strong>da</strong> edição foi <strong>da</strong><strong>da</strong> pelo jornalista Gilberto Dimenstein, na Entrevista (que ele compartilha com outros especialistas no tema): “Um jovem alienado de classe média alta é periférico”. Definitivamente, periferia é um conceito bem relativo. Centro e fronteira se misturam o tempo todo, <strong>da</strong> mesma forma que convivem vários Brasis num só país. Mas é certo que um elemento faz com que as distâncias diminuam. É ele a <strong>cultura</strong>. Por meio dela, movimentos surgidos em bairros de baixa ren<strong>da</strong> vêm reforçando a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia e o poder mobilizador dessas populações, como conta a reportagem que começa na página 14. É com arte que se começa a eliminar estigmas. A música, por exemplo, consegue estabelecer um elo entre as periferias. Mas novamente cabe derrubar a ideia pronta. Engana-se quem pensa que nessas comuni<strong>da</strong>des só se ouvem e tocam funk ou hip-hop, revela a reportagem que encerra a edição. Seguindo o exemplo dos movimentos <strong>da</strong> periferia, a revista também oferece arte aos leitores, na Ficção inédita do escritor Paulo Lins, autor de Ci<strong>da</strong>de de Deus, e na Fotorreportagem, que mostra a visão turva<strong>da</strong> que se tem de dentro dos ônibus de uma metrópole. Em tempo: é com alegria que contamos que a Continuum recebeu o Prêmio ABCA 2009, <strong>da</strong> Associação Brasileira dos Críticos de Arte, na categoria Difusão <strong>da</strong>s Artes Visuais na Mídia. Ilustração: Azeite de Leos Continuum Itaú Cultural Projeto gráfico Jader Rosa Design gráfico Laura Daviña Edição Marco Aurélio Fiochi, Mariana Lacer<strong>da</strong> Re<strong>da</strong>ção André Seiti, Thiago Rosenberg Produção editorial Caio Camargo Revisão Polyana Lima Colaboraram nesta edição Arthur Rampazzo Roessle, Augusto Paim, Azeite de Leos, Cassimano, Cia de Foto, Clayton Cassiano, Eduardo Lyra, Gabriel Bitar, Karina Buhr, Lourenço do Carmo, Lourival Cuquinha, Marcel Nanni Fracassi, Mariana Leme, Mariana Sgarioni, Micheliny Verunschk, Patrícia Cornils, Patrícia Stavis, Paulo Lins, Pedro Henrique França, Raquel Krügel, Ratão Diniz, Renata Ursaia, Rafael Tonon, Roberta Guedes, Rodrigo Silveira, Ronaldo Bressane, Tatiana Diniz, Wilson Inacio Agradecimentos Neomisia Silvestre e Fernando Alves (Instituto Pombas Urbanas), Rogério Schlegel (Centro de Estudos <strong>da</strong> Metrópole) capa foto: Ratão Diniz ISSN 1981-8084 Matrícula 55.082 (dezembro de 2007) Tiragem 10 mil – distribuição gratuita. Sugestões e críticas devem ser encaminha<strong>da</strong>s ao Núcleo de Comunicação e Relacionamento continuum@itau<strong>cultura</strong>l.org.br. Jornalista responsável Ana de Fátima Oliveira de Sousa MTb 13.554 Esta publicação segue as normas do Acordo Ortográfico <strong>da</strong> Língua Portuguesa, assinado em 1990, em vigor desde janeiro de 2009. 2 Continuum Itaú Cultural Participe com suas ideias 3