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Anestésicos locais. Quais são as novidades<br />
para o uso: peridural e raquianestesia.<br />
Profa. Dra. Eliana Marisa Ganem<br />
CET/SBA do Depto. Anestesiologia – FM – Botucatu, SP<br />
UNESP – Universidade Estadual Paulista
São substâncias capazes de bloquear, de<br />
forma reversível, a geração e propagação de<br />
impulsos elétricos em tecidos eletricamente<br />
excitáveis.
Molécula típica do AL<br />
Strichartz & Berde, 2004
‣interação direta com os canais de Na<br />
‣expansão da membrana lipídica<br />
‣alteração da composição da membrana<br />
‣interferência com o cálcio (controla a condutância ao Na)
Anestésicos Locais<br />
Sítios de ação dos diferentes tipos de anestésicos locais.<br />
BH + B + H +<br />
TTX<br />
benzocaína<br />
Aminoésteres e aminoamidas<br />
na forma iônica (BH + ) agem<br />
na superfície axoplásmica<br />
dos canais de Na + .<br />
Na forma de base (B) agem<br />
no interior da membrana dos<br />
canais (pouco importante).<br />
B<br />
BH +<br />
axoplasma<br />
H + + B BH +<br />
(Covino BG, Scott DB. Handbook of Epidural Anaesthesia and Analgesia, 1985)
Locais de ligação dos AL<br />
‣Canais de Na<br />
– canais de K<br />
– canais de Ca<br />
– enzimas<br />
– receptores NMDA<br />
– β adrenérgicos<br />
– colinérgicos nicotínicos<br />
– outros<br />
Groban & Butterworth, 2007
AL<br />
Bloqueio da<br />
condução<br />
Reversível<br />
Potencial transmembrana (mV)<br />
Normal<br />
Potencial limiar<br />
Potencial repouso<br />
AL
‣pKa<br />
‣lipossolubilidade<br />
‣ligação protêica
pH = pKa - log (C + - B - )<br />
pKa = pH do AL 50% B - 50% C +<br />
Base:<br />
atravessa a membrana<br />
porção lipossolúvel<br />
Cátion: bloqueia o canal de Na +<br />
porção hidrossolúvel
Captação<br />
neural do<br />
AL<br />
↓ pKa<br />
↑ base<br />
livre<br />
↑ acesso nos<br />
locais de<br />
ligação do AL<br />
(canal de Na)
depositar em<br />
compartimentos<br />
lipossolúveis e<br />
mielina<br />
↑ o tempo de início<br />
de ação do AL<br />
acelerar a<br />
penetração<br />
nas membranas<br />
neurais
↑ absorção do AL<br />
(mielina e<br />
compartimentos<br />
neuronais)<br />
↑ depósito de<br />
liberação lenta<br />
de AL<br />
↑ tempo de<br />
duração de ação
Afinidade ao canal de Na +<br />
> capacidade de alterar a conformação do canal de Na +<br />
↑ potência
forma livre – farmacologicamente ativa<br />
↑ ligação protêica → ↑ duração de ação
SNC excitação depressão<br />
toxicidade<br />
do anestésico<br />
local<br />
arritmias<br />
CV<br />
colapso<br />
cardiovascular<br />
hipertensão<br />
taquicardia<br />
Depressão<br />
miocárdica<br />
Groban & Butterworth, 2007
1 - Fase excitatória<br />
• confusão<br />
• inquietação<br />
• torpor<br />
2 - Fase convulsiva<br />
• tipo grande mal<br />
• tônico - clônica<br />
• generalizada<br />
• gosto metálico
3 - Fase depressora<br />
• depressão do SNC<br />
• inconsciência<br />
• depressão respiratória<br />
• apnéia
1) Fase excitatória<br />
• hipertensão<br />
• taquicardia<br />
• convulsão ?<br />
2) Fase depressora<br />
• efeito inotrópico negativo<br />
• hipotensão<br />
• fl débito cardíaco<br />
• fl volume de fechamento<br />
• vasodilatação periférica<br />
3) Colapso cardiovascular
↑↑ concentrações plasmáticas de AL<br />
prolonga o tempo de condução cardíaca<br />
ECG: ↑ no intervalo PR<br />
↑ duração do QRS<br />
Miller RD, 2006
↑↑↑↑ concentrações plasmáticas de AL<br />
deprime<br />
atividade espontânea do marca passo do nó sinusal<br />
bradicardia sinusal<br />
parada sinusal<br />
Miller RD, 2006
AL<br />
alteração<br />
no influxo<br />
deprimir contratilidade<br />
cardíaca<br />
de Ca +2 Miller RD, 2006<br />
bupivacaína<br />
tetracaína<br />
> lidocaína ><br />
cloroprocaína
Data Agente Investigador<br />
1860 Cocaína Niemann<br />
1895 Benzocaína Salkowski<br />
1904 Procaína Einhorn<br />
1925 Dibucaína Meischer<br />
1928 Tetracaína Eisler<br />
1943 Lidocaína Lofgren, Lundquist<br />
1949 Cloroprocaína Marks, Rubin<br />
1956 Mepicavaína Ekenstam<br />
1957 Bupivacaína Ekenstam<br />
1972 Etidocaína Adams, Kronberg, Takman<br />
1996 Ropivacaína Ekenstam, Sandberg<br />
1999 Levobupivacaína Ekenstam e outros<br />
Butterworth J, 2007<br />
1999 Mistura bupivacaína S75: R25 Simonetti<br />
2007 Mixcaína S ropivacaína 75: R bupivacaína 25 Simonetti<br />
Simonetti et al 1999<br />
Simonetti 2007
AL Duração de ação Toxicidade<br />
Etidocaína S = R S = R<br />
Mepivacaína S > R S = R<br />
Bupivacaína S > R S < R<br />
Ropivacaína S > R S < R<br />
Heavner, Curr Opin Anaesthesiol, 2007
Bupivacaína Ropivacaína Levobupivacaína<br />
Peso Molecular 288 274 288<br />
Pka 8,1 8,1 8,1<br />
Lipossolubilidade 30 2,8 30<br />
Ligação protêica (%) 95 94 95<br />
Casati & Putzu, Best Pract Res Cl Anasthesiol, 2007
Doses convulsivantes de AL nas diferentes<br />
espécies<br />
Animal Via Bupivacaína Levobupivacaína Ropivacaína<br />
ratos infusão (IV) 2,8 mg. kg -1 4,5 mg. kg -1<br />
cães infusão (IV) 9,3 mg. kg -1 12,8 mg. kg -1 13,2 mg. kg -1<br />
ovelhas “bolus” (EV) 1,6 mg. kg -1 3,5 mg. kg -1<br />
Groban, Reg Aneth Pain Med, 2003<br />
Bupivacaína > levobupivacaína e ropivacaína<br />
1,5 – 2,5
Grau de bloqueio do canal de sódio<br />
Bupivacaína<br />
fast in - slow out<br />
Ropivacaína<br />
fast in - middle out<br />
Lidocaína<br />
fast in - fast out<br />
Clarkson C. W.<br />
Anesthesiology
upivacaína > levobupivacaína > ropivacaína<br />
• bupivacaína - ↑ PR e alargamento do QRS<br />
↑ [ ] plasmáticas – depressão da atividade do nó SA e AV →<br />
cães<br />
bradicardia e BAV<br />
↑↑↑ [ ] plasmáticas – prolongamento QT, taquicardia e<br />
fibrilação ventricular<br />
Hotredt et al, 1985; Timour et al, 1987
↑ QRS<br />
ovelha<br />
• bupivacaína, levobupivacaína e ropivacaína → ↑<br />
bupivacaína > ropivacaína<br />
Chang et al, 2001<br />
arritmias<br />
- bupivacaína > levobupivacaína<br />
Huang et al, 1998; Chand et al, 2000
• bupivacaína x lidocaína<br />
porco<br />
- injeção intracoronariana de AL<br />
- fibrilação ventricular<br />
- doses 1:16<br />
bupivacaína – 4 mg<br />
lidocaína – 64 mg<br />
Nath et al, 1986<br />
• bupivacaína > levobupivacaína > ropivacaína<br />
Morrison et al, 2000
ovelha<br />
> potência – > redução do inotropismo<br />
-bupivacaína, levobupivacaína, ropivacaína, lidocaína<br />
-injeção intracoronariana<br />
-diminuição da contratilidade de VE e do volume sistólico<br />
bupivacaína = levobupivacaína > ropivacaína > lidocaína<br />
Groban et al, 2001
Concentração sérica da droga em ovelhas<br />
(mcg/ml)<br />
Bupivacaína<br />
L-bupivacaína<br />
Ropivacaína<br />
Convulsão Hipotensão Apnéia Colapso<br />
circulatório<br />
ovelha<br />
Santos et al, Anesthesiology, 2001
L-bupiv<br />
27 mg.kg -1<br />
Ropivacaína<br />
42 mg.kg -1<br />
Bupivacaína<br />
22 mg.kg -1<br />
reanimação<br />
morte<br />
Lidocaína<br />
127 mg.kg -1<br />
Groban et al, Anesth Analg, 2001
Intoxicação aguda – Bupivacaína e S75-R25<br />
• Cães – S75-R25 > bupivacaína<br />
fl pressão arterial média<br />
fl índice cardíaco<br />
fl índice trabalho sistólico VE<br />
Udelsmann et al, 2006<br />
• Porcos – S75-R25 > levobupivacaína > bupivacaína<br />
fl índice cardíaco<br />
fl pressão arterial média<br />
fl freqüência cardíaca<br />
fl índice trabalho sistólico de VE<br />
Udelsmann et al, 2007
Aplicação clínica – Anestesia Peridural<br />
Autor<br />
AL – concentração<br />
(%)<br />
Procedimento<br />
Observações<br />
Katz, 1990; Ker K Kamp, 1990; Wolff,<br />
1995; McGlade 1997; Crosby, 1998; Kampe<br />
2004<br />
Ropivacaína 0,5%<br />
x<br />
Bupivacaína 0,5%<br />
Diversos<br />
MMII<br />
Obstétricos<br />
Bloqueio<br />
similar<br />
Cox, 1998; Kapacz, 2000<br />
Levobupivacaína (0,5 – 0,75)<br />
x<br />
Bupivacaína (0,5 – 0,75)<br />
MMII<br />
Abdominal<br />
Bloqueio<br />
Similar<br />
Faccenda, 2003<br />
Levobupivacaína 0,5%<br />
x<br />
Bupivacaína 0,5%<br />
Cesareana<br />
Levobupivacaína<br />
bloqueio motor de maior<br />
duração e menos profundo<br />
Peduto, 2003<br />
Ropivacaína 0,75%<br />
x<br />
Levobupivacaína 0,5%<br />
MMII<br />
Bloqueio<br />
similar<br />
Casati, 2003<br />
Levobupivacaína 0,5%<br />
x<br />
Ropivacaína 0,5%<br />
x<br />
Bupivacaína 0,5%<br />
MMII<br />
Ropivacaína:<br />
bloqueio motor<br />
inadequado<br />
Bertini, 2001<br />
Ropivacaína 0,2%<br />
x<br />
Bupivacaína 0,2%<br />
Analgesia PO<br />
Ropivacaína:<br />
menor bloqueio motor<br />
maior satisfação
Aplicação clínica - Peridural<br />
Autor AL – concentração Procedimento Observações<br />
Gonçalves, 2003<br />
Bupivacaína 0,5%<br />
(S75 – R25) 0,5% Vários<br />
(S75 – R25) - Menor bloqueio<br />
motor<br />
Maior tempo de analgesia<br />
Tanaka, 2003<br />
Bupivacaína 0,5%<br />
(S75 – R25) 0,5%<br />
MMII<br />
(S75 – R25)<br />
Menor bloqueio motor<br />
Cortes, 2006<br />
Bupivacaína 0,25% + F<br />
(S75 – R25) 0,25% + F<br />
(fentanil – 100 µg)<br />
Analgesia de parto<br />
(deambulação)<br />
Similares<br />
Duarte, 2008<br />
Bupivacaína 0,125%<br />
(S75 – R25) 0,125%<br />
(S75 – R25) 0,25% Analgesia de parto<br />
Bupivacaína - maior bloqueio<br />
motor<br />
(S75 – R25) maior tempo de<br />
analgesia
Características da anestesia subaracnóidea com diferentes AL<br />
Autor Dose/concentração Cirurgia Latência (min) Duração do bloqueio<br />
(min)<br />
McNamoe, 2002<br />
R 0,5 – 17,5mg<br />
B 0,5 – 17,5 mg<br />
quadril 2 (2-5)<br />
2 (2-9)<br />
180<br />
240<br />
Gautier ,1999<br />
B 0,5 – 8 mg<br />
R 0,5 – 8 mg<br />
R 0,5 – 10 mg<br />
R 0,5 – 12 mg<br />
artroscopia<br />
joelho<br />
14 ± 6<br />
15 ± 8<br />
18 ± 5<br />
18 ± 6<br />
181<br />
130<br />
152<br />
176<br />
Glaser ,2002<br />
L 0,5 – 17,5 mg<br />
R 0,5 – 17,5 mg<br />
quadril 11 ± 4<br />
8 ± 6<br />
237<br />
284<br />
Casati, 2005<br />
B 0,5 – 8 mg<br />
L 0,5 – 8 mg<br />
R 0,5 – 12 mg<br />
hérnia 10 ± 4<br />
10 ± 5<br />
10 ± 6<br />
190<br />
210<br />
166<br />
Imbelloni, 2001<br />
B 0,5 – 15 mg<br />
(S75 – R25) 0,5-15 mg<br />
MMII 1,78<br />
1,86<br />
283<br />
259<br />
R = ropivacaína; B = bupivacaína; L = levobupivacaína.
2-Cloroprocaína 1% x Lidocaína 1%<br />
• ASA I e II<br />
• cirurgia ambulatorial – artroscopia<br />
• 2-CL 1% ou lidocaína 1% - 50 mg<br />
• anestesia subaracnóidea<br />
Latência<br />
Nível máximo<br />
bloqueio<br />
Bl sensitivo<br />
Duração<br />
Bl motor<br />
Recuperação<br />
deambular<br />
2-CL 1% 8 T9 60 95 103<br />
Lidocaína 1% 12 T10 100 120 152<br />
estatística P < 0,002 P < 0,0005 P
2-Cloroprocaína 1%<br />
• ASA I – III<br />
• cirurgia ambulatorial – MMII<br />
• 2-CP isobárica<br />
• anestesia subaracnóidea<br />
Doses Duração bloqueio sensitivo (min) Duração bloqueio motor (min)<br />
35 mg 111* 106<br />
40 mg 108* 100<br />
45 mg 128 111<br />
50 mg 134* 119<br />
* P < 0,005<br />
Sell et al, 2008
• ASA I e II<br />
• cirurgia ambulatorial – ORT<br />
• articaína hiperbárica<br />
• anestesia subaracnóidea<br />
Articaína<br />
Doses Latência Nível de bloqueio sensitivo Regressão Duração da analgesia<br />
60 mg 5 T4 60 70<br />
84 mg 5 T4 75 70<br />
108 mg 5 T4 75 85<br />
estatística NS NS NS NS
Outras preparações AL<br />
• Liberação prolongada<br />
– lipossomas<br />
– microesferas<br />
– complexação com ciclodextrinas<br />
– outros<br />
– Objetivo:<br />
• prolongar a ação<br />
• reduzir toxicidade sistêmica<br />
Estebe et al, Eur J Anaesth, 2002<br />
Le Corne et al, Int J Pharm, 2002
Lipossomas<br />
• vesículas lipídicas com compartimento aquoso central<br />
• biologicamente compatíveis e degradáveis<br />
• não imunogênicos<br />
• encapsulam 80% das drogas ativas<br />
• neurotóxico (?)
Boogaerts et al, J Clin Anesth, 1994<br />
• Peridural – bupivacaína 0,5% + adrenalina – B<br />
• Bupivacaína 0,5 lipossomas – BL<br />
• Objetivo: analgesia PO de cirurgias abdominais<br />
• Resultado: tempo analgesia foi o dobro com BL
Obrigada