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5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 PORTUGUÊS DEGRAUS DA ILUSÃO Lya Luft Fala-se muito na _________ das classes menos favorecidas, formando uma “nova classe média”, realizada por degraus que levam a outro patamar social e econômico (cultural, não ouço falar). Em teoria, seria um grande passo para reduzir a catastrófica desigualdade que aqui reina. Porém receio que, do modo como está se realizando, seja uma ilusão que pode acabar em sérios problemas para quem mereceria coisa melhor. Todos desejam uma vida digna para os despossuídos, boa escolaridade para os iletrados, serviços públicos ótimos para a população inteira, isto é, educação, saúde, transporte, energia elétrica, segurança, água, e tudo de que precisam cidadãos __________. Porém, o que vejo são multidões consumindo, estimuladas a consumir como se isso constituísse um bem em si e promovesse real crescimento do país. Compramos com os juros mais altos do mundo, pagamos os impostos mais altos do mundo e temos os serviços (saúde, comunicação, energia, transportes e outros) entre os piores do mundo. Mas palavras de ordem nos impelem a comprar, autoridades nos pedem para consumir, somos convocados a adquirir o ________, até o danoso, como botar mais carros em nossas ruas atravancadas ou em nossas péssimas estradas. Além disso, a __________ cresce de maneira preocupante, levando famílias que compraram seu carrinho a não ter como pagar a gasolina para tirar seu novo tesouro do pátio no fim de semana. Tesouro esse que logo vão perder, pois ______ meses não conseguem pagar as prestações, que ainda se estendem por anos. Estamos enforcados em dívidas impagáveis, mas nos convidam a gastar ainda mais, de maneira impiedosa, até cruel. Em lugar de instruírem, esclarecerem, formarem uma opinião sensata e positiva, tomam novas medidas para que esse consumo insensato continue crescendo – e, como somos alienados e pouco informados, tocamos a comprar. Sou de uma classe média em que a gente crescia com quatro ensinamentos básicos: ter seu diploma, ter sua casinha, ter sua poupança e trabalhar firme para manter e, quem sabe, __________ isso. Para garantir uma velhice independente de ajuda de filhos ou de estranhos; para deixar aos filhos algo com que pudessem começar a própria vida com dignidade. Tais ensinamentos parecem abolidos, ultrapassadas a prudência e a cautela, pouco estimulados o desejo de crescimento firme e a construção de uma vida mais segura. Pois tudo é uma construção: a vida pessoal, a profissão, os ganhos, as relações de amor e amizade, a família, a velhice (naturalmente tudo isso sujeito a fatalidades 60 65 70 75 80 85 2 como doença e outras, que ninguém controla). Mas, mesmo em tempos de fatalidade, ter um pouco de economia, ter uma casinha, ter um diploma, ter objetivos certamente ajuda a enfrentar seja o que for. Podemos ser derrotados, mas não estaremos jogados na cova dos leões do destino, totalmente desarmados. Somos uma sociedade alçada na maré do consumo compulsivo, interessada em “aproveitar a vida”, seja o que isso for, e em adquirir mais e mais coisas, mesmo que inúteis, quando deveríamos estar cuidando, com muito afinco e seriedade, de melhores escolas e universidades, tecnologia mais avançada, transportes muito mais eficientes, saúde excelente, e verdadeiro crescimento do país. Mas corremos atrás de tanta conversa vã, não protegidos, mas embaixo de peneiras com grandes furos, que só um cego ou um grande tolo não vê. A mais forte raiz de tantos dos nossos males é a falta de informação e orientação, isto é, de educação. E o melhor remédio é investir fortemente, abundantemente, decididamente, em educação: impossível repetir isso em demasia. Mas não vejo isso como nossa prioridade. Fosse o contrário, estaríamos atentos aos nossos gastos e aquisições, mais interessados num crescimento real e sensato do que em ______desnecessários em tempos de crise. Isso não é subir de classe social: é saracotear diante de uma perigosa ladeira. Não tenho ilusão de que algo mude, mas deixo aqui meu quase solitário (e antiquado) protesto. Texto adaptado de Veja, 05 de junho de 2012. 1. A alternativa que, de forma adequada, preenche as lacunas do texto é: a) ascensão – decentes – supérfluo – inadimplência – faz – expandir – itens b) ascenção – descentes – supérfluo – inadimplênsia – fazem – espandir – itens c) assenção – decentes - supérfulo – inadimplencia – fazem – expandir – ítens d) assensão – descentes – supérfulo – inadimplensia – faz – espandir – ítens e) ascensão – decentes – supérfluo – inadimplência – faz – expandir – ítens 2. Em seu texto, a autora expressa diversos pontos de vista, exceto: a) A elevação das classes menos favorecidas constitui um avanço e, de certa forma, contribui para a redução da desigualdade no país. b) Para uma verdadeira elevação das classes menos favorecidas, dever-se-ia pensar também em levar essas classes a outro patamar em termos culturais. c) Nem sempre o que a teoria prega acontece na prática. d) O investimento em educação é fundamental para a elevação das classes sociais. e) O governo estimula o consumo para que haja uma efetiva elevação das classes sociais menos favorecidas.
3. Analise as diversas ocorrências do vocábulo “como” no texto: “...como está se realizando...” (linhas 7 e 8). “...como botar mais carros em nossas ruas...” (linha 26). “...como pagar a gasolina...” (linha 30). “...como somos alienados e pouco informados...” (linhas 40 e 41). “...como doença e outras...” (linha 58). “...como nossa prioridade” (linha 81). Considere as seguintes afirmações: I – O vocábulo “como” empregado nas linhas 26 e 58 possui o mesmo significado. II – O vocábulo “como” empregado nas linhas 7 e 81 possui o mesmo significado. III – O vocábulo “como” empregado na linha 40 possui o mesmo significado que o do enunciado “Como muitas pessoas gastam além de suas possibilidades, não conseguem honrar os compromissos assumidos”. IV – O vocábulo “como” empregado na linha 30 possui a mesma função que o do enunciado “Marcos já não sabe mais como vencer todos os seus pagamentos”. Estão corretas: a) somente I e IV. b) somente III e IV. c) somente I, III e IV. d) somente II e III. e) I, II e III. 4. Considere o sétimo parágrafo do texto, que inicia com a frase “Tais procedimentos parecem abolidos, ultrapassadas a prudência e a cautela, pouco estimulados o desejo de crescimento firme e a construção de uma vida mais segura” (linha 51 à 54). O significado que há entre esse parágrafo e aquele que o precede é de _________ e poderia ser introduzido com o conector _______________. 5. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) em relação às seguintes afirmações relativas ao texto, estejam elas implícitas ou explícitas: ( ) A substituição da forma verbal “acabar” (linha 8) por “acarretar” não alteraria o sentido da informação e não implicaria necessariamente mudança adicional na sequência (ou na estrutura) da frase. ( ) O emprego do pronome “se” junto à forma verbal “fala” (linha 1) é uma forma de não determinar a quem se refere a ação verbal e, dessa forma, impessoaliza a ação, que acaba por referir-se a todos, indistintamente. ( ) O acréscimo de uma vírgula após a expressão “classe média” (linha 43) seria possível, e não alteraria o sentido da informação. ( ) A regra que determina o uso do acento gráfico em “país” (linha 72) é a mesma que prescreve seu uso na palavra “saúde” (linha 71). ( ) O prefixo contido na palavra “insensato” (linha 40) é o mesmo que se encontra, em formas variantes, nas palavras “iletrados” (linha 11), “impagáveis” (linha 35), “inúteis” (linha 68). ( ) Os pronomes “seu” (linha 29) e “seu” (linha 31) retomam, respectivamente, “famílias” e “novo tesouro”. ( ) O pronome “isso” (linhas 80 e 81), nas duas ocorrências, possui o mesmo referente: “investir fortemente, abundantemente, decididamente, em educação”. A sequência correta de preenchimento, de cima para baixo, é: a) F – V – F – V – V – F – V b) V – F – V – F – F – V – F c) V – V – F – V – F – V – F d) F – F – V – F – V – F – V e) V – V – F – V – V – F – V As palavras que preenchem as lacunas da afirmação acima são, respectivamente: a) adição - e. b) oposição – entretanto. c) concessão - embora. d) conclusão – portanto. e) oposição – portanto. 3
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