SuperfamÃÂlia PAPILIONOIDEA - Acervo Digital de Obras Especiais
SuperfamÃÂlia PAPILIONOIDEA - Acervo Digital de Obras Especiais
SuperfamÃÂlia PAPILIONOIDEA - Acervo Digital de Obras Especiais
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
LEPIDOPTERA 309<br />
Superfamília <strong>PAPILIONOIDEA</strong> 1<br />
(Papilionoi<strong>de</strong>a Dyar, 1902 (partim); Tillyard, 1906)<br />
Fig. 245 - Antena <strong>de</strong> Papilio polydamas (Papilionidae) (Lacerda <strong>de</strong>l.).<br />
123. Caracteres e divisão - Quasi todas as especies <strong>de</strong>sta<br />
superfamília são borboletas gran<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> cores vistosas e aspecto<br />
característico. Uma espécie <strong>de</strong> Troi<strong>de</strong>s Hübner (= Ornithoptera Boisduval),<br />
a maior borboleta conhecida, das Ilhas Salomão, têm cêrca<br />
<strong>de</strong> 25 centímetros <strong>de</strong> envergadura.<br />
Fig. 246 - Papilio thoas brasiliensis Rothschild & Jordan. 1907, macho<br />
(Papilionidae) (Foto gentilmente cedido por J. Oiticica Filho).<br />
As asas posteriores apresentam a ma rgem externa recortada,<br />
com saliências nos pontos <strong>de</strong> terminação das nervuras Rs a Cu1a,<br />
1 DYAR, COMSTOCK e outros autores incluiram em Papilionoi<strong>de</strong>a todos os Rhopaloceros,<br />
exclusive Hesperioi<strong>de</strong>a.
310 INSETOS DO BRASIL<br />
sendo a correspon<strong>de</strong>nte a M3, em várias espécies, estirada em prolongamento<br />
caudiforme.<br />
Antenas aproximadas na base e com a parte apical não recurvada<br />
em gancho.<br />
R, nas asas anteriores, com R4 e R5 em forquilha e as vezes<br />
com R1 e R2 fundidas numa só nervura (Parnassiinae); M2 mais<br />
próxima <strong>de</strong> M3 que <strong>de</strong> M1 (Cu aparentemente quadrifurcada); Cu2<br />
geralmente presente na asa anterior, como um ramo transverso<br />
Fig. 247 - Perna anterior <strong>de</strong> Papilio (Lacerda <strong>de</strong>l.).<br />
perto da raiz da asa, dirigido para 1A (ausente em Parnassiinae);<br />
2 anais (lA e 3A) na asa anterior e uma na posterior (2A).<br />
Pernas anteriores normais, ambulatórias, tibias com epifise<br />
(fig. 247), garras tarsais simples, nem apendiculadas, nem bifidas.<br />
A superfamília, <strong>de</strong> acôrdo com TILLYARD, abrange apenas a<br />
família Papilionidae, na qual se incluem, além <strong>de</strong> Papilioninae (a<br />
subfamília mais importante), Parnassiinae, Baroniinae e Teinopalpinae,<br />
sem espécies em nosso território.<br />
Família PAPILIONIDAE<br />
(Papilionida Leach, 1815, 1818; Papilionidae Samouelle, 1819;<br />
Leptocircinae Kirby, 1836; Equitidae Heineman, 1859)<br />
Subfamília PAPILIONINAE<br />
(Papilioninae Swainson, 1840; Bates, 1864)<br />
124. Caracteres - Antenas aproximadas na base (fig. 245);<br />
ocelos atrofiados; palpos curtos, encostados à cabeça. Pernas ante-<br />
1<br />
De papilio (lat.), borboleta, mariposa.
LEPIDOPTERA 311<br />
riores bem <strong>de</strong>senvolvidas, com a tibia provida <strong>de</strong> epifise (strigil)<br />
(fig. 247); garras tarsais simples. Célula fechada em ambas as asas<br />
Fig. 248 - Lagartas <strong>de</strong> Papilio anchysia<strong>de</strong>s capys Hübner<br />
(De Pinto da Fonseca e Autuori)<br />
(fig. 250); R1, na asa posterior, formando com Sc uma celula basal<br />
(subcostal), da qual parte a nervura humeral.
312 INSETOS DO BRASIL<br />
Vários Papilioni<strong>de</strong>os exibem notável dimorfismo sexual, verda<strong>de</strong>iramente<br />
extraordinário em algumas espécies do gênero Troi<strong>de</strong>s<br />
Hübner, 1816 (=Ornithoptera Boisduval, 1833), das ilhas do Arquipelago<br />
Malaio.<br />
Os ovos são esféricos, com o corio longitudinalmente estriado.<br />
As lagartas, ou são completamente lisas, ou apresentam tubérculos<br />
ou apendices carnosos mais ou menos alongados e cores<br />
ou <strong>de</strong>senhos variados, que não raro dão a lagarta aspecto que lembra<br />
o <strong>de</strong> escremento <strong>de</strong> ave (fig. 248).<br />
Quando excitadas, fazem sair, <strong>de</strong> um ponto situado no pronotum,<br />
um processo ou apendice bifido ou em Y, geralmente <strong>de</strong> côr alaranjada<br />
(osmeterium) (fig.<br />
252), do qual emana<br />
cheiro <strong>de</strong>sagradável, que<br />
lembra o da tintura <strong>de</strong><br />
valeriana. As lagartas <strong>de</strong><br />
muitas espécies encontram-se<br />
pela manhã<br />
gregariamente, formando<br />
extensas massas sôbre o<br />
Fig. 249 - Terminalia do macho <strong>de</strong> Papilio thoas<br />
brasiliensis (Lacerda fot.).<br />
tronco das<br />
árvores, há-<br />
bito êste que nos permi-<br />
te <strong>de</strong>struí-las fàcilmente.<br />
As crisálidas, ou<br />
apresentam mais ou<br />
menos alargadas e fortemente angulosas na região céfalo-toráxica,<br />
ou muito se assemelham a um fragmento <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira sêc a (Tomo<br />
5.º fig. 42, da direita). Ficam sempre com a parte céfalica (provida<br />
<strong>de</strong> dois prolongamentos) voltada para cima e presas a superfície<br />
suporte pelo cremaster e por uma cinta <strong>de</strong> fio <strong>de</strong> seda, passada em<br />
torno da parte média do corpo, com as extremida<strong>de</strong>s coladas àquela<br />
superfície.<br />
se<br />
125. Especies mais interessantes - Ha cerca <strong>de</strong> 850 Papilioni<strong>de</strong>os<br />
<strong>de</strong>scritos. Os mais conhecidos pertencem ao gênero Papilio,<br />
com muitas espécies cujas lagartas se alimentam <strong>de</strong> folhas
LEPIDOPTERA 313<br />
<strong>de</strong> plantas <strong>de</strong> várias famílias, principalmente Aristolochiaceae, Rutaceae<br />
(v. spp. <strong>de</strong> Citrus), Piperaceae, Anonaceae e Lamaceae.<br />
Das espécies cuja biologia é mais ou menos conhecida em nosso<br />
país, <strong>de</strong>vo chamar atenção para as que atacam plantas do gênero<br />
Fig. 250 - Asas <strong>de</strong> Papilio thoas brasiliensis (a esquerda) e <strong>de</strong> Papilio anchysia<strong>de</strong>s capys<br />
(á direita) (Lacerda <strong>de</strong>l.).<br />
Citrus, a saber: Papilio anchisia<strong>de</strong>s capys (Hübner, 1806) (fig. 251);<br />
Papilio lycophron lycophron (Hübner; 1818); Papilio thoas brasiliensis
314 INSETOS DO BRASIL<br />
Rothschild & Jordan, 1906 (fig. 246) e Papilio thoas thoas Linnaeus,<br />
1771.<br />
No Brasil a etologia <strong>de</strong>stas espécies acha-se <strong>de</strong>scrita em vários<br />
trabalhos (<strong>de</strong> Moss (1919), FONSECA e AUTUORI (1933) e outros).<br />
Fig. 251 - Papilio anchysia<strong>de</strong>s capys Habn, 1806 (Lacerda fot.).<br />
Na Argentina BOURQUIN (Mariposas Argent., 1945) tambem<br />
estudou a biologia <strong>de</strong> Papilio anchisia<strong>de</strong>s capys.<br />
Fig. 252 - Parte anterior<br />
do corpo da lagarta <strong>de</strong> uma<br />
espécie <strong>de</strong> Papilio, mostrando<br />
o osmeterium, em prolapso<br />
(Lacerda <strong>de</strong>l.).<br />
As lagartas dos nossos Papilioni<strong>de</strong>os são parasitadas por vários<br />
microhimenópteros, principalmente por Iphiaulax sp. (Ichneumo-
LEPIDOPTERA 315<br />
nidae). Atacando Papilio anchisia<strong>de</strong>s capys foram observadas<br />
as seguintes espécies: Abbeloi<strong>de</strong>s marquesi Brèthes, 1924 (Braco-<br />
Fig. 253 - Iphicli<strong>de</strong>s protesilaus rothschildianus Zikàn, 1937 (Lacerda fot.).<br />
nidae) (v. trabalho <strong>de</strong> MARQUES, (1916), Inareolata brasiliensis<br />
(Costa Lima, 1935) e Pedinopelte gravenhorstii (Guerin, 1930) (Ichneumonidae).<br />
Na República Argentina sã o parasitos primários ele Papilio<br />
thoas thoantia<strong>de</strong>s Burm.: Brach ymeria ovata (Say, 1824) (Chalcididae)<br />
e Pteromalus cari<strong>de</strong>i Brèthes, 1913 (Pteromalidae).<br />
126. Bibliografia<br />
APOLINAR MARIA, H.<br />
1939 - Miscelanea entomologica. Catalogo explicativo <strong>de</strong> los Ropaloceros<br />
Colombianos <strong>de</strong>l Museo <strong>de</strong>l Instituto <strong>de</strong> la Salle.<br />
Rev. Acad. Colomb. Ci. Exac. Fis. Nat., 3 : 108-111, e est.<br />
BATES, H. W.<br />
1861 - Contributions to an insect fauna of the Amazon Valley-Papilionidae.<br />
Jour. Ent., 1 : 218-245.
316 INSETOS DO BRASIL<br />
BRYK, F.<br />
1929-1930 - Papilionidae.<br />
Lep. Catal., 35, 37, 39:676 p.<br />
COSTA, R. GOMES<br />
1937 - Papilio anchysia<strong>de</strong>s capys Hübner.<br />
Rev. Agron. : 4 p., 4 figs.<br />
D'ALMEIDA, R. F.<br />
1924 - Les Papilioni<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro. Description <strong>de</strong> <strong>de</strong>ux chenilles.<br />
Ann. Soc. Ent. Fr., 93:23 30.<br />
1936 - Une nouvelle espéce d'Iphicli<strong>de</strong>s (Papil.) du Brésil (Famil. Papilionidae).<br />
Festchr. 60 Geburtst. Prof. Embrik Strand, Riga, 1 : 510-<br />
513, 2 figs.<br />
1938 - Uma nova especie do genero Iphicli<strong>de</strong>s (Fam. Papilionidae).<br />
Livr. Jubil. Prof. Travassos, Rio <strong>de</strong> Janeiro 3 : 33-35, 3 figs.<br />
1941 - Uma nova subespécie <strong>de</strong> Iphicli<strong>de</strong>s telesilaus (Fel<strong>de</strong>r, 1864).<br />
Arq. Zool., 2:319 320, 1 est.<br />
1942 - Ligeiras notas sobre alguns Papilionidios americanos.<br />
Arq. Mus. Paran., 2: 29 34.<br />
DETHIER, V. G.<br />
1941 - Chemical factors influencing the choice of food plants by Papilio<br />
larvae.<br />
Amer. Natur., 75:61 73.<br />
FONSECA, J. P. & M. AUTUORI<br />
1938 - Doenças, pragas e tratamentos, in Manual <strong>de</strong> Citricultura <strong>de</strong><br />
E. Navarro <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>: 130.<br />
GRAY, G. R.<br />
1852 - Catalogue of lepidopterous insects in the collection of the British<br />
Museum.<br />
Part. I. Papilionidae, I-IV, 84 p., 13 ests col., 1 fig.<br />
1856 - List of the specimens of lepidopterous insects in the collection<br />
of the British Museum.<br />
Part. 1 - Papilionidae, III + 106 p.<br />
HOFFMANN, C. C.<br />
1949 - Catalogo sustemático y zoogeográfico <strong>de</strong> los lepidopteros Mexicanos<br />
- Papilionoi<strong>de</strong>a.<br />
Ann. Inst. Biol. Mexico, 11 : 639-739.<br />
LIMA, A. DA COSTA<br />
1935 - Novo Ichneumoni<strong>de</strong>o parasito <strong>de</strong> Papilio anchisia<strong>de</strong>s capys<br />
(Hübner).<br />
O Campo, junho: 20 21, 5 figs.
LEPIDOPTERA 317<br />
MARQUES, L. A. <strong>de</strong> AZEVEDO<br />
1923 - Vespa versus lagarta. Nota previa sobre a biologia da vespinha<br />
Protapanteles Marquesi Brèthes, inimiga natural das lagartas<br />
da borboleta diurna Papilio anchisia<strong>de</strong>s capys Hübner.<br />
Bol. Soc. Bras., 4-6: 31-33, 1 fig.<br />
Este trabalho foi reeditado em Chac. Quint, (1924) 29 (2):<br />
108-110 e em publicação avulsa do Inst. Biol. Def. Agric.,<br />
(Minist. Agric.) (1. ª edição, 1926), 2.ª edição, 1932:<br />
13 p., 1 est. e 1 fot.).<br />
1912 - Insetos nocivos a laranjeira e meios <strong>de</strong> <strong>de</strong>strui-los.<br />
Alman. Agric. Bras.: 129-134.<br />
MOSS, A. MIL ES<br />
1919 - The Papilios of Pará.<br />
Nov. Zool., 26: 295-313, ests. 2-4.<br />
RIPPON, R. H. F.<br />
1902 - Papilionidae, Papilioninae.<br />
Gen. Ins., 6:15 p.<br />
ROTHSCHILD, L. W. & K. JORDAN<br />
1906 - A revision of the american Papilios.<br />
Nov. Zool., 13: 411-753, ests. 4-9.<br />
SQUIRE, F. A.<br />
1937 - Observation on the pupal diapausa of the orange dog (Papilio<br />
anchisia<strong>de</strong>s L.).<br />
Trop. Agric., 14: 170-171, 3 figs.<br />
ZIKÁN, J. F.<br />
1937 - Descrição <strong>de</strong> especies e formas novas do genero Papilio L. (Lep.).<br />
Arch. Inst. Biol. Veget., 3: 141-150, 13 figs., 5 ests.<br />
1938 - Die Arten <strong>de</strong>r Papilio protesilaus - Gruppe.<br />
Ent. Runds., 55: 229-235; 281-286; 301-305; 389-392;<br />
441-444; 561-564; 607-608, 9 figs.<br />
1939 - I<strong>de</strong>m, ibid., 56: 45-48; 116- 119, 9 ests.<br />
Superfamília<br />
NYMPHALOIDEA<br />
(Nymphaloi<strong>de</strong>a Tillyard, 1926)<br />
127. Caracteres - As borboletas <strong>de</strong>sta superfamília teem, como<br />
os Papilioni<strong>de</strong>os, antenas aproximadas na base e não recurvadas na<br />
parte apical; <strong>de</strong>les porém se distinguem, por terem apenas uma<br />
nervura livre na área anal da asa anterior e duas na mesma área<br />
da asa posterior (2A e 3A). Demais, a cubital é aparentemente