26.12.2014 Views

O gargalo para as revisões pag. 6 Acesso ao Banco de Ossos:

O gargalo para as revisões pag. 6 Acesso ao Banco de Ossos:

O gargalo para as revisões pag. 6 Acesso ao Banco de Ossos:

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

indústria, m<strong>as</strong> <strong>para</strong> que realmente valha<br />

a pena a relação custo-benefício, o que<br />

é preciso não é só verba, como pensa<br />

muita gente, é ter a criativida<strong>de</strong> científica,<br />

olhar o tema com a ótica certa, fazer <strong>as</strong><br />

pergunt<strong>as</strong> corret<strong>as</strong>, buscar <strong>as</strong> respost<strong>as</strong><br />

objetiv<strong>as</strong>, <strong>de</strong>senhar os estudos, analisar os<br />

dados e escrever os artigos.<br />

A propósito, embora haja gente<br />

que veja Everardo como especialista<br />

em Informática, diz que não enten<strong>de</strong><br />

mais <strong>de</strong> computador do que a média<br />

da população. “Eu ganho a vida é<br />

escrevendo”, afirma, m<strong>as</strong> a verda<strong>de</strong> é<br />

que ganha a vida ensinando os médicos<br />

a escreverem.<br />

Everardo Saad e a bióloga Eloísa Sá Moreira<br />

Levantar o dado é difícil<br />

Exemplo no campo do quadril, todo especialista<br />

com mais <strong>de</strong> uma década na profissão tem uma<br />

imensa b<strong>as</strong>e <strong>de</strong> dados, m<strong>as</strong> parte registrada em fich<strong>as</strong><br />

manuscrit<strong>as</strong>, os dados mais recentes no computador,<br />

o que geralmente não facilita muito, pois <strong>para</strong> saber<br />

os resultados <strong>de</strong> longo prazo em seus pacientes, o<br />

médico ou seu auxiliar precisam abrir ficha por ficha,<br />

encontrar o ano da colocação da prótese, o ano da<br />

revisão, fazer a subtração manualmente, escrever o<br />

dado e p<strong>as</strong>sar <strong>para</strong> a próxima ficha.<br />

“Imagine a dificulda<strong>de</strong> quando a pergunta é<br />

mais complexa, se implica na correlação entre<br />

informações ortopédic<strong>as</strong> e outros problem<strong>as</strong> do<br />

paciente, tais como ida<strong>de</strong>, diabetes e cardiopati<strong>as</strong>”.<br />

O tempo g<strong>as</strong>to <strong>para</strong> o levantamento é tão gran<strong>de</strong>, diz<br />

ele, que o médico geralmente <strong>de</strong>siste.<br />

Como o Br<strong>as</strong>il está atr<strong>as</strong>ado no que se refere<br />

à pesquisa em vári<strong>as</strong> áre<strong>as</strong>, Everardo se <strong>de</strong>dica a<br />

ajudar os futuros pesquisadores a <strong>de</strong>senharem seus<br />

estudos, a fazerem a concepção intelectual <strong>de</strong> o quê<br />

pesquisar e com que objetivo e, <strong>para</strong> isso, repete<br />

incansavelmente, “os recursos são um meio, não o<br />

fim”. Assim, ele quer dizer que recursos financeiros,<br />

equipamento <strong>de</strong> laboratório e computadores ajudam,<br />

m<strong>as</strong> não existe pesquisa sem a pergunta científica e<br />

o planejamento <strong>de</strong> como colher e analisar dados, a<br />

especialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua empresa.<br />

“A pesquisa inovadora e bem feita é necessária<br />

em todos os setores”, diz, tanto que além <strong>de</strong><br />

médicos tem como clientes biólogos e a indústria<br />

farmacêutica, sua maior <strong>de</strong>manda. Uma pesquisa<br />

bem feita com 500 pacientes que usaram<br />

<strong>de</strong>terminado medicamento po<strong>de</strong> ser vital <strong>para</strong> a<br />

“Escrever é preciso”<br />

O especialista ensina que pesquisar é<br />

difícil no Br<strong>as</strong>il porque, <strong>ao</strong> contrário dos<br />

Estados Unidos e Japão, por exemplo, com exceção<br />

<strong>de</strong> poucos hospitais, o médico não é cobrado pelos<br />

hospitais, não é obrigado a registrar, a documentar<br />

o encontro com o paciente. “Em qualquer consulta,<br />

o médico conversa, conversa e <strong>de</strong> vez em quando<br />

faz uma anotação, qu<strong>as</strong>e um lembrete resumido na<br />

ficha”. A longo prazo, quando precisar informações<br />

<strong>de</strong>talhad<strong>as</strong> <strong>para</strong> um trabalho científico, não terá on<strong>de</strong><br />

procurar a informação. A situação é diferente nos<br />

EUA, on<strong>de</strong> o profissional precisa apresentar tantos<br />

<strong>de</strong>talhes sobre o atendimento à instituição, que<br />

po<strong>de</strong> g<strong>as</strong>tar mais tempo pre<strong>para</strong>ndo a ficha do que<br />

aten<strong>de</strong>ndo o paciente.<br />

Everardo garante que a mudança cultural vai<br />

ocorrer e o primeiro sintoma são os Registros, que<br />

começam a ser feitos. A Cardiologia já preparou três<br />

e a SBQ está <strong>de</strong>cidida a produzir os primeiros nessa<br />

gestão, diz, <strong>para</strong> citar apen<strong>as</strong> exemplos recentes.<br />

Aos poucos os médicos começarão a registrar mais<br />

informações, a caminhar lentamente na direção dos<br />

gran<strong>de</strong>s bancos <strong>de</strong> dados que são seus sonhos e<br />

que permitirão pesquis<strong>as</strong> originais valios<strong>as</strong>, que os<br />

pesquisadores br<strong>as</strong>ileiros se orgulharão <strong>de</strong> apresentar<br />

nos congressos internacionais.<br />

A evolução vai se tornar mais rápida à medida<br />

que o computador, hoje usado na maioria dos<br />

consultórios apen<strong>as</strong> <strong>para</strong> <strong>as</strong>pectos administrativos,<br />

se tornar uma ferramenta mais eficiente. A prova da<br />

mudança é que alguns poucos médicos já aten<strong>de</strong>m<br />

o paciente com o computador ligado e digitam <strong>as</strong><br />

informações, <strong>ao</strong> invés <strong>de</strong> anotarem manualmente.<br />

Hospitais como o Sírio-Libanês e o Einstein já<br />

adotaram o prontuário eletrônico, m<strong>as</strong> o Br<strong>as</strong>il ainda<br />

não tem o correspon<strong>de</strong>nte à ‘Joint Comission’ dos<br />

hospitais americanos.<br />

O Quadril Junho 2012 17

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!