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A transição de Neto a dos Santos: os discursos ... - Casa das Áfricas

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A transição <strong>de</strong> <strong>Neto</strong> a <strong>d<strong>os</strong></strong> <strong>Sant<strong>os</strong></strong>: <strong>os</strong> discurs<strong>os</strong> presi<strong>de</strong>nciais sobre as relações internacionais <strong>de</strong><br />

Angola e o conflito com a UNITA (1975-1988)<br />

Araújo, Kelly<br />

Neste texto preten<strong>de</strong>-se fazer um balanço <strong>d<strong>os</strong></strong> discurs<strong>os</strong> feit<strong>os</strong> por Ag<strong>os</strong>tinho <strong>Neto</strong>, primeiro presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

Angola e do MPLA e, p<strong>os</strong>teriormente, por seu sucessor J<strong>os</strong>é Eduardo <strong>d<strong>os</strong></strong> <strong>Sant<strong>os</strong></strong>, naquilo que tange as<br />

relações internacionais <strong>de</strong> Angola, e o conflito com a UNITA - <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o momento da proclamação da<br />

in<strong>de</strong>pendência, em 1975, até a assinatura <strong>d<strong>os</strong></strong> Acor<strong>d<strong>os</strong></strong> <strong>de</strong> Nova Iorque, em 1988. O tema é vasto e não há<br />

p<strong>os</strong>sibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgotá-lo aqui, esmiuçando <strong>os</strong> aconteciment<strong>os</strong> e respectiv<strong>os</strong> context<strong>os</strong> <strong>das</strong> <strong>de</strong>clarações;<br />

sendo assim, escolhem<strong>os</strong> alguns discurs<strong>os</strong> que julgam<strong>os</strong> ser importantes para a compreensão da tecitura<br />

<strong>das</strong> relações internacionais que o Estado recém-in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte engendrou, bem como, em paralelo,<br />

enten<strong>de</strong>r o crescimento da UNITA e da construção <strong>de</strong> Jonas Savimbi enquanto inimigo do<br />

governo angolano.<br />

Após a proclamação da in<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> Angola em Luanda pelo MPLA, a peocupação maior do<br />

movimento consistia em ser reconhecido pela comunida<strong>de</strong> internacional como legítimo representante do<br />

país. Este reconhecimento, para além daquele que viria individualmente por parte <strong>de</strong> cada Estado,<br />

<strong>de</strong>veria, principalmente, advir da Organização da Unida<strong>de</strong> Africana (OUA) e da Organização <strong>das</strong> Nações<br />

Uni<strong>das</strong> (ONU).<br />

rimeira reunião do Presi<strong>de</strong>nte com <strong>os</strong> ministr<strong>os</strong> e secretári<strong>os</strong> <strong>de</strong> estado.17/11/1975<br />

Ao mesmo tempo em que era proclamada a in<strong>de</strong>pendência em Luanda, por Ag<strong>os</strong>tinho <strong>Neto</strong>, a coligação<br />

UNITA-FNLA tentava estabelecer um governo alternativo, a República Democrática <strong>de</strong> Angola, com<br />

se<strong>de</strong> no Huambo, proclamada no Uije, por Hol<strong>de</strong>n Roberto, e no Huambo, por Jonas Savimbi - e que foi<br />

<strong>de</strong>smantelada antes mesmo <strong>de</strong> ser reconhecida por qualquer país.


O su<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> Angola era então alvo da Operação Savanah, lançada a 23 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1975, e que<br />

consistiu na invasão <strong>das</strong> tropas sul-africanas, com solda<strong>d<strong>os</strong></strong> do Exército <strong>de</strong> Libertação <strong>de</strong> Portugal (ELP),<br />

da UNITA e FNLA em território angolano para apoiar a coligação FNLA-UNITA na tentativa <strong>de</strong> chegar<br />

a Luanda, e impedir que o MPLA <strong>de</strong>clarasse a in<strong>de</strong>pendência unilateralmente. Apesar <strong>d<strong>os</strong></strong> sucess<strong>os</strong><br />

iniciais da operação, que avançou cerca <strong>de</strong> 3 mil km em 33 dias, fazendo cair as cida<strong>de</strong>s por on<strong>de</strong><br />

passava, foi <strong>de</strong>tida na altura do rio Queve, a 500 km <strong>de</strong> Luanda, por ações da já instaurada Operação<br />

Carlota. A Operação Carlota trouxe a Luanda enormes quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> armamento e solda<strong>d<strong>os</strong></strong> cuban<strong>os</strong>.<br />

Iniciado o transporte <strong>de</strong> combatentes em princípi<strong>os</strong> <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1975, com o envio <strong>de</strong> 680 instrutores<br />

militares, chegou a manter cerca <strong>de</strong> 37 mil solda<strong>d<strong>os</strong></strong> cuban<strong>os</strong> em Angola em fevereiro <strong>de</strong> 1976,<br />

manejando armas e artilharia vin<strong>das</strong> da URSS e <strong>de</strong> países socialistas.<br />

hegada a Luanda do Comandante Fi<strong>de</strong>l Castro. 23/03/1977<br />

Com a ajuda militar <strong>de</strong> Cuba, o MPLA consegiu vencer temporariamente o exército sul-africano aliado a<br />

UNITA-FNLA, e a 27 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1976 houve a retirada <strong>das</strong> tropas <strong>de</strong> Vorster do território angolano.<br />

À parte a luta militar, a batalha diplomática na qual se lançou o MPLA tinha J<strong>os</strong>é Eduardo <strong>d<strong>os</strong></strong> <strong>Sant<strong>os</strong></strong><br />

como Ministro <strong>das</strong> Relações Exteriores, cuja ativida<strong>de</strong> culminou com o reconhecimento do governo da<br />

Repúlica Popular <strong>de</strong> Angola pela OUA, em fevereiro <strong>de</strong> 19761, e pela ONU, em 1 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro do<br />

mesmo ano.<br />

Durante o primeiro ano após a in<strong>de</strong>pendência, <strong>os</strong> discurs<strong>os</strong> presi<strong>de</strong>nciais foram marca<strong>d<strong>os</strong></strong> pela afirmação<br />

do MPLA como única organização legítima, mencionando <strong>os</strong> outr<strong>os</strong> dois moviment<strong>os</strong>, FNLA e UNITA,<br />

quase sempre através <strong>das</strong> críticas que faziam a<strong>os</strong> seus comportament<strong>os</strong>, ou, mais comumente, por<br />

expressões como «lacai<strong>os</strong> do imperialismo» ou «fantoches». Estas expressões remetiam ao fato <strong>de</strong> que


não teriam nenhuma i<strong>de</strong>ologia, e que somente representavam interesses extern<strong>os</strong> e neocolonialistas, como<br />

po<strong>de</strong>m<strong>os</strong> ler no discurso realizado por Ag<strong>os</strong>tinho <strong>Neto</strong> no momento da proclamação da in<strong>de</strong>pendência:<br />

«A luta que ainda travam<strong>os</strong> contra <strong>os</strong> lacai<strong>os</strong> do imperialismo que nesta ocasião se não nomeiam para não<br />

<strong>de</strong>negrir este momento singular da n<strong>os</strong>sa história, integra-se no objetivo <strong>de</strong> expulsar <strong>os</strong> invasores<br />

estrangeir<strong>os</strong>, <strong>os</strong> mesm<strong>os</strong> que preten<strong>de</strong>m a neocolonização da n<strong>os</strong>sa terra»2<br />

omemorações pela in<strong>de</strong>pendência em Luanda. 11/11/1975<br />

Ao mesmo tempo, procuravam chamar a atenção para a internacionalização que havia sofrido a guerra,<br />

acrescendo críticas à administração portuguesa no período em que esteve em vigência o governo<br />

quadripartite, durante o ano <strong>de</strong> 1975, conforme ficou registrado no discurso proferido na ocasião da<br />

comemoração do 19º aniversário da fundação do MPLA, a 10 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1975:<br />

<strong>os</strong> zairenses, que foram quase trazi<strong>d<strong>os</strong></strong> aqui, graças à política chamada <strong>de</strong> neutralida<strong>de</strong> activa <strong>d<strong>os</strong></strong><br />

portugueses, que não conseguiram fechar a fronteira norte, enquanto aqui ainda tinham toda a capacida<strong>de</strong><br />

para isso; estão aqui <strong>os</strong> sul-african<strong>os</strong> que, também em combinas anteriores à n<strong>os</strong>sa in<strong>de</strong>pendência,<br />

construíram algumas barragens na fronteira sul.3<br />

De fato, Angola era vista como um p<strong>os</strong>sível centro difusor da política soviética em África, estando a meio<br />

caminho da África Central, e nas bor<strong>das</strong> do apartheid sul-africano. Por outro lado, fazia parte da política<br />

<strong>de</strong> pressão militar da União Soviética em relação a<strong>os</strong> Esta<strong>d<strong>os</strong></strong> Uni<strong>d<strong>os</strong></strong> o apoio à guerrilhas<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntistas e, <strong>de</strong>pois, à instalação <strong>de</strong> govern<strong>os</strong> <strong>de</strong> orientação socialista em áreas do chamado mundo<br />

em <strong>de</strong>senvolvimento.


No entanto, as ações <strong>d<strong>os</strong></strong> EUA logo a seguir à in<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> Angola ainda eram tími<strong>das</strong>, já que<br />

vinham <strong>de</strong> um colapso na Indochina e do escândalo <strong>de</strong> Watergate, o que, por outro lado, encorajou as<br />

intervenções <strong>de</strong> Cuba e da URSS no continente africano. Após um curto período <strong>de</strong> encimesmamento, <strong>os</strong><br />

norte-american<strong>os</strong> retomaram a sua política em conflit<strong>os</strong> extern<strong>os</strong> na administração Carter, e se consolida<br />

com agressivida<strong>de</strong> a partir da chegada <strong>de</strong> Reagan à presidência <strong>d<strong>os</strong></strong> EUA. O discurso morno da<br />

importância geopolítica - adotado por Richard Nixon e Gerald Ford-, foi substituído por aquele uma vez<br />

já adotado por Ro<strong>os</strong>evelt, e que cunhou a célebre frase: «Eu sei que é um filho da puta. Mas é o n<strong>os</strong>so<br />

filho da puta!», referindo-se ao apoio que dava a Somoza, na Nicarágua. Ou seja, é a política do «serei<br />

amigo <strong>d<strong>os</strong></strong> inimig<strong>os</strong> do meu inimigo, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> quem eles sejam».<br />

Vale a pena lembrar que a base da importância da África do Sul para <strong>os</strong> Esta<strong>d<strong>os</strong></strong> Uni<strong>d<strong>os</strong></strong> estava nas suas<br />

reservas <strong>de</strong> minerais estratégic<strong>os</strong>, que podia fazer frente às vantagens que tinha a União Soviética neste<br />

domínio - em ouro a África do Sul <strong>de</strong>tinha «31por cento da produção mundial, contra 31,5por cento da<br />

URSS; <strong>de</strong> crômio 34por cento contra 37,5por cento <strong>de</strong> manganês 23por cento contra 39por cento <strong>de</strong><br />

vanádio 30,5por cento para cada uma; <strong>de</strong> platina 45por cento contra 48por cento, <strong>de</strong> antimônio 16por<br />

cento contra 12por cento, espécies que nem <strong>os</strong> EUA nem <strong>os</strong> seus alia<strong>d<strong>os</strong></strong> europeus têm uma produção<br />

significativa ».4<br />

Desta forma, inscrito no contexto da bipolarida<strong>de</strong> mundial da guerra fria, <strong>os</strong> Esta<strong>d<strong>os</strong></strong> Uni<strong>d<strong>os</strong></strong> da América<br />

alimentavam com financiamento e armamento a luta conduzida pela África do Sul contra <strong>os</strong> vizinh<strong>os</strong><br />

socialistas recém-in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes: Angola e Moçambique. A África Austral, e Angola mais<br />

especificamente, <strong>de</strong>ixava <strong>de</strong> ser uma região periférica para tranformar-se numa peça importante do<br />

conflito mundial, a ponto do embaixador da URSS n<strong>os</strong> Esta<strong>d<strong>os</strong></strong> Uni<strong>d<strong>os</strong></strong>, Anatoly Dobrynin5, dizer que<br />

Angola chegou a ser, em finais da década <strong>de</strong> 1970, o ponto <strong>de</strong> controvérsia mais importante entre<br />

american<strong>os</strong> e soviétic<strong>os</strong>, no quadro <strong>das</strong> interferências em conflit<strong>os</strong> extern<strong>os</strong>, e foi um <strong>d<strong>os</strong></strong> pont<strong>os</strong><br />

responsáveis pelo falhanço da política <strong>de</strong> <strong>de</strong>tente praticada no período.<br />

Para a África do Sul, havia uma dupla justificativa para as incursões que fazia <strong>de</strong>ntro do território<br />

angolano: a proteção <strong>de</strong> uma barragem construída em acordo com o regime colonial português, a<br />

barragem <strong>de</strong> Ruacaná-Calueque, no rio Cunene, na fronteira <strong>de</strong> Angola com a Namíbia então governada<br />

por Pretória. E, somado a isto, alegavam a busca por quadr<strong>os</strong> da SWAPO, movimento que conduzia a luta<br />

armada pela in<strong>de</strong>pendência da Namíbia.<br />

Assim, logo após a in<strong>de</strong>pendência ainda havia dois exércit<strong>os</strong> regulares apoiando a coligação FNLA-<br />

UNITA contra o MPLA: o sul-africano já mencionado, e o zairense <strong>de</strong> Mobutu, sendo que a FNLA<br />

recebia também armas da República Popular da China, bem como conselheir<strong>os</strong> e treinament<strong>os</strong> que<br />

atuavam em território zairense, conforme constatam<strong>os</strong> através do documento produzido pela CIA, a 5 <strong>de</strong><br />

novembro <strong>de</strong> 1975.6<br />

Estes apoi<strong>os</strong> internacionais só viriam a diminuir, embora jamais tenham cessado por completo até o fim<br />

da guerra, aquando da intervenção da Organização da Unida<strong>de</strong> Africana em prol do termo do conflito em<br />

Angola, principalmente a partir <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1976, quando ocorreu a retirada <strong>d<strong>os</strong></strong> militares zairenses,<br />

da FNLA e <strong>de</strong> mercenári<strong>os</strong> portugueses para o Zaire, e a retirada da UNITA para a Jamba.<br />

Quanto à atuação da OUA em relação à in<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> Angola proclamada pelo MPLA, po<strong>de</strong>-se<br />

afirmar que foi bastante ambígua - havia um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> países-membr<strong>os</strong> que consi<strong>de</strong>ravam que a<br />

FNLA, e consequentemente a UNITA <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma coligação entre <strong>os</strong> dois moviment<strong>os</strong>, eram mais<br />

«genuinamente african<strong>os</strong>» e legítim<strong>os</strong> do que o MPLA, e havia um enorme esforço por parte <strong>de</strong>stes para<br />

provar que o apoio que o MPLA recebia da URSS e <strong>de</strong> Cuba só podia ser entendido como uma<br />

neocolonização do território angolano. A preocupação com este argumento está refletida no discurso feito


pelo então vice-primeiro ministro, J<strong>os</strong>é Eduardo <strong>d<strong>os</strong></strong> <strong>Sant<strong>os</strong></strong>, perante a Assembléia Geral <strong>das</strong><br />

Nações Uni<strong>das</strong>:<br />

«E é surpreen<strong>de</strong>nte que aqueles que directa ou indirectamente manobravam a invasão ao n<strong>os</strong>so país,<br />

viessem <strong>de</strong>pois protestar contra a presença <strong>de</strong> forças em Angola, que a solicitação do n<strong>os</strong>so Estado,<br />

tiveram por finalida<strong>de</strong> ajudar a expulsar <strong>os</strong> invasores! Por isso não enten<strong>de</strong>m<strong>os</strong> como a administração<br />

Ford/Kissinger tenha invocado a presença <strong>d<strong>os</strong></strong> soviétic<strong>os</strong> e cuban<strong>os</strong> no n<strong>os</strong>so país como justificação do<br />

não reconhecimento da República Popular <strong>de</strong> Angola».7<br />

ssinatura <strong>d<strong>os</strong></strong> acor<strong>d<strong>os</strong></strong> URSS - Angola (na Bulgária). 15/10/1976<br />

Como resp<strong>os</strong>ta às acusações sobre a presença cubano-soviética em Angola, e no contexto <strong>de</strong> afirmação do<br />

novo governo <strong>de</strong> Angola, o MPLA fazia por não distinguir as ações <strong>d<strong>os</strong></strong> diferentes moviment<strong>os</strong>, mas sim<br />

<strong>os</strong> apresentava como algo quase único, eram <strong>os</strong> inimig<strong>os</strong>, <strong>os</strong> sem-i<strong>de</strong>ologia a serviço do imperialismo, e<br />

para isto <strong>os</strong> associava a<strong>os</strong> países estrangeir<strong>os</strong>, f<strong>os</strong>sem zairenses, sul-african<strong>os</strong>, norte-american<strong>os</strong> ou<br />

maoístas: « Já vencido o colonialismo português, lançaram-se em Angola forças tenebr<strong>os</strong>as do<br />

imperialismo: <strong>os</strong> racistas sul-african<strong>os</strong>, <strong>os</strong> zairenses, <strong>os</strong> mercenári<strong>os</strong>, <strong>os</strong> maoístas, <strong>os</strong> fantoches da<br />

UNITA, da FNLA e da FLEC».8<br />

O ano <strong>de</strong> 1977 começou conturbado para o MPLA, que se via cindido em mais uma crise interna, <strong>das</strong><br />

tantas que já havia vivido antes <strong>de</strong> proclamar a in<strong>de</strong>pendência, e que opunha, gr<strong>os</strong>so modo, o ministro da<br />

administração interna, Nito Alves, e as altas patentes militares recém-admiti<strong>das</strong>, bem como alguns<br />

homens fortes do bureau político do MPLA. A crise tomou formas várias, como a rivalida<strong>de</strong> entre mais<br />

ou men<strong>os</strong> pró-soviétic<strong>os</strong>, e a quantida<strong>de</strong> elevada <strong>de</strong> mestiç<strong>os</strong> como alt<strong>os</strong> quadr<strong>os</strong> da hierarquia militar, e<br />

se precipitou numa revolta armada contra o governo do MPLA, em 27 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1977. O acontecimento<br />

diminuiu as atenções às p<strong>os</strong>síveis agressões externas, e o ano termina com o primeiro congresso do


MPLA, em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1977, quando este se converte em MPLA-Partido do Trabalho, e assume-se com<br />

um discurso mais nitidamente socialista e pró-soviético, conforme o esclareceu o presi<strong>de</strong>nte Ag<strong>os</strong>tinho<br />

<strong>Neto</strong> em discurso no Plenário da Cimeira da OUA, em julho <strong>de</strong> 1978: «O MPLA Partido do Trabalho é<br />

marxista leninista. O povo angolano está disp<strong>os</strong>to a construir o socialismo científico em Angola».9<br />

isita <strong>de</strong> Sam Nujoma a Luanda, em 1990.<br />

Igualmente, o apoio, já explicitado, às lutas ama<strong>das</strong> pelas in<strong>de</strong>pendências do Zimbabwé e Namíbia, teve<br />

seu ponto alto quando da visita <strong>de</strong> Sam Nujoma, presi<strong>de</strong>nte da SWAPO, e J<strong>os</strong>hua Nkomo, presi<strong>de</strong>nte da<br />

Frente Patriótica, quando estiveram presentes, ao lado <strong>de</strong> Ag<strong>os</strong>tinho <strong>Neto</strong>, no ato central sobre o 22º<br />

aniversário <strong>de</strong> fundação do MPLA e 1º ano da criação do Partido, a 10 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1978. Em<br />

verda<strong>de</strong>, gran<strong>de</strong> parte da política internacional <strong>de</strong> Angola, entre <strong>os</strong> an<strong>os</strong> 1975 e 1979, foi construída sobre<br />

a frase do presi<strong>de</strong>nte <strong>Neto</strong>: «Na Namíbia e na África do Sul está o prolongamento da n<strong>os</strong>sa luta».<br />

Ao lado <strong>de</strong>sse bordão, esteve sempre presente o discurso do não-p<strong>os</strong>icionamento formal, que se inscreve<br />

igualmente no discurso do grupo supranacional chamado Linha da Frente, constituído por seis Esta<strong>d<strong>os</strong></strong><br />

african<strong>os</strong> - Angola, Zâmbia, Zimbabwe (a partir <strong>de</strong> 1980), Moçambique, Botswana e Tanzânia -, e que<br />

baseava a sua existência no «combate contra as forças imperialistas», assinalando a necessida<strong>de</strong><br />

indispensável do não-alinhamento em relação ao conflito Leste-Oeste.


isita do presi<strong>de</strong>nte Julius Nyerere (Tanzânia) a Angola,<br />

1980A principal ação da Linha da Frente foi a luta pelas in<strong>de</strong>pendências na África Austral, e após as<br />

proclamações em Angola, Moçambique e Zimbabwé, a atenção voltou-se para o apelo ao fim do regime<br />

<strong>de</strong> apartheid na África do Sul, e pela in<strong>de</strong>pendência da Namíbia. Entre <strong>os</strong> propósit<strong>os</strong> mais importantes<br />

para a criação da organização estava a proteção <strong>d<strong>os</strong></strong> países da África Austral do <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong>smesurado da<br />

África do Sul <strong>de</strong> construir uma chamada «constelação <strong>de</strong> esta<strong>d<strong>os</strong></strong>», que lhe garantisse o reconhecimento<br />

internacional como potência hegemônica com a qual <strong>os</strong> outr<strong>os</strong> países teriam que negociar a <strong>de</strong>speito do<br />

regime <strong>de</strong> apartheid.<br />

No plano interno, a FNLA passa a figurar cada vez men<strong>os</strong> e com menor importância n<strong>os</strong> discurs<strong>os</strong><br />

governamentais, e o enfraquecimento da FNLA culmina com a assinatura <strong>de</strong> um acordo <strong>de</strong> paz entre<br />

Angola e o Zaire, em ag<strong>os</strong>to <strong>de</strong> 1978.<br />

O principal mantenedor da FNLA, por um curto período, sairá <strong>de</strong> cena enquanto tal. Em 1979, Hol<strong>de</strong>n<br />

Roberto exila-se em Paris, e ainda que houvesse alguns combatentes da FNLA no Norte <strong>de</strong> Angola, a<br />

organização não tinha nem sombra do po<strong>de</strong>rio militar que tivera no ano da in<strong>de</strong>pendência, e havia perdido<br />

igualmente o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> negociação com o governo do MPLA e em relação à comunida<strong>de</strong> internacional.<br />

Os aconteciment<strong>os</strong> p<strong>os</strong>sibilitam a Ag<strong>os</strong>tinho <strong>Neto</strong> fazer um balanço p<strong>os</strong>itivo <strong>de</strong> suas relações fronteiriças,<br />

em outubro <strong>de</strong> 1978:<br />

«Quer dizer que a paz foi feita com o Zaire, don<strong>de</strong> partiram <strong>os</strong> fantoches da FNLA, don<strong>de</strong> enfim partiram<br />

act<strong>os</strong> <strong>de</strong> agressão que nós tivem<strong>os</strong> que repelir. Por outro lado, tem<strong>os</strong> a esperança que a partir da Namíbia,<br />

on<strong>de</strong> <strong>os</strong> sul-african<strong>os</strong> têm estado a treinar, equipar e municiar <strong>os</strong> grup<strong>os</strong> fantoches da UNITA, a solução<br />

virá <strong>de</strong>ntro em breve e, certamente, com essa modificação política nós po<strong>de</strong>rem<strong>os</strong> ter a garantia, com uma<br />

Namíbia in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong> ter também tranquilida<strong>de</strong> na fronteira Sul. A fronteira Leste está garantida no<br />

sentido <strong>de</strong> paz e tranquilida<strong>de</strong> porque tem<strong>os</strong> boas relações, excelentes relações, com a Zâmbia, e tem<strong>os</strong><br />

ainda, por outro lado, muito boas relações <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> cooperação, com a República Popular do<br />

Congo»10.<br />

As atenções então se voltam para UNITA que, a partir <strong>de</strong> 1978, começa a se refazer com o apoio <strong>d<strong>os</strong></strong><br />

Esta<strong>d<strong>os</strong></strong> Uni<strong>d<strong>os</strong></strong> via África do Sul. A emenda Clark, que impedia o envio <strong>de</strong> financiamento para <strong>os</strong><br />

moviment<strong>os</strong> que estavam em luta contra o MPLA, aprovada pelo senado americano em 30 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

1976, havia <strong>os</strong> <strong>de</strong>sfalcado muito. Mas, ainda que a emenda tenha sido revogada somente em 1985,<br />

durante o mandato <strong>de</strong> Ronald Reagan, o governo Carter voltou a investir naquele que aparecia como um<br />

p<strong>os</strong>sível aliado <strong>d<strong>os</strong></strong> EUA no governo <strong>de</strong> Angola, a UNITA, a partir do apoio dado a África do Sul, e mais<br />

tar<strong>de</strong> ao Zaire.<br />

Sendo assim, em 1978 a África do Sul empenhou-se em três operações com incursões em território<br />

angolano, tendo numa <strong>de</strong>las se travado a batalha <strong>de</strong> Cassinga (Operação Rein<strong>de</strong>er), a 4 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong>


1978, sob a alegação <strong>de</strong> que atacaria um campo militar da SWAPO, e que acabou por matar cerca <strong>de</strong> 600<br />

pessoas, entre elas muit<strong>os</strong> civis - era um sinal claro <strong>de</strong> que a guerra havia recomeçado.<br />

Na sequência do recru<strong>de</strong>scer da guerra, ocorre a morte <strong>de</strong> Ag<strong>os</strong>tinho <strong>Neto</strong>, em setembro <strong>de</strong> 1979, e J<strong>os</strong>é<br />

Eduardo <strong>d<strong>os</strong></strong> <strong>Sant<strong>os</strong></strong> assume a presidência em 21 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1979.<br />

O governo <strong>de</strong> J<strong>os</strong>é Eduardo <strong>d<strong>os</strong></strong> <strong>Sant<strong>os</strong></strong> <strong>de</strong>u continuida<strong>de</strong> à política <strong>de</strong> seu antecessor, conforme fica<br />

explicitado em sua fala em outubro <strong>de</strong> 1979, na Zâmbia:<br />

«Nós, na n<strong>os</strong>sa região, na África Austral, tem<strong>os</strong> <strong>os</strong> problemas da libertação nacional da Namíbia, do<br />

Zimbabwe e da África do Sul. E não <strong>de</strong>ixarem<strong>os</strong> <strong>de</strong> seguir <strong>os</strong> ensinament<strong>os</strong> do Presi<strong>de</strong>nte Ag<strong>os</strong>tinho <strong>Neto</strong><br />

e continuarem<strong>os</strong> a prestar a n<strong>os</strong>sa ajuda, o n<strong>os</strong>so apoio material a estes pov<strong>os</strong> oprimi<strong>d<strong>os</strong></strong>».11<br />

isita <strong>de</strong> Savimbi ao Don<strong>de</strong>. 29/01/1975<br />

Com as mudanças no cenário mundial e regional, o início da administração <strong>de</strong> D<strong>os</strong> <strong>Sant<strong>os</strong></strong> é marcada pela<br />

crítica cada vez mais aguda ao regime <strong>de</strong> Pretória, e é quando passa a nomear o seu inimigo por Jonas<br />

Savimbi, como ocorre, pela primeira vez, no discurso feito no 23º aniversário do MPLA, em Benguela, a<br />

10 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1979:<br />

«o regime racista <strong>de</strong> Pretória, instalado na África do Sul, continua a sua política <strong>de</strong> agressão contra a RPA<br />

(não obstante ter aceite o princípio <strong>de</strong> uma zona <strong>de</strong>smilitarizada na n<strong>os</strong>sa fronteira com a Namíbia), numa<br />

atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>sesperada, provocatória e irresponsável para manter um clima <strong>de</strong> tensão e <strong>de</strong> guerra não<br />

<strong>de</strong>clarada, com o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r <strong>de</strong>sesperadamente duas causas perdi<strong>das</strong>: primeiro, a causa do seu<br />

lacaio e servidor fiel do imperialismo, o pobre Savimbi; e <strong>de</strong>pois a questão da Namíbia, cuja ascensão à<br />

in<strong>de</strong>pendência já é inevitável».12


A in<strong>de</strong>pendência do Zimbabwé, em 1980, com a eleição <strong>de</strong> Robert Mugabe, contrariava as previsões da<br />

África do Sul, que a partir <strong>de</strong> então intensificou ainda mais as agressões contra <strong>os</strong> países-membr<strong>os</strong> da<br />

Linha da Frente que, por sua vez, passaram a receber maior apoio material e logístico da União Soviética<br />

e <strong>de</strong> países socialistas para conter e reagir às incursões arma<strong>das</strong>.<br />

Ao mesmo tempo, numa tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>smoralização da UNITA <strong>os</strong> discurs<strong>os</strong> presi<strong>de</strong>nciais reiteravam a<br />

sua <strong>de</strong>pendência em relação a África do Sul, e lembravam <strong>os</strong> seus acor<strong>d<strong>os</strong></strong> com <strong>os</strong> portugueses, bem como<br />

colocavam sempre <strong>os</strong> Esta<strong>d<strong>os</strong></strong> Uni<strong>d<strong>os</strong></strong> como o gran<strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dor <strong>de</strong>sta campanha contra Angola,<br />

contra as in<strong>de</strong>pendências africanas e a favor do apartheid sul-africano.<br />

A escalada da violência por parte do exército sul-africano e <strong>das</strong> FALA (a força armada da UNITA),<br />

praticada por13 meio da guerra, mas também através <strong>de</strong> sabotagens, minagens, emb<strong>os</strong>ca<strong>das</strong> e ataques à<br />

circulação ferroviária e rodoviária, atingiu seu ponto crítico, em ag<strong>os</strong>to <strong>de</strong> 1981, com a invasão <strong>de</strong> Angola<br />

por cerca <strong>de</strong> quinze mil solda<strong>d<strong>os</strong></strong> sul-african<strong>os</strong>, apoia<strong>d<strong>os</strong></strong> por blinda<strong>d<strong>os</strong></strong> e aviação <strong>de</strong> combate, e que<br />

bomba<strong>de</strong>aram a província da Huila e ocuparam parte da província do Cunene, na <strong>de</strong>nominada<br />

Operação Protea.<br />

Em paralelo a<strong>os</strong> ataques militares, era feita uma propaganda com a intenção <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar que na<br />

proteção da SWAPO estavam envolvi<strong>d<strong>os</strong></strong> não só o governo <strong>de</strong> Angola, mas <strong>os</strong> soviétic<strong>os</strong> - como o que foi<br />

capturado na operação Protea, e apresentado como prova -, <strong>os</strong> cuban<strong>os</strong> e <strong>os</strong> alemães do Leste com mei<strong>os</strong><br />

<strong>de</strong> rádio-localização e mísses. A isto o presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Angola veio inúmeras vezes dar resp<strong>os</strong>ta, sempre<br />

negando o fato, e reiterando que não haviam bases militares estrangeiras em território angolano.<br />

Em resp<strong>os</strong>ta a<strong>os</strong> ataques, o governo <strong>de</strong> Angola passa a fazer uma campanha intenacional para <strong>de</strong>monstrar<br />

que em Angola não era uma guerra civil que se vivia, mas sim uma guerra não <strong>de</strong>clarada perpetrada pela<br />

África do Sul apoiada pel<strong>os</strong> Esta<strong>d<strong>os</strong></strong> Uni<strong>d<strong>os</strong></strong>, e apela a comunida internacional que se p<strong>os</strong>icione contra <strong>os</strong><br />

ataques que Angola vem sofrendo, como <strong>os</strong> <strong>de</strong>monstram <strong>os</strong> telegramas envia<strong>d<strong>os</strong></strong> em 25 <strong>de</strong> ag<strong>os</strong>to <strong>de</strong> 1981<br />

ao SG da Onu, Kurt Waldheim, a Fi<strong>de</strong>l Castro, presi<strong>de</strong>nte <strong>d<strong>os</strong></strong> países não-alinha<strong>d<strong>os</strong></strong>, e a Arap Moi,<br />

presi<strong>de</strong>nte do Kenya e da Organização da Unida<strong>de</strong> Africana.


X Cimeira <strong>d<strong>os</strong></strong> países não-alinha<strong>d<strong>os</strong></strong>. Belgrado, 1989<br />

Internamente, o inimigo vai ganhando forma, a UNITA e Jonas Savimbi passam a ser apresentan<strong>d<strong>os</strong></strong><br />

como o verda<strong>de</strong>iro problema a ser enfrentado pel<strong>os</strong> angolan<strong>os</strong>: «To<strong>d<strong>os</strong></strong> uni<strong>d<strong>os</strong></strong> <strong>de</strong>vem<strong>os</strong> apontar as n<strong>os</strong>sas<br />

armas contra <strong>os</strong> verda<strong>de</strong>ir<strong>os</strong> inimig<strong>os</strong> do povo angolano, <strong>os</strong> ban<strong>d<strong>os</strong></strong> arma<strong>d<strong>os</strong></strong> da UNITA, treina<strong>d<strong>os</strong></strong>,<br />

arma<strong>d<strong>os</strong></strong> e massivamente apoia<strong>d<strong>os</strong></strong> pel<strong>os</strong> racistas sul-african<strong>os</strong>»14.<br />

Após três an<strong>os</strong> <strong>de</strong> intenso combate na fronteira sul - período em que se conta nove operações<br />

empreendi<strong>das</strong> pela África do Sul em território angolano-, em 1984 é assinado, em Lusaka, um acordo<br />

entre a RPA e a África do Sul, prevendo a retirada <strong>das</strong> tropas sul-africanas, e o fim do apoio do governo<br />

<strong>de</strong> Angola a SWAPO.<br />

No entanto, com o apoio que Jonas Savimbi vinha recebendo <strong>de</strong> alguns republican<strong>os</strong> da <strong>Casa</strong> Branca, o<br />

MPLA po<strong>de</strong>ria ter previsto que o fim <strong>das</strong> h<strong>os</strong>tilida<strong>de</strong>s com a África do Sul po<strong>de</strong>ria não significar o fim da<br />

guerra. Em janeiro <strong>de</strong> 1985, ano da revogação da Emenda Clark, JES <strong>de</strong>clarou que apesar da assinatura <strong>de</strong><br />

uma plataforma <strong>de</strong> entendimento com Pretória, que visava a retirada do exército <strong>de</strong> Peter Botha do<br />

território angolano, este continuava mantendo o apoio a UNITA (e lança no terreno a Operação Cabinda,<br />

em maio <strong>de</strong> 1985, alegando a busca por camp<strong>os</strong> da SWAPO e ANC no enclave petrolífero angolano).


isita <strong>de</strong> Nelson Man<strong>de</strong>la Luanda, 11/05/1990<br />

No fim do primeiro mandato <strong>de</strong> Reagan, se acentua a <strong>de</strong>terioração <strong>das</strong> relações entre <strong>os</strong> Esta<strong>d<strong>os</strong></strong> Uni<strong>d<strong>os</strong></strong> e<br />

a União Soviética, que acaba por agravar a situação política e militar na África Austral, principalmente<br />

após a sanção econômica que <strong>os</strong> Esta<strong>d<strong>os</strong></strong> Uni<strong>d<strong>os</strong></strong> impuseram a<strong>os</strong> Esta<strong>d<strong>os</strong></strong> da Linha da Frente, acusando-<strong>os</strong><br />

<strong>de</strong> sustentar o terrorismo praticado pela SWAPO e pelo ANC.<br />

Em fevereiro <strong>de</strong> 1986, o presi<strong>de</strong>nte Reagan recebe Savimbi na <strong>Casa</strong> Branca, colocando em causa a<br />

p<strong>os</strong>ição do país como mediador para um acordo entre Angola e África do Sul, como ficou claro na<br />

correspondência trocada com o secretário geral da ONU, Javier Perez <strong>de</strong> Cuellar:<br />

«No último encontro com uma <strong>de</strong>legação <strong>d<strong>os</strong></strong> EUA, conduzida pelo secretário <strong>de</strong> estado adjunto, Dr<br />

Chester Crocker, em janeiro <strong>de</strong> 1986, a <strong>de</strong>legação angolana reiterou a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> pr<strong>os</strong>seguir as<br />

conversações na base <strong>das</strong> prop<strong>os</strong>tas construtivas já avança<strong>das</strong>. A administração Reagan, porém, não só<br />

revogou a Emenda Clark, que proibia a ajuda a<strong>os</strong> fantoches angolan<strong>os</strong> a soldo da África do Sul,<br />

agrupa<strong>d<strong>os</strong></strong> na UNITA, como se engajou <strong>de</strong> forma aberta no apoio militar, financeiro e <strong>de</strong> outro tipo, para<br />

agravar ainda mais a situação e aumentar o sofrmento do povo angolano. Por to<strong>das</strong> as atitu<strong>de</strong>s acima<br />

<strong>de</strong>scritas, concluím<strong>os</strong> que a actual administração americana não está imparcial e seriamente engajada nas<br />

negociações e, por outro lado, incluiu <strong>os</strong> problemas <strong>de</strong> Angola n<strong>os</strong> chama<strong>d<strong>os</strong></strong> «conflit<strong>os</strong> regionais» entre o<br />

Leste e o Oeste, para atrasar a resolução do problema da Namíbia e prolongar a vida do sistema do<br />

apartheid».15


uro do h<strong>os</strong>pital militar <strong>de</strong> Luanda.<br />

A partir <strong>de</strong> então, <strong>os</strong> enfrentament<strong>os</strong> militares, principalmente no sul do país, passaram a ser mais<br />

frequentes, e em 11 novembro <strong>de</strong> 1987, após uma batalha no Cuando Cubango, a África do Sul admite<br />

publicamente a presença <strong>de</strong> contingentes militares seus no território angolano em apoio a UNITA. O<br />

governo angolano aproveita para chamar a atenção da comunida<strong>de</strong> internacional, na Cimeira da OUA, na<br />

Etiópia, em novembro <strong>de</strong> 1987, para o fato da guerra não ser estritamente civil, e que o apoio <strong>de</strong> Peter<br />

Botha a UNITA significava que a mesma luta que o países african<strong>os</strong> travavam contra o apartheid <strong>de</strong>veria<br />

ser levada a cabo contra a UNITA e Jonas Savimbi.<br />

Apesar do clima <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconfiança, o estratega Chester Crocker conseguia levar adiante a realização da sua<br />

política <strong>de</strong> linkage, convencendo o governo <strong>de</strong> Angola a seguir com as conversações sobre a retirada <strong>das</strong><br />

tropas cubanas <strong>de</strong> Angola e o fim do recebimento <strong>de</strong> apoio material e logístico da URSS, em<br />

contrapartida à retirada <strong>d<strong>os</strong></strong> sul-african<strong>os</strong> da parte sul do território e do cumprimento da resolução 435/78<br />

da ONU, que estabelecia a in<strong>de</strong>pendência da Namíbia.<br />

No entanto, ficava claro que para o governo angolano este não era um acordo com a UNITA, ou seja, a<br />

UNITA não seria uma <strong>das</strong> partes contempla<strong>das</strong> ou leva<strong>das</strong> em consi<strong>de</strong>ração, pois o governo ap<strong>os</strong>tou -<br />

hoje sabem<strong>os</strong> que erradamente - que a retirada sul-africana <strong>das</strong> fronteiras, e a in<strong>de</strong>pendência da Namíbia,<br />

enfraqueceriam-na a tal ponto que a anulariam como força <strong>de</strong> guerra. Prova disto são as constantes<br />

<strong>de</strong>clarações <strong>de</strong> J<strong>os</strong>é Eduardo <strong>d<strong>os</strong></strong> <strong>Sant<strong>os</strong></strong>:<br />

«(...) Nós não pensam<strong>os</strong> na UNITA com ou sem Savimbi. É evi<strong>de</strong>nte que uma UNITA sem Savimbi<br />

<strong>de</strong>verá ser melhor, mas a UNITA é um instrumento da África do Sul. Os angolan<strong>os</strong> que estão na UNITA


são domina<strong>d<strong>os</strong></strong> pela África do Sul, não estão livres. Nós querem<strong>os</strong> libertá-l<strong>os</strong> para que eles se sintam<br />

angolan<strong>os</strong> dign<strong>os</strong> e livres».16<br />

uro do h<strong>os</strong>pital militar <strong>de</strong> Luanda.<br />

Ou respon<strong>de</strong>ndo à prop<strong>os</strong>ta <strong>de</strong> negociar a partilha <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r com Savimbi:<br />

«Não há razões para a partilha <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r com <strong>os</strong> fantoches, pois consi<strong>de</strong>ram<strong>os</strong> que esse agrupamento<br />

terrorista <strong>de</strong>sempenha nesse processo um papel complementar ao do exército racista. Isso significaria<br />

partilhar o po<strong>de</strong>r com a própria África do Sul».17<br />

Em maio <strong>de</strong> 1988 começam as conversações triparti<strong>das</strong> entre Angola, Cuba e África do Sul, em Londres,<br />

media<strong>das</strong> pel<strong>os</strong> EUA. São segui<strong>das</strong> <strong>de</strong> encontr<strong>os</strong> entre Chester Crocker e Adamishin, vice-ministro <strong>das</strong><br />

relações estrangeiras da URSS, e da cimeira <strong>de</strong> M<strong>os</strong>cou entre Goarbatchev e Reagan, na qual chegam a<br />

um acodo sobre a política para a África Austral.<br />

Ainda que a 22 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1988 tenham sido finaliza<strong>d<strong>os</strong></strong> e assina<strong>d<strong>os</strong></strong> <strong>os</strong> acor<strong>d<strong>os</strong></strong> <strong>de</strong> Nova Iorque, a<br />

continuação não será men<strong>os</strong> conturbada, e fica claro que o conflito na África Austral era muito mais do<br />

que uma guerra por i<strong>de</strong>ologias.<br />

A administração Bush <strong>de</strong>clara que manterá o seu apoio a UNITA; e <strong>os</strong> acor<strong>d<strong>os</strong></strong> <strong>de</strong> cessar fogo, assina<strong>d<strong>os</strong></strong><br />

em Gbadolite entre J<strong>os</strong>é Eduardo <strong>d<strong>os</strong></strong> <strong>Sant<strong>os</strong></strong> e Jonas Savimbi, não são cumpri<strong>d<strong>os</strong></strong>. Em meio a queda do<br />

Muro <strong>de</strong> Berlim e a <strong>de</strong>rrocada do mundo socialista, a África do Sul se p<strong>os</strong>iciona outra vez ao lado <strong>de</strong><br />

Savimbi e o apoia nas ofensivas contra as tropas governamentais no Cuando Cubango. Ante a insistência<br />

<strong>d<strong>os</strong></strong> EUA e África do Sul em manterem o apoio militar a UNITA, <strong>os</strong> cuban<strong>os</strong> <strong>de</strong>claram que não saem<br />

<strong>de</strong> Angola.


As maiores mudanças somente ocorrerão com o anúncio por De Klerk, presi<strong>de</strong>nte da África do Sul, da<br />

legalização do ANC e libertação <strong>de</strong> Nelson Man<strong>de</strong>la, prevista para 11 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1990. A 21 <strong>de</strong><br />

março <strong>de</strong>ste mesmo ano é proclamada a in<strong>de</strong>pendência da Namíbia. Com as turbulências internas vivi<strong>das</strong><br />

pelo <strong>de</strong>rrocada do sistema <strong>de</strong> apartheid na África do Sul, a UNITA já não podia contar com o apoio do<br />

exército sul-africano na fronteira sul <strong>de</strong> Angola.<br />

Paralelamente, a 10 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1990 o MPLA aprova o multipartidarismo, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser Partido do<br />

Trabalho, e <strong>de</strong>clara em entrevista ao semanário Expresso:<br />

«O estatuto especial para Jonas Savimbi, previsto em Gbadolite, já não existe. Com o multipartidarismo,<br />

cada um vai sobreviver <strong>de</strong> acordo com o veredicto popular. (...) A questão da integração <strong>das</strong> forças da<br />

UNITA nas Forças Arma<strong>das</strong> vai ter <strong>de</strong> ser vista à luz do <strong>de</strong>senvolvimento do Exército Nacional Único<br />

(...)»18.<br />

Ainda que tenha podido sempe contar com o apoio <strong>d<strong>os</strong></strong> Esta<strong>d<strong>os</strong></strong> Uni<strong>d<strong>os</strong></strong> - como o comprova o fato <strong>de</strong> ter<br />

sido recebido, em setembro <strong>de</strong> 1990, por George Bush na <strong>Casa</strong> Branca, o dirigente da UNITA concorda<br />

em manter conversações com o governo, media<strong>das</strong> por Portugal, que chegam a um consenso com a<br />

assinatura do cessar-fogo em Bicesse, a 15 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1991.<br />

Em fevereiro <strong>de</strong> 1991, J<strong>os</strong>é Eduardo <strong>d<strong>os</strong></strong> <strong>Sant<strong>os</strong></strong> anuncia a jornalistas <strong>d<strong>os</strong></strong> jornais soviétic<strong>os</strong> Pravda,<br />

Izvestia e Tass, que a África Austral não ficaria isolada <strong>das</strong> tranformações mundiais, reiterando que as<br />

mudanças em curso na União Soviética e no conflito mundial refletiriam diretamente n<strong>os</strong> confit<strong>os</strong><br />

regionais, incluindo a África Austral.<br />

O que preten<strong>de</strong>m<strong>os</strong> aqui foi acompanhar, através <strong>d<strong>os</strong></strong> discurs<strong>os</strong> presi<strong>de</strong>nciais, o dinamismo <strong>das</strong> relações<br />

internacionais e o processo <strong>de</strong> construção da UNITA, e <strong>de</strong> seu lí<strong>de</strong>r Jonas Savimbi, como inimig<strong>os</strong> do<br />

governo angolano representado pelo MPLA. No início do governo <strong>de</strong> Ag<strong>os</strong>tinho <strong>Neto</strong>, a UNITA atuava<br />

como coadjuvante <strong>de</strong> uma guerra maior travada pela FNLA, com o apoio do presi<strong>de</strong>nte Mobutu do Zaire.<br />

Durante <strong>os</strong> primeir<strong>os</strong> an<strong>os</strong> do governo <strong>Neto</strong>, a UNITA era apresentada como colaboradora do governo<br />

português, quando o inimigo maior ainda era o sistema colonial. Conforme se distancia no tempo a data<br />

da in<strong>de</strong>pendência, a África do Sul começa a ser apresentada, principalmente a partir <strong>de</strong> 1978, como o<br />

novo inimigo - principalmente a partir da assinatura do acordo <strong>de</strong> paz com Mobutu e a retirada <strong>de</strong> Hol<strong>de</strong>n<br />

Roberto para a França -, e a associação da UNITA passa a ser com o regime do apartheid. No entanto, é<br />

interessante notar que n<strong>os</strong> discurs<strong>os</strong> a que tivem<strong>os</strong> acesso, o nome <strong>de</strong> Jonas Savimbi só aparece no<br />

primeiro ano do mandato <strong>de</strong> J<strong>os</strong>é Eduardo <strong>d<strong>os</strong></strong> <strong>Sant<strong>os</strong></strong>.<br />

Ao mesmo tempo, a entrada <strong>d<strong>os</strong></strong> Esta<strong>d<strong>os</strong></strong> Uni<strong>d<strong>os</strong></strong> no apoio à op<strong>os</strong>ição ao MPLA vem reforçar o papel da<br />

UNITA como «fantoche» e «lacaio» do imperialismo, e é o momento em que a bipolarida<strong>de</strong> da guerra<br />

fria se expõe mais claramente no palco da guerra em Angola. Após a queda do Cuando Cubango e parte<br />

do Cunene para <strong>os</strong> sul-african<strong>os</strong>, e o reforço da guerra <strong>de</strong> sabotagens praticada em todo o território pela<br />

UNITA e mercenári<strong>os</strong>, Savimbi passa a ser apresentado como o verda<strong>de</strong>iro inimigo a vencer, a partir <strong>de</strong><br />

1981. No entanto, o MPLA não levou a UNITA em consi<strong>de</strong>ração n<strong>os</strong> acor<strong>d<strong>os</strong></strong> <strong>de</strong> Nova Iorque, e só<br />

aceitou negociar com Savimbi após a continuação <strong>das</strong> ofensivas da África do Sul e do apoio <strong>d<strong>os</strong></strong> Esta<strong>d<strong>os</strong></strong><br />

Uni<strong>d<strong>os</strong></strong> a <strong>de</strong>speito da assinatura <strong>d<strong>os</strong></strong> acor<strong>d<strong>os</strong></strong>. A partir <strong>d<strong>os</strong></strong> acor<strong>d<strong>os</strong></strong> <strong>de</strong> Gbadolite, media<strong>d<strong>os</strong></strong> por Mobutu,<br />

em 1989, é que se po<strong>de</strong> dizer que a UNITA passou a ser vista como uma força a ser consi<strong>de</strong>rada e com<br />

quem o governo angolano haveria <strong>de</strong> negociar.<br />

A partir <strong>de</strong>ste momento, o cenário político mudará e dará lugar a um brevíssimo diálogo entre governo e<br />

UNITA, embora as incursões militares continuem quase ininterruptamente. Com as conversações acerca<br />

<strong>das</strong> eleições, <strong>os</strong> dois la<strong>d<strong>os</strong></strong> se vêem obriga<strong>d<strong>os</strong></strong> a dar nova roupagem ao conflito: a do <strong>de</strong>sejo pela paz.


1. 1.Os númer<strong>os</strong> são ainda muito díspares <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da fonte que se utiliza, aqui citam<strong>os</strong> BENEMELIS,<br />

Juan.Castro, subversão e terrorismo em África. Lisboa, Europress, 1986. p. 248. «A 11 <strong>de</strong> novembro, dia da<br />

<strong>de</strong>claração unilateral da in<strong>de</strong>pendência por parte do MPLA, existem mais <strong>de</strong> 7 mil solda<strong>d<strong>os</strong></strong> cuban<strong>os</strong> nesse país.<br />

Durante <strong>os</strong> meses <strong>de</strong> Dezembro e Janeiro a escalada cubana, OPERAÇÃO CARLOTA, acelera-se elevando<br />

primeiro a 12 mil, <strong>de</strong>pois a 22 mil e, finalmente, em março, a 37 mil solda<strong>d<strong>os</strong></strong> as forças estaciona<strong>das</strong> em Angola.<br />

No entanto, existe no teatro bélico o equivalente a duas divisões cubanas, reforça<strong>das</strong> com artilharia, tanques,<br />

aviação, helicópter<strong>os</strong>, etc. Em fevereiro, a escalada logística soviética ultrapassa <strong>os</strong> 400 milhões <strong>de</strong> dólares».<br />

2. 2.Discurso da proclamação da In<strong>de</strong>pendência, às zero horas <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1975. p.6<br />

3. 3.«Sem unida<strong>de</strong> não po<strong>de</strong>rem<strong>os</strong> bater o inimigo ». Discurso proferido pelo Presi<strong>de</strong>nte Ag<strong>os</strong>tinho <strong>Neto</strong>, na Praça<br />

1º <strong>de</strong> maio, no dia do 19º aniversário da fundação do MPLA (10-12-1975). Ca<strong>de</strong>rn<strong>os</strong> Populares, No 1.<br />

4. 4.Correia, Pedro <strong>de</strong> Pezarat. Angola. Do Alvor a Lusaka. Lisboa, Hugin Editores, 1996. p. 225<br />

5. 5.DOBRYNIN, Anatoly. In Confi<strong>de</strong>nce. M<strong>os</strong>cow's ambassador to America's six cold war<br />

presi<strong>de</strong>nts (1962 - 1986). New York, Time Books, 1995.<br />

6. 6.National Intelligence Bulletin. November 5, 1975. In: http://www.foia.cia.gov<br />

7. 7.Discurso proferido por J<strong>os</strong>é Eduardo <strong>d<strong>os</strong></strong> <strong>Sant<strong>os</strong></strong>, membro do comitê central e do bureau político, e viceprimeiro<br />

ministro da República Popular <strong>de</strong> Angola, perante a Assembléis Geral <strong>das</strong> Nações Uni<strong>das</strong> (admissão<br />

<strong>de</strong> Angola na ONU). Nova Iorque, 1º <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1976. p. 10.<br />

8. 8.Discurso <strong>de</strong> Ag<strong>os</strong>tinho <strong>Neto</strong> na Sessão <strong>de</strong> Encerramento da 2a Conferência Nacional <strong>d<strong>os</strong></strong> Trabalhadores<br />

Angolan<strong>os</strong>, em 18 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1976. (p.6/7)<br />

9. 9.Discurso do camarada presi<strong>de</strong>nte Ag<strong>os</strong>tinho <strong>Neto</strong> no Plenário da Cimeira da OUA (Khartoum, Sudão, 18-21<br />

<strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1978). p.13.<br />

10. 10.«A n<strong>os</strong>sa principal tarefa <strong>de</strong> agora é modificar as relações <strong>de</strong> produção ». Entrevista do camarada presi<strong>de</strong>nte<br />

Dr Ag<strong>os</strong>tinho <strong>Neto</strong> para a televisão búlgara. 18 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1978. p. 96<br />

11. 11.Discurso no aeroporto <strong>de</strong> Ndola, ao saudar a população que ali se concentrou à sua chegada. Ndola/Zâmbia,<br />

14/10/1979. p. 411<br />

12. 12.23o aniversário do MPLA. Benguela, 10-12-1979. in: ABRANTES, J<strong>os</strong>é Mena (Org). J<strong>os</strong>é Eduardo <strong>d<strong>os</strong></strong><br />

<strong>Sant<strong>os</strong></strong> e <strong>os</strong> Desafi<strong>os</strong> do seu Tempo. Palavras <strong>de</strong> um Estadista. 1979-2004. Vol I Primeira República -<br />

1979-1992. Luanda: Edições Maianga, 2004. p. 21.<br />

13. 13.Visita ao Huambo. 14/10/1982. in: ABRANTES, J<strong>os</strong>é Mena (Org). J<strong>os</strong>é Eduardo <strong>d<strong>os</strong></strong> <strong>Sant<strong>os</strong></strong> e <strong>os</strong><br />

Desafi<strong>os</strong> do seu Tempo. Palavras <strong>de</strong> um Estadista. 1979-2004. Vol I Primeira República - 1979-1992.<br />

Luanda: Edições Maianga, 2004. p. 382.<br />

14. 14.9o aniversário da In<strong>de</strong>pendência. Uíge, 19/11/1984. In: ABRANTES, J<strong>os</strong>é Mena (Org). J<strong>os</strong>é Eduardo <strong>d<strong>os</strong></strong><br />

<strong>Sant<strong>os</strong></strong> e <strong>os</strong> Desafi<strong>os</strong> do seu Tempo. Palavras <strong>de</strong> um Estadista. 1979-2004. Vol I Primeira República -<br />

1979-1992. Luanda: Edições Maianga, 2004. p. 384.<br />

15. 15.5o Aniversário da Associação <strong>d<strong>os</strong></strong> Estudantes do Ensino Superior. Luanda, 07/05/1988. p.199<br />

16. 16.Entrevista Colectiva a jornalistas estrangeir<strong>os</strong>. Luanda, ag<strong>os</strong>to <strong>de</strong> 1987. p.386<br />

17. 17.5o Aniversário da Associação <strong>d<strong>os</strong></strong> Estudantes do Ensino Superior. Luanda, 07/05/1988. p.388<br />

18. 18.Entrevista ao semanário Expresso, Benjamim Formigo. Luanda, 25/08/1990. p. 397<br />

A ler | 23 Ag<strong>os</strong>to 2010 | ag<strong>os</strong>tinho neto, fnla, guerra civil, guerra fria, in<strong>de</strong>pendência, j<strong>os</strong>é eduardo<br />

<strong>d<strong>os</strong></strong> sant<strong>os</strong>, unita

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