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Tema do Mês Dermatite atópica em Pediatria - atualização

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Aproximadamente 80% das crianças com DA apresentam níveis séricos eleva<strong>do</strong>s de IgE total(9).<br />

Entretanto, devi<strong>do</strong> a não presença deste marca<strong>do</strong>r atópico <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os casos de DA, a <strong>do</strong>ença foi<br />

classificada <strong>em</strong> forma extrínseca e forma intrínseca. A forma extrínseca (alérgica) associa-se à<br />

sensibilização mediada por IgE, enquanto que a intrínseca (não alérgica) caracteriza-se por níveis<br />

normais de IgE sérica total e pela ausência de respostas específicas <strong>do</strong> tipo IgE a aeroalérgenos e a<br />

alérgenos deriva<strong>do</strong>s de alimentos(10). Em ambas as formas de DA há eosinofilia sanguínea.<br />

Figura 1 - O valor máximo <strong>do</strong> SCORAD é de 103 ou 83 s<strong>em</strong> os sintomas subjetivos(6,8).<br />

A investigação <strong>do</strong>s fatores de exacerbação na DA compreende a história <strong>do</strong> paciente, testes cutâneos e<br />

séricos específicos e testes de desencadeamento. Nos lactentes dev<strong>em</strong>os suspeitar <strong>do</strong>s alimentos como<br />

possíveis fatores agravantes e, nestes casos, há uma suspeita da família. Os alimentos mais envolvi<strong>do</strong>s<br />

como causa de sensibilização <strong>em</strong> nosso meio são o leite de vaca, os ovos (clara) e o trigo.<br />

A determinação <strong>do</strong>s níveis de IgE específica, in vivo ou in vitro, pode ser usada para verificação de<br />

sensibilização a alimentos, <strong>em</strong> qualquer idade. A sensibilidade e especificidade diagnóstica destes<br />

exames variam consideravelmente, de acor<strong>do</strong> com os alimentos, sist<strong>em</strong>as de leitura e grupos etários. De<br />

qualquer maneira, é importante que fique claro que o padrão-ouro de diagnóstico de alergia alimentar,<br />

depende da história <strong>do</strong> paciente, associada a provas positivas de desencadeamento com o alimento<br />

suspeito, <strong>em</strong> ambiente hospitalar. Há padronização <strong>em</strong> relação aos desencadeamentos, sen<strong>do</strong> que o<br />

ideal é que seja duplo-cego, placebo controla<strong>do</strong>.<br />

Os testes de contato para atopia (APT- atopic patch tests) constitu<strong>em</strong>-se <strong>em</strong> mais uma ferramenta na<br />

investigação <strong>do</strong>s mecanismos <strong>do</strong> ecz<strong>em</strong>a da pele, uma vez que sua reação pode ass<strong>em</strong>elhar-se ao<br />

ecz<strong>em</strong>a e envolve mecanismos não dependentes de IgE. Deste mo<strong>do</strong>, <strong>em</strong> pacientes com DA oAPT pode<br />

revelar sensibilização não IgE dependente e pode identificar um subgrupo de pacientes. Fica a ressalva<br />

de que deve ser utiliza<strong>do</strong> com cautela e uma dieta de eliminação não deve ser recomendada a um<br />

paciente toman<strong>do</strong>-se como base unicamente a resposta positiva ao APT para alimentos, assim como se<br />

houver apenas um resulta<strong>do</strong> positivo de IgE específica, s<strong>em</strong> história característica(11).<br />

A sensibilização a alérgenos inalantes é frequent<strong>em</strong>ente observada <strong>em</strong> pacientes com DA. Os<br />

aeroalérgenos mais importantes <strong>em</strong> nosso meio são os de ácaros <strong>do</strong>mésticos (gêneros<br />

Dermatophagoides e Blomia tropicalis), alérgenos de baratas e de animais <strong>do</strong>mésticos (cães e gatos).<br />

O diagnóstico diferencial da DA deve ser feito com dermatite seborreica na infância, dermatite de<br />

contacto, líquen crônico nos adultos e <strong>do</strong>enças metabólicas e imunológicas que apresent<strong>em</strong> erupções<br />

s<strong>em</strong>elhantes.<br />

Fisiopatologia<br />

A DA é uma manifestação inflamatória da pele, com uma complexidade etiológica resultante de uma<br />

inter-relação entre ambiente, imunologia e genética. A epiderme funciona, pelo menos <strong>em</strong> parte, como<br />

uma barreira protetora para a entrada de patógenos e restringe a perda de água <strong>do</strong> corpo a maior<br />

proteção ocorre no extrato córneo (SC). Normalmente, o SC é forma<strong>do</strong> por corneócitos (queratinócitos)<br />

depleta<strong>do</strong>s de lipídios e por uma matriz extracelular rica <strong>em</strong> lipídios. Isso cria uma barreira que é capaz<br />

de reter água e de prevenir a entrada de patógenos e de alérgenos(12). Os queratinócitos contêm um<br />

envelope corneifica<strong>do</strong>, endureci<strong>do</strong>, no qual a filagrina é uma das proteínas incorporadas(13,14). A<br />

identificação de mutações no gene da filagrina (FLG), proteína presente na barreira epitelial, confere<br />

maior suscetibilidade à dermatite <strong>atópica</strong> e aponta para a importância da alteração na barreira<br />

epidérmica como um evento primário na <strong>do</strong>ença(15). Observou-se que pacientes com DA apresentam<br />

níveis reduzi<strong>do</strong>s de lipídios no SC (ceramidas e esfingosinas). A menor quantidade de ceramida, principal<br />

molécula que retém água no espaço extracelular, é um <strong>do</strong>s fatores responsáveis pelo aspecto xerótico<br />

da pele. Por outro la<strong>do</strong>, a redução de esfingosinas se correlaciona com o grau de colonização bacteriana,<br />

uma vez que estas substâncias têm propriedades antibacterianas(16).

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