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Tema do Mês Dermatite atópica em Pediatria - atualização

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<strong>T<strong>em</strong>a</strong> <strong>do</strong> <strong>Mês</strong> <strong>Dermatite</strong> <strong>atópica</strong> <strong>em</strong> <strong>Pediatria</strong> - <strong>atualização</strong><br />

Atopic dermatitis in<br />

Pediatrics - a review<br />

Maria Cândida Rizzo Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) - Hospital Infantil Menino Jesus (PMSP). © Copyright Moreira<br />

Jr. Editora.o<strong>do</strong>s os direitos reserva<strong>do</strong>s.<strong>Pediatria</strong> Moderna Jul/Ago 10 V 46 N 4Indexa<strong>do</strong> LILACS: S0031-39202010003100001Unitermos:<br />

dermatite <strong>atópica</strong>, <strong>Pediatria</strong>, <strong>atualização</strong>. Unterms: atopic dermatitis, Pediatrics, a review.<br />

Numeração de páginas na revista impressa: 127 à 136<br />

Resumo<br />

O trabalho discorre sobre a importância da dermatite <strong>atópica</strong> (DA) <strong>em</strong> <strong>Pediatria</strong>, descreven<strong>do</strong> as formas<br />

de apresentação clínica, critérios diagnósticos, fisiopatologia, alterações na imunidade inata e nas<br />

respostas imunes adaptativas, papel das citocinas, inter-relações entre infecções e DA e os recursos<br />

terapêuticos, compreenden<strong>do</strong> hidratação da pele, controle da inflamação e <strong>do</strong> pruri<strong>do</strong>, identificação e<br />

afastamento <strong>do</strong>s fatores desencadeantes e formas alternativas de tratamento.<br />

Introdução<br />

<strong>Dermatite</strong> <strong>atópica</strong> (DA) é uma <strong>do</strong>ença inflamatória crônica de pele, que usualmente se manifesta nos<br />

primeiros anos de vida e está frequent<strong>em</strong>ente associada a uma história familiar de atopia(1,2). A<br />

incidência cumulativa de DA v<strong>em</strong> aumentan<strong>do</strong> nas últimas quatro décadas, especialmente <strong>em</strong> países de<br />

cultura ocidental(3). A prevalência <strong>em</strong> nosso meio é de 5% entre escolares de 13 a 14 anos de idade e<br />

de 8,2% entre os de 6 e 7 anos(4).A etiopatogenia da DA não está totalmente esclarecida e t<strong>em</strong> si<strong>do</strong><br />

d<strong>em</strong>onstra<strong>do</strong> o envolvimento de fatores genéticos, imunológicos, ambientais e psicossomáticos, além de<br />

características da própria estrutura da pele.<br />

Apresentação clínica e diagnóstico<br />

O diagnóstico clínico da DA é determina<strong>do</strong> pelo reconhecimento de lesões de pele ecz<strong>em</strong>atosas e<br />

altamente pruriginosas. Enquanto as lesões agudas mostram sinais de ecz<strong>em</strong>a, as lesões crônicas são<br />

liquenificadas. Seu padrão típico de distribuição depende da idade de aparecimento e da cronicidade das<br />

lesões.<br />

Classicamente se divide <strong>em</strong> três formas, segun<strong>do</strong> o tipo, localização e características das lesões de<br />

ecz<strong>em</strong>a: forma infantil, escolar ou pré-puberal e adulta. Na forma infantil, as lesões são exsudativas,<br />

agudas ou subagudas, localizadas na face, pescoço, tronco e flexura <strong>do</strong>s braços e pernas. Na forma<br />

juvenil o ecz<strong>em</strong>a é mais seco, tenden<strong>do</strong> à liquenificação e com localização preferencial nas ?exuras <strong>do</strong>s<br />

joelhos e cotovelos. Na forma adulta a pele se apresenta seca, descamativa, engrossada, com<br />

liquenificação acentuada nas flexuras e é de controle clínico mais difícil. Há vários critérios clínicos para<br />

o diagnóstico da DA, sen<strong>do</strong> que os de Hanifin e Hajka foram introduzi<strong>do</strong>s <strong>em</strong> 1980 e ainda hoje são<br />

utiliza<strong>do</strong>s <strong>em</strong> estu<strong>do</strong>s clínicos(5).<br />

A gravidade da DA pode ser quantificada pelo uso <strong>do</strong>s índices SCORAD(6), Índice de Área de Ecz<strong>em</strong>a e<br />

Severidade (EASI) e Avaliação Global da DA pelo Investiga<strong>do</strong>r (IGADA)(7). O mais utiliza<strong>do</strong> é o<br />

SCORAD, que utiliza os parâmetros de extensão das lesões, intensidade das lesões e sintomas<br />

subjetivos (sono e pruri<strong>do</strong>) para avaliação da gravidade. O valor máximo <strong>do</strong> score SCORAD é 103 ou 83,<br />

s<strong>em</strong> os sintomas subjetivos. Com o uso <strong>do</strong> SCORAD global, notas abaixo de 25 suger<strong>em</strong> casos leves, de<br />

25 a 50 casos modera<strong>do</strong>s e acima de 50 casos graves(8) (Figura 1).<br />

O EASI se baseia nos sinais agu<strong>do</strong>s e crônicos da inflamação (erit<strong>em</strong>a, induração/pápulas, escoriação e<br />

liquenificação). Utiliza os sinais chave de ecz<strong>em</strong>a <strong>em</strong> quatro divisões anatômicas naturais <strong>do</strong> corpo:<br />

cabeça e pescoço, tronco e m<strong>em</strong>bros superiores e inferiores. O score de até 5 corresponde a quadros<br />

leves, até 12 a quadros modera<strong>do</strong>s, de 12 a 20 a quadros graves e >20 a quadros muito graves(7).


Aproximadamente 80% das crianças com DA apresentam níveis séricos eleva<strong>do</strong>s de IgE total(9).<br />

Entretanto, devi<strong>do</strong> a não presença deste marca<strong>do</strong>r atópico <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os casos de DA, a <strong>do</strong>ença foi<br />

classificada <strong>em</strong> forma extrínseca e forma intrínseca. A forma extrínseca (alérgica) associa-se à<br />

sensibilização mediada por IgE, enquanto que a intrínseca (não alérgica) caracteriza-se por níveis<br />

normais de IgE sérica total e pela ausência de respostas específicas <strong>do</strong> tipo IgE a aeroalérgenos e a<br />

alérgenos deriva<strong>do</strong>s de alimentos(10). Em ambas as formas de DA há eosinofilia sanguínea.<br />

Figura 1 - O valor máximo <strong>do</strong> SCORAD é de 103 ou 83 s<strong>em</strong> os sintomas subjetivos(6,8).<br />

A investigação <strong>do</strong>s fatores de exacerbação na DA compreende a história <strong>do</strong> paciente, testes cutâneos e<br />

séricos específicos e testes de desencadeamento. Nos lactentes dev<strong>em</strong>os suspeitar <strong>do</strong>s alimentos como<br />

possíveis fatores agravantes e, nestes casos, há uma suspeita da família. Os alimentos mais envolvi<strong>do</strong>s<br />

como causa de sensibilização <strong>em</strong> nosso meio são o leite de vaca, os ovos (clara) e o trigo.<br />

A determinação <strong>do</strong>s níveis de IgE específica, in vivo ou in vitro, pode ser usada para verificação de<br />

sensibilização a alimentos, <strong>em</strong> qualquer idade. A sensibilidade e especificidade diagnóstica destes<br />

exames variam consideravelmente, de acor<strong>do</strong> com os alimentos, sist<strong>em</strong>as de leitura e grupos etários. De<br />

qualquer maneira, é importante que fique claro que o padrão-ouro de diagnóstico de alergia alimentar,<br />

depende da história <strong>do</strong> paciente, associada a provas positivas de desencadeamento com o alimento<br />

suspeito, <strong>em</strong> ambiente hospitalar. Há padronização <strong>em</strong> relação aos desencadeamentos, sen<strong>do</strong> que o<br />

ideal é que seja duplo-cego, placebo controla<strong>do</strong>.<br />

Os testes de contato para atopia (APT- atopic patch tests) constitu<strong>em</strong>-se <strong>em</strong> mais uma ferramenta na<br />

investigação <strong>do</strong>s mecanismos <strong>do</strong> ecz<strong>em</strong>a da pele, uma vez que sua reação pode ass<strong>em</strong>elhar-se ao<br />

ecz<strong>em</strong>a e envolve mecanismos não dependentes de IgE. Deste mo<strong>do</strong>, <strong>em</strong> pacientes com DA oAPT pode<br />

revelar sensibilização não IgE dependente e pode identificar um subgrupo de pacientes. Fica a ressalva<br />

de que deve ser utiliza<strong>do</strong> com cautela e uma dieta de eliminação não deve ser recomendada a um<br />

paciente toman<strong>do</strong>-se como base unicamente a resposta positiva ao APT para alimentos, assim como se<br />

houver apenas um resulta<strong>do</strong> positivo de IgE específica, s<strong>em</strong> história característica(11).<br />

A sensibilização a alérgenos inalantes é frequent<strong>em</strong>ente observada <strong>em</strong> pacientes com DA. Os<br />

aeroalérgenos mais importantes <strong>em</strong> nosso meio são os de ácaros <strong>do</strong>mésticos (gêneros<br />

Dermatophagoides e Blomia tropicalis), alérgenos de baratas e de animais <strong>do</strong>mésticos (cães e gatos).<br />

O diagnóstico diferencial da DA deve ser feito com dermatite seborreica na infância, dermatite de<br />

contacto, líquen crônico nos adultos e <strong>do</strong>enças metabólicas e imunológicas que apresent<strong>em</strong> erupções<br />

s<strong>em</strong>elhantes.<br />

Fisiopatologia<br />

A DA é uma manifestação inflamatória da pele, com uma complexidade etiológica resultante de uma<br />

inter-relação entre ambiente, imunologia e genética. A epiderme funciona, pelo menos <strong>em</strong> parte, como<br />

uma barreira protetora para a entrada de patógenos e restringe a perda de água <strong>do</strong> corpo a maior<br />

proteção ocorre no extrato córneo (SC). Normalmente, o SC é forma<strong>do</strong> por corneócitos (queratinócitos)<br />

depleta<strong>do</strong>s de lipídios e por uma matriz extracelular rica <strong>em</strong> lipídios. Isso cria uma barreira que é capaz<br />

de reter água e de prevenir a entrada de patógenos e de alérgenos(12). Os queratinócitos contêm um<br />

envelope corneifica<strong>do</strong>, endureci<strong>do</strong>, no qual a filagrina é uma das proteínas incorporadas(13,14). A<br />

identificação de mutações no gene da filagrina (FLG), proteína presente na barreira epitelial, confere<br />

maior suscetibilidade à dermatite <strong>atópica</strong> e aponta para a importância da alteração na barreira<br />

epidérmica como um evento primário na <strong>do</strong>ença(15). Observou-se que pacientes com DA apresentam<br />

níveis reduzi<strong>do</strong>s de lipídios no SC (ceramidas e esfingosinas). A menor quantidade de ceramida, principal<br />

molécula que retém água no espaço extracelular, é um <strong>do</strong>s fatores responsáveis pelo aspecto xerótico<br />

da pele. Por outro la<strong>do</strong>, a redução de esfingosinas se correlaciona com o grau de colonização bacteriana,<br />

uma vez que estas substâncias têm propriedades antibacterianas(16).


Alterações na imunidade inata na DA<br />

Observou-se que pacientes com DA apresentam alterações na imunidade inata. A função de barreira <strong>do</strong><br />

SC está comprometida <strong>em</strong> consequência <strong>do</strong>s níveis reduzi<strong>do</strong>s de ceramidas e esfingosinas, pela<br />

queratinização anormal e pelo trauma mecânico da coçadura. Isso cria uma porta de entrada para<br />

patógenos e para alérgenos. Os queratinócitos, na DA, apresentam uma resposta aberrante a micróbios<br />

expressam menos toll-like receptors (TLRs), especialmente o TLR2(17). Os TLRs são receptores que<br />

reconhec<strong>em</strong> patógenos. O CD14 é encontra<strong>do</strong> <strong>em</strong> monócitos e <strong>em</strong> queratinócitos e se trata de um<br />

receptor para lipopolissacárides, além de outros componentes da parede bacteriana(18). Crianças com<br />

DA apresentam níveis reduzi<strong>do</strong>s de CD14 solúvel (sCD14) <strong>em</strong> comparação a crianças não <strong>atópica</strong>s(19),<br />

<strong>em</strong>bora não seja encontrada diferença na expressão de CD14 nos queratinócitos deriva<strong>do</strong>s de porções<br />

de pele não lesadas, de indivíduos com DA(20).<br />

Os queratinócitos, na DA, pod<strong>em</strong> ser lesa<strong>do</strong>s tanto pelo trauma <strong>do</strong> ato de coçar como pelo aumento de<br />

sua apoptose (morte celular programada), geran<strong>do</strong> espongiose (ed<strong>em</strong>a intercelular), que é uma<br />

característica histológica típica da lesão ecz<strong>em</strong>atosa(21,22). Os queratinócitos produz<strong>em</strong> grande<br />

quantidade de interleucina-7 (IL-7) (linfopoetina tímica estromal) que induz a migração das células de<br />

Langerhans (CL) para os linfono<strong>do</strong>s. Esta citocina estimula também a produção de IL-5, IL-13 e fator de<br />

necrose tumoral alfa (TNFa) pelos linfócitos Th0 e de quimocinas pelas células dendríticas, o que resulta<br />

na quimiotaxia de células <strong>do</strong> tipo TH2(23), agudizan<strong>do</strong> o processo inflamatório.<br />

Situações de estresse exacerbam a DA devi<strong>do</strong> a alterações na resposta imune inata a patógenos<br />

cutâneos. Isso ocorre porque o estresse induz a liberação de hormônio libera<strong>do</strong>r de corticotrofina pelo<br />

hipotálamo, que diminui os níveis de IL-1b e de IL-18, libera<strong>do</strong>s pelos queratinócitos. Estas duas<br />

citocinas são importantes na resposta imune inata e na indução de um padrão de resposta Th1.<br />

Alterações nas respostas imunes adaptativas na DA (Figuras 2 e 3)(24)<br />

Na DA, a localização da <strong>do</strong>ença alérgica na pele é provavelmente regulada pela expressão de homing<br />

receptor nos linfócitos T de m<strong>em</strong>ória(25). Este receptor, ou molécula de adesão, interage com antígenos<br />

de superfície en<strong>do</strong>telial e dirige os linfócitos T circulantes a locais de inflamação da pele.<br />

As células dendríticas são células apresenta<strong>do</strong>ras de antígeno localizadas nas superfícies, como pele e<br />

mucosas e ocupam papel especial na geração e no controle da inflamação. Na pele são detecta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is<br />

tipos de células dendríticas apresenta<strong>do</strong>ras de antígeno: as células de Langerhans (LCs) e as células<br />

dendríticas epidérmicas inflamatórias (IDECs), sen<strong>do</strong> estas últimas encontradas principalmente <strong>em</strong> peles<br />

lesadas ou inflamadas(26). Em pacientes atópicos, incluin<strong>do</strong> aqueles com DA, as duas células<br />

apresentam aumento na expressão de receptores de alta afinidade para IgE (FceRI) <strong>em</strong> sua superfície.<br />

Isso leva a maior eficiência na apresentação de antígenos às células T e, posteriormente, à polarização<br />

de células Th0 <strong>em</strong> células Th1 e Th2. Um outro tipo de células dendríticas, as células dendríticas<br />

plasmocitoides (CDp) se encontram <strong>em</strong> pequeno número nas lesões cutâneas de pacientes com DA.<br />

Essas CDps são responsáveis pela produção de IFNs e defesa contra infecção viral(27). Seu número<br />

reduzi<strong>do</strong> contribui para a alta suscetibilidade a infecções pelo herpes simples.<br />

As células IDECs ativadas produz<strong>em</strong> elevadas quantidades de citocinas e de quimocinas e pod<strong>em</strong><br />

amplificar a reação inflamatória <strong>em</strong> pacientes com DA. Recent<strong>em</strong>ente foi descrita a participação da IL-31<br />

com a atividade da DA, particularmente no pruri<strong>do</strong> e na inflamação(28).<br />

Figura 2 - Células de Langerhans (LC) pre<strong>do</strong>minam <strong>em</strong> epidermes s<strong>em</strong> dermatite <strong>atópica</strong>(DA) ou s<strong>em</strong><br />

lesões (A), enquanto as células dendríticas inflamatórias (IDECs) são rapidamente recrutadas nas fases<br />

de exacerbação da DA (B).KC = queratinócito MDP = proteína quimioatraente de macrófago MDC =<br />

quimoquina derivada de macrófago LCF = fator quimioatraente de linfócito.


Figura 3 - Deficiências nas funções de barreira cutânea, assim como no sist<strong>em</strong>a imune inato e<br />

adaptativo, contribu<strong>em</strong> para a manifestação da dermatite <strong>atópica</strong> (DA). O Nível I da barreira é<br />

representa<strong>do</strong> pela barreira mecânica (extrato córneo). O Nível II é representa<strong>do</strong> também por estruturas<br />

<strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a imune inato como os receptores de reconhecimento padrão, expressos nas células cutâneas<br />

ou por peptídeos antimicrobianos. O Nível III é representa<strong>do</strong>, além da barreira mecânica, por<br />

componentes de defesa celular <strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a imune adaptativo.<br />

As lesões agudas apresentam número aumenta<strong>do</strong> de células que expressam RNA mensageiro para IL-4,<br />

IL-5 e IL-13 e poucas células expressan<strong>do</strong> INF-g ou IL-12. Esta fase se caracteriza, então, por um<br />

padrão de resposta Th2. A IL-4 inibe a síntese de IFN-g e estimula os linfócitos B a sintetizar<strong>em</strong> IgE(29).<br />

Em contraste, as lesões cutâneas crônicas e liquenificadas apresentam um r<strong>em</strong>odelamento tecidual,<br />

causa<strong>do</strong> pela inflamação crônica e caracteriza<strong>do</strong> pelo aumento no número de LCs e de IDECs na<br />

epiderme, com macrófagos <strong>do</strong>minan<strong>do</strong> o infiltra<strong>do</strong> na derme. Além disso, as células IDECs ativadas com<br />

o receptor FceRI primam as células T (Th0) <strong>em</strong> células T produtoras de INF-g e libera<strong>do</strong>ras de IL-12 e<br />

IL-18, levan<strong>do</strong> a um desvio de uma resposta TH2 inicial para uma resposta Th1.<br />

Produção de citocinas pró-inflamatórias<br />

Clinicamente, pacientes com DA apresentam mais sensibilidade ao pruri<strong>do</strong> e não manifestam lesões, a<br />

não ser que se coc<strong>em</strong>(30). Um conjunto de citocinas pró-inflamatórias pode ser induzi<strong>do</strong> por trauma<br />

mecânico e alterações na barreira cutânea, inician<strong>do</strong> a resposta inflamatória <strong>em</strong> indivíduos atópicos. O<br />

trauma mecânico na pele (ex<strong>em</strong>plo: coçadura) resulta <strong>em</strong> aumento significativo de IL-1, IL-1b, TNF-a e<br />

de fator de crescimento de colônias de granulócito-monócito (GM-CSF)(31). Estas citocinas próinflamatórias,<br />

por sua vez, induz<strong>em</strong> a produção de moléculas de adesão e de quimocinas, que estimulam<br />

a chegada, a proliferação e a sobrevida de leucócitos na pele(32).<br />

Infecções e DA<br />

Decorrente de todas as alterações na resposta imunológica, pacientes com DA apresentam maior<br />

suscetibilidade à colonização cutânea e infecções por bactérias, fungos e vírus.<br />

Staphylococcus aureus colonizam a pele <strong>em</strong> mais de 95% destes pacientes (< 5% <strong>do</strong>s controles<br />

normais), com maior concentração da bactéria <strong>em</strong> áreas de dermatite ativa. Foi d<strong>em</strong>onstrada a presença<br />

de anticorpos IgE específicos para exotoxinas de S. aureus, no soro de pacientes com DA. Estas<br />

exotoxinas pod<strong>em</strong> atuar como superantígenos, modulan<strong>do</strong> as respostas alérgicas na DA. Após o estímulo<br />

<strong>do</strong>s superantígenos, as células T regula<strong>do</strong>ras perd<strong>em</strong> sua atividade imunossupressora, haven<strong>do</strong> aumento<br />

na ativação de células T(33).<br />

A colonização da pele com Pityrosporum ovale é mais comum <strong>em</strong> crianças mais velhas e adultos. As<br />

infecções de pele com o vírus herpes simplex são comuns <strong>em</strong> pacientes com DA, sen<strong>do</strong> muitas vezes de<br />

difícil reconhecimento.<br />

Terapêutica<br />

São pontos fundamentais a ser<strong>em</strong> observa<strong>do</strong>s no tratamento da DA: identificação e afastamento <strong>do</strong>s<br />

fatores agravantes e/ou desencadeantes, hidratação da pele, controle da inflamação, controle <strong>do</strong> pruri<strong>do</strong><br />

e outros tratamentos quan<strong>do</strong> necessário(34).<br />

A maioria <strong>do</strong>s pacientes com DA apresenta o ressecamento cutâneo que contribui para a morbidade da<br />

<strong>do</strong>ença. A xerose da pele estimula o pruri<strong>do</strong> e a consequente escoriação com formação de microfissuras<br />

que facilitam a entrada de patógenos, agentes irritantes e alérgenos. Esse probl<strong>em</strong>a se torna<br />

exacerba<strong>do</strong> nos meses de inverno e se agrava <strong>em</strong> alguns locais de trabalho.


A hidratação da pele é medida básica no tratamento da DA e visa a umectação <strong>do</strong> extrato córneo e a<br />

estabilização da função da barreira epidérmica. Para pacientes com DA se recomendam banhos rápi<strong>do</strong>s e<br />

mornos, o uso de <strong>em</strong>olientes s<strong>em</strong> fragrâncias, preservativos e álcool, além de evitar o uso de sabões<br />

com fragrâncias e corantes. A aplicação <strong>do</strong>s <strong>em</strong>olientes deve ser feita imediatamente após o banho, pois<br />

esta hidratação visa a umectação <strong>do</strong> extrato córneo e a estabilização da função da barreira<br />

epidérmica(34).<br />

Os <strong>em</strong>olientes pod<strong>em</strong> ser classifica<strong>do</strong>s <strong>em</strong> <strong>em</strong>ulsões tradicionais e não tradicionais. Dentre as<br />

tradicionais, destacam-se as preparações água-óleo (unguentos, que contêm vaselina e lanolina)<br />

especialmente nos estágios subagu<strong>do</strong>s por determinar<strong>em</strong> efeito calmante para a pele(35). Os <strong>em</strong>olientes<br />

com <strong>em</strong>ulsificantes não tradicionais são menos irritantes e melhor tolera<strong>do</strong>s. Entre eles destacamos o<br />

DMS (derma-m<strong>em</strong>brane structure), o cold cream (reúne propriedades de um cr<strong>em</strong>e hidrofóbico e<br />

hidrofílico), além de novas substâncias, como ceramidas, NMF (natural moisturing factor), vitamina E e<br />

outros antioxidantes que estão sen<strong>do</strong> incorpora<strong>do</strong>s aos <strong>em</strong>olientes para aumentar sua eficácia. O uso de<br />

lactato de amônio e de ureia, <strong>em</strong> altas concentrações, deve ser evita<strong>do</strong> <strong>em</strong> pacientes com DA, por ser<strong>em</strong><br />

irritantes da pele(35).<br />

O controle da inflamação da pele é passo fundamental no tratamento da DA e pode ser realiza<strong>do</strong> pelos<br />

corticosteroides tópicos e pelos inibi<strong>do</strong>res da calcineurina, também de uso tópico. Os corticosteroides<br />

tópicos, os primeiros agentes anti-inflamatórios amplamente <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s no tratamento da DA, atuam<br />

inibin<strong>do</strong> a atividade das células dendríticas e <strong>do</strong>s linfócitos, além de impedir<strong>em</strong> a síntese de citocinas<br />

pró-inflamatórias. São efetivos no controle das exacerbações agudas. Estas ações reflet<strong>em</strong>-se<br />

clinicamente pelo controle <strong>do</strong> pruri<strong>do</strong> e das lesões ecz<strong>em</strong>atosas. Todavia, efeitos adversos locais são<br />

frequent<strong>em</strong>ente associa<strong>do</strong>s ao tratamento prolonga<strong>do</strong>. Para minimizar esses efeitos colaterais é<br />

importante a observação de alguns princípios: o local da aplicação (região genital, face, axilas, virilhas –<br />

absorção muito elevada), número de vezes da aplicação (<strong>em</strong> geral uma a duas vezes ao dia, longe <strong>do</strong><br />

perío<strong>do</strong> de hidratação) e a duração <strong>do</strong> tratamento. Além disso, é importante o conhecimento da potência<br />

destes produtos (Quadro 2). S<strong>em</strong>pre iniciar o tratamento com os de baixa potência. Nas lesões agudas<br />

ou crônicas, moderadas ou graves, usar os depotência moderada, pois os resulta<strong>do</strong>s serão mais rápi<strong>do</strong>s,<br />

encurtan<strong>do</strong>-se o t<strong>em</strong>po de uso(36). Ocasionalmente, os corticosteroides fluora<strong>do</strong>s potentes são<br />

necessários por perío<strong>do</strong> curto, para reduzir agudizações, porém não dev<strong>em</strong> ser utiliza<strong>do</strong>s na face, nos<br />

genitais e <strong>em</strong> áreas intertriginosas. Atrofia cutânea, estrias, alterações de pigmentação, fragilidade<br />

vascular e erupção acneiforme são efeitos colaterais associa<strong>do</strong>s ao uso inadequa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s corticosteroides<br />

tópicos. Efeitos sistêmicos, como a supressão <strong>do</strong> eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, são raramente<br />

descritos, mas pod<strong>em</strong> estar presentes quan<strong>do</strong> se utilizam corticosteroides tópicos <strong>em</strong> áreas extensas,<br />

por perío<strong>do</strong>s prolonga<strong>do</strong>s(37).<br />

A utilização de corticosteroides sistêmicos é controversa porque a interrupção dessas drogas<br />

normalmente está associada a uma piora clínica da DA. Pacientes que necessit<strong>em</strong> de administração oral<br />

de corticosteroides sistêmicos dev<strong>em</strong> consultar um especialista.<br />

Os inibi<strong>do</strong>res da calcineurina, também conheci<strong>do</strong>s como imunomodula<strong>do</strong>res tópicos, são uma nova<br />

classe de medicamentos utiliza<strong>do</strong>s no controle da inflamação na DA. A calcineurina é uma proteína<br />

citoplasmática presente <strong>em</strong> diversas células, incluin<strong>do</strong> linfócitos e células dendríticas, e sua inibição<br />

determina <strong>em</strong> última instância o controle da inflamação. Dois são os inibi<strong>do</strong>res de calcineurina<br />

disponíveis para uso tópico: o pimecrolimo e o tacrolimo. No Brasil, o pimecrolimo pode ser indica<strong>do</strong> a<br />

partir <strong>do</strong>s três meses de idade (apresentação <strong>em</strong> concentração de 1%)(38) e o tacrolimo, indica<strong>do</strong> a<br />

partir <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is anos de idade (apresentações a 0,03% [uso pediátrico] e a 0,1% [maiores de 15<br />

anos])(39).<br />

Ambos dev<strong>em</strong> ser aplica<strong>do</strong>s duas vezes ao dia, s<strong>em</strong>pre evitan<strong>do</strong> a exposição solar e seu uso deve ser<br />

inicia<strong>do</strong> ao primeiro sinal das lesões cutâneas e manti<strong>do</strong> até, no máximo, uma s<strong>em</strong>ana após o<br />

desaparecimento das mesmas. Por não apresentar<strong>em</strong> os mesmos efeitos colaterais <strong>do</strong>s corticosteroides<br />

tópicos, pod<strong>em</strong> ser utiliza<strong>do</strong>s com eficiência na face e <strong>em</strong> outros locais, como genitais e áreas de<br />

mucosas. Ar<strong>do</strong>r e pruri<strong>do</strong> cutâneos são os principais efeitos colaterais locais referi<strong>do</strong>s e se reduz<strong>em</strong> após<br />

os primeiros dias de aplicação. Não se observou aumento significativo de processos infecciosos locais,


virais ou bacterianos, associa<strong>do</strong> ao uso destes fármacos. Imunossupressão e comprometimento de<br />

resposta vacinal também não foram <strong>do</strong>cumenta<strong>do</strong>s(40,41).<br />

*p = pomada, c = cr<strong>em</strong>e. * Sais diferentes pod<strong>em</strong> conferir diferentes potências a corticosteroides<br />

iguais.<br />

O controle <strong>do</strong> pruri<strong>do</strong>, um <strong>do</strong>s sintomas clínicos cardinais na DA, é muito preconiza<strong>do</strong>, <strong>em</strong>bora não<br />

esteja b<strong>em</strong> estabeleci<strong>do</strong> e haja dificuldade <strong>em</strong> se avaliar clinicamente os resulta<strong>do</strong>s relaciona<strong>do</strong>s às<br />

terapêuticas antipruriginosas, especialmente os anti-histamínicos. Embora muito prescritos, os<br />

benefícios clínicos <strong>do</strong>s anti-histamínicos não têm si<strong>do</strong> adequadamente comprova<strong>do</strong>s. Os antihistamínicos<br />

de primeira geração, por causar<strong>em</strong> sedação, pod<strong>em</strong> apresentar vantagens no controle da<br />

DA, ao facilitar o sono <strong>do</strong> paciente e minimizar os episódios de coçadura à noite. Entretanto, seu uso<br />

pode ser limita<strong>do</strong> pela presença de sonolência durante o dia, dificultan<strong>do</strong> o aprendiza<strong>do</strong> escolar ou<br />

prejudican<strong>do</strong> a qualidade <strong>do</strong> trabalho, <strong>em</strong> adultos(42).<br />

A identificação e o afastamento <strong>do</strong>s fatores desencadeantes detecta<strong>do</strong>s é fundamental no manejo <strong>do</strong>s<br />

pacientes com DA e engloba uma série de ações:<br />

a) Controle <strong>do</strong>s irritantes - evitar vestimentas inadequadas (aumentam a su<strong>do</strong>rese), o uso de<br />

amaciantes ou tinturas, sabonetes (usar com moderação: neutros e líqui<strong>do</strong>s são preferíveis), evitar uso<br />

de buchas e outros produtos que agridam a pele<br />

b) Controle <strong>do</strong>s agentes infecciosos - o estafilococo é importante na perpetuação <strong>do</strong> processo<br />

inflamatório e o controle da infecção auxilia no manejo das agudizações. Para reduzir a colonização<br />

bacteriana, o tratamento tópico com mupirocina ou áci<strong>do</strong> fusídico pode ser <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>. Há dúvidas<br />

quanto à eficácia na melhora da lesão. A antibioticoterapia sistêmica estará indicada para aqueles casos<br />

<strong>em</strong> que haja evidência de infecção e/ou ausência de resposta ao tratamento de controle da inflamação.<br />

Todavia, o seu uso prolonga<strong>do</strong> ou profilático não é recomenda<strong>do</strong>. Fungos <strong>do</strong> gênero Malassezia pod<strong>em</strong><br />

ocasionar piora <strong>do</strong> processo inflamatório da DA, sobretu<strong>do</strong> se houver comprometimento <strong>do</strong> couro<br />

cabelu<strong>do</strong>. O <strong>em</strong>prego de antifúngicos tópicos (xampus e cr<strong>em</strong>es) pode auxiliar no controle <strong>do</strong><br />

quadro(43)<br />

c) Controle <strong>do</strong>s aeroalérgenos - medidas de controle <strong>do</strong> ambiente, no aposento <strong>do</strong> paciente, dev<strong>em</strong> ser<br />

instituídas, sobretu<strong>do</strong> naqueles com sensibilização aos ácaros da poeira. A utilização de capas<br />

impermeáveis para travesseiro e colchão reduz o número de ácaros e seus alérgenos, mas não há<br />

estu<strong>do</strong>s que avali<strong>em</strong> o impacto nas lesões a longo prazo. A imunoterapia alérgeno-específica, nos<br />

pacientes sensibiliza<strong>do</strong>s aos ácaros, ainda é controversa(44).<br />

Outras formas de tratamento pod<strong>em</strong> ser a<strong>do</strong>tadas, sobretu<strong>do</strong> <strong>em</strong> pacientes com quadros graves de DA,<br />

ou que tenham efeitos adversos significativos da terapêutica habitualmente instituída. Entre elas se<br />

destaca: a imunossupressão sistêmica com ciclosporina, que também é um inibi<strong>do</strong>r de calcineurina,<br />

utilizada na <strong>do</strong>se de 3 e 5 mg/kg/dia por até 12 s<strong>em</strong>anas com azatioprina (2,5 mg/kg/dia) ou com<br />

corticosteroides sistêmicos, recurso terapêutico de exceção indica<strong>do</strong> para pacientes com DA refratária.<br />

As formulações tópicas de ciclosporina não têm mostra<strong>do</strong> bons resulta<strong>do</strong>s. Ainda usa<strong>do</strong>s de mo<strong>do</strong><br />

experimental, t<strong>em</strong>os o micofenolato mofetil e o interferon-gama(45).<br />

A fototerapia <strong>em</strong> pacientes com DA t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> <strong>em</strong>pregada <strong>em</strong> casos especiais, ou seja, quadros com baixa<br />

resposta à terapêutica habitual. Ainda é terapêutica de segunda ou terceira linha, de caráter adjuvante,<br />

especialmente <strong>em</strong> pacientes pediátricos. Os principais efeitos colaterais são ar<strong>do</strong>r e queimação e a<br />

preocupação com possíveis efeitos na carcinogênese futura limitam seu uso(45).<br />

Em casos de DA grave e refratária <strong>em</strong> que ocorram falhas <strong>do</strong>s esqu<strong>em</strong>as terapêuticos administra<strong>do</strong>s, a<br />

hospitalização pode acompanhar-se por melhora clínica. Os cuida<strong>do</strong>s gerais básicos da pele, orientação<br />

psicológica e retirada <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente da sua dinâmica familiar conturbada pod<strong>em</strong> ser suficientes para<br />

controlar as crises.


Conclusões<br />

A dermatite <strong>atópica</strong> é um <strong>do</strong>s mais importantes tópicos na pesquisa dermatológica, com muitas<br />

características fisiopatológicas a ser<strong>em</strong> esclarecidas. As alterações na barreira cutânea e no sist<strong>em</strong>a<br />

imune inato da pele parec<strong>em</strong> ser os pontos críticos para a sensibilização alergênica na infância.<br />

Alterações na resposta imune adaptativa são também um importante pré-requisito para a sensibilização<br />

e o desenvolvimento da <strong>do</strong>ença. Portanto, pesquisas futuras dev<strong>em</strong> considerar a relação entre os<br />

componentes epidérmicos e o sist<strong>em</strong>a imune de mo<strong>do</strong> geral. O melhor conhecimento das bases<br />

moleculares da dermatite <strong>atópica</strong> certamente levará ao desenvolvimento de novas estratégias<br />

terapêuticas com mais benefícios aos pacientes.<br />

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