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O CÓDIGO DAS ÁGUAS

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Há passagens que são verdadeiras profissões de fé<br />

ou declarações de princípios poéticos, que, na sua<br />

visão da escrita, como se despojar e deixar de ser,<br />

aproximam-se do que Elliot diz nos Quatro Quartetos:<br />

'Para possuíres o que não possuís / Deves seguir pelo<br />

caminho da despossessão./ Para chegares ao que não<br />

és / Deves seguir pelo caminho onde não estás. / E o<br />

que não sabes é a única coisa que sabes / E o que<br />

possuis é o que não possuis / E onde estás é onde não<br />

estás'.<br />

A trajetória de Bell é um caminho na direção de um<br />

território insondável, ' a face inversa da luz / onde<br />

me extravio / e não cessarei jamais. / Pois menor que<br />

meu sonho / não posso ser'. Isto implica viver o<br />

'Desterro. Desterra./ ali se resume a vida. / e nada é<br />

em vão./ Ainda que pareça o contrário'. Percebe-se,<br />

lendo O Código das Águas, como Lindolf Bell sabe que<br />

o caminho da poesia é um caminho da perda,<br />

percorrendo o avesso e a negação da realidade<br />

instituída e aceita. Sua poesia trilha o caminho da<br />

perda e da despossessão.

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