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o cuidado de enfermagem como prática social ... - ABEn Eventos

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TRANSFORMADORA 1 Backes, Dirce Stein 2<br />

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Trabalho 85 - 1/4<br />

O CUIDADO DE ENFERMAGEM COMO PRÁTICA SOCIAL<br />

Erdmann, Alacoque Lorenzini 3<br />

PRÊMIO: Wanda <strong>de</strong> Aguiar Horta – Prática <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong><br />

Introdução: As discussões e investigações em torno do <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong><br />

<strong>como</strong> <strong>prática</strong> <strong>social</strong> são amplas e crescentes, porém, constituem-se ainda num<br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio para a área do conhecimento. Lidar harmonicamente e<br />

acompanhar o <strong>de</strong>senvolvimento técnico/científico para o pleno exercício da<br />

cidadania, sintonizada com as contradições sociais emergentes, necessita, ir além<br />

dos limites institucionalizados e mo<strong>de</strong>los tradicionais do saber-fazer <strong>enfermagem</strong>.<br />

Estudos, recentemente <strong>de</strong>senvolvidos, provocaram-nos no sentido <strong>de</strong> buscar<br />

compreen<strong>de</strong>r melhor o <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>como</strong> <strong>prática</strong> <strong>social</strong>, ao refletirem<br />

que tanto na teoria, quanto na <strong>prática</strong> e representação nas políticas sociais e <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>, a inserção <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte dos profissionais é ainda bastante tímida (1-2) .<br />

Embora a <strong>enfermagem</strong> possua o maior contingente <strong>de</strong> trabalhadores da área da<br />

saú<strong>de</strong>, a mesma ocupa uma posição secundária no que se refere à execução <strong>de</strong><br />

ações concretas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, que revertam na participação e elaboração <strong>de</strong> políticas<br />

públicas, voltadas para a transformação <strong>social</strong>. A percepção <strong>de</strong> que o enfermeiro,<br />

por meio do <strong>cuidado</strong> <strong>como</strong> <strong>prática</strong> <strong>social</strong> é capaz <strong>de</strong> contribuir para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento sustentável, que têm a ver com a ampliação das oportunida<strong>de</strong>s<br />

reais dos seres humanos, o trabalho tem por Objetivo compreen<strong>de</strong>r o significado<br />

do <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>como</strong> <strong>prática</strong> <strong>social</strong> à luz das interações e<br />

associações do pensamento sistêmico-complexo. Método: Estudo qualitativo,<br />

1 Artigo elaborado a partir da tese <strong>de</strong> doutorado em <strong>enfermagem</strong>, <strong>de</strong>fendida no Programa <strong>de</strong> Pós-<br />

Graduação em <strong>enfermagem</strong> da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina (UFSC), com o auxílio do<br />

CNPq.<br />

2<br />

Enfermeira. Doutora em Filosofia da Enfermagem. Professora do Departamento <strong>de</strong> Enfermagem<br />

da UNIFRA. Membro do GEPADES e Lí<strong>de</strong>r do Grupo <strong>de</strong> Estudos e Pesquisa em<br />

Empreen<strong>de</strong>dorismo Social da <strong>enfermagem</strong> e Saú<strong>de</strong> (GEPESES). E-mail:<br />

backesdirce@ig.com.br;<br />

3<br />

Enfermeira. Doutora em Filosofia da Enfermagem. Professora Titular do Departamento e<br />

Pós-Graduação da UFSC. Coor<strong>de</strong>nadora do GEPADES. Orientadora e pesquisadora<br />

responsável do projeto. E-mail:alacoque@newsite.com.br.


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Trabalho 85 - 2/4<br />

tendo a Teoria Fundamentada nos Dados (TFD) <strong>como</strong> referencial metodológico (3) .<br />

A coleta <strong>de</strong> dados, foi realizada por meio <strong>de</strong> entrevistas com profissionais da<br />

saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong> diferentes instituições e distribuídos em diferentes grupos amostrais.<br />

Dentre os entrevistados, encontram-se: Enfermeiros, Médicos, Odontólogos,<br />

Nutricionistas, Farmacêuticos, Psicólogos, Pedagogos, Gestores Administrativos e<br />

Usuários da Saú<strong>de</strong>. Para a amostragem teórica, procurou-se coletar dados que<br />

pu<strong>de</strong>ssem subsidiar a construção teórica, <strong>de</strong> forma que, ao coletar, codificar e<br />

analisá-los, processo este que ocorreu simultaneamente, se alcançasse a<br />

saturação teórica. A mesma foi atingida com 35 entrevistas, realizadas entre maio<br />

e <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2007. Todos os integrantes da pesquisa foram esclarecidos sobre<br />

os objetivos e a metodologia proposta, bem <strong>como</strong> assegurado o seu direito <strong>de</strong><br />

acesso aos dados. O projeto foi aprovado por unanimida<strong>de</strong> pelo Comitê <strong>de</strong> Ética<br />

em Pesquisa da UFSC. Resultados: A codificação e a análise simultânea dos<br />

dados possibilitaram a i<strong>de</strong>ntificação da categoria central: “Evi<strong>de</strong>nciando o <strong>cuidado</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>como</strong> <strong>prática</strong> <strong>social</strong>”. A categoria é composta pelas seguintes<br />

subcategorias: Significando o <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>como</strong> <strong>prática</strong> <strong>social</strong>,<br />

Reconhecendo potencialida<strong>de</strong>s humano-interativas do enfermeiro e<br />

Reconhecendo competências técnico-políticas do enfermeiro. O papel <strong>social</strong> do<br />

enfermeiro fica visível nas diferentes <strong>prática</strong>s e se expressa <strong>de</strong> diferentes formas.<br />

Para os profissionais da saú<strong>de</strong>, a <strong>enfermagem</strong> é a profissão que tem uma<br />

atuação mais direta e participativa no âmbito das <strong>prática</strong>s sociais. Para os<br />

enfermeiros, o significado do <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>como</strong> <strong>prática</strong> <strong>social</strong>, está<br />

relacionado à compreensão do contexto <strong>social</strong> do usuário da saú<strong>de</strong>, da família e<br />

comunida<strong>de</strong>. Com a inserção mais ativa e efetiva no Programa Estratégia Saú<strong>de</strong><br />

da Família (PSF) e nos Programas <strong>de</strong> Internação Domiciliar (PID), os enfermeiros<br />

percebem que a sua <strong>prática</strong> transforma e é transformada. Mesmo que para<br />

alguns enfermeiros a adaptação em uma nova realida<strong>de</strong>, para a qual não foram<br />

preparados, tenha sido <strong>de</strong>safiadora, o contato direto com a realida<strong>de</strong> <strong>social</strong> dos<br />

usuários representa satisfação e motivação, além <strong>de</strong> promover uma sensação <strong>de</strong><br />

bem-estar profissional e <strong>social</strong>. A sensação <strong>de</strong> completu<strong>de</strong> profissional, provocada<br />

pelo contato direto com o indivíduo em seu contexto familiar e comunitário, é bem<br />

maior que no hospital, on<strong>de</strong> a aparente segurança tecnológica e o conforto da<br />

estrutura limitam a autonomia profissional. Quando eu entrei no PID, eu tinha<br />

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Trabalho 85 - 3/4<br />

muito medo porque eu não sabia <strong>como</strong> seria. Porque <strong>de</strong>ntro da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Tratamento Intensivo (UTI), on<strong>de</strong> trabalhei por 15 anos, a gente ficava muito<br />

protegida, se tinha tudo... Na família eu não sabia <strong>como</strong> seria. Lá eu preciso<br />

colocar todo o meu potencial para conseguir assistir e interagir... mas a minha<br />

satisfação agora é maior. Na UTI tem muito aquela limitação. Nem tudo é<br />

resolvido e isto causava certa frustração. Na UTI eu não conseguia ir a fundo. Na<br />

visita às famílias, a gente vai a fundo... eles me ligam à noite e não por um<br />

sintoma físico. Na visita a gente tem um impacto direto... Hoje sou enfermeira.<br />

Hoje me sinto muito mais enfermeira. Sou uma profissional completa. A gente cria<br />

um vínculo maior. Eu mergulho. Eu gosto muito do que faço. Eu me sinto bem<br />

(P13). O espaço <strong>social</strong>, no enten<strong>de</strong>r dos enfermeiros, amplia as interações,<br />

fortalece os vínculos <strong>de</strong> confiança entre profissionais e usuários e possibilita a<br />

satisfação tanto do profissional quanto do usuário. Tenho um retorno que é<br />

positivo. E parece que este alimenta e motiva a volta à comunida<strong>de</strong>. Quando me<br />

aposentei, senti que precisava preencher algo... voltei para a comunida<strong>de</strong>... sabia<br />

que ali po<strong>de</strong>ria ser enfermeira (P12). O espaço <strong>social</strong>, mais especificamente o<br />

espaço familiar e comunitário, possibilita um aprendizado contínuo e uma intensa<br />

troca <strong>de</strong> experiências. Além disso, é um espaço que fortalece a autonomia do<br />

profissional e do usuário da saú<strong>de</strong> e, ainda, estimula o protagonismo <strong>social</strong>. O<br />

significado da <strong>prática</strong> <strong>social</strong> está associado ao envolvimento, à responsabilida<strong>de</strong><br />

e resolutivida<strong>de</strong> das ações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> articuladas com a transformação <strong>social</strong>.<br />

Como conseqüência <strong>de</strong>sse processo, os enfermeiros percebem, para além da<br />

satisfação do usuário da saú<strong>de</strong>, a conquista <strong>de</strong> maior credibilida<strong>de</strong> e<br />

reconhecimento <strong>social</strong>. Conclusão: O <strong>cuidado</strong> <strong>de</strong> <strong>enfermagem</strong> <strong>como</strong> <strong>prática</strong><br />

<strong>social</strong> se <strong>de</strong>staca e diferencia pelas <strong>prática</strong>s interativas e integradoras <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong>,<br />

às quais vêm adquirindo importante repercussão, tanto na educação <strong>como</strong> na<br />

promoção e proteção da saú<strong>de</strong> dos indivíduos. Sem gran<strong>de</strong>s premeditações, é<br />

possível argumentar que a <strong>enfermagem</strong> é uma profissão eminentemente <strong>social</strong> e<br />

se configura, crescentemente, <strong>como</strong> a profissão do futuro, pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

compreen<strong>de</strong>r o indivíduo não <strong>como</strong> um ser doente, mas <strong>como</strong> sujeito e autor da<br />

sua história. Basta, no entanto, que a <strong>enfermagem</strong> invista em atitu<strong>de</strong>s pró-ativas,<br />

capazes <strong>de</strong> promover o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>social</strong> pela ampliação das oportunida<strong>de</strong>s<br />

reais dos seres humanos em seu contexto real e concreto.<br />

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Trabalho 85 - 4/4<br />

Referências<br />

1. Costa GMC, Bernadino E, Abuhab D. Uma abordagem da atuação histórica da<br />

<strong>enfermagem</strong> em face das políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. REME – Rev Min Enfermagem<br />

2006; 10(4):412-7.<br />

2. Backes DS, Sousa MGM, Mello ALF, Nascimento KC, Lessmann JC, Erdmann<br />

AL . Concepções <strong>de</strong> <strong>cuidado</strong>: uma análise das teses apresentadas para um<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Enfermagem. Texto Contexto Enferm 2006;<br />

15(Esp):71-8.<br />

3. Strauss A, Corbin J Pesquisa qualitativa: técnicas e procedimentos para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> teoria fundamentada. 2º ed. Porto Alegre(RS): Artmed; 2008.<br />

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