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O Impacto do Encerramento do Aterro Metropolitano de - Unigranrio

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Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Gran<strong>de</strong> Rio “Prof. José <strong>de</strong> Souza Herdy”<br />

UNIGRANRIO<br />

Ricar<strong>do</strong> Laino Ribeiro<br />

O <strong>Impacto</strong> <strong>do</strong> <strong>Encerramento</strong> <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho<br />

(AMJG) sob a Ótica <strong>do</strong>s Comerciantes <strong>do</strong> Setor Informal <strong>de</strong> Alimentos<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

2011


Ricar<strong>do</strong> Laino Ribeiro<br />

O <strong>Impacto</strong> <strong>do</strong> <strong>Encerramento</strong> <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho<br />

(AMJG) sob a Ótica <strong>do</strong>s Comerciantes <strong>do</strong> Setor Informal <strong>de</strong> Alimentos<br />

Dissertação apresentada à Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

Gran<strong>de</strong> Rio “Prof. José <strong>de</strong> Souza Herdy”,<br />

como parte <strong>do</strong>s requisitos parciais para<br />

obtenção <strong>do</strong> grau <strong>de</strong> Mestre em<br />

Administração.<br />

Área <strong>de</strong> concentração: Gestão Organizacional<br />

Orienta<strong>do</strong>ra: Drª Maria Scarlet <strong>do</strong> Carmo<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

2011


CATALOGAÇÃO NA FONTE/BIBLIOTECA – UNIGRANRIO<br />

R484i Ribeiro, Ricar<strong>do</strong> Laino.<br />

O impacto <strong>do</strong> encerramento <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho<br />

(AMJG) sob a ótica <strong>do</strong>s comerciantes <strong>do</strong> setor informal <strong>de</strong> alimentos / Ricar<strong>do</strong><br />

Laino Ribeiro. - 2011.<br />

76 f. ; 30 cm.<br />

Dissertação (mestra<strong>do</strong> em Administração) – Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Gran<strong>de</strong> Rio<br />

“Prof. José <strong>de</strong> Souza Herdy”, Escola <strong>de</strong> Ciências Sociais Aplicadas, 2011.<br />

“Orienta<strong>do</strong>ra: Profª. Maria Scarlet <strong>do</strong> Carmo.”<br />

Bibliografia: p. 70<br />

1. Administração. 2. <strong>Aterro</strong> sanitário - Desativação. 3. <strong>Aterro</strong> sanitário –<br />

Desenvolvimento local. 4. <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho – Estu<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> casos. 5. Pesquisa qualitativa. I. Carmo, Maria Scarlet. II. Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

Gran<strong>de</strong> Rio “Prof. José <strong>de</strong> Souza Herdy”. III. Título.<br />

CDD –658


Ricar<strong>do</strong> Laino Ribeiro<br />

O <strong>Impacto</strong> <strong>do</strong> <strong>Encerramento</strong> <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho<br />

(AMJG) sob a Ótica <strong>do</strong>s Comerciantes <strong>do</strong> Setor Informal <strong>de</strong> Alimentos<br />

Dissertação apresentada à Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

Gran<strong>de</strong> Rio “Prof. José <strong>de</strong> Souza Herdy”,<br />

como parte <strong>do</strong>s requisitos parciais para<br />

obtenção <strong>do</strong> grau <strong>de</strong> Mestre em<br />

Administração.<br />

Área <strong>de</strong> concentração: Gestão Organizacional<br />

Aprova<strong>do</strong> em __________ <strong>de</strong> ____________________ <strong>de</strong> __________.<br />

Banca Examina<strong>do</strong>ra<br />

_______________________________________________________<br />

Drª Maria Scarlet <strong>do</strong> Carmo<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Gran<strong>de</strong> Rio<br />

_______________________________________________________<br />

Dr. Christopher Thomas Gaffney<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense<br />

_______________________________________________________<br />

Dr. Hélio Arthur Reis Irigaray<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Gran<strong>de</strong> Rio


Aos meus pais,<br />

esposa e filha.


AGRADECIMENTOS<br />

A Professora Drª Maria Scarlet <strong>do</strong> Carmo que foi minha orienta<strong>do</strong>ra, me<br />

direcionan<strong>do</strong>, apoian<strong>do</strong> e confian<strong>do</strong> na elaboração <strong>de</strong>ssa dissertação;<br />

Ao Professores Dr. Christopher Thomas Gaffney e a Professora Lidia Micaela<br />

Segre por ter aceita<strong>do</strong> a participação na banca <strong>de</strong> qualificação, contribuin<strong>do</strong><br />

significativamente para o aperfeiçoamento <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> e, ao Professor Dr. Hélio<br />

Arthur Reis Irigaray pela participação na banca examina<strong>do</strong>ra<br />

A to<strong>do</strong>s os Professores <strong>do</strong> Programa <strong>do</strong> Mestra<strong>do</strong> pelo empenho, <strong>de</strong>dicação e<br />

comprometimento com o trabalho realiza<strong>do</strong> em sala <strong>de</strong> aula.<br />

A to<strong>do</strong>s os meus amigos <strong>de</strong> trabalho, em especial as Professoras Andrea<br />

Bittencourt <strong>de</strong> Santana Teixeira, Flávia Con<strong>de</strong> Lavinas, Mirna Albuquerque Ribeiro<br />

Alves, Simone Cortês Coelho e Tatiana Silveira Feijó Car<strong>do</strong>zo pela ajuda durante<br />

to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> das aulas;<br />

Aos comerciantes <strong>do</strong> bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho, pela paciência e confiança<br />

nas informações cedidas. Sem eles, essa pesquisa não teria si<strong>do</strong> executada;<br />

A minha esposa Flávia <strong>de</strong> Moraes Goulart e a minha filha Bruna Goulart<br />

Ribeiro pela compreensão e respeito nos momentos <strong>de</strong> ausência para a construção<br />

<strong>de</strong>ssa dissertação.


RESUMO<br />

O <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho (AMJG) localiza<strong>do</strong> no Município <strong>de</strong><br />

Duque <strong>de</strong> Caxias, funcionan<strong>do</strong> a mais <strong>de</strong> três décadas, está próximo <strong>de</strong> ser<br />

<strong>de</strong>sativa<strong>do</strong>. O bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho tem sua história socioeconômica pautada<br />

em torno <strong>do</strong> aterro. Se por um la<strong>do</strong>, seu fechamento é necessário, por outro, é uma<br />

ameaça para os trabalha<strong>do</strong>res que vivem direta e indiretamente da exploração<br />

econômica <strong>do</strong> lixo, <strong>de</strong>ntre eles os comerciantes informal <strong>do</strong> setor <strong>de</strong> alimentos. O<br />

objetivo principal <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> é investigar o que pensam os comerciantes informais <strong>do</strong><br />

setor da alimentação da região sobre o fechamento <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong><br />

Jardim Gramacho e quais as estratégias elaboradas por esses no que tange a essa<br />

questão. Trata-se, <strong>de</strong> uma pesquisa qualitativa, utilizan<strong>do</strong> como abordagem<br />

investigativa o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso, sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> para a coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s a observação<br />

simples e a entrevista semi-estruturada, sen<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s trata<strong>do</strong>s a partir da análise<br />

<strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>. As revelações <strong>do</strong> campo mostraram que os comerciantes têm como<br />

principal cliente os cata<strong>do</strong>res da região, ven<strong>de</strong>n<strong>do</strong> principalmente em seus<br />

estabelecimentos gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bebidas alcoólicas. Também foi<br />

evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong>, que não estão traçan<strong>do</strong> planos ou estratégias para driblar a situação<br />

que está por se instalar. É claro o <strong>de</strong>sconhecimento por parte <strong>de</strong>sses atores <strong>de</strong><br />

políticas públicas integradas que contemple os comerciantes da região, existin<strong>do</strong><br />

uma <strong>de</strong>scrença no po<strong>de</strong>r público. Concluem que o tráfico <strong>de</strong> drogas apóia a<br />

permanência <strong>do</strong> aterro na região, não <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> que o aterro cesse suas ativida<strong>de</strong>s.<br />

Jardim Gramacho está longe <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> uma região em que o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento local está instala<strong>do</strong>. Ali permeia a falta <strong>de</strong> saneamento básico, a<br />

invasão nas áreas <strong>do</strong> manguezal, a pobreza, ou seja, não existe a associação <strong>do</strong>s<br />

três fatores característicos <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local: o crescimento econômico, a<br />

melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e a conservação <strong>do</strong> meio ambiente.<br />

Palavras-chave: aterro sanitário, <strong>de</strong>senvolvimento local, Jardim Gramacho e lixão.


ABSTRACT<br />

The Metropolitan Landfill Jardim Gramacho (AMJG) located in the municipality of<br />

Duque <strong>de</strong> Caxias, running on for more than three <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>s, is close to being shut<br />

<strong>do</strong>wn. The neighborhood of Jardim Gramacho has its socioeconomic history based<br />

on the landfill surrounding it. On one hand its closure is necessary, but on the other<br />

hand it is a threat to the workers living directly and indirectly by the economic<br />

exploitation of garbage. Among workers, there are the merchants of the informal food<br />

sector. This research pertains to this group of individuals. The main purpose of this<br />

study is to investigate what the merchants of the informal food sector are thinking<br />

about the closure of the Metropolitan Landfill Jardim Gramacho and which are the<br />

strategies <strong>de</strong>veloped by them related to this issue. This is a qualitative research in<br />

which the case study was used as an investigative approach. For the empirical<br />

assessment simple observation and semi-structures interviews were used. The data<br />

was processed from the content of the analysis. The revelations from the field<br />

showed that the merchants have the scavengers of the region as their main clients,<br />

selling mainly large amounts of alcoholic beverages in their establishments. It was<br />

also evi<strong>de</strong>nt, that they are not making plans or strategies to circumvent the situation.<br />

It is obvious that the individuals from the integrated public policies covering<br />

merchants in the region have been ignoring this situation, creating a disbelief in the<br />

government. They conclu<strong>de</strong> that the drug tra<strong>de</strong> supports the permanence of the<br />

landfill in the area, not allowing to the landfill cease their activities. Jardim Gramacho<br />

is far from being regar<strong>de</strong>d as an area in which the <strong>de</strong>velopment site is installed.<br />

There permeates a lack of sanitation, encroachment of mangrove areas, poverty, in<br />

other words, there is not the association of the three factors characteristic of local<br />

<strong>de</strong>velopment: economic growth, improved quality of life and environmental<br />

conservation.<br />

Keywords: landfill, local <strong>de</strong>velopment, Jardim Gramacho and dump.


LISTA DE QUADROS<br />

Quadro 1. Da<strong>do</strong>s Referentes à Disposição e Tratamento <strong>do</strong> Lixo no Brasil<br />

Quadro 2.<br />

Quadro 3<br />

Quadro 4.<br />

no ano <strong>de</strong> 1991 ...............................................................................<br />

Localização e qualificação <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os aterros sanitários e<br />

controla<strong>do</strong>s existentes no Brasil até o ano <strong>de</strong> 2008 associa<strong>do</strong>s<br />

com a <strong>de</strong>manda <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> ................................................<br />

Relação <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s ao tempo <strong>de</strong> permanência<br />

nos estabelecimentos comerciais analisa<strong>do</strong>s .................................<br />

Evidências Empíricas Associadas ao Desenvolvimento Local em<br />

Torno <strong>do</strong> AMJG ...............................................................................<br />

30<br />

31<br />

42<br />

51


LISTA DE FIGURAS<br />

Figura 1. Lixão ................................................................................................... 27<br />

Figura 2.<br />

Figura 3.<br />

<strong>Aterro</strong> Controla<strong>do</strong> ................................................................................<br />

<strong>Aterro</strong> Sanitário ...................................................................................<br />

28<br />

29


LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 1. Distribuição percentual das ativida<strong>de</strong>s econômicas realizadas no<br />

Tabela 2.<br />

Tabela 3.<br />

Tabela 4.<br />

Bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho no ano <strong>de</strong> 2005 .....................................<br />

Evolução <strong>do</strong> quantitativo <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à catação<br />

no <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho ...................................<br />

Distribuição das ativida<strong>de</strong>s econômicas realizadas no Bairro <strong>de</strong><br />

Jardim Gramacho no ano <strong>de</strong> 2010 .....................................................<br />

Renda média diária associada aos produtos mais vendi<strong>do</strong>s nos<br />

estabelecimentos comerciais em torno <strong>do</strong> AMJG ..............................<br />

14<br />

20<br />

48<br />

57


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS<br />

ABES – Associação Brasileira <strong>de</strong> Engenharia Sanitária e Ambiental<br />

ABNT – Associação Brasileira <strong>de</strong> Normas Técnicas<br />

ACAMJG – Associação <strong>do</strong>s Cata<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Jardim Gramacho<br />

AMJG – <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho<br />

COHAB – Conjunto Habitacional<br />

COEP – Comitê <strong>de</strong> Entida<strong>de</strong>s no Combate à Fome e pela Vida<br />

COMLURB – Companhia Municipal <strong>de</strong> Limpeza Urbana <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

FEEMA – Fe<strong>de</strong>ração Estadual <strong>de</strong> Engenharia <strong>do</strong> Meio Ambiente<br />

FUNDREM – Fundação para o Desenvolvimento da Região Metropolitana<br />

IBASE – Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Análises Sociais e Econômicas<br />

IBGE – Instituto <strong>de</strong> Geografia e Estatística<br />

ICMS – Imposto sobre Circulação <strong>de</strong> Merca<strong>do</strong>rias e Serviços<br />

IDH – Índice <strong>de</strong> Desenvolvimento Humano<br />

INCRA – Instituto <strong>de</strong> Colonozição e Reforma Agrária<br />

INEA – Instituto Estadual <strong>do</strong> Ambiente<br />

ONU – Organização das Nações Unidas<br />

PIB – Produto Interno Bruto<br />

PNB – Produto Nacional Bruto<br />

PNSB – Pesquisa Nacional <strong>de</strong> Saneamento Básico<br />

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento<br />

TAC – Termo <strong>de</strong> Ajustamento <strong>de</strong> Conduta<br />

TCLE – Termo <strong>de</strong> Consentimento Livre e Esclareci<strong>do</strong>


SUMÁRIO<br />

1 O PROBLEMA ........................................................................................ 13<br />

1.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 13<br />

1.2 OBJETIVOS ............................................................................................ 15<br />

1.2.1 Objetivo Geral ........................................................................................ 15<br />

1.2.2 Objetivos Específicos ........................................................................... 16<br />

1.3 SUPOSIÇÕES ........................................................................................ 16<br />

1.4 DELIMITAÇÕES DA PESQUISA ............................................................ 17<br />

1.5 RELEVÂNCIA DO ESTUDO ................................................................... 17<br />

1.6 CONTEXTO DO ESTUDO ...................................................................... 19<br />

1.7 ORGANIZAÇÃO DA PESQUISA ............................................................ 21<br />

2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................. 23<br />

2.1 DESENVOLVIMENTO LOCAL: UMA VISÃO INOVADORA ................... 23<br />

2.2 O ESPAÇO GEOGRÁFICO DE JARDIM GRAMACHO ......................... 25<br />

2.3 O ATERRO DE JARDIM GRAMACHO: ATERRO SANITÁRIO OU<br />

LIXÃO? ....................................................................................................<br />

2.3.1 O Sistema <strong>de</strong> Disposição e Tratamento <strong>do</strong> Lixo ................................ 27<br />

2.3.1.1 Lixão ........................................................................................................ 27<br />

2.3.1.2 <strong>Aterro</strong> Controla<strong>do</strong> .................................................................................... 28<br />

2.3.1.3 <strong>Aterro</strong> Sanitário........................................................................................ 29<br />

2.4 UM BREVE PANORAMA DA DISPOSIÇÃO FINAL DO LIXO NO<br />

BRASIL ...................................................................................................<br />

2.5 A CONTEXTUALIZAÇÃO DO ATERRO METROPOLITANO DO<br />

JARDIM GRAMACHO (AMJG) ...............................................................<br />

2.6 O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE JARDIM GRAMACHO ...... 34<br />

2.7 O ENCERRAMENTO DO ATERRO METROPLOITNO DE JARDIM<br />

GRAMACHO ...........................................................................................<br />

3 METODOLOGIA ..................................................................................... 39<br />

3.1 O TIPO DE PESQUISA ........................................................................... 39<br />

3.2 O UNIVERSO, A AMOSTRA E O SUJEITO DA PESQUISA .................. 40<br />

3.2.1 O Universo da Pesquisa ....................................................................... 40<br />

3.2.2 A Amostra Pesquisada ......................................................................... 41<br />

27<br />

30<br />

32<br />

36


3.2.3 O Sujeito da Pesquisa .......................................................................... 42<br />

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS .......................................... 43<br />

3.3.1 A Pesquisa Bibliográfica ...................................................................... 43<br />

3.3.2 A Pesquisa Empírica ............................................................................. 43<br />

3.3.2.1 A Observação Simples ............................................................................ 43<br />

3.3.2.2 A Entrevista ............................................................................................. 44<br />

3.4 A COLETA DOS DADOS ........................................................................ 44<br />

3.5 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS ............................................. 45<br />

3.6 LIMITAÇÕES DO MÉTODO DA PESQUISA .......................................... 46<br />

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DAS REVELAÇÕES DO CAMPO ............... 47<br />

4.1 AS ATIVIDADES ECOCÔMICAS DE JARDIM GRAMACHO ................. 47<br />

4.2 O DESENVOLVIMENTO LOCAL NO BAIRRO DE JARDIM<br />

GRAMACHO ...........................................................................................<br />

4.3 A CLIENTELA E OS SEUS HÁBITOS DE CONSUMO .......................... 52<br />

4.4 O RETORNO FINANCEIRO PARA OS COMERCIANTES DO SETOR<br />

INFORMAL DE ALIMENTOS EM TORNO DO AMJG ............................<br />

4.5 A DESATIVAÇÃO DO ATERRO SOB A ÓTICA DOS<br />

COMERCIANTES DA REGIÃO ..............................................................<br />

4.6 O SIGNIFICADO DO AMJG E A VISÃO DOS COMERCIANTES<br />

SOBRE A ECONOMIA DE UM BAIRRO QUE SOBREVIVE EM<br />

FUNÇÃO DO LIXO .................................................................................<br />

4.7 AS ESTRATÉGIAS PREVISTAS PELOS COMERCIANTES DO<br />

SETOR INFORMAL DE ALIMENTOS PARA DRIBLAR A SITUAÇÃO<br />

ECONÔMICA EM FACE A DESATIVAÇÃO DO AMJG ..........................<br />

4.8 A PERCEPÇÃO DOS COMERCIANTES INSTALADOS EM TORNO<br />

DO AMJG SOBRE A EXISTÊNCIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS<br />

ADOTADAS A FIM DE MINIMIZAR O IMPACTO GERADO PELA SUA<br />

PARALISAÇÃO .......................................................................................<br />

4.9 A DESATIVAÇÃO DO AMJG SOB A ÓTICA GOVERNAMENTAL ........ 66<br />

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 68<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 70<br />

APÊNCIDE A – Roteiro da Entrevista Semi-estruturada ................... 75<br />

APÊNCIDE B – Termo <strong>de</strong> Consentimento Livre e Esclareci<strong>do</strong> ......... 76<br />

49<br />

56<br />

58<br />

60<br />

62<br />

63


1 O PROBLEMA<br />

Este capítulo tem como propósito, apresentar a contextualização geral <strong>do</strong><br />

tema da pesquisa. Inician<strong>do</strong> com a apresentação <strong>do</strong> problema a ser investiga<strong>do</strong>,<br />

quan<strong>do</strong> são <strong>de</strong>scritos e justifica<strong>do</strong>s os objetivos, as suposições, as características<br />

<strong>de</strong>limita<strong>do</strong>ras da pesquisa e a relevância <strong>do</strong> trabalho para a Administração.<br />

Finalizan<strong>do</strong> o primeiro capítulo, será apresentada a organização da dissertação,<br />

abordan<strong>do</strong> um breve comentário <strong>do</strong>s capítulos seguintes.<br />

1.1 INTRODUÇÃO<br />

Aproximadamente a três décadas <strong>de</strong> plena ativida<strong>de</strong>, o <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong><br />

<strong>de</strong> Jardim Gramacho (AMJG) está próximo <strong>de</strong> seu fechamento. Sua capacida<strong>de</strong><br />

para receber cerca <strong>de</strong> 8 (oito) mil toneladas por dia <strong>de</strong> lixo produzi<strong>do</strong> nas cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong><br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, Duque <strong>de</strong> Caxias, Nilópolis, Mesquita, São João <strong>de</strong> Meriti e<br />

Queima<strong>do</strong>s, já ultrapassou o seu limite máximo.<br />

Seu fechamento, se por um la<strong>do</strong> é <strong>de</strong>fendi<strong>do</strong> como necessário, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao<br />

esgotamento <strong>de</strong> suas capacida<strong>de</strong>s, por outro, é trata<strong>do</strong> como uma ameaça para<br />

uma parcela elevadíssima <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res diretos e indiretos da catação, os quais<br />

per<strong>de</strong>riam uma forma <strong>de</strong> subsistência. É sobre uma parcela <strong>de</strong>sses trabalha<strong>do</strong>res<br />

indiretos relaciona<strong>do</strong>s à catação <strong>do</strong> lixo que essa pesquisa tratará.<br />

O bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho, localiza<strong>do</strong> no Município <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias<br />

no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, tem sua história socioeconômica pautada em torno<br />

<strong>de</strong>ste aterro, uma vez que a Companhia Municipal <strong>de</strong> Limpeza Urbana <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro (COMLURB) <strong>de</strong>staca que o bairro emprega formal e informalmente cerca <strong>de</strong><br />

15 (quinze) mil pessoas (BASTOS, 2005).<br />

O estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> por Meirelles e Gomes (2009), constatou que no bairro há<br />

aproximadamente 20.000 (vinte mil) habitantes, contingente <strong>de</strong> pessoas esse<br />

bastante representativo, cuja maior parte encontra-se fora <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> formal <strong>de</strong><br />

trabalho, viven<strong>do</strong> direta ou indiretamente da exploração econômica <strong>do</strong> lixo.<br />

Com o encerramento das ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> aterro, cerca <strong>de</strong> 1.700 (mil e<br />

setecentos) cata<strong>do</strong>res <strong>de</strong> lixo, tanto coopera<strong>do</strong>s quanto informais estarão<br />

<strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s. As ativida<strong>de</strong>s da reciclagem ali <strong>de</strong>senvolvidas não se restringem<br />

apenas à catação <strong>do</strong> lixo. Jardim Gramacho é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um sub-bairro com<br />

13


gran<strong>de</strong> Centro Econômico ativo, on<strong>de</strong> o comércio sobrevive em função da presença<br />

<strong>do</strong> cata<strong>do</strong>r (PINTO, 2004).<br />

Corroboran<strong>do</strong> com o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Pinto (2004), Bastos (2005), relata que<br />

aproximadamente 60% <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res da região sobrevivem das ativida<strong>de</strong>s ligadas<br />

à comercialização <strong>do</strong>s recicláveis. Além <strong>do</strong>s cata<strong>do</strong>res que vivem diretamente das<br />

ativida<strong>de</strong>s da catação, outros mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> bairro vivem <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> comércio<br />

e da indústria. No ano <strong>de</strong> 2005, o Comitê <strong>de</strong> Entida<strong>de</strong>s no Combate à Fome e pela<br />

Vida (COEP), elaborou o diagnóstico social <strong>do</strong> bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho,<br />

evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> como a economia local gira em torno <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong>.<br />

Com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma melhor exploração, a Tabela 1 abaixo aponta a<br />

distribuição das ativida<strong>de</strong>s econômicas realizadas no Bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho,<br />

ativida<strong>de</strong>s essas não relacionadas à economia da reciclagem (compra e venda <strong>de</strong><br />

objetos vendi<strong>do</strong>s como tais ou como recicláveis), mas oriunda <strong>de</strong>ssa economia no<br />

que tange aos cata<strong>do</strong>res ou pessoas que coletam naquela região.<br />

Tabela 1: Distribuição percentual das ativida<strong>de</strong>s econômicas realizadas no Bairro <strong>de</strong><br />

Jardim Gramacho<br />

Segmentos da Economia Local n %<br />

Barracas e Bares<br />

Padaria<br />

Supermerca<strong>do</strong><br />

Mercearia<br />

Garagem <strong>de</strong> Ônibus<br />

Metalúrgica<br />

Fábrica <strong>de</strong> Parafusos<br />

Curtume<br />

Fábrica <strong>de</strong> Vidro<br />

Fábrica <strong>de</strong> Motores<br />

Serraria<br />

Marcenaria<br />

Fábrica <strong>de</strong> Tintas<br />

Fábrica <strong>de</strong> Palha <strong>de</strong> Aço<br />

Marmoraira<br />

Fábrica <strong>de</strong> Móveis<br />

Indústria <strong>de</strong> Álcool e Açúcar<br />

Fábrica <strong>de</strong> Cigarros<br />

Fábrica <strong>de</strong> Produtos <strong>de</strong> Limpeza<br />

Total<br />

Fonte: COEP, 2005.<br />

35<br />

8<br />

1<br />

4<br />

1<br />

2<br />

1<br />

2<br />

1<br />

2<br />

4<br />

3<br />

1<br />

1<br />

1<br />

2<br />

1<br />

1<br />

1<br />

72<br />

48,6<br />

11,1<br />

1,4<br />

5,6<br />

1,4<br />

2,8<br />

1,4<br />

2,8<br />

1,4<br />

2,8<br />

5,6<br />

4,2<br />

1,4<br />

1,4<br />

1,4<br />

2,8<br />

1,4<br />

1,4<br />

1,4<br />

100<br />

De acor<strong>do</strong> com esta tabela, o principal segmento <strong>do</strong> comércio gera<strong>do</strong> em torno<br />

da economia da reciclagem na região está pauta<strong>do</strong> na alimentação<br />

(aproximadamente 66,7%), distribuí<strong>do</strong>s em barracas, bares, padarias, mercearias e<br />

supermerca<strong>do</strong>. Bastos (2005), através <strong>do</strong> Programa Social <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong><br />

14


<strong>do</strong> Jardim Gramacho, relata que na região ainda existem vários <strong>de</strong>pósitos (legais e<br />

clan<strong>de</strong>stinos), empresas <strong>de</strong> reciclagem, indústrias, fábricas, caminhoneiros que<br />

conduzem o lixo em aproximadamente 600 caminhões diariamente até a chegada ao<br />

aterro (COEP, 2005), ambulantes, além <strong>de</strong> outras oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho que<br />

aparecem rotineiramente, movimentan<strong>do</strong> aproximadamente R$ 1,5 milhões por mês.<br />

Situação econômica essa gerada a partir da existência <strong>do</strong> aterro.<br />

Através <strong>do</strong> contexto ilustra<strong>do</strong> na Tabela 1 e constata<strong>do</strong> em pesquisa<br />

exploratória, o que tem si<strong>do</strong> alar<strong>de</strong>a<strong>do</strong> ora como solução para a situação ambiental<br />

da respectiva região, ora como uma tragédia para os cata<strong>do</strong>res locais, po<strong>de</strong>rá se<br />

tornar um verda<strong>de</strong>iro caos social e econômico para uma parcela <strong>de</strong> pessoas que<br />

sobrevivem <strong>de</strong> servir ou aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s básicas (no caso, o da<br />

alimentação) <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res braçais daquela região.<br />

Desta forma, preten<strong>de</strong>-se investigar o que pensam os comerciantes informais<br />

<strong>do</strong> setor da alimentação da região sobre o fechamento <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong><br />

Jardim Gramacho e quais as estratégias elaboradas por esses no que tange a essa<br />

questão?<br />

1.2 OBJETIVOS<br />

A pesquisa se dividirá em <strong>do</strong>is momentos principais: primeiro, procurará<br />

mostrar que existe um segmento da economia <strong>do</strong> sub-bairro que vive à mercê da<br />

existência <strong>do</strong> cata<strong>do</strong>r na região e que po<strong>de</strong> vir a sofrer os impactos <strong>do</strong> encerramento<br />

<strong>do</strong> aterro na região; e, segun<strong>do</strong>, procurará investigar e discutir se esse segmento<br />

tem si<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> (sob a ótica <strong>de</strong>sses comerciantes) quan<strong>do</strong> das discussões <strong>de</strong><br />

políticas públicas relativas ao encerramento <strong>de</strong>ste aterro.<br />

A seguir serão apresenta<strong>do</strong>s o objetivo geral e os objetivos específicos, com o<br />

propósito <strong>de</strong> tangenciar esses <strong>do</strong>is momentos <strong>de</strong>scritos acima.<br />

1.2.1 Objetivo Geral<br />

A presente pesquisa teve como objetivo geral verificar quais os impactos que<br />

po<strong>de</strong>rão ser ocasiona<strong>do</strong>s, a partir <strong>do</strong> fechamento <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim<br />

Gramacho, entre comerciantes <strong>do</strong> setor informal <strong>de</strong> alimentos <strong>de</strong>ssa a região.<br />

15


Consiste ainda em avaliar as percepções sobre o efeito (os impactos) <strong>do</strong><br />

possível encerramento das ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho<br />

segun<strong>do</strong> a opinião <strong>de</strong> pessoas ligadas ao merca<strong>do</strong> informal <strong>de</strong> alimentos, bem como<br />

as estratégias pensadas por eles diante da ameaça <strong>do</strong> seu encerramento.<br />

1.2.2 Objetivos Específicos<br />

Com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r ao objetivo geral, faz-se necessário, em um<br />

primeiro momento, verificar a existência <strong>de</strong> uma literatura ligada aos estu<strong>do</strong>s sobre<br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico em torno da região <strong>do</strong> AMJG. A partir <strong>de</strong>ssa etapa<br />

preten<strong>de</strong>-se:<br />

a) Examinar as características <strong>do</strong> comércio informal <strong>de</strong> alimentos e sua relação com<br />

os hábitos <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> seus clientes;<br />

b) Analisar, sob a ótica <strong>do</strong>s comerciantes da região, os impactos que po<strong>de</strong>rão vir<br />

sofrer com a <strong>de</strong>sativação <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong>, verifican<strong>do</strong> quais estratégias<br />

tem si<strong>do</strong> pensadas por esses atores a fim <strong>de</strong> driblar tais impactos;<br />

c) Averiguar, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a percepção <strong>do</strong>s comerciantes da região, sobre a<br />

existência <strong>de</strong> políticas públicas integradas que tenham si<strong>do</strong> a<strong>do</strong>tadas para<br />

minimizar as possíveis conseqüências <strong>do</strong> fechamento <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong><br />

para, <strong>de</strong>ntre outros, o comércio local.<br />

1.3 SUPOSIÇÕES<br />

De acor<strong>do</strong> com estu<strong>do</strong>s anteriores (BASTOS, 2005; COEP, 2005;<br />

MEIRELLES; GOMES, 2009) realiza<strong>do</strong>s em torno da região <strong>do</strong> AMJG, o setor<br />

informal <strong>de</strong> alimentos é o ramo da ativida<strong>de</strong> econômica local que possui maior<br />

concentração no comércio <strong>do</strong> sub-bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho, sen<strong>do</strong> assim,<br />

acredita-se que ele po<strong>de</strong>rá vir a sofrer os impactos <strong>do</strong> seu encerramento.<br />

Partin<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> princípio <strong>de</strong> que a economia <strong>do</strong> setor <strong>de</strong> alimentos <strong>do</strong> sub-<br />

bairro Jardim Gramacho está associada diretamente ao funcionamento <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong><br />

<strong>Metropolitano</strong>, acredita-se que ela sofrerá os impactos <strong>de</strong> seu encerramento. A partir<br />

<strong>de</strong>ssa ótica, a pesquisa está pautada nas suposições <strong>de</strong> que:<br />

a) o setor informal <strong>de</strong> alimentos se sente ameaça<strong>do</strong> pelo possível fechamento<br />

<strong>do</strong> AMJG, ou seja, sofrerá diretamente o impacto da sua <strong>de</strong>sativação;<br />

16


) este setor tem pensa<strong>do</strong> estratégias no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> superar os possíveis<br />

impactos <strong>de</strong>sse encerramento.<br />

1.4 DELIMITAÇÕES DA PESQUISA<br />

A partir <strong>de</strong> um recorte temporal, a pesquisa aborda <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano <strong>de</strong> 1976 até<br />

os dias atuais a evolução <strong>do</strong> segmento informal <strong>de</strong> alimentos na região. Este perío<strong>do</strong><br />

explica-se em razão da abertura <strong>do</strong> AMJG (1976).<br />

Através da abordagem organizacional preten<strong>de</strong>-se analisar a evolução <strong>do</strong><br />

comércio informal <strong>de</strong> alimentos existente no bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho pautada em<br />

torno <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong>.<br />

A fim <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r o objetivo proposto da pesquisa em investigar quais os<br />

impactos que po<strong>de</strong>rão ser ocasiona<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong> fechamento <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong><br />

<strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho, o estu<strong>do</strong> se limita a tratar <strong>do</strong> setor informal <strong>de</strong><br />

alimentos, caracteriza<strong>do</strong> por bares, biroscas, barracas e botequins.<br />

A escolha <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> informal <strong>de</strong> alimentos como base empírica da pesquisa<br />

está pautada no fato <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> o segmento <strong>do</strong> comércio em maior<br />

proporção nas re<strong>do</strong>n<strong>de</strong>zas <strong>do</strong> AMJG, a aten<strong>de</strong>r mora<strong>do</strong>res, cata<strong>do</strong>res,<br />

caminhoneiros e <strong>de</strong>mais trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> local.<br />

1.5 RELEVÂNCIA DO ESTUDO<br />

Antes <strong>de</strong> abordar a principal relevância <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, faz-se necessário uma<br />

breve <strong>de</strong>scrição da região associan<strong>do</strong> as ativida<strong>de</strong>s relacionadas no sub-bairro <strong>de</strong><br />

Jardim Gramacho.<br />

O <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho, consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> o maior aterro da<br />

América Latina (KRUMBIEGEL, 2009), tem convivi<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua inauguração com o<br />

po<strong>de</strong>r publico municipal, empresas terceirizadas, uma cooperativa <strong>de</strong> cata<strong>do</strong>res,<br />

muitos cata<strong>do</strong>res, caminhoneiros, comerciantes, mora<strong>do</strong>res da região, entre outros<br />

(JUNCÁ, 2004). To<strong>do</strong>s esses atores manifestam diferentes interesses em relação,<br />

não só à presença <strong>do</strong> aterro na região, mas também em relação à questão da<br />

economia <strong>do</strong> sub-bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho.<br />

Em sua tese a autora acima citada, <strong>de</strong>screve que em torno <strong>do</strong> aterro, <strong>de</strong> um<br />

la<strong>do</strong> está à sobrevivência imediata e o trabalho precário e rudimentar <strong>do</strong>s cata<strong>do</strong>res,<br />

17


<strong>de</strong> outro, está a cooperativa apontan<strong>do</strong> para uma espécie <strong>de</strong> melhorias, procuran<strong>do</strong><br />

legalizar a presença e o trabalho <strong>do</strong>s cata<strong>do</strong>res no aterro. Paralelamente estão<br />

ainda a COMLURB e uma empresa que gerencia as ativida<strong>de</strong>s realizadas no interior<br />

<strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> que, com distintas funções, divi<strong>de</strong>m a administração <strong>do</strong><br />

aterro, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> prevalecer o discurso em <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> meio ambiente, os profissionais<br />

formalmente qualifica<strong>do</strong>s e os aparatos técnicos aos quais recorrem para sua ação.<br />

Des<strong>de</strong> a criação <strong>do</strong> aterro até os dias atuais, inúmeras mudanças foram<br />

introduzidas não só no próprio aterro, assim como em toda a região que o cerca,<br />

po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se afirmar que sua presença influiu <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>cisiva na paisagem local,<br />

na vida <strong>do</strong> bairro, na situação educacional, social, cultural, política e econômica<br />

(JUNCÁ, 2004).<br />

O que antes era uma área pouco habitada transformou-se, gradativamente,<br />

em um núcleo habitacional. Quanto à questão populacional, o Instituto Brasileiro <strong>de</strong><br />

Análises Sociais e Econômicas (IBASE), relatou que no ano <strong>de</strong> 2005, o sub-bairro<br />

<strong>de</strong> Jardim Gramacho tinha aproximadamente 20.000 habitantes, sen<strong>do</strong> que<br />

aproximadamente 50% <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m direta ou indiretamente da ativida<strong>de</strong> econômica<br />

advinda da catação <strong>de</strong> lixo. De acor<strong>do</strong> com esse contexto, a região passou a<br />

comportar escolas, creches, indústrias, postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, e pequenos<br />

estabelecimentos comerciais. A economia <strong>do</strong> lixo acabou por gerar um bairro com<br />

um crescimento bastante <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>.<br />

Mediante o exposto, a relevância da pesquisa sobre o impacto <strong>do</strong><br />

encerramento <strong>do</strong> AMJG no setor informal <strong>de</strong> alimentos, está fundamentada em<br />

vários aspectos sociais, culturais e principalmente econômicos.<br />

Com o crescimento <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> e sem planejamento urbano, o sub-bairro <strong>de</strong><br />

Jardim Gramacho é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um abrigo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s bolsões <strong>de</strong> miséria. A região<br />

apresenta sérias questões relacionadas à saú<strong>de</strong> da população que ali habita,<br />

principalmente em função da proliferação <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à circulação <strong>de</strong> lixo.<br />

Além da contaminação <strong>do</strong> solo, a poluição <strong>do</strong>s rios que <strong>de</strong>ságuam na Bahia <strong>de</strong><br />

Guanabara, o <strong>de</strong>smatamento e a presença constante <strong>de</strong> insetos e roe<strong>do</strong>res<br />

(MATTAR; CHEQUER, 2010).<br />

Em função <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o crescimento da região, cresceu também o comércio, em<br />

especial, o informal <strong>de</strong> alimentação, conforme já menciona<strong>do</strong> anteriormente.<br />

Mediante ao exposto, procurou-se a partir da visão <strong>de</strong> comerciantes informais locais,<br />

respostas sobre a questão da <strong>de</strong>sativação <strong>do</strong> AMJG, buscan<strong>do</strong> mostrar as<br />

18


condições <strong>de</strong> existência <strong>de</strong>sse comércio no sub-bairro Jardim Gramacho como que<br />

atrelada à presença <strong>do</strong>s cata<strong>do</strong>res e o quanto que o encerramento <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong><br />

Sanitário ameaçaria não só a esses cata<strong>do</strong>res, mas aqueles comerciantes.<br />

Associan<strong>do</strong> a pesquisa à área <strong>de</strong> Administração, ela torna-se relevante em<br />

função <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> socioeconômico ser foca<strong>do</strong> na economia que gira em torno <strong>do</strong><br />

<strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho, e não no aterro propriamente dito. Raros<br />

formam os momentos, no levantamento da literatura que essa economia foi<br />

mencionada por outros autores, muito menos em textos da área <strong>de</strong> administração, o<br />

que <strong>de</strong>monstra a relevância <strong>de</strong> um estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>sse tema, ten<strong>do</strong> em vista sua<br />

importância.<br />

Vários são os estu<strong>do</strong>s que versam sobre os impactos gerais ou específicos <strong>do</strong><br />

<strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> e <strong>do</strong> lixo sobre a saú<strong>de</strong> pública, o meio ambiente, a saú<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />

cata<strong>do</strong>res, os impactos das condições sociais e <strong>de</strong> vida <strong>do</strong>s cata<strong>do</strong>res. Mas nada foi<br />

encontra<strong>do</strong> na literatura científica sobre estu<strong>do</strong>s relaciona<strong>do</strong>s ao impacto<br />

ocasiona<strong>do</strong> no comércio <strong>do</strong> sub-bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho quan<strong>do</strong> encerrar as<br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong>, pois apesar <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong>, trazer<br />

inúmeros problemas sociais e ambientais, ele gera renda para uma gran<strong>de</strong> parte da<br />

população mora<strong>do</strong>ra da região e <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias.<br />

1.6 CONTEXTO DO ESTUDO<br />

Gomes (2008), relatou em sua pesquisa que existe aproximadamente 1.700<br />

(mil e setecentos) cata<strong>do</strong>res laboran<strong>do</strong> na região subdividi<strong>do</strong>s em três grupos. O<br />

primeiro grupo é forma<strong>do</strong> pelos cata<strong>do</strong>res que trabalham como coopera<strong>do</strong>s, o<br />

segun<strong>do</strong> grupo pelos cata<strong>do</strong>res que trabalham vincula<strong>do</strong>s aos <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> sucata<br />

em torno <strong>do</strong> aterro e o terceiro grupo forma<strong>do</strong> pelos cata<strong>do</strong>res que trabalham sem<br />

nenhum tipo <strong>de</strong> vínculo. Esse autor acima também avaliou em sua pesquisa que a<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à catação expandiu significativamente<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano <strong>de</strong> 1993, conforme <strong>de</strong>scrito na tabela 2.<br />

A abertura <strong>do</strong> Brasil ao capital externo na década <strong>de</strong> 1990 levou o país a uma<br />

reestruturação da produção em função da automação <strong>do</strong> setor industrial e a<br />

terceirização, o que elevou a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego e aumentou a inserção <strong>de</strong><br />

pessoas no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho informal. Mediante tal situação, parcela <strong>de</strong><br />

trabalha<strong>do</strong>res excluí<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ssa formalida<strong>de</strong> buscou alternativas em ativida<strong>de</strong>s<br />

19


informais, em condições precárias, como baixos salários e ausência <strong>de</strong> direitos<br />

trabalhistas. Pela falta <strong>de</strong> qualificação suficiente e tratan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> pessoas com baixo<br />

nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, eles teriam permaneci<strong>do</strong> impedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> se re-inserirem no<br />

merca<strong>do</strong> formal e obriga<strong>do</strong>s a <strong>de</strong>sempenhar ativida<strong>de</strong>s informais como empregada<br />

<strong>do</strong>méstica, babá, auxiliar <strong>de</strong> pedreiro e cata<strong>do</strong>r (CARMO, 2008; PORTILHO, 1997).<br />

Tabela 2: Evolução <strong>do</strong> quantitativo <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à catação no <strong>Aterro</strong><br />

<strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho<br />

1993<br />

(n)<br />

1996<br />

(n)<br />

2002<br />

(n)<br />

2004<br />

(n)<br />

2008<br />

(n)<br />

Total <strong>de</strong> Trabalha<strong>do</strong>res <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a<br />

Catação 600 960 1060 1700 1700<br />

Fonte: GOMES, 2008.<br />

Ainda sobre a mesma questão, Juncá (2004), relata em sua tese que no ano<br />

<strong>de</strong> 2001, perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s alterações no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho e altas taxas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>semprego no país, o projeto “Resíduos, Degradação Ambiental e Saú<strong>de</strong>: uma<br />

pesquisa na Baixada Fluminense” apontava para a existência <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 900<br />

cata<strong>do</strong>res na rampa, além <strong>de</strong> quase 150 na cooperativa, toman<strong>do</strong> por base o<br />

cadastro existente no aterro. Fato este que po<strong>de</strong> explicar a significativa evolução <strong>do</strong><br />

quantitativo <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à catação no <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong><br />

Jardim Gramacho.<br />

De acor<strong>do</strong> com o exposto, compara<strong>do</strong> ao estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Gomes (2008), a tabela 2<br />

reflete bem esse quadro <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego na década <strong>de</strong> 90 associa<strong>do</strong>s ao aumento<br />

da ativida<strong>de</strong> da catação. O crescimento <strong>do</strong>s cata<strong>do</strong>res <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 1993 para o ano<br />

<strong>de</strong> 1996 correspon<strong>de</strong> a um aumento <strong>de</strong> 60%, perío<strong>do</strong> esse em que ocorreu a<br />

reestruturação da produção em função da automação <strong>do</strong> setor industrial, elevan<strong>do</strong><br />

taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego e aumento <strong>do</strong> trabalho informal.<br />

O encerramento das ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong>, prevista <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2005,<br />

remete inúmeras incertezas para a comunida<strong>de</strong> quanto à geração <strong>de</strong> trabalho e<br />

renda. A perspectiva <strong>do</strong> encerramento das ativida<strong>de</strong>s no aterro gera preocupação, já<br />

que a economia <strong>do</strong> bairro se estruturou em torno da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> catação.<br />

O Bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho é permea<strong>do</strong> por to<strong>do</strong> o trajeto da rota <strong>do</strong> lixo e<br />

que por mais que se tente <strong>de</strong>svinculá-lo da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> catação, torna-se<br />

impossível, visto que, quase a totalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> bairro tem sua vida ativa<br />

economicamente em função da catação (SILVA; BARBOSA, 2010).<br />

20


Em função <strong>do</strong> aumento da classe <strong>do</strong>s cata<strong>do</strong>res na região, houve a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma reestruturação <strong>do</strong> comércio <strong>do</strong> sub-bairro a fim <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r a<br />

nova <strong>de</strong>manda da população que habita e que trabalha no local, ocorren<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa<br />

forma um crescimento também no comércio informal <strong>do</strong> sub-bairro <strong>de</strong> Jardim<br />

Gramacho.<br />

1.7 ORGANIZAÇÃO DA PESQUISA<br />

A Associação Brasileira <strong>de</strong> Normas Técnicas (ABNT) propõe que a<br />

organização <strong>de</strong> trabalhos acadêmicos <strong>de</strong>ve ser estruturada em três partes distintas:<br />

a primeira parte compon<strong>do</strong> os elementos pré-textuais, seguida <strong>do</strong>s elementos<br />

textuais e por último apresentan<strong>do</strong> os elementos pós-textuais (LAXE, ANDRADE,<br />

2007). Desta forma, esta dissertação está assim organizada.<br />

Os elementos pré-textuais estão antece<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o texto com as informações<br />

que auxiliam na i<strong>de</strong>ntificação e na utilização da dissertação. Na fase textual da<br />

pesquisa, em primeiro momento, busca realizar uma apresentação geral da<br />

dissertação.<br />

A introdução <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> tem o objetivo <strong>de</strong> problematizar a situação <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong><br />

<strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho atrelan<strong>do</strong> a economia <strong>do</strong> respectivo bairro em<br />

que está instala<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ssa forma, são discuti<strong>do</strong>s os objetivos, as suposições, a<br />

<strong>de</strong>limitação <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> e a sua relevância. Nessa parte introdutória objetivou-se<br />

<strong>de</strong>screver to<strong>do</strong>s os elementos necessários para situar o tema proposto.<br />

O segun<strong>do</strong> capítulo preten<strong>de</strong> abordar a fundamentação teórica <strong>de</strong>sta<br />

pesquisa, estan<strong>do</strong> presente também em outras seções da dissertação. O referencial<br />

teórico está correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> às suposições, objetivos e principalmente a<br />

investigação <strong>de</strong>lineada no capítulo I.<br />

A meto<strong>do</strong>logia a<strong>do</strong>tada, o méto<strong>do</strong> científico, o universo, a amostra, o sujeito<br />

da pesquisa, os instrumentos e a coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, assim como as limitações <strong>do</strong><br />

méto<strong>do</strong> da pesquisa estão abordadas no capítulo III.<br />

No capítulo IV serão apresentadas as revelações <strong>do</strong> campo empírico, assim<br />

como as discussões, com o objetivo <strong>de</strong> esclarecer as questões levantadas,<br />

relacionan<strong>do</strong> a interpretação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s com a teoria existente na revisão da<br />

literatura.<br />

21


Seguin<strong>do</strong> a etapa final da dissertação, no capítulo V, serão apresentadas as<br />

consi<strong>de</strong>rações finais e os elementos pós-textuais. Em outra etapa são apresentadas<br />

todas as referências bibliográficas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> a ABNT que foram citadas no <strong>de</strong>correr<br />

da pesquisa, finalizan<strong>do</strong> assim, com a relação <strong>do</strong>s apêndices utiliza<strong>do</strong>s para a<br />

execução das entrevistas no campo empírico.<br />

22


2 REVISÃO DA LITERATURA<br />

O objetivo <strong>de</strong>sse capítulo é realizar a fundamentação teórica através <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>cumentos que subsidiarão o tema da pesquisa. Para a elaboração <strong>do</strong> referencial<br />

teórico, foi realizada a revisão da literatura nacional e internacional com base em<br />

dissertações, teses, artigos científicos e livros, abordan<strong>do</strong> idéias relativas ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento local.<br />

A fim <strong>de</strong> situar geograficamente o AMJG, este capítulo aborda o espaço<br />

geográfico que pertence o bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho, aterro sanitário, cata<strong>do</strong>r e<br />

sobre os sistemas <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição e tratamento <strong>do</strong> lixo, para que <strong>de</strong>sta forma possa<br />

então contextualizar o <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho associa<strong>do</strong> ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento local.<br />

2.1 DESENVOLVIMENTO LOCAL: UM VISÃO INOVADORA<br />

Com a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> no mun<strong>do</strong>, a questão econômica, social e política têm<br />

passa<strong>do</strong> por gran<strong>de</strong>s modificações, surgin<strong>do</strong> na atualida<strong>de</strong> os contrastes na<br />

socieda<strong>de</strong> como um to<strong>do</strong>, ocasionan<strong>do</strong> o <strong>de</strong>semprego, os conflitos sociais, a<br />

migração da população para as gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s, a miséria, a fome e o crescimento<br />

<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> <strong>do</strong> meio urbano (OLIVEIRA et al., 2010).<br />

Atrela<strong>do</strong> a essa perspectiva, o <strong>de</strong>senvolvimento brasileiro está cada vez mais<br />

evi<strong>de</strong>nte, não obstante a permanência <strong>do</strong> intenso processo <strong>de</strong> exclusão social,<br />

característico da natureza histórica da estrutura econômica e social <strong>do</strong> país.<br />

Estamos em uma socieda<strong>de</strong> interligada com o meio ambiente, a ciência e a<br />

tecnologia, caracterizan<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta forma uma socieda<strong>de</strong> em re<strong>de</strong>, totalmente numa<br />

interligação chamada globalização. No Brasil, a partir da inserção neste cenário,<br />

várias transformações vêm se modifican<strong>do</strong> profundamente nos cenários econômico,<br />

social e político (CASTELLS, 1999).<br />

De acor<strong>do</strong> com Barbosa e Mioto (2009), o conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento tem<br />

sua origem nas discussões efetuadas no pós-guerra e está inseparavelmente liga<strong>do</strong><br />

à Organização das Nações Unidas (ONU), com a Carta <strong>do</strong> Atlântico no ano <strong>de</strong> 1941<br />

e a Carta das Nações Unidas <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 1945. Em um primeiro momento o conceito<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento foi atrela<strong>do</strong> ao crescimento econômico, prova disso é que os<br />

indica<strong>do</strong>res que mediam o <strong>de</strong>senvolvimento eram o PIB e o PIB per capta. Mais<br />

23


adiante, a ONU, insere no conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, não só fatores liga<strong>do</strong>s à<br />

esfera material, buscan<strong>do</strong> abranger mais <strong>de</strong>terminantes ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento, crian<strong>do</strong> o Índice <strong>de</strong> Desenvolvimento Humano (IDH), engloban<strong>do</strong><br />

a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, a longevida<strong>de</strong> e o nível <strong>de</strong> conhecimento. Com a evolução <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento foram surgin<strong>do</strong> conceitos e atributos diferentes para cada tipo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento, surgin<strong>do</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento territorial, o <strong>de</strong>senvolvimento regional,<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento local, o <strong>de</strong>senvolvimento endógeno e o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong>scentraliza<strong>do</strong>.<br />

Mais especificamente na década <strong>de</strong> 1980 surgiu o conceito <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Local e, com este, novas formas <strong>de</strong> intervenção social. Um marco<br />

extremamente importante para o <strong>de</strong>senvolvimento local foi a partir da década <strong>de</strong><br />

1990, em função <strong>do</strong> relatório mundial <strong>do</strong> Programa das Nações Unidas para o<br />

Desenvolvimento (PNUD). Este relatório coloca que o IDH ten<strong>de</strong> a relativizar o<br />

Produto Nacional Bruto (PNB) por habitante enquanto medida universal <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento e tem forte significa<strong>do</strong> simbólico (MILANO, 2005).<br />

A concepção <strong>de</strong> Desenvolvimento Local é <strong>de</strong>talhada por Barbosa e Mioto<br />

(2009), a partir da noção <strong>de</strong> que o termo local é coloca<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> olhamos <strong>de</strong> cima.<br />

Um esta<strong>do</strong> po<strong>de</strong> ser olha<strong>do</strong> como local se visto <strong>de</strong>s<strong>de</strong> um país, ou um município é<br />

local se olha<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> um esta<strong>do</strong>.<br />

Milano (2005) relata em sua obra que o aparecimento e o avanço <strong>do</strong><br />

Desenvolvimento Local obrigou a uma viragem radical, pois encarrega-se e<br />

preocupa-se com o meio ambiente numa dupla perspectiva: primeiro, como<br />

sustentabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e, numa etapa posterior, como recurso a favor<br />

<strong>do</strong> próprio <strong>de</strong>senvolvimento. O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ve ser entendi<strong>do</strong> levan<strong>do</strong>-se em<br />

conta os aspectos locais, que têm significa<strong>do</strong> em um território específico. O global<br />

passa a ter sua importância associada ao local e vice e versa, já que um está em<br />

constante mudança por conta das interferências <strong>do</strong> outro e, <strong>de</strong>ssa forma, muitos<br />

autores utilizam o termo “glocal”, a junção <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is aspectos, para se referir ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento local não está relaciona<strong>do</strong> unicamente com crescimento<br />

econômico, mas também com melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida das pessoas e<br />

conservação <strong>do</strong> meio ambiente. Estes três fatores estão inter-relaciona<strong>do</strong>s e são<br />

inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. O aspecto econômico implica em aumento da renda e riqueza,<br />

além <strong>de</strong> condições dignas <strong>de</strong> trabalho. A partir <strong>do</strong> momento em que existe um<br />

24


trabalho digno e este trabalho gera riqueza, ele ten<strong>de</strong> a contribuir para a melhoria<br />

das oportunida<strong>de</strong>s sociais. Do mesmo mo<strong>do</strong>, a problemática ambiental não po<strong>de</strong> ser<br />

dissociada da social. O <strong>de</strong>senvolvimento local pressupõe uma transformação<br />

consciente da realida<strong>de</strong> local. Outro aspecto relaciona<strong>do</strong> ao <strong>de</strong>senvolvimento local é<br />

que ele implica em articulação entre diversos atores e esferas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, seja a<br />

socieda<strong>de</strong> civil, as organizações não governamentais, as instituições privadas e<br />

públicas e o próprio governo. Cada um <strong>do</strong>s atores tem seu papel para contribuir com<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento local (MILANO, 2005).<br />

2.2 O ESPAÇO GEOGRÁFICO DE JARDIM GRAMACHO<br />

Com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> situar geograficamente Jardim Gramacho, faz-se<br />

necessário inicialmente apresentar o Município <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias, município <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro em que está localiza<strong>do</strong> o Bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho.<br />

O Município <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias está localiza<strong>do</strong> na Região Metropolitana <strong>do</strong><br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, <strong>de</strong>nominada geograficamente como “Gran<strong>de</strong> Rio”. A região congrega<br />

19 <strong>do</strong>s 92 municípios <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, abarcan<strong>do</strong> 75% da população estadual, algo em<br />

torno <strong>de</strong> 10,8 milhões <strong>de</strong> habitantes e a quase totalida<strong>de</strong> da produção <strong>de</strong> bens e<br />

serviços. A renda familiar média <strong>de</strong>ssa população está em torno <strong>de</strong> um salário<br />

mínimo (IBGE, 2003).<br />

Duque <strong>de</strong> Caxias é o 6º município mais rico <strong>do</strong> Brasil, superan<strong>do</strong> a maioria das<br />

capitais <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s brasileiros, inclusive Curitiba porém é um <strong>do</strong>s municípios com pior<br />

distribuição <strong>de</strong> renda e indica<strong>do</strong>res sociais <strong>do</strong> país. Portanto, apesar <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong><br />

um <strong>do</strong>s municípios mais prósperos <strong>do</strong> país, Duque <strong>de</strong> Caxias está inseri<strong>do</strong> em um<br />

contexto socioeconômico adverso para muitos grupos populacionais (IBGE, 2005).<br />

Segun<strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento da Secretaria <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias<br />

(2008), o município possui o 10º maior Produto Interno Bruto (PIB) <strong>do</strong> país e o 2º<br />

maior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às exportações, incluin<strong>do</strong> o petróleo e<br />

seus <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s. Em contrapartida, ocupa a 1.782ª posição no ranking <strong>do</strong> Índice <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Humano (IDH) sen<strong>do</strong> o município encara<strong>do</strong> como um exemplo <strong>do</strong><br />

para<strong>do</strong>xo da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>do</strong> país (MIGUELES, 2010).<br />

Duque <strong>de</strong> Caxias foi cria<strong>do</strong> através <strong>do</strong> Decreto Estadual nº 1.055 <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong><br />

Dezembro <strong>de</strong> 1943. Antes <strong>de</strong> sua emancipação, a localida<strong>de</strong> pertencia ao 8º Distrito<br />

<strong>de</strong> Nova Iguaçu (IBASE, 2005, p.5). De acor<strong>do</strong> com o a Secretaria <strong>de</strong> Meio<br />

25


Ambiente <strong>do</strong> Município <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias, em relação à extensão geográfica, o<br />

Município <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias totaliza a área <strong>de</strong> 468, 3 Km², o que representa 10%<br />

<strong>de</strong> área ocupada da Região Metropolitana.<br />

O município <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias, administrativamente, está dividi<strong>do</strong> em<br />

quatro Distritos: 1º Distrito (Duque <strong>de</strong> Caxias); 2º Distrito (Campos Elíseos); 3º<br />

Distrito (Imbariê) e o 4º Distrito (Xerém). Jardim Gramacho é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um sub-<br />

bairro <strong>do</strong> Bairro Gramacho pertencente ao 1º Distrito <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong><br />

Caxias, caracteriza<strong>do</strong> por possuir gran<strong>de</strong>s bolsões <strong>de</strong> miséria. Jardim Gramacho<br />

possui aproximadamente 20.000 habitantes em que gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>sse contingente<br />

encontra-se fora <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> formal <strong>de</strong> trabalho viven<strong>do</strong> direta ou indiretamente da<br />

exploração <strong>do</strong> lixo (COEP, 2005; MEIRELLES; GOMES, 2009).<br />

O bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho é subdividi<strong>do</strong> em diversas comunida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong><br />

as ocupações mais antigas como o Conjunto Habitacional (COHAB), o Morro <strong>do</strong><br />

Cruzeiro, o Triângulo e o Morro da Placa possuem saneamento básico, ruas<br />

pavimentadas, energia elétrica e água encanada. Com o aumento da população da<br />

região, foram criadas outras comunida<strong>de</strong>s como a Chatuba, a Favela <strong>do</strong> Esqueleto e<br />

o Maruim que não apresentam qualquer infraestrutura, surgin<strong>do</strong> em <strong>de</strong>corrência da<br />

ocupação <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada <strong>do</strong> solo urbano, on<strong>de</strong> algumas casas ou barracos são<br />

construí<strong>do</strong>s em cima <strong>do</strong> manguezal, através <strong>de</strong> loteamentos realiza<strong>do</strong>s pelos<br />

políticos locais com a <strong>de</strong>vida “autorização” <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r paralelo, que vem atuan<strong>do</strong><br />

fortemente na localida<strong>de</strong> (COEP, 2005; MEIRELLES; GOMES, 2009).<br />

Com o crescimento <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> <strong>do</strong> bairro, Jardim Gramacho tem<br />

aproximadamente 20.000 habitantes, sen<strong>do</strong> que cerca <strong>de</strong> 50% <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m direta ou<br />

indiretamente da ativida<strong>de</strong> econômica advinda da catação <strong>de</strong> lixo (IBASE, 2005, p.<br />

10). Verifica-se que na região, existe uma expressiva quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bares, biroscas,<br />

botequins e barracas, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> principalmente os cata<strong>do</strong>res e seus familiares,<br />

assim como os emprega<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos (BASTOS; ARAÚJO, 1998; PINTO, 2004).<br />

Analisan<strong>do</strong> o exposto por Bastos (2005), o que vem sen<strong>do</strong> apresentan<strong>do</strong> no<br />

cenário <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> bairros brasileiros, ou seja, Jardim Gramacho é mais um local<br />

periférico que revela uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social atrelada a outros tipos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> (a ambiental), por abrigar um <strong>do</strong>s maiores aterros <strong>de</strong> lixo da América<br />

Latina, o que coloca em <strong>de</strong>bate os riscos ambientais aos quais a população<br />

resi<strong>de</strong>nte e trabalha<strong>do</strong>ra está exposta. O bairro é permea<strong>do</strong> por to<strong>do</strong> o trajeto da<br />

rota <strong>do</strong> lixo e que por mais que se tente <strong>de</strong>svinculá-lo da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> catação, torna-<br />

26


se quase impossível, visto que, quase a totalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> bairro tem sua vida ativa<br />

economicamente em função da catação.<br />

2.3 O ATERRO DE JARDIM GRAMACHO: ATERRO SANITÁRIO OU LIXÃO?<br />

O <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho é caracteriza<strong>do</strong> como um <strong>Aterro</strong><br />

Controla<strong>do</strong>. Para uma melhor explanação <strong>do</strong> que é um aterro controla<strong>do</strong>, se faz<br />

necessário uma abordagem <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> disposição e tratamento <strong>do</strong> lixo.<br />

2.3.1 O Sistema <strong>de</strong> Disposição e Tratamento <strong>do</strong> Lixo<br />

De acor<strong>do</strong> com Charnock e Wells (1985), existem três formas básicas para<br />

disposição <strong>de</strong> resíduos sóli<strong>do</strong>s: o lixão ou vaza<strong>do</strong>uro, o aterro controla<strong>do</strong> e o aterro<br />

sanitário.<br />

2.3.1.1 Lixão<br />

Os lixões ou vaza<strong>do</strong>uros são locais que resultam da <strong>de</strong>scarga <strong>do</strong> lixo a céu<br />

aberto sem a avaliação da área em que é realizada a <strong>de</strong>scarga, não existin<strong>do</strong> a<br />

preparação <strong>do</strong> solo e nenhum sistema <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> efluentes <strong>do</strong>s líqui<strong>do</strong>s e<br />

<strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s da <strong>de</strong>composição <strong>do</strong> lixo. Este líqui<strong>do</strong>, <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> <strong>de</strong> chorume, penetra<br />

pela terra contaminan<strong>do</strong> o solo e o lençol freático. Nos lixões não existe nenhum<br />

procedimento para evitar conseqüências ambientais e sociais negativa. É comum a<br />

presença <strong>de</strong> insetos, roe<strong>do</strong>res e outros animais conviven<strong>do</strong> livremente com o lixo a<br />

céu aberto, sen<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s possíveis vetores <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças transmitidas aos<br />

homens (SERRA; GROSSI; PIMENTEL, 1998).<br />

Figura 1: Lixão<br />

Fonte: ARRUDA, 2009.<br />

27


2.3.1.2 <strong>Aterro</strong> Controla<strong>do</strong><br />

No aterro controla<strong>do</strong> o lixo não fica exposto a céu aberto. Periodicamente ele<br />

é coberto com terra, sen<strong>do</strong> essa consi<strong>de</strong>rada a principal diferença <strong>do</strong> lixão para o<br />

aterro controla<strong>do</strong> (MUNOZ, 2002).<br />

O aterro controla<strong>do</strong> é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um intermediário entre o lixão e o aterro<br />

sanitário. Normalmente sua localização é adjacente ao lixão. Essa nova área<br />

<strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> célula adjacente recebe na maioria das vezes uma cobertura <strong>de</strong><br />

argila ou <strong>de</strong> grama, atuan<strong>do</strong> como uma manta impermeável.<br />

Para amenizar a situação ambiental negativa, existe a preocupação diária em<br />

cobrir a pilha <strong>de</strong> lixo recebida com terra ou outro material disponível como, por<br />

exemplo, o saibro.<br />

Nesse tipo <strong>de</strong> aterro existe a recirculação <strong>do</strong> chorume que é realizada através<br />

<strong>do</strong>s cata<strong>do</strong>res. Essa prática que consiste na retirada <strong>do</strong> líqui<strong>do</strong> da parte próxima ao<br />

solo e <strong>de</strong>posita<strong>do</strong> em cima da pilha <strong>de</strong> lixo, tem a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diminuir a absorção<br />

pela terra, consecutivamente uma menor contaminação <strong>do</strong> lençol freático.<br />

Eventualmente no aterro controla<strong>do</strong> existe uma estação <strong>de</strong> tratamento para os<br />

efluentes <strong>do</strong> lixo coleta<strong>do</strong>.<br />

Para Sisinno (2003), os lixões e os aterros controla<strong>do</strong>s não possuem infra-<br />

estrutura sanitária a<strong>de</strong>quada para evitar os problemas oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>de</strong>spejo <strong>de</strong><br />

toneladas <strong>de</strong> resíduos urbanos diariamente.<br />

Figura 2: <strong>Aterro</strong> Controla<strong>do</strong><br />

Fonte: ARRUDA, 2009.<br />

28


2.3.1.3 <strong>Aterro</strong> Sanitário<br />

Outra forma básica para disposição <strong>de</strong> resíduos sóli<strong>do</strong>s é o aterro sanitário,<br />

local esse que mesmo antes <strong>de</strong> iniciar a alocação <strong>do</strong> lixo, <strong>de</strong>ve ter o terreno<br />

previamente prepara<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> ser realiza<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s geológicos e topográficos<br />

para a seleção da área e verificação <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> solo. No aterro sanitário não ocorre<br />

a contaminação <strong>do</strong> lençol freático pelo chorume. Nos seis primeiros meses <strong>de</strong><br />

funcionamento <strong>do</strong> aterro sanitário o chorume é recircula<strong>do</strong> sobre a massa <strong>de</strong> lixo<br />

aterrada, prática essa que também é realizada no aterro controla<strong>do</strong>. Sen<strong>do</strong> que no<br />

aterro sanitário não ocorre à proliferação <strong>de</strong> vetores, mau cheiro e poluição visual<br />

em função <strong>do</strong>s líqui<strong>do</strong>s percola<strong>do</strong>s serem capta<strong>do</strong>s por drenos horizontais para o<br />

tratamento e os gases libera<strong>do</strong>s durante a <strong>de</strong>composição capta<strong>do</strong>s por drenos<br />

verticais. Essa disposição <strong>do</strong> aterro sanitário visa a não causar danos nem perigo ao<br />

meio ambiente e à saú<strong>de</strong> pública (MUNOZ, 2002; SERRA; GROSSI; PIMENTEL,<br />

1998).<br />

Figura 3: <strong>Aterro</strong> Sanitário<br />

Fonte: ARRUDA, 2009.<br />

Em estu<strong>do</strong> elabora<strong>do</strong> por Viana (1999), o autor relata que os aterros<br />

sanitários apresentam algumas limitações, como por exemplo, o tempo <strong>de</strong> vida curto<br />

e a dificulda<strong>de</strong> na obtenção <strong>de</strong> locais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s para sua implantação nas<br />

proximida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s centros urbanos.<br />

29


2.4 UM BREVE PANORAMA DA DISPOSIÇÃO FINAL DO LIXO NO BRASIL<br />

Sen<strong>do</strong> o <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s<br />

maiores aterros da América Latina, ocupan<strong>do</strong> uma área <strong>de</strong> aproximadamente 1,3<br />

milhão <strong>de</strong> m², receben<strong>do</strong> 80% <strong>do</strong> lixo <strong>do</strong>miciliar <strong>do</strong> município <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro e<br />

ainda gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong> lixo <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias, São João <strong>de</strong> Meriti, Nilópolis e<br />

Queima<strong>do</strong>s, perfazen<strong>do</strong> um volume em torno <strong>de</strong> 8.000 toneladas <strong>de</strong> lixo por dia<br />

(BASTOS, 2005; BASTOS, 2007), <strong>de</strong>ssa forma, faz-se necessário realizar um<br />

panorama <strong>de</strong> outros aterros existentes no Brasil a fim <strong>de</strong> situar a dimensão <strong>do</strong> aterro<br />

metropolitano a nível nacional.<br />

No início <strong>do</strong>s anos 90, a Associação Brasileira <strong>de</strong> Engenharia Sanitária e<br />

Ambiental (ABES) e o Instituto <strong>de</strong> Geografia e Estatística (IBGE), comprovaram que<br />

havia uma crise no Brasil relacionada à disposição final <strong>do</strong> lixo. As <strong>de</strong>ficiências na<br />

coleta e a disposição final <strong>do</strong> lixo, que era lança<strong>do</strong> a céu aberto em gran<strong>de</strong><br />

quantida<strong>de</strong> nas cida<strong>de</strong>s brasileiras, constituíam um grave problema tanto a nível<br />

ambiental quanto a nível <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública. No ano <strong>de</strong> 1991, a ABES e o IBGE<br />

realizaram em conjunto nas regiões <strong>do</strong> Brasil um levantamento para avaliar a<br />

disposição final <strong>do</strong> lixo. O quadro 1 mostra a relação percentual <strong>do</strong> total <strong>de</strong> lixo<br />

coleta<strong>do</strong> associa<strong>do</strong> ao seu <strong>de</strong>stino final (IBGE, 1991).<br />

Tipo <strong>de</strong> Tratamento<br />

% Relaciona<strong>do</strong> ao Total <strong>de</strong> Lixo Coleta<strong>do</strong><br />

Regiões <strong>do</strong> Brasil<br />

Destino Final <strong>do</strong><br />

Lixo<br />

Su<strong>de</strong>ste<br />

(SE)<br />

Sul<br />

(SU)<br />

Centro-<br />

Oeste<br />

(CO)<br />

Nor<strong>de</strong>ste<br />

(NE)<br />

Norte<br />

(NO)<br />

Brasil<br />

Céu Aberto 28 88 56 93 70 75<br />

Área Alagada 2 1 1 2 23 0,9<br />

<strong>Aterro</strong> Controla<strong>do</strong> 20 8 18 3 3 13<br />

<strong>Aterro</strong> Sanitário 42 2 16 1 3 10<br />

Compostagem 6 - 5 1 1 1<br />

Incineração 2 1 4 - - 0,1<br />

Quadro 1: Da<strong>do</strong>s Referentes à Disposição e Tratamento <strong>do</strong> Lixo no Brasil no ano <strong>de</strong> 1991<br />

Fonte: IBGE, 1991.<br />

Segun<strong>do</strong> a Pesquisa Nacional <strong>de</strong> Saneamento Básico (PNSB) realizada pelo<br />

IBGE no ano <strong>de</strong> 2000, os brasileiros produziam to<strong>do</strong>s os dias uma média <strong>de</strong> 125.281<br />

toneladas <strong>de</strong> lixo, sen<strong>do</strong> que 68,5% <strong>do</strong>s resíduos gera<strong>do</strong>s nas gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s<br />

brasileiras são dispostos a céu aberto ou áreas alagadas (IBGE, 2000).<br />

30


Hoje, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lixo produzida no país ultrapassa as 240 mil toneladas<br />

por dia, com um crescimento anual em torno <strong>de</strong> 5%, o que significa que o volume<br />

<strong>do</strong>bra a cada cinco anos (PAGLIUSO; REGATTIERI, 2008).<br />

Ainda referencian<strong>do</strong> a mesma pesquisa, aproximadamente 55% <strong>do</strong>s resíduos<br />

gera<strong>do</strong>s no país são <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s aos vaza<strong>do</strong>uros a céu aberto (lixões) e 22% aos<br />

aterros controla<strong>do</strong>s. Do total <strong>do</strong> lixo, apenas 13% são encaminha<strong>do</strong>s aos aterros<br />

sanitários.<br />

Silva, no ano <strong>de</strong> 2008, foi realiza<strong>do</strong> um levantamento <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os aterros<br />

controla<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os aterros sanitários existentes no país, totalizan<strong>do</strong> 126<br />

aterros, assim como a <strong>de</strong>manda necessária para cada região (quadro 2). Para o<br />

acondicionamento i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> toda a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lixo produzida no país, seriam<br />

necessários 281 aterros. Somente no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, esta<strong>do</strong> em que está<br />

situa<strong>do</strong> o <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho, existe uma <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> pelo<br />

menos 4 aterros.<br />

Esta<strong>do</strong> Quantida<strong>de</strong> Existente Demanda<br />

ACRE 03 <strong>Aterro</strong>s instala<strong>do</strong>s 02 Cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>manda<br />

ALAGOAS 03 <strong>Aterro</strong>s instala<strong>do</strong>s 02 Cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>manda<br />

AMAPÁ 01 <strong>Aterro</strong> instala<strong>do</strong> 01 Cida<strong>de</strong> com <strong>de</strong>manda<br />

AMAZONAS 02 <strong>Aterro</strong>s instala<strong>do</strong>s 05 Cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>manda<br />

BAHIA 06 <strong>Aterro</strong>s instala<strong>do</strong>s 23 Cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>manda<br />

CEARÁ 05 <strong>Aterro</strong>s instala<strong>do</strong>s 17 Cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>manda<br />

DISTRITO FEDERAL 01 <strong>Aterro</strong> instala<strong>do</strong> 00 Cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>manda<br />

ESPÍRITO SANTO 05 <strong>Aterro</strong>s instala<strong>do</strong>s 05 Cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>manda<br />

GOIÁS 03 <strong>Aterro</strong>s instala<strong>do</strong>s 09 Cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>manda<br />

MARANHÃO 04 <strong>Aterro</strong>s instala<strong>do</strong>s 12 Cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>manda<br />

MATO GROSSO 02 <strong>Aterro</strong>s instala<strong>do</strong>s 06 Cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>manda<br />

MATO GROSSO DO SUL 01 <strong>Aterro</strong> instala<strong>do</strong> 04 Cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>manda<br />

MINAS GERAIS 19 <strong>Aterro</strong>s instala<strong>do</strong>s 32 Cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>manda<br />

PARÁ 03 <strong>Aterro</strong>s instala<strong>do</strong>s 25 Cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>manda<br />

PARAÍBA 04 <strong>Aterro</strong>s instala<strong>do</strong>s 03 Cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>manda<br />

PARANÁ 05 <strong>Aterro</strong>s instala<strong>do</strong>s 16 Cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>manda<br />

PERNAMBUCO 05 <strong>Aterro</strong>s instala<strong>do</strong>s 12 Cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>manda<br />

PIAUÍ 03 <strong>Aterro</strong>s instala<strong>do</strong>s 03 Cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>manda<br />

RIO DE JANEIRO 06 <strong>Aterro</strong>s instala<strong>do</strong>s 10 Cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>manda<br />

RIO GRANDE DO NORTE 02 <strong>Aterro</strong>s instala<strong>do</strong>s 03 Cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>manda<br />

RIO GRANDE DO SUL 06 <strong>Aterro</strong>s instala<strong>do</strong>s 21 Cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>manda<br />

RONDÔNIA 01 <strong>Aterro</strong> instala<strong>do</strong> 05 Cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>manda<br />

RORAIMA 01 <strong>Aterro</strong> instala<strong>do</strong> 00 Cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>manda<br />

SANTA CATARINA 05 <strong>Aterro</strong>s instala<strong>do</strong>s 10 Cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>manda<br />

SÃO PAULO 27 <strong>Aterro</strong>s instala<strong>do</strong>s 49 Cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>manda<br />

SERGIPE 01 <strong>Aterro</strong> instala<strong>do</strong> 04 Cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>manda<br />

TOCANTINS 02 <strong>Aterro</strong>s instala<strong>do</strong>s 02 Cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>manda<br />

Quadro 2: Localização e qualificação <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os aterros sanitários e controla<strong>do</strong>s existentes no Brasil<br />

até o ano <strong>de</strong> 2008 associa<strong>do</strong>s com a <strong>de</strong>manda <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> esta<strong>do</strong>.<br />

Fonte: SILVA, 2008<br />

31


Arruda (2009), em sua obra, disserta que o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro é<br />

forma<strong>do</strong> por 92 (noventa e <strong>do</strong>is) Municípios com locais <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a disposição <strong>do</strong>s<br />

resíduos sóli<strong>do</strong>s compostos por:<br />

a) 4 (quatro) aterros sanitários licencia<strong>do</strong>s, localiza<strong>do</strong>s em Rio das Ostras, Nova<br />

Iguaçu, Piraí e Macaé;<br />

b) 13 (treze) aterros controla<strong>do</strong>s localiza<strong>do</strong>s em: Angra <strong>do</strong>s Reis, Duque <strong>de</strong> Caxias<br />

(Jardim Gramacho), Nova Friburgo, Resen<strong>de</strong>, Teresópolis, Barra <strong>do</strong> Piraí, Rio<br />

Bonito, Santa Maria Madalena, Petrópolis, Miracema, Maricá, Porciúncula e<br />

Nativida<strong>de</strong>;<br />

c) 6 (seis) aterros sanitários em licenciamento aloca<strong>do</strong>s em Macaé, Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

(Paciência), Nova Friburgo, Paracambi, São Pedro da Al<strong>de</strong>ia e Campos;<br />

d) 4 (quatro) unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> triagem e compostagem em fase <strong>de</strong> implantação;<br />

e) 53 (cinqüenta e três) unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> triagem e compostagem implantadas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

1977, sen<strong>do</strong> que 26 (vinte e seis) unida<strong>de</strong>s operan<strong>do</strong> normalmente e;<br />

f) 62 (sessenta e <strong>do</strong>is) lixões.<br />

2.5 A CONTEXTUALIZAÇÃO DO ATERRO METROPOLITANO DO JARDIM<br />

XXXGRAMACHO (AMJG)<br />

O AMJG fica localiza<strong>do</strong> em uma área em que a trinta anos atrás era um<br />

manguezal à beira da Baia <strong>de</strong> Guanabara. O aterro sanitário ocupou uma parte da<br />

região pertencente à antiga Fazenda São Bento, que foi repassada ao Instituto <strong>de</strong><br />

Colonização e Reforma Agrária (INCRA). No ano <strong>de</strong> 1973 foi firma<strong>do</strong> um contrato<br />

entre o INCRA a Fundação para o <strong>de</strong>senvolvimento da Região Metropolitana<br />

(FUNDREM) e a Companhia <strong>de</strong> Limpeza Urbana <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro (COMLURB),<br />

sen<strong>do</strong> <strong>do</strong>a<strong>do</strong> a COMLURB um lote para a implantação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> lixo.<br />

Com a implantação <strong>do</strong> aterro na região <strong>de</strong> Jardim Gramacho, ocorreu um<br />

<strong>de</strong>srespeito da Lei Fe<strong>de</strong>ral nº. 4771 <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1965, on<strong>de</strong> o Código<br />

Florestal Brasileiro em um <strong>do</strong>s seus artigos <strong>de</strong>clara que os manguezais são áreas <strong>de</strong><br />

preservação permanente. Na Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988 o artigo 255 parágrafo 4º<br />

consi<strong>de</strong>ra patrimônio nacional a Mata Atlântica e a Zona Costeira. A Constituição<br />

Estadual no artigo 265 <strong>de</strong>clara que a Baia <strong>de</strong> Guanabara e seus manguezais são<br />

áreas <strong>de</strong> preservação permanente (MAIA, 2007).<br />

32


No ano <strong>de</strong> 1976, o aterro passou a funcionar como vaza<strong>do</strong>uro <strong>de</strong> lixo urbano<br />

administra<strong>do</strong> pela COMLURB até o ano <strong>de</strong> 1996, funcionan<strong>do</strong> como um verda<strong>de</strong>iro<br />

lixão. Des<strong>de</strong> então, aten<strong>de</strong> a <strong>de</strong>stinação final <strong>de</strong> resíduos sóli<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong><br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, Duque <strong>de</strong> Caxias, Nilópolis, Mesquita, São João <strong>de</strong> Meriti e<br />

Queima<strong>do</strong>s. Com uma área aproximada <strong>de</strong> 1,3 milhões <strong>de</strong> m², o aterro recebe<br />

diariamente cerca <strong>de</strong> 600 caminhões <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> 8.000 toneladas <strong>de</strong> lixo, perfazen<strong>do</strong><br />

aproximadamente 240.000 toneladas <strong>de</strong> lixo por mês (BASTOS, 2005; PINTO,<br />

2004).<br />

Com o crescimento da preocupação relacionada à questão ambiental,<br />

principalmente com a poluição da Baía <strong>de</strong> Guanabara e a <strong>de</strong>struição <strong>do</strong>s<br />

manguezais, a COMLURB mediante licitação pública realizada no ano <strong>de</strong> 1996<br />

terceirizou a gestão <strong>do</strong> aterro para Empresa Queiroz Galvão, ten<strong>do</strong> esta o objetivo<br />

<strong>de</strong> impor medidas técnicas para a recuperação da área, <strong>do</strong> tratamento <strong>do</strong> chorume e<br />

<strong>do</strong> biogás advin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> lixo, promoven<strong>do</strong> a transformação <strong>do</strong> que antes era<br />

<strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> “Lixão <strong>de</strong> Caxias” para um <strong>Aterro</strong> Sanitário. Em mea<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 2001, a<br />

Empresa Queiroz Galvão <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> operar no aterro, assumin<strong>do</strong> a operação a<br />

Empresa EBEC, com um contrato <strong>de</strong> emergência até agosto <strong>de</strong> 2002, passan<strong>do</strong> a<br />

gerência, manutenção e fiscalização para a Empresa S. A. Paulista que atua até os<br />

dias <strong>de</strong> hoje (COEP, 2005; COMLURB, 2009).<br />

Em estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> por Pinto (2004), o <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim<br />

Gramacho possui Estação <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Chorume, Praça <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong>, Rampa <strong>de</strong> Carreta e a Rampa “Dona Marta” atuan<strong>do</strong> ali os cata<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>pósito e prócooperativa<strong>do</strong>s ou cata<strong>do</strong>res soltos. Apesar <strong>de</strong> existir 150 <strong>de</strong>pósitos<br />

<strong>de</strong> diferentes portes situa<strong>do</strong>s no entorno <strong>do</strong> aterro, apenas 42 <strong>de</strong>pósitos estão<br />

cadastra<strong>do</strong>s e autoriza<strong>do</strong>s pela S. A. Paulista.<br />

A partir <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s pela pesquisa <strong>de</strong> Pinto (2004), os <strong>de</strong>pósitos<br />

cadastra<strong>do</strong>s no aterro apresentam distinções significativas, sen<strong>do</strong> caracteriza<strong>do</strong>s em<br />

três categorias:<br />

a) a primeira categoria como precários, em que as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> separação são<br />

realizadas a céu aberto, em precárias condições <strong>de</strong> higiene e trabalho, em alguns<br />

casos funcionan<strong>do</strong> próximo ao mangue, associa<strong>do</strong> aos locais <strong>de</strong> distribuição e<br />

venda <strong>de</strong> drogas;<br />

33


) a segunda categoria caracterizada como semi-organiza<strong>do</strong>s, com material para<br />

armazenamento, separação a céu aberto, alguns emprega<strong>do</strong>s fixos e caminhão para<br />

o recolhimento no aterro;<br />

c) e a terceira categoria classificada como os gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>pósitos com sistema<br />

digitaliza<strong>do</strong>, emprega<strong>do</strong>s fixos, equipamentos diversos, separa<strong>do</strong>res, vários<br />

caminhões e po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra <strong>do</strong> material recolhi<strong>do</strong> pelos menores, sen<strong>do</strong> apenas<br />

cinco <strong>de</strong>pósitos classifica<strong>do</strong>s nesse grupo.<br />

Alguns <strong>de</strong>pósitos funcionam como intermediários compran<strong>do</strong> materiais<br />

coleta<strong>do</strong>s pelos cata<strong>do</strong>res e ven<strong>de</strong>n<strong>do</strong> para gran<strong>de</strong>s compra<strong>do</strong>res, como por<br />

exemplo, as indústrias, promoven<strong>do</strong> também a compra e a venda entre <strong>de</strong>pósitos.<br />

Dentro <strong>do</strong> aterro, uma massa <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res informais, aproximadamente<br />

1.700 cata<strong>do</strong>res <strong>de</strong> materiais recicláveis vem ha quase 30 anos exercen<strong>do</strong> essa<br />

ativida<strong>de</strong> na superfície <strong>do</strong> aterro (GOMES, 2008).<br />

Em matéria divulgada pelo sociólogo Jorge Pinheiro (2009), no ano <strong>de</strong> 2004<br />

foi cria<strong>do</strong> a Associação <strong>do</strong>s Cata<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Jardim Gramacho (ACAMJG) a partir da<br />

iniciativa <strong>de</strong> alguns cata<strong>do</strong>res locais com a missão <strong>de</strong> garantir a inclusão <strong>do</strong>s<br />

cata<strong>do</strong>res no processo <strong>de</strong> negociação sobre as responsabilida<strong>de</strong>s quanto ao passivo<br />

sócio-ambiental e à discussão das ações repara<strong>do</strong>ras que <strong>de</strong>verão ser tomadas<br />

quanto ao fechamento <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho. A ACAMJG<br />

também realiza um trabalho <strong>de</strong> mobilização para cobrar políticas públicas e garantir<br />

a participação <strong>do</strong> cata<strong>do</strong>r na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong>ssas políticas.<br />

Para Pinheiro (2009):<br />

“... o aterro está no limite <strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong> e já apresenta sinais que,<br />

uma parte <strong>do</strong> lixo acumula<strong>do</strong> ali nos últimos 30 anos, po<strong>de</strong> verter para<br />

<strong>de</strong>ntro da Baia <strong>de</strong> Guanabara. A melhor imagem que se po<strong>de</strong> usar<br />

para <strong>de</strong>screver o que po<strong>de</strong> acontecer com o aterro é a <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong><br />

montanha <strong>de</strong> lixo sobre uma base gelatinosa – já que o solo é argiloso<br />

no local que outrora era mangue - que a qualquer momento po<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sandar para <strong>de</strong>ntro da Baia <strong>de</strong> Guanabara”.<br />

2.6 O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE JARDIM GRAMACHO<br />

O Município <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias, economicamente, apresenta um gran<strong>de</strong><br />

crescimento nos últimos anos, sen<strong>do</strong> a indústria e o comércio as principais<br />

ativida<strong>de</strong>s. Em to<strong>do</strong> o município há cerca <strong>de</strong> 809 indústrias e aproximadamente 10<br />

34


mil estabelecimentos comerciais instala<strong>do</strong>s. Segun<strong>do</strong> o IBGE (2007), o município <strong>de</strong><br />

Duque <strong>de</strong> Caxias registrou no ano <strong>de</strong> 2005, o 46º maior PIB no ranking nacional e o<br />

segun<strong>do</strong> maior <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, em um total <strong>de</strong> 18,3 bilhões <strong>de</strong> reais. A<br />

cida<strong>de</strong> ocupa o segun<strong>do</strong> lugar no ranking <strong>de</strong> arrecadação <strong>de</strong> ICMS <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>,<br />

per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> somente para a capital. No município está localizada uma das maiores<br />

refinarias da Petrobrás, a REDUC, possui um pólo gás-químico e contará com uma<br />

usina termelétrica (COEP, 2005).<br />

Associan<strong>do</strong> o bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho, Pinto (2004), relata em sua<br />

pesquisa que o <strong>de</strong>senvolvimento econômico <strong>do</strong> sub-bairro Jardim Gramacho, mais<br />

especificamente nas áreas periféricas ao aterro, está diretamente voltada para a<br />

ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> catação, comercialização e recuperação <strong>de</strong> recicláveis. Fato este que<br />

torna a região um gran<strong>de</strong> Centro Econômico ativo em que to<strong>do</strong> o comércio sobrevive<br />

exclusivamente em função da presença <strong>do</strong> cata<strong>do</strong>r, on<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 15.000 pessoas<br />

vivem da riqueza produzida pelo trabalho <strong>do</strong>s cata<strong>do</strong>res.<br />

São os cata<strong>do</strong>res que retiram <strong>do</strong> aterro toneladas <strong>de</strong> materiais que são<br />

compra<strong>do</strong>s em seguida pelos sucateiros locais, existin<strong>do</strong> ainda várias biroscas,<br />

bares e botequins <strong>de</strong> médio porte que comercializam diariamente alimentação,<br />

bebidas alcoólicas e cigarros, entre outros itens (BASTOS; ARAUJO, 1998;<br />

PINHEIRO, 2009; PINTO, 2004).<br />

Bastos (2005), aborda que cerca <strong>de</strong> 60% <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res vivem <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s<br />

ligadas à comercialização <strong>de</strong> recicláveis. Alguns diretamente realizan<strong>do</strong> ativida<strong>de</strong>s<br />

como catação <strong>de</strong> lixo, abertura <strong>de</strong> aterros clan<strong>de</strong>stinos e trabalho nos <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong><br />

sucatas. Outros viven<strong>do</strong>, indiretamente, das já citadas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comércio em<br />

estabelecimentos como biroscas, barracas e bares, instala<strong>do</strong>s fundamentalmente na<br />

via principal que leva ao aterro. De acor<strong>do</strong> com informações <strong>do</strong>s participantes <strong>do</strong> 1º.<br />

Encontro <strong>de</strong> Integração Comunitária <strong>de</strong> Jardim Gramacho, somente próximo ao<br />

aterro existem cerca <strong>de</strong> 35 (trinta e cinco) comércios <strong>de</strong>ntre barracas e bares.<br />

O comércio em torno <strong>do</strong> sub-bairro, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com Bastos (2005), ven<strong>de</strong><br />

fia<strong>do</strong> alimentação, bebidas alcoólicas e cigarros aos cata<strong>do</strong>res que empenham seu<br />

dia <strong>de</strong> trabalho aos <strong>do</strong>nos <strong>de</strong> bares, biroscas, barracas e botequins <strong>de</strong> médio porte.<br />

Via <strong>de</strong> regra, o valor consumi<strong>do</strong> diariamente ultrapassa a quantia que conseguem<br />

receber por dia, geran<strong>do</strong> um ciclo <strong>de</strong> endividamentos constantes.<br />

No que diz respeito às Indústrias, existe uma média entre 35 e 40 fábricas<br />

instaladas no sub-bairro, <strong>de</strong>ntre elas duas metalúrgicas, uma fábrica <strong>de</strong> parafusos,<br />

35


<strong>do</strong>is curtumes, uma fábrica <strong>de</strong> vidro, duas fábricas <strong>de</strong> motores, quatro serrarias e<br />

três marcenarias, uma fábrica <strong>de</strong> tintas, uma fábrica <strong>de</strong> “palha <strong>de</strong> aço”, uma<br />

marmoraria e uma fábrica <strong>de</strong> móveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>coração, uma indústria <strong>de</strong> Álcool e<br />

Açúcar, uma fábrica <strong>de</strong> cigarros, uma fábrica <strong>de</strong> móveis e uma fábrica <strong>de</strong> produtos<br />

<strong>de</strong> limpeza, entre outras não i<strong>de</strong>ntificadas.<br />

No que tange à educação, o sub-bairro possui 3 colégios estaduais, 2<br />

municipais, uma escola e uma creche comunitária, além <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 20 escolas<br />

particulares (<strong>de</strong> pequeno e médio porte). Com relação à saú<strong>de</strong>, Jardim Gramacho<br />

possui um posto Médico e o Programa <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família (BASTOS, 2005).<br />

2.7 O ENCERRAMENTO DO ATERRO METROPLOITNO DE JARDIM<br />

xXxxxGRAMACHO<br />

Com mais <strong>de</strong> 30 (trinta) anos consecutivos <strong>de</strong> plena ativida<strong>de</strong>, o AMJG está<br />

na iminência <strong>de</strong> ser realmente fecha<strong>do</strong>. Vários são os fatores relaciona<strong>do</strong>s ao seu<br />

encerramento. Existe a relação da vida útil <strong>do</strong> aterro, que não tem mais capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> receber as 8 (oito) mil toneladas <strong>de</strong> lixo diariamente, como também a<br />

<strong>de</strong>terminação da legislação ambiental <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, proibin<strong>do</strong> o<br />

lançamento e disposição a céu aberto <strong>de</strong> resíduos sóli<strong>do</strong>s.<br />

Des<strong>de</strong> a sua inauguração, quan<strong>do</strong> o bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho testemunhou<br />

a inauguração <strong>do</strong> maior aterro sanitário da América Latina, ele é vítima <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

preocupações e revoltas, iniciadas nos primeiros anos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> pela própria<br />

comunida<strong>de</strong>. Agora, anos <strong>de</strong>pois, o que traz inúmeras incertezas para a região é a<br />

<strong>de</strong>sativação <strong>do</strong> aterro. Programada ainda para este ano, a sua <strong>de</strong>sativação, leva a<br />

preocupação e o <strong>de</strong>sespero para uma comunida<strong>de</strong> que apren<strong>de</strong>u a conviver e viver<br />

com o lixo <strong>de</strong>speja<strong>do</strong> a cada dia em Duque <strong>de</strong> Caxias (PFISTER, 2011).<br />

Em face <strong>de</strong> sucessivas polêmicas, o AMJG <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua ativação até o ano <strong>de</strong><br />

1996 contribui diretamente para a poluição da Baía <strong>de</strong> Guanabara. Sem qualquer<br />

tratamento <strong>do</strong> lixo ali <strong>de</strong>posita<strong>do</strong>, o <strong>de</strong>stino <strong>do</strong> chorume foi direto para as águas da<br />

baía. Em matéria divulgada por Ama<strong>do</strong>r (1996), cerca <strong>de</strong> 5% a 10% da poluição da<br />

Baía <strong>de</strong> Guanabara é em <strong>de</strong>corrência <strong>do</strong> AMJG.<br />

O fechamento <strong>do</strong> AMJG já foi tenta<strong>do</strong> várias vezes, pois o gigantesco<br />

<strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> lixo, como cita<strong>do</strong> anteriormente, está situa<strong>do</strong> às margens da Baía <strong>de</strong><br />

Guanabara, que po<strong>de</strong> sofrer um grave aci<strong>de</strong>nte ambiental se houver vazamento<br />

36


expressivo <strong>de</strong> resíduos para o mar. De um la<strong>do</strong>, essa é uma <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> respeito ao<br />

ambiente. O lixo irá para um local mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> e Gramacho po<strong>de</strong>rá ganhar um<br />

parque ro<strong>de</strong>a<strong>do</strong> pelos manguezais, que já estão sen<strong>do</strong> recupera<strong>do</strong>s. De outro, no<br />

entanto, é um grave problema social ainda sem solução para quem vive direta e<br />

indiretamente <strong>do</strong> lixo (JORNAL DO BRASIL, 2011)<br />

Des<strong>de</strong> o ano <strong>de</strong> 2004, o <strong>Aterro</strong> Sanitário <strong>de</strong> Jardim Gramacho está sen<strong>do</strong><br />

persegui<strong>do</strong> pela Fe<strong>de</strong>ração Estadual <strong>de</strong> Engenharia <strong>do</strong> Meio Ambiente (FEEMA) e<br />

pelo Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral e Estadual. Foi elaborada pelo Ministério Público<br />

uma minuta <strong>de</strong> Termo <strong>de</strong> Ajustamento <strong>de</strong> Conduta (TAC) que tem como objetivo<br />

regular as medidas a serem a<strong>do</strong>tadas para a paralisação <strong>do</strong> aterro, mas a<br />

COMLURB recusou-se a assumir com exclusivida<strong>de</strong> a responsabilida<strong>de</strong> pelo passivo<br />

ambiental (MEIRELLES; GOMES, 2009).<br />

Várias são as propostas para a recuperação <strong>de</strong> Jardim Gramacho quan<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

fechamento <strong>do</strong> aterro. Por mais <strong>de</strong> 30 (trinta) anos receben<strong>do</strong> por mais <strong>de</strong> 9 (nove)<br />

milhões <strong>de</strong> pessoas o lixo <strong>de</strong> alguns municípios e da cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

caracteriza um <strong>do</strong>s emissores <strong>de</strong> gás <strong>do</strong> efeito estufa da Região Metropolitana.<br />

Capturan<strong>do</strong> o gás metano e o transforma<strong>do</strong> em gás natural, <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> emitir<br />

milhares <strong>de</strong> toneladas <strong>de</strong> dióxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbônico, cumprin<strong>do</strong> assim uma <strong>de</strong>terminação<br />

legal sancionada pelo presi<strong>de</strong>nte Luiz Inácio Lula da Silva em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2009<br />

que é a Lei <strong>do</strong> Clima. E, a partir <strong>do</strong> fechamento <strong>do</strong> AMJG, o gás resultante será<br />

usa<strong>do</strong> como combustível, acor<strong>do</strong> esse realiza<strong>do</strong> entre o Governo Fe<strong>de</strong>ral, o Esta<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, a Petrobras e a COMLURB, preven<strong>do</strong> que 200 mil metros cúbicos<br />

<strong>de</strong> gás metano sejam utiliza<strong>do</strong>s como fonte <strong>de</strong> energia pela Refinaria <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong><br />

Caxias (REDUC) (ABDALA, 2010).<br />

Na pesquisa realizada por Gomes (2008), o encerramento <strong>do</strong> aterro <strong>de</strong>sperta<br />

duas reações nos cata<strong>do</strong>res: aqueles que não acreditam no fechamento, e afirmam<br />

que não vai acabar em função <strong>do</strong> tempo em que se fala nesse aspecto, alegan<strong>do</strong><br />

que o tráfico não <strong>de</strong>ixará isso acontecer; mas por outro la<strong>do</strong>, existem os cata<strong>do</strong>res<br />

que efetivamente buscam se preparar para o encerramento das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

catação.<br />

A <strong>de</strong>sativação <strong>do</strong> AMJG é tema recorrente em várias matérias publicadas<br />

(quase que diariamente) em jornais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> circulação no país, pois a base<br />

principal das argumentações está sempre pautada na situação <strong>do</strong> cata<strong>do</strong>r.<br />

37


Também, é evi<strong>de</strong>nciada nas literaturas científicas, argumentações quanto ao<br />

fechamento <strong>do</strong> aterro atreladas a uma maior exclusão <strong>do</strong> cata<strong>do</strong>r, ao <strong>de</strong>semprego e<br />

a falta <strong>de</strong> políticas públicas claras e precisas para essa parcela <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res que<br />

sobrevivem diretamente da catação em Jardim Gramacho. Porém, quan<strong>do</strong> se trata<br />

<strong>do</strong> comércio informal em torno da região <strong>do</strong> AMJG, não foram encontra<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s<br />

científicos, dificultan<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa forma a associação da pesquisa empírica com a<br />

fundamentação teórica específica <strong>do</strong> problema a ser investiga<strong>do</strong>.<br />

38


3 METODOLOGIA<br />

Trata-se, <strong>de</strong> uma pesquisa qualitativa, que conforme a taxionomia utilizada<br />

por Vergara (2006), po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada quanto aos fins como exploratória e<br />

<strong>de</strong>scritiva e quanto aos meios como estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso, conforme será <strong>de</strong>scrito no<br />

<strong>de</strong>correr <strong>de</strong>ste capítulo.<br />

O estu<strong>do</strong> será realiza<strong>do</strong> no sub-bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho, localiza<strong>do</strong> no 1º<br />

Distrito <strong>do</strong> Município <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias, no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, on<strong>de</strong> está<br />

instala<strong>do</strong> o <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>do</strong> século<br />

XXI é alvo <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sativação que até o momento não ocorreu. Mas a<br />

partir das discussões em torno <strong>de</strong>ssa iniciativa, preten<strong>de</strong>-se investigar quais os<br />

impactos <strong>de</strong>sse possível fechamento junto àqueles que trabalham no setor informal<br />

<strong>de</strong> alimentos na região.<br />

3.1 O TIPO DE PESQUISA<br />

A pesquisa caracteriza-se como exploratória em função <strong>de</strong> não haver estu<strong>do</strong>s<br />

que abor<strong>de</strong>m o impacto econômico que será ocasiona<strong>do</strong> no bairro Jardim Gramacho<br />

a partir <strong>do</strong> encerramento das ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong>. A investigação<br />

exploratória, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com Vergara (2006), é aquela que é realizada sobre temas<br />

carentes <strong>de</strong> conhecimento acumula<strong>do</strong> e sistematiza<strong>do</strong>. Sustentan<strong>do</strong> o conceito da<br />

pesquisa exploratória, Gil (2008), <strong>de</strong>screve que são pesquisas <strong>de</strong>senvolvidas com o<br />

objetivo <strong>de</strong> proporcionar uma visão geral <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> fato que, para a<br />

pesquisa em questão, está pauta<strong>do</strong> no fechamento <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong><br />

Jardim Gramacho.<br />

Ainda quanto aos fins, a pesquisa é consi<strong>de</strong>rada como <strong>de</strong>scritiva porque visa<br />

<strong>de</strong>screver as percepções, expectativas e sugestões <strong>do</strong>s sujeitos da pesquisa, em<br />

que serão expostas as características da população associadas ao fechamento <strong>do</strong><br />

<strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho. As pesquisas <strong>de</strong>scritivas têm por objetivo<br />

levantar opiniões, atitu<strong>de</strong>s e crenças <strong>de</strong> uma população, expon<strong>do</strong> as características<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada população ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> fenômeno (GIL, 2008; VERGARA,<br />

2006).<br />

Para a execução da fundamentação teórica e meto<strong>do</strong>lógica, foi utiliza<strong>do</strong> como<br />

meio <strong>de</strong> investigação a pesquisa bibliográfica. Vergara (2006), <strong>de</strong>screve que a<br />

39


pesquisa bibliográfica é o estu<strong>do</strong> sistemático <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> com base em material<br />

publica<strong>do</strong> e que possa ter acesso o público em geral.<br />

A abordagem investigativa pautou-se no estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso. Segun<strong>do</strong> Yin (2005),<br />

o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso é a estratégia escolhida ao se examinar acontecimentos<br />

contemporâneos. Consiste no uso <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> um méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong><br />

informações, possibilitan<strong>do</strong> lidar com uma ampla varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> evidências. Investiga<br />

um fenômeno contemporâneo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seu contexto da vida real, especialmente<br />

quan<strong>do</strong> os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s.<br />

Utilizan<strong>do</strong> a taxionomia proposta por Vergara (2006), o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso é<br />

caracteriza<strong>do</strong> como um <strong>do</strong>s critérios básicos classifica<strong>do</strong> como meios <strong>de</strong><br />

investigação da pesquisa. Esta dissertação utilizan<strong>do</strong> o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso como meio<br />

<strong>de</strong> investigação, tem como objetivo principal investigar o que o fechamento <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong><br />

<strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho (fenômeno) irá gerar na situação econômica <strong>do</strong><br />

referi<strong>do</strong> bairro (contexto da vida real), principalmente no setor informal da<br />

alimentação, visto que, como menciona<strong>do</strong> anteriormente, é o principal ramo <strong>do</strong><br />

comércio da região. Para a obtenção <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s será utilizada a técnica da entrevista<br />

e a observação, que serão <strong>de</strong>talha<strong>do</strong>s mais a diante.<br />

3.2 O UNIVERSO, A AMOSTRA E O SUJEITO DA PESQUISA<br />

3.2.1 O Universo da Pesquisa<br />

O <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um gran<strong>de</strong><br />

gera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> renda para o sub-bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho, tanto para aqueles que<br />

trabalham diretamente na catação quanto para aqueles que exercem suas<br />

ativida<strong>de</strong>s no comércio e nas indústrias em torno <strong>do</strong> aterro.<br />

Em uma abordagem organizacional, preten<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>monstrar a evolução <strong>do</strong><br />

sub-bairro Jardim Gramacho através <strong>do</strong> comércio informal <strong>de</strong> alimentos pautada em<br />

torno <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong>. Vergara (2006) <strong>de</strong>fine o universo da pesquisa como<br />

sen<strong>do</strong> o conjunto <strong>de</strong> elementos que possuem as características que serão o objeto<br />

<strong>de</strong> estu<strong>do</strong>. Partin<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa premissa, o universo da pesquisa caracteriza-se pelo<br />

comércio informal <strong>de</strong> alimentos (bares, biroscas, barracas e botequins) localiza<strong>do</strong>s<br />

em torno <strong>do</strong> AMJG, local esse em que foi <strong>de</strong>limita<strong>do</strong> o estu<strong>do</strong>.<br />

40


O universo da pesquisa foi assim escolhi<strong>do</strong> por ser o segmento <strong>do</strong> comércio<br />

da região estudada que apresenta maior representativida<strong>de</strong> na economia <strong>do</strong> sub-<br />

bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho, totalizan<strong>do</strong> 48 (quarenta e oito) estabelecimentos<br />

comerciais.<br />

3.2.2 A Amostra Pesquisada<br />

Gil (2008), classifica as amostras em <strong>do</strong>is gran<strong>de</strong>s grupos: probabilísticas,<br />

baseadas em procedimentos estatísticos; e não probabilísticas, que não apresenta<br />

fundamentação matemática ou estatística, fican<strong>do</strong> a critério <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r<br />

<strong>de</strong>terminar o número i<strong>de</strong>al da amostra.<br />

Por se tratar <strong>de</strong> uma pesquisa exploratória e qualitativa, a pesquisa baseou-<br />

se no tipo <strong>de</strong> amostra não probabilística, <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> pelo critério <strong>de</strong> acessibilida<strong>de</strong>. A<br />

amostra foi composta por 8 (oito) estabelecimentos <strong>do</strong> segmento informal da<br />

alimentação, representan<strong>do</strong> 17% <strong>do</strong> universo <strong>de</strong> 48 (quarenta e oito)<br />

estabelecimentos. Essa amostragem dá-se em função <strong>de</strong> ter si<strong>do</strong> a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

estabelecimentos que se mostraram disposta a colaborar com a pesquisa, ten<strong>do</strong> em<br />

vista que a maioria se mostrou <strong>de</strong>sconfiada. Tal amostragem foi consi<strong>de</strong>rada<br />

satisfatória por haver a saturação empírica, fato este constata<strong>do</strong> pelo pesquisa<strong>do</strong>r.<br />

O critério <strong>de</strong> acessibilida<strong>de</strong> não requer rigor estatístico, on<strong>de</strong> os elementos<br />

são seleciona<strong>do</strong>s pela facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso, admitin<strong>do</strong> assim, que possam<br />

representar o universo, utiliza<strong>do</strong>s em pesquisas exploratórias e qualitativas (GIL,<br />

2008; VERGARA 2006).<br />

3.2.3 O Sujeito da Pesquisa<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que os sujeitos da pesquisa são as pessoas capacitadas em<br />

fornecer os da<strong>do</strong>s necessários, serão consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como o sujeito da pesquisa em<br />

questão os proprietários <strong>do</strong>s bares, biroscas, barracas e botequins localiza<strong>do</strong>s em<br />

torno <strong>do</strong> AMJG, local esse on<strong>de</strong> circulam os mora<strong>do</strong>res da região e os cata<strong>do</strong>res, os<br />

caminhoneiros e os <strong>de</strong>mais trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> aterro. Sen<strong>do</strong> esses trabalha<strong>do</strong>res os<br />

usuários permanentes <strong>do</strong> comércio que ali se instalou.<br />

41


A escolha <strong>do</strong>s sujeitos – os proprietários – justifica-se em função <strong>de</strong> ser a<br />

pessoa responsável por saber informar to<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s necessários para a execução<br />

da pesquisa. Da<strong>do</strong>s sobre a inserção <strong>do</strong> comércio, o motivo pelo qual ele se<br />

estabeleceu na região, a renda obtida, as percepções sobre as características da<br />

clientela, as percepções sobre a probabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> fechamento <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong><br />

<strong>Metropolitano</strong> e quais conseqüências <strong>do</strong> fechamento para seu comércio, os<br />

mora<strong>do</strong>res da região e a economia <strong>do</strong> sub-bairro Jardim Gramacho.<br />

O quadro 3 apresenta a relação <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s. O mesmo permite mostrar<br />

que o segmento <strong>do</strong> comércio pesquisa<strong>do</strong> <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> à alimentação existe na região<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a inauguração <strong>do</strong> AMJG, ou seja, a mais <strong>de</strong> 30 anos. A fim <strong>de</strong> preservar a<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s sujeitos da pesquisa, foi utiliza<strong>do</strong> para a <strong>de</strong>signação <strong>do</strong>s mesmos<br />

alguns codinomes.<br />

I<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s Nome Tempo <strong>de</strong><br />

Entrevista<strong>do</strong>s<br />

Estabelecimento<br />

Entrevista 1 Jorge 15 anos<br />

Entrevista 2 José 12 anos<br />

Entrevista 3 João Mais <strong>de</strong> 30 anos<br />

Entrevista 4 Josué 1 ano e 3 meses<br />

Entrevista 5 Jonas 17 anos<br />

Entrevista 6 Jandival 18 anos<br />

Entrevista 7 Juarez 4 anos<br />

Entrevista 8 Josimar 12 anos<br />

Quadro 3: Relação <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s ao tempo <strong>de</strong> permanência nos<br />

estabelecimentos comerciais analisa<strong>do</strong>s.<br />

Fonte: Da<strong>do</strong>s Coleta<strong>do</strong>s pelo Autor, 2010.<br />

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS<br />

3.3.1 A Pesquisa Bibliográfica<br />

Inicialmente, a coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s realizou-se por meio da revisão da literatura.<br />

Para a fundamentação teórica da pesquisa foi realizada a investigação sobre os<br />

seguintes assuntos: aterro metropolitano, aterro sanitário, cata<strong>do</strong>r <strong>de</strong> lixo,<br />

<strong>de</strong>senvolvimento local, <strong>de</strong>senvolvimento econômico, Jardim Gramacho e território. O<br />

levantamento bibliográfico foi realiza<strong>do</strong> com base em material publica<strong>do</strong> em livros,<br />

pesquisas acadêmicas como teses e dissertações, artigos científicos em periódicos<br />

nacionais e internacionais especializa<strong>do</strong>s, jornais, Leis, Decretos, Resoluções e sites<br />

relevantes com publicações a respeito <strong>do</strong> assunto aborda<strong>do</strong> nesta pesquisa.<br />

42


Com os resulta<strong>do</strong>s da abordagem literária, espera-se uma compreensão<br />

maior <strong>do</strong> fenômeno associa<strong>do</strong> ao impacto econômico que será ocasiona<strong>do</strong> no<br />

merca<strong>do</strong> informal <strong>de</strong> alimentos <strong>do</strong> sub-bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho a partir <strong>do</strong><br />

encerramento das ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> instala<strong>do</strong> na região.<br />

3.3.2 A Pesquisa Empírica<br />

A pesquisa empírica, inicialmente realizada no mês <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2010, teve<br />

como principal propósito o reconhecimento <strong>do</strong> campo, on<strong>de</strong> possibilitou a obtenção<br />

<strong>do</strong>s elementos iniciais para a <strong>de</strong>finição <strong>do</strong> problema da pesquisa, principalmente <strong>do</strong><br />

universo e <strong>do</strong>s sujeitos da pesquisa, favorecen<strong>do</strong> assim a formulação das<br />

suposições.<br />

Em outro momento da pesquisa <strong>de</strong> campo, foram realizadas 8 (oito)<br />

entrevistas semi-estruturadas com os sujeitos da pesquisa a fim <strong>de</strong> se estabelecer o<br />

diagnóstico.<br />

3.3.2.1 A Observação Simples<br />

Os registros das observações foram realiza<strong>do</strong>s em um ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> notas,<br />

sen<strong>do</strong> registra<strong>do</strong> na maioria das vezes no momento da ocorrência <strong>do</strong>s fatos. Em<br />

alguns momentos, para evitar o constrangimento mediante a situação vivenciada e<br />

dificultar posterior coleta das informações, as observações foram memorizadas pelo<br />

pesquisa<strong>do</strong>r e anotadas posteriormente, não foram utiliza<strong>do</strong>s grava<strong>do</strong>res e nem<br />

câmaras fotográficas para o registro <strong>de</strong> tais observações, a fim <strong>de</strong> não comprometer<br />

o processo observacional.<br />

3.3.2.2 A Entrevista<br />

No campo, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas (apêndice A) face<br />

a face com os sujeitos da pesquisa, <strong>de</strong> forma que cada um <strong>de</strong>les obteve as<br />

informações necessárias para a i<strong>de</strong>al condução da mesma, explican<strong>do</strong> o objetivo, a<br />

relevância da pesquisa, a importância da sua colaboração, bem como a garantia <strong>de</strong><br />

sua confi<strong>de</strong>ncialida<strong>de</strong>.<br />

43


Foi solicitada a autorização para as gravações das entrevistas e para aqueles<br />

que não autorizarem a gravação, as entrevistas foram transcritas no momento <strong>do</strong>s<br />

questionamentos. O roteiro das entrevistas foi elabora<strong>do</strong> a partir da pesquisa<br />

bibliográfica relacionada ao <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho.<br />

Os entrevista<strong>do</strong>s foram aborda<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma bastante cortês, sen<strong>do</strong> solicita<strong>do</strong><br />

a assinatura <strong>do</strong> Termo <strong>de</strong> Consentimento Livre e Esclareci<strong>do</strong> (TCLE) (apêndice B).<br />

As entrevistas foram conduzidas, dan<strong>do</strong> atenção ao discurso <strong>do</strong>s<br />

entrevista<strong>do</strong>s, bem como suas expressões corporais, os gestos, o tem <strong>de</strong> voz e<br />

ênfase em <strong>de</strong>terminadas palavras ou expressões utilizadas. Quanto ao tratamento<br />

<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s a partir das entrevistas, estes foram transcritos após as gravações<br />

efetuadas.<br />

3.4 A COLETA DOS DADOS<br />

Utilizan<strong>do</strong> a entrevista como a técnica da coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, pô<strong>de</strong>-se captar o<br />

nível <strong>de</strong> emoção <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, a maneira pelo qual organizam suas idéias, o<br />

mun<strong>do</strong> em que estão viven<strong>do</strong>, e o pensamento sobre o que está acontecen<strong>do</strong> em<br />

torno <strong>de</strong> si próprio e das situações em que são impostas, relatan<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa forma<br />

suas expectativas e percepções.<br />

De acor<strong>do</strong> com os objetivos propostos para esta pesquisa, foram abordadas<br />

as características atuais <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong><br />

as transformações ocorridas ao longo <strong>do</strong>s tempos em função <strong>do</strong> possível<br />

encerramento das suas ativida<strong>de</strong>s.<br />

No <strong>de</strong>correr da pesquisa foram realizadas 4 (quatro) visitas ao comércio em<br />

torno <strong>do</strong> AMJG, nos meses <strong>de</strong> maio, novembro e <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2010 e em janeiro <strong>de</strong><br />

2011. Na primeira visita buscou-se evi<strong>de</strong>nciar o comércio <strong>do</strong> local, a área a ser<br />

estudada e as pessoas que se encontravam no referi<strong>do</strong> comércio. O trajeto até<br />

chegar às re<strong>do</strong>n<strong>de</strong>zas <strong>do</strong> AMJG tem seu acesso pela Ro<strong>do</strong>via Principal <strong>de</strong> Duque<br />

<strong>de</strong> Caxias, a Ro<strong>do</strong>via Washington Luís que liga o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro ao<br />

Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Já no Bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho, existe a Avenida Monte<br />

Castelo, que é consi<strong>de</strong>rada a principal via <strong>de</strong> acesso ao AMJG, existin<strong>do</strong> nessa<br />

Avenida a maior concentração <strong>do</strong> comércio.<br />

44


3.5 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS<br />

Os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s a partir das entrevistas foram transcritos após as gravações<br />

das mesmas. Em média cada entrevista durou cerca <strong>de</strong> 15 (quinze) a 25 (vinte e<br />

cinco) minutos, geran<strong>do</strong> relatórios <strong>de</strong> 3 (três) a 5 (cinco) páginas cada uma. Os<br />

da<strong>do</strong>s foram trata<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma não estatística, essencialmente levantada pelos<br />

atores (sujeitos da pesquisa), trazen<strong>do</strong> reflexões, argumentações, interpretações e<br />

conclusões.<br />

A análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s após a coleta <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s empíricos está<br />

apresentada em forma <strong>de</strong> textos, utilizan<strong>do</strong> para tal a análise <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>. Bardin<br />

(1977 p. 42), <strong>de</strong>screve que a análise <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong> é:<br />

“um conjunto <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> análise das comunicações visan<strong>do</strong> obter, por<br />

procedimentos, sistemáticos e objetivos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> das<br />

mensagens, indica<strong>do</strong>res (quantitativos ou não) que permitam a inferência <strong>de</strong><br />

conhecimentos relativos às condições <strong>de</strong> produção/recepção [...] <strong>de</strong>stas<br />

mensagens” (BARDIN, 1977, p. 42).<br />

A técnica <strong>de</strong> Análise <strong>de</strong> Conteú<strong>do</strong> se compõe <strong>de</strong> três gran<strong>de</strong>s etapas: a<br />

primeira relacionada a pré-análise; a segunda a exploração <strong>do</strong> material e a terceira<br />

quanto ao tratamento <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s e interpretação. A mencionada autora <strong>de</strong>screve<br />

a primeira etapa como a fase <strong>de</strong> organização, que po<strong>de</strong> utilizar vários<br />

procedimentos, tais como a leitura flutuante, hipóteses, objetivos e elaboração <strong>de</strong><br />

indica<strong>do</strong>res que fundamentem a interpretação. Na segunda etapa os da<strong>do</strong>s são<br />

codifica<strong>do</strong>s a partir das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> registro. Na última etapa se faz a categorização,<br />

que consiste na classificação <strong>do</strong>s elementos segun<strong>do</strong> suas semelhanças e por<br />

diferenciação, com posterior reagrupamento, em função <strong>de</strong> características comuns.<br />

Portanto, a codificação e a categorização fazem parte da Análise <strong>de</strong> Conteú<strong>do</strong><br />

(BARDIN, 1977).<br />

A “análise <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong> trabalha tradicionalmente com materiais textuais<br />

escritos” (BAUER, 2004, p. 195), existin<strong>do</strong> basicamente <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> textos que<br />

po<strong>de</strong>m ser trabalha<strong>do</strong>s: os textos produzi<strong>do</strong>s em pesquisa, através das transcrições<br />

<strong>de</strong> entrevista e <strong>do</strong>s protocolos <strong>de</strong> observação, e os textos já existentes, produzi<strong>do</strong>s<br />

para outros fins, como textos <strong>de</strong> jornais. Na presente pesquisa será utilizada a<br />

transcrição das entrevistas e das observações na coleta <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s.<br />

45


A fim <strong>de</strong> facilitar a análise <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong> na pesquisa, foi utiliza<strong>do</strong> o roteiro<br />

simplifica<strong>do</strong> proposto por Roesch (2006), em que seqüencialmente <strong>de</strong>fine as<br />

unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> análise; as categorias; codifica parte <strong>do</strong> texto; codifica to<strong>do</strong> o texto;<br />

estratifica as respostas elaboran<strong>do</strong> comparações entre os grupos; apresenta os<br />

da<strong>do</strong>s e os interpreta à luz <strong>de</strong> teorias conhecidas.<br />

3.6 LIMITAÇÕES DO MÉTODO DA PESQUISA<br />

Segun<strong>do</strong> Vergara (2006), to<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> tem possibilida<strong>de</strong>s e limitações. Desta<br />

forma, é conveniente antecipar-se a possíveis críticas <strong>do</strong>s leitores, informan<strong>do</strong> quais<br />

as limitações sofridas pela pesquisa, o que não invalidam a sua realização.<br />

Devi<strong>do</strong> à pesquisa estar pautada em um estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso, a sua aplicação fica<br />

limitada apenas à região estudada, ou seja, ao comércio local em torno <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong><br />

<strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho. Desta forma, as conclusões obtidas não po<strong>de</strong>m<br />

ser generalizadas para os <strong>de</strong>mais aterros sanitários.<br />

Na pesquisa empírica realizada para a pesquisa, uma das dificulda<strong>de</strong>s que<br />

permeou em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s momentos no <strong>de</strong>correr das observações, foram algumas<br />

alterações comportamentais <strong>do</strong> grupo pesquisa<strong>do</strong>.<br />

46


4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DAS REVELAÇÕES DO CAMPO<br />

4.1 AS ATIVIDADES ECOCÔMICAS DE JARDIM GRAMACHO<br />

No ano <strong>de</strong> 2005, foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pelo Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Análises Sociais<br />

e Econômicas, o Diagnóstico Social <strong>de</strong> Jardim Gramacho. Nesse <strong>do</strong>cumento,<br />

conforme já mostra<strong>do</strong> na Tabela 1, havia 72 (setenta e <strong>do</strong>is) segmentos <strong>do</strong>s setores<br />

que proporcionava a economia local, representan<strong>do</strong> o setor da alimentação 66,7%<br />

<strong>de</strong>sse total.<br />

Com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avaliar a evolução <strong>do</strong> comércio no sub bairro <strong>de</strong> Jardim<br />

Gramacho, foi realiza<strong>do</strong> pelo autor um levantamento da distribuição das ativida<strong>de</strong>s<br />

econômicas realizadas em torno <strong>do</strong> AMJG. Com o crescimento populacional e a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> novas expectativas no comércio, não diferente <strong>de</strong> outros bairros,<br />

cresce também o comércio e a indústria da região, sen<strong>do</strong> estabeleci<strong>do</strong>s outros<br />

segmentos além <strong>do</strong>s existentes no ano <strong>de</strong> 2005.<br />

O crescimento <strong>do</strong> comércio da região em torno <strong>do</strong> AMJG, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong><br />

ao ano <strong>de</strong> 2005 (Tabela 1), teve um acréscimo <strong>de</strong> aproximadamente 57,6%. Na<br />

pesquisa <strong>de</strong> campo foi i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> 125 (cento e vinte e cinco) estabelecimentos<br />

comerciais e industriais em torno <strong>do</strong> AMJG. Estan<strong>do</strong> o setor informal <strong>de</strong> alimentos<br />

representan<strong>do</strong> 64,8% <strong>de</strong>sses estabelecimentos. A Tabela 3 mostra a distribuição<br />

percentual das ativida<strong>de</strong>s econômicas realizadas no bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho,<br />

constatan<strong>do</strong> que o maior segmento <strong>do</strong> ramo comercial está representa<strong>do</strong> pelos<br />

bares, biroscas, barracas e botequins, correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a 38,4% das ativida<strong>de</strong>s<br />

econômicas da região.<br />

Jardim Gramacho é alvo <strong>de</strong> vários estu<strong>do</strong>s que relatam a existência <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong>s bolsões <strong>de</strong> miséria e falta infraestrutura urbana básica (BASTOS, 2005;<br />

BASTOS, 2007; BASTOS; ARAÚJO, 1998; COEP, 2005; PINTO, 2004; JUNCÁ<br />

2004), entretanto, as informações não estão sistematizadas e não há da<strong>do</strong>s<br />

quantitativos que embasem qualquer <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res e metas apropriadas<br />

que pautem um plano <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> médio e longo prazo para a região em<br />

questão.<br />

A influência econômica <strong>do</strong> AMJG para o bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho, não se<br />

limita apenas em função <strong>do</strong>s cata<strong>do</strong>res. Conforme relata<strong>do</strong>, o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

econômico <strong>de</strong> Jardim Gramacho está pauta<strong>do</strong> pela presença <strong>do</strong> aterro, geran<strong>do</strong><br />

47


enda para centenas <strong>de</strong> pessoas que sobrevivem direta e indiretamente das<br />

ativida<strong>de</strong>s lá executadas, seja pela presença <strong>do</strong> cata<strong>do</strong>r, <strong>do</strong>s lixões clan<strong>de</strong>stinos,<br />

das empresas <strong>de</strong> reciclagem, o comércio e outros tipos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s formais e<br />

informais que movimentam toda uma geração <strong>de</strong> renda para a região.<br />

Tabela 3: Distribuição das ativida<strong>de</strong>s econômicas realizadas no Bairro <strong>de</strong> Jardim<br />

Gramacho<br />

Segmentos da Economia n %<br />

Bares, Biroscas, Barracas e Botequins 48 38,40<br />

Mercearia 6 4,80<br />

Açougue 3 2,40<br />

Sacolão 6 4,80<br />

Padaria 13 10,40<br />

Peixaria 2 1,60<br />

Supermerca<strong>do</strong> 1 0,80<br />

Depósito <strong>de</strong> Bebidas 2 1,60<br />

Depósito <strong>de</strong> Gás 2 1,60<br />

Garagem <strong>de</strong> Ônibus 1 0,80<br />

Centro Automotivo 4 3,20<br />

Oficina Mecânica 2 1,60<br />

Borracheiro 1 0,80<br />

Eletricista <strong>de</strong> Automóveis 1 0,80<br />

Loja <strong>de</strong> Roupas 2 1,60<br />

Armarinho 1 0,80<br />

Salão <strong>de</strong> Beleza (Barbeiro) 4 3,20<br />

Farmácia 2 1,60<br />

Lan House 1 0,80<br />

Pet Shop 1 0,80<br />

Loja <strong>de</strong> Material <strong>de</strong> Construção 1 0,80<br />

Usina <strong>de</strong> Asfalto 1 0,80<br />

Metalúrgica 2 1,60<br />

Marcenaria 2 1,60<br />

Metalúrgica 2 1,60<br />

Fábrica <strong>de</strong> Parafusos 1 0,80<br />

Curtume 2 1,60<br />

Vidraçaria 1 0,80<br />

Serraria 3 2,40<br />

Fábrica <strong>de</strong> Palha <strong>de</strong> Aço 1 0,80<br />

Marmoraria 1 0,80<br />

Fábrica <strong>de</strong> Móveis 2 1,60<br />

Indústria <strong>de</strong> Álcool e Açúcar 1 0,80<br />

Fábrica <strong>de</strong> Cigarros 1 0,80<br />

Fábrica <strong>de</strong> Produtos <strong>de</strong> Limpeza 1 0,80<br />

Total 125 100,00<br />

Fonte: Da<strong>do</strong>s Coleta<strong>do</strong>s pelo Autor, 2010.<br />

48


Corroboran<strong>do</strong> com os da<strong>do</strong>s exploratórios iniciais, Bastos (2005), já relatava<br />

que o principal segmento <strong>do</strong> comércio gera<strong>do</strong> em torno da economia da reciclagem<br />

na região está pauta<strong>do</strong> na alimentação, distribuí<strong>do</strong>s em barracas, bares, padarias,<br />

mercearias e supermerca<strong>do</strong>. Da<strong>do</strong>s estes que foram confirma<strong>do</strong>s com a pesquisa <strong>de</strong><br />

campo.<br />

A partir das análises <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> das entrevistas, foi constata<strong>do</strong> em<br />

unanimida<strong>de</strong> que o motivo em se estabelecer na região está em função <strong>do</strong> AMJG.<br />

Os entrevista<strong>do</strong>s relatam que sua permanência em torno <strong>do</strong> aterro dar-se-á pela<br />

facilida<strong>de</strong> em ganhar dinheiro com as vendas, caracterizan<strong>do</strong> a região favorável para<br />

o ganho financeiro.<br />

“...com certeza é por causa <strong>do</strong> aterro que vim pra cá...” (entrevista<strong>do</strong> 2).<br />

“...essa barraca era <strong>do</strong> meu pai, ele trabalhava aqui já há 18 anos, ...estamos<br />

aqui até hoje por causa <strong>do</strong> aterro, ven<strong>de</strong> bastante aqui...” (entrevista<strong>do</strong> 6).<br />

“...o meu irmão tem uma outra barraca mais lá na frente, perto <strong>do</strong> lixão e<br />

sempre falava que aqui é bom <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r, tem dinheiro to<strong>do</strong> dia, ai resolvi<br />

comprar essa barraca aqui que tava ven<strong>de</strong>n<strong>do</strong>. To aqui já esse tempo por<br />

causa <strong>do</strong> lixão...” (entrevista<strong>do</strong> 7).<br />

Alguns entrevista<strong>do</strong>s <strong>de</strong>stacam a relação em ter seu comércio na respectiva<br />

região como fonte <strong>de</strong> dinheiro certo.<br />

“...vim pra cá pra ganhar dinheiro, meu mari<strong>do</strong> tava <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>, dá muito<br />

dinheiro aqui...” (entrevista<strong>do</strong> 3).<br />

“...aqui é o lugar <strong>do</strong> dinheiro, é o melhor local pra ter um comércio...”<br />

(entrevista<strong>do</strong> 4).<br />

4.2 O DESENVOLVIMENTO LOCAL NO BAIRRO DE JARDIM GRAMACHO<br />

O bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho, é evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> por vários autores cita<strong>do</strong>s<br />

anteriormente, como um bairro em que permeia a pobreza, a miséria e o<br />

crescimento <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> da população.<br />

Conforme <strong>de</strong>screve Oliveira e colabora<strong>do</strong>res (2010), as questões sociais,<br />

políticas e econômicas passam por gran<strong>de</strong>s modificações, surgin<strong>do</strong> assim os<br />

contrastes na socieda<strong>de</strong>, fato este que é observa<strong>do</strong> no Município <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong><br />

Caxias, on<strong>de</strong> a riqueza e a pobreza caminham la<strong>do</strong> a la<strong>do</strong>. Corroboran<strong>do</strong> com tal<br />

argumentação, Miguelles (2010), relata que Duque <strong>de</strong> Caxias é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> o 6º<br />

49


município mais rico <strong>do</strong> Brasil, conta com o 10º maior Produto Interno Bruto (PIB) em<br />

contra ocupa a 1.782ª posição no ranking <strong>do</strong> Índice <strong>de</strong> Desenvolvimento Humano<br />

(IDH).<br />

Mais especificamente no bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho, o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

cresceu consi<strong>de</strong>ravelmente e <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nadamente. Com as ativida<strong>de</strong>s realizadas no<br />

<strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho, houve a migração <strong>de</strong> parte da população<br />

para seu entorno a fim <strong>de</strong> uma melhor situação financeira.<br />

Já no ano <strong>de</strong> 1999, Castells disserta que, apesar <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> país,<br />

aumenta também o processo <strong>de</strong> exclusão social. Na percepção <strong>de</strong>ste trabalho <strong>de</strong><br />

pesquisa, Jardim Gramacho é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um exemplo real <strong>de</strong>ssa situação. Se <strong>de</strong><br />

um la<strong>do</strong> existe o crescimento <strong>do</strong> comércio <strong>do</strong> bairro conforme <strong>de</strong>talha<strong>do</strong> na Tabela<br />

3, cresce também o processo <strong>de</strong> exclusão social. Mais <strong>do</strong> que isso, o crescimento<br />

<strong>do</strong> bairro se dá em torno <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> comumente associada à questões<br />

relativas à exclusão.<br />

Detalha<strong>do</strong> por Barbosa e Mioto (2009), o conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

analisan<strong>do</strong> lá na sua origem, Duque <strong>de</strong> Caxias, <strong>de</strong>veria ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um<br />

município com um potencial <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento extremamente favorável, visto que,<br />

<strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a origem <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, somente o PIB era consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> como<br />

forma <strong>de</strong> medi-lo e avaliá-lo. Mais adiante, com a evolução no conceito <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento, houve a inserção <strong>do</strong> IDH, introduzin<strong>do</strong> a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, a<br />

longevida<strong>de</strong> e o nível <strong>de</strong> conhecimento. Logo, pergunta-se: Jardim Gramacho é<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>?<br />

Em 1976, no ano da abertura <strong>do</strong> AMJG, ainda não existia o conceito <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento local. Milano (2005), <strong>de</strong>screve que o Desenvolvimento Local surgiu<br />

na década <strong>de</strong> 1980, ten<strong>do</strong> seu marco histórico a partir da década <strong>de</strong> 1990. O<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ve ser entendi<strong>do</strong> levan<strong>do</strong>-se em conta os aspectos locais, ten<strong>do</strong><br />

significa<strong>do</strong> em um território específico, não estan<strong>do</strong> relaciona<strong>do</strong> unicamente com<br />

crescimento econômico, mas também com a melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida das<br />

pessoas e com a conservação <strong>do</strong> meio ambiente.<br />

Para caracterizar o <strong>de</strong>senvolvimento local, <strong>de</strong>ve existir uma relação direta <strong>de</strong><br />

três fatores inter-relaciona<strong>do</strong>s e inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes: o crescimento econômico, a<br />

melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e a conservação <strong>do</strong> meio ambiente. Estes fatores<br />

<strong>de</strong>vem implicar em articulações entre diversos atores e esferas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, levan<strong>do</strong>-se<br />

50


em conta aspectos locais, ou seja, aspectos com significa<strong>do</strong> em um território<br />

específico (MILANO, 2005).<br />

Diante <strong>do</strong> exposto acima, associan<strong>do</strong> o crescimento econômico à melhoria da<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e à conservação <strong>do</strong> meio ambiente, a partir da pesquisa empírica,<br />

o quadro 4 abaixo mostra a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho, e nos faz refletir se<br />

existe ou não <strong>de</strong>senvolvimento local na região em torno <strong>do</strong> AMJG.<br />

Fatores<br />

Relaciona<strong>do</strong>s ao<br />

Desenvolvimento<br />

Local<br />

Características I<strong>de</strong>ais<br />

para o<br />

Desenvolvimento<br />

Local<br />

Aspecto Econômico • Aumento da renda e<br />

da riqueza;<br />

• Condições dignas<br />

<strong>de</strong> trabalho<br />

Melhoria da<br />

Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vida<br />

das Pessoas<br />

Conservação <strong>do</strong><br />

Meio Ambiente<br />

Articulação entre<br />

diversos atores e<br />

esferas <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r<br />

• A partir <strong>de</strong> um<br />

trabalho digno<br />

geran<strong>do</strong> riqueza<br />

contribui para<br />

melhoria das<br />

oportunida<strong>de</strong>s<br />

sociais<br />

• Princípio da<br />

Sustentabilida<strong>de</strong><br />

• Disponibilida<strong>de</strong> e<br />

condições <strong>do</strong>s<br />

recursos naturais<br />

• Socieda<strong>de</strong> Civil<br />

• Organizações não<br />

Governamentais<br />

• Instituições Públicas<br />

• Instituições Privadas<br />

• Governo (fe<strong>de</strong>ral,<br />

estadual e/ou<br />

municipal<br />

51<br />

Características Empíricas (comércio informal<br />

<strong>de</strong> alimentos em torno <strong>do</strong> AMJG)<br />

• Aumento ao longo <strong>do</strong>s anos das ativida<strong>de</strong>s<br />

econômicas em torno <strong>do</strong> AMJG;<br />

• Aumento da renda <strong>do</strong>s comerciantes em<br />

função da presença <strong>do</strong> cata<strong>do</strong>r;<br />

• Inserção no comércio <strong>de</strong> novos segmentos<br />

<strong>do</strong> comércio quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 2005<br />

aos dias atuais;<br />

• Consi<strong>de</strong>ra o aumento da renda associada a<br />

estrutura das ativida<strong>de</strong>s realizadas no AMJG;<br />

• Não existem condições dignas <strong>de</strong> trabalho;<br />

• Trabalho realiza<strong>do</strong> em barracas, biroscas e<br />

botequins sem infra-estrutura a<strong>de</strong>quada;<br />

• Não existe a situação formal da<br />

•<br />

empregabilida<strong>de</strong>;<br />

Não existe a perspectiva da situação<br />

educacional;<br />

• Local em condições precárias <strong>de</strong> higiene, em<br />

alguns casos sem água potável e sem<br />

sanitários para a utilização durante o dia <strong>de</strong><br />

trabalho;<br />

• Presença <strong>de</strong> insetos e roe<strong>do</strong>res na região;<br />

• Recursos Naturais existentes na região<br />

(Bahia <strong>de</strong> Guanabara) ameaça<strong>do</strong>s pela<br />

contaminação;<br />

• Contaminação <strong>do</strong> solo;<br />

• Poluição <strong>do</strong>s Rios<br />

• Desmatamento <strong>do</strong> Manguezal;<br />

• Comerciantes não pertencem a cooperativas,<br />

organizações não governamentais;<br />

• Po<strong>de</strong>r público sem atuação ou representação<br />

no segmento no comércio estuda<strong>do</strong>;<br />

• Atuação maciça <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas na<br />

região;<br />

• Não existe articulação <strong>do</strong> Governo, seja ele<br />

fe<strong>de</strong>ral, estadual ou municipal, geran<strong>do</strong> um<br />

<strong>de</strong>scrédito aos governantes;<br />

Quadro 4: Evidências Empíricas Associadas ao Desenvolvimento Local em Torno <strong>do</strong> AMJG<br />

Fonte: elaboração própria, 2010


Atrelan<strong>do</strong> algumas das observações empíricas ao conceito atual <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento local, conforme mostra<strong>do</strong> no quadro acima, vários são os<br />

problemas relaciona<strong>do</strong>s para que <strong>de</strong> fato Jardim Gramacho seja consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um<br />

bairro em que existe <strong>de</strong>senvolvimento local. O comércio informal <strong>de</strong> alimentos é<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um gera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> renda para o referi<strong>do</strong> local, porém, o bairro convive com<br />

condições urbanas <strong>de</strong>ficientes, baixa oferta <strong>de</strong> serviços públicos, condições<br />

precárias <strong>de</strong> trabalho, além da questão ambiental que é ameaça constante.<br />

Associan<strong>do</strong> ainda com a provável <strong>de</strong>sativação <strong>do</strong> AMJG, na visão <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r, o<br />

caos social será ainda mais prejudica<strong>do</strong> na localida<strong>de</strong>, visto que na visão <strong>do</strong>s<br />

comerciantes (e nada encontra<strong>do</strong> na literatura) não existe a articulação <strong>do</strong> governo<br />

fe<strong>de</strong>ral, estadual e municipal para uma parcela da população que sobrevive<br />

indiretamente das ativida<strong>de</strong>s realizadas no AMJG.<br />

4.3 A CLIENTELA E OS SEUS HÁBITOS DE CONSUMO<br />

Foi constatada na pesquisa empírica, que principal clientela <strong>do</strong>s bares,<br />

biroscas, barracas e botequins são os cata<strong>do</strong>res. De to<strong>do</strong>s os estabelecimentos<br />

entrevista<strong>do</strong>s, o cata<strong>do</strong>r é o cliente principal, segui<strong>do</strong> <strong>do</strong>s caminhoneiros e, por<br />

último, e em pequena proporção, os mora<strong>do</strong>res da região, conforme fragmentos das<br />

entrevistas abaixo quan<strong>do</strong> questiona<strong>do</strong>s sobre seus principais clientes:<br />

“... ven<strong>do</strong> mais pros cata<strong>do</strong>res e pros caminhoneiros, que param pra tomar<br />

uma cerveja...” (entrevista<strong>do</strong> 1).<br />

“... os cata<strong>do</strong>res, alguns caminhoneiros e poucos mora<strong>do</strong>res comparam<br />

aqui...” (entrevista<strong>do</strong> 3).<br />

“... são os cata<strong>do</strong>res, e também os caminhoneiros que ficam pela semana por<br />

aqui...” (entrevista<strong>do</strong> 4).<br />

“... são os cata<strong>do</strong>res, eles é que compram mais ... não são muito os<br />

mora<strong>do</strong>res, são mais os cata<strong>do</strong>res...” (entrevista<strong>do</strong> 5).<br />

Conforme menciona Pinto (2004), em sua pesquisa, que o comércio<br />

estabeleci<strong>do</strong> em Jardim Gramacho sobrevive em função da presença <strong>do</strong> cata<strong>do</strong>r,<br />

fato este também é caracteriza<strong>do</strong> no presente estu<strong>do</strong> empírico, mostra<strong>do</strong> nos<br />

52


fragmentos acima <strong>de</strong>scritos, enfatizan<strong>do</strong> o cata<strong>do</strong>r como seu cliente principal,<br />

geran<strong>do</strong> assim um rendimento financeiro superior as expectativas iniciais.<br />

Outra questão importante quanto à clientela <strong>do</strong> comércio local, é a<br />

representativida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s caminhoneiros, fato este também relata<strong>do</strong> no Diagnóstico<br />

Social <strong>de</strong> Jardim Gramacho. Questão essa, em função <strong>do</strong> recebimento diário nas<br />

ruas <strong>de</strong> Jardim Gramacho <strong>de</strong> aproximadamente 600 caminhões, que conduzem o<br />

lixo <strong>do</strong>s municípios por ele abasteci<strong>do</strong> até o aterro (COEP, 2005).<br />

Pô<strong>de</strong>-se observar no estu<strong>do</strong> empírico, que o trânsito na principal rua <strong>de</strong><br />

acesso ao aterro, em alguns momentos chega a ficar congestiona<strong>do</strong>, fato esse pela<br />

presença <strong>do</strong>s caminhões que conduzem o lixo até o aterro. Foi também observa<strong>do</strong><br />

que ao entar<strong>de</strong>cer, é comum os caminhoneiros <strong>de</strong>scerem <strong>do</strong>s seus caminhões e<br />

consumirem nas barracas da re<strong>do</strong>n<strong>de</strong>za.<br />

Quanto aos mora<strong>do</strong>res da região, aparecen<strong>do</strong> com pouca representativida<strong>de</strong><br />

na clientela, dar-se pelo fato <strong>do</strong>s produtos ali vendi<strong>do</strong>s serem mais caros que nos<br />

merca<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Município <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias. Utilizam os bares e as barracas<br />

próximas apenas para uma emergência.<br />

“... são os cata<strong>do</strong>res, que vem compran<strong>do</strong> mais, os mora<strong>do</strong>res compram mais<br />

nos merca<strong>do</strong>s em Caxias por que é mais barato...” (entrevista<strong>do</strong> 6).<br />

“... os cata<strong>do</strong>res, compram mais aqui, ven<strong>do</strong> também bastante para o pessoal<br />

<strong>do</strong> caminhão. Os mora<strong>do</strong>res não compram muito, ... aqui as coisas são mais<br />

caras...” (entrevista<strong>do</strong> 7).<br />

É notório para os comerciantes da região, que o cata<strong>do</strong>r é seu principal<br />

cliente, seja ele coopera<strong>do</strong> ou não coopera<strong>do</strong>, que <strong>de</strong>ixam parte, ou até mesmo o<br />

que conseguem arrecadar durante o dia nos bares e barracas que cercam a<br />

re<strong>do</strong>n<strong>de</strong>za <strong>do</strong> aterro.<br />

Ao questionar os comerciantes quanto aos hábitos <strong>de</strong> consumo, é expressiva<br />

a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bebida alcoólica vendida diariamente. Relatam que em média<br />

ven<strong>de</strong>m cerca <strong>de</strong> 2 (duas) a 3 (três) garrafas <strong>de</strong> cachaça por dia. Ao realizar a busca<br />

pelas informações <strong>de</strong> consumo, foi observa<strong>do</strong> por parte <strong>de</strong> alguns comerciantes o<br />

constrangimento, ou até mesmo pareciam ter vergonha <strong>de</strong> relatar que ven<strong>de</strong>m muita<br />

cachaça, principalmente quan<strong>do</strong> próximo a algum cliente (cata<strong>do</strong>r). Em uma das<br />

barracas visitadas, quan<strong>do</strong> pergunta<strong>do</strong> sobre o consumo <strong>de</strong> cachaça, o proprietário<br />

53


me solicitou que retornasse mais tar<strong>de</strong> um pouco, visto que ali existia 4 (quatro)<br />

cata<strong>do</strong>res consumin<strong>do</strong> <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> cachaça.<br />

Ao averiguar os hábitos <strong>do</strong> consumo, foram observa<strong>do</strong>s os seguintes<br />

produtos (comestíveis ou não) em escala <strong>de</strong> maior venda: bebida alcoólica<br />

(cachaça), salgadinhos e tira-gosto, cigarro a varejo, gelo, café, pilha, luva e<br />

refrigerantes.<br />

Sen<strong>do</strong> caracteriza<strong>do</strong> o cata<strong>do</strong>r como o cliente principal, foram <strong>de</strong>staca<strong>do</strong>s<br />

fragmentos das entrevistas que i<strong>de</strong>ntificam o consumo <strong>do</strong> álcool e alguns produtos<br />

por eles consumi<strong>do</strong>s para a realização da ativida<strong>de</strong> da catação, como por exemplo,<br />

o gelo que levam para o aterro e luvas (novas ou já utilizadas) para a prática da<br />

catação.<br />

“...compram mais bebida, cachaça mesmo, <strong>de</strong>pois ven<strong>do</strong> gelo para eles<br />

subirem. Ven<strong>do</strong> <strong>de</strong> duas a três garrafas <strong>de</strong> cachaça por dia...” (entrevista<strong>do</strong><br />

1).<br />

“...compram mais cachaça, preferem mel com cinqüenta e um. Eu compro pra<br />

ven<strong>de</strong>r aqui 15 litros por semana pra ven<strong>de</strong>r pros...” (entrevista<strong>do</strong> 2).<br />

“...compram café, salga<strong>do</strong>s, gelo pra levar pra beber água lá em cima. Pros<br />

mora<strong>do</strong>res eu ven<strong>do</strong> mais refrigerantes. Bebidas eu ven<strong>do</strong> pouco porque eles<br />

não po<strong>de</strong>m subir bêba<strong>do</strong>s, e aí, quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>scem fazem a farra na cachaça...”<br />

(entrevista<strong>do</strong> 3).<br />

“...tu<strong>do</strong> que agente coloca aqui ven<strong>de</strong>, no tempo quan<strong>do</strong> ta frio sai mais café<br />

e quan<strong>do</strong> ta muito quente no verão, ven<strong>do</strong> mais cachaça, eles bebem<br />

muito!...” (entrevista<strong>do</strong> 4).<br />

“...quase to<strong>do</strong> dia pra subir a rampa leva pilha pras lanternas. To<strong>do</strong> dia ven<strong>do</strong><br />

pilha e luvas. De comida ven<strong>do</strong> mais tira-gosto <strong>de</strong> jiló. Mais ven<strong>do</strong> muito<br />

mesmo é cachaça e muito...” (entrevista<strong>do</strong> 5).<br />

Ao avaliar o comportamento <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res associa<strong>do</strong> às compras nas<br />

barracas e nos botequins, observam-se mais o consumo <strong>de</strong> refrigerantes, e, para os<br />

caminhoneiros, é observa<strong>do</strong> através <strong>do</strong>s relatos consumo <strong>de</strong> cerveja, tira-gosto e<br />

cigarros.<br />

Quanto à forma <strong>de</strong> pagamento, ocorre diariamente e praticamente à vista, não<br />

foi observa<strong>do</strong> o hábito da compra fia<strong>do</strong> com o pagamento prolonga<strong>do</strong>. Existe uma<br />

rotina estabelecida pelos comerciantes, que quan<strong>do</strong> os cata<strong>do</strong>res chegam para<br />

trabalhar, <strong>de</strong>sce <strong>do</strong> ônibus na Ro<strong>do</strong>via Washington Luiz e encaminham para a rua<br />

54


<strong>do</strong> AMJG, compram o que estão necessitan<strong>do</strong> sem o pagamento imediato, e quan<strong>do</strong><br />

terminam suas ativida<strong>de</strong>s no aterro, ou, no máximo no dia seguinte, retornam<br />

realizan<strong>do</strong> assim os pagamentos.<br />

Muito <strong>do</strong>s cata<strong>do</strong>res, comprometem sua retirada diária praticamente toda,<br />

<strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> o que conseguiram arrecadar na catação nos bares, biroscas, botequins e<br />

barracas ali existentes, fato este sen<strong>do</strong> levanta<strong>do</strong> por um <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s<br />

conforme <strong>de</strong>scrição abaixo:<br />

“...eles pegam antes <strong>de</strong> subir e pagam na volta. Quan<strong>do</strong> eles chegam, não<br />

po<strong>de</strong>m comprar muita cachaça por que não po<strong>de</strong>m subir bêba<strong>do</strong>s. Quan<strong>do</strong><br />

eles voltam da rampa me pagam o que pegaram e continuam beben<strong>do</strong> aqui,<br />

e no final pagam tu<strong>do</strong>. Eles já vem pegan<strong>do</strong> as coisas logo quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>scem<br />

<strong>do</strong> ônibus...” (entrevista<strong>do</strong> 1).<br />

É muito comum nos relatos, o consumo <strong>do</strong>s produtos logo que chegam.<br />

Nesse momento inicial, compram principalmente o gelo, pilhas e luvas. Nesse<br />

primeiro momento, ainda não é representativo o consumo alto da cachaça, pois, não<br />

po<strong>de</strong>m subir para o aterro embriaga<strong>do</strong>s. Os fragmentos abaixo <strong>de</strong>stacam o<br />

procedimento da compra e da venda no comércio da região.<br />

“...ven<strong>do</strong> mais <strong>de</strong> manhã fia<strong>do</strong> e a noite quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>scem ou no dia seguinte<br />

eles me pagam, porque eles ganham por dia...” (entrevista<strong>do</strong> 3).<br />

“...eles quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>scem <strong>do</strong> ônibus ou da Kombi, vem pegar sempre alguma<br />

coisa pra levar pra rampa e quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>scem eles pagam por que eles tem o<br />

dinheiro to<strong>do</strong> dia...” (entrevista<strong>do</strong> 6).<br />

“...pagam sempre <strong>de</strong> tar<strong>de</strong> o que eles compram <strong>de</strong> manhã. De manhã ven<strong>do</strong><br />

mais gelo pra eles levarem lá pra...” (entrevista<strong>do</strong> 8).<br />

Em muitos comerciantes, existe a concepção <strong>de</strong> ganho financeiro diário pelos<br />

cata<strong>do</strong>res, logo, não permitem a compra para pagamento posterior, relatam que os<br />

cata<strong>do</strong>res ganham to<strong>do</strong> dia e toda hora que recolhem ou levam o lixo, <strong>de</strong>ssa forma,<br />

não aceitam o pagamento fia<strong>do</strong>, justifican<strong>do</strong> tal argumentação, segue abaixo a<br />

fragmentação das entrevistas.<br />

“...só ven<strong>do</strong> à vista, fia<strong>do</strong> não dá pra correr o risco, eles tem dinheiro to<strong>do</strong> dia,<br />

toda hora que levam o lixo eles recebem, então não ven<strong>do</strong> fia<strong>do</strong>...”<br />

(entrevista<strong>do</strong> 4).<br />

55


“...pagam a vista, fia<strong>do</strong> só para os conheci<strong>do</strong>s que trabalham por aqui a muito<br />

tempo. Meu pai não <strong>de</strong>ixa ven<strong>de</strong>r fia<strong>do</strong> porque eles tem dinheiro to<strong>do</strong> dia...”<br />

(entrevista<strong>do</strong> 5).<br />

Muitos comerciantes, através <strong>do</strong> recebimento ao final <strong>do</strong> dia, ou seja,<br />

<strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> que os seus principais clientes (os cata<strong>do</strong>ras) paguem suas compras no<br />

momento que <strong>de</strong>ixam o aterro (quan<strong>do</strong> recebem pela catação), pagam não só os<br />

produtos que compraram antes, mais esperam que continuem a consumir naquele<br />

momento. Nessa seqüência, muitos <strong>do</strong>s cata<strong>do</strong>res gastam diariamente toda a<br />

quantia que receberam e acabam consumin<strong>do</strong> mais, principalmente bebidas<br />

alcoólicas no próprio estabelecimento. Também é comum entre os principais clientes<br />

da região ultrapassar seus ganhos financeiros <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> parte <strong>do</strong> que falta a pagar<br />

para o dia seguinte, geran<strong>do</strong> assim dívidas constantes. Este fato também é <strong>de</strong>scrito<br />

por Bastos (2005), on<strong>de</strong> afirma que os cata<strong>do</strong>res empenham seu dia <strong>de</strong> trabalho aos<br />

<strong>do</strong>nos <strong>de</strong> bares, biroscas, barracas e botequins em torno <strong>do</strong> AMJG.<br />

4.4 O RETORNO FINANCEIRO PARA OS COMERCIANTES DO SETOR<br />

xxxxINFORMAL DE ALIMENTOS EM TORNO DO AMJG<br />

O <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho não se limita apenas por gerar<br />

renda para os cata<strong>do</strong>res e seus familiares, conforme já cita<strong>do</strong> anteriormente, ele é o<br />

responsável pela geração <strong>de</strong> renda <strong>de</strong> centenas <strong>de</strong> pessoas que sobrevivem direta e<br />

indiretamente <strong>do</strong> lixo. Através da existência <strong>do</strong> AMJG, sobrevivem ainda os lixões<br />

clan<strong>de</strong>stinos, as empresas <strong>de</strong> reciclagem, algumas indústrias, o comércio formal e<br />

informal, etc. Dentro <strong>de</strong>sse contexto, po<strong>de</strong>-se afirmar que o AMJG é diretamente<br />

responsável por movimentar gran<strong>de</strong> parte da economia <strong>do</strong> bairro.<br />

Especificamente, o setor informal <strong>de</strong> alimentos que sobrevive através da<br />

presença principal <strong>do</strong> cata<strong>do</strong>r, recebe diariamente cerca <strong>de</strong> R$ 250,00 (duzentos e<br />

cinqüenta reais) a R$400,00 (quatrocentos reais) cada estabelecimento. A Tabela 4<br />

mostra o rendimento diário por cada estabelecimento entrevista<strong>do</strong>. Demonstra que<br />

quanto maior a quantida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s produtos vendi<strong>do</strong>s aumenta também o rendimento<br />

<strong>do</strong> comércio.<br />

56


Tabela 4: Renda média diária associada aos produtos mais vendi<strong>do</strong>s nos<br />

estabelecimentos comerciais em torno <strong>do</strong> AMJG<br />

Tipo <strong>de</strong><br />

Produtos Mais<br />

Renda Média<br />

Estabelecimento<br />

Vendi<strong>do</strong>s<br />

Diária (R$)<br />

Barraca Cachaça, gelo, cerveja 250,00<br />

Barraca Cachaça 300,00<br />

Bar Café, salgadinhos, gelo, refrigerante 400,00<br />

Birosca Café, cachaça 350,00<br />

Birosca Cachaça, cigarro, pilha, luva, salgadinho, tira-gosto 400,00<br />

Barraca Cachaça, cigarro, salgadinho 250,00<br />

Barraca Cachaça, cerveja, cigarro, tira-gosto um bom dinheiro<br />

Birosca Cachaça, tira-gosto, salgadinhos 300,00<br />

Fonte: Da<strong>do</strong>s Coleta<strong>do</strong>s pelo Autor, 2010.<br />

Segun<strong>do</strong> relato <strong>de</strong> alguns comerciantes, tu<strong>do</strong> que se coloca para ven<strong>de</strong>r<br />

existe o compra<strong>do</strong>r, fato este <strong>de</strong>scrito no fragmento abaixo da entrevista.<br />

“... ganho aqui o que muita gente <strong>de</strong> carteira assinada não ganha, aqui é bom<br />

meu filho. O que tiro daqui dá até para pagar a faculda<strong>de</strong> <strong>do</strong> meu filho, tiro<br />

uns R$ 300,00 por dia, on<strong>de</strong> vou ganhar isso em outro lugar, o pessoal gasta<br />

bastante. Pra ganhar bem tenho que fazer uns tira-gosto, eles <strong>de</strong>scem com<br />

fome. Já conheço muita gente aqui e trato to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> bem, aí eles voltam<br />

sempre...” (entrevista<strong>do</strong> 8).<br />

Através das observações e <strong>do</strong>s relatos das entrevistas, existe por parte <strong>do</strong>s<br />

comerciantes, a preocupação em não terem um emprego formal. Por várias vezes<br />

associam a sua presença na região a “carteira assinada”, porém, não acham<br />

vantajosos em <strong>de</strong>ixar as ativida<strong>de</strong>s lá realizadas para ganhar menos, conforme<br />

cita<strong>do</strong> pelo entrevista<strong>do</strong> no fragmento acima. Acreditam que com o emprego no<br />

merca<strong>do</strong> formal <strong>de</strong> trabalho não conseguirão aten<strong>de</strong>r as suas necessida<strong>de</strong>s e terem<br />

um ganho financeiro mensal igual ou superior ao que recebem diariamente na<br />

região.<br />

“... tiro daqui uns R$ 250,00 reais por dia, ganho mais que quan<strong>do</strong> tinha<br />

carteira...” (entrevista<strong>do</strong> 1).<br />

Foi observa<strong>do</strong> pelo pesquisa<strong>do</strong>r assim como relata<strong>do</strong> por um entrevista<strong>do</strong> que<br />

a renda diária po<strong>de</strong> ser influenciada pela proximida<strong>de</strong> a entrada principal <strong>do</strong> aterro,<br />

visto que a compra <strong>de</strong> alguns itens na entrada como, por exemplo, o gelo, pilhas e<br />

as luvas para serem utiliza<strong>do</strong>s durante as ativida<strong>de</strong>s da catação é maior e<br />

influenciam diretamente no lucro diário. Em cada estabelecimento comercial existe<br />

57


uma variação diária nas vendas, os entrevista<strong>do</strong>s realizam essa comparação<br />

separan<strong>do</strong> os dias em dia fraco e dia forte. Em alguns <strong>do</strong>s comércios entrevista<strong>do</strong>s,<br />

relatam que em “dia forte” ganham até o <strong>do</strong>bro <strong>de</strong> um “dia fraco”.<br />

“... ganho bastante dinheiro aqui, dá pra fazer muita coisa, tiro por dia mais<br />

ou menos R$ 400,00, quan<strong>do</strong> ta muito fraco o movimento, tiro por volta <strong>do</strong>s<br />

R$ 250,...” (entrevista<strong>do</strong> 3).<br />

“... tiro aqui mais ou menos R$ 200,00 a R$ 250,00, quem trabalha lá mais<br />

na frente ganha bem mais que...” (entrevista<strong>do</strong> 6).<br />

Ainda relaciona<strong>do</strong> à renda média diária, o fragmento abaixo seleciona<strong>do</strong> faz<br />

parte <strong>do</strong> estabelecimento mais próximo a entrada principal <strong>do</strong> AMJG, caracterizan<strong>do</strong><br />

um rendimento maior aos estabelecimentos mais afasta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> aterro.<br />

“... em dia fraco eu tiro mais ou menos R$ 250,00 por dia, as vezes R$<br />

350,00. Dia bom ganho até R$ 600,00 por dia. Geralmente fica mais ou<br />

menos R$ 400,00 a R$ 500,00 por...” (entrevista<strong>do</strong> 4).<br />

4.5 A DESATIVAÇÃO DO ATERRO SOB A ÓTICA DOS COMERCIANTES DA<br />

xxxREGIÃO<br />

Após ser anuncia<strong>do</strong> no ano <strong>de</strong> 2004 o encerramento das ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong><br />

<strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho (MEIRELLES; GOMES, 2009), criou-se inúmeras<br />

incertezas na respectiva região. Des<strong>de</strong> então, o local passou a ser alvo <strong>de</strong> vários<br />

questionamentos, principalmente em função <strong>do</strong>s cata<strong>do</strong>res, que trabalham<br />

diariamente no aterro, e segun<strong>do</strong> a Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias (2011),<br />

retiram em média uma renda <strong>de</strong> R$ 680,00 a R$ 1.000,00 por mês, movimentan<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>ssa forma o comércio em torno <strong>do</strong> AMJG.<br />

Muito se fala sobre sua <strong>de</strong>sativação, porém, para a maioria <strong>do</strong>s comerciantes<br />

<strong>do</strong> local, o fato não irá acontecer, alegam que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua inauguração fala-se na<br />

paralisação das ativida<strong>de</strong>s, e, que <strong>de</strong> alguns anos para cá, o assunto ficou mais<br />

evi<strong>de</strong>nte principalmente em função da questão ambiental. Os comerciantes da<br />

região têm a clareza que o AMJG está comprometen<strong>do</strong> o meio ambiente e que sua<br />

capacida<strong>de</strong> para armazenar o lixo recebi<strong>do</strong> por dia já terminou, não suportan<strong>do</strong> por<br />

muito mais tempo.<br />

58


Mesmo com toda a mídia envolvida na questão da paralisação <strong>do</strong> aterro, os<br />

comerciantes atribuem que não irá ser <strong>de</strong>sativa<strong>do</strong> por inúmeros motivos: o<br />

<strong>de</strong>semprego; a fome; a pobreza, o único meio <strong>de</strong> sobrevivência; e, principalmente o<br />

envolvimento <strong>de</strong> muitas pessoas que estão por traz e que não aprecem claramente,<br />

como por exemplo: o governo, o tráfico <strong>de</strong> drogas, as gran<strong>de</strong>s empresas que estão<br />

ali instaladas, os <strong>do</strong>nos <strong>do</strong>s <strong>de</strong>pósitos, etc.<br />

“...meu filho, eu moro aqui há 20 anos, e sempre escuto isso. Agora que<br />

passa na televisão, esses dias mesmo eu vi pela TV...” (entrevista<strong>do</strong> 4).<br />

“...ninguém acredita que isso ai vai fechar, aqui pros <strong>do</strong>nos <strong>do</strong>s <strong>de</strong>pósitos e<br />

pros cata<strong>do</strong>res dá muito...” (entrevista<strong>do</strong> 6).<br />

“...isso é velho aqui, ninguém acredita mais nessa história, o Governo vem,<br />

fala, mais ele mesmo não fecha, quem vai ganhar se aqui fechar?...”<br />

(entrevista<strong>do</strong> 7).<br />

Um <strong>do</strong>s motivos que chama bastante atenção nas entrevistas se dá em<br />

função <strong>do</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas (muito presente na região) não “autorizar” o seu<br />

fechamento. Segun<strong>do</strong> alguns entrevista<strong>do</strong>s, quan<strong>do</strong> o assunto sobre a <strong>de</strong>sativação<br />

fica muito em evidência, as ameaças também se tornam mais claras, ameaçam<br />

matar, colocam lixo nas ruas, paralisam a principal via <strong>de</strong> acesso ao aterro,<br />

associam diretamente a <strong>de</strong>sativação <strong>do</strong> aterro com o aumento da criminalida<strong>de</strong> para<br />

o Município <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias. Os fragmentos abaixo seleciona<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ixam<br />

explícitos que os comerciantes sabem a respeito da <strong>de</strong>sativação <strong>do</strong> aterro, porém<br />

não acreditam que acontecerá.<br />

“...sempre que estou aqui, esse papo é <strong>de</strong> muito tempo, sempre falam nisso<br />

mais nuca fecha, as pessoas vão morrer <strong>de</strong> fome. O tráfico também não<br />

<strong>de</strong>ixa não, eles ameaçam e matar se a venda...” (entrevista<strong>do</strong> 1).<br />

“...eu vejo falar, mais é só boato, esse papo é antigo, isso vem <strong>de</strong> muitos<br />

anos, quan<strong>do</strong> sempre que voltam a falar em fechar, tem muito choro, botam<br />

lixo na rua, porque muitos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m disso ai, se fechar vamos roubar pra<br />

po<strong>de</strong>r...” (entrevista<strong>do</strong> 3).<br />

“...os bandi<strong>do</strong>s também não <strong>de</strong>ixam fechar não, as vezes quan<strong>do</strong> fala muito<br />

nisso, eles ameaçam e ai para tu<strong>do</strong>...” (entrevista<strong>do</strong> 6).<br />

“...vai dar mais pobreza pra Caxias <strong>do</strong> que já tem, a marginalida<strong>de</strong> daqui<br />

também não <strong>de</strong>ixa, se acabar, vão para <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r, à noite aqui tem muita<br />

sujeira, é mais sujo que esse lixo ai...” (entrevista<strong>do</strong> 8).<br />

59


Na visão <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r, a partir das observações empírica, ficou claro que<br />

to<strong>do</strong>s os comerciantes sabem sobre a <strong>de</strong>sativação <strong>do</strong> AMJG, porém, não querem<br />

acreditar que possa se tornar real. Temem sobre as incertezas <strong>de</strong> uma nova vida<br />

sem o lixo ao re<strong>do</strong>r da sobrevivência <strong>do</strong> seu comércio. Também ficou evi<strong>de</strong>nte que<br />

para eles (os comerciantes) existe uma preocupação principal com o cata<strong>do</strong>r,<br />

sentem-se sem privilégios, seja pelo governo estadual ou municipal, preferin<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>ssa forma, não falar muito sobre tal assunto.<br />

Relacionan<strong>do</strong> a opinião pessoal <strong>do</strong>s sujeitos entrevista<strong>do</strong>s, sobre a<br />

<strong>de</strong>sativação <strong>do</strong> AMJG, apenas um comerciante é favorável ao encerramento das<br />

ativida<strong>de</strong>s, mesmo saben<strong>do</strong> que passará por dificulda<strong>de</strong>s financeiras. Este disserta<br />

que ocorreu a acomodação das pessoas que trabalham no comércio pela facilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ganhar dinheiro diariamente. Afirma que existe a exploração <strong>do</strong>s cata<strong>do</strong>res pelos<br />

proprietários <strong>do</strong>s bares, barracas, biroscas e botequins ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> aterro, que<br />

cobram caro porque sabem que eles têm que comprar, principalmente no ramo da<br />

alimentação, que faz parte das necessida<strong>de</strong>s básicas das famílias que ali habitam.<br />

A outra parcela <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s é totalmente contra a <strong>de</strong>sativação <strong>do</strong><br />

AMJG. Existe a preocupação familiar, os comerciantes <strong>do</strong> ramo pesquisa<strong>do</strong> atrelam<br />

o fechamento <strong>do</strong> aterro ao fechamento <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o comércio, pois, sem o cata<strong>do</strong>r não<br />

terão pra quem ven<strong>de</strong>r, prejudican<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ravelmente a economia <strong>do</strong> bairro <strong>de</strong><br />

Jardim Gramacho. O fragmento da entrevista abaixo <strong>de</strong>screve bem essa questão.<br />

“...não <strong>de</strong>ve fechar, muita gente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> disso ai, principalmente os pais <strong>de</strong><br />

família...o aterro é muito importante por causa das famílias, é esse lixo que<br />

faz a economia aqui <strong>do</strong> bairro...” (entrevista<strong>do</strong> 3).<br />

4.6 O SIGNIFICADO DO AMJG E A VISÃO DOS COMERCIANTES SOBRE A<br />

xxxECONOMIA DE UM BAIRRO QUE SOBREVIVE EM FUNÇÃO DO LIXO<br />

Jardim Gramacho é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um bairro que tem sua trajetória em função<br />

da rota <strong>do</strong> lixo (BASTOS, 2005; PINTO, 2004), em que praticamente toda a ativida<strong>de</strong><br />

econômica está em função direta e indireta da catação (BASTOS, 2005; IBASE,<br />

2005).<br />

Analisan<strong>do</strong> o conteú<strong>do</strong> levanta<strong>do</strong> a partir das entrevistas, o AMJG é à base<br />

<strong>de</strong> praticamente to<strong>do</strong> o bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho. Em função <strong>do</strong> aterro que existe<br />

60


a geração da renda para o comércio estabeleci<strong>do</strong> ao seu re<strong>do</strong>r. Na visão <strong>do</strong>s<br />

comerciantes, o aterro é essencial para o Município <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias, atrelam a<br />

existência <strong>de</strong> um lugar sujo sen<strong>do</strong> o foco da riqueza, significan<strong>do</strong> o meio <strong>de</strong><br />

sobrevivência para muitas famílias.<br />

Para o segmento <strong>do</strong> comércio analisa<strong>do</strong>, o AMJG é o único meio <strong>de</strong> gerar<br />

renda, renda essa em função da presença <strong>do</strong> cata<strong>do</strong>r. Os bares, biroscas, barracas<br />

e botequins realizam as compras nos merca<strong>do</strong>s maiores <strong>do</strong> centro <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong><br />

Caxias e reven<strong>de</strong>m os produtos a um custo bem maior. Eles não conseguem<br />

comprar direto <strong>do</strong>s fornece<strong>do</strong>res primários <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à informalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus<br />

respectivos estabelecimentos.<br />

O significa<strong>do</strong> <strong>do</strong> AMJG para esses atores é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> o único meio <strong>de</strong><br />

sobrevivência. Ele é capaz <strong>de</strong> fazer toda uma movimentação econômica e<br />

financeira, não apenas para o Bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho, e sim, para gran<strong>de</strong> parte<br />

<strong>do</strong> município <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias.<br />

O aterro não emprega somente os mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> bairro. Vários são os<br />

trabalha<strong>do</strong>res direto <strong>do</strong> lixo que ficam durante os dias úteis da semana em Jardim<br />

Gramacho, retornan<strong>do</strong> para suas residências nos finais <strong>de</strong> semana, levan<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa<br />

forma parte da renda arrecadada para seus familiares. A outra parte, <strong>de</strong>ixam no<br />

comércio local, caracterizan<strong>do</strong> uma movimentação da economia também em outra<br />

região.<br />

“se fechar, o comércio vai acabar... as pessoas que vem <strong>de</strong> fora compram<br />

aqui. Alugam uma casa ou um barraco, ficam durante a semana ganhan<strong>do</strong><br />

dinheiro e vão embora pra suas famílias...” (entrevista<strong>do</strong> 3).<br />

Na ótica <strong>do</strong>s comerciantes da região, é através da existência <strong>do</strong> aterro que<br />

emprega inúmeras pessoas, direta ou indiretamente relacionadas à ativida<strong>de</strong> da<br />

catação. A permanência <strong>do</strong> AMJG para o bairro é fundamentada na empregabilida<strong>de</strong><br />

e na existência <strong>de</strong> uma economia ativa para a região.<br />

A associação <strong>do</strong> fechamento <strong>do</strong> AMJG com a falência <strong>de</strong> to<strong>do</strong> um bairro é<br />

extremamente preocupante para esse segmento <strong>do</strong> comércio pesquisa<strong>do</strong>. Existe a<br />

preocupação com o aumento da violência, <strong>de</strong> roubos e <strong>de</strong> furtos para o município <strong>de</strong><br />

Duque <strong>de</strong> Caxias, pois, o <strong>de</strong>semprego em massa acarretará tal situação prevista por<br />

esses comerciantes. Desemprego tanto da parte <strong>do</strong>s cata<strong>do</strong>res quanto da parte <strong>do</strong>s<br />

comerciantes da região.<br />

61


4.7 AS ESTRATÉGIAS PREVISTAS PELOS COMERCIANTES DO SETOR<br />

xxxxINFORMAL DE ALIMENTOS PARA DRIBLAR A SITUAÇÃO ECONÔMICA EM<br />

xxxxFACE A DESATIVAÇÃO DO AMJG<br />

Previsto para realmente ser <strong>de</strong>sativa<strong>do</strong> até o mês <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011,<br />

<strong>de</strong>cisão essa tomada pelo atual Prefeito <strong>do</strong> Município <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias José<br />

Camilo Zito, o Secretário Estadual Carlos Minc, a presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Instituto Estadual <strong>do</strong><br />

Ambiente (INEA), Marilene Ramos, o Secretário Municipal <strong>de</strong> Meio Ambiente,<br />

Samuel Maia, e representante da COMLURB, essa realida<strong>de</strong> ainda está pouco<br />

presente na vida <strong>do</strong>s comerciantes da região, muitos <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, conforme<br />

menciona<strong>do</strong>s anteriormente não acreditam na <strong>de</strong>sativação (ABDALA, 2010).<br />

As observações realizadas pelo pesquisa<strong>do</strong>r no <strong>de</strong>correr das entrevistas<br />

mostram em primeiro momento o fato <strong>de</strong> realmente os comerciantes não<br />

acreditarem na paralisação das ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> aterro. Em várias circunstâncias,<br />

quan<strong>do</strong> questiona<strong>do</strong>s sobre as percepções e as opiniões relacionadas à <strong>de</strong>sativação<br />

<strong>do</strong> aterro é sempre, em primeiro instante a resposta: “esse papo é muito antigo”, “ele<br />

não vai fechar”, “não acredito nisso”, “escuto falar mais é boato”, ...<br />

“o aterro não vai sair daqui, o tráfico <strong>de</strong> drogas não vai <strong>de</strong>ixar, aqui ele é<br />

muito forte. Mais, se algum dia acabar, não sei o que vou fazer ainda ...”<br />

(entrevista<strong>do</strong> 4).<br />

Em face às respostas imediatas sobre a <strong>de</strong>sativação, alguns <strong>do</strong>s<br />

comerciantes (mesmo não acreditan<strong>do</strong> na <strong>de</strong>sativação), acabam por ter um<br />

pensamento já forma<strong>do</strong> para a situação que se aproxima. É notório para eles que<br />

seus bares, suas barracas, suas biroscas ou seus botequins, conforme chamam,<br />

irão realmente acabar, pois, não terão mais seus clientes fies: os cata<strong>do</strong>res.<br />

Mediante o conteú<strong>do</strong> aborda<strong>do</strong> pelos comerciantes entrevista<strong>do</strong>s, os mesmos<br />

ainda estão sem saber realmente o que irão fazer mediante a provável <strong>de</strong>sativação<br />

<strong>do</strong> aterro. Pela falta das informações oficiais, encontram-se meio perdi<strong>do</strong>s. Esses<br />

comerciantes estão instala<strong>do</strong>s em torno <strong>do</strong> AMJG durante muito tempo e não tem<br />

outro meio <strong>de</strong> sobrevivência. Sempre associam o seu rendimento financeiro com a<br />

existência <strong>do</strong> aterro.<br />

Existe por parte <strong>do</strong>s comerciantes, a fascinação pelo dinheiro que o lixo traz,<br />

dinheiro esse to<strong>do</strong> dia, o que para eles não conseguirão em outro emprego. Muitos<br />

62


<strong>de</strong>sses trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> comércio informal relatam ir atrás <strong>do</strong> lixo. Começarão <strong>do</strong><br />

início conforme se instalaram em Jardim Gramacho. Essa estratégia por parte <strong>do</strong>s<br />

comerciantes <strong>de</strong> ir para on<strong>de</strong> o lixo for, é observada em parcela relevante entre os<br />

entrevista<strong>do</strong>s conforme <strong>de</strong>scrito nos fragmentos abaixo:<br />

“... aqui é muito sujo, mais é bom pros trabalha<strong>do</strong>res e para os barraqueiros,<br />

para minha sobrevivência ele é muito importante, tiro meu sustento daqui, se<br />

o aterro fechar, eu não posso continuar aqui, vou ven<strong>de</strong>r pra quem se não<br />

tem mais os cata<strong>do</strong>res?... ainda não sei muito bem o que vou fazer, agente ta<br />

meio perdi<strong>do</strong>, acho que junto com o lixo, pra on<strong>de</strong> ele for ...” (entrevista<strong>do</strong> 2).<br />

“... se fechar, o comércio vai acabar, vamos ter que ir atrás <strong>do</strong> lixo. Faço um<br />

barraco <strong>de</strong> tábua e monto minha barraca lá, o lixo é muito rico, dá muito<br />

dinheiro...” (entrevista<strong>do</strong> 3).<br />

“... vou atrás <strong>do</strong> lixo, monto minha barraquinha bem <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>de</strong>le, é on<strong>de</strong> da<br />

mais dinheiro, se não, vou ter que roubar se não me <strong>de</strong>ixarem ficar ...”<br />

(entrevista<strong>do</strong> 4).<br />

“... se fechar aqui abro o comércio em outro lugar quan<strong>do</strong> eu conseguir outro<br />

ponto perto <strong>do</strong> novo lixo ou <strong>de</strong> outro aterro ...” (entrevista<strong>do</strong> 5).<br />

“... com certeza eu vou pra on<strong>de</strong> o lixo vai, vou tentar montar uma barraca lá<br />

perto, não sei on<strong>de</strong> vou conseguir ganhar o que eu ganho aqui, mais ficar<br />

sem dinheiro não dá...” (entrevista<strong>do</strong> 6).<br />

Para os comerciantes entrevista<strong>do</strong>s, faz-se necessário a<strong>do</strong>tar pelos<br />

governantes uma forma <strong>de</strong> amenizar a situação que esta por se instalar. Com a<br />

saída <strong>do</strong> aterro da região, existe o receio <strong>do</strong> que po<strong>de</strong> acontecer. Conforme <strong>de</strong>scrito<br />

anteriormente, Jardim Gramacho faz parte <strong>de</strong> uma região on<strong>de</strong> a criminalida<strong>de</strong> é<br />

muito gran<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> muitos <strong>do</strong> que ali habitam não entraram na vida <strong>do</strong> crime em<br />

função direta ou indireta <strong>do</strong> aterro. Alguns <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s ressaltam a importância<br />

da atuação direta <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público na respectiva região.<br />

4.8 A PERCEPÇÃO DOS COMERCIANTES INSTALADOS EM TORNO DO AMJG<br />

xxxSOBRE A EXISTÊNCIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS ADOTADAS A FIM DE<br />

xxxMINIMIZAR O IMPACTO GERADO PELA SUA PARALISAÇÃO<br />

A inexistência <strong>de</strong> políticas públicas e o próprio <strong>de</strong>scaso <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público,<br />

fe<strong>de</strong>ral, estadual ou municipal em face aos comerciantes da região em torno <strong>do</strong><br />

AMJG, permeiam em to<strong>do</strong>s os entrevista<strong>do</strong>s. A falta e clareza com os trabalha<strong>do</strong>res<br />

63


<strong>do</strong> comércio relacionada com a realida<strong>de</strong> quanto à <strong>de</strong>sativação fazem <strong>de</strong>ssa parte<br />

da população não crer na sua <strong>de</strong>sativação.<br />

Várias são as propostas levadas com exclusivida<strong>de</strong> para os cata<strong>do</strong>res,<br />

<strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> <strong>de</strong> la<strong>do</strong> a outra gran<strong>de</strong> parcela da comunida<strong>de</strong>. As preocupações <strong>do</strong>s<br />

comerciantes da região não estão somente com as suas respectivas situações, e<br />

sim, com toda cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias. Para eles a falta <strong>de</strong> uma política que<br />

abracem a to<strong>do</strong>s <strong>do</strong> bairro (cata<strong>do</strong>res, comerciantes, mora<strong>do</strong>res, visitantes, políticos<br />

etc.), po<strong>de</strong>rá acarretar mais conseqüências negativas para a comunida<strong>de</strong>.<br />

O caso <strong>do</strong>s comerciantes pesquisa<strong>do</strong>s, não é diferente <strong>do</strong>s cata<strong>do</strong>res que<br />

atuam no aterro. A situação vivenciada na região <strong>de</strong>monstra claramente to<strong>do</strong> o<br />

processo <strong>de</strong> exclusão social. Porém quan<strong>do</strong> se fala nos cata<strong>do</strong>res, vários estu<strong>do</strong>s<br />

comprovam tal situação (BASTOS, ARAUJO, 1998; BASTOS, 2005; BASTOS, 2007;<br />

GOMES, 2008; JUNCA, 2004; PINTO, 2004). A falta <strong>de</strong> políticas públicas que<br />

consi<strong>de</strong>re não só os cata<strong>do</strong>res, mas também toda a região <strong>de</strong> Jardim Gramacho, é<br />

claramente expressada pelos atores da pesquisa. Com base na sistematização <strong>do</strong>s<br />

conteú<strong>do</strong>s aborda<strong>do</strong>s por eles, a inexistência das políticas públicas é largamente<br />

evi<strong>de</strong>nciada conforme alguns fragmentos das entrevistas seleciona<strong>do</strong>s:<br />

“... vem sempre gente <strong>do</strong> governo e da prefeitura aqui, mais eles não falam<br />

nada pra gente, só sei que vai aumentar muito a criminalida<strong>de</strong> e os roubos<br />

com tanta gente que vai ficar ...” (entrevista<strong>do</strong> 2).<br />

“... nunca falam nada sobre nós, eles tem mais preocupação é com s<br />

cata<strong>do</strong>res e com a cooperativa, eles <strong>de</strong>veriam é legalizar to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, <strong>de</strong>veria<br />

dar emprego, <strong>de</strong>veria já sair daqui com o emprego garanti<strong>do</strong> através da<br />

cooperativa, só que a cooperativa não da pra to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> ...” (entrevista<strong>do</strong> 3).<br />

“... não sei falar não, eles ‘o governo’ não estão se importan<strong>do</strong> com isso ...”<br />

(entrevista<strong>do</strong> 5).<br />

“... o governo não da muita importância pra gente aqui das barracas, acho<br />

que é porque agente não paga os impostos, não damos lucro para a<br />

Prefeitura. Aqui agente escuta falar sempre em fazer alguma coisa para o<br />

pessoal lá <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro, aqui <strong>de</strong> fora não dão muita importância...” (entrevista<strong>do</strong><br />

6).<br />

“... há 12 anos que trabalho aqui, vejo sempre gente <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> rondan<strong>do</strong>,<br />

mais falar alguma coisa com a gente nunca vieram, tem é sempre alguma<br />

coisa boa pros cata<strong>do</strong>res, pra gente das barracas não vejo nada ...”<br />

(entrevista<strong>do</strong> 8).<br />

64


Ainda quan<strong>do</strong> se fala em políticas públicas, com os sujeitos da pesquisa,<br />

existe certa <strong>de</strong>cepção com os governantes. O <strong>de</strong>scrédito em melhorias para a<br />

localida<strong>de</strong> por parte <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público é gran<strong>de</strong>. Nas observações e nos conteú<strong>do</strong>s<br />

analisa<strong>do</strong>s, dão maior credibilida<strong>de</strong> ao tráfico <strong>de</strong> drogas da região ao po<strong>de</strong>r público.<br />

Existe sempre a associação <strong>de</strong> melhorias que acontecem na região por<br />

influência <strong>do</strong> tráfico. Por outro la<strong>do</strong>, culpam o po<strong>de</strong>r público pela pobreza e pela<br />

miséria instalada em to<strong>do</strong> o bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho.<br />

“... o governo vai ter que fazer um trabalho muito bom pra combater a miséria<br />

que o povo daqui vai passar e aumentar mais os policiais nas ruas. Muitos<br />

aqui são vicia<strong>do</strong>s em drogas e se não tiverem dinheiro para comprar vão<br />

roubar. O governo vai ter que fazer alguma coisa pra to<strong>do</strong>s daqui, muitos não<br />

tem uma profissão e não vão ter como sobreviver em outro emprego ...”<br />

(entrevista<strong>do</strong> 1).<br />

A pesquisa realizada por Andrioli (2002), aborda que a economia mundial tem<br />

apresenta<strong>do</strong> várias características que influenciam <strong>de</strong> maneira <strong>de</strong>cisiva na<br />

elaboração <strong>de</strong> políticas públicas e na organização <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res. A ampliação<br />

<strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego, e a sua relação com a redução <strong>de</strong> postos <strong>de</strong> trabalho, colocam um<br />

gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pessoas em condições precárias <strong>de</strong> trabalho, sem acesso a<br />

direitos sociais e com baixa perspectiva <strong>de</strong> retorno à empregabilida<strong>de</strong> formal.<br />

Na ótica <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r, essa fala <strong>do</strong> autor acima cita<strong>do</strong>, resume o que vem<br />

ocorren<strong>do</strong> com os comerciantes <strong>do</strong> setor informal <strong>de</strong> alimentos em torno <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong><br />

<strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho. Conseguem ter uma retirada diária em torno <strong>de</strong><br />

R$ 250,00 (duzentos e cinqüenta reais) a R$ 300,00 (trezentos reais) perfazen<strong>do</strong> um<br />

salário mensal <strong>de</strong> aproximadamente R$ 6.000,00 (seis mil reais), porém, a<br />

perspectiva <strong>de</strong> retornarem ao merca<strong>do</strong> formal <strong>do</strong> trabalho é praticamente nula.<br />

A inexistência <strong>de</strong> políticas públicas <strong>de</strong>stinadas a essa parte <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res,<br />

tornam essas pessoas sem condições dignas para a vida em socieda<strong>de</strong>.<br />

Corroboran<strong>do</strong> com a percepção <strong>do</strong> autor, Bastos (2008), em sua tese disserta que o<br />

valor financeiro arrecada<strong>do</strong> somente cumpre o papel <strong>de</strong> prover a sobrevivência, no<br />

entanto, embora percebam estes valores, a sua possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> social é<br />

dificultada, o que nos leva a afirmar que são pobres e excluí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> bens e serviços,<br />

mas não pelos ganhos, mas sim pelo fator <strong>de</strong> movimentação e <strong>de</strong> acesso a outras<br />

classes sociais.<br />

65


4.9 A DESATIVAÇÃO DO AMJG SOB A ÓTICA GOVERNAMENTAL<br />

De acor<strong>do</strong> com a Câmara Municipal <strong>do</strong> Município <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias, o<br />

AMJG será <strong>de</strong>sativa<strong>do</strong> até o final <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 2011, principalmente pela <strong>de</strong>gradação<br />

ambiental que foi instalada em seu entorno por anos segui<strong>do</strong>s.<br />

Em matéria divulgada pelo Informativo mensal da Câmara Municipal <strong>de</strong><br />

Duque <strong>de</strong> Caixas (2011), a <strong>de</strong>gradação ambiental foi tão gran<strong>de</strong>, que foi ocasionada<br />

uma “ferida” ambiental que não afeta só o município <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias, mas sim,<br />

to<strong>do</strong> o planeta.<br />

Os Po<strong>de</strong>r Público da região, principalmente os Verea<strong>do</strong>res, estão<br />

preocupa<strong>do</strong>s com as conseqüências que estão por chegar com a <strong>de</strong>sativação.<br />

Atrelam a <strong>de</strong>sativação necessária porque existe a possibilida<strong>de</strong> real <strong>de</strong> <strong>de</strong>smoronar<br />

a montanha <strong>de</strong> lixo que ali foi <strong>de</strong>posita<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua inauguração.<br />

O AMJG está instala<strong>do</strong> em um terreno argiloso, em uma área <strong>de</strong> 1,3 milhões<br />

<strong>de</strong> metros quadra<strong>do</strong>s, cerca<strong>do</strong> <strong>de</strong> mangues, às margens da Baía <strong>de</strong> Guanabara.<br />

Caso o terreno ceda, milhões <strong>de</strong> toneladas <strong>de</strong> lixo afundarão na baía. Próximo ao<br />

AMJG, <strong>de</strong>ságuam os rios Iguaçú e Sarapuí, que cortam cinco municípios mais<br />

populosos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>: Nov Iguaçú, Mesquita, Nilópolis, Belford Roxo, São João <strong>de</strong><br />

Meriti e Duque <strong>de</strong> Caxias.<br />

A iniciativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sativar o <strong>Aterro</strong>, a pretexto <strong>de</strong> salvaguardar a segurança <strong>do</strong>s<br />

cata<strong>do</strong>res, funcionários e mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> bairro <strong>de</strong> Jardim Gramacho, chega com<br />

mais <strong>de</strong> 10 anos <strong>de</strong> atraso. No início da década <strong>de</strong> 90, a Secretária <strong>do</strong> Meio<br />

ambiente, a ex-verea<strong>do</strong>ra Dalva Lazzaroni, divulgou um estu<strong>do</strong> em que<br />

ambientalistas alertavam para o risco <strong>do</strong> aterro afundar na Baía <strong>de</strong> Guanabara, o<br />

que po<strong>de</strong>ria provocar o <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> uma parte <strong>do</strong> Município <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong><br />

Caxias, afetan<strong>do</strong> diretamente os municípios vizinhos, por on<strong>de</strong> passam os rios<br />

Sarapuí e Iguaçú.<br />

O temor <strong>do</strong> <strong>de</strong>sastre ambiental é compartilha<strong>do</strong> por geólogos, pois estu<strong>do</strong>s<br />

mostram o aterro situa<strong>do</strong> sobre uma placa, que se inclina em direção ao fun<strong>do</strong> da<br />

Baía <strong>de</strong> Guanabara. O afundamento provocaria uma espécie <strong>de</strong> tsunami <strong>de</strong> lama,<br />

que <strong>de</strong>struiria, <strong>de</strong> início, os bairros <strong>de</strong> Jardim Gramacho, Beira Mar, Sarapuí e<br />

Gramacho, uma vez que parte <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias está situada abaixo da linha das<br />

marés.<br />

66


O po<strong>de</strong>r público, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> minimizar a situação ambiental que<br />

po<strong>de</strong>rá ocasionar, está instalan<strong>do</strong> outro <strong>Aterro</strong> Sanitário, mais mo<strong>de</strong>rno, construí<strong>do</strong><br />

no Município <strong>de</strong> Seropédica, para <strong>de</strong>ssa forma paralisar o AMJG.<br />

Quanto à questão ambiental, as ações governamentais estão caminhan<strong>do</strong>,<br />

lentamente mais caminhan<strong>do</strong>. E quanto à questão social? Principalmente o<br />

<strong>de</strong>semprego o aumento da criminalida<strong>de</strong>, que foram as principais questões<br />

levantadas na pesquisa?<br />

Conforme relata<strong>do</strong> anteriormente, essa questão ainda está muito atrasada, os<br />

comerciantes em torno <strong>do</strong> AMJG, apesar <strong>de</strong> não acreditarem na <strong>de</strong>sativação <strong>do</strong><br />

aterro, assim como os cata<strong>do</strong>res, estão vulneráveis a situação que se instalará na<br />

região. Na sua visão, não existe uma estratégia <strong>do</strong> governo para sanar a situação<br />

que se instalará no município <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias, ou, se existe, não estão sen<strong>do</strong><br />

informa<strong>do</strong>s e nem capacita<strong>do</strong>s para uma nova ativida<strong>de</strong>.<br />

67


5 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

O <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho, com mais <strong>de</strong> 30 (trinta) anos <strong>de</strong><br />

plena ativida<strong>de</strong> está próximo <strong>de</strong> ter suas portas fechadas, sen<strong>do</strong> anuncia<strong>do</strong> pelo<br />

governo a sua paralisação até o mês <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong>sse ano. Com a sua<br />

<strong>de</strong>sativação, em função <strong>de</strong> ser necessária pelo tempo <strong>de</strong> vida útil, instala-se na<br />

região <strong>de</strong> Jardim Gramacho inúmeras in<strong>de</strong>cisões, tanto para os cata<strong>do</strong>res que tiram<br />

seu sustento direto da ativida<strong>de</strong> da catação, como para to<strong>do</strong> o comércio que foi<br />

instala<strong>do</strong> ao seu re<strong>do</strong>r.<br />

Com base nas evidências empíricas, foi constata<strong>do</strong> que o maior seguimento<br />

<strong>do</strong> comércio que ali está instala<strong>do</strong> é o segmento informal da alimentação, composto<br />

por bares, biroscas, barracas e botequins. Comércio esse que tem como seus<br />

principais clientes os cata<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho.<br />

Mediante a situação que está por se aproximar, a presente pesquisa teve<br />

como propósito principal, investigar o que os comerciantes informais <strong>do</strong> setor da<br />

alimentação têm pensa<strong>do</strong> como estratégias, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> superar os possíveis<br />

impactos econômicos para quan<strong>do</strong> ocorrer o encerramento <strong>do</strong> AMJG. Através das<br />

entrevistas no campo, po<strong>de</strong>-se concluir que os comerciantes <strong>do</strong> setor informal <strong>de</strong><br />

alimentos em torno <strong>do</strong> AMJG, estão ali instala<strong>do</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua inauguração, sen<strong>do</strong><br />

esse segmento <strong>do</strong> comércio o que mais cresceu ao longo <strong>de</strong>sses anos.<br />

A partir <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>-se constatar que existe como hábito<br />

principal <strong>de</strong> consumo, a bebida alcoólica por parte <strong>do</strong>s clientes principais, ou seja,<br />

pelos cata<strong>do</strong>res. Relaciona<strong>do</strong> aos mora<strong>do</strong>res da região, os mesmos utilizam os<br />

bares, barracas, botequins e biroscas próximas para alguma compra emergencial,<br />

em virtu<strong>de</strong> <strong>do</strong> alto custo nas vendas por parte <strong>do</strong>s comerciantes. Estes, como fazem<br />

parte <strong>do</strong> comércio informal, não estão aptos a comprarem direto <strong>do</strong>s fornece<strong>do</strong>res<br />

primários, compran<strong>do</strong> os produtos para as vendas em outros merca<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Município<br />

<strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias, encarecen<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa forma o que irão ven<strong>de</strong>r.<br />

Sob a ótica <strong>do</strong>s comerciantes analisa<strong>do</strong>s da região, o encerramento das<br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> AMJG trará um impacto muito negativo para a região (não só para<br />

Jardim Gramacho, mais para parte <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias), os sujeitos da<br />

pesquisa acreditam que irá aumentar a pobreza, o <strong>de</strong>semprego, a fome e<br />

principalmente a criminalida<strong>de</strong>, pois, vários serão os trabalha<strong>do</strong>res que ficarão<br />

68


<strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s, tanto os cata<strong>do</strong>res quanto os comerciantes que tiram direta e<br />

indiretamente <strong>do</strong> aterro o seu sustento.<br />

Apesar <strong>de</strong> ter si<strong>do</strong> anunciada a <strong>de</strong>sativação <strong>do</strong> aterro, nada tem si<strong>do</strong><br />

realmente realiza<strong>do</strong> ou pensa<strong>do</strong> por parte <strong>do</strong>s atores da pesquisa. Dessa forma,<br />

ainda não existem estratégias evi<strong>de</strong>nciadas para driblar o impacto econômico da<br />

situação que está por se instalar. Foi constata<strong>do</strong> pelo conteú<strong>do</strong> examina<strong>do</strong>, que<br />

existe um gran<strong>de</strong> interesse <strong>do</strong>s comerciantes <strong>de</strong>sse segmento em acompanhar o<br />

<strong>de</strong>stino <strong>do</strong> lixo, visto que atrelam a aterro e o que é estabeleci<strong>do</strong> em seu entorno a<br />

uma área com gran<strong>de</strong> riqueza. Várias são as especulações que cercam o AMJG,<br />

porém, para os comerciantes em questão, não existe a oficialização por parte <strong>do</strong>s<br />

governantes. To<strong>do</strong>s os entrevista<strong>do</strong>s acreditam que a <strong>de</strong>sativação <strong>do</strong> AMJG não irá<br />

ocorrer. Associam o seu fechamento ao assunto que ora permeia e <strong>de</strong>pois é<br />

esqueci<strong>do</strong>. Os comerciantes mais antigos alegam que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a inauguração <strong>do</strong><br />

aterro fala-se na paralisação das ativida<strong>de</strong>s e não acontece, logo, segun<strong>do</strong> eles, não<br />

é agora que irá ocorrer.<br />

Po<strong>de</strong>-se também concluir, que existe uma total <strong>de</strong>scrença no po<strong>de</strong>r público<br />

por parte <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, alegam que o tráfico <strong>de</strong> drogas que é muito “po<strong>de</strong>roso”<br />

na região, não <strong>de</strong>ixará que o aterro cesse suas ativida<strong>de</strong>s. Apontam o tráfico <strong>de</strong><br />

drogas e a atitu<strong>de</strong> <strong>do</strong>s cata<strong>do</strong>res como forte alia<strong>do</strong>s na recusa <strong>do</strong> encerramento <strong>do</strong><br />

aterro.<br />

A inexistência <strong>de</strong> políticas públicas integradas que contemple os comerciantes<br />

da região também é <strong>de</strong>sconhecida por parte <strong>do</strong>s sujeitos. Alegam que os<br />

governantes não estão preocupa<strong>do</strong>s com esse segmento <strong>do</strong> comércio informal.<br />

Acreditam que em função <strong>de</strong> não pagarem impostos para o município, não existe a<br />

preocupação por parte <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público.<br />

Embora os rendimentos diários <strong>de</strong>sses comerciantes sejam acima <strong>de</strong> suas<br />

expectativas, acreditam que em outro local não terão salários com o que retiram <strong>de</strong><br />

suas barracas. Po<strong>de</strong>-se observar que a sustentabilida<strong>de</strong> e a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida na<br />

região <strong>de</strong> Jardim Gramacho, mais especificamente ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong>,<br />

são precárias. Existe toda uma <strong>de</strong>ficiência na infra-estrutura, apresentan<strong>do</strong> falta <strong>de</strong><br />

saneamento básico, invasões nas áreas <strong>do</strong> manguezal, barracos instala<strong>do</strong>s na beira<br />

das ruas, on<strong>de</strong> os mora<strong>do</strong>res divi<strong>de</strong>m seu lar com animais, configuran<strong>do</strong> assim que<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento local está longe <strong>de</strong> ser instala<strong>do</strong> na região estudada.<br />

69


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74


APÊNCIDE A – Roteiro da Entrevista Semi-estruturada<br />

SEGMENTO DO COMÉRCIO DE ALIMENTAÇÃO:<br />

1. Há quanto tempo o seu comércio está estabeleci<strong>do</strong> neste local?<br />

2. Por que motivo você se estabeleceu aqui neste local?<br />

3. Quem são os principais clientes <strong>do</strong> seu estabelecimento? (cata<strong>do</strong>res,<br />

comerciantes/intermediários, mora<strong>do</strong>res da região, caminhoneiros...)<br />

4. Os cata<strong>do</strong>res costumam freqüentar seu estabelecimento? Se sim, sabe falar<br />

se são coopera<strong>do</strong>s ou não?<br />

5. O que eles costumam comprar/consumir?<br />

6. Eles pagam a vista ou a prazo? Como funciona a compra <strong>do</strong>s produtos aqui<br />

vendi<strong>do</strong>s?<br />

7. Qual a renda aproximada que o Senhor tira por dia com a venda <strong>do</strong>s seus<br />

produtos?<br />

8. O que o senhor sabe sobre o fechamento <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> Sanitário?<br />

9. O que as pessoas ao seu re<strong>do</strong>r (outros comerciantes, colegas <strong>de</strong> trabalho,<br />

mora<strong>do</strong>res locais, cata<strong>do</strong>res etc.) falam sobre o fechamento <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong><br />

Sanitário?<br />

10. Qual sua opinião sobre o fechamento <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> Sanitário?<br />

11. O senhor acredita que o seu fechamento trará algumas conseqüências para o<br />

seu estabelecimento/comércio? Explique:<br />

12. Qual sua opinião sobre o <strong>Aterro</strong> Sanitário? Ele é importante para seu<br />

estabelecimento?<br />

13. O que ele significa para os mora<strong>do</strong>res da região? O que ele significa para os<br />

comerciantes (como o senhor) <strong>de</strong>ssa região?<br />

14. O que o Senhor irá fazer com a saída <strong>do</strong> aterro daqui?<br />

15. O senhor sabe se existe algum plano <strong>do</strong> Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> ou da Prefeitura<br />

<strong>do</strong> Município <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias com relação aos estabelecimentos<br />

comerciais que existem aqui em torno <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong>?<br />

75


APÊNCIDE B – Termo <strong>de</strong> Consentimento Livre e Esclareci<strong>do</strong><br />

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO<br />

Eu, Ricar<strong>do</strong> Laino Ribeiro estou <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> uma pesquisa intitulada: O <strong>Impacto</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Encerramento</strong> <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong> <strong>de</strong> Jardim Gramacho (AMJG) sob a<br />

Ótica <strong>do</strong>s Comerciantes <strong>do</strong> Setor Informal <strong>de</strong> Alimentos. A exploração <strong>do</strong> trabalho<br />

tem como objetivo investigar quais os impactos <strong>do</strong> fechamento <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> Sanitário <strong>de</strong> Jardim<br />

Gramacho junto aqueles que trabalham no setor informal <strong>de</strong> alimentos. Este estu<strong>do</strong><br />

preten<strong>de</strong> conhecer um pouco sobre a economia informal <strong>do</strong> setor <strong>de</strong> alimentos no sub-bairro<br />

Jardim Gramacho e sua relação com os cata<strong>do</strong>res. Preten<strong>de</strong> também investigar se o<br />

encerramento <strong>de</strong>ste <strong>Aterro</strong> afetaria esta economia, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a opinião <strong>de</strong><br />

comerciantes locais (como e <strong>de</strong> que forma). Para enten<strong>de</strong>r e analisar o objetivo da pesquisa<br />

serão realizadas entrevistas, bem como observações não sistemáticas.<br />

Eu, ____________________________________________________________________ fui<br />

esclareci<strong>do</strong> sobre a pesquisa O <strong>Impacto</strong> <strong>do</strong> <strong>Encerramento</strong> <strong>do</strong> <strong>Aterro</strong> <strong>Metropolitano</strong><br />

<strong>de</strong> Jardim Gramacho (AMJG) sob a Ótica <strong>do</strong>s Comerciantes <strong>do</strong> Setor Informal<br />

<strong>de</strong> Alimentos e concor<strong>do</strong> que os da<strong>do</strong>s por mim forneci<strong>do</strong>s sejam utiliza<strong>do</strong>s na realização<br />

da mesma. Permito ainda que o pesquisa<strong>do</strong>r abaixo relaciona<strong>do</strong> obtenha gravações <strong>de</strong><br />

minha pessoa (se necessário) para fins científicos e educacionais. Concor<strong>do</strong> ainda que o<br />

material e informações obtidas possam ser publica<strong>do</strong>s, porém, a minha pessoa não <strong>de</strong>ve ser<br />

i<strong>de</strong>ntificada por nome em qualquer uma das vias <strong>de</strong> publicação ou uso.<br />

Assino este <strong>do</strong>cumento em duas vias <strong>de</strong> igual teor, sen<strong>do</strong> que uma ficará comigo e a outra<br />

será entregue aos pesquisa<strong>do</strong>res.<br />

Duque <strong>de</strong> Caxias, ____<strong>de</strong> _______________<strong>de</strong> 2010.<br />

__________________________________<br />

Assinatura <strong>do</strong> Entrevista<strong>do</strong><br />

__________________________________<br />

Pesquisa<strong>do</strong>r: Ricar<strong>do</strong> Laino Ribeiro<br />

Telefone: (21) 2672 77 77<br />

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