19.01.2015 Views

quando a realidade parece ficção, é hora de fazer mockumentary

quando a realidade parece ficção, é hora de fazer mockumentary

quando a realidade parece ficção, é hora de fazer mockumentary

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Imagens: Divulgação<br />

Cena <strong>de</strong> Sleep <strong>de</strong>aler<br />

(2009), filme <strong>de</strong> <strong>ficção</strong><br />

em longa-metragem<br />

(esq.) e o curta Why<br />

cybraceros (1997),<br />

obras <strong>de</strong> Alex Rivera<br />

tece<strong>de</strong>ntes c<strong>é</strong>lebres, como a adaptação<br />

para o rádio do romance A<br />

guerra dos mundos, <strong>de</strong> H. G. Wells<br />

(1939), sob a batuta do gênio Orson<br />

Welles, al<strong>é</strong>m <strong>de</strong> puros exemplares<br />

<strong>de</strong> prestígio, como Zelig (1983),<br />

<strong>de</strong> Woody Allen, ou o cult movie<br />

This is spinal tap (1984), filme <strong>de</strong><br />

Rob Reiner (no papel do documentarista<br />

Marty DiBergi) que relata a<br />

trajetória estelar <strong>de</strong> uma banda fictícia.<br />

Vários filmes in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes,<br />

<strong>de</strong> baixíssimo orçamento, optam<br />

pela estrat<strong>é</strong>gia “mockumentária”,<br />

obtendo repercussões inesperadas.<br />

Na era da internet, o fenômeno se<br />

intensifica. The blair witch project<br />

(1999), <strong>de</strong> Daniel Myrick e Eduardo<br />

Sánchez, <strong>é</strong> outro exemplo c<strong>é</strong>lebre<br />

<strong>de</strong> <strong>mockumentary</strong> <strong>de</strong> ampla<br />

repercussão. A partir <strong>de</strong>le, a própria<br />

indústria do cinema retoma<br />

o interesse por esse gênero “maldito”,<br />

lançando filmes como Contatos<br />

<strong>de</strong> 4º grau (2009), <strong>de</strong> Olatun<strong>de</strong><br />

Osunsanmi, ou Apollo 18 (2011),<br />

<strong>de</strong> Gonzalo López-Gallego. O espanhol<br />

Rec (2007), <strong>de</strong> Jaume Balagueró<br />

e Paco Plaza, assim como<br />

o disaster movie Cloverfield (2008),<br />

<strong>de</strong> Matt Reeves, tamb<strong>é</strong>m têm lá suas<br />

afinida<strong>de</strong>s com o atraente campo<br />

do “mockumentário”.<br />

É bom salientar, por<strong>é</strong>m, que mockumentaries<br />

não são obrigatoriamente<br />

irônicos, <strong>de</strong>bochados, satíricos ou<br />

paródicos. Po<strong>de</strong>m ser absolutamente<br />

cínicos e melancólicos – por vezes<br />

combinam-se muito bem ao thriller<br />

e ao cinema <strong>de</strong> horror. Mesmo o drama<br />

baseado em fatos reais já recorreu<br />

ao m<strong>é</strong>todo “mockumentário”,<br />

como No lies (1973), <strong>de</strong> Mitchell<br />

Block, curta-metragem extremamente<br />

perturbador, no qual uma<br />

atriz representa uma mulher que fora<br />

estuprada. O roteiro foi baseado<br />

em gravações <strong>de</strong> mulheres estupradas<br />

<strong>de</strong> fato, entrevistas obtidas nos<br />

arquivos da polícia.<br />

Falando do apartheid Quem assistiu<br />

a Distrito 9 (2009), <strong>de</strong> Neill<br />

Blomkamp, conheceu um bom<br />

exemplo <strong>de</strong> filme contemporâneo <strong>de</strong><br />

longa-metragem, <strong>de</strong> produção bem<br />

cuidada, alinhado à tradição dos<br />

mockumentaries. Ele expan<strong>de</strong> um<br />

dos mockumentaries mais genuínos<br />

e criativos dos últimos anos, Alive<br />

in Joburg (2006), do mesmo diretor<br />

sul-africano. Com recurso à retórica<br />

e prosódia típicas do cinema documentário,<br />

Alive in Joburg relata uma<br />

situação <strong>de</strong> contatos imediatos <strong>de</strong><br />

3º grau em Johannesburg, África do<br />

Sul, em que os habitantes da cida<strong>de</strong><br />

se veem às voltas com a incômoda<br />

presença <strong>de</strong> alienígenas, os quais não<br />

tardam a ser discriminados – uma<br />

metáfora do apartheid. Para realizar<br />

Alive in Joburg, Blomkamp recorreu<br />

a uma estrat<strong>é</strong>gia <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento<br />

<strong>de</strong> discurso (<strong>de</strong>scontextualização):<br />

entrevistou pessoas que viveram o<br />

fluxo imigratório na pele na capital<br />

sul-africana, transformando os <strong>de</strong>poimentos<br />

reais dos refugiados em<br />

uma esp<strong>é</strong>cie <strong>de</strong> documentário sobre<br />

alienígenas in<strong>de</strong>sejados pela população<br />

local.<br />

Distrito 9 expan<strong>de</strong> o tema do curta<br />

Alive in Joburg para longa-metragem,<br />

com produção mais esmerada.<br />

O título do filme foi inspirado no<br />

Distrito 6, uma área resi<strong>de</strong>ncial na<br />

Cida<strong>de</strong> do Cabo que ficou conhe-<br />

61

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!