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AGENDA CULTURAL LISBOA

Conhecemo-las por varinas apenas porque os caprichos do uso e do tempo lhes retiraram uma letra que lhes traía a origem e indiciava uma história de migração. Começaram por ser Ovarinas, porque eram principalmente de Ovar, Murtosa e outras localidades perto de Aveiro, e vinham para Lisboa em busca de trabalho. Mulheres de têmpera rija, habituadas às durezas do campo e da pesca, tornaram-se num símbolo da cidade, com os seus pregões e as suas vestimentas características, e também com a sua relativa liberdade e esperteza afiada na vivência de rua e de bairro. Esta presença marcante não passou despercebida ao Estado Novo, que se apropria desta figura popular no seu discurso propagandístico. As varinas foram também, por mérito próprio, fonte de inspiração para gerações de artistas que as retrataram nos mais diversos meios. Uma seleção destas obras vai ser apresentada numa exposição organizada pelo Museu de Lisboa / Palácio Pimenta e pelo Departamento de Património Cultural da Câmara Municipal de Lisboa. É o culminar de um trabalho de investigação e uma homenagem merecida a estas mulheres de Lisboa. No seu bairro mais característico, a Madragoa, fomos conversar com três ilustres e orgulhosas representantes desta profissão e ouvir as suas histórias.

Conhecemo-las por varinas apenas porque os caprichos do uso e do tempo lhes retiraram uma letra que lhes traía a origem e indiciava uma história de migração. Começaram por ser Ovarinas, porque eram principalmente de Ovar, Murtosa e outras localidades perto de Aveiro, e vinham para Lisboa em busca de trabalho. Mulheres de têmpera rija, habituadas às durezas do campo e da pesca, tornaram-se num símbolo da cidade, com os seus pregões e as suas vestimentas características, e também com a sua relativa liberdade e esperteza afiada na vivência de rua e de bairro. Esta presença marcante não passou despercebida ao Estado Novo, que se apropria desta figura popular no seu discurso propagandístico. As varinas foram também, por mérito próprio, fonte de inspiração para gerações de artistas que as retrataram nos mais diversos meios. Uma seleção destas obras vai ser apresentada numa exposição organizada pelo Museu de Lisboa / Palácio Pimenta e pelo Departamento de Património Cultural da Câmara Municipal de Lisboa. É o culminar de um trabalho de investigação e uma homenagem merecida a estas mulheres de Lisboa. No seu bairro mais característico, a Madragoa, fomos conversar com três ilustres e orgulhosas representantes desta profissão e ouvir as suas histórias.

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4<br />

VARINAS<br />

DE <strong>LISBOA</strong><br />

Reportagem TOMÁS COLLARES PEREIRA Colaboração SOFIA TEMPERO Fotografia FRANCISCO LEVITA / HUMBERTO MOUCO<br />

Conhecemo-las por varinas apenas porque os caprichos<br />

do uso e do tempo lhes retiraram uma letra que lhes traía a<br />

origem e indiciava uma história de migração. Começaram<br />

por ser Ovarinas, porque eram principalmente de Ovar,<br />

Murtosa e outras localidades perto de Aveiro, e vinham<br />

para Lisboa em busca de trabalho. Mulheres de têmpera rija,<br />

habituadas às durezas do campo e da pesca, tornaram-se num<br />

símbolo da cidade, com os seus pregões e as suas vestimentas<br />

características, e também com a sua relativa liberdade e<br />

esperteza afiada na vivência de rua e de bairro. Esta presença<br />

marcante não passou despercebida ao Estado Novo, que se<br />

apropria desta figura popular no seu discurso propagandístico.<br />

As varinas foram também, por mérito próprio, fonte de<br />

inspiração para gerações de artistas que as retrataram<br />

nos mais diversos meios. Uma seleção destas obras vai ser<br />

apresentada numa exposição organizada pelo Museu de<br />

Lisboa / Palácio Pimenta e pelo Departamento de Património<br />

Cultural da Câmara Municipal de Lisboa. É o culminar de<br />

um trabalho de investigação e uma homenagem merecida a<br />

estas mulheres de Lisboa. No seu bairro mais característico,<br />

a Madragoa, fomos conversar com três ilustres e orgulhosas<br />

representantes desta profissão e ouvir as suas histórias.

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