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DA SALA DE AULA À PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA<<strong>br</strong> />
Maria Rosa Sancho Moreira Máximo<<strong>br</strong> />
A reprovação e a exclusão escolar eram realida<strong>de</strong>s e, num esforço <strong>de</strong> minorias, as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reversão <strong>de</strong>sse quadro, pouco satisfatórias. Relato <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
uma experiência<<strong>br</strong> />
Professora <strong>de</strong> Língua Portuguesa há 17 anos, <strong>com</strong> trabalho <strong>de</strong>dicado exclusivamente à re<strong>de</strong> estadual <strong>de</strong> ensino, em 1988/89, sentia-me frustrada<<strong>br</strong> />
diante <strong>de</strong> tantas tentativas em busca <strong>de</strong> uma qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino que conduzisse o aluno a uma aprendizagem significativa que o preparasse para<<strong>br</strong> />
o exercício da cidadania.<<strong>br</strong> />
A política educacional, então vigente, não muito diferente da atual, não objetivava uma educação <strong>com</strong> estruturas pedagógicas <strong>de</strong>finidas e sérias,<<strong>br</strong> />
que contemplasse professor e aluno. A educação acontecia <strong>com</strong>o discurso <strong>de</strong> palanque político e não <strong>com</strong>o necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transformação social.<<strong>br</strong> />
A reprovação e a exclusão escolar eram realida<strong>de</strong>s e, num esforço <strong>de</strong> minorias, as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reversão <strong>de</strong>sse quadro, pouco satisfatórias.<<strong>br</strong> />
No Estado <strong>de</strong> Santa Catarina, uma Nova Proposta Curricular, cuja concepção histórico-cultural ou sócio-histórica <strong>de</strong> aprendizagem, <strong>com</strong>eçava a<<strong>br</strong> />
ser apresentada para a <strong>com</strong>unida<strong>de</strong> escolar <strong>com</strong>o um todo. Era uma Proposta diferente, que preconizava uma educação transformadora,<<strong>br</strong> />
pressupondo o resgate do conteúdo científico através da escola, tendo <strong>com</strong>o ponto <strong>de</strong> partida a realida<strong>de</strong> social e concreta do aluno, conduzindo<<strong>br</strong> />
ao entendimento crítico do funcionamento da socieda<strong>de</strong>. Porém, tal Proposta, embora bastante convincente, <strong>de</strong>ixava-nos ansiosos, pois sabíamos<<strong>br</strong> />
que a leitura <strong>de</strong>ssa nova concepção teórica seria lenta e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ria <strong>de</strong> uma continuida<strong>de</strong> gradual e constante, além <strong>de</strong> muita vonta<strong>de</strong> política. Em<<strong>br</strong> />
meio a esse contexto, as insatisfações profissionais cresciam e a busca por uma valorização <strong>de</strong> um trabalho <strong>com</strong> resultados mais satisfatórios que<<strong>br</strong> />
nos mostrasse a aprendizagem real do aluno, era uma constante.<<strong>br</strong> />
Em outu<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1991, nasceu o Pró-Saber, Centro Especializado em Educação, idéia latente já há alguns anos. Queríamos autonomia profissional<<strong>br</strong> />
para trabalharmos as dificulda<strong>de</strong>s da aprendizagem, causas da repetência e exclusão escolar, tão <strong>com</strong>uns e tão presentes na re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
ensino. O Pró-Saber, <strong>com</strong> o objetivo <strong>de</strong> buscar alternativas para a solução dos problemas educacionais, especialmente aqueles do fracasso<<strong>br</strong> />
escolar, <strong>com</strong>eçou suas ativida<strong>de</strong>s oferecendo a<strong>com</strong>panhamento nas tarefas escolares e <strong>aula</strong>s particulares em conteúdos específicos das<<strong>br</strong> />
diferentes disciplinas. Depois <strong>de</strong> alguns meses <strong>de</strong> trabalho, constatamos que certas dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem não podiam ser solucionadas<<strong>br</strong> />
somente através <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> atendimento. Apenas para <strong>aula</strong>s particulares ou um simples a<strong>com</strong>panhamento <strong>de</strong> tarefas, não satisfaziam as<<strong>br</strong> />
exigências momentâneas. As dificulda<strong>de</strong>s tinham raízes mais profundas.<<strong>br</strong> />
Fazia-se urgente buscar outra formação que nos possibilitasse conhecer o sujeito <strong>de</strong> forma integral e numa concepção <strong>de</strong> ensino-aprendizagem<<strong>br</strong> />
que possibilitasse um método pedagógico <strong>de</strong> aprendizagem significativa.<<strong>br</strong> />
O centro <strong>de</strong> Estudos Psicopedagógicos <strong>de</strong> Curitiba, fundado em 1988 e ligado ao Centro <strong>de</strong> Estudos Psicopedagógicos <strong>de</strong> Buenos Aires,<<strong>br</strong> />
possibilitou-nos a formação que precisávamos.<<strong>br</strong> />
Iniciamos, assim, em 1992, o curso <strong>de</strong> Psicopedagogia, formação <strong>de</strong> três anos, em nível <strong>de</strong> Pós-Graduação, numa linha teórico-técnica, cuja<<strong>br</strong> />
corrente <strong>de</strong> pensamento é a Epistemologia Convergente <strong>de</strong> Jorge Visca, Psicólogo Social formado pela "Escuela Privada <strong>de</strong> Enrique Pichon-<<strong>br</strong> />
Rivière", fundador do Centro <strong>de</strong> Estudos Psicopedagógicos <strong>de</strong> Buenos Aires e Brasil (Rio <strong>de</strong> Janeiro, Curitiba e Salvador), e, também, docente<<strong>br</strong> />
responsável pela nossa formação psicopedagógica.<<strong>br</strong> />
"A <strong>psicopedagogia</strong> nasceu <strong>com</strong>o uma ocupação empírica pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r as crianças <strong>com</strong> dificulda<strong>de</strong>s na aprendizagem, cujas<<strong>br</strong> />
causas eram estudadas pela medicina e psicologia. Com o <strong>de</strong>correr do tempo, o que inicialmente foi uma ação subsidiária <strong>de</strong>stas disciplinas,<<strong>br</strong> />
perfilou-se <strong>com</strong>o um conhecimento in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e <strong>com</strong>plementar, possuidor <strong>de</strong> um objeto <strong>de</strong> estudo (o processo aprendizagem) e <strong>de</strong> recursos<<strong>br</strong> />
diagnósticos, corretores e preventivos próprios." (VISCA, Jorge,1987:7)<<strong>br</strong> />
A <strong>psicopedagogia</strong> estuda as características da aprendizagem humana: <strong>com</strong>o se apren<strong>de</strong>, <strong>com</strong>o essa aprendizagem varia evolutivamente e está<<strong>br</strong> />
condicionada por vários fatores, <strong>com</strong>o se produzem as alterações na aprendizagem, <strong>com</strong>o reconhecê-las, tratá-las e preveni-las. Como outras<<strong>br</strong> />
áreas da saú<strong>de</strong>, a <strong>psicopedagogia</strong> implica em um trabalho a nível preventivo e curativo. Na função preventiva, cabe ao psicopedagogo atuar nas<<strong>br</strong> />
escolas através <strong>de</strong> <strong>assessoria</strong> pedagógica ou em cursos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores, esclarecendo so<strong>br</strong>e o processo evolutivo das áreas ligadas à<<strong>br</strong> />
aprendizagem escolar (perceptiva motora, <strong>de</strong> linguagem, cognitiva, emocional), auxiliando na organização <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> aprendizagem <strong>de</strong> forma<<strong>br</strong> />
integrada e <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> as capacida<strong>de</strong>s dos alunos. O trabalho do psicopedagogo, em nível curativo, é dirigido às crianças, adolescentes e<<strong>br</strong> />
adultos <strong>com</strong> distúrbios <strong>de</strong> aprendizagem.<<strong>br</strong> />
No trabalho clínico, o psicopedagogo busca não só <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r o porquê <strong>de</strong> o sujeito não apren<strong>de</strong>r algumas coisas, mas o quê ele po<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r<<strong>br</strong> />
e <strong>com</strong>o. A busca <strong>de</strong>sse conhecimento inicia-se no processo diagnóstico, momento em que a ênfase é a leitura da realida<strong>de</strong> daquele sujeito para<<strong>br</strong> />
então proce<strong>de</strong>r a intervenção, que é o próprio tratamento ou o encaminhamento.<<strong>br</strong> />
A Epistemologia Convergente, segundo Jorge Visca, tem suas bases nas escolas psicanalítica, piagetiana e psicologia social <strong>de</strong> Enrique Pichon<<strong>br</strong> />
Rivière.<<strong>br</strong> />
Para melhor situar a Psicopedagogia na sua evolução histórica, no seu artigo Os Caminhos da Psicopedagogia no Terceiro Milênio, o Prof. Jorge<<strong>br</strong> />
Visca faz um balanço, analisando o passado da Psicopedagogia, enfocando três gran<strong>de</strong>s dimensões: a teórica, a técnica e a institucional, e diz que<<strong>br</strong> />
o projeto para o futuro está constituído por um conjunto <strong>de</strong> idéias que po<strong>de</strong>m formar um programa <strong>de</strong> revisão <strong>de</strong> conceitos e técnicas já<<strong>br</strong> />
estabelecidos <strong>com</strong>o assim também a construção <strong>de</strong> novos conceitos e novas técnicas.<<strong>br</strong> />
Segundo Visca, anterior à Epistemologia Convergente, é possível reconhecer um período pré-científico que vai aproximadamente até o século<<strong>br</strong> />
XVIII, on<strong>de</strong> não existia um claro conceito <strong>de</strong> aprendizagem e <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem, visto que eram tidas <strong>com</strong>o doença mental que, por<<strong>br</strong> />
sua vez, era explicada por uma concepção <strong>de</strong>monológica ou so<strong>br</strong>enatural.<<strong>br</strong> />
O período seguinte vai até fins do século XIX e <strong>com</strong>eço do século XX. É uma etapa <strong>de</strong> transição entre as explicações pré-científicas e as<<strong>br</strong> />
científicas. Neste período, Itard e Pinel propuseram uma explicação ambiental e outra biológica para a parada do <strong>de</strong>senvolvimento.<<strong>br</strong> />
A etapa posterior <strong>com</strong>eça <strong>com</strong> o nascimento <strong>de</strong> inúmeras escolas psicológicas contemporâneas: o estruturalismo <strong>de</strong> Wundt e Titchner, a<<strong>br</strong> />
psicanálise <strong>de</strong> Freud, o funcionalismo <strong>de</strong> Dewey e Woodwort, a reflexologia <strong>de</strong> Pavlov; a Gestalt <strong>de</strong> Wertheimer, Koehler e Koffka, a topologia <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Lewin, o behaviorismo <strong>de</strong> Watson e os subprodutos psicológicos da escola piagetiana. Todas estas escolas consi<strong>de</strong>ravam que "sua causa" - o<<strong>br</strong> />
inconsciente, o estímulo, a estrutura, etc. - era causa única e suficiente para explicar os problemas <strong>de</strong> aprendizagem.<<strong>br</strong> />
O último período inicia-se aproximadamente durante a década <strong>de</strong> 30 e po<strong>de</strong> ser chamado <strong>de</strong> período <strong>de</strong> integração <strong>de</strong> idéias; os cientistas<<strong>br</strong> />
abandonam suas posições irredutíveis e mergulham no conhecimento <strong>de</strong> outros, possibilitando uma tomada <strong>de</strong> consciência das limitações, das<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>scrições e explicações das distintas correntes, gerando um movimento integracionista.<<strong>br</strong> />
Entre os integracionistas, <strong>de</strong>stacamos Jorge Visca que, nas décadas <strong>de</strong> 70 e 80, <strong>de</strong>dica-se à investigação clínica e à produção <strong>de</strong> escritos,<<strong>br</strong> />
elaborando assim o paradigma <strong>de</strong>nominado Epistemologia Convergente, que consiste na assimilação recíproca <strong>de</strong> contribuições da Psicanálise, da<<strong>br</strong> />
Escola Piagetiana e da Psicologia Social.<<strong>br</strong> />
Visca conseguiu organizar um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> análise efetivamente dinâmico, permitindo <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r a interação dos aspectos cognitivos e afetivos no<<strong>br</strong> />
processo <strong>de</strong> aprendizagem. Na epistemologia convergente, todo o processo diagnóstico é estruturado <strong>de</strong> modo a observar a dinâmica <strong>de</strong> interação<<strong>br</strong> />
entre o cognitivo e o afetivo, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> resulta o "funcionamento do sujeito".<<strong>br</strong> />
Os instrumentos conceituais que elaborou para a formulação <strong>de</strong>sse paradigma teórico se constituiem em:<<strong>br</strong> />
· o esquema evolutivo da aprendizagem concebe a aprendizagem <strong>com</strong>o uma construção, intrapsíquica, <strong>com</strong> continuida<strong>de</strong> genética e diferenças<<strong>br</strong> />
evolutivas resultantes das precondições energético-estruturais do sujeito e as circunstâncias do meio;<<strong>br</strong> />
· o processo diagnóstico consiste na série <strong>de</strong> passos por cujo intermédio se realizam o reconhecimento, o prognóstico e as indicações. Esse<<strong>br</strong> />
processo possibilita uma imagem do sujeito mediante construção <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo a partir <strong>de</strong>le mesmo;<<strong>br</strong> />
· a matriz do pensamento diagnóstico individual é instrumento conceitual "capaz <strong>de</strong> representar os distintos estados (normais ou patológicos) do<<strong>br</strong> />
objeto <strong>de</strong> estudo sem que perca sua unicida<strong>de</strong>. Para tanto, consta <strong>de</strong> três partes: o diagnóstico propriamente dito, o prognóstico e as indicações;<<strong>br</strong> />
· o mo<strong>de</strong>lo nosográfico classifica os estados patológicos da aprendizagem conforme a base <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>scrição e explicação em três níveis: o<<strong>br</strong> />
semiológico (sintomas objetivos e subjetivos), o patogênico (estruturas e mecanismos que provocam a sintomatologia) e o etiológico (sua causas<<strong>br</strong> />
históricas);
· os critérios <strong>de</strong> seleção ou EOCA (entrevista operativa centrada na aprendizagem) consiste em uma consigna inicial e intervenções do<<strong>br</strong> />
entrevistador;<<strong>br</strong> />
· processo corretor é o conjunto <strong>de</strong> operações clínicas por cujo intermédio se facilitam a aparição e estabilização <strong>de</strong> condutas entre um sujeito que<<strong>br</strong> />
a<strong>com</strong>panha o processo e outro que sofre ativamente, cofigurando ambos um sistema em <strong>de</strong>venir (movimento pelo qual as coisas se transformam).<<strong>br</strong> />
Para Visca, esses seis mo<strong>de</strong>los tentam ser uma instância <strong>de</strong> integração das concepções psicanalítica e piagetiana que transcenda o estudo do<<strong>br</strong> />
aspecto afetivo e cognitivo em separado, permitindo uma visão integradora, mais ampla e profunda. Como se po<strong>de</strong> constatar, o fazer da<<strong>br</strong> />
Psicopedagogia é uma área <strong>de</strong> conhecimento e <strong>de</strong> atuação profissional bastante recente, facilitando conhecer a forma <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r do sujeito.<<strong>br</strong> />
Todo diagnóstico psicopedagógico é uma investigação, é uma pesquisa do que não vai bem <strong>com</strong> o sujeito em relação a uma conduta esperada.. É<<strong>br</strong> />
o esclarecimento <strong>de</strong> uma queixa, do próprio aluno, da família, da escola. Trata-se do não-apren<strong>de</strong>r, do apren<strong>de</strong>r <strong>com</strong> dificulda<strong>de</strong> ou lentamente, do<<strong>br</strong> />
não-revelar o que apren<strong>de</strong>u, do fugir <strong>de</strong> situações <strong>de</strong> possível aprendizagem. Nessa investigação, preten<strong>de</strong>-se obter uma <strong>com</strong>preensão global da<<strong>br</strong> />
forma <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r do sujeito e dos <strong>de</strong>svios que estão ocorrendo nesse processo.<<strong>br</strong> />
A técnica <strong>de</strong> investigação diagnóstica <strong>com</strong>eça <strong>com</strong> a Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem , <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se extrai um 1O.sistema <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
hipóteses e se <strong>de</strong>fine a linha <strong>de</strong> pesquisa. São então selecionadas as provas piagetianas para o diagnóstico operatório, as provas projetivas<<strong>br</strong> />
psicopedagógicas e outros instrumentos <strong>de</strong> pesquisa <strong>com</strong>plementares.<<strong>br</strong> />
A partir da análise <strong>de</strong>sses dados, elabora-se o 2o.sistema <strong>de</strong> hipóteses e oraganiza-se a linha <strong>de</strong> pesquisa para a anamnese (entrevista <strong>com</strong> os<<strong>br</strong> />
pais), e entrevista <strong>com</strong> a escola (professor e orientação escolar).<<strong>br</strong> />
Por fim, o psicopedagogo, conclui seu 3O. sistema <strong>de</strong> hipóteses, levantando as causas das dificulda<strong>de</strong>s na aprendizagem e, posteriormente,<<strong>br</strong> />
fazendo a <strong>de</strong>volutiva aos pais e ao sujeito, indicando-se os agentes corretores i<strong>de</strong>ais e possíveis.<<strong>br</strong> />
Importante <strong>de</strong>stacar que no processo diagnóstico, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do caso, tem a interferência <strong>de</strong> outros profissionais, <strong>com</strong>o: médico neurologista,<<strong>br</strong> />
psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional. Portanto, exige um trabalho multidisciplinar.<<strong>br</strong> />
A formação psicopedagógica nos possibilitou encontrar o caminho que procurávamos para atingir a raiz das dificulda<strong>de</strong>s na aprendizagem<<strong>br</strong> />
apresentadas pelos nossos alunos. Os postulados básicos da Epistemologia Convergente <strong>com</strong>eçaram a ampliar nossa visão do ser cognoscente,<<strong>br</strong> />
objeto <strong>de</strong> estudo psicopedagógico, pois exigiu-nos muita leitura e aprofundamento das teorias relacionadas <strong>com</strong> as ações <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r e ensinar,<<strong>br</strong> />
não apenas no sentido da prática didático-pedagógica, mas no substrato epistemológico que <strong>de</strong>las se origina para a formação do sujeito<<strong>br</strong> />
"apren<strong>de</strong>nte".<<strong>br</strong> />
Nossa atuação em <strong>sala</strong> <strong>de</strong> <strong>aula</strong>, diante dos problemas relacionados <strong>com</strong> as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem e o fracasso escolar, mudou<<strong>br</strong> />
significativamente, <strong>de</strong>smistificando certas crenças e valores relativos ao ensino escolar.<<strong>br</strong> />
Por outro lado nos possibilitou, no Pró-Saber, uma atuação clínica profissional, pois através do diagnóstico psicopedagógico pu<strong>de</strong>mos i<strong>de</strong>ntificar os<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>svios e os obstáculos básicos no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> aprendizagem do sujeito, que o impediam <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ntro do esperado pelo meio social.<<strong>br</strong> />
Fundamentalmente, essa nova atitu<strong>de</strong> favoreceu a ressignificação <strong>de</strong> nossa atitu<strong>de</strong> profissional, tornando-a mais subjetiva.<<strong>br</strong> />
A Epistemologia Convergente, segundo Jorge Visca, traz <strong>de</strong>safios para o terceiro milênio: aperfeiçoar os resultados alcançados pela <strong>de</strong>finição mais<<strong>br</strong> />
inclusiva e profunda do seu objeto <strong>de</strong> estudo, a aprendizagem e os recursos diagnósticos e abordar as eventuais provocações do futuro.<<strong>br</strong> />
A prática psicopedagógica, <strong>de</strong>senvolvida ao longo <strong>de</strong>sses anos no Pró-Saber, tem <strong>de</strong>monstrado resultados significativos no resgate da estrutura<<strong>br</strong> />
cognitiva dos sujeitos <strong>com</strong> dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem.<<strong>br</strong> />
Muitos casos foram atendidos, causas das dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>tectadas e o processo corretor aplicado <strong>com</strong> resultados extremamente satisfatórios,<<strong>br</strong> />
mesmo em casos mais críticos, <strong>com</strong> diagnóstico <strong>de</strong> transtornos neuronais, <strong>de</strong>ficiência mental, distúrbios <strong>com</strong>portamentais, motores,<<strong>br</strong> />
hiperativida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Destacamos muitas queixas <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s na aprendizagem, cuja causa está relacionada a procedimentos pedagógicos e avaliativos, pelo<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>spreparo <strong>de</strong> professores, metodologias e programas <strong>de</strong> ensino ina<strong>de</strong>quados. Por isso, hoje, nosso trabalho acontece em parceria <strong>com</strong> as<<strong>br</strong> />
escolas, pois o processo corretor só terá êxito se houver um trabalho conjunto e articulado <strong>com</strong> a família e a instituição escolar.<<strong>br</strong> />
Com certeza, para o terceiro milênio, também a instituição escolar <strong>de</strong>verá contar <strong>com</strong> mais este profissional, o psicopedagogo, pois é um trabalho<<strong>br</strong> />
que não favorece unicamente o aluno, mas também a instituição e o professor, já que estes elementos estão fortemente inter-relacionados.<<strong>br</strong> />
O diagnóstico psicopedagógico não se refere apenas à prescrição <strong>de</strong> orientações para alunos em particular, mas aborda outros assuntos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
caráter mais geral <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> discussões so<strong>br</strong>e alunos <strong>com</strong> dificulda<strong>de</strong>s, do <strong>de</strong>senvolvimento das orientações e, também, da análise conjunta <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
dúvidas ou questionamentos so<strong>br</strong>e assuntos didáticos. Desta forma, a <strong>psicopedagogia</strong>, além <strong>de</strong> ajudar a resolver problemas, intervém <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />
forma mais preventiva e institucional, evitando o aparecimento <strong>de</strong> outros.<<strong>br</strong> />
Nesta caminhada feita até aqui, ao longo <strong>de</strong>stes 26 anos <strong>de</strong> atuação na educação, acreditamos que a visão psicopedagógica possibilitou uma<<strong>br</strong> />
mudança <strong>de</strong> postura frente à aprendizagem assistemática e sistemática, impulsionando o nosso <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> buscar novas fontes constantemente,<<strong>br</strong> />
fazendo-nos sentir cada vez mais sujeitos históricos apren<strong>de</strong>ntes, capazes <strong>de</strong> enfrentar <strong>de</strong>safios, a<strong>br</strong>ir novos espaços <strong>de</strong> conquistas, tendo <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />
meta fundamental um Ser mais Humano para o novo milênio.<<strong>br</strong> />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<<strong>br</strong> />
BASSEDAS, Eulália; HUGUET, Teresa; MARRODÁN, Maite. Intervenção Educativa e Diagnóstico Psicopedagógico, Porto Alegre, Artes Médicas,<<strong>br</strong> />
1996.<<strong>br</strong> />
BOSSA, Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil, Porto Alegre, Artes Médicas, 1994.<<strong>br</strong> />
LOMONICO, Circe Ferreira. Psicopedagogia - Teoria e Prática, São Paulo, Edicon,1992.<<strong>br</strong> />
SARGO, Clau<strong>de</strong>te; WEINBERG, Cybelle; MENDES, Mônica Hoehne. (org.), A Práxis Psicopedagógica Brasileira, São Paulo, Editora ABPp, 1994.<<strong>br</strong> />
SCOZ, Beatriz Judith Lima; BARONE, Leda Maria Co<strong>de</strong>ço; CAMPOS, Maria Célia Malta; MENDES, Mônica Hoehne. (org.), Psicopedagogia -<<strong>br</strong> />
contextualização, formação e atuação profissional, Porto Alegre, Artes Médicas, 1992.<<strong>br</strong> />
VISCA, Jorge. Psicopedagogia - Novas Contribuições, Rio <strong>de</strong> Janeiro, Nova Fronteira, 1991.<<strong>br</strong> />
VISCA, Jorge. Clínica Psicopedagógica - Epistemologia Convergente, Porto Alegre, Artes Médicas, 1987.<<strong>br</strong> />
VISCA, Jorge. Psicopedagogia - Teoria Clínica Investigação, Buenos Aires, AG Serviços Gráficos, 1993.<<strong>br</strong> />
VISCA, Jorge. Artigo: Os Caminhos da Psicopedagogia no Terceiro Milênio, 1999.<<strong>br</strong> />
WEISS, Maria Lúcia L. Psicopedagogia Clínica, Porto Alegre, Artes Médicas, 1992.