Olaria de Carapinhal e Bajouca - João B. Serra
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Pimenta atribui à <strong>de</strong>slocação das oficinas da Vila para os lugares próximos<br />
(Espinho, Tábuas, <strong>Carapinhal</strong>, Bujos e Montoiro) a <strong>de</strong>svalorização que sofreram,<br />
entretanto, estes artífices. Nas sua palavras:<br />
“Parece que a pobreza e modéstia da indústria se não casava bem com a<br />
categoria <strong>de</strong> cabeça <strong>de</strong> município, se<strong>de</strong> <strong>de</strong> priorado rico e residência <strong>de</strong> meia<br />
dúzia <strong>de</strong> fidalgotes ignorantes e ociosos.<br />
E assim também, com esse <strong>de</strong>slocamento para os lugares dos arredores, a classe<br />
foi per<strong>de</strong>ndo a sua importância social”.<br />
Outras razões terão existido, mas o que importa reter, dos apontamentos<br />
coligidos por Pimenta, é que na segunda meta<strong>de</strong> do século XVII, <strong>de</strong> 1660 a 1680,<br />
quando se verifica um número total <strong>de</strong> 57 oleiros no concelho, 49 localizam-se na<br />
Vila, 4 em Espinho, 2 em Tábuas e 2 no <strong>Carapinhal</strong>, on<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início dos<br />
registos (1540) é a primeira vez que aparecem.<br />
Passado um século, para o período compreendido entre 1760 e 1780 os oleiros da<br />
Vila já são só 4, em Espinho são 7, nas Tábuas são 2, no <strong>Carapinhal</strong> 13, em Bujos 1<br />
e 4 no Montoiro. Aos 57 oleiros coligidos entre 1660 e 1680, correspon<strong>de</strong>m<br />
agora 31, diminuição que, por tão nítida, exige alguma reflexão, sobretudo se se<br />
tiver em conta que, na Vila, se passou <strong>de</strong> 49 para 4 oleiros.<br />
Terá sido o referido “<strong>de</strong>slocamento para os lugares dos arredores” que originou<br />
a perda <strong>de</strong> “importância social” ou, pelo contrário os oleiros foram “vítimas” do<br />
seu próprio sucesso Talvez que muitos <strong>de</strong>les tenham progredido socialmente <strong>de</strong><br />
tal forma que abandonaram <strong>de</strong>finitivamente a activida<strong>de</strong>, permanecendo ligados<br />
ao trabalho do barro somente os que <strong>de</strong>tinham menor capital social, aqueles que,<br />
numa linguagem mais contemporânea, consi<strong>de</strong>raríamos “mais periféricos”. Esta é<br />
apenas uma hipótese que exige ser <strong>de</strong>monstrada. Aliás lendo o artigo que B.<br />
Pimenta escreveu fica-se com pena que, nos nossos dias, com outro entendimento<br />
da importância da história do quotidiano, ainda ninguém tenha aparecido a<br />
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