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Folha de Sala - Culturgest

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MÚSICA<br />

8 OUTUBRO ‘07<br />

SOM E VERBO<br />

DOIS ROSTOS,<br />

DOIS OLHARES<br />

Espectáculo integrado no ciclo ‘Os Filhos <strong>de</strong> Abraão’


Pierre Boulez<br />

René Char<br />

Pedro Amaral<br />

Fernando Pessoa<br />

SOBRE O ESPECTÁCULO<br />

sEG 8 OUTUBRO 2007 · gran<strong>de</strong> auditório · 21h30<br />

DurAÇÃO 1h10 COM INTERVALO · M/12<br />

Pierre Boulez / René Char<br />

Le Marteau Sans Maître · 35 Min.<br />

Pedro Amaral / Fernando Pessoa<br />

Fragmento para O Sonho · 9 Min.<br />

Os jogadores <strong>de</strong> xadrez · 22 Min.<br />

Uma produção conjunta<br />

<strong>Culturgest</strong><br />

Orquestra Metropolitana <strong>de</strong> Lisboa<br />

Grupo <strong>de</strong> Musica Contemporânea <strong>de</strong> Lisboa<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos Escola <strong>de</strong> Música do Conservatório Nacional, Fundação Calouste<br />

Gulbenkian, Miguel Azguime. O Grupo <strong>de</strong> Musica Contemporânea <strong>de</strong> Lisboa é apoiado<br />

pela Direcção Geral das Artes.<br />

Neste espectáculo serão apresentados,<br />

lado a lado, dois olhares musicais sobre<br />

dois universos poéticos: Le Marteau<br />

sans Maître, <strong>de</strong> Pierre Boulez, a partir<br />

<strong>de</strong> poesia <strong>de</strong> René Char, e duas peças <strong>de</strong><br />

Pedro Amaral – fragmento para O Sonho<br />

e Os Jogadores <strong>de</strong> Xadrez – a partir <strong>de</strong><br />

poemas <strong>de</strong> Fernando Pessoa.<br />

Le Marteau sans Maître<br />

Dedicatória: a Hans Rosbaud<br />

«Penso que se eu só tivesse escrito Le<br />

Marteau sans maître, situar-me-iam<br />

algures no surrealismo, o que seria inexacto.<br />

Quando escrevi Arsenal só tinha<br />

<strong>de</strong>zassete anos e nem sequer sabia que<br />

o surrealismo existia. Éluard tinha-me<br />

escrito, foi assim que o conheci e é pela<br />

amiza<strong>de</strong> por Éluard que eu participei<br />

no surrealismo, sem que tenha havido<br />

da minha parte uma a<strong>de</strong>são à doutrina<br />

nem que eu tenha praticado o método<br />

surrealista. Sempre ignorei a escrita<br />

automática e tudo o que escrevi era<br />

conscientemente elaborado.»<br />

rené char<br />

(trad. sofia cascalho)<br />

Le Marteau sans Maître, <strong>de</strong> Pierre Boulez,<br />

é uma obra emblemática, não apenas no<br />

catálogo do gran<strong>de</strong> compositor e maestro<br />

francês, mas da própria história do pensamento<br />

musical contemporâneo, rosto<br />

simbólico da vanguarda no pós Segunda<br />

Gran<strong>de</strong> Guerra. Esta obra-prima será<br />

interpretada pela mezzo-soprano<br />

Angelica Cathariou – magnífica voz<br />

emergente no panorama internacional<br />

–, acompanhada pelo Grupo <strong>de</strong> Música<br />

Contemporânea <strong>de</strong> Lisboa sob a direcção<br />

<strong>de</strong> Pedro Amaral.<br />

Sobre Le Marteau sans Maître, escreveu<br />

Pierre Boulez:<br />

O Marteau sans Maître foi escrito entre<br />

1953 e 1955. A obra compõe-se <strong>de</strong> nove<br />

peças ligadas a três poemas <strong>de</strong> René<br />

Char, formando assim três ciclos.<br />

Enumero os títulos <strong>de</strong>stes três poemas:<br />

1. L’Artisanat furieux, 2. Bourreaux <strong>de</strong><br />

solitu<strong>de</strong>, 3. Bel édifice et les pressentiments.<br />

No entanto, cada peça não contém<br />

obrigatoriamente a participação da<br />

voz, por isso distingo as peças on<strong>de</strong> o<br />

poema está directamente incluído e é<br />

enunciado pela voz, e as peças-<strong>de</strong>senvolvimento,<br />

on<strong>de</strong> a voz não <strong>de</strong>sempenha,<br />

em princípio, nenhum papel. Assim, o<br />

ciclo construído a partir <strong>de</strong> l’Artisanat<br />

furieux contém: AVANT l’Artisanat<br />

furieux (instrumental), l’Artisanat furieux<br />

propriamente dito (vocal), e APRÈS<br />

l’Artisanat furieux (instrumental). O<br />

ciclo construído a partir <strong>de</strong> Bourreaux<br />

<strong>de</strong> solitu<strong>de</strong> contém: Bourreaux <strong>de</strong> solitu<strong>de</strong><br />

(vocal) e Comentários I, II, III <strong>de</strong><br />

Bourreaux <strong>de</strong> solitu<strong>de</strong> (instrumental). O<br />

ciclo baseado em Bel édifice et les pressentiments<br />

compõe-se da versão primeira e


do seu duplo. No entanto os ciclos não<br />

se suce<strong>de</strong>m, antes interpenetram-se<br />

<strong>de</strong> tal maneira que a forma geral é ela<br />

mesma uma combinação das três estruturas<br />

mais simples. Será suficiente dar<br />

a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> sucessão das peças para que<br />

nos apercebamos, sem mais comentários,<br />

da hierarquia <strong>de</strong>sejada:<br />

1. avant l’Artisanat furieux<br />

2. Commentaire I <strong>de</strong> Bourreaux <strong>de</strong><br />

solitu<strong>de</strong><br />

3. l’Artisanat furieux<br />

4. Commentaire II <strong>de</strong> Bourreaux <strong>de</strong><br />

solitu<strong>de</strong><br />

5. Bel édifice et les pressentiments – versão<br />

primeira<br />

6. Bourreaux <strong>de</strong> solitu<strong>de</strong><br />

7. après l’Artisanat furieux<br />

8. Commentaire III <strong>de</strong> Bourreaux <strong>de</strong><br />

solitu<strong>de</strong><br />

9. Bel édifice et les pressentiments – duplo<br />

Nesta or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> sucessões tentei<br />

imbricar os três ciclos <strong>de</strong> tal maneira<br />

que o caminho através da obra se torne<br />

mais complexo, fazendo uso da reminiscência<br />

e das relações virtuais. Apenas a<br />

última peça dá, <strong>de</strong> certo modo, a solução,<br />

a chave <strong>de</strong>ste labirinto. Esta concepção<br />

formal levou-me, aliás, muito mais<br />

longe, libertando totalmente a forma <strong>de</strong><br />

uma pré-<strong>de</strong>terminação. Aqui o primeiro<br />

passo estava ultrapassado, através da<br />

ruptura com a forma “unidireccional”.<br />

Relativamente à utilização da voz<br />

na parte central <strong>de</strong> cada um dos ciclos,<br />

l’Artisanat furieux é uma peça puramente<br />

linear, no sentido em que o texto é<br />

tratado, “posto em música”, da maneira<br />

mais directa. O poema é cantado num<br />

estilo ornamentado, acompanhado<br />

apenas por uma flauta em contraponto<br />

com a linha vocal (referência directa e<br />

<strong>de</strong>sejada à 7.ª peça do Pierrot Lunaire <strong>de</strong><br />

Schoenberg). O poema está neste caso<br />

no primeiro plano. Em Bel édifice et les<br />

pressentiments, versão primeira, um outro<br />

tipo <strong>de</strong> relação é inaugurada: o poema<br />

serve <strong>de</strong> articulação às gran<strong>de</strong>s subdivisões<br />

da forma geral. A importância vocal<br />

permanece, no entanto, o canto não<br />

tem a primazia que tinha antes: esta é<br />

disputada entre este e o contexto instrumental.<br />

Bourreaux <strong>de</strong> solitu<strong>de</strong> resolverá<br />

esta antinomia numa total unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

composição entre a voz e os instrumentos,<br />

ligados pela mesma estrutura musical:<br />

a voz emergirá periodicamente do<br />

conjunto para enunciar o texto. Por fim,<br />

o duplo <strong>de</strong> Bel édifice et les pressentiments<br />

verá uma última metamorfose do papel<br />

da voz. Logo que as últimas palavras do<br />

poema são pronunciadas, a voz fun<strong>de</strong>-se<br />

– com a boca fechada – no conjunto<br />

instrumental, on<strong>de</strong> ela renunciará à sua<br />

individualida<strong>de</strong> própria: o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> articular<br />

a palavra. Ela entra no anonimato,<br />

enquanto que a flauta, ao contrário<br />

– acompanhando a voz em l’Artisanat<br />

furieux – ganha o primeiro plano e<br />

assume, por assim dizer, o papel vocal.<br />

Observamos assim que progressivamente<br />

as relações entre a voz e o instrumento<br />

são invertidas pelo <strong>de</strong>saparecimento do<br />

verbo. Esta i<strong>de</strong>ia, que tem para mim um<br />

certo valor, <strong>de</strong>screvê-la-ei do seguinte<br />

modo: o poema é o centro da música,<br />

mas ele tornou-se ausente da música, tal<br />

como a forma dum objecto restituído<br />

pela lava, mas ele próprio <strong>de</strong>saparecido<br />

– ou ainda como a petrificação <strong>de</strong> um<br />

objecto ao mesmo tempo REconhecível<br />

e IRReconhecível.<br />

Sobre a instrumentação: qual é a<br />

relação entre os diversos instrumentos,<br />

exteriormente tão diferentes Penso que<br />

será suficiente explicar certos fenómenos<br />

<strong>de</strong> enca<strong>de</strong>amento para mostrar a<br />

passagem contínua da voz ao xilofone,<br />

mesmo se isto po<strong>de</strong> parecer, à primeira<br />

vista, absurdo. A ligação da voz com a<br />

flauta é clara: o sopro humano e o po<strong>de</strong>r<br />

puramente monódico <strong>de</strong> elocução. A<br />

flauta e a viola <strong>de</strong> arco estão ligadas<br />

pela melodia, sempre que a viola é<br />

tocada com o arco. As cordas da viola<br />

po<strong>de</strong>m ser friccionadas ou beliscadas<br />

– neste último caso, ela assemelha-se<br />

à guitarra, instrumento igualmente <strong>de</strong><br />

cordas beliscadas, mas com um tempo <strong>de</strong><br />

ressonância mais longo. Enquanto instrumento<br />

ressonante a guitarra junta-se<br />

ao vibrafone, que se baseia na vibração<br />

prolongada <strong>de</strong> lâminas metálicas. As<br />

lâminas do vibrafone po<strong>de</strong>m também<br />

ser tocadas sem ressonância, aparentando-se<br />

portanto directamente às<br />

lâminas do xilofone. Estabelece-se um<br />

enca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> um instrumento para<br />

o outro, no qual se conserva sempre uma<br />

característica em comum. Não mencionei,<br />

expressamente, a percussão propriamente<br />

dita porque ela <strong>de</strong>sempenha um<br />

papel à margem dos outros instrumentos.<br />

A escolha dos instrumentos varia<br />

<strong>de</strong> uma peça à outra – como no Pierrot<br />

Lunaire –, que é <strong>de</strong> novo uma referência<br />

<strong>de</strong>sejada e directa. A formação total só é<br />

empregue uma única vez <strong>de</strong> forma continuada<br />

em Bourreaux <strong>de</strong> solitu<strong>de</strong>.<br />

Para muitos auditores, a primeira<br />

impressão está ligada a uma espécie<br />

<strong>de</strong> ascendência “exótica”. Com efeito,<br />

xilofone, vibrafone, guitarra e percussão<br />

afastam-se claramente dos mo<strong>de</strong>los que<br />

a tradição oci<strong>de</strong>ntal nos legou no domínio<br />

da música <strong>de</strong> câmara e aproximam-se<br />

mais da imaginação sonora proposta, em<br />

particular, pelo Extremo-Oriente, sem<br />

que o vocabulário tenha aqui qualquer<br />

participação. Devo reconhecer que<br />

escolhi este “corpus” instrumental em<br />

função das influências recebidas das<br />

civilizações extra-europeias: o xilofone<br />

transpõe o balofon africano, o vibrafone<br />

refere-se ao gen<strong>de</strong>r balinês, a guitarra<br />

lembra-se do koto japonês... Na realida<strong>de</strong>,<br />

nem a estilística nem mesmo a utilização<br />

dos instrumentos estão relacionados<br />

no que quer que seja com as tradições<br />

<strong>de</strong>stas diferentes civilizações musicais.<br />

Trata-se mais <strong>de</strong> um enriquecimento do<br />

vocabulário sonoro europeu pela escuta<br />

extra-europeia.<br />

A disposição adoptada em cena contribui<br />

para pôr em evidência as relações<br />

acústicas entre os diversos instrumentos.<br />

Quanto à voz, ela está incluída no<br />

grupo: po<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong>le emergir como<br />

solista, ou tendo também a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> se integrar totalmente no grupo e<br />

<strong>de</strong>ixar-se suplantar pela flauta.<br />

Deverei falar brevemente da forma<br />

A duração das peças varia consi<strong>de</strong>ravelmente;<br />

os ciclos são, por seu turno,<br />

<strong>de</strong> duração e importância <strong>de</strong>sigual, e<br />

possuem a sua constituição própria. Não<br />

po<strong>de</strong>rei entrar no <strong>de</strong>talhe do seu <strong>de</strong>senvolvimento;<br />

aponto, no entanto, que os<br />

três comentários <strong>de</strong> Bourreaux <strong>de</strong> solitu<strong>de</strong><br />

formam uma única gran<strong>de</strong> peça, ela<br />

própria ligada directamente, do ponto<br />

<strong>de</strong> vista formal, a Bourreaux <strong>de</strong> solitu<strong>de</strong>.<br />

AVANT e APRÈS l’Artisanat furieux são<br />

dois breves <strong>de</strong>senvolvimentos que enquadram<br />

a peça central. Em Bel édifice et les<br />

pressentiments, a versão primeira constitui<br />

uma unida<strong>de</strong> totalmente isolada; o<br />

seu duplo mistura os elementos retirados


dos três ciclos, tanto textualmente,<br />

na forma <strong>de</strong> citações, tanto <strong>de</strong> forma<br />

virtual, se assim posso dizer, explorando<br />

as suas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Esta última peça imbrica assim,<br />

realmente e virtualmente, os três ciclos<br />

da obra, operando uma junção <strong>de</strong>stinada<br />

a terminá-la.<br />

pierre boulez<br />

(trad. sofia cascalho)<br />

Angelica Cathariou mezzo-soprano<br />

Grupo <strong>de</strong> Música Contemporânea <strong>de</strong> Lisboa<br />

João Pereira Coutinho flauta<br />

Paulo Amorim guitarra<br />

Bruno Mateus viola<br />

Fátima Pinto vibrafone<br />

Abel Cardoso xilofone<br />

Luís Cascão percussão<br />

Pedro Amaral direcção<br />

fragmento para O Sonho<br />

[estreia absoluta, encomenda da<br />

Fundação Calouste Gulbenkian/Serviço<br />

<strong>de</strong> Música, 2006]<br />

Dedicatória: a Luís Miguel Cintra<br />

Na segunda parte, Pedro Amaral dirige a<br />

Orquestra Metropolitana <strong>de</strong> Lisboa, que<br />

acompanha a soprano Sandra Me<strong>de</strong>iros<br />

(“Salomé”), bem como a lacónica<br />

intervenção final das sopranos Ângela<br />

Alves e Sara Braga Simões (duas “Aias”<br />

– ou dois <strong>de</strong>sdobramentos da protagonista),<br />

na estreia do seu curto fragmento<br />

para ‘O Sonho’, a partir dos fragmentos<br />

que Fernando Pessoa escreveu para<br />

um drama a partir do mito <strong>de</strong> Salomé.<br />

Nesta obra que o poeta nunca chegou a<br />

concluir, o mito cristão – que estabelece<br />

a ponte com o ciclo Os Filhos <strong>de</strong> Abraão<br />

– é, na realida<strong>de</strong>, adaptado <strong>de</strong> modo<br />

praticamente autobiográfico, com a personagem<br />

central, Salomé, <strong>de</strong>sdobrandose<br />

num fenómeno <strong>de</strong> quase heteronímia,<br />

e sonhando personagens que sonham<br />

outras, modificando o sentido da vida<br />

através do sonho.<br />

Como Pessoa e o infortunado João<br />

Baptista bíblico, também Salomé nos<br />

aparece aqui como uma cabeça separada<br />

do corpo, incapaz <strong>de</strong> viver senão em<br />

sonho, sem tocar a realida<strong>de</strong> tangível<br />

senão através palavra como verbalização<br />

da i<strong>de</strong>ia. Mas Pessoa vai mais longe, e<br />

faz <strong>de</strong> Salomé menos uma mulher que<br />

a expressão <strong>de</strong> um i<strong>de</strong>al: o da absoluta<br />

beleza feminina que, ao incarnar fisicamente,<br />

<strong>de</strong>flecte o sentido do tempo e da<br />

história.<br />

Nesta curta peça, Pedro Amaral<br />

oferece-nos uma leitura inédita <strong>de</strong> um<br />

dos fragmentos <strong>de</strong>ixados por Pessoa, e<br />

compõe um corpo dramático <strong>de</strong> uma<br />

musicalida<strong>de</strong> luxuriante e profundamente<br />

original, actualizando o sentido<br />

propriamente simbolista do drama pessoano.<br />

Trata-se do ponto <strong>de</strong> partida para<br />

uma obra dramática mais vasta, na qual<br />

o compositor está actualmente a trabalhar,<br />

a qual constituirá, num futuro<br />

próximo, uma “encenação musical” da<br />

totalida<strong>de</strong> dos fragmentos que Pessoa<br />

escreveu para este drama.<br />

Sandra Me<strong>de</strong>iros, Ângela Alves, Sara Braga<br />

Simões sopranos<br />

Orquestra Metropolitana <strong>de</strong> Lisboa<br />

Franz Ortner, Peter Flanagan,<br />

Jian Hong, Ana Cláudia Serrão,<br />

Sofia Gomes violoncelos<br />

Vladimir Kouznetsov contrabaixos<br />

Nuno Inácio, Janete Santos, Marina<br />

Camponês flautas<br />

Ângelo Caleira, Jerôme Arnouf trompas<br />

Jean François Leze, Bruno André Silva,<br />

Carlos Henriques percussão<br />

Stephanie Manzo harpa<br />

Ana Cristina Bernardo Pianista<br />

acompanhador<br />

Filipe Paszkiewicz Edição gráfica da<br />

partitura<br />

Pedro Amaral Direcção<br />

Os Jogadores <strong>de</strong> Xadrez<br />

[estreia da nova versão com conjunto<br />

instrumental, encomenda da Fundação<br />

Calouste Gulbenkian/Serviço <strong>de</strong><br />

Música, 1999]<br />

Composta em 2004, para um coro <strong>de</strong> oito<br />

vozes reais e um conjunto instrumental<br />

constituído por uma harpa, um piano e<br />

duas percussões, esta obra foi o ponto <strong>de</strong><br />

partida <strong>de</strong> Pedro Amaral para seu amplo<br />

projecto em torno <strong>de</strong> Fernando Pessoa. A<br />

obra foi estreada na Fundação Calouste<br />

Gulbenkian, em Dezembro <strong>de</strong> 2004, na<br />

sua versão reduzida para coro a cappella,<br />

interpretada pelo Coro Voces Caelestes<br />

sob a direcção do compositor. No concerto<br />

<strong>de</strong>sta noite, juntar-se-ão aos mesmos<br />

intérpretes um conjunto instrumental<br />

(membros da Orquestra Metropolitana <strong>de</strong><br />

Lisboa) que nos trará <strong>de</strong>sta obra uma nova<br />

e mais alargada versão.<br />

Sobre a génese da obra, escreveu o<br />

autor (a partir <strong>de</strong>: «Os Jogadores <strong>de</strong><br />

Xadrez – Fragmentos <strong>de</strong> uma dramaturgia»,<br />

in revista Relâmpago, n.º19,<br />

Fundação Luís Miguel Nava, Lisboa<br />

2006):<br />

Diz Pessoa a Casais Monteiro, na célebre<br />

carta <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1935, on<strong>de</strong><br />

disserta sobre a génese heteronímica:<br />

“(…) pus em Ricardo Reis toda a minha<br />

disciplina mental, vestida da música que<br />

lhe é própria (…)”. <br />

Primeiro atributo <strong>de</strong> Reis, a herança<br />

<strong>de</strong> toda essa “disciplina mental”<br />

pessoana manifesta-se a priori na sua<br />

constituição heteronímica, que, sendo<br />

i<strong>de</strong>al, é mais concisa, mais coerente,<br />

mais meticulosa que o humanamente<br />

possível. Se é certo que cada um dos<br />

três heterónimos principais – mesmo<br />

Campos, com todas as suas contradições<br />

íntimas – se caracteriza apenas pelas<br />

dimensões necessárias e suficientes<br />

ao seu plano existencial, o evocador<br />

das três musas, Cloe, Neera e Lídia<br />

(aguda, grave e esdrúxula, por exemplar<br />

completu<strong>de</strong> prosódica) é, <strong>de</strong> entre eles,<br />

o menos humano por nele se concentrarem,<br />

numa harmonia quase inverosímil,<br />

as qualida<strong>de</strong>s, e apenas elas, <strong>de</strong> uma<br />

racionalida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lar.<br />

“(…) Reis [escrevia] melhor do que eu”,<br />

diz Pessoa, “mas com um purismo que<br />

consi<strong>de</strong>ro exagerado.” <br />

Como homem e como poeta, Reis é<br />

todo um sistema: incarna o paganismo<br />

(<strong>de</strong>le diz Campos que “é um pagão por<br />

carácter” ), sintetiza permanentemente<br />

as visões estóica e epicurista do mundo,<br />

reinventa no estilo, como na forma,<br />

. Fernando Pessoa, carta a Adolfo Casais Monteiro<br />

(Lisboa, 13 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1935), in Fernando Pessoa<br />

Correspondência 1923-1935, edição <strong>de</strong> Manuela<br />

Parreira da Silva, Assírio & Alvim, Lisboa 1999, p.<br />

340.<br />

. ibi<strong>de</strong>m, p. 346.<br />

. Álvaro <strong>de</strong> Campos, Notas para a Recordação do<br />

Meu Mestre Caeiro, textos organizados por Teresa<br />

Rita Lopes, Estampa, Lisboa 1997, p. 42.


a o<strong>de</strong> horaciana e a solenida<strong>de</strong> ética,<br />

universalista, dos seus temas.<br />

Toda essa “disciplina mental”, evocada<br />

pelo próprio Pessoa, geneticamente<br />

exacerbada neste discípulo <strong>de</strong> Caeiro,<br />

condu-lo à adopção <strong>de</strong> formas rigorosas<br />

<strong>de</strong> escrita – ou não fossem o rigor, a<br />

concisão, a coerência os alicerces fundamentais<br />

da sua existência imaginada<br />

(“Abomino a mentira”, diz Reis, e antes<br />

ainda <strong>de</strong> uma qualquer máxima ética<br />

que evocasse, à maneira <strong>de</strong> Horácio,<br />

uma sentença universal, acrescenta,<br />

num radicalismo lapidar: “porque é uma<br />

inexactidão” ).<br />

Esse pensamento formal ricardiano,<br />

que fundamentalmente marca Os<br />

Jogadores <strong>de</strong> Xadrez, constituiu umas<br />

das bases elementares no meu trabalho<br />

composicional a partir <strong>de</strong>ste poema;<br />

nessa medida, gostaria <strong>de</strong> começar por<br />

comentar alguns aspectos da sua mecânica<br />

interna.<br />

[…] A primeira etapa do meu trabalho<br />

consistiu na escolha <strong>de</strong> uma modalida<strong>de</strong><br />

básica <strong>de</strong> representação: a obra musical<br />

<strong>de</strong>veria veicular o poema cantando-o<br />

– em sentido literal e figurado. Para tal,<br />

necessitava <strong>de</strong> uma presença efectiva da<br />

voz. Por outro lado, apesar da presença<br />

na o<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma voz exterior à alegoria<br />

(um narrador não participante), que <strong>de</strong>la<br />

retira um pensamento ético universal,<br />

essa voz po<strong>de</strong> ser tomada como<br />

colectiva. Des<strong>de</strong> logo por ser ao mesmo<br />

tempo uma voz e uma sombra implícita<br />

(Pessoa/Reis), com todos os ecos genealógicos<br />

que anteriormente evocámos;<br />

. ibi<strong>de</strong>m, p. 45. (Álvaro <strong>de</strong> Campos, a quem Reis<br />

teria exprimido este pensamento, acrescenta ainda:<br />

“Todo o Ricardo Reis – passado, presente e futuro<br />

– está nisto.”)<br />

mas sobretudo por sintetizar, nas suas<br />

formulações éticas, um pensamento<br />

ontológico colectivo, com uma marca<br />

filosófica e civilizacional cujas raízes se<br />

esten<strong>de</strong>m, numa pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> autores,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a antiguida<strong>de</strong> clássica.<br />

Por estas razões, escolhi cantar o<br />

poema <strong>de</strong> modo colectivo, através <strong>de</strong><br />

um coro, embora <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início me<br />

parecesse fundamental salvaguardar<br />

um <strong>de</strong>sdobramento <strong>de</strong>sse coro que me<br />

permitisse distinguir, ao longo da obra,<br />

graus diversos <strong>de</strong> enunciação, entre<br />

uma expressão mais massiva e uma<br />

formulação mais individualizada. Para<br />

tal, <strong>de</strong>cidi adoptar uma escrita a oito<br />

vozes reais, abrangendo a totalida<strong>de</strong><br />

do âmbito vocal […], mas dividindo-as<br />

em três grupos, separados na escrita e<br />

no espaço acústico: à esquerda <strong>de</strong> cena<br />

coloquei os sopranos I, os contraltos<br />

I e os tenores I; à direita <strong>de</strong> cena os<br />

sopranos II, contraltos II e baixos II; ao<br />

centro, perfazendo um eixo <strong>de</strong> simetria,<br />

os tenores II e os baixos I.<br />

A estas oito vozes (que, na realida<strong>de</strong><br />

da execução, po<strong>de</strong>m ser oito cantores<br />

ou oito grupos), acrescentei […] quatro<br />

instrumentos: uma harpa, um piano e<br />

duas percussões.<br />

[…] De entre as diversas configurações<br />

específicas que coloquei ao serviço da<br />

dramaturgia, sublinho o <strong>de</strong>sdobramento<br />

contrapontístico no par <strong>de</strong> vozes central<br />

– tenores II, baixos I – que, por vezes, em<br />

<strong>de</strong>terminadas estrofes, assume um certo<br />

protagonismo na enunciação. Porquê<br />

– são dois os tipos <strong>de</strong> verso (hexassílabos,<br />

<strong>de</strong>cassílabos), duas as partes do<br />

poema (alegoria, ensinamento), dois os<br />

autores (ortónimo e heterónimo), dois os<br />

protagonistas da alegoria (os jogadores<br />

<strong>de</strong> xadrez). Do mesmo modo, duas são<br />

também, na música, as vozes (masculinas<br />

como os autores e as personagens centrais)<br />

que simbolicamente protagonizam<br />

a enunciação <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas partes<br />

da narrativa. Como o final da primeira<br />

estrofe, por exemplo, quando surgem pela<br />

primeira vez os dois impávidos jogadores<br />

<strong>de</strong> xadrez, por drástica oposição aos<br />

versos prece<strong>de</strong>ntes, que evocam o mundo<br />

exterior e a guerra que o consome. Nesses<br />

quatro versos iniciais, utilizei ora uma<br />

escrita ten<strong>de</strong>ncialmente homofónica, ora<br />

uma dispersão <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas palavras<br />

pela totalida<strong>de</strong> das vozes; nos dois últimos,<br />

a chegada dos plácidos protagonistas<br />

é inteiramente confiada às duas vozes<br />

centrais, baseadas num contraponto sinuoso<br />

mas extremamente calmo e claro,<br />

que evoca os meandros da sua tranquila<br />

batalha intelectual, diametralmente<br />

oposta, pela sua natureza, à batalha física<br />

que <strong>de</strong>vasta a cida<strong>de</strong>.<br />

[…] Um aspecto fundamental […]<br />

é aquilo a que po<strong>de</strong>mos chamar a<br />

sonorida<strong>de</strong> do poema – ligada ao plano<br />

fonético, mas inseparável da coerência<br />

morfológica, da disposição sintáctica e<br />

da prosódia.<br />

Ao compor, procurei recriar a minha<br />

impressão <strong>de</strong>ssa sonorida<strong>de</strong>. Fi-lo através<br />

da instrumentação, do tipo <strong>de</strong> escrita<br />

vocal, das modalida<strong>de</strong>s rítmicas <strong>de</strong><br />

enunciação, <strong>de</strong> uma coerência intrínseca<br />

entre os planos vertical e horizontal.<br />

Empreguei ainda um artifício que se<br />

sobrepusesse aos vários planos da escrita<br />

e, em última análise, homogeneizasse a<br />

sua individualização: um cantus firmus<br />

harmónico, a quatro vozes, constituído<br />

por uma sucessão <strong>de</strong> quarenta e seis<br />

acor<strong>de</strong>s com características comuns,<br />

entre as quais a presença reiterada <strong>de</strong> um<br />

mesmo intervalo, uma terceira maior<br />

(quatro meios tons – quatro unida<strong>de</strong>s – e<br />

sempre a quatro vozes), que estipula uma<br />

espécie <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consonância transversal<br />

a toda a morfologia. Estabeleci<br />

assim um universo harmónico que, <strong>de</strong><br />

certo modo, não correspon<strong>de</strong> à minha<br />

sonorida<strong>de</strong> mais natural (que também<br />

forcei, <strong>de</strong> um modo tecnicamente<br />

próximo, no meu Quarteto <strong>de</strong> Cordas),<br />

mas que me pareceu susceptível <strong>de</strong> me<br />

aproximar da sonorida<strong>de</strong> do poema.<br />

[…] Menos indirecta po<strong>de</strong> ser a tentativa<br />

<strong>de</strong> projectar na música o espaço<br />

formal do poema, na sua temporalida<strong>de</strong><br />

própria, uma vez que a música, mais<br />

ainda que a poesia, se inscreve numa<br />

sucessão temporal contínua e não<br />

regressível. A enunciação <strong>de</strong> um verso,<br />

ou <strong>de</strong> uma melodia, tem lugar entre um<br />

momento inicial x e um momento final<br />

y do tempo cronológico, e o intervalo<br />

temporal da enunciação perfaz uma<br />

unida<strong>de</strong> significante. O significado, esse,<br />

na espessura e na polifonia do texto,<br />

<strong>de</strong>sliga-se do tempo em qualquer forma<br />

<strong>de</strong> arte (Kandinsky fala, por exemplo,<br />

na temporalida<strong>de</strong> – necessariamente<br />

reversível – do sujeito naquilo a que<br />

po<strong>de</strong>ríamos chamar a sua elaboração<br />

da obra pictórica enquanto objecto: o<br />

“véu-<strong>de</strong>svendado”, na expressão feliz <strong>de</strong><br />

Philippe Sers ).<br />

. Wassily Kandinsky, Do Espiritual na Arte, pref.<br />

António Rodrigues, trad. Maria Helena <strong>de</strong> Freitas,<br />

D. Quixote, Lisboa 1987.<br />

. Philippe Sers, Prefácio à sua edição <strong>de</strong> Wassily<br />

Kandinsky, Du Spirituel dans l’art et dans la peinture<br />

en particulier, trad. francesa <strong>de</strong> Nicole Debrand e<br />

Bernar<strong>de</strong>tte du Crest, Denoël/Folio Essais, Saint-<br />

-Amand 1993, p. 21.


Na obra musical tratava-se, para<br />

mim, <strong>de</strong> recriar uma imagem tão fiel<br />

quanto possível do intervalo temporal<br />

da enunciação poética. Esta última, no<br />

entanto, ainda que inscrevendo-se numa<br />

continuida<strong>de</strong> cronológica não regressível,<br />

não está, como a música, sujeita a<br />

intervalos temporais absolutos: mesmo<br />

dois versos prosodicamente semelhantes<br />

po<strong>de</strong>m exigir diferentes velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

enunciação. Esta dissociação entre a<br />

duração relativa na enunciação poética<br />

e a duração absoluta na enunciação<br />

musical permitiu-me, ao nível do verso,<br />

libertar esta última das contingências<br />

métricas da primeira. Trabalhei, assim,<br />

cada verso <strong>de</strong> modo relativamente livre<br />

em termos rítmicos e temporais.<br />

Por outro lado, ainda que os versos<br />

não redun<strong>de</strong>m na reiteração <strong>de</strong> <strong>de</strong>z e seis<br />

unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> duração absoluta, ten<strong>de</strong>m a<br />

configurar uma duração média na enunciação,<br />

todos os <strong>de</strong>cassílabos ten<strong>de</strong>ndo<br />

para <strong>de</strong>terminado intervalo temporal,<br />

todos os hexassílabos ten<strong>de</strong>ndo proporcionalmente<br />

para outro: é na aceitação<br />

<strong>de</strong>ssa duração média que se baseia todo<br />

o sistema <strong>de</strong> relações formais entre as<br />

dimensões estróficas. Nestes termos,<br />

pareceu-me judicioso adoptar um princípio<br />

básico, segundo o qual as proporções<br />

entre as estrofes <strong>de</strong>veriam, essas,<br />

projectar-se directamente nas proporções<br />

da enunciação musical, e assim, por<br />

exemplo, a primeira estrofe ocuparia, no<br />

seu conjunto, uma duração 3x, a segunda<br />

uma duração 4x, a terceira 5x, etc., sendo<br />

x uma unida<strong>de</strong> absoluta <strong>de</strong> duração correspon<strong>de</strong>nte<br />

à unida<strong>de</strong> formada pelo par<br />

<strong>de</strong> versos. Deste modo, na minha obra,<br />

a enunciação do verso é temporalmente<br />

livre enquanto o conjunto dos versos <strong>de</strong><br />

cada estrofe preenche a duração absoluta<br />

atribuída a essa estrofe na sua relação <strong>de</strong><br />

proporcionalida<strong>de</strong> com as <strong>de</strong>mais.<br />

[…] Um apontamento ainda a propósito<br />

do poema, do seu sentido último, e<br />

dos jogadores <strong>de</strong> xadrez enquanto personagens<br />

simbólicas. Vimos que a primeira<br />

parte da o<strong>de</strong> é uma alegoria, mas uma<br />

alegoria que encerra uma estranha projecção<br />

<strong>de</strong> planos: o mundo exterior vive<br />

uma batalha física, <strong>de</strong> carnificina e <strong>de</strong>struição,<br />

enquanto o mundo interior vive<br />

uma batalha simbólica, on<strong>de</strong> as cortes<br />

e os guerreiros são representados por<br />

peças <strong>de</strong> marfim. À primeira vista, tratase<br />

apenas <strong>de</strong> uma metafórica mise en<br />

abîme, na qual tabuleiro significa campo<br />

<strong>de</strong> batalha, torre significa fortificação,<br />

peões significa exércitos, etc., cada elemento<br />

do jogo simbólico figurando uma<br />

parte da tragédia real. Estaríamos diante<br />

<strong>de</strong> uma configuração aparentemente<br />

simplificada <strong>de</strong> um teatro <strong>de</strong>ntro do teatro,<br />

cujo mo<strong>de</strong>lo máximo continua a ser a<br />

segunda cena do terceiro acto <strong>de</strong> Hamlet.<br />

No entanto, na tragédia shakespeariana,<br />

o espaço metafórico é mais estreito, por<br />

estarmos diante <strong>de</strong> uma representação<br />

imediata na qual todas as personagens<br />

compreen<strong>de</strong>m que o actor Rei representa<br />

efectivamente o pai do protagonista, que<br />

a actriz Rainha exprime as promessas<br />

da mãe, e que Luciano assassina o<br />

monarca com o mesmo estratagema do<br />

insidioso usurpador. Apenas o nome da<br />

peça fictícia – A Ratoeira – é realmente<br />

metafórico, porque a sua representação<br />

é <strong>de</strong> facto uma armadilha e, ao intitulála<br />

assim, Hamlet reduz o tio/padrasto à<br />

figura <strong>de</strong> um rato.<br />

Por outro lado, no poema <strong>de</strong> Ricardo<br />

Reis, se a batalha do xadrez constitui<br />

uma projecção metafórica da batalha<br />

física evocada pela narrativa, essa projecção<br />

causa estranheza porque a tónica da<br />

representação é menos o jogo que os próprios<br />

jogadores. Pouco nos é dito sobre<br />

o que se passa realmente no tabuleiro,<br />

embora ao ler as <strong>de</strong>scrições da tragédia<br />

exterior não tenhamos dificulda<strong>de</strong> em<br />

imaginar, por transposição, as combinações<br />

sangrentas arquitectadas por cada<br />

jogador para arrasar o adversário – não é<br />

essa a realida<strong>de</strong> do jogo do xadrez Bem<br />

vistas as coisas, a <strong>de</strong>vastação narrada<br />

po<strong>de</strong>ria ser, ela sim, uma metáfora da<br />

<strong>de</strong>vastação real no tabuleiro. Menos convincente<br />

seria, neste caso, a postura dos<br />

jogadores, serenos como se nada tivessem<br />

a ver com o jogo, como se neste não<br />

houvesse batalha e o xeque não figurasse<br />

a <strong>de</strong>vastação possível <strong>de</strong> um reino simbólico.<br />

Ao ler o poema, mais facilmente<br />

imaginamos que aquelas peças <strong>de</strong> marfim<br />

têm uma vida própria e que os serenos<br />

jogadores representados mais não fazem<br />

do que assistir, sem dor nem ânimo, aos<br />

seus tortuosos movimentos, às contingências<br />

da sua pequena dimensão, aos<br />

horrores do seu <strong>de</strong>stino.<br />

Neste poema tudo converge e tudo subtilmente<br />

se mistura. Ignorando o tempo<br />

e as circunstâncias, como se tivessem a<br />

eternida<strong>de</strong> diante <strong>de</strong> si, estes calmos jogadores<br />

<strong>de</strong> xadrez observam as suas peças e<br />

movimentam-nas tal como os <strong>de</strong>uses que<br />

Reis canta na sua obra nos observam e nos<br />

movimentam a nós, humanos.<br />

“Os <strong>de</strong>uses são os mesmos,<br />

Sempre claros e calmos,<br />

Cheios <strong>de</strong> eternida<strong>de</strong><br />

E <strong>de</strong>sprezo por nós (…).” <br />

. Ricardo Reis, op. cit., pag. 29.<br />

Estes jogadores inverosímeis, serenos e<br />

indiferentes diante da tragédia humana,<br />

são a própria representação das divinda<strong>de</strong>s<br />

pagãs e é essa a metáfora fundamental<br />

do poema, entre tantas metáforas<br />

<strong>de</strong> circunstância: Reis chama jogador<br />

<strong>de</strong> xadrez ao <strong>de</strong>us na sua indiferença, e<br />

incita-nos a imitá-lo. Di-lo-á <strong>de</strong> modo<br />

mais lapidar na o<strong>de</strong> que viria a compor<br />

semanas mais tar<strong>de</strong>, em Julho <strong>de</strong> 1916:<br />

“(…) serenamente<br />

Imita o Olimpo<br />

No teu coração.<br />

Os <strong>de</strong>uses são <strong>de</strong>uses<br />

Porque não se pensam.” <br />

É este o ensinamento. E a riqueza e a<br />

complexida<strong>de</strong> do poema, que explora ao<br />

mesmo tempo diversos níveis <strong>de</strong> leitura,<br />

resi<strong>de</strong> no facto <strong>de</strong> Reis insistir, até ao fim,<br />

na realida<strong>de</strong> do jogo como coisa humana<br />

e atribuir ao jogador um <strong>de</strong>sprendimento<br />

divino, incitando o Homem a imaginar<br />

esse <strong>de</strong>sprendimento, a sonhá-lo e a<br />

segui-lo como <strong>de</strong>sígnio último.<br />

pedro amaral<br />

(texto completo: http://pedro-amaral.com/pdf/reis.pdf )<br />

Coro Voces Caelestes<br />

Graziela Lé, Sandra Lourenço sopranos<br />

Joana Nascimento, Michelle Rollin altos<br />

João Moreira, Sérgio Fontão tenores<br />

Carlos Pedro Santos, Manuel Rebelo baixos<br />

Stéphanie Manzo harpa<br />

Ana Telles piano<br />

Jean-François Lézé e Bruno André Silva<br />

percussões<br />

Sérgio Fontão Maestro do coro<br />

Pedro Amaral Direcção<br />

. Ibi<strong>de</strong>m, pp. 66-67. Esta o<strong>de</strong> é datada <strong>de</strong> 1 <strong>de</strong> Julho<br />

<strong>de</strong> 1916, enquanto Os Jogadores <strong>de</strong> Xadrez tem a data<br />

<strong>de</strong> 1 <strong>de</strong> Junho do mesmo ano.


TEXTOS DAS OBRAS<br />

Le Marteau sans Maître<br />

L’artisanat furieux<br />

La roulotte rouge au bord du clou<br />

Et cadavre dans le panier<br />

Et chevaux <strong>de</strong> labours dans le fer à cheval<br />

Je rêve la tête sur la pointe <strong>de</strong> mon couteau<br />

le Pérou.<br />

Bourreaux <strong>de</strong> solitu<strong>de</strong><br />

Le pas s’est éloigné le marcheur s’est tu<br />

Sur le cadran <strong>de</strong> l’Imitation<br />

Le Balancier lance sa charge <strong>de</strong> granit<br />

réflexe.<br />

Bel édifice et les pressentiments<br />

J’écoute marcher dans mes jambes<br />

La mer morte vagues par <strong>de</strong>ssus tête<br />

Enfant la jeté-promena<strong>de</strong> sauvage<br />

Homme l’illusion imitée<br />

Des yeux purs dans les bois<br />

Cherchent en pleurant la tête habitable.<br />

Manuscrito <strong>de</strong> Pierre Boulez<br />

Manuscrito <strong>de</strong> Fernando Pessoa<br />

fragmento para O Sonho<br />

Salomé – A minha beleza faz os homens<br />

sonâmbulos, e o da minha voz distrai-os <strong>de</strong><br />

sonhar. As suas preferidas o<strong>de</strong>iam-me sem<br />

saber se existo, porque entre as palavras<br />

vagas dos seus discursos amorosos, a minha<br />

imagem embarga as frases e elas sentem-me<br />

passar, como um canto <strong>de</strong> sereia, nos esquecimentos<br />

da voz, e nos abrandamentos dos<br />

braços e das mãos, que cingem ou que apertam.<br />

Sou o perfume que, uma vez sonhado,<br />

lhes faz aura à imaginação, e não po<strong>de</strong>rão<br />

ter esposa, nem noiva, nem até irmã a que<br />

acarinhem, porque se lembram <strong>de</strong> que eu sou<br />

a princesa que um dia lhes foi toda a vida.<br />

Os escravos rastejam com os olhos quando<br />

mal me po<strong>de</strong>m olhar. Passo entre as alas dos<br />

soldados e sinto-os que tremem como folhas<br />

ao vento. Levarão sauda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sse momento<br />

como <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> maldição, e acordarão<br />

nas gran<strong>de</strong>s noites <strong>de</strong> estio, quando o<br />

suor entra na alma, pávidos da memória<br />

sinistra que vive do meu perfil entrevisto,<br />

dos meus olhos <strong>de</strong>sviados, do recorte das<br />

minhas sobrancelhas muito negras contra a<br />

pele morena muito branca da minha fronte<br />

coroada <strong>de</strong> sombras.<br />

Salomé, duas Aias – Trazei vossos sonhos<br />

para este terraço <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se vê o mar. Quero<br />

sonhar convosco em voz alta, e que a minha<br />

voz teça com as vossas o casulo <strong>de</strong> uma<br />

história em que nos fechemos da vida.


Os Jogadores <strong>de</strong> Xadrez<br />

Ouvi contar que outrora, quando a Pérsia<br />

Tinha não sei qual guerra,<br />

Quando a invasão ardia na cida<strong>de</strong><br />

E as mulheres gritavam,<br />

Dois jogadores <strong>de</strong> xadrez jogavam<br />

O seu jogo contínuo.<br />

À sombra <strong>de</strong> ampla árvore fitavam<br />

O tabuleiro antigo,<br />

E, ao lado <strong>de</strong> cada um, esperando os seus<br />

Momentos mais folgados,<br />

Quando havia movido a pedra, e agora<br />

Esperava o adversário,<br />

Um púcaro com vinho refrescava<br />

Sobriamente a sua se<strong>de</strong>.<br />

Ardiam casas, saqueadas eram<br />

As arcas e as pare<strong>de</strong>s,<br />

Violadas, as mulheres eram postas<br />

Contra os muros caídos,<br />

Trespassadas <strong>de</strong> lanças, as crianças<br />

Eram sangue nas ruas...<br />

Mas on<strong>de</strong> estavam, perto da cida<strong>de</strong>,<br />

E longe do seu ruído,<br />

Os jogadores <strong>de</strong> xadrez jogavam<br />

O jogo <strong>de</strong> xadrez.<br />

Manuscrito <strong>de</strong> Pedro Amaral<br />

Inda que nas mensagens do ermo vento<br />

Lhes viessem os gritos,<br />

E, ao reflectir, soubessem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a alma<br />

Que por certo as mulheres<br />

E as tenras filhas violadas eram<br />

Nessa distância próxima,<br />

Inda que, no momento que o pensavam,<br />

Uma sombra ligeira<br />

Lhes passasse na fronte alheada e vaga,<br />

Breve seus olhos calmos<br />

Volviam sua atenta confiança<br />

Ao tabuleiro velho.


Quando o rei <strong>de</strong> marfim está em perigo,<br />

Que importa a carne e o osso<br />

Das irmãs e das mães e das crianças<br />

Quando a torre não cobre<br />

A retirada da rainha alta,<br />

O saque pouco importa.<br />

E quando a mão confiada leva o xeque<br />

Ao rei do adversário,<br />

Pouco pesa na alma que lá longe<br />

Estejam morrendo filhos.<br />

Mesmo que, <strong>de</strong> repente, sobre o muro<br />

Surja a sanhuda face<br />

Dum guerreiro invasor, e breve <strong>de</strong>va<br />

Em sangue ali cair<br />

O jogador solene <strong>de</strong> xadrez,<br />

O momento antes <strong>de</strong>sse<br />

(É ainda dado ao cálculo dum lance<br />

Pra a efeito horas <strong>de</strong>pois)<br />

É ainda entregue ao jogo predilecto<br />

Dos gran<strong>de</strong>s indif’rentes.<br />

Caiam cida<strong>de</strong>s, sofram povos, cesse<br />

A liberda<strong>de</strong> e a vida,<br />

Os haveres tranquilos e avitos<br />

Ardam * e que se arranquem,<br />

Mas quando a guerra os jogos interrompa,<br />

Esteja o rei sem xeque,<br />

E o <strong>de</strong> marfim peão mais avançado<br />

Pronto a comprar a torre.<br />

Meus irmãos em amarmos Epicuro<br />

E o enten<strong>de</strong>rmos mais<br />

De acordo com nós-próprios que com ele,<br />

Aprendamos na história<br />

Dos calmos jogadores <strong>de</strong> xadrez<br />

Como passar a vida.<br />

Tudo o que é sério pouco nos importe,<br />

O grave pouco pese,<br />

* Invariavelmente, cada nova edição perpetua o erro<br />

no tempo verbal: Ar<strong>de</strong>m em vez <strong>de</strong> Ardam.<br />

O natural impulso dos instintos<br />

Que ceda ao inútil gozo<br />

(Sob a sombra tranquila do arvoredo)<br />

De jogar um bom jogo.<br />

O que levamos <strong>de</strong>sta vida inútil<br />

Tanto vale se é<br />

A glória, a fama, o amor, a ciência, a vida,<br />

Como se fosse apenas<br />

A memória <strong>de</strong> um jogo bem jogado<br />

E uma partida ganha<br />

A um jogador melhor.<br />

A glória pesa como um fardo rico,<br />

A fama como a febre,<br />

O amor cansa, porque é a sério e busca,<br />

A ciência nunca encontra,<br />

E a vida passa e dói porque o conhece...<br />

O jogo do xadrez<br />

Pren<strong>de</strong> a alma toda, mas, perdido, pouco<br />

Pesa, pois não é nada.<br />

Ah! sob as sombras que sem qu’rer nos amam,<br />

Com um púcaro <strong>de</strong> vinho<br />

Ao lado, e atentos só à inútil faina<br />

Do jogo do xadrez,<br />

Mesmo que o jogo seja apenas sonho<br />

E não haja parceiro,<br />

Imitemos os persas <strong>de</strong>sta história,<br />

E, enquanto por lá fora,<br />

Ou perto ou longe, a guerra e a pátria e a vida<br />

Chamam por nós, <strong>de</strong>ixemos<br />

Que em vão nos chamem, cada um <strong>de</strong> nós<br />

Sob as sombras amigas<br />

Sonhando, ele os parceiros, e o xadrez<br />

A sua indiferença.<br />

BIOGRAFIAS<br />

Orquestra Metropolitana <strong>de</strong> Lisboa<br />

Tutelada pela Associação Música<br />

Educação e Cultura (AMEC), a<br />

Orquestra Metropolitana <strong>de</strong> Lisboa<br />

(OML) estreou-se no dia 10 <strong>de</strong> Junho<br />

<strong>de</strong> 1992, tendo como solista a pianista<br />

Maria João Pires. Des<strong>de</strong> então,<br />

assegura uma intensa activida<strong>de</strong> que<br />

inclui os recitais <strong>de</strong> música <strong>de</strong> câmara e<br />

o gran<strong>de</strong> reportório sinfónico – integrando<br />

os jovens músicos da Orquestra<br />

Académica Metropolitana. A participação<br />

em iniciativas artísticas diversificadas,<br />

do jazz ao fado, da ópera à<br />

nova música contemporânea, tem-lhe<br />

permitido contribuir para a criação <strong>de</strong><br />

novos públicos e consolidar o carácter<br />

inovador do seu projecto, on<strong>de</strong> junta à<br />

dimensão artística a prática pedagógica<br />

das suas escolas – a Aca<strong>de</strong>mia Nacional<br />

Superior <strong>de</strong> Orquestra e o Conservatório<br />

Metropolitano <strong>de</strong> Música <strong>de</strong> Lisboa.<br />

Um ano após a sua criação e sob a<br />

direcção do maestro Miguel Graça<br />

Moura, a OML apresentou-se em<br />

Estrasburgo e Bruxelas a convite da<br />

Comissão e do Parlamento Europeus,<br />

seguindo-se em 1997 uma digressão<br />

por Itália, Índia, Coreia do Sul, Macau<br />

e Tailândia e, em 1999, uma outra pelo<br />

Japão. Em Setembro <strong>de</strong> 2001 regressou<br />

à Tailândia como convidada do III<br />

Festival Internacional <strong>de</strong> Música e<br />

Dança <strong>de</strong> Bangkok.<br />

A OML conta com a Direcção<br />

Artística do maestro Álvaro Cassuto<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a temporada 2004/2005, e cabelhe<br />

a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assegurar<br />

uma programação regular em várias<br />

autarquias da região centro e sul, para


além <strong>de</strong>, em colaboração com o Inatel,<br />

promover uma efectiva <strong>de</strong>scentralização<br />

cultural do norte ao sul do país.<br />

Ao longo dos anos, tem sido dirigida<br />

pelos mais importantes nomes da<br />

direcção orquestral portuguesa e por<br />

inúmeros maestros estrangeiros <strong>de</strong> elevada<br />

reputação, on<strong>de</strong> se incluem Jean-<br />

Sébastien Béreau, José Collado, Olivier<br />

Cuen<strong>de</strong>t, David Gimenez, Nicholas<br />

Kraemer, Lucas Pfaff, Brian Schembri,<br />

Marc Tardue, Victor Yampolsky e<br />

Michael Zilm. Entre os inúmeros<br />

solistas que têm colaborado com a<br />

OML <strong>de</strong>stacam-se Liliana Bizineche,<br />

Pedro Burmester, Monserrat Caballé,<br />

José Carreras, Ana Bela Chaves, José<br />

Cura, Augustin Dumay, Irene Lima,<br />

Paulo Gaio Lima, Maria João Pires,<br />

Artur Pizarro, Tatiana Nikolayeva,<br />

Boris Martinovitch, Elisabete Matos,<br />

Anne Queffélec, Gerardo Ribeiro,<br />

Luís Rodrigues, António Rosado, Arve<br />

Tellefsen, entre tantos outros. Nos últimos<br />

meses juntaram-se-lhes os nomes<br />

<strong>de</strong> Leon Fleisher, Natalia Gutman,<br />

Raphaël Oleg, Oleg Marshev e Pascal<br />

Rogé e, novamente em 2007, Maria João<br />

Pires.<br />

A OML já gravou nove CDs para<br />

diferente editoras, incluindo a EMI<br />

Classics e a RCA Classics. Em 1996 foilhe<br />

atribuído um Disco <strong>de</strong> Platina pela<br />

venda <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 24.000 exemplares do<br />

seu segundo disco. A última gravação<br />

regista três sinfonias <strong>de</strong> Carl Ditters von<br />

Dittersdorf e foi recentemente editada<br />

pela NAXOS.<br />

A Direcção da AMEC é presidida por<br />

Gabriela Canavilhas e tem como vogais<br />

Isabel Ban<strong>de</strong>ira e João Villa-Lobos.<br />

Grupo <strong>de</strong> Música Contemporânea<br />

<strong>de</strong> Lisboa<br />

O Grupo <strong>de</strong> Música Contemporânea<br />

<strong>de</strong> Lisboa (GMCL) foi fundado na<br />

Primavera <strong>de</strong> 1970 por Jorge Peixinho<br />

com colaboração <strong>de</strong> alguns músicos<br />

portugueses, entre eles, Clotil<strong>de</strong> Rosa,<br />

Carlos Franco e António Oliveira e<br />

Silva, que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há algum tempo trabalhavam<br />

em conjunto para a realização<br />

<strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> concertos na Fundação<br />

Calouste Gulbenkian.<br />

A sua primeira apresentação pública<br />

teve lugar no Festival <strong>de</strong> Sintra <strong>de</strong>sse<br />

mesmo ano, mantendo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então<br />

uma constante regularida<strong>de</strong> nas suas<br />

apresentações no País assim como a<br />

realização <strong>de</strong> diversas gravações para a<br />

Radiodifusão Portuguesa e RTP. Logo<br />

em 1972 teve a sua primeira <strong>de</strong>slocação<br />

ao Estrangeiro, participando no Festival<br />

<strong>de</strong> Arte Contemporânea <strong>de</strong> Royan.<br />

Depois <strong>de</strong> 1974 e ao longo dos seus<br />

mais <strong>de</strong> 30 anos <strong>de</strong> existência efectuou<br />

concertos em diversos Países integrados<br />

em vários Festivais, dos quais se<br />

<strong>de</strong>stacam:<br />

II Festival Ibérico <strong>de</strong> Badajoz; Festival<br />

<strong>de</strong> Outono <strong>de</strong> Varsóvia (com o plano <strong>de</strong><br />

intercâmbio cultural entre as socieda<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> autores portuguesa e polaca); Ciclo<br />

“24 Horas <strong>de</strong> Comunicação” em Bruxelas;<br />

Bienal <strong>de</strong> Música <strong>de</strong> Zagreb – Jugoslávia;<br />

Festival Gau<strong>de</strong>amus – Holanda; Ciclo<br />

“Homenagem a Fernando Pessoa” em<br />

Espanha; Festivais Internacionais <strong>de</strong><br />

Música Contemporânea em Sevilha,<br />

Santiago <strong>de</strong> Compostela e Alicante;<br />

Festival Manca <strong>de</strong> Nice; Festival<br />

Antidogma <strong>de</strong> Turim; 17.ª Semana<br />

Musical <strong>de</strong> Siena; World Music Days <strong>de</strong><br />

Amesterdão; Festival <strong>de</strong> Música Nova<br />

<strong>de</strong> Santos e São Paulo; Ciclo <strong>de</strong> Música<br />

Contemporânea <strong>de</strong> Belo Horizonte;<br />

Europália 91; Semana Internacional <strong>de</strong><br />

Música Nova <strong>de</strong> Bucareste; Encontros<br />

Gulbenkian <strong>de</strong> Música Contemporânea<br />

<strong>de</strong> Lisboa; Jornadas <strong>de</strong> Arte<br />

Contemporânea do Porto.<br />

Nos finais dos anos 70, foi-lhe atribuído<br />

um subsídio pela Secretaria <strong>de</strong><br />

Estado da Cultura, para a realização <strong>de</strong><br />

concertos e sessões <strong>de</strong> animação musical<br />

em várias localida<strong>de</strong>s da província.<br />

Gravou para as Tribunas<br />

Internacionais <strong>de</strong> Compositores <strong>de</strong><br />

1975 e 1976 as seguintes obras <strong>de</strong><br />

Compositores portugueses: Recitativo<br />

IV <strong>de</strong> Jorge Peixinho, Momento I <strong>de</strong><br />

Constança Cap<strong>de</strong>ville, Diálogos <strong>de</strong><br />

Filipe Pires e Encontro <strong>de</strong> Clotil<strong>de</strong> Rosa.<br />

Colaborou também na gravação em<br />

disco da obra CDE e Quatro Estações <strong>de</strong><br />

Jorge Peixinho, assim como na gravação<br />

<strong>de</strong> um disco com obras <strong>de</strong> Compositoras<br />

Portuguesas. Colaborou em várias<br />

obras originais para teatro, cinema e<br />

mix-media.<br />

Paralelamente realizou outros<br />

concertos extra-festivais, colóquios e<br />

masterclasses em Portugal e estrangeiro,<br />

levando a Cultura Portuguesa além<br />

fronteiras.<br />

Em Portugal colaborou regularmente<br />

nos Encontros Gulbenkian <strong>de</strong> Música<br />

Contemporânea, levando ao palco as<br />

últimas criações <strong>de</strong> compositores nacionais,<br />

interpretando, no entanto, também<br />

obras <strong>de</strong> Compositores das mais diversas<br />

latitu<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> acordo com os projectos<br />

específicos <strong>de</strong> cada concerto.<br />

Em 1991 foi distinguido com a medalha<br />

<strong>de</strong> Mérito Cultural atribuída pela<br />

Secretaria <strong>de</strong> Estado da Cultura.<br />

Após o falecimento do seu Fundador<br />

e Director participou, entre outros, nos<br />

festivais: 20 os Encontros Gulbenkian<br />

<strong>de</strong> Música Contemporânea; Musica<br />

Bayreuth (gravado para a Bayersher<br />

Rundfunk) e Neue Musik in Bamberg<br />

na Alemanha; na Fundação <strong>de</strong> Serralves<br />

no Porto; no Festival <strong>de</strong> Almada, sob a<br />

direcção <strong>de</strong> Aldo Brizzi.<br />

Em 1996, num concerto <strong>de</strong> homenagem<br />

a Jorge Peixinho no Montijo foi<br />

dirigido por Álvaro <strong>Sala</strong>zar.


Participou em 1998 na primeira<br />

edição do Festival Internacional <strong>de</strong><br />

Músicas Contemporâneas, organizado<br />

pelo Teatro Nacional <strong>de</strong> S. Carlos, tendo<br />

sido dirigido por José Ramón Encinar.<br />

Em 2000, colaborou no Festival<br />

Internacional <strong>de</strong> Electroacústica Música<br />

Viva 2000 e realizou um concerto no<br />

Teatro Nacional <strong>de</strong> S. Carlos só com<br />

obras <strong>de</strong> Clotil<strong>de</strong> Rosa, com direcção <strong>de</strong><br />

Carlos Franco.<br />

Ainda em 2000 foi-lhe atribuído<br />

um subsídio pelo IPAE-Ministério da<br />

Cultura, por dois anos, tendo sido prorrogado<br />

por mais dois, para fazer encomendas<br />

a compositores e realizar concertos.<br />

Em 2001, participou na 23ª edição<br />

do Festival Internacional Ensems<br />

em Valência , com direcção <strong>de</strong> Carlos<br />

Franco e Pedro Amaral, realizou um<br />

concerto nas Oficinas do Convento<br />

em Montemor-o-Novo, realizou dois<br />

concertos na XI Bienal <strong>de</strong> Vila Nova <strong>de</strong><br />

Cerveira, participou em co-produção<br />

num espectáculo multimédia com a<br />

Companhia <strong>de</strong> Teatro Pé <strong>de</strong> Vento, no<br />

Porto e realizou um concerto no CCB em<br />

Lisboa, em que foram apresentadas em<br />

estreia absoluta 6 obras expressamente<br />

compostas para o GMCL <strong>de</strong> Alexandre<br />

Delgado, António Sousa Dias, Clotil<strong>de</strong><br />

Rosa, Filipe Pires, João Pedro Oliveira e<br />

Luís Tinoco, este concerto foi dirigido<br />

por Carlos Franco, Alexandre Delgado e<br />

Pedro Carneiro. Ainda nesse ano gravou<br />

um CD com obras <strong>de</strong> Clotil<strong>de</strong> Rosa que<br />

em breve será lançado no mercado.<br />

Em 2002, ainda com o apoio do<br />

IPAE-MC, participou no Festival<br />

Aveiro-Síntese, no Simpósio <strong>de</strong> Música<br />

Contemporânea em Castelo Branco,<br />

em dois concertos na Fundação <strong>de</strong><br />

Serralves no Porto, e em Lisboa, no<br />

Instituto Franco-Português. Nestes<br />

três últimos concertos foram apresentadas<br />

em primeira audição absoluta 5<br />

obras <strong>de</strong>dicadas ao GMCL, tendo sido<br />

quatro encomendadas aos compositores<br />

António Chagas Rosa, Fernando Lapa,<br />

Pedro Rocha e Sérgio Azevedo e ainda<br />

uma <strong>de</strong> Clotil<strong>de</strong> Rosa.<br />

Des<strong>de</strong> 2003, na continuida<strong>de</strong> do<br />

projecto anterior, encomendou obras aos<br />

compositores Christopher Bochmann,<br />

Clotil<strong>de</strong> Rosa, Eurico Carrapatoso,<br />

Francisco Monteiro, João Madureira,<br />

Sara Carvalho, Daniel Schvetz, Patrícia<br />

Almeida e Vítor Rua, e efectuou concertos<br />

no Sabugal – 1.º Festival do Alto<br />

Côa, Maia – Festival Rostos da Vanguarda,<br />

Lisboa – Salão Nobre do Conservatório<br />

Nacional e em Almada – Instituto<br />

Piaget, na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro<br />

– Ciclo <strong>de</strong> Concertos Momentum,<br />

Tomar – <strong>Sala</strong> Lopes Graça , Lisboa<br />

– CCB, Montijo – Teatro Joaquim<br />

d’Almeida, Roterdão – De Doelen e<br />

Lisboa – Aca<strong>de</strong>mia Amadores <strong>de</strong> Música.<br />

O GMCL tem como objectivo principal<br />

divulgar obras <strong>de</strong> compositores<br />

portugueses contemporâneos, com incidência<br />

na obra <strong>de</strong> Jorge Peixinho.<br />

Coro Voces Caelestes<br />

Voces Caelestes é um grupo vocal <strong>de</strong><br />

constituição variável, <strong>de</strong> acordo com as<br />

exigências das obras a interpretar. Esta<br />

característica, aliada à vasta experiência<br />

dos cantores que o integram – que se<br />

esten<strong>de</strong> da música medieval à criação<br />

musical contemporânea –, permite às<br />

Voces Caelestes abordar um extenso<br />

repertório.<br />

Assim, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua estreia, em<br />

Setembro <strong>de</strong> 1997, o grupo tem interpretado<br />

obras <strong>de</strong> Machaut, Dufay, Allegri,<br />

Buxtehu<strong>de</strong>, Bach, Hän<strong>de</strong>l, Vivaldi,<br />

Scarlatti, Mozart, Haydn, Brahms,<br />

Men<strong>de</strong>lssohn, Schumann, Franck,<br />

Adam, Stanford, Lloyd Webber e Lopes-<br />

-Graça, entre outros. Paralelamente,<br />

tem feito incursões esporádicas no<br />

domínio da ópera, tendo participado<br />

nas produções <strong>de</strong> Platée (Rameau), A<br />

Flauta Mágica (Mozart) e La Fille du<br />

Régiment (Donizetti) encenadas por<br />

Tito Celestino da Costa. A par do<br />

seu empenhamento na divulgação da<br />

música antiga portuguesa – traduzido,<br />

até agora, na apresentação <strong>de</strong> obras<br />

<strong>de</strong> Estêvão Lopes Morago, Francisco<br />

Martins, António Teixeira, Carlos<br />

Seixas, Francisco António <strong>de</strong> Almeida,<br />

João Rodrigues Esteves e Pedro António<br />

Avondano –, as Voces Caelestes têm<br />

<strong>de</strong>dicado especial atenção à música contemporânea.<br />

Neste âmbito, estrearam<br />

em Portugal as Street Songs, <strong>de</strong> Steve<br />

Martland, e apresentaram em estreia<br />

mundial obras <strong>de</strong> Alain Bioteau (Vat 69),<br />

Pedro Amaral (Os Jogadores <strong>de</strong> Xadrez) e<br />

Pedro Carneiro (… ni mots, ni signes…).<br />

Este vasto repertório tem sido<br />

apresentado em diversos auditórios<br />

<strong>de</strong> Lisboa (Centro Cultural <strong>de</strong> Belém,<br />

Fundação Calouste Gulbenkian,<br />

Teatro Municipal <strong>de</strong> S. Luiz, Jardim<br />

Botânico e Palácio Nacional da Ajuda,<br />

Sé Patriarcal, Basílica dos Mártires,<br />

Igreja <strong>de</strong> S. Nicolau, Igreja <strong>de</strong> S. Roque,<br />

Igreja <strong>de</strong> S. Vicente <strong>de</strong> Fora e Convento<br />

do Beato), bem como noutras localida<strong>de</strong>s<br />

(Cascais, Coimbra, Évora, Fátima,<br />

Porto, Santarém, Santiago do Cacém,<br />

Setúbal), no âmbito <strong>de</strong> algumas das mais<br />

prestigiadas manifestações musicais<br />

(Festival Internacional <strong>de</strong> Música<br />

<strong>de</strong> Coimbra, Comemorações dos 250<br />

Anos do Nascimento da Cantora Luísa<br />

Todi, Música em S. Roque, Festival<br />

<strong>de</strong> Música Sacra do Baixo Alentejo,<br />

Festival Internacional <strong>de</strong> Órgão <strong>de</strong><br />

Lisboa, Festival Rota dos Monumentos).<br />

Em Agosto <strong>de</strong> 2006, as Voces Caelestes<br />

fizeram a sua estreia internacional,<br />

participando, com gran<strong>de</strong> sucesso, no<br />

prestigiado Festival Internacional <strong>de</strong><br />

Música Antiga <strong>de</strong> Daroca (Espanha). O<br />

grupo participou na gravação do CD <strong>de</strong><br />

música sacra Alleluia, da soprano Teresa<br />

Cardoso <strong>de</strong> Menezes.<br />

As Voces Caelestes têm-se apresentado<br />

a cappella e em colaboração com instrumentistas<br />

como a cravista Ana Mafalda<br />

Castro, os organistas António Duarte,<br />

João Vaz e Sérgio Silva, a contrabaixista


Marta Vicente, os violoncelistas Miguel<br />

Ivo Cruz e Paulo Gaio Lima e o percussionista<br />

Pedro Carneiro, e formações<br />

instrumentais como a orquestra barroca<br />

Capela Real, a Orquestra Metropolitana<br />

<strong>de</strong> Lisboa, a Orquestra dos Solistas <strong>de</strong><br />

Lisboa e os Segréis <strong>de</strong> Lisboa, sob a<br />

direcção dos maestros Christian Curnyn,<br />

Elio Orciuolo, Harry Christophers,<br />

Jean-Bernard Pommier, João Paulo<br />

Santos, Laurence Cummings, Manuel<br />

Ivo Cruz, Manuel Morais, Pedro Amaral,<br />

Peter Schreier, Sérgio Fontão e Stephen<br />

Barlow.<br />

Angelica Cathariou mezzo-soprano<br />

Angelica Cathariou nasceu em Atenas e<br />

formou-se, em 1993, no Conservatório<br />

<strong>de</strong> Atenas, “Athenaeum Maria Callas”,<br />

nas classes <strong>de</strong> piano e <strong>de</strong> canto, tendo<br />

sido premiada por unanimida<strong>de</strong> do<br />

júri. Beneficiando <strong>de</strong> uma bolsa da<br />

A.S. Onassis Foundation, prosseguiu<br />

os seus estudos em Itália com Renata<br />

Scotto, Constantino Ego e Arrigo<br />

Pola. Participou em cursos <strong>de</strong> canto e<br />

masterclasses <strong>de</strong> ópera dirigidos por Luigi<br />

Alva, Ileana Cotrubas, Kostas Paskalis,<br />

Alexandrina Miltcheva, Vera Rosza,<br />

Nicola Zaccaria, Jory Vinikour, bem<br />

como em masterclasses sobre lied nos<br />

Internationales Jugend Festspieltreffen<br />

em Bayreuth.<br />

Angelica Cathariou obteve ainda o<br />

grau <strong>de</strong> Master of Art em Música da<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nova Iorque.<br />

Estreou-se no papel <strong>de</strong> Mrs Quickly<br />

no Falstaff <strong>de</strong> Verdi no Teatro Ponchielli<br />

em Cremona. Depois disso tem interpretado,<br />

entre outros papéis operáticos,<br />

Euridice e Tragedia em L’Euridice <strong>de</strong> J.<br />

Peris, La Mère em Les larmes du couteau<br />

<strong>de</strong> Martinu, Bessi, em Mahagonny<br />

Songspiel <strong>de</strong> Weill, Carmen, em Carmen<br />

<strong>de</strong> Bizet, Mrs. Peachum em Beggar’s<br />

Opera <strong>de</strong> Britten, Dinah em Trouble in<br />

Tahiti <strong>de</strong> Bernstein. Cantou também o<br />

Requiem <strong>de</strong> Mozart, a Nona Sinfonia<br />

<strong>de</strong> Beethoven, Phaedra <strong>de</strong> Britten, Il<br />

Tramonto <strong>de</strong> Respighi, El Amor Brujo <strong>de</strong><br />

Falla, apresentando-se no Carnegie Hall<br />

<strong>de</strong> Nova Iorque, no Concertgebouw<br />

<strong>de</strong> Amesterdão, na Opéra National<br />

du Rhin, no Teatro Comunale di<br />

Ferrara, na Ópera Nacional da Grécia,<br />

no Freiburg Konzerthaus, no York<br />

National Centre of Early Music, no<br />

Budapest Spring Festival, no Festival <strong>de</strong><br />

Marseille, no Festival International <strong>de</strong><br />

la Roque d’Anthéron.<br />

Em 1998 foi galardoada como Prémio<br />

Leoncavallo, na Suíça.<br />

Enquanto solista cantou sob a<br />

direcção <strong>de</strong> Claudio Abbado, Daniele<br />

Agiman, Steuart Bedford, Roland<br />

Hayrabedian, Jan Latham Koenig,<br />

Alexandre Myrat, Jerôme Pillement,<br />

Tiziano Severini, Alberto Zedda e<br />

com formações como a Orquestra<br />

<strong>de</strong> Atenas, a Orquestra <strong>de</strong> Câmara<br />

Mahler, a Orquestra Sinfónica da Rádio<br />

Grega, a Filarmónica <strong>de</strong> Manhattan, a<br />

Filarmónica <strong>de</strong> Estrasburgo, a Orquestra<br />

<strong>de</strong> Picardia, I Pomeriggi Musicali, a<br />

Sinfonieta <strong>de</strong> Louisiana, a Orquestra dos<br />

Jovens do Mediterrâneo.<br />

Actua ainda, frequentemente, como<br />

solista em numerosos concertos <strong>de</strong><br />

música contemporânea, interpretando<br />

obras <strong>de</strong> Schoenberg, Berio, George<br />

Crumb, D. Mitropoulos, Peter Maxwell<br />

Davies, Arvo Part, David Blake, John<br />

Cage, Sofia Gubaidulina, Mikis<br />

Theodorakis, etc.<br />

A sua discografia inclui, entre outras,<br />

El Amor Brujo <strong>de</strong> Falla e a Missa em Mi<br />

Bemol Maior <strong>de</strong> Schubert.<br />

Sandra Me<strong>de</strong>iros soprano<br />

Nasceu em S.Miguel, Açores. É licenciada<br />

em Canto pela Escola Superior<br />

<strong>de</strong> Música <strong>de</strong> Lisboa tendo integrado<br />

a classe da professora Joana Silva.<br />

Como bolseira da Fundação Calouste<br />

Gulbenkian e Centro Nacional <strong>de</strong><br />

Cultura prosseguiu estudos <strong>de</strong> pós-graduação<br />

em canto com Julie Kennard e<br />

Clara Taylor na Royal Aca<strong>de</strong>my of Music<br />

(RAM) em Londres, on<strong>de</strong> se graduou<br />

com “Distinção”, obteve o Dip. RAM e o<br />

prémio Amanda von Lob memorial.<br />

Frequentou cursos <strong>de</strong> aperfeiçoamento<br />

com Ileana Cotrubas, Teresa<br />

Berganza, Marimi <strong>de</strong>l Pozo, Gundula<br />

Janowitz, Christiane Eda-Pierre, Liliana<br />

Bizineche, Richard Miller, Rudolf<br />

Knoll, Jill Feldmann, Paul Esswood,<br />

Robert Tear, Martin Isepp, Teresa<br />

Cahill, Paul Kiesgen, Rudolf Jansen e<br />

Udo Reinemann.<br />

Foi premiada nos concursos nacionais<br />

Luísa Todi e Concurso <strong>de</strong> Interpretação<br />

do Estoril, e nos concursos Isabel Jay<br />

Singing Prize e Elena Gerhard Lie<strong>de</strong>r<br />

Prize em Londres. Foi finalista nos<br />

concursos Wigmore Award (Wigmore<br />

Hall – Londres), e no XVII Concours<br />

International <strong>de</strong> Chant <strong>de</strong> Marman<strong>de</strong><br />

(na categoria <strong>de</strong> Melodie) em França.<br />

Obteve ainda, o 2º Prémio no V<br />

Concurso Internacional <strong>de</strong> Canto Bidu<br />

Sayão no Brasil.<br />

Gravou para a RTP, RTP-Açores, RTPI<br />

e RDP (Antena 2).<br />

A sua activida<strong>de</strong> como solista distribui-se<br />

pela música antiga, oratório, lied,<br />

melodie, canção do século xx e ópera;<br />

havendo já actuado sob a direcção <strong>de</strong><br />

ilustres maestros tais como Michel<br />

Corboz, Olivier Cuen<strong>de</strong>t, Sir Charles<br />

Mackerras, Laurence Cummings,<br />

Alberto Lysy, Lawrence Foster, entre<br />

outros. Também actuou com as mais <strong>de</strong>stacadas<br />

orquestras portuguesas e com as<br />

orquestras Barroca da RAM e Camerata<br />

Lysy <strong>de</strong> Gstaad.<br />

Tem colaborado em recitais com<br />

os pianistas João Paulo Santos, Nuno<br />

Vieira <strong>de</strong> Almeida, Alexei Eremine,<br />

Gabriela Canavilhas, Alessandro<br />

Segreto, Carla Seixas, Paulo Pacheco e<br />

Francisco Sassetti.<br />

Tem participado nos principais<br />

festivais <strong>de</strong> música do seu país e nos <strong>de</strong><br />

Macau, Plasencia (Espanha), Festival<br />

Musicatlântico (Açores), London Bach


Festival e Brancaster Midsummer Music<br />

Festival (Inglaterra). Actuou ainda na<br />

Expo 98 (Lisboa), Expo An Meer 2000<br />

(Alemanha) e na Festa da Música 2006<br />

(CCB, Lisboa).<br />

A música contemporânea portuguesa<br />

tem tido um papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque na sua carreira<br />

tendo estreado várias obras <strong>de</strong> compositores<br />

como João Madureira, Carlos<br />

Marecos, Carlos Caires, Emanuel Frazão,<br />

Nuno Corte Real e Sérgio Azevedo<br />

(Jovens Compositores – Gulbenkian),<br />

Luís Cardoso e Fernando Lobo (Óperas<br />

curtas – S. Luiz), entre outros.<br />

Do repertório <strong>de</strong> concerto interpretou<br />

obras <strong>de</strong> Bach, Schutz, Buchtehü<strong>de</strong>,<br />

Vivaldi, Han<strong>de</strong>l, Scarlatti, Pergolesi,<br />

Mozart, Haydn, Beethoven, Rossini,<br />

Poulanc, Saint-Säns, Debussy,<br />

Bomtempo, Sousa Carvalho, António<br />

Teixeira, entre outros.<br />

No domínio da ópera os seus papéis<br />

incluem Barbarina (Nozze di Fígaro,<br />

Mozart) Princese (L’enfant et les sortilèges,<br />

Ravel), Gémea Siamesa (Corvo Branco,<br />

Philip Glass), Dragonfly (A raposinha<br />

matreira, Janacek), Frasquita (Carmen,<br />

Bizet), Serpina (La serva padrona,<br />

Pergolesi), Carlota (As Damas Trocadas,<br />

Marcos Portugal) e D. Anna (D.<br />

Giovanni, Mozart). Em excertos <strong>de</strong> ópera<br />

interpretou ainda Armida (Rinaldo,<br />

Han<strong>de</strong>l), Aspasia (Mitridate, Mozart),<br />

Susanna (Nozze di Fígaro, Mozart) e<br />

Conception (L’heure Espagnole, Ravel).<br />

No estrangeiro Sandra Me<strong>de</strong>iros<br />

actuou em Espanha, Luxemburgo,<br />

Alemanha, Inglaterra, Brasil e Uruguai.<br />

Paralelamente à sua activida<strong>de</strong> artística,<br />

tem vindo a <strong>de</strong>senvolver activida<strong>de</strong><br />

pedagógica. Presentemente integra<br />

o corpo docente do Conservatório<br />

Regional <strong>de</strong> Évora como professora das<br />

classes <strong>de</strong> canto e coro. Realizou, ainda,<br />

acções <strong>de</strong> formação Saú<strong>de</strong> Vocal em<br />

Santarém e Évora.<br />

Sara Braga Simões soprano<br />

Sara Braga Simões tem-se <strong>de</strong>stacado<br />

como uma das mais versáteis sopranos<br />

da sua geração <strong>de</strong>senvolvendo<br />

uma intensa activida<strong>de</strong> em Portugal,<br />

Espanha, França e Andorra.<br />

Foi distinguida com vários prémios<br />

entre os quais Prémio Engenheiro<br />

António <strong>de</strong> Almeida (2001), 2.º Prémio<br />

do Concurso Luísa Todi (2005) e Melhor<br />

interpretação <strong>de</strong> Música do Século XX no<br />

I Concurso Internacional Vozes Ibéricas.<br />

Na próxima temporada, <strong>de</strong>staca-se<br />

a sua estreia como Pamina pelo Teatro<br />

Nacional <strong>de</strong> São Carlos e a sua participação<br />

na Gala <strong>de</strong> Ópera do Teatro <strong>de</strong> São<br />

Carlos, entre outros projectos.<br />

Em ópera foi Susanna (Le Nozze di<br />

Figaro), Zerlina (Don Giovanni), Gretel<br />

(Hänsel und Gretel), Despina (Così fan<br />

Tutte), The Governess (The Turn of the<br />

Screw, Britten), La Princesse (L’enfant e<br />

les sortilèges, Ravel) Lauretta (La Donna<br />

di Genio Volubile, Marcos Portugal),<br />

Spinalba (La Spinalba, F. António <strong>de</strong><br />

Almeida), Bela Adormecida (A Bela<br />

Adormecida, O. Respighi), Marta (Os<br />

Fugitivos, José Eduardo Rocha), Rowan<br />

(The Little Sweep, Britten), entre outros.<br />

Em concerto, interpretou obras <strong>de</strong><br />

compositores tão diversos como Vivaldi,<br />

Berlioz e Schoenberg entre as quais<br />

se <strong>de</strong>stacam: Nuits d’étè <strong>de</strong> Berlioz,<br />

E vo <strong>de</strong> Berio, Trois poèmes <strong>de</strong> Stephan<br />

Mallarmé <strong>de</strong> Ravel, Te Deum <strong>de</strong> Dvorak,<br />

Shîr <strong>de</strong> João Pedro Oliveira, Magnificat<br />

<strong>de</strong> Vivaldi e Oratória <strong>de</strong> Natal – Saint-<br />

Saëns. Foi dirigida por maestros como:<br />

Martin André, Marc Tardue, Osvaldo<br />

Ferreira, Laurence Cummings, Cesário<br />

Costa, António Pirolli, Peter Run<strong>de</strong>ll,<br />

Ferreira Lobo, Johannes Willig, Manuel<br />

Ivo Cruz, Brad Cohen, Armando Vidal,<br />

entre outros.<br />

Sara Braga Simões licenciou-se em<br />

Canto pela Escola Superior <strong>de</strong> Música<br />

do Porto, continuou a sua formação no<br />

Estúdio <strong>de</strong> Ópera da Casa da Música.<br />

Foram seus mestres Manuela Bigail, Rui<br />

Taveira e Peter Harrison.<br />

Actualmente recebe orientação <strong>de</strong><br />

Elisabete Matos.<br />

É também licenciada em<br />

Comunicação Social pela Universida<strong>de</strong><br />

do Minho, tendo sido laureada com o<br />

Prémio APAP pela melhor classificação<br />

a nível nacional<br />

Ângela Alves soprano<br />

Licenciada em Canto pela ESMAE, na<br />

classe da Profª Fernanda Correia, com<br />

quem continua a trabalhar. Mestre em<br />

Música, pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro,<br />

sob a orientação do Prof. Doutor<br />

António Salgado.<br />

Traballhou com Jill Feldman,<br />

Christoph Rösel, Jorge Chaminé,<br />

Lamara Tchekova, Lorraine Nubar,<br />

Dalton Baldwin, Rodolf Piernay,<br />

Charles Spencer, Gundula Janowitz,<br />

Hil<strong>de</strong> Za<strong>de</strong>ck, Laura Sarti, António<br />

Salgado e Enza Ferrari.<br />

No campo da ópera interpretou<br />

Grilletta, em O Boticário <strong>de</strong> J. Haydn,<br />

Rowan, em The Little Sweep <strong>de</strong> B.<br />

Britten, Helen, em Hin und Zurück <strong>de</strong> P.<br />

Hin<strong>de</strong>mith; Serpina, no intermezzo La<br />

Serva Padrona <strong>de</strong> G. B. Pergolesi, Pamina,<br />

em A Flauta Mágica <strong>de</strong> W. A. Mozart,<br />

Donzela Guerreira, em A Donzela<br />

Guerreira <strong>de</strong> Maria <strong>de</strong> Lur<strong>de</strong>s Martins,<br />

Natércia em Natércia <strong>de</strong> Sara Carvalho,<br />

Anna I em Os Sete Pecados Mortais <strong>de</strong><br />

K. Weill, Jessie em Mahagony Songspiel,<br />

Berta em O Barbeiro <strong>de</strong> Sevilha <strong>de</strong> G.<br />

Rossini, Dorabella em Così fan tutte <strong>de</strong><br />

W. A. Mozart, Pirene em Auto <strong>de</strong> Coimbra<br />

<strong>de</strong> Manuel Faria, Frasquita em Carmen <strong>de</strong><br />

G. Bizet, Ma<strong>de</strong>moiselle Silberklang em<br />

Der Schauspieldirektor <strong>de</strong> W. A. Mozart.<br />

No campo da oratória interpretou:<br />

Glória <strong>de</strong> A. Vivaldi, Missa da Coroação <strong>de</strong><br />

W. A. Mozart, Magnificat <strong>de</strong> A. Vivaldi;<br />

Te Deum <strong>de</strong> M. A Charpentier, Missa<br />

em Fá M <strong>de</strong> Lobo <strong>de</strong> Mesquita, Paixão<br />

Segundo São João <strong>de</strong> J. S. Bach, as quatro<br />

missas luteranas <strong>de</strong> J. S. Bach, Missa <strong>de</strong><br />

Stª. Cecília <strong>de</strong> Ch. Gounod, Stabat Mater<br />

<strong>de</strong> José Maurício, Requiem <strong>de</strong> Fauré,<br />

Cantata Hier My Prayer <strong>de</strong> Men<strong>de</strong>lssohn,<br />

Stabat Mater <strong>de</strong> G. B. Pergolesi, Motete:<br />

Exultate Jubilate <strong>de</strong> W. A. Mozart, Missa<br />

das Crianças <strong>de</strong> John Rutter.<br />

Trabalhou sob a direcção musical<br />

dos maestros: Ivo Cruz, Mário Mateus,<br />

Filipe Nabuco Silvestre, António<br />

Saiote, António Soares, António Sérgio<br />

Ferreira, Pedro Amaral, Artur Pinho,<br />

Osvaldo Ferreira, Juam Trillo, James


Holmes, Nikša Bareza, Emilio <strong>de</strong> César,<br />

Marc Tardue.<br />

É membro do Grupo <strong>de</strong> Câmara do<br />

Porto, com o qual tem realizado vários<br />

concerto <strong>de</strong> Música sacra.<br />

Pedro Amaral<br />

Nascido em Lisboa em 1972, Pedro<br />

Amaral é actualmente um dos mais activos<br />

músicos europeus da nova geração.<br />

Estudou composição com Emmanuel<br />

Nunes no Conservatório Superior <strong>de</strong><br />

Paris (CNSM), diplomando-se em 1998<br />

com a obtenção do Primeiro Pérmio por<br />

unanimida<strong>de</strong> do júri. Estudou também<br />

direcção <strong>de</strong> orquestra com Emilio<br />

Pomarico (Milão, Scuola Civica) e Peter<br />

Eötvös (Eötvös institute), dirigindo<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> então com regularida<strong>de</strong> as suas<br />

obras, bem como obras dos repertórios<br />

contemporâneo e clássico – ópera,<br />

música <strong>de</strong> ensemble e sinfónica.<br />

Doutor em Musicologia do Século XX<br />

com um mestrado (1998) e um doutoramento<br />

(2003) em Paris, na Escola <strong>de</strong><br />

Altos Estudos em Ciências Sociais.<br />

Des<strong>de</strong> o começo da sua carreira<br />

profissional, trabalha regularmente no<br />

IRCAM, on<strong>de</strong> compôs Transmutations, a<br />

electrónica em tempo real ad libitum da<br />

sua obra Organa, bem como Script, para<br />

percussão e electrónica.<br />

Foi compositor resi<strong>de</strong>nte na<br />

Herrenhaus E<strong>de</strong>nkoben (Alemanha,<br />

2001), na Villa Medici (o antigo Prix<br />

<strong>de</strong> Rome, em 2004/2005), e no Palácio<br />

Lenzi, em Florença (2006).<br />

Entre 2005 e 2007, Pedro Amaral<br />

estreia, por toda a Europa, uma série <strong>de</strong><br />

novas obras (música <strong>de</strong> câmara, solística,<br />

música sinfónica e dramática), sendo<br />

presença habitual em muitos dos mais<br />

importantes Festivais e centros musicais<br />

internacionais – Tóquio, Paris, Londres,<br />

Roma, Nápoles, Witten, Bruxelas, Paris,<br />

Lyon, Strasburgo, Poitiers, Rennes,<br />

Cracóvia… – e dirigindo numerosos agrupamentos<br />

em Portugal e no estrangeiro.<br />

Como compositor e/ou como<br />

maestro, Pedro Amaral trabalha com<br />

a Orquestra Gulbenkian, a Orquestra<br />

Sinfónica Juvenil, a Orquestra Sinfónica<br />

Portuguesa, a Orquestra Sinfónica<br />

<strong>de</strong> São Paulo, a Orquestra Académica<br />

do Festival <strong>de</strong> Lucerna, o Ensemble<br />

InterContemporain, a London<br />

Sinfonietta, o Prometheus Ensemble<br />

(Bruxelas), o Ensemble Ebrouitez-vous !<br />

(Rennes), o Ensemble Alternance (Paris),<br />

o Quatuor Parisii (Paris), o Ensemble<br />

Recherche (Freiburg), o Ensemble<br />

Aventure (Freiburg), o musikFabrik<br />

(Colónia), Piano Possibile (Munique),<br />

Art Respirant (Tokyo), Remix<br />

Ensemble (Porto), Grupo <strong>de</strong> Música<br />

Contemporânea <strong>de</strong> Lisboa, Coro Voces<br />

Coelestes e muitos outros…<br />

O seu primeiro CD comercial foi<br />

lançado no Reino Unido, em Junho <strong>de</strong><br />

2007. Intitulado Works for Ensemble,<br />

reúne quatro obras escritas para um conjunto<br />

instrumental, interpretadas pela<br />

prestigiada London Sinfonietta, sob a<br />

direcção do compositor.<br />

Mais informações em: www.pedro-amaral.eu<br />

PRÓXIMO ESPECTÁCULO<br />

DANÇA SEX 12 · SÁB 13 outubro<br />

IMPORT<br />

EXPORT<br />

Les Ballets C. <strong>de</strong> la B.<br />

Koen Augustijnen<br />

Gran<strong>de</strong> Auditório · 21h30 · Dur. 1h30 · M/12<br />

Koen Augustijnen, hoje um dos coreógrafos<br />

principais <strong>de</strong> Les Ballets C. <strong>de</strong> la<br />

B. e um nome <strong>de</strong>stacado nos circuitos<br />

europeus e internacionais <strong>de</strong> dança<br />

contemporânea, passou várias vezes por<br />

Lisboa, nos anos 90, como intérprete <strong>de</strong><br />

trabalhos <strong>de</strong> Alain Platel e <strong>de</strong> Francisco<br />

Camacho, e como participante do<br />

SKITE – 94, e criou uma forte relação<br />

com esta cida<strong>de</strong>. É com prazer que apresentamos<br />

a sua última criação.<br />

“Seis bailarinos/acrobatas juntam-se<br />

em cena ao contralto masculino Steve<br />

Dugardin e aos quarto músicos do Kirke<br />

String Quartet. Homens e mulheres.<br />

Para além do tema teatral, esta criação<br />

aprofunda uma pesquisa da morfologia<br />

que nasce da combinação <strong>de</strong> diferentes<br />

estilos <strong>de</strong> dança, performance, teatro,<br />

acrobacia, música e arte contemporânea.<br />

O tema principal é a impotência,<br />

em diferentes níveis. A impotência em<br />

relação a um mundo que tem dificulda<strong>de</strong><br />

Fotografia: Chris Van <strong>de</strong>r Burght<br />

em <strong>de</strong>ixar-se moldar positivamente e a<br />

impotência quando não somos capazes<br />

<strong>de</strong> contribuir para mudar isso. Como<br />

lidamos com este sentimento Como o<br />

expressamos<br />

Mas também o ambiente íntimo.<br />

Impotência face àqueles <strong>de</strong> quem nos<br />

sentimos próximos e que <strong>de</strong>ixamos<br />

partir. Impotência face a um amor<br />

perdido. Impotência face ao sentimento<br />

<strong>de</strong> rejeição. Na civilização oci<strong>de</strong>ntal, a<br />

perca <strong>de</strong> controlo numa situação causa<br />

frustração e sentimentos <strong>de</strong> impotência<br />

e raramente é sentida como condição<br />

necessária para resolver uma situação.<br />

A impaciência contrasta com uma abordagem<br />

tranquila e reflectida. Quando<br />

reflectimos sobre a impotência, <strong>de</strong>scobrimos<br />

também o po<strong>de</strong>r. Num processo<br />

<strong>de</strong> ensaio encontramos muitas vezes<br />

estes pólos opostos. Fonte <strong>de</strong> inspiração<br />

ou fonte <strong>de</strong> impotência”<br />

koen augustijnen<br />

Os portadores <strong>de</strong> bilhete para o espectáculo têm acesso ao parque <strong>de</strong> estacionamento da Caixa Geral <strong>de</strong> Depósitos.


CULTURGEST, UMA CASA DO MUNDO<br />

Informações 21 790 51 55<br />

www.culturgest.pt<br />

Edifício Se<strong>de</strong> da CGD<br />

Rua Arco do Cego<br />

1000-300 Lisboa<br />

Conselho <strong>de</strong> Administração<br />

presi<strong>de</strong>nte<br />

Manuel José Vaz<br />

Vice-presi<strong>de</strong>nte<br />

Miguel Lobo Antunes<br />

Vogal<br />

Luís dos Santos Ferro<br />

Assessores<br />

Dança<br />

Gil Mendo<br />

Teatro<br />

Francisco Frazão<br />

Arte Contemporânea<br />

Miguel Wandschnei<strong>de</strong>r<br />

Serviço Educativo<br />

Raquel Ribeiro dos Santos<br />

Direcção <strong>de</strong> Produção<br />

Margarida Mota<br />

Produção e Secretariado<br />

Patrícia Blázquez<br />

Mariana Cardoso <strong>de</strong> Lemos<br />

Jorge Epifânio<br />

exposições<br />

Produção e Montagem<br />

António Sequeira Lopes<br />

Produção<br />

Paula Tavares dos Santos<br />

Montagem<br />

Fernando Teixeira<br />

<strong>Culturgest</strong> Porto<br />

Susana Sameiro<br />

Comunicação<br />

Filipe <strong>Folha</strong><strong>de</strong>la Moreira<br />

Joana Gonçalves Estagiária<br />

Judite Jóia Estagiária<br />

Publicações<br />

Marta Cardoso<br />

Rosário Sousa Machado<br />

Activida<strong>de</strong>s Comerciais<br />

Catarina Carmona<br />

Serviços Administrativos<br />

e Financeiros<br />

Cristina Ribeiro<br />

Paulo Silva<br />

Direcção Técnica<br />

Eugénio Sena<br />

Direcção <strong>de</strong> Cena e Luzes<br />

Horácio Fernan<strong>de</strong>s<br />

assistente <strong>de</strong> direcção cenotécnica<br />

José Manuel Rodrigues<br />

Audiovisuais<br />

Américo Firmino Chefe <strong>de</strong> Imagem<br />

Paulo Abrantes Chefe <strong>de</strong> Audio<br />

Tiago Bernardo<br />

Iluminação <strong>de</strong> Cena<br />

Fernando Ricardo Chefe<br />

Nuno Alves<br />

Maquinaria <strong>de</strong> Cena<br />

José Luís Pereira Chefe<br />

Alcino Ferreira<br />

Técnico Auxiliar<br />

Álvaro Coelho<br />

Frente <strong>de</strong> Casa<br />

Rute Moraes Bastos<br />

Bilheteira<br />

Manuela Fialho<br />

Edgar Andra<strong>de</strong><br />

Recepção<br />

Teresa Figueiredo<br />

Sofia Fernan<strong>de</strong>s<br />

Auxiliar Administrativo<br />

Nuno Cunha

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