FOGO CONTROLADO, CORTE E PASTOREIO - ESAC
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ecológicos negativos são minimizados perante um fogo correctamente planeado e executado.<br />
Bunting (1990) refere que, desta forma, o fogo poderá contribuir para um aumento da<br />
fertilização do solo, já que poderá acelerar a decomposição da matéria orgânica e a reciclagem<br />
dos nutrientes.<br />
Como alternativa ao fogo, pode-se considerar o corte mecânico, o qual poderá<br />
inevitavelmente ter de ser utilizado em certas situações. Por exemplo, nos casos em que se<br />
pretende efectuar uma limpeza numa área coberta de matos altos e densos e em que seja<br />
arriscada a intervenção com fogo. Outra circunstância será aquela em que não se quer<br />
favorecer ainda mais a proliferação de espécies, como por exemplo as que possuem sementes<br />
que são estimuladas pelo fogo, sendo a recuperação após corte mais lenta (Étienne et al.,<br />
2002).<br />
Todavia, quer o fogo controlado, quer o corte deverão ser considerados como técnicas de<br />
abertura ou de primeira limpeza, destacando-se posteriormente, o pastoreio como técnica de<br />
manutenção. Étienne (1996) afirma que efectivamente o pastoreio é cada vez mais utilizado<br />
na manutenção das áreas intervencionadas, como complemento do fogo ou de tratamentos<br />
mecanizados. A adequada interacção entre o fogo e o pastoreio na gestão racional das<br />
comunidades arbustivas, torna-se uma combinação imprescindível, uma vez que o fogo<br />
controlado é uma técnica de baixo custo, não produzindo, em condições adequadas, danos no<br />
sistema ecológico, capaz da manutenção da vegetação numa condição produtiva e que<br />
satisfaça as necessidades do pastoreio (Manso, 1996). Fernandes et al. (2002b) referem-se ao<br />
aumento em disponibilidade e respectivo valor nutritivo das espécies forrageiras após um<br />
fogo de moderada intensidade. Por seu lado, o pastoreio vai, não só consumir e manter a<br />
vegetação num nível desejado, como consegue aumentar o espaço de tempo entre duas<br />
intervenções de limpeza, uma vez que os caprinos consomem as folhas e extremidades mais<br />
tenras dos ramos das espécies arbustivas (Manso, 1996).<br />
O objectivo principal do estudo apresentado consiste na avaliação de diferentes formas de<br />
intervenção, relativamente à redução do biovolume de combustível, de modo a determinar as<br />
estratégias mais adequadas de gestão, ao conciliar e fazer interagir as técnicas de fogo controlado,<br />
corte mecânico e pastoreio, não desprezando as possíveis respectivas influências na<br />
regeneração natural arbórea.<br />
Segundo Fernandes et al. (2002a), a quantidade de combustível pode ser estimada a partir de<br />
características estruturais desse mesmo combustível, nomeadamente a percentagem de<br />
coberto e altura, parâmetros a partir dos quais se pode determinar o volume. A morosidade e<br />
os custos associados aos métodos destrutivos inviabilizam o seu uso pelas entidades que<br />
gerem os espaços florestais. A alternativa é dada por abordagens indirectas que normalmente<br />
assentam no estabelecimento de relações preditivas entre a carga de combustível e variáveis<br />
de fácil medição, como o coberto e a altura.<br />
A eficácia das técnicas utilizadas foi estudada através da avaliação de parâmetros como a<br />
percentagem de coberto vegetal, recorrendo ao método da linha de intercepção e à avaliação<br />
da respectiva altura média, o que permitiu a estimativa do biovolume nas diversas parcelas em<br />
estudo, sujeitas aos diferentes tratamentos. Na impossibilidade de apresentar todos os<br />
resultados disponíveis, serão apenas referidos os aspectos decorrentes das avaliações do<br />
biovolume.<br />
Material e Métodos<br />
Caracterização dos locais estudados<br />
O dispositivo experimental foi instalado em dois locais situados na Serra do Marão, tendo as<br />
parcelas sido designados por Vila Cova e Campeã, uma vez que estas eram respectivamente