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Capa dissertação Mauriene - DSpace/UFPB (REI) - Universidade ...

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RESUMO<br />

O trabalho acadêmico, Discursos de constituição da brasilidade linguística:<br />

colonização, literatura e língua (s) no Brasil (XVI-XIX) tratou do estudo, de cunho<br />

descritivo-analítico, acerca do percurso e dos modos com os quais a conquista e a colonização<br />

lusitanas efetivaram a expropriação e o encobrimento linguístico indígena, impondo a língua<br />

portuguesa como único código de comunicação entre nós, num processo claramente marcado<br />

pela fúria das guerras da conquista e da colonização, pela violência do desrespeito às gentes<br />

ameríndias e pelo violento eurocentrismo linguístico. A escolha desse objeto de estudo se<br />

justificou em face da recorrência dessa temática, ou seja, do debate interminável acerca de<br />

nossa identidade linguística. Frequente em nossos mais diversos discursos culturais,<br />

notadamente na literatura e na sociologia, a tematização das especificidades nacionais se<br />

constituem como molas-mestras, para os discursos literários e sociológicos, formando uma<br />

interdiscursividade, isto é, uma prática discursiva híbrida, inerente a todos os usos sociais da<br />

linguagem. Para a realização de nosso intento, elegemos, como corpus de análise, algumas<br />

amostras textuais, extraídas de obras coloniais, redigidas durante o nosso período<br />

colonizatório, mais precisamente entre os meados do século XVI às duas primeiras décadas<br />

do século XIX, quando ocorrerá a independência política do Brasil de Portugal, mas não o fim<br />

do embate linguístico-religioso. Nesse recorte histórico, nos debruçamos sobre o contexto<br />

escritural do período colonial brasileiro. Assim, nos voltamos, inicialmente, para as<br />

informações jesuíticas de Padre Manuel da Nóbrega e de José de Anchieta, acerca do século<br />

XVI, contexto marcada pelas guerras e aldeamentos jesuíticos. Para os estudos do contexto<br />

linguístico do século XVII, nos utilizamos, notadamente, dos escritos de Padre Antônio Vieira<br />

e do poeta Gregório de Matos. Em relação ao contexto escritural do século XVIII, época<br />

caracterizada pela expulsão dos jesuítas e pela proibição pombalina do uso da linguística<br />

indígena, nossa análise se fez através leitura dos textos árcades, em especial os de Basílio da<br />

Gama e Santa Rita Durão. No tocante as duas primeiras décadas do século XIX, marcadas<br />

pela presença de D. João VI e pelo afluxo de vários e importantes cientistas europeus ao<br />

Brasil, as observações linguísticas peculiares a esse período foram observadas através das<br />

narrativas dos alemães Spix e Martius e do francês Jean-Baptiste Debret. Nessa compreensão,<br />

consideramos os pressupostos teóricos e metodológicos de Fairclough como caminhos de<br />

importância capital para o nosso trabalho. Foi, pois, através da proposta de análise de discurso<br />

proposta por Fairclough, a análise de discurso textualmente orientada (ADTO), que<br />

procedemos a nossa descrição analítica dos discursos linguístico-identitários no Brasil,<br />

escritos à época colonial. À maneira de Fairclough, concebemos tais textos como<br />

constituidores e construtores de nossa brasilidade linguística. Dessa forma, se constituiu o<br />

nosso discurso literário e, em sua constituição, a brasilidade linguística, ou nossa nova língua<br />

geral, responsável, como afirma Antonio Candido, pela sedimentação de nossa unidade<br />

política. Dessa trajetória, marcada pelos signos da destruição/reconstrução/construção,<br />

linguística, se origina as nossas práticas discursivas, diferentes das de Portugal, pelo<br />

hibridismo que a informa, especialmente em suas formas orais. Esse hibridismo linguístico,<br />

como afirma, sugestivamente, Mário de Andrade, em Macunaíma (1928), representação<br />

literária de seu projeto linguístico, torna o Brasil prodigiosamente rico em expressão, a ponto<br />

de dispormos de duas línguas, uma com a qual se fala e outra, com a qual se escreve,<br />

conforme se vê na epígrafe que abre este trabalho. Essa condição linguística, que desperta,<br />

sem cessar, o interesse de nossos dos nossos mais diversos intelectuais, se constituindo,<br />

assim, como um traço discursivo recorrente de nossas elaborações textuais, preserva sua<br />

atualidade, como se procurou averiguar nesse trabalho.<br />

Palavras-chave: Linguística. Literatura. Colonização Linguística. Brasilidade.

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