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Novos paradigmas à cultura material sertaneja ... - Nepam - Unicamp

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Edição Especial – ANAIS I Semana de Arqueologia - <strong>Unicamp</strong><br />

“Arqueologia e Poder”<br />

ISSN 2237-8294<br />

1<br />

<strong>Novos</strong> <strong>paradigmas</strong> à <strong>cultura</strong> <strong>material</strong> <strong>sertaneja</strong> e a Arqueologia do século<br />

XX nos sertões do Pernambuco, Ceará e Piauí<br />

Rafael de Abreu e Souza<br />

Mestre em Arqueologia pelo MAE/USP. Doutorando em Ambiente e Sociedade pelo<br />

LAP/NEPAM/UNICAMP.<br />

Resumo: Pesquisas realizadas em porções dos sertões de Pernambuco, Ceará e Piauí vem<br />

sendo realizadas desde 2006, colaborando para a compreensão de regiões e populações pouco<br />

abordadas arqueologicamente: os sertanejos. Às pesquisas arqueológicas no sertão somam-se<br />

problemáticas caras ao estudo de sua <strong>cultura</strong> <strong>material</strong>, como as relações com o semiárido e o<br />

fato das ocupações estarem relacionadas majoritariamente ao século XX. Descortina-se,<br />

assim, uma Arqueologia que tem no passado contemporâneo de populações rurais marginais a<br />

discursos que nascem em zonas hegemônicas (o litoral e as cidades) seu foco, direcionando<br />

problemáticas a práticas cotidianas que põem em cheque modelos pré-concebidos de<br />

comportamentos e ferramentas de que dispõe a própria Arqueologia para lidar com questões<br />

de consumo e identidade daqueles que viveram e vivem nas casas de barro de em uma das<br />

zonas áridas mais populosas do mundo.<br />

Palavras-chave: Arqueologia, Século XX, Sertão<br />

Anais I Semana de Arqueologia. “Arqueologia e Poder”. Campinas: LAP/NEPAM. 2013.


Edição Especial – ANAIS I Semana de Arqueologia - <strong>Unicamp</strong><br />

“Arqueologia e Poder”<br />

ISSN 2237-8294<br />

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<strong>Novos</strong> <strong>paradigmas</strong> à <strong>cultura</strong> <strong>material</strong> <strong>sertaneja</strong> e a Arqueologia do século<br />

XX nos sertões do Pernambuco, Ceará e Piauí<br />

A região Nordeste do Brasil tem sido vista, ao menos desde finais do século XIX, ora<br />

como zona pobre, com base em visões deterministas sustentadas por abordagens simplistas<br />

nas quais a desertificação, a seca, a fome e a pobreza são encontradas, invariavelmente, juntas<br />

(BARKER, GILBERTSON, 2000: 12), ora como região diaspórica, argumentação pautada no<br />

fato de incidir, em parte, sob ambiente com características de deserto (a caatinga e o<br />

semiárido) marcado por episódios de seca. Estas tratativas deram forma a um rígido e<br />

poderoso corpo discursivo no qual o chamado “sertão” e seu habitante, o sertanejo, são<br />

apresentados enquanto homogêneos, <strong>material</strong>mente estáticos, isolados e degradados.<br />

Desde a primeira metade do século XX, programas de infraestrutura que opõem homem<br />

e natureza assolaram a região (a açudagem, o combate à seca, etc.), pautados, sobretudo, pelas<br />

políticas de saneamento rural estruturadas pelo Estado após o episódio de Canudos. Hoje, os<br />

programas de aceleração do crescimento estatais continuam associados à chegada de um<br />

fadado “progresso”, aos moldes capitalistas, e grandes obras têm impactado (positiva e<br />

negativamente), invariavelmente, os modos de vida locais que caracterizam as populações<br />

destas zonas semiáridas.<br />

Uma Arqueologia pautada por noções mais críticas e amplas de patrimônio <strong>cultura</strong>l,<br />

mais aberta ao reconhecimento de seu papel político, menos avessa a trabalhar com contextos<br />

materiais mais recentes e, por isso mesmo, menos engessada em crivos temporais préestabelecidos,<br />

pode estabelecer tratativas contradiscursivas à ideia de estaticidade, pobreza e<br />

isolamento do que se conhece, emicamente, como “sertão do Nordeste”, a partir da análise da<br />

<strong>cultura</strong> <strong>material</strong> do cotidiano da vida (seja doméstico, seja no trabalho, seja nas festas ou em<br />

outras esferas da vida <strong>sertaneja</strong>) que se apresenta na forma de sítios arqueológicos históricos<br />

dos estados de Pernambuco (Trindade a Serra Talhada), Piauí (Eliseu Martins a Trindade) e<br />

Ceará (Lavras da Mangabeira a Quixadá) 1 . A Arqueologia do Sertanejo pode estabelecer<br />

1 Vale ressaltar que esta pesquisa tem relação direta com a Arqueologia Preventiva no âmbito do licenciamento<br />

ambiental de uma grande obra de infraestrutura. Os sítios arqueológicos e as observações de campo são fruto de<br />

uma longa imersão nos sertões dos estados de Pernambuco, Ceará e Alagoas. Foi possível, como vem ocorrendo<br />

em outros contextos (Gonzalez-Ruibal, 2008) aplicar novas abordagens para a Arqueologia a partir de uma<br />

empresa de consultoria (a Arqueologia do Passado Contemporâneo), liberdade pouco obtida na Academia, onde<br />

ainda se discute se o século XX pode ou não ser arqueológico (e não necessariamente etnoarqueológico). O<br />

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bases para novas abordagens que mostrem sertões dinâmicos e fluídicos, como vem tentando<br />

outras áreas do conhecimento, como a própria nova historiografia de cunho mais regional,<br />

aspectos claros no que concerne às características materiais cotidianas destas populações<br />

locais, em especial, aqui, com base nas ocupações do século XX (recuando ao final do século<br />

XIX e avançando para começos do século XXI). Para estabelecer novos <strong>paradigmas</strong> aos<br />

olhares sobre o Sertão do Nordeste, o cotidiano <strong>material</strong> pode ser relacionado à suas práticas<br />

de mobilidade (uma mobilidade concernente a microesfera cotidiana; mover-se enquanto<br />

pratica de reprodução social, modo de morar e construção do território. Mobilidade que<br />

estrutura-se por uma rede de caminhos de aspecto rizomático), acessibilidade às coisas 2 e as<br />

táticas de consumo meio a uma intenção interação com a caatinga.<br />

Figura 1: Mobilidade cotidiana, exemplo do rizoma de caminhos a partir da casa, sertão de PE. Foto: Luis<br />

Clementino (CLEMENTINO, 2009).<br />

Por uma Arqueologia do Sertanejo no século XX<br />

O “sertão” por muito tempo sofreu definido enquanto categoria óbvia, obviedade esta<br />

que Darcy Ribeiro pôs em evidência em texto clássico de 1979. As zonas interiores do<br />

Programa de Gestão do Patrimônio Arqueológico da Ferrovia Transnordestina, obra do PAC a cargo da<br />

empresa Zanettini Arqueologia, objetiva o resgate do patrimônio arqueológico norteando as pesquisas por<br />

perspectivas críticas ao discurso do Nordeste estático, de excessiva pobreza e isolado, como faz ver a visão<br />

tradicional, a partir da análise da <strong>cultura</strong> <strong>material</strong> resgatada dos sítios arqueológicos históricos em Pernambuco,<br />

Piauí e Ceará (este setor, dentre outras problemáticas do projeto, por mim coordenado).<br />

2 Para Ingold (2012), as coisas, diferentes dos objetos, são fluidas e pensadas dentro de suas esferas de ação e<br />

uso.<br />

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nordeste (o hinterland 3 ), onde predomina o semiárido, por muitas vezes foram dadas como<br />

óbvias: seca, pobreza, violência, atraso, caracterizam este povo mestiço, sofrido. Euclides da<br />

Cunha (1957), em Os Sertões, ao descrever o cotidiano sertanejo, deixa clara a ideia de<br />

estaticidade, de que nada muda:<br />

Se a quadra é propícia, e vão bem as plantações da vazante, e viça o panasco e o<br />

mimoso nas soltas dilatadas, e nada revela o aparecimento da seca, refinam a<br />

ociosidade nos braços da preguiça benfazeja. Seguem para as vilas se por lá se<br />

fazem festas de cavalhadas e mouramas, divertimentos anacrônicos que os<br />

povoados sertanejos reproduzem, intactos, com os mesmos programas de há três<br />

séculos.<br />

Quantas vezes os sertões foram representados a partir da extrapolação da imagem das<br />

terras gretadas em bolsões de argila no interior das vazantes, fenômeno natural de contração<br />

que caracteriza a intermitência dos rios nordestinos (AB’SABER, 1999: 10), associadas a<br />

falta d’água e sofrimento? Desde o século XIX, fortaleceu-se um movimento (cujos<br />

representantes podem ser mapeados tanto na literatura, como na produção históricosociológica<br />

e mesmo na produção médico-sanitarista, do século XX) de naturalização da<br />

palavra “sertão”, referindo-se a espaço físico delimitado, desconsiderando-se sua gênese e a<br />

carga de valores simbólicos envolvidos (LIMA, 1999).<br />

Em julho de 2012, o jornal O Globo publicou uma série de reportagens sobre a seca na<br />

região nordeste, deixando “claro o cenário cada vez mais triste” de um sertão seco, associado<br />

à morte do gado, a falta de água, às “insalubres” casas de barro 4 e... só. Acompanhar alguns<br />

dos debates seja na literatura cientifica, seja na mídia de comunicação em massa, elucidam<br />

tensões e conflitos (velados ou até armados, no caso do sertão do Moxotó, por exemplo) de<br />

diferentes posições sobre o sertão.<br />

Nestes discursos, também fica clara uma divisão entre o homem e a natureza no sentido<br />

de que o homem ou destrói a caatinga e o semiárido (daí expressões como “combate à seca”<br />

3 O hinterland, de modo geral, definiu-se enquanto categoria na medida em que os Estados Nacionais passaram a<br />

definir-se por um território delimitado e passaram a preocupar-se com suas fronteiras, adentrando, então, os<br />

“sertões”, o hinterland (BARTELT, 2009).<br />

4 Até hoje o discurso sanitarista é forte no combate as casas de barro, com base na insalubridade relacionada a<br />

presença de insetos transmissoras de doenças como o barbeiro e a doença de chagas. De modo algum, a<br />

obliquidade do olhar recai sobre as casas enquanto um modo de saber fazer específico, cujo conhecimento do<br />

meio e a antemão à lógica imobiliária atual são ressaltados.<br />

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sendo substituídas por “convivência com o semiárido” [SILVA, 2003]) ou tem seus<br />

comportamentos e traços <strong>cultura</strong>is determinados pelo meio (como o tema do “nomadismo”,<br />

bastante recorrente em diversos autores que se propuseram a ler o sertanejo (MENEZES,<br />

1937; DUARTE FILHO, 1938; FERNANDES, 1959; PIERSON, 1972). Basta, no entanto,<br />

um olhar menos impressionista à região para notar a interação fulcral das populações com o<br />

meio, construindo territórios nos quais mover-se, abastecer-se e consumir estruturam redes<br />

complexas de um sertão que não é pobre (categoria devedora de conceitos externos as<br />

comunidades, como IDH e critérios socioeconômicos), nem assolado por uma violência<br />

endêmica (Pericás, 2011), pela barbárie, nem isolado, fechado em suas tradições, contrário ao<br />

litoral.<br />

<strong>Novos</strong> <strong>paradigmas</strong> ao estudo da <strong>material</strong>idade do Sertão do nordeste devem contribuir<br />

para visões alternativas do “sertão do Nordeste”. Alternativas no sentido de tecerem narrativas<br />

(KOJAN, ANGELO, 2005) que enveredem pelos meandros de tratativas contradiscursivas<br />

(SAID, 2001) através da interpretação e análise da <strong>cultura</strong> <strong>material</strong> que compõem os vestígios<br />

de ocupação ao longo das primeira e segunda metade do século XIX nos sertões da região<br />

Nordeste do país.<br />

Se toda ação humana deixa alguma marca que permanece no solo sob a forma de<br />

“registro <strong>material</strong>”, todo ser humano pode ser, teoricamente (digo referindo-se a nossas<br />

subjetividades e as estruturas de poder com as quais dialogamos), estudado pela Arqueologia.<br />

Como mostrou Jean-Pierre Warnier, “desde o nosso nascimento até a morte, e mesmo além,<br />

nós não escapamos da <strong>cultura</strong> <strong>material</strong>, nem mesmo por um breve momento. Nas sociedades<br />

industriais, sua impregnação vai além das medidas e contrasta com a indigência dos<br />

instrumentos de que dispomos para analisá-la” (2003: 6). Isso não quer dizer que os objetos<br />

sejam reflexos passivos da sociedade, mas, sim, mediadores e direcionadores de atividades<br />

humanas e relações sociais (FUNARI, 2001: 33). Daí as possibilidades de estudo dos<br />

sertanejos por sua <strong>cultura</strong> <strong>material</strong>, estes personagens conhecidos da história do Brasil,<br />

estereotipados, frutos de discursos. Sertanejos como populações que vivem o semiárido<br />

nordestino e que deixaram pouco ou nenhum registro escrito sobre si.<br />

Deste modo, uma Arqueologia das populações <strong>sertaneja</strong>s é uma Arqueologia do<br />

Passado Contemporâneo, com foco nos contextos materiais do século XX, abordagem que no<br />

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Brasil cresce fortemente a partir da Arqueologia Histórica e da Etnoarqueologia permitindo<br />

enriquecer as possibilidades do ponto de vista histórico, patrimonial, social e político, para um<br />

contexto específico, como o sertão, naturalizado e óbvio. Afinal, o que há para dizer do sertão<br />

que não foi dito? Muito. A Arqueologia raras vezes olhou para as populações <strong>sertaneja</strong>s e para<br />

o semiárido, uma vez que muito do que foi feito na região deu destaque a sítios monumentais<br />

(igrejas, fortes, engenhos) do litoral. Como lembra Gonzalez-Ruibal (2006), o<br />

enriquecimento, trazido pela Arqueologia, sobre determinados fenômenos históricos traz<br />

pontos de vistas alternativos e novos enfoques a partir dos dados arqueológicos, muitas vezes<br />

únicos, destarte contextos gerais bem conhecidos. Para além do coronelismo, do cangaço, das<br />

secas e do êxodo rural, busca-se compreender as práticas e modos de vida (saber fazer) que<br />

caracterizam o sertanejo em sua relação com o semiárido e a caatinga.<br />

Realizando uma cartografia profunda da paisagem cotidiana através da conexão entre<br />

lugares, artefatos e pessoas, e contando outras histórias a partir dos objetos (de forma<br />

diferente da convencional), a Arqueologia tem se tornado única narrativa possível<br />

(GONZALEZ-RUIBAL, 2008) sobre algumas realidades (tendo em vista a raridade de fontes<br />

escritas e as especificidades dos mecanismos de memória e história oral), utilizada, muitas<br />

vezes, para compreender o cotidiano de pessoas que passam incólumes pela História ou que<br />

são demasiado “antigas” para abordagens pautadas apenas na Etnografia ou na<br />

Etnoarqueologia. A eles, Paulo Zanettini (1996) chamou “brasileiros iletrados” e a<br />

arqueologia a eles associada uma rica possibilidade de estudos sobre populações que não<br />

produzem, ou pouco produzem, documentos escritos sobre si. A partir do campo aberto pela<br />

Arqueologia do Arraial de Canudos em âmbito nacional, não apenas por sua abordagem como<br />

por estudar o que os arqueólogos chamariam “grupos subalternos” (como pode ser observado<br />

quando das escavações em Palmares, nos anos 1990 [FUNARI, 1998], a Arqueologia buscou<br />

“aspectos da dinâmica e do cotidiano e, sobretudo, da sabedoria canudense, nessa civilização<br />

do couro, nessa experiência brasileira dos conselheiristas, talhada sob as condicionantes<br />

ambientais da caatinga”. É dada a Arqueologia Histórica tarefa política no sentido de<br />

recuperar a memória de grupos subalternos (FUNARI, 2002).<br />

Interdisciplinar em essência, a Arqueologia do Sertanejo no Século XX permite<br />

investigar relações bastante intrínsecas entre homem, ambiente e território, a partir de<br />

reflexões sobre a construção do território como lugar agregado (ZEDEÑO, 2008), dialogando<br />

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com subdisciplinas como a Ecologia Histórica e a Ecologia Política (ESCOBAR, 2005;<br />

BALÉE, ERIKSON, 2006). Com elas, fica claro que a relação do homem com a paisagem é<br />

complexa, apresentando enraizamento espacial e dimensões temporais ou históricas (BALÉE,<br />

1998). A Ecologia Política tem a capacidade de combinar a ecologia humana nas interrelações<br />

que sociedades humanas mantêm com seus respectivos ambientes biofísicos com<br />

conceitos da economia política que analisa as relações estruturais de poder entre essas<br />

sociedades (LITTLE, 2006). O diálogo com a Arqueologia dos grupos sertanejos no Nordeste<br />

pode ser imensa ao revelar que a implantação das ocupações na paisagem também está<br />

marcada por relações conflitivas e estruturas agrárias específicas, além de manejos e<br />

interações com a caatinga. Muito da investigação destas implantações, o sistema de<br />

assentamento dos vestígios arqueológicos, deve levar em conta tensões ecológicas<br />

distributivas (ALIER, 2011) associadas, por exemplo, a Indústria da Seca e ao acesso aos<br />

recursos hídricos ao longo do século XX.<br />

Por outro lado, estudos de Ecologia Histórica podem revelar que as paisagens são<br />

construtos resultantes da interação do homem com o ambiente por anos. Se até pouco tempo<br />

(e ainda atualmente), muito se tem dito sobre a relação do sertanejo do nordeste com o<br />

ambiente como “combate” à seca, os diálogos com a Ecologia tem fornecido importantes<br />

insights para compreender a harmonia do homem com a natureza para além dos mitos de<br />

natureza intocada (DIEGUES, 2004). Os efeitos cumulativos do ser humano nas paisagens<br />

são resultado de escolhas e fatores que as pessoas fazem e que os influenciam (BRIGGS et al.,<br />

2006), a exemplo de antigas clareiras que configuravam terreiros, cuja compactação do solo<br />

por varrimento e por pisoteamento as deixou abertas por décadas, e antigas unidades<br />

domésticas, com capoeiras de caatinga ocupadas por questões especificas de susessao<br />

ecológica, por marmeleiros, mofumbos ou juremais (AB’SABER, 1999), padrão que recorre<br />

associado a presença de inúmeros sítios arqueológicos históricos.<br />

As questões postas pelo e para os vestígios materiais sertanejos abrem uma gama de<br />

espaços de atuação dentro de diversas leituras arqueológicas possíveis, tendo em vista os<br />

caminhos contemporâneos da ciência. Conformadores do sertão do Nordeste, estes vestígios<br />

propiciam a realização de uma arqueologia do sertanejo que refletiria também a <strong>material</strong>idade<br />

de uma série de tensões (SCHOEFIELD, DROLLINGER, BECK, 2004), em sua acepção<br />

mais ampla, que não necessariamente aquela ligada a ideia de “guerra” ou “luta armada”, ao<br />

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focar a <strong>cultura</strong> <strong>material</strong> resultante ou resultado dos universos de conflito humano, como a<br />

seca, o cangaço, o coronelismo, a construção do território e a estrutura fundiária, a<br />

implantação e a interação com o ambiente e as questões levantadas em torno do poder e das<br />

identidades sociais construídas pelos ocupantes do semiárido durante o período.<br />

Sejam pequenas propriedades rurais, casas de trabalhadores, casas de farinha, olarias,<br />

sedes de fazenda, artefatos fortuitos, acampamentos, etc., associados à <strong>cultura</strong> da pecuária e<br />

pequena criação, em geral, de bois e bodes, existe ali um mundo com hierarquias, relações<br />

sociais e dinâmicas internas, que dão respaldo ao estudo de uma arqueologia do poder, visto<br />

em sua acepção foucaultiana e deleuziana 5 . Ou seja, uma arqueologia que, visando às<br />

estratégias de poder de elites dominantes, na microfísica de seu funcionamento, permite<br />

também identificar as microrresistências do cotidiano dos consumidores em suas táticas (DE<br />

CERTEAU, 2007), das reações e ações no escopo das agências de cada grupo ou indivíduo.<br />

Figura 2: Casa de bairro, casa de taipa (sítio arqueológico Pau a Pique, Sertânia, PE)<br />

Por especificidades locais, tem-se em vista uma Arqueologia que não transplante<br />

métodos e modelos forâneos, mas que respeite a conjuntura do sertão pernambucano, cearense<br />

e piauiense, seja em termos de metodologia de campo (sítios palimpsestos superficiais), seja<br />

na interpretação dos dados, construindo uma Arqueologia Sertaneja, brasileira, e latinoamericana,<br />

na qual prática e teoria são holísticas. Por isso recorre-se a um quadro da<br />

Arqueologia que dialoga com linhas bastante atuais em Arqueologia Histórica (THERRIEN,<br />

2004; ORSER JR., 2010; LUCAS, 2001; MCGUIRE, 1999; SCHAKEL, 1996) no que diz<br />

respeito a construir um cenário para o contexto arqueológico regional, tentando trazer à tona<br />

5 Refiro-me aos conceitos de “sociedade de disciplina” e “sociedade de controle”.<br />

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(talvez pensando naquilo que BONFIL BATALLA [1987] entende como “México profundo”)<br />

os diferentes segmentos e interesses que participaram e participam da constante construção<br />

deste registro arqueológico. Dessa maneira, a <strong>cultura</strong> <strong>material</strong> e os vestígios a serem<br />

estudados dariam respaldo à construção de conhecimento científico sobre populações que não<br />

fazem parte de grupos de elite, com modos de vida em vias de desaparecimento por estarem<br />

em constante mudança e sofrerem ações dos mecanismos do capital ao qual, igualmente,<br />

reagem.<br />

Neste âmbito, importa ter em mente que novos <strong>paradigmas</strong> a Arqueologia de áreas<br />

semiáridas dialoga com a limitação da variabilidade de fontes de matéria-prima e a relação<br />

entre flexibilidade tecnológica e estratégias adaptativas (Smith et al., 2005: 6-7) no que<br />

concerne a práticas de consumo encaradas segundo pressupostos da nova Antropologia do<br />

Consumo (BARBOSA, 2004; MILLER, 2007). Consumir pode ser entendido no sentido de<br />

uma experiência, processo social que se refere “à múltiplas formas de provisão de bens e<br />

serviços e a diferentes formas de acesso a esses mesmos bens e serviços; um mecanismo<br />

social percebido pelas ciências sociais como produtor de sentido e identidades, independente<br />

da aquisição de um bem; estratégia utilizada no cotidiano pelos mais diferentes grupos sociais<br />

para definir diversas situações em termos de direitos, estilo de vida e identidades”<br />

(BARBOSA, CAMPBELL, 2006: 26).<br />

O consumo, para a Arqueologia Sertaneja do semiárido nordestino, deve ser visto como<br />

um ato <strong>cultura</strong>l, “central no processo de reprodução social de qualquer sociedade (...) As<br />

atividades mais triviais e cotidianas como comer, beber e se vestir, entre outras, reproduzem e<br />

estabelecem mediações entre estruturas de significados e fluxo da vida social através dos<br />

quais identidades, relações e instituições sociais são formadas, mantidas e mudadas ao longo<br />

do tempo” (BARBOSA, 2004: 13). Analisar suas coisas de uso cotidiano é possibilitar a<br />

Arqueologia diálogos internacionais com pesquisas contemporâneas no que diz respeito<br />

também a Arqueologia dos Povos de Deserto, que não toma as áreas áridas como “marginais”<br />

nem homogêneas e busca perceber o dinamismo inerente às mesmas (SMITH et al., 2005),<br />

pressupondo reajustes em sistemas econômicos e novas táticas tecnológicas (HISCOCK,<br />

WALLIS, 2005: 41).<br />

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É importante ter em vista que uma Arqueologia do sertão nordestino, conjugada a<br />

arqueologia de regiões áridas, hiper áridas e semiáridas (VETH, SMITH, HISCOCK, 2005) e<br />

pela literatura crítica ao sertão enquanto “anacronismo histórico” (Villa, 2001: 29), não está<br />

pautada em abordagens clássicas que buscariam reduzir as relações sociais observadas no<br />

registro arqueológico a relações econômicas (FUNARI, JONES, HALL, 1999; MONKS,<br />

1999). As coisas deixadas ou descartadas trazem indicações de como, quando e porque foram<br />

utilizadas, referindo-se a aspectos sociais, <strong>cultura</strong>is, simbólicos e econômicos, etc. A análise<br />

destes artefatos pode colaborar para abordagens que não aquelas que veem o sertão como<br />

“símbolo de atraso”, pautadas em interpretações sulistas ante a modernidade representada pela<br />

burguesia cafeeira (VILLA, 2001: 85) a partir da não simplificação das características de<br />

dinamismo do abastecimento interno dos “sertões” brasileiros, da chegada de mercadorias<br />

pelo litoral e mesmo pelo interior e das movimentações e invenções na esfera do cotidiano.<br />

Como lembra Paiva (2004) ao tecer considerações sobre os cangaceiros e a ecologia da<br />

caatinga, populações <strong>sertaneja</strong>s são marcas por grande mobilidade (a imensa gama de<br />

vestígios arqueológicos na paisagem com suas diferentes funções) e capacidade inventiva,<br />

aspectos aqui observados na alta frequência de artefatos com marcas de reuso que configuram<br />

os acervos (a enorme recorrência de rodelas de chinelo, por exemplo).<br />

Figuras 3, 4 e 5: Rodelas de sandália de borracha, respectivamente: Lavras da Mangabeira, Ceará (Cova dos<br />

Anjinhos); Aurora, Ceará (sítio Aurora II); e Sertânia, Pernambuco (sítio Pau a Pique).<br />

A análise da <strong>cultura</strong> <strong>material</strong> de sítios históricos na região do Sertão Nordestino, devido<br />

a questões de variabilidade e inovação tecnológica entre as diferentes coisas e suas matériasprimas,<br />

aponta práticas específicas de consumo que o qualificam como outro tipo de produção<br />

(que não a racionalizada, expansionista, centralizada), astuciosa, dispersa, que se insinua<br />

“ubiquamente, silenciosa, quase invisível, que não se faz notar com produtos próprios, mas<br />

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nas maneiras de empregar os produtos impostos por uma ordem econômica dominante” (DE<br />

CERTEAU, 2007: 39).<br />

Por fim, já que todo o registro arqueológico é “um fenômeno contemporâneo<br />

constituído de vestígios materiais que foram formados, transformados e depositados a partir<br />

de diferentes fatores naturais e <strong>cultura</strong>is, chamados de processos de formação” (SILVA, 2000:<br />

179), os vestígios são tomados, aqui, diacronicamente, sem cair em visões simplistas que<br />

reduzem a arqueologia a qualquer escopo temporal pré-determinado (LUCAS, 2001; LUCAS,<br />

2004; ORSER JR., 2010).<br />

Reconhece-se, nesta Arqueologia para o semiárido, que diferentes fenômenos históricos<br />

ou processos atuam em diferentes escalas temporais e que a concepção de tempo de cada<br />

pesquisador altera o modo como se faz a Arqueologia (LUCAS, 2004). Se a Arqueologia no<br />

Nordeste teve início com concepções mais específicas de tempo, associada a um passado<br />

colonial, uma Arqueologia do Sertanejo insere-se em perspectivas pautadas por aspectos<br />

menos lineares e mais rizomáticos de tempo (como propõe DELEUZE e GUATARRI, 2004),<br />

e os processos do século XX, nos contextos arqueológicos, não são, de modo algum, vistos<br />

como interferências pós-deposicionais, mas como parte do registro arqueológico e da história<br />

de ocupação do local, que não acaba, de modo abrupto, em 1899 (tendo em vista uma<br />

supervalorização do século XIX pela Arqueologia [SOUZA, 2012]). Uma Arqueologia com<br />

novos <strong>paradigmas</strong> para o Nordeste é crítica ao modelo usual que enxerga os remanescentes<br />

materiais do século XX como “muito modernos”, daí uma Arqueologia que também é do<br />

Passado Contemporâneo. Neste momento, como coloca Lucas (2004), a pergunta a ser feita<br />

deve ser “o que é arqueológico” e passível de gerar conhecimentos pela Arqueologia, ao invés<br />

do que é “muito moderno” ou “muito recente”, como ainda vem ocorrendo.<br />

Esta Arqueologia do Sertão e do Sertanejo, para a consolidação de novos <strong>paradigmas</strong><br />

para os olhares sobre sua <strong>cultura</strong> <strong>material</strong>, parte destas abordagens.<br />

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