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Joao Luiz Moreira C Azevedo - Cirurgiaonline.med.br

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<strong>Azevedo</strong> et al.<<strong>br</strong> />

Cicatrização da Miotomia de Heller<<strong>br</strong> />

Rev. Col. Bras. Cir.<<strong>br</strong> />

esofagiano e reconstituição do mecanismo esfinctérico intrínseco<<strong>br</strong> />

do esôfago inferior por coaptação entre si das bordas da<<strong>br</strong> />

ferida 22,23 . Entretanto, mesmo fora do âmbito da cirurgia convencional,<<strong>br</strong> />

cirurgiões laparoscopistas que associam a<<strong>br</strong> />

fundocardioplastia de Dor à miotomia adotam tais argumentos<<strong>br</strong> />

24 .<<strong>br</strong> />

Noutra ordem de idéias, há autores que consideram<<strong>br</strong> />

peculiaridades tais no acesso laparoscópico para o tratamento<<strong>br</strong> />

da acalásia que julgam poder prescindir da associação de<<strong>br</strong> />

qualquer procedimento anti-refluxo à miotomia laparoscópica,<<strong>br</strong> />

em casos selecionados 25 . Há publicações de séries de casos<<strong>br</strong> />

submetidos à operação de Heller laparoscópica sem procedimento<<strong>br</strong> />

anti-refluxo, com bons resultados 26-31 .<<strong>br</strong> />

Alegações em contrário 32 aos argüidos benefícios<<strong>br</strong> />

da plicatura da parede gástrica so<strong>br</strong>e a superfície cruenta da<<strong>br</strong> />

miotomia dizem respeito à dificuldade da reabsorção do<<strong>br</strong> />

exsudato inflamatório circunscrito pelo fundo gástrico plicado,<<strong>br</strong> />

cuja permanência levaria a aumento da fi<strong>br</strong>ose na região. Em<<strong>br</strong> />

peritônio livre, essas coleções seriam prontamente absorvidas,<<strong>br</strong> />

propiciando epitelização da zona cruenta por células<<strong>br</strong> />

mesoteliais, caso essa não estivesse isolada do líquido<<strong>br</strong> />

peritoneal por intermédio do fundo gástrico plicado so<strong>br</strong>e ela.<<strong>br</strong> />

Adicionalmente, a magnificação do campo operatório<<strong>br</strong> />

videocirúrgico evidenciaria microperfurações iatrogênicas que -<<strong>br</strong> />

identificadas <strong>med</strong>iante teste de injeção de azul de metileno e<<strong>br</strong> />

gás - não têm como passar despercebidas. Tenha-se ainda em<<strong>br</strong> />

mente que o tônus muscular da camada circular da musculatura<<strong>br</strong> />

esofágica seccionada tende a condicionar o afastamento<<strong>br</strong> />

uma da outra das bordas da miotomia, de forma a não haver<<strong>br</strong> />

risco de sua coaptação 3,25 .<<strong>br</strong> />

A hipótese aqui testada é a de que a superfície cruenta<<strong>br</strong> />

resultante da esôfago-cárdio-miotomia, permanecendo exposta<<strong>br</strong> />

na técnica sem válvula associada, é epitelizada por<<strong>br</strong> />

células mesoteliais livres no líquido peritoneal, resultando em<<strong>br</strong> />

excelente reparo da miotomia, com manutenção adequada do<<strong>br</strong> />

afastamento das bordas musculares secionadas no procedimento.<<strong>br</strong> />

Dessa forma, o objetivo desta pesquisa é comparar a<<strong>br</strong> />

cicatrização da miotomia esofagiana (operação de Heller-<<strong>br</strong> />

Zaaijer) por via laparoscópica com e sem fundocardioplastia<<strong>br</strong> />

de Dor associada.<<strong>br</strong> />

MÉTODO<<strong>br</strong> />

Foram utilizados 18 porcos machos da raça Large<<strong>br</strong> />

White, com peso corpóreo entre 15 a 20kg, distribuídos aleatoriamente<<strong>br</strong> />

em grupo A (miotomia isolada), grupo B (miotomia<<strong>br</strong> />

associada a fundocardioplastia anterior) e grupo C (sem intervenção<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e o esôfago). Antes da operação os animais ficavam<<strong>br</strong> />

em jejum alimentar por 18 horas e jejum hídrico por 8<<strong>br</strong> />

horas.<<strong>br</strong> />

Os animais foram anestesiados, com intubação<<strong>br</strong> />

orotraqueal e colocados sob pressão positiva intermitente.<<strong>br</strong> />

Para tanto receberam por via intramuscular uma associação de<<strong>br</strong> />

quetamina na dose de 30mg/kg com acepromazina na dose de<<strong>br</strong> />

0,5 mg/kg como <strong>med</strong>icação pré-anestésica. Para indução<<strong>br</strong> />

anestésica os animais receberam por via intravenosa tiopental<<strong>br</strong> />

na dose de 12mg/kg juntamente com <strong>br</strong>ometo de pancurônio<<strong>br</strong> />

350<<strong>br</strong> />

na dose de 0,066mg/kg. A manutenção do plano anestésico foi<<strong>br</strong> />

feita com vaporização de isofluorano a 2% e citrato de fentanila<<strong>br</strong> />

na dose de 0,005mg/kg administradas por via intravenosa.<<strong>br</strong> />

No pós-operatório i<strong>med</strong>iato os animais receberam<<strong>br</strong> />

quetoprofeno por via intravenosa na dose de 2mg/kg.<<strong>br</strong> />

O acesso operatório utilizado foi o videolaparoscópico<<strong>br</strong> />

em todos os animais, com cinco portais em posição usual para o<<strong>br</strong> />

acesso à junção esôfago-gástrica.<<strong>br</strong> />

Nos grupos A e B, após a abertura do ligamento<<strong>br</strong> />

gastrofrênico e a demarcação a bisturi elétrico da localização e<<strong>br</strong> />

da extensão da miotomia, incisou-se a face anterior do esôfago<<strong>br</strong> />

numa extensão de 5cm acima do esfíncter inferior, interessando<<strong>br</strong> />

as túnicas musculares. Nos animais do grupo B foi interposto<<strong>br</strong> />

um segmento da parede anterior do fundo gástrico,<<strong>br</strong> />

plicado so<strong>br</strong>e a superfície cruenta da miotomia e fixado às<<strong>br</strong> />

bordas cruentas da musculatura esofagiana seccionada <strong>med</strong>iante<<strong>br</strong> />

três pontos simples de Poliéster 3-0. Nos animais do grupo<<strong>br</strong> />

C foi estabelecido o pneumoperitônio, colocados os<<strong>br</strong> />

trocartes e nenhuma intervenção so<strong>br</strong>e o esôfago ocorreu.<<strong>br</strong> />

Ao final do procedimento cirúrgico estabeleceu-se<<strong>br</strong> />

um período de 24 horas de jejum pós-operatório no que diz<<strong>br</strong> />

respeito ao fornecimento de ração. A vasilha de água era colocada<<strong>br</strong> />

à disposição do animal logo após a recuperação<<strong>br</strong> />

anestésica. A partir do primeiro dia pós-operatório os animais<<strong>br</strong> />

receberam ração industrializada fornecida quatro vezes por<<strong>br</strong> />

dia e água ad libitum.<<strong>br</strong> />

Os animais foram observados no período pós-operatório,<<strong>br</strong> />

com avaliação do estado geral e do sistema digestório e<<strong>br</strong> />

com vistas especiais para eventuais sinais de distúrbios do<<strong>br</strong> />

trânsito alimentar no esôfago.<<strong>br</strong> />

No 21º dia pós-operatório os animais foram mortos<<strong>br</strong> />

através da utilização de quetamina na dose de 30mg/kg com<<strong>br</strong> />

acepromazina na dose de 0,5 mg/kg por via intramuscular.<<strong>br</strong> />

Uma vez manifestados os efeitos dessa associação, ministrou-se<<strong>br</strong> />

um combinado de embutamina, iodeto benzônico e<<strong>br</strong> />

cloridrato de tetracaína por via intravenosa na dose de 0,3 ml/<<strong>br</strong> />

kg. Em seguida foi retirado um segmento esofagiano de 20 cm,<<strong>br</strong> />

compreendendo a transição esôfago-gástrica (TEG) e a<strong>br</strong>angendo<<strong>br</strong> />

a região da miotomia (RM), do qual foram retiradas<<strong>br</strong> />

amostras para exame histopatológico.<<strong>br</strong> />

Três padrões morfológicos microscópicos foram definidos<<strong>br</strong> />

para fins de avaliação morfométrica: leucócitos (constituído<<strong>br</strong> />

por células polimorfonucleadas e células<<strong>br</strong> />

mononucleadas), vasos neoformados e substância intercelular<<strong>br</strong> />

(fi<strong>br</strong>as colágenas).<<strong>br</strong> />

Para a moldagem do lume das vísceras, injetou-se 60<<strong>br</strong> />

ml de uma solução de hidrocolóide irreversível, composta de<<strong>br</strong> />

diatomita, alginato de potássio, sulfato de cálcio, carbonato<<strong>br</strong> />

de magnésio, aromas e corantes. Após o seu endurecimento,<<strong>br</strong> />

o molde foi retirado do lume esofágico para a determinação<<strong>br</strong> />

dos índices de estenose da RM (IE) e da TEG (I’E’).<<strong>br</strong> />

Para avaliar o grau de estenose do lume esofagiano,<<strong>br</strong> />

foi utilizado o molde da peça visando à aferição do perímetro<<strong>br</strong> />

interno do lume do esôfago.<<strong>br</strong> />

Para a determinação do IE foram mensurados os perímetros<<strong>br</strong> />

externos do molde na RM (A) e na região correspondente<<strong>br</strong> />

a 2cm craniais (B) e a 2cm caudais (C) às extremidades<<strong>br</strong> />

longitudinais da miotomia. Destas três <strong>med</strong>idas foi obtido o

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