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BRASIL QUAntO VALEm OS DIREItOS HUmAnOS? - Justiça Global

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também a entidade administradora do PGC. Assim, existem relatos e denúncias das condições de<br />

trabalho que vão desdeprivação da liberdade, falta de acesso a médicos e hospitais, execuções<br />

sumárias por sentinelas autorizadas a matar os que tentam fugir. 52<br />

Em 1994, a Anti Slavery International dedicou um estudo sobre o trabalho escravo no Brasil<br />

e deu destaque às ocorrências na cadeia de fornecimento de carvão vegetal às siderúrgicas de<br />

Açailândia 53 . Buscando diminuir seu constrangimento, o governo brasileiro criaria um Grupo<br />

Especial Móvel de Fiscalização do trabalho escravo e degradante, em 1995.<br />

C. A expansão do Programa Grande Carajás<br />

Ainda que esta pesquisa tenha como foco os impactos da Vale e das siderúrgicas, a ampliação<br />

das atividades num contexto de pressão pelo crescimento das exportações a qualquer custo<br />

traz preocupações adicionais em relação ao gozo dos direitos humanos das comunidades na<br />

região de Açailândia. Entre outros empreendimentos, as comunidades da região dizem-se<br />

preocupadas pela expansão da monocultura de eucalipto, considerada como a grande “virada”<br />

da região em vista de uma suposta regeneração ambiental.<br />

Assim, os habitantes de Piquiá surpreendem-se com o fato de que existam recursos para<br />

empreender novos investimentos, mas não para proteger a população dos danos e impactos<br />

provocados pela poluição dos que já existem, conforme relatos levantados no âmbito da presente<br />

pesquisa. Os habitantes ainda consideram que, antes de começar algo novo, potencialmente<br />

perigoso e de impacto, é necessário eliminar todo conflito gerado pelos empreendimentos já<br />

instalados. Durante uma entrevista com representantes da Vale, em setembro de 2010, a Vale<br />

afirmou que a suas ações de responsabilidade social no Estado do Maranhão seguiam um<br />

“Diagnóstico Integrado em Socioeconomia da Estrada de Ferro Carajás”, lançado em 2008, a<br />

partir do qual a Vale e a sua Fundação planejam suas ações no que diz respeito às comunidades<br />

localizadas ao longo da ferrovia, incluindo Açailândia. Após ter sido solicitado duas vezes<br />

esse documento à empresa, a Vale se comprometeu em entregá-lo à FIDH em maio de 2011 e<br />

anunciou que será publicado no site da Fundação Vale nos próximos meses.<br />

Novos empreendimentos sendo implantados em Açailândia<br />

e no corredor Carajás<br />

– DUPLICAÇÃO DA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS: A Vale administra, em regime de concessão,<br />

a ferrovia de 892 km que liga a mina de ferro de Parauapebas (PA) ao Porto de Itaqui em São<br />

Luís (MA). Em 2010, a empresa começou obras de duplicação da ferrovia, estimadas em R$ 8,29<br />

bilhões, buscando ampliar o fluxo de mercadorias na mesma. A Vale vem conseguindo, junto ao<br />

IBAMA, licenças separadas por trecho. O movimento Justiça nos Trilhos e a ONG Justiça <strong>Global</strong><br />

vêm questionando a fragilidade jurídica e a insensatez social de tal tipo de licenciamento, que<br />

classifica a duplicação como “empreendimento ferroviário de pequeno potencial de impacto<br />

ambiental”, facultando um licenciamento menos criterioso, sem estudos prévios de impacto,<br />

audiências publicas e compensações.<br />

Ambas organizações argumentam que uma obra ferroviária que desloca populações compulso-<br />

52. Informações adicionais disponível em http://www.observatoriosocial.org.br/download/er6alt.pdf<br />

53. SUTTON, A. Trabalho Escravo: um Elo na Cadeia de Modernização no Brasil de Hoje. São Paulo. Edições Loyola,1994 apud CARNEIRO,<br />

Marcelo S. Crítica Social e Responsabilização Empresarial - Análise das Estratégias para a Legitimação da Produção Siderúrgica Na<br />

Amazônia Oriental. In: Caderno CRH, Vol. 21, N° 53, 2008. p. 328.<br />

26 / Quanto Valem os direitos humanos? – FIDH, Justiça <strong>Global</strong>, Justiça nos Trilhos

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