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Carta Aberta <strong>ao</strong> Programa de Pós-Graduação Sociedade e Cultura na Amazônia<br />

[PPGSCA] do Instituto de Ciências Humanas e Letras da Universidade Federal do<br />

Amazonas<br />

Manaus, 24 de novembro de 2009.<br />

Prezados Docentes, Administrativos e Candidatos,<br />

Curvo-me, porque jamais pretendi entrar nesse PPGSCA pela porta da justiça<br />

positiva, mas pela do mérito dialético, à soberania da Comissão de Seleção <strong>ao</strong> Curso de<br />

Doutorado versão 2010, que eliminou meu projeto de pesquisa intitulado AS<br />

EXTERNALIDADES DO PROJETO ZFM NUMA PERSPECTIVA NORMATIVA com a<br />

nota 6,0 e sob o parecer de que o mesmo “não preencheu os requisitos de “adequação às<br />

linhas de pesquisa do programa” e não encontra “exeqüibilidade de orientação””. Pretendi,<br />

apenas, questionar a decisão, objetivando permanecer na disputa até o fim do processo,<br />

pois entendo que teria grande chance de aprovação final.<br />

Todavia, na qualidade de cidadão, portanto não mais de candidato, sinto-me com o<br />

direito de me manifestar discordando do parecer que desqualificou a adequação e negou<br />

orientação, mesmo entendendo que houve algum reconhecimento de mérito com a “nota”<br />

dada.<br />

A discordância vai tanto <strong>ao</strong> sentido objetivo quanto subjetivo. Primeiro que a<br />

Comissão não ofereceu nenhum contra-argumento às minhas ponderações peticionadas.<br />

Limitou-se a citar as regras do Edital, conhecidas por todos, e a ratificar, linearmente, o<br />

parecer. A ratificação objetiva camufla um ajuizamento de valor. Segundo que, se é<br />

verdade que a inadequação é um fato, então o ementário do Programa e da própria Linha<br />

de Pesquisa 3 [Processos Sociais, Ambientais e Relações de Poder] devem ser revistas. Uma<br />

análise subjetiva, portanto, mais ampla do meu projeto de pesquisa demonstraria o nível de<br />

interdisciplinaridade alcançada pelo PPGSCA.<br />

Meu projeto de pesquisa se propunha exatamente a investigar a natureza do<br />

Sistema Manaus de Inovação num contexto de relação de poder transnacional vis a vis uma<br />

perspectiva tecnonacionalista. Basta cruzar o que diz o site do programa com as<br />

abordagens da Linha de Pesquisa 3, a seguir respectivamente reproduzidas, para constatar<br />

a convergência sinérgica entre o programa estabelecido e a investigação proposta.<br />

“A Amazônia exige um modo especial de interpretação que permita<br />

relacioná-la com a ciência, tecnologia e inovação de modo a racionalizar<br />

o uso dos recursos naturais − para − dar respostas <strong>ao</strong>s problemas da<br />

região decorrentes de sua ocupação e dos modelos de desenvolvimento<br />

adotados pelo grande capital” [itálico meu];<br />

“Formas de poder utilizadas <strong>ao</strong> longo dos processos que determinam a<br />

constituição dos diversos modos de protagonismos políticos e de<br />

resistência social, cultural e ambiental na Amazônia; Políticas públicas e<br />

trajetórias institucionais, problemas de ordem filosófica, sociológica,<br />

política e jurídica; História e funcionamento das instituições, as relações<br />

macro e micro-físicas do poder; Relações internacionais de direitos e<br />

garantias individuais e coletivas”.


Para tanto, em minha petição ofereci visão de especialistas [Adriana Sbicca e Victor<br />

Pelaez. Sistemas de Inovação in Economia da Inovação Tecnológica. São Paulo: Hucitec, 2006;<br />

p. 419] para demonstrar que o processo de aprendizagem vinculado <strong>ao</strong>s sistemas de<br />

inovação é socialmente imerso, não podendo ser compreendido sem o envolvimento de<br />

instituições e do contexto cultural. Tais especialistas asseguram que a estrutura de análise<br />

de um sistema de inovação deve ser sistêmica e interdisciplinar, considerados a influência<br />

de fatores institucionais, sociais e políticos, além de econômicos. Nesse contexto, argúem<br />

que a transposição pura e simples de modelos para outros países ou regiões é impraticável,<br />

na medida em que cada sistema apresenta características que só se revelam <strong>ao</strong> longo de um<br />

processo histórico de formação. Ora, o nome do Programa é Sociedade e Cultura na Amazônia!<br />

E o Sistema Manaus de Inovação sofre influência dos laboratórios do grande capital mitigando a<br />

força de um desenvolvimento endógeno! Por isso mesmo a investigação propunha a hipótese<br />

positiva de uma estratégia de política normativa! Tal abordagem não foi dialeticamente<br />

percebida na análise do meu projeto de investigação.<br />

É possível que a justificativa da inexequibilidade de orientação tenha tido peso<br />

ponderado maior na decisão considerando o Programa como um ninho de cientistas e<br />

assistentes sociais, jornalistas, filósofos, e afins das Ciências Sociais. Pensando exatamente<br />

nessa possibilidade é que propus no projeto de pesquisa a solução da co-orientação. Tal<br />

oportunidade apontaria para a ampliação da natureza interdisciplinar do Programa que<br />

precisa ter economistas, físicos, químicos, biólogos, dentre outras profissionais das demais<br />

Ciências, para, além do discurso, entender-se na prática como tal. Assim, a<br />

interdisciplinaridade a ser buscada e conquistada pelo PPGSCA deve ser quântica.<br />

Peço <strong>ao</strong> Programa que digne, de forma democrática, a colher ciência dessa<br />

manifestação cidadã de todos os seus integrantes e que a mantenha afixado no seu mural<br />

até o final do processo de seleção em curso. Essa é minha contribuição para a formação de<br />

uma consciência mais <strong>aberta</strong> e plural do PPGSCA. Nesse sentido, exercendo meu papel de<br />

formador de opinião, já disponibilizei meu de projeto de pesquisa transformado em<br />

reflexão à Sect, Seplan, Prodere/Ufam, Fapeam e Suframa, além de atachar no site<br />

www.argo.com.br/antoniojosebotelho , ratificando mais uma contribuição para a formação<br />

do capital social de Manaus.<br />

Sempre na luz!<br />

Antônio José Lopes Botelho

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