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Katha Upanishad - Antoniojosebotelho.argo.com.br

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<strong>Katha</strong> <strong>Upanishad</strong>: uma síntese-reprodução 1<<strong>br</strong> />

1. Introdução de Shankaracharya 2<<strong>br</strong> />

Nosso propósito, ao dar uma <strong>br</strong>eve explicação so<strong>br</strong>e a palavra <strong>Upanishad</strong>, é tornar fácil o<<strong>br</strong> />

entendimento das lições da <strong>Katha</strong> <strong>Upanishad</strong>.<<strong>br</strong> />

A palavra <strong>Upanishad</strong> denota o Conhecimento do Ser (Brahman), a ser estabelecido no texto<<strong>br</strong> />

que pretendemos <strong>com</strong>entar. Qual a razão etimológica para que a palavra <strong>Upanishad</strong><<strong>br</strong> />

signifique Conhecimento? É porque seu estudo despedaça, mata e destrói avidya, ou a<<strong>br</strong> />

ignorância, semente do samsara. Os buscadores da verdade, após conquistarem a<<strong>br</strong> />

Liberação, perdem o desejo por objetos materiais visíveis e audíveis, aproximando-se do<<strong>br</strong> />

Conhecimento encontrado nas <strong>Upanishad</strong>s. Esse Conhecimento será explanado<<strong>br</strong> />

presentemente e cultivado <strong>com</strong> extrema firmeza e devoção.<<strong>br</strong> />

O Conhecimento de Brahman ou Brahmavidya é designado <strong>Upanishad</strong> porque é um modo<<strong>br</strong> />

de conhecimento onde Brahman é atingido. Esse Conhecimento capacita os buscadores da<<strong>br</strong> />

Liberação a alcançarem o Supremo Brahman.<<strong>br</strong> />

Finalmente, o Conhecimento do Fogo ou Agnividya, o primeiro-nascido e onisciente ramo<<strong>br</strong> />

de Brahman, conduz à obtenção do Plano Celestial e por essa razão, faz cessar a miséria<<strong>br</strong> />

sob as formas de repetidas moradas em úteros, nascimentos, velhice.<<strong>br</strong> />

Por esta interpretação etimológica do termo <strong>Upanishad</strong>, são estabelecidas as qualificações<<strong>br</strong> />

daqueles que estão preparados ou <strong>com</strong>petentes para o conhecimento. A essência das<<strong>br</strong> />

<strong>Upanishad</strong>s é o Supremo Brahman, o Ser interno de todas as coisas. O objetivo das<<strong>br</strong> />

<strong>Upanishad</strong>s é a obtenção de Brahman, o que provoca a cessação do samsara. Esse objetivo<<strong>br</strong> />

também indica a relação entre uma <strong>Upanishad</strong> e a sua essência 3 .<<strong>br</strong> />

2. O que ensina o <strong>Katha</strong> <strong>Upanishad</strong> so<strong>br</strong>e 4<<strong>br</strong> />

1 Síntese-reprodução do Capítulo 4, <strong>Katha</strong> <strong>Upanishad</strong>, do livro As <strong>Upanishad</strong>, de Carlos Alberto<<strong>br</strong> />

Tinôco, publicado em São Paulo, pela IBRASA, em 1996. De responsabilidade de Antônio José<<strong>br</strong> />

Botelho.<<strong>br</strong> />

2 Transcrito por Tinôco do livro The <strong>Upanishad</strong>, de Swami Nikhilananda, publicado em New York por<<strong>br</strong> />

Ramakrishna-Vivekananda, em 1990.<<strong>br</strong> />

3 George Feuerstein, em A Tradição do Yoga, publicado em São Paulo, pela Editora Pensamento, em<<strong>br</strong> />

2006, à pagina 181 e 182, disserta:<<strong>br</strong> />

“O desenvolvimento das novas doutrinas yogues se dá, no texto, em torno de uma antiga lenda:<<strong>br</strong> />

certa vez, um <strong>br</strong>âmane po<strong>br</strong>e ofereceu aos sacerdotes, <strong>com</strong>o taxa de sacrifício, algumas vacas velhas<<strong>br</strong> />

e fracas. Seu filho Naciketas, preocupado <strong>com</strong> o destino do pai na outra vida, ofereceu-se a si<<strong>br</strong> />

mesmo <strong>com</strong>o oferenda mais digna. Despertou <strong>com</strong> isso a ira do pai, que o enviou a Yama, soberano<<strong>br</strong> />

do mundo da morte. Yama, porém, estava ausente, e Naciketas teve que esperar três dias sem<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>er nem beber até que o poderoso deus voltasse ao seu reino. Satisfeito <strong>com</strong> a paciência do rapaz,<<strong>br</strong> />

Yama concedeu-lhe três pedidos.<<strong>br</strong> />

Primeiro, o rapaz pediu que fosse devolvido vivo ao seu pai. Depois, pediu para conhecer o segredo<<strong>br</strong> />

do fogo sacrificial que leva ao céu. Por fim, insistiu em conhecer o mistério da vida após a morte.<<strong>br</strong> />

Yama procurou fazer o rapaz desistir do terceiro pedido, oferecendo-lhe em lugar dele coisas<<strong>br</strong> />

aparentemente muito mais interessante, <strong>com</strong>o filhos e netos, uma vida longa, rebanhos imensos, a<<strong>br</strong> />

convivência <strong>com</strong> as ninfas celestiais, etc . Quando viu que Naciketas jamais desistiria do pedido,<<strong>br</strong> />

Yama passou a instruí-lo no caminho da emancipação. Num certo nível, a história retrata a<<strong>br</strong> />

determinação que os que buscam a espiritualidade têm de ter no caminho, desafiando até mesmo a<<strong>br</strong> />

morte. Num outro, representa o processo iniciático, que exige a reclusão, o jejum e o confronto <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

a morte”.<<strong>br</strong> />

4 Ao invés de sintetizar-reproduzir o texto integral da <strong>Katha</strong> <strong>Upanishad</strong>, optou-se pela citação de<<strong>br</strong> />

trechos vinculados aos tópicos do Capítulo 11 do livro de Tinôco. Vide nota de roda pé n°1. Para<<strong>br</strong> />

1


2.1. A identidade entre Atman (alma individual) e Brahman (Alma Universal –<<strong>br</strong> />

Deus) [equação fundamental das <strong>Upanishad</strong>s ⇒ Brahman = Atman]:<<strong>br</strong> />

Yama ensinando:<<strong>br</strong> />

“Aquele que conhece a alma individual, a experimentadora dos frutos da ação,<<strong>br</strong> />

identificando-a <strong>com</strong> o Atman que está dentro de si mesmo, e conhecendo também o<<strong>br</strong> />

Senhor do passado e do futuro, identifica-se <strong>com</strong> ambos e <strong>com</strong> nada mais” [Parte II;<<strong>br</strong> />

(1,5)];<<strong>br</strong> />

Ainda Yama:<<strong>br</strong> />

“É o Purusha quem permanece desperto, enquanto os órgãos sensoriais estão<<strong>br</strong> />

dormindo. Durante o sono, estes, seguem elaborando formas graciosas, umas após<<strong>br</strong> />

as outras. Aquele que, silenciosamente, observa tudo isso, é o Ser Puro só, o<<strong>br</strong> />

Brahman, o Imortal. Todas as palavras encontram nele os seus limites e ninguém<<strong>br</strong> />

pode ultrapassá-lo” [Parte II; (2,8)].<<strong>br</strong> />

2.2. As qualidades de Atman (Purusha) / Brahman (Imanência,<<strong>br</strong> />

transcendência, infinitude, eternidade, bem-aventurança, poder absoluto<<strong>br</strong> />

de criar, governar e extinguir o cosmo, etc.):<<strong>br</strong> />

Yama ensinando:<<strong>br</strong> />

“O Ser, oculto em todas as formas viventes, não <strong>br</strong>ilha exteriormente; no entanto,<<strong>br</strong> />

poder ser visto por videntes sutis, mediante a concentração das suas mentes e dos<<strong>br</strong> />

seus agudos intelectos” [Parte I; (3,12)];<<strong>br</strong> />

Ainda Yama:<<strong>br</strong> />

“O Atman que deve ser realizado é sem som, intangível, sem forma, puro, sem sabor,<<strong>br</strong> />

eterno e sem odor; a pessoa que realiza o Atman, que não tem <strong>com</strong>eço nem fim, que<<strong>br</strong> />

está além do Grande e é imutável, está livre das mandíbulas da morte” [Parte I;<<strong>br</strong> />

(3,15)];<<strong>br</strong> />

2.3. A possibilidade de se poder conhecer Brahman, Atman (ou Purusha),<<strong>br</strong> />

através do Yoga e a impossibilidade de se conhecer Brahman, Atman (ou<<strong>br</strong> />

Purusha), através dos sentidos corpóreos, da racionalidade, do estudo dos<<strong>br</strong> />

textos védicos, da prática de rituais e sacrifícios:<<strong>br</strong> />

Yama ensinando:<<strong>br</strong> />

“Sua forma não se assemelha a nenhum objeto visível; ninguém O percebe <strong>com</strong> os<<strong>br</strong> />

olhos. Aquele que possui o intelecto livre de todas as dúvidas e medita<<strong>br</strong> />

constantemente, está em condições de conhecê-Lo. Todas as pessoas que sabem<<strong>br</strong> />

essas verdades tornam-se imortais” [Parte II; (3,9)];<<strong>br</strong> />

“Quando os cinco sentidos concentram-se junto <strong>com</strong> a mente e quando o intelecto<<strong>br</strong> />

não se movimenta, produzindo divagações, então a pessoa alcança o Supremo<<strong>br</strong> />

Estado, uma condição de concentração serena e penetrante” [Parte II; (3,10)];<<strong>br</strong> />

“Esse estado, caracterizado por firme controle dos sentidos, é obtido pela prática do<<strong>br</strong> />

Yoga; quem assim procede, torna-se vigilante. A prática do Yoga pode ser benéfica<<strong>br</strong> />

ou injuriosa, depende dos objetivos dessa prática” [Parte II; (3,11)];<<strong>br</strong> />

O Atman não pode ser alcançado pela fala, pela mente ou através da visão. Como<<strong>br</strong> />

pode o Atman ser realizado, por qual caminho pode ser encontrado, a não ser<<strong>br</strong> />

através da afirmação e dos ensinamentos daqueles que dizem; o Atman é?” [Parte II;<<strong>br</strong> />

(3,12)];<<strong>br</strong> />

cada tópico serão citados apenas dois ou três versos ou um conjunto de versos seqüenciados,<<strong>br</strong> />

apesar da indicação ampla de Tinôco <strong>com</strong> vários versos e/ou conjuntos de versos seqüenciados. A<<strong>br</strong> />

escolha recaiu exatamente naqueles que este sintetizador-reprodutor percebe ser neste momento o<<strong>br</strong> />

mais representativo por facilidade de entendimento.<<strong>br</strong> />

2


“O Atman deve ser realizado primeiramente <strong>com</strong>o Existência (limitado por upadhis) e<<strong>br</strong> />

depois, pela Sua natureza transcendental. Desses dois aspectos, o Atman realizado<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o Existência, leva aquele que O procura à realização de Sua própria natureza”<<strong>br</strong> />

[Parte II; (3,13)];<<strong>br</strong> />

“Quando todos os desejos que moram no coração humano desaparecem, fenecendo,<<strong>br</strong> />

então, o mortal torna-se imortal, alcançando Brahman ainda nesta vida” [Parte II;<<strong>br</strong> />

(3,14)];<<strong>br</strong> />

“Quando todas as lágrimas de dor são rudemente derramadas so<strong>br</strong>e a terra, então o<<strong>br</strong> />

mortal torna-se imortal. Essa é a conclusão dos ensinamentos (das escrituras)”<<strong>br</strong> />

[Parte II; (3,15)].<<strong>br</strong> />

2.4. A mente (origem, estrutura, relação <strong>com</strong> o Atman) e os estados da<<strong>br</strong> />

consciência:<<strong>br</strong> />

Yama ensinando 5:<<strong>br</strong> />

“Os órgãos sensoriais, são <strong>com</strong>parados aos cavalos; os objetos do mundo são as<<strong>br</strong> />

estradas. O sábio chama o Atman, unido ao corpo, aos sentidos e à mente, de o<<strong>br</strong> />

desfrutador” [Parte I; (3,4)];<<strong>br</strong> />

“Se o buddhi, estando sempre associado à mente que é sempre distraída, perde-se<<strong>br</strong> />

em discriminações, então, os sentidos ficam incontrolados, <strong>com</strong>o os cavalos viciosos<<strong>br</strong> />

da carruagem” [Parte I; (3,5)];<<strong>br</strong> />

“Mas, se o buddhi está associado a uma mente sempre controlada, sem<<strong>br</strong> />

descriminações, então os sentidos permanecem sob controle, semelhante aos<<strong>br</strong> />

cavalos dóceis da carruagem” [Parte I; (3,6)];<<strong>br</strong> />

“Se o buddhi está relacionado à mente distraída e perde sua capacidade de controlar<<strong>br</strong> />

as discriminações, permanecendo sempre impura, então o Atman encarnado nunca<<strong>br</strong> />

atingirá o seu objetivo, permanecendo preso à roda dos nascimentos” [Parte I; (3,7)];<<strong>br</strong> />

“Se o buddhi está ligado à mente disciplinada e possuidora de discriminações,<<strong>br</strong> />

embora permaneça sempre pura, então o Atman encarnado alcança o seu objetivo<<strong>br</strong> />

final, não renascendo novamente” [Parte I; (3,8)];<<strong>br</strong> />

“O homem que tem discriminação por seu ‘condutor da carruagem’, segurando as<<strong>br</strong> />

rédeas da mente <strong>com</strong> as mãos firmes, encontra o final da estrada. Esta é suprema<<strong>br</strong> />

posição do Vishnu” [Parte I; (3,9)];<<strong>br</strong> />

“Além dos sentidos estão os objetos, além dos objetos está a mente; além da mente<<strong>br</strong> />

está o intelecto” [Parte I; (3,10)];<<strong>br</strong> />

“Além do intelecto está o Poderoso Atman; além do Poderoso Atman está o<<strong>br</strong> />

Imanifesto; além do Imanifesto está o Purusha. Além do Purusha nada há. Este é o<<strong>br</strong> />

final, o Supremo Objetivo” [Parte I; (3,11)];<<strong>br</strong> />

“O Ser, oculto em todas as formas viventes, não <strong>br</strong>ilha exteriormente, no entanto,<<strong>br</strong> />

pode ser visto por videntes sutis, mediante a concentração das suas mentes e dos<<strong>br</strong> />

seus agudos intelectos” [Parte I; (3,12)];<<strong>br</strong> />

“O homem sábio coloca sua fala na sua mente, e a sua mente no seu intelecto<<strong>br</strong> />

(buddhi). Ele mergulha seu intelecto na mente Universal (Saguna Brahman) e esta,<<strong>br</strong> />

no Tranqüilo Ser (Nirguna Brahman)”; [Parte I; (3,13)].<<strong>br</strong> />

5 So<strong>br</strong>e A Metáfora da Carruagem, Heinrich Zimmer ilustra, em Filosofias da Índia, publicado em<<strong>br</strong> />

São Paulo, pela Editora Palas Athena, em 2005, à página 264, que “o bhoktr [forças sensoriais] e o<<strong>br</strong> />

kartr [forças de ação], funcionando juntos, possibilitam que o organismo saudável leve adiante o<<strong>br</strong> />

processo da vida ... [para atravessar] os véus que oculta[m] o Eu, por meio da conquista das forças<<strong>br</strong> />

naturais de seu próprio organismo, o condutor da carruagem já não [fica] envolvido [pelos]<<strong>br</strong> />

sofrimentos, prazeres e interesses mundanos; ele se torn[a] livre [para sempre]” [negrito e<<strong>br</strong> />

adaptações de responsabilidade do sintetizador-reprodutor].<<strong>br</strong> />

A Amritanada <strong>Upanishad</strong>, de natureza yoguica, também utilizada a simbologia da carruagem para<<strong>br</strong> />

caracterizar o caminho espiritual. Veja o verso 2 à página 84 do livro As <strong>Upanishad</strong>s do Yoga, de<<strong>br</strong> />

Carlos Alberto Tinôco, publicado em São Paulo, pela Editora Madras, em 2005: “Subindo então no<<strong>br</strong> />

carro / que a sílaba Om / tendo Vishnu por Cocheiro / o yoguin devotado ao serviço de Rudra /<<strong>br</strong> />

avança no caminho carroçável / que leva ao Céu de Brahman”.<<strong>br</strong> />

3


2.5. O Prana (energia vital) e suas variações (Apana, Vyana, Samana, Udana) 6 :<<strong>br</strong> />

Yama ensinando:<<strong>br</strong> />

“Nenhum mortal vive apenas pelo Prana, que sobe, nem pelo Apana, que desce. O<<strong>br</strong> />

homem vive por uma causa diferente, de quem dependem o Prana e o Apana” [Parte<<strong>br</strong> />

II; (2,5)];<<strong>br</strong> />

Ainda Yama:<<strong>br</strong> />

“Ele é quem conduziu a Prana para o alto e para baixo, espalhando-o. Todos os<<strong>br</strong> />

Devas O adoram, esse Ser situado no meio” [Parte II; (2,3)];<<strong>br</strong> />

Mais uma vez Yama:<<strong>br</strong> />

“Existem cento e uma artérias que partem do coração, uma das quais conduz ao<<strong>br</strong> />

topo do crânio. Na morte, o Ser interno do homem caminha através dessa artéria,<<strong>br</strong> />

saindo do corpo, alcançando a imortalidade. Mas, quando o seu Prana segue através<<strong>br</strong> />

de outras artérias, caminhando em outras direções, então, o Ser interno volta a<<strong>br</strong> />

renascer no mundo” [Parte II; (3,16)].<<strong>br</strong> />

2.6. A sílaba sagrada OM (AUM), que representa Brahman 7 :<<strong>br</strong> />

Yama ensinando:<<strong>br</strong> />

“Esta sílaba é Brahman. Esta sílaba é a expressão do Mais Elevado. Todo aquele que<<strong>br</strong> />

conhece verdadeiramente esta sílaba, não sofre, não é atormentado por desejos”<<strong>br</strong> />

[Parte I; (2,16)].<<strong>br</strong> />

2.7. A importância do papel do Guru (Mestre espiritual), na libertação do<<strong>br</strong> />

discípulo (Moksha, Kaivalya ) 8 :<<strong>br</strong> />

Yama ensinando:<<strong>br</strong> />

“O Atman sutil não pode ser ouvido por muitos. Mesmo que consigam ouvi-lo,<<strong>br</strong> />

muitos não o <strong>com</strong>preendem. Maravilhoso é o Atman que está sempre desejando ser<<strong>br</strong> />

ouvido, mas raros são os ouvintes; raros também são os que experimentam o<<strong>br</strong> />

Atman, mesmo <strong>com</strong> o auxílio de um preceptor espiritual” [Parte I; (2,7)];<<strong>br</strong> />

Ainda Yama:<<strong>br</strong> />

“Levantai! Despertai! Aproximai-vos dos sábios e procurai aprender. Eles dizem que<<strong>br</strong> />

o caminho para o Atman é semelhante ao afiado gume de uma navalha. É um<<strong>br</strong> />

caminho difícil de ser trilhado, duro de ser transposto” [Parte I; (3,14)].<<strong>br</strong> />

2.8. Os Gunas 9 :<<strong>br</strong> />

2.9. Os diversos corpos que “revestem” o Amam (upadhis) e a fisiologia mística<<strong>br</strong> />

(chakras, nadis e relação entre os Pranas e os órgãos sensoriais):<<strong>br</strong> />

Yama ensinando:<<strong>br</strong> />

“O homem sábio, percebendo o Atman morando dentro dos corpos impermanentes,<<strong>br</strong> />

sendo Ele mesmo sem corpo, vasto e a tudo permeando, liberta-se do sofrimento”<<strong>br</strong> />

[Parte I; (2,22)];<<strong>br</strong> />

Ainda Yama:<<strong>br</strong> />

6 Excepcionalmente, este sintetizador-reprodutor selecionou três versos, inclusive invertendo a<<strong>br</strong> />

seqüência numérica dos dois primeiros.<<strong>br</strong> />

7 Excepcionalmente Tinôco indicou apenas um verso so<strong>br</strong>e esse ensinamento, o que indica que não<<strong>br</strong> />

há outra passagem nessa <strong>Upanishad</strong> so<strong>br</strong>e o mesmo.<<strong>br</strong> />

8 Para esse ensinamento Tinôco aponta apenas dois versos, o que indica que a <strong>Upanishad</strong> não o<<strong>br</strong> />

aborda em outras passagens.<<strong>br</strong> />

9 Tinôco nada selecionou neste tema, o que pressupõe que esta <strong>Upanishad</strong> não aborda os gunas.<<strong>br</strong> />

4


“O Atman deve ser realizado primeiramente <strong>com</strong>o Existência (limitado por upadhis) e<<strong>br</strong> />

depois, pela Sua natureza transcendental. Desses dois aspectos, o Atman realizado<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o Existência, leva aquele que O procura à realização de Sua própria natureza”<<strong>br</strong> />

[Parte II; (3,13)].<<strong>br</strong> />

2.10. O Karama e o Samsara (ciclo de morte-renascimento):<<strong>br</strong> />

Yama ensinando:<<strong>br</strong> />

“O outro mundo nunca revela a si mesmo a uma pessoa discriminadora e perplexa<<strong>br</strong> />

diante da ilusão das riquezas. Essas pessoas pensam: ‘Somente este mundo existe,<<strong>br</strong> />

não há outro’. Assim, permanecem, sempre e sempre, sob o meu domínio” [Parte I;<<strong>br</strong> />

(2,6)] 10;<<strong>br</strong> />

Ainda Yama:<<strong>br</strong> />

“Alguns Jivas entram em úteros para encarnarem <strong>com</strong>o seres vivos e outros, vão<<strong>br</strong> />

para o mundo vegetal, de acordo <strong>com</strong> suas ações e de acordo <strong>com</strong> seus<<strong>br</strong> />

conhecimentos” [Parte II; (2,7)];<<strong>br</strong> />

Mais uma vez Yama:<<strong>br</strong> />

“Se um homem pode realizar Brahman aqui nesta vida, antes do seu corpo físico<<strong>br</strong> />

perecer, alcança a Libertação. Não conseguindo isso, o homem reencarna novamente<<strong>br</strong> />

em mundos criados” [Parte II; (3,4)].<<strong>br</strong> />

2.11. Avidya (ignorância) e Maya (ilusão que o mundo produz através dos<<strong>br</strong> />

sentidos) 11 :<<strong>br</strong> />

Naciketas falando:<<strong>br</strong> />

“Contai-me Ó Yama, o segredo so<strong>br</strong>e a morte, o segredo so<strong>br</strong>e o qual os homens<<strong>br</strong> />

guardam profunda dúvida” [Parte I; (1,29)].<<strong>br</strong> />

Convencido da firmeza de Naciketas, Yama ensinou o segredo da imortalidade.<<strong>br</strong> />

Yama ensinando:<<strong>br</strong> />

“A ignorância e o conhecimento conduzem a caminhos diferentes. Ouvindo a<<strong>br</strong> />

resposta ao pedido que formulastes, as pessoas podem <strong>com</strong>preender diferentemente.<<strong>br</strong> />

Decide certo quem escolhe o caminho do bem. Aqueles que escolhem o caminho dos<<strong>br</strong> />

prazeres ou da ignorância, caminham para o fim” [Parte I; (2,1)];<<strong>br</strong> />

“Tudo depende do caminho escolhido pelo homem; o do conhecimento ou o da<<strong>br</strong> />

ignorância. A alma cheia de calma, examina ambos os caminhos e faz sua escolha.<<strong>br</strong> />

Ele prefere o bem ao prazer. Mas os tolos escolhem o prazer e a avareza” [Parte I;<<strong>br</strong> />

(2,2)];<<strong>br</strong> />

10 Pedro Kupfer oferece a seguinte tradução a esse verso conforme apresentada em <strong>Katha</strong><<strong>br</strong> />

<strong>Upanishad</strong>; há vida além da morte? [Parte I], contida em Cadernos de Yoga, de Outuno de 2004 [p.<<strong>br</strong> />

36/37]: “A passagem [morte] não está clara para aqueles <strong>com</strong> mentalidade infantil, ofuscados pelas<<strong>br</strong> />

ilusões do mundo material. Pensando “este é o mundo real! Não há nada além dele!”, eles voltam<<strong>br</strong> />

vezes e mais vezes a ficar sob meu controle [continuam presos na roda do samsara, ciclo de mortes<<strong>br</strong> />

e renascimentos sucessivos]”. Em seguida oferece o seguinte <strong>com</strong>entário: “Aqui Yama aborda a<<strong>br</strong> />

questão matéria/espírito tão direta que pode parecer in<strong>com</strong>preensível para o leitor desatento.<<strong>br</strong> />

Quando Yama diz que há pessoas <strong>com</strong> mentalidade infantil, quer dizer que levamos nossa vidinha<<strong>br</strong> />

material muito a sério, chorando quando nossos <strong>br</strong>inquedos que<strong>br</strong>am, assustando-nos <strong>com</strong> filmes<<strong>br</strong> />

violentos, emocionando-nos <strong>com</strong> telenovelas, preocupando-nos <strong>com</strong> futilidades ... As diferentes<<strong>br</strong> />

experiências criam impressões na mente que não nos permitem transcender o mundo<<strong>br</strong> />

unidimensional, e acabamos por nos transformar em crianças grandes, mantendo intactas a<<strong>br</strong> />

ignorância e a conduta infantil. Assim, o mundo limitado que criamos para nós mesmos através das<<strong>br</strong> />

nossas conquistas e derrotas no plano material transforma-se na nossa única realidade, na qual<<strong>br</strong> />

ficamos girando e girando, presos no nosso parquinho de diversões particular. E assim, a vida vai<<strong>br</strong> />

passando...”.<<strong>br</strong> />

11 Excepcionalmente, neste tópico este sintetizador-reprodutor abordou um diálogo entre Naciketas<<strong>br</strong> />

e Yama. Ao mesmo tempo, interligou dois conjuntos de versos apontados por Tinôco para<<strong>br</strong> />

demonstrá-lo, isto é, uniu os versos 1 e 2 do capítulo 2 da primeira parte <strong>com</strong> os versos 4, 5 e 6 ,<<strong>br</strong> />

inserindo <strong>com</strong>o parte integrante do diálogo o verso 3.<<strong>br</strong> />

5


“Ó Naciketas, após ponderar bem, percebo que os prazeres que são ou parecem<<strong>br</strong> />

deleitosos, vós já a eles renunciastes. Abandonastes a roda da abundância e da<<strong>br</strong> />

riqueza, escolhida por muitos” [Parte I; (2,3)] 12;<<strong>br</strong> />

“Os caminhos a serem escolhidos são os seguintes: a ignorância e aquilo que pode<<strong>br</strong> />

ser designado por Conhecimento. Eu vos considero um firme aspirante ao caminho<<strong>br</strong> />

do Conhecimento. Os prazeres sensoriais não irão tentar-vos nesse caminho” [Parte<<strong>br</strong> />

I; (2,4)];<<strong>br</strong> />

“Os tolos moram nas som<strong>br</strong>as, embora considerem a si próprios <strong>com</strong>o sábios e<<strong>br</strong> />

eruditos. Assim, de ronda em ronda, por muitos caminhos tortuosos, os tolos se<<strong>br</strong> />

assemelham a um cego que guia outro cego” [Parte I; (2,5)];<<strong>br</strong> />

“O outro mundo nunca se revela a se mesmo a uma pessoa discriminadora e<<strong>br</strong> />

perplexa diante da ilusão das riquezas. Essas pessoas pensam: ‘Somente este<<strong>br</strong> />

mundo existe, não há outro’. Assim, permanecem, sempre e sempre, sob o meu<<strong>br</strong> />

domínio” [Parte I; (2,6)].<<strong>br</strong> />

2.12. A gênese do universo, do mundo e do ser humano 13 :<<strong>br</strong> />

3. Comentários<<strong>br</strong> />

14 15<<strong>br</strong> />

É considerado um texto popular e de muita clareza, em virtude da sua <strong>br</strong>evidade e de fácil<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preensão dos seus enunciados místicos. É elaborado em função de uma narrativa em<<strong>br</strong> />

forma de diálogo, entre um menino chamado Naciketas e Yama. Irado <strong>com</strong> o filho o pai o<<strong>br</strong> />

envia ao reino dos mortos, controlado por um Deva chamado Yama. Atendendo aos pedidos<<strong>br</strong> />

de Naciketas, Yama, <strong>com</strong> relutância, lhe ensina o Yoga, palavra que aparece de forma<<strong>br</strong> />

explícita.<<strong>br</strong> />

As influências dos antigos rituais védicos ainda se fazem sentir no texto. 16 A fórmula<<strong>br</strong> />

vedanta Atman = Brahman = luz, aparece nesta <strong>Upanishad</strong> <strong>com</strong> muita clareza.<<strong>br</strong> />

Há referência ao Prana e ao Apana, dois tipos de força vital. No texto original, há três<<strong>br</strong> />

referências ao Yoga <strong>com</strong>o um caminho para a identificação de Atman <strong>com</strong> Brahman.<<strong>br</strong> />

Apesar de afirmar a existência da vida depois da morte, o texto é vago so<strong>br</strong>e essa outra<<strong>br</strong> />

“vida”.<<strong>br</strong> />

Nesta <strong>Upanishad</strong>, vale destacar os seguintes aspectos:<<strong>br</strong> />

3.1. Um trecho de grande força espiritual é a alegoria da carruagem, onde é feita analogia<<strong>br</strong> />

entre o Atman cativo no corpo e o passageiro da carruagem, observando o cocheiro que<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>anda os cavalos através das rédeas. Os cavalos representam os sentidos físicos, as<<strong>br</strong> />

rédeas representam a mente; o cocheiro representa buddhi, a parte mais no<strong>br</strong>e e racional<<strong>br</strong> />

12 Esta passagem lem<strong>br</strong>a muita parte do diálogo que Deus teve <strong>com</strong> Salomão transcrito nos<<strong>br</strong> />

versículos 7 a 12 do capítulo 3 da História do Reino de Salomão contida na Bíblia Sagrada.<<strong>br</strong> />

13 Assim <strong>com</strong>o no tópico oitavo, Tinôco nada selecionou o que pressupõe que esta <strong>Upanishad</strong> não<<strong>br</strong> />

aborda a gênese do universo, do mundo e do ser humano.<<strong>br</strong> />

14 De responsabilidade de Carlos Alberto Tinôco.<<strong>br</strong> />

15 Pedro Kupfer argumenta quatro grandes temas em <strong>Katha</strong> <strong>Upanishad</strong>; há vida além da morte?<<strong>br</strong> />

[Parte II], contida em Cadernos de Yoga, de Inverno de 2004 [p. 18-20]: “O tema central de todas as<<strong>br</strong> />

<strong>Upanishad</strong>s, assim <strong>com</strong>o da filosofia vedanta, é a identidade entre Brahman, o Ser Absoluto, e o<<strong>br</strong> />

atman, a alma individual ... O segundo desses temas refere-se à figura do guru; nesta vida, não<<strong>br</strong> />

podemos aspirar à realização espiritual sem a ajuda de um mestre vivo realizado ... O terceiro<<strong>br</strong> />

grande assunto desta segunda parte da <strong>Katha</strong> é a prática de Yoga <strong>com</strong>o veículo para a realização ...<<strong>br</strong> />

O quarto grande tema desta o<strong>br</strong>a é a lei do karma, o princípio de casualidade através do qual cada<<strong>br</strong> />

ser humano determina seu próprio destino...”.<<strong>br</strong> />

16 Tinôco ratifica que a <strong>Katha</strong> <strong>Upanishad</strong> <strong>com</strong>o exposta nesta síntese-reprodução foi baseada numa<<strong>br</strong> />

tradução do texto modificado de Swami Nikhilananda [vide nota de roda pé n° 2], <strong>com</strong>parada <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

outras traduções inglesas e <strong>com</strong> a tradução em português da mesma <strong>Upanishad</strong>, constante do livro<<strong>br</strong> />

de Prabhavananda e Manchester.<<strong>br</strong> />

6


da mente. O corpo físico representa a carruagem. O Atman é o passageiro que apenas<<strong>br</strong> />

observa a paisagem. É importante que os cavalos, irados, não assumam o <strong>com</strong>ando da<<strong>br</strong> />

carruagem. Ao contrário, os sentidos devem ser <strong>com</strong>andados pela mente. Daí, a carruagem<<strong>br</strong> />

pode caminhar <strong>com</strong> equilí<strong>br</strong>io 17;<<strong>br</strong> />

3.2. O verso (I, 2, 11) 18, <strong>com</strong> a sua beleza, dá ao texto maior poder espiritual;<<strong>br</strong> />

3.3. O verso (II, 1, 15) 19 nos remete a uma discussão vedantina de natureza<<strong>br</strong> />

monista, defendida por Shankaracharya. O Atman, ao encontrar Brahman, fundese<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> Ele, perdendo a sua individualidade? Os vedantinos dizem que não, o<<strong>br</strong> />

Atman não perde sua individualidade ao encontrar Brahman. Está discussão<<strong>br</strong> />

permeia as diferentes escolas vedantas;<<strong>br</strong> />

3.4. O verso (I, 3, 1) 20 diz que residem no coração do homem dois seres, o Ser<<strong>br</strong> />

Individual e o Supremo Ser ou Brahman. Dentro do coração há um espaço<<strong>br</strong> />

denominado Brahmapuram pelos sábios vedantas, onde ambos residem. Durante a<<strong>br</strong> />

primeira fase da meditação, o aspirante contempla Brahman <strong>com</strong>o um espaço<<strong>br</strong> />

luminoso dentro do coração. No segundo estágio, o aspirante percebe Brahman<<strong>br</strong> />

refletido em buddhi ou no intelecto. É então que ele realiza a si mesmo, percebendo<<strong>br</strong> />

sua consciência <strong>com</strong>o a Consciência Cósmica. Os vedantas se referem ao akaska<<strong>br</strong> />

(éter) localizado dentro do coração, <strong>com</strong>o um espaço luminoso, infinitamente mais<<strong>br</strong> />

puro do qualquer outro akaska. Nesse verso, tanto o Ser individual <strong>com</strong>o o<<strong>br</strong> />

Supremo Ser (Brahman) são os desfrutadores dos frutos das ações 21 . Na verdade,<<strong>br</strong> />

apenas Jiva é o desfrutador. O Brahman é a testemunha silenciosa das atividades<<strong>br</strong> />

do ser individual. Enquanto o primeiro está envolvido <strong>com</strong> as ações no mundo, o<<strong>br</strong> />

Brahman é livre. Estas são questões típicas do vedanta;<<strong>br</strong> />

3.5. Deve-se enfatizar a coragem e a determinação 22 do menino Nikacetas, em<<strong>br</strong> />

querer saber so<strong>br</strong>e verdade espiritual. Este aspecto é realmente <strong>com</strong>ovente;<<strong>br</strong> />

17 Releia o conjunto de versos (3,4-13) da Parte I.<<strong>br</strong> />

Ilustrando <strong>com</strong>plementarmente <strong>com</strong> Mircea Eliade, em Yoga: Imortalidade e Liberdade, publicado<<strong>br</strong> />

em São Paulo, pela Editora Palas Athena, em 2004, à página 108/109: “O homem que é<<strong>br</strong> />

perfeitamente senhor de si é <strong>com</strong>parado a um hábil cocheiro, que sabe dominar seus sentidos:é esse<<strong>br</strong> />

homem que conquista a liberação ... Ainda que o Yoga não seja mencionado, a imagem é<<strong>br</strong> />

especificamente yóguica ... Esta alusão não é sem importância; revela a existência de um sistema de<<strong>br</strong> />

fisiologia mística a respeito do qual os textos posteriores, so<strong>br</strong>etudo as Upanisads Yóguicas e a<<strong>br</strong> />

literatura tântrica, acrescentarão mais e mais detalhes”.<<strong>br</strong> />

18 “Os desejos humanos, os fundamentos do mundo, a praia onde não há medos, que é adorável e<<strong>br</strong> />

grandiosa, tudo isso vós já percebestes; sendo um sábio, nada disso pode vos prender”.<<strong>br</strong> />

19 “Assim <strong>com</strong>o a água pura vertida no rio cristalino, torna-se una <strong>com</strong> ele, a mente do sábio ao<<strong>br</strong> />

encontrar Brahman, ó Guatama (Naciketas), torna-se una <strong>com</strong> ele”.<<strong>br</strong> />

20 “Há dois seres habitando dentro do corpo, no buddhi – o Jivatman (ou ser individual) e<<strong>br</strong> />

Paramatman (o Supremo Ser). Ambos é o supremo éter residente no coração e percebem os<<strong>br</strong> />

resultados das boas e más ações. Os conhecedores de Brahman descrevem ambos <strong>com</strong>o luz. É algo<<strong>br</strong> />

semelhante às oblações do ritual dos Cinco Fogos, ou àqueles que realizam por três vezes o Ritual<<strong>br</strong> />

Naciketas”.<<strong>br</strong> />

21 Por isso que talvez esteja lem<strong>br</strong>ado no Bhagavad Gita, no contexto da teoria do desapego, que<<strong>br</strong> />

todos os frutos, tanto da ação quanto da inação, devem ser dedicados à OM.<<strong>br</strong> />

22 E lem<strong>br</strong>a também muito o esforço [energia e disciplina] necessário para se alcançar a restrição<<strong>br</strong> />

das atividades da mente, conforme orienta Patanjali nos versos (I, 12-14) do Yoga Sutras,<<strong>br</strong> />

respectivamente: “A restrição delas vem pelo esforço e pela ausência de paixão”; “O esforço é a<<strong>br</strong> />

dedicação no sentido da estabilidade”; e “Ela se torna segura através da dedicação intensa,<<strong>br</strong> />

duradoura e contínua” [Martins, Roberto de A. Significado e Bases do Rãja-Yoga. Rio de Janeiro:<<strong>br</strong> />

Corifeu, 2007; p. 83]. O próprio verso (II, 3, 17) transcrito na nota de roda pé n° 27 ratifica a<<strong>br</strong> />

necessária dedicação para trilhar o caminho que leva à libertação. Vários versos das <strong>Upanishad</strong>s do<<strong>br</strong> />

Yoga, reproduzidas por Tinôco no livro citado na nota de roda pé n° 5, traduzem essa orientação.<<strong>br</strong> />

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3.6. Os versos (I, 3, 10-12) 23 se referem ao Purusha <strong>com</strong>o o Supremo Ser, situado<<strong>br</strong> />

além do Atman e do Imanifesto. Para o autor do texto, Purusha e Brahman seriam<<strong>br</strong> />

a mesma coisa;<<strong>br</strong> />

3.7. O verso (II, 1, 4) 24 nos remete mais uma vez, às discussões vedantinas;<<strong>br</strong> />

3.8. O verso (I, 3, 14) se refere à importância do mestre espiritual na busca da<<strong>br</strong> />

libertação 25 ;<<strong>br</strong> />

3.9. Os versos (II, 2, 3-5) 26 se referem a um exercício de Yoga, que consiste em unir<<strong>br</strong> />

no Chakra Manipura, o Prana e o Apana;<<strong>br</strong> />

3.10. O verso (II, 3, 17) 27 limita o tamanho do Purusha ao de um polegar. Como<<strong>br</strong> />

pode o Purusha, que está além do Atman, permeando todo o universo, possuir as<<strong>br</strong> />

dimensões de um polegar, segundo esta <strong>Upanishad</strong>? 28 ;<<strong>br</strong> />

Certamente, esta é uma das mais belas <strong>Upanishad</strong>s. A ansiosa busca espiritual de<<strong>br</strong> />

Naciketas, consubstanciada na sua última pergunta 29 feita a Yama, tem <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

resposta: o Yoga! É o Yoga quem liberta o homem da morte. Yoga foi o que Yama<<strong>br</strong> />

ensinou a Naciketas 30 .<<strong>br</strong> />

Registramos <strong>com</strong>o exemplo o verso 15 da Yogatattva <strong>Upanishad</strong>, à página 183: “O yoguin<<strong>br</strong> />

esclarecido / de deseja a libertação / deve esforçar-se ao mesmo tempo / por adquirir o<<strong>br</strong> />

conhecimento / e praticar o Yoga de modo conveniente / pois a fonte da infelicidade está na<<strong>br</strong> />

ignorância”.<<strong>br</strong> />

23 Vide sua transcrição no item 2.4 acima.<<strong>br</strong> />

24 “… Ao realizar o Atman que a tudo permeia o homem não é mais atormentado pelo sofrimento”.<<strong>br</strong> />

25 Este <strong>com</strong>entário está ratificado no item 2.7 acima, onde consta o verso mencionado transcrito.<<strong>br</strong> />

26 Releia, na ordem natural, os versos (II, 2, 3) e (II, 2, 5) já transcritos no item 2.5 acima,<<strong>br</strong> />

intercalando-os <strong>com</strong> o verso (II, 2, 4): “Quando o Ser Interno mora no corpo, identificando-se <strong>com</strong> ele<<strong>br</strong> />

e em seguida, dele se liberta, o que nesse corpo permanece?”.<<strong>br</strong> />

27 “Purusha, o Ser Interno do tamanho aproximado de um polegar, sempre mora no coração do<<strong>br</strong> />

homem. Purusha pode ser separado do corpo humano, mediante a prática da perseverança e da<<strong>br</strong> />

firmeza, do mesmo modo que alguém retira pacientemente o talo de uma folha de relva. Quem<<strong>br</strong> />

assim faz, conhece o Ser Interno que é Brilhante e Imortal, sim, que é Brilhante e Imortal” [negrito<<strong>br</strong> />

meu em função da nota de roda pé n° 22]. Finalizando esse <strong>com</strong>entário, Tinoco adiciona que “para<<strong>br</strong> />

residir no coração do homem, Purusha deve ter as dimensões de um polegar; por ser idêntico a<<strong>br</strong> />

Brahman, Purusha deve ser ilimitado. Esta aparente contradição é uma decorrência da limitação da<<strong>br</strong> />

linguagem humana para traduzir a equivalência entre Purusha e Brahman”.<<strong>br</strong> />

28 Talvez possa porque a própria <strong>Katha</strong> <strong>Upanishad</strong> assegura no verso (I, 2, 20) que “O Atman, [ que<<strong>br</strong> />

é] menor do que a menor coisa, [e ao mesmo tempo] maior que qualquer coisa, está oculto nos<<strong>br</strong> />

corações de todas as criatutras...”. Para tanto, adota-se o <strong>com</strong>entário 3.6 acima de Tinoco,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>binado <strong>com</strong> a equação fundamental das <strong>Upanishad</strong>s de que Brahman = Atman.<<strong>br</strong> />

29 Releia o item 2.11 <strong>com</strong>binado <strong>com</strong> o 2.3 acima.<<strong>br</strong> />

30 Este ensinamento pode e talvez deva ser <strong>com</strong>binado <strong>com</strong> a orientação de Patanjali contida no<<strong>br</strong> />

verso (II, 28) do Yoga Sutras: “Pela prática dos mem<strong>br</strong>os do Yoga elimina-se a impureza e obtém-se o<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>ilho do conhecimento discriminativo” [Martins, Roberto de A. Significado e Bases do Rãja-Yoga.<<strong>br</strong> />

Rio de Janeiro: Corifeu, 2007; p. 92].<<strong>br</strong> />

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