Katha Upanishad - Antoniojosebotelho.argo.com.br

“Ó Naciketas, após ponderar bem, percebo que os prazeres que são ou parecem<br />
deleitosos, vós já a eles renunciastes. Abandonastes a roda da abundância e da<br />
riqueza, escolhida por muitos” [Parte I; (2,3)] 12;<br />
“Os caminhos a serem escolhidos são os seguintes: a ignorância e aquilo que pode<br />
ser designado por Conhecimento. Eu vos considero um firme aspirante ao caminho<br />
do Conhecimento. Os prazeres sensoriais não irão tentar-vos nesse caminho” [Parte<br />
I; (2,4)];<br />
“Os tolos moram nas sombras, embora considerem a si próprios como sábios e<br />
eruditos. Assim, de ronda em ronda, por muitos caminhos tortuosos, os tolos se<br />
assemelham a um cego que guia outro cego” [Parte I; (2,5)];<br />
“O outro mundo nunca se revela a se mesmo a uma pessoa discriminadora e<br />
perplexa diante da ilusão das riquezas. Essas pessoas pensam: ‘Somente este<br />
mundo existe, não há outro’. Assim, permanecem, sempre e sempre, sob o meu<br />
domínio” [Parte I; (2,6)].<br />
2.12. A gênese do universo, do mundo e do ser humano 13 :<br />
3. Comentários<br />
14 15<br />
É considerado um texto popular e de muita clareza, em virtude da sua brevidade e de fácil<br />
compreensão dos seus enunciados místicos. É elaborado em função de uma narrativa em<br />
forma de diálogo, entre um menino chamado Naciketas e Yama. Irado com o filho o pai o<br />
envia ao reino dos mortos, controlado por um Deva chamado Yama. Atendendo aos pedidos<br />
de Naciketas, Yama, com relutância, lhe ensina o Yoga, palavra que aparece de forma<br />
explícita.<br />
As influências dos antigos rituais védicos ainda se fazem sentir no texto. 16 A fórmula<br />
vedanta Atman = Brahman = luz, aparece nesta Upanishad com muita clareza.<br />
Há referência ao Prana e ao Apana, dois tipos de força vital. No texto original, há três<br />
referências ao Yoga como um caminho para a identificação de Atman com Brahman.<br />
Apesar de afirmar a existência da vida depois da morte, o texto é vago sobre essa outra<br />
“vida”.<br />
Nesta Upanishad, vale destacar os seguintes aspectos:<br />
3.1. Um trecho de grande força espiritual é a alegoria da carruagem, onde é feita analogia<br />
entre o Atman cativo no corpo e o passageiro da carruagem, observando o cocheiro que<br />
comanda os cavalos através das rédeas. Os cavalos representam os sentidos físicos, as<br />
rédeas representam a mente; o cocheiro representa buddhi, a parte mais nobre e racional<br />
12 Esta passagem lembra muita parte do diálogo que Deus teve com Salomão transcrito nos<br />
versículos 7 a 12 do capítulo 3 da História do Reino de Salomão contida na Bíblia Sagrada.<br />
13 Assim como no tópico oitavo, Tinôco nada selecionou o que pressupõe que esta Upanishad não<br />
aborda a gênese do universo, do mundo e do ser humano.<br />
14 De responsabilidade de Carlos Alberto Tinôco.<br />
15 Pedro Kupfer argumenta quatro grandes temas em Katha Upanishad; há vida além da morte?<br />
[Parte II], contida em Cadernos de Yoga, de Inverno de 2004 [p. 18-20]: “O tema central de todas as<br />
Upanishads, assim como da filosofia vedanta, é a identidade entre Brahman, o Ser Absoluto, e o<br />
atman, a alma individual ... O segundo desses temas refere-se à figura do guru; nesta vida, não<br />
podemos aspirar à realização espiritual sem a ajuda de um mestre vivo realizado ... O terceiro<br />
grande assunto desta segunda parte da Katha é a prática de Yoga como veículo para a realização ...<br />
O quarto grande tema desta obra é a lei do karma, o princípio de casualidade através do qual cada<br />
ser humano determina seu próprio destino...”.<br />
16 Tinôco ratifica que a Katha Upanishad como exposta nesta síntese-reprodução foi baseada numa<br />
tradução do texto modificado de Swami Nikhilananda [vide nota de roda pé n° 2], comparada com<br />
outras traduções inglesas e com a tradução em português da mesma Upanishad, constante do livro<br />
de Prabhavananda e Manchester.<br />
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