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A formação do cavaleiro: Perceval ou O Conto do Graal ... - Mirabilia

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COSTA, Ricar<strong>do</strong> da (coord.). <strong>Mirabilia</strong> 4<br />

130<br />

Jun-Dez 2005/ISSN 1676-5818<br />

sitiantes, demonstran<strong>do</strong> força e bravura incomuns. Brancaflor apaixona-se<br />

pelo protetor e, aparentemente, <strong>Perceval</strong> atinge a maturidade, pois prov<strong>ou</strong> sua<br />

coragem e conquist<strong>ou</strong> o amor de uma nobre <strong>do</strong>nzela.<br />

Entretanto, o herói está ansioso por saber notícias da mãe, e parte novamente.<br />

Ao fim de uma jornada longa e cansativa, <strong>Perceval</strong> avista um magnífico<br />

castelo, onde poderia passar a noite. O senhor <strong>do</strong> palácio — conheci<strong>do</strong> como<br />

Rei Pesca<strong>do</strong>r, visto que se tornara paralítico em função de um ferimento, e<br />

desde então seu único passatempo era a pescaria — recebe-o muito bem e<br />

oferece-lhe uma espada. Em seguida, durante a ceia, <strong>Perceval</strong> vê um estranho<br />

cortejo passar pela sala: primeiramente, um valete que portava uma lança de<br />

cuja ponta vertia uma gota de sangue, segui<strong>do</strong> por mais <strong>do</strong>is cria<strong>do</strong>s com<br />

candelabros, abrin<strong>do</strong> passagem para uma <strong>do</strong>nzela que tinha nas mãos<br />

um graal luminoso, feito de <strong>ou</strong>ro fino e orna<strong>do</strong> com diversas pedras preciosas,<br />

seguida por <strong>ou</strong>tra <strong>do</strong>nzela que trazia um prato de prata.<br />

O autor não explica o significa<strong>do</strong> da misteriosa procissão: caberia a <strong>Perceval</strong><br />

descobri-lo, porém a interrupção da novela deix<strong>ou</strong> o enigma inconcluso. A<br />

tradição posterior costuma identificar a lança que sangrava com a lança de<br />

Longino, solda<strong>do</strong> que perfur<strong>ou</strong> o flanco de Cristo na Cruz, e o <strong>Graal</strong> com o<br />

cálice utiliza<strong>do</strong> por Cristo na última ceia, mas não é certo que Chrétien de<br />

Troyes tivesse esta intenção.<br />

De qualquer mo<strong>do</strong>, <strong>Perceval</strong> queda mu<strong>do</strong> diante de todas essas maravilhas.<br />

Ele não pergunta por que a lança chora sangue nem para que serve o <strong>Graal</strong>,<br />

pois se lembra <strong>do</strong>s conselhos de seu mestre de cavalaria e teme fazer papel de<br />

ignorante <strong>ou</strong> grosseiro diante <strong>do</strong> Rei Pesca<strong>do</strong>r. No dia seguinte poderia<br />

perguntar a algum cria<strong>do</strong> o que significava aquilo tu<strong>do</strong>, pensa; ao acordar,<br />

entretanto, nota que o castelo está vazio. Resigna<strong>do</strong>, reinicia a viagem de volta<br />

para casa.<br />

No caminho, <strong>Perceval</strong> encontra uma <strong>do</strong>nzela que esclarece em parte o<br />

sucedi<strong>do</strong>: se ele tivesse pergunta<strong>do</strong> o que significava o <strong>Graal</strong> e quem era<br />

servi<strong>do</strong> por ele, o Rei Pesca<strong>do</strong>r teria si<strong>do</strong> cura<strong>do</strong> e a paz voltaria a seu reino.<br />

Após repreender duramente a falta de curiosidade <strong>do</strong> <strong>cavaleiro</strong>, a jovem<br />

pergunta como ele se chamava; “e ele”, diz o autor, “que não sabia o próprio<br />

nome, subitamente s<strong>ou</strong>be, e respondeu que era <strong>Perceval</strong>, o galês” (p. 71). A<br />

<strong>do</strong>nzela revela então que era sua prima e dá notícias sobre a mãe de <strong>Perceval</strong>,<br />

dizen<strong>do</strong> que ela havia morri<strong>do</strong> de tristeza logo depois da partida <strong>do</strong> filho.<br />

O reencontro de <strong>Perceval</strong> com o séquito de Artur poderia ser considera<strong>do</strong> o<br />

termo <strong>do</strong> processo educativo <strong>do</strong> jovem galês, pois ele é recebi<strong>do</strong> pelo rei<br />

como um <strong>cavaleiro</strong> respeitável, que já havia da<strong>do</strong> mostras de coragem e

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