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Esclerose Lateral Amiotrófica - Tudo Sobre Ela

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<strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica<br />

Atualização 2010


Abrela


Membro da Aliança<br />

Internacional das<br />

Associações de <strong>Esclerose</strong><br />

<strong>Lateral</strong> Amiotrófica<br />

<strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica<br />

Atualização 2010<br />

Resumo do<br />

XXI Simpósio Internacional de ELA/DNM<br />

Orlando − Estados Unidos da América<br />

11 a 13 dezembro de 2010<br />

Realização da ABrELA – Associação Brasileira de <strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica<br />

membro da International Alliance of ALS/MND Associations em parceria<br />

com a UNIFESP/EPM, Hope ALS Foundation (EUA) e FUNDELA (Espanha) com<br />

patrocínio da Sanofi Aventis.<br />

ABrELA no Brasil:<br />

ABrELA – Associação Brasileira de ELA de São Paulo.<br />

ARELA/RS – Associação Regional de ELA do Rio Grande do Sul.<br />

ARELA/MG – Associação Regional de ELA de Minas Gerais.<br />

Associações Amigas:<br />

IPG – Instituto Paulo Gontijo de São Paulo.<br />

ASDM/RN – Associação de Distrofia Muscular e Outras Doenças Neuromusculares<br />

de Natal/Rio Grande do Norte.<br />

GAPE – Grupo de Apoio aos Pacientes com ELA/DNM – Rio de Janeiro<br />

Comunidade ELA Brasil.<br />

Missão – Oferecer uma melhor qualidade de vida aos pacientes com esclerose<br />

lateral amiotrófica, por meio de orientação, informação e assistência social<br />

aos pacientes e familiares, e divulgação de informações sobre o diagnóstico<br />

e tratamento desta doença para a sociedade e profissionais da saúde.<br />

Visão – Ser referência nacional para informações referente a diagnóstico,<br />

tratamento e otimização da sobrevida aliada a qualidade de vida de<br />

pacientes com <strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica.


Editores<br />

• Abrahão Augusto Juviniano<br />

Quadros<br />

• Acary Souza Bulle Oliveira<br />

• Francisco Tellechea Rotta<br />

• Marco Antonio T. Chieia<br />

• Maria Teresa Salas Campos<br />

• Tatiana Mesquita e Silva<br />

• Sara Feldman<br />

Diretor Científico da ABrELA e docente da<br />

disciplina<br />

de reabilitação neurológica do UNASP/SP<br />

Presidente Fundador e Presidente do<br />

Conselho Deliberativo da ABrELA<br />

Diretor Científico da ARELA/RS e<br />

representante<br />

da ABrELA como membro diretor da<br />

International Alliance Associations of ALS<br />

Responsável pelo ambulatório de ELA da<br />

Unifesp/EPM<br />

Coordenadora da FUNDELA – Madri,<br />

Espanha<br />

Presidente da ABrELA<br />

Fisioterapeuta da ALS Hope<br />

Foundation – EUA<br />

Contribuições<br />

• Élica Fernandes<br />

• Patricia Stanich<br />

Gerente Executiva e Social da ABrELA<br />

Responsável pelo ambulatório de nutrição<br />

de ELA<br />

da UNIFESP/EPM<br />

Ficha Catalográfica:<br />

Abrahão Augusto Juviniano Quadros,<br />

Acary Souza Bulle Oliveira,<br />

Élica Fernandes, Francisco Tellechea Rotta,<br />

Marco Antonio Trocolli Chieia,<br />

Sarah Feldmam,Tatiana Mesquita e Silva,<br />

Tereza Salas.<br />

Resumo do XXI Simpósio Internacional de ELA/DNM<br />

<strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica: Atualização 2010<br />

11 a 13 de dezembro de 2010 – Orlando/Estados Unidos da América<br />

ABrELA – Associação Brasileira de <strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica – 44 páginas<br />

Amyotrophic <strong>Lateral</strong> Sclerosis: News 2010<br />

Summary of 21st International Symposium on ALS/MND<br />

December 11-13/2010 – Orlando/United States of America


índice<br />

Lista de Abreviaturas................................................................................................................... 5<br />

INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 7<br />

XVIII REUNIÃO DA ALIANÇA INTERNACIONAL DAS ASSOCIAÇÕES DE ELA................................... 8<br />

FóRUM DOS PROFISSIONAIS ALIADOS............................................................................................. 13<br />

XXI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ELA/DNM.................................................................................. 20<br />

EPIDEMIOLOGIA.................................................................................................................................................................... 20<br />

FISIOPATOLOGIA................................................................................................................................................................... 22<br />

MODELO ANIMAL................................................................................................................................................................. 26<br />

DIAGNÓSTICO........................................................................................................................................................................ 27<br />

TRATAMENTO MEDICAMENTOSO........................................................................................................................................ 28<br />

CUIDADO HOLÍSTICO NA ELA............................................................................................................................................... 28<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................................... 39<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................... 40<br />

equipe................................................................................................................................................ 42


Abrela


<strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica: Atualização 2010 5<br />

Lista de Abreviaturas<br />

ABrELA – Associação Brasileira de <strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica.<br />

AGN – Angiogenin.<br />

AISLA – Associação Italiana de <strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica.<br />

ALSA – Associação Americana de <strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica.<br />

ALS-CBS – Amyotrophic <strong>Lateral</strong> Sclerosis – Cognitive<br />

Behavioral Screen.<br />

ALSFRS-R – Amyotrophic <strong>Lateral</strong> Sclerosis Functional Rating<br />

Scale-Revised.<br />

AME – Atrofia Muscular Espinhal<br />

AMP – Atrofia Muscular Progressiva.<br />

AMPA – 2-Amino-3-(5-Metil-3-oxo 1,2 – oxazol-4-il)<br />

Propanoico Acido oxazol).<br />

ApoE – Apolipoproteína E.<br />

ArELA/MG – Associação Regional de ELA de Minas Gerais.<br />

ArELA/RS – Associação Regional de ELA do Rio Grande do Sul.<br />

ATLIS – Accurate Test of Limb Isometric Strength.<br />

BPI – Brief Pain Inventory.<br />

Ca – Cálcio.<br />

CIVM – Contração Isométrica Voluntária Máxima.<br />

CPAP – Continuos Positive Airway Pressure.<br />

CVF – Capacidade Vital Forçada.<br />

DFT – Demência Fronto Temporal.<br />

DNM – Doença do Neurônio Motor.<br />

DTI – Diffusion Tensor Imaging.<br />

ELA – <strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica.<br />

ELISA – Enzime Linked Immunosorbent Assay<br />

Teste imunoenzimático.<br />

ESO – Escala de Secreção Oral<br />

E-TRAN – Eye – Transfer – Transferência de informação através<br />

dos olhos.<br />

Eye-Link – conexão através dos olhos para permitir a<br />

comunicação.<br />

FDA – Food and Drug Administration.<br />

Flair arm syndrome – síndrome de paraplegia braquial.<br />

Flair Legg syndrome – síndrome de paraplegia crural (pernas).<br />

FUS – Fused in Sarcoma.<br />

G93A – substituição da Glicina , que há normalmente na<br />

posição 93 da proteína, por uma Alanina.<br />

GEMs – Gemini of coiled bodies = corpos enovelados=similares<br />

aos corpos de Cajal.<br />

GEP – Gastrostomia Endoscópica Percutânea<br />

GWAS – Genome World Association Study.<br />

H 2<br />

O 2<br />

– Peóxido de Hidrogênio = água oxigenada.<br />

IAH – Índice de Apnéia e Hipopnéia.<br />

IC – Intervalo de confiança.<br />

IGF1 – Insulin-like growth factor.<br />

IMC – Índice de Massa Corpórea.<br />

In Vitro – Pesquisa feita em tubos de ensaio.<br />

In Vivo – Pesquisa feita diretamente no ser vivo.<br />

IPG – Instituto Paulo Gontijo.<br />

iPSC – Célula Pluripotentes induzidas.<br />

ISRALS – Associação Israelense de <strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica.<br />

Kcal – Quilocalorias.<br />

Kg – Quilo.<br />

LCR – Líquido Cefalorraquiano.<br />

mmHg – milímetros de Mercúrio.<br />

MMII – Membros Inferiores.<br />

MNDA – Associação das Doenças do Neurônio Motor.<br />

MQOL – McGill quality of life.<br />

Não PAF – Paciente sem Atividade Física.<br />

NICE – Instituto Nacional de Excelência Clínica.<br />

O 2<br />

– Oxigênio.<br />

OPTN – Optineurin gene.<br />

PAF – Paciente com Atividade Física.<br />

PAS – Partner Assisted Scanning.<br />

p-NFH – phosohorylated Neurofilament Heavy chain.<br />

PSG – Polissonografia.<br />

Proteinas coat – Proteínas envoltórias – associadas ao processo<br />

de formação e transporte vesicular intracelular.<br />

QV – Qualidade de Vida.<br />

REM – RPM – Rotação por minuto.<br />

RNA – Ácido Ribonucléico.<br />

RNAm – Acido Ribonucléico mensageiro.<br />

SNPs – Polimorfismo de Nucleutídio simples.<br />

SOD – Superóxido Desmutase.<br />

TARDBP – TAR DNA – binding protein = TDP43.<br />

TDI – Instituto de Desenvolvimento de Terapias.<br />

TDP43 – Tar DNA Binding Protein-43.<br />

TLS – Translated in Liposarcoma.<br />

TO – Terapeuta Ocupacional.<br />

TQNE – Tufts Quantitative Neuromuscular Exam.<br />

VNI – Ventilação Não Invasiva.


Abrela


<strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica: Atualização 2010 7<br />

INTRODUÇÃO<br />

O encontro internacional anual de esclerose<br />

lateral amiotrófica (ELA) e outras doenças do<br />

neurônio motor (DNM) foi realizado no hotel<br />

Marriot Grande Lakes na cidade de Orlando,<br />

Estado da Flórida, EUA. O encontro como sempre<br />

ocorre, englobou três eventos: a XVIII Reunião da<br />

Aliança Internacional das Associações de ELA/DNM,<br />

o Fórum dos Profissionais Aliados e o XXI Simpósio<br />

Internacional de <strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica/<br />

Doença do Neurônio Motor.<br />

O Simpósio Internacional de ELA é organizado<br />

pela Associação das Doenças do Neurônio Motor<br />

da Inglaterra, em colaboração com a Aliança<br />

Internacional das Associações de ELA. A escolha dos<br />

Estados Unidos da América para realizar o evento<br />

foi pela comemoração do 25º ano de atuação da<br />

Associação Americana de ELA (ALSA) na luta contra<br />

a doença.<br />

O material divulgado este ano é um trabalho<br />

conjunto da ABrELA – Associação Brasileira de<br />

<strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica, em parceria com<br />

UNIFESP/EPM, ALS Hope Foundation, EUA e da<br />

Fundela, Fundação Espanhola para o Fomento de<br />

Investigação da <strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica com<br />

patrocínio da Sanofi Aventis.<br />

O tema mais discutido, atualmente, e que teve<br />

lugar de destaque no simpósio foi como ocorre<br />

o processo neurodegenerativo em relação às<br />

proteínas de processamento do RNA envolvidas<br />

tanto na ELA familial como na esporádica – a TDP43<br />

e a FUS. A apresentação do trabalho do grupo do<br />

King´s College de Londres, em colaboração com<br />

outros centros europeus, mostrando um estudo de<br />

associação genômica como um fator de risco para<br />

a ELA no cromossomo 9, foi um dos pontos altos<br />

da conferência.<br />

Como habitualmente ocorre, uma das sessões<br />

do simpósio trata do aprendizado de características<br />

de outras doenças relacionadas com a ELA e que<br />

nos ensinam características próprias da ELA. Uma<br />

estreita relação foi encontrada entre a ataxia<br />

espinocerebelar e a ELA, em relação ao mesmo tipo<br />

de mutação, que de acordo com o grau de extensão<br />

podem causar desde um fenótipo de ELA até<br />

fenótipos mais atáxicos. Outros destaques foram<br />

em relação aos biomarcadores, campo de estudo<br />

que tem mais crescido ultimamente em relação<br />

ao entendimento da ELA e sobre a importância<br />

dos cuidados paliativos, que pela primeira vez foi<br />

abordado de maneira prioritária e fundamental<br />

buscando modelos mais definidos para maior<br />

benefício dos pacientes com ELA.


8<br />

Resumo do XXI Simpósio Internacional de ELA/DNM<br />

XVIII REUNIÃO DA ALIANÇA INTERNACIONAL<br />

DAS ASSOCIAÇÕES DE ELA<br />

A Aliança Internacional, fundada em 1992, tem<br />

atualmente 46 países membros, dentre os quais<br />

o Brasil com a Associação Brasileira de <strong>Esclerose</strong><br />

<strong>Lateral</strong> Amiotrófica (ABrELA) e suas regionais −<br />

Associação Regional de ELA do Rio Grande do Sul<br />

(ArELA-RS) e Associação Regional de Minas Gerais<br />

(ArELA-MG). Desde 2008, a ABrELA tem o privilégio<br />

de fazer parte do quadro de diretoria da Aliança<br />

Internacional.<br />

A reunião ocorreu nos dias 08 e 09 de dezembro,<br />

e estavam presentes 96 delegados representando<br />

30 associações membros de 23 países. A reunião<br />

deste ano foi muito interativa e os integrantes<br />

estavam sem crachá de identificação, com intuito<br />

de incentivo a novas amizades e compartilhamento<br />

de ideias. Como de costume, estavam expostos os<br />

“banners” denominados de “March of Faces”, que<br />

são fotos de pacientes de ELA de vários países e, pela<br />

segunda vez, uma paciente brasileira foi incluída,<br />

Alexandra Szafir, advogada e autora do livro<br />

“Descasos – Uma advogada às voltas com o direito<br />

dos excluídos”, editora Saraiva, representando<br />

todos os pacientes do nosso país.<br />

Alexandra Szafir<br />

pacientes com diagnóstico de ELA que vivem no<br />

Irã, onde seu pai nasceu. Durante sua palestra, ela<br />

explicou como começou o grupo chamado Stitching<br />

ALS Iran – Netherland (SAIN), e como funcionam as<br />

unidades de captação de recursos.<br />

Pacientes com ELA do Brasil de origem árabe<br />

que queiram ter mais informação sobre a ELA<br />

na sua língua natal podem acessar o website<br />

www.alsiran.com.<br />

Associação do Peru − ELA Peru apresentou<br />

uma visão geral desta associação recém-formada<br />

que tem como objetivo principal de informar a<br />

população sobre a ELA/DNM. Ainda há pouca<br />

informação sobre a doença no Peru, principalmente<br />

nas áreas mais remotas do país onde as pessoas<br />

acreditam que a doença é resultado de bruxaria.<br />

Eles já criaram atividades de “lobby” para políticas<br />

públicas em nível nacional e também começaram<br />

a recolher equipamentos para empréstimo<br />

aos pacientes.<br />

Pacientes de língua espanhola que vivem<br />

no Brasil que queiram informação da ELA em<br />

sua língua natal podem acessar o website<br />

www.elaperu.org, assim como o site da Fundação<br />

espanhola de ELA – FUNDELA www.fundela.es.<br />

As Associações membros, há mais tempo,<br />

apresentaram relatórios de suas atuações.<br />

Dois novos membros foram apresentados, as<br />

Associações ELA Irã-Holanda e ELA Peru.<br />

A Associação de ELA Irã-Holanda foi<br />

representada por Golshid Al Eshaq, da Holanda,<br />

cujo pai teve ELA. A nova organização foi criada<br />

para apoiar pessoas com o DNM no Irã. Eles criaram<br />

um site em persa e uma fundação destinada a<br />

fornecer apoio financeiro e outros suportes para<br />

A Associação da Irlanda apresentou trabalho do<br />

grupo de Pesquisa do Neurônio Motor que possui<br />

o único banco de material genético da população<br />

irlandesa. Eles têm um banco de dados completo de<br />

todos os casos de ELA/DNM da Irlanda, dos últimos<br />

15 anos, e durante este tempo eles realizaram um<br />

extenso mapeamento e caracterização da doença.<br />

O objetivo do grupo é maximizar os recursos para<br />

apoiar todas as atividades realizadas pela equipe.<br />

Outro item mencionado foi a campanha de<br />

sensibilização denominada “Tractor Girls 2010”, a<br />

única forma de angariar fundos para a Associação<br />

Irlandesa.


<strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica: Atualização 2010 9<br />

A Associação dos EUA – ALSA, que tem 25 anos<br />

de atuação, foi representada por sua presidente<br />

Jane Gilbert, que informou sobre a recente<br />

transformação da associação. Essa transformação<br />

começou há quatro anos com a avaliação de várias<br />

áreas da organização, incluindo: administração;<br />

angariação de fundos; comunicação e tecnologia.<br />

Tornou-se evidente que eles precisavam<br />

recriar-se e desenvolver um novo modelo de<br />

negócios para o atendimento das necessidades<br />

atuais e futuras dos pacientes com ELA, familiares<br />

e cuidadores. As principais alterações foram<br />

mudança da sede da Associação para a capital<br />

do país, Washington-DC; integração da liderança<br />

de seus capítulos (Associações regionais) sob<br />

a mesma administração; desenvolveram um<br />

programa nacional de angariação de fundos<br />

e desenvolvimento; ampliaram e melhoraram<br />

a divulgação e comunicação; melhoraram o<br />

equipamento tecnológico; reduziram o quadro de<br />

pessoal nacional de 50 para 35 pessoas e cortaram<br />

o orçamento operacional em torno de dois<br />

milhões dólares, em contra partida aumentaram<br />

o financiamento e apoio aos centros de cuidados<br />

de ALS e suas regionais. Os principais focos da<br />

ALSA são a pesquisa, cuidado e defesa (advocacia)<br />

dos pacientes.<br />

Pacientes de língua inglesa residentes no Brasil<br />

que queiram ter mais informação poderão acessar<br />

o website − www.alsa.org.<br />

A associação italiana − AISLA informou sobre<br />

os resultados alcançados por meio de parcerias<br />

com outros grupos neuromusculares que<br />

resultou em maior reconhecimento por parte do<br />

governo italiano. Nos últimos anos, observou-se<br />

atividade intensa com o aumento da rede virtual<br />

destacando a importância da cooperação para o<br />

desenvolvimento de tratamento e cuidado das<br />

Doenças Neuromusculares e apoio aos centros de<br />

pesquisa com o apoio e instrução do Ministério<br />

da Saúde italiano. AISLA criou grupos de<br />

trabalho visando tarefas específicas: diagnóstico<br />

– desenvolvimento de “guidelines”; rede virtual e<br />

modelos de tratamento; pesquisa; ensaios clínicos;<br />

registro da doença; reabilitação e; protocolo<br />

integrado de tratamento.<br />

Pacientes residentes no Brasil de língua italiana<br />

poderão ter maiores informações sobre a doença e<br />

seu tratamento no site − www.aisla.it.<br />

A Associação das Doenças do Neurônio Motor<br />

− MNDA, da Inglaterra, País de Gales e Irlanda do<br />

Norte, relatou o resultado do questionário enviado<br />

aos pacientes, em 2010. Os resultados indicaram<br />

que a Associação está fazendo o que os pacientes<br />

com ELA esperam: apoio à investigação, prover<br />

cuidado, apoio e informação aos profissionais de<br />

saúde. Foi demonstrada uma grande satisfação<br />

aos principais serviços oferecidos pela Associação,<br />

justificando-se um dramático aumento da procura<br />

de informação e orientação. Os entrevistados<br />

consideraram que o diagnóstico precoce, os<br />

centros de tratamento de ELA/DNM (clínicas) e o<br />

conhecimento dos profissionais são as questões<br />

mais importantes sobre a doença.<br />

O prazo para a primeira consulta com<br />

encaminhamento para o neurologista permanece<br />

o mesmo quando comparado com 2005. Entretanto,<br />

uma vez que seja atendido, o retorno do paciente<br />

ao neurologista é mais rápido, fato relacionado<br />

às metas do Serviço Nacional de Saúde (SNS), com<br />

consulta de retorno de 4 a 6 semanas da primeira<br />

consulta. A pesquisa confirmou que 34% dos<br />

membros da MNDA não souberam da existência da<br />

Associação no momento do diagnóstico, mas 75%<br />

já tinham ouvido falar, 25% não estavam ligados a<br />

um centro de tratamento de ELA e não recebiam<br />

orientações sobre os cuidados necessários.<br />

A pesquisa levantou questões importantes<br />

concernentes às atitudes a serem tomadas na fase<br />

final da doença; 25% dos entrevistados quiseram<br />

falar, mas não lhes foi dada oportunidade. No<br />

entanto, 50% não pretendem discutir coisa alguma<br />

sobre este assunto, indicando tanto para a Associação<br />

como para os profissionais a necessidade de atentar<br />

para essa questão extremamente delicada.<br />

As principais áreas de ação como um resultado<br />

da pesquisa foram: Cuidados no final da doença<br />

− vinculação com o Instituto Nacional de Saúde<br />

e Excelência Clínica (National Institute for Health<br />

and Clinical Excellence – NICE) para apoiar o<br />

desenvolvimento de padrões para o final da<br />

vida; conscientização – trabalhando com o Royal<br />

College of General Practitioners foi proposta a<br />

indicação de uma clínica referência para aumentar<br />

a sensibilidade e conhecimento da ELA/DNM;<br />

independência − trabalhando com o Ministério<br />

da Saúde em um modelo nacional de entrega de<br />

cadeira de rodas. Os resultados da pesquisa do Reino


10<br />

Resumo do XXI Simpósio Internacional de ELA/DNM<br />

Unido têm relevância para todas as Associações de<br />

ELA, que devem realizar um trabalho de divulgação<br />

junto aos centros de referência e atendimento,<br />

afim de que os pacientes possam ser orientados<br />

a procurar as informações disponibilizadas por<br />

essas associações.<br />

A Associação de Israel − ISRALS informou<br />

sobre o progresso do departamento de cuidado<br />

e apoio ao paciente. A Associação foi criada, em<br />

2004, com o objetivo inicial de apoiar e incentivar a<br />

pesquisa. Estima-se que existam cerca de 600 a 700<br />

pacientes com ELA em Israel, 310 estão cadastrados<br />

na Associação.<br />

Em 2008, os cuidados e apoio aos pacientes com<br />

ELA também se tornaram prioridade, e dois serviços<br />

foram criados: uma linha telefônica 24 horas que<br />

permite aos pacientes falarem com um neurologista<br />

e outro profissional da equipe e também um curso<br />

para informar pacientes recém-diagnosticados<br />

e suas famílias. Dentre as atividades do último<br />

ano destacaram-se o treinamento e formação de<br />

enfermeiros e outros profissionais de saúde e a<br />

muito bem sucedida campanha de conscientização<br />

realizada em Tel Aviv, onde manequins foram<br />

construídos à beira-mar representando as pessoas<br />

que morreram com ELA/DNM, nos últimos 12 meses.<br />

Campanha de conscientização realizada em Tel Aviv<br />

Pacientes de origem judaica residentes no<br />

Brasil que queiram mais informações sobre a<br />

ELA na língua hebraica devem acessar o site<br />

www.israls.org.il.<br />

A Liga de ELA da Bélgica informou sobre os<br />

15 anos de atividades e o que eles gostariam de<br />

alcançar no futuro. Dentre as atividades realizadas<br />

estão o estabelecimento de conferência anual<br />

para pacientes e profissionais de saúde. O último<br />

evento teve o apoio da Aliança com a presença<br />

de Donna Corbett e Kathy Mitchell. O programa<br />

de fornecimento de equipamento para pacientes<br />

com mais de 60 anos que não têm acesso aos<br />

equipamentos distribuídos pelo governo têm<br />

sido um grande sucesso e é um importante<br />

foco da organização. Eles já recolheram<br />

tantos equipamentos que estão doando esses<br />

equipamentos para associações de outros países<br />

que necessitem. Eles continuam a campanha de<br />

angariação de fundos para construção de um<br />

Centro de Atendimento Nacional ELA, já<br />

levantando mais de dois milhões da meta de 4<br />

milhões de dólares. O Centro de prestação de<br />

cuidados hospitalares e descanso para os pacientes<br />

será o primeiro desse tipo no país e estará ligado à<br />

Organização Belga de ELA, bem como a hospitais<br />

e universidades. Para informações sobre os<br />

equipamentos disponíveis para doação acesse o<br />

site www.alsliga.be.<br />

Steve Perrin, presidente do Instituto de<br />

Desenvolvimento de Terapia de ELA (ALS TDI –<br />

ALS Therapy Development Institute) apresentou<br />

as atualizações desse instituto de biotecnologia,<br />

sem fins lucrativos, dedicado à descoberta<br />

e desenvolvimento de tratamentos eficazes<br />

para ELA. O Instituto funciona facilitando a<br />

pesquisa em Cambridge, Massachusetts, para<br />

isso montou-se uma equipe de 25 especialistas<br />

em desenvolvimento de fármacos que atuam<br />

no sentido de melhorar a compreensão dos<br />

mecanismos celulares e moleculares do início e<br />

progressão da doença, bem como executar mais de<br />

30 programas de desenvolvimento pré-clínico das<br />

drogas com base nestes mecanismos moleculares.<br />

O Instituto acredita que a indústria farmacêutica<br />

e de biotecnologia está prestes a entrar numa<br />

nova era de desenvolvimento de medicamentos.<br />

O Dr. Perrin falou sobre esta nova era de como<br />

os biólogos e químicos enfrentam o desafio para<br />

desenvolver drogas de muitas formas diferentes<br />

e como cada grupo criou nova tecnologia<br />

para avançar nos esforços de desenvolvimento<br />

de medicamentos.<br />

Um ponto alto do primeiro dia da reunião<br />

da Aliança foi o lançamento do novo livro de<br />

Tratamento Respiratório na ELA de Lee Guion que<br />

está disponível para compra no site www.jbpub.com.<br />

Na ocasião, Dee Norris falou sobre a importância<br />

do livro em informar aos profissionais da saúde a<br />

prescrever e usar a ventilação não invasiva (VNI).<br />

<strong>Ela</strong> apresentou as novas evidências sobre o uso<br />

de VNI para a melhoria da qualidade de vida dos<br />

pacientes no mundo inteiro.


<strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica: Atualização 2010 11<br />

A Associação de DNM de Taiwan, que funciona<br />

desde 1997, e o Comitê Chinês de ELA apresentaram<br />

o modelo de parceria com a Aliança para melhorar<br />

a vida dos pacientes de ELA no mundo inteiro.<br />

Dr. Ching Piao falou sobre a conferência anual de<br />

ELA que a sua organização realizou na região nos<br />

últimos anos e como esse evento ajudou a construir<br />

ligações entre os profissionais do seu país.<br />

A Associação da China ainda não é membro<br />

oficial, mas a parceria com a Aliança permitiu<br />

a realização do primeiro Simpósio sobre ELA<br />

em Pequim, em junho de 2010. Foi a primeira<br />

Associação de Apoio a um grupo de pacientes a<br />

realizar um evento desse tipo na China.<br />

Min Huang, vice-secretário-geral do Comitê<br />

Chinês de ELA, mostrou o trabalho feito por sua<br />

organização e falou sobre seu objetivo de usar a<br />

televisão e outras estratégias de publicidade para<br />

melhorar a informação sobre a ELA na China. O<br />

Comitê já tem 3.000 membros e prevê que pode<br />

aumentar dramaticamente à medida que se<br />

conheça melhor a doença no país. Eles pretendem<br />

desenvolver um banco de registro de pacientes.<br />

Pacientes de origem chinesa residentes<br />

no Brasil podem obter mais informação<br />

sobre a ELA nos sites www.mnda.org.tw<br />

e www.jdr.cmda.org.cn.<br />

Marcela Gontijo, vice-presidente do Instituto<br />

Paulo Gontijo–IPG, falou sobre o prêmio Paulo<br />

Gontijo (PG) para pesquisadores de ELA estudantes<br />

e profissionais.<br />

Tatiana Mesquita e Silva, Presidente da ABrELA, à esquerda e<br />

Marcela Gontijo, à direita<br />

O primeiro prêmio PG foi dado em 2007 e, em<br />

2009, o número de candidatos aumentou 400%. As<br />

inscrições para o próximo prêmio já estão abertas<br />

e será entregue no Simpósio Internacional de<br />

ELA /DNM, em 2011, na Austrália. O Prêmio PG é<br />

composto por 20.000 dólares americanos e uma<br />

medalha de ouro. Marcela informou também<br />

sobre um novo recurso online chamado, “ELA Para<br />

Todos”, desenvolvido para fornecer informações<br />

em português sobre ELA/DNM para pacientes,<br />

familiares e profissionais de saúde em todo o<br />

mundo. Para se candidatar ao Prêmio PG consulte<br />

www.ipg.org.br.<br />

Tatiana Mesquita e Silva, Presidente da ABrELA,<br />

falou sobre as atividades da Associação nos anos<br />

de 2009 e 2010. Apresentou dados das ações da<br />

ABrELA nesses anos e um breve resumo dos VIII e IX<br />

Simpósio Brasileiros de ELA.<br />

Jeffrey Deitch, professor adjunto do<br />

Departamento de Neurologia da Drexel University<br />

College of Medicine e Diretor Executivo da ALS<br />

Hope Foundation apresentou um resumo dos<br />

termos, atividades e novidades em torno do RNA.<br />

Jeffrey informou que a indústria biofarmacêutica<br />

está repleta de tentativas de aproveitar o poder<br />

dos sítios ativos do RNA e usá-los como terapêutica<br />

para aumentar ou suprimir a expressão de proteínas<br />

no mecanismo de uma doença em particular.<br />

Proteínas recentemente descobertas, como a<br />

TDP-43 e a FUS, que normalmente estão envolvidas<br />

na regulação do RNA, parecem estar relacionadas<br />

com o processo da neurodegeneração e que<br />

quando mutadas podem causar a ELA. Mutações na<br />

TDP-43 causam degeneração celular sob maneira<br />

de dose dependente: quanto maior a expressão<br />

de mutação, maior o comprometimento clínico.<br />

Mutação da FUS está implicada no desenvolvimento<br />

de ELA em idades mais precoces (ELA Juvenil).<br />

Estas descobertas levam a questionar qual o papel<br />

que o RNA desempenha e qual o seu lugar no<br />

processamento da doença do neurônio motor.<br />

Estas descobertas fornecem uma oportunidade<br />

para a intervenção no início e progressão da<br />

doença. Ele se referiu às pesquisas relacionadas a<br />

ELA/DNM e RNA como uma “Revolução Silenciosa”<br />

e sugeriu que o desenvolvimento dessas pesquisas<br />

podem levar, no futuro, à terapêutica com o uso<br />

da terapia gênica, células-tronco e intervenção<br />

de RNA.


12<br />

Resumo do XXI Simpósio Internacional de ELA/DNM<br />

Na tarde do último dia da reunião da Aliança,<br />

houve uma sessão organizada pela associação<br />

anfitriã ALSA, com patrocínio da ALS Hope<br />

Foundation chamada “Pergunte aos especialistas”,<br />

destinada aos pacientes, seus familiares e amigos.<br />

A sessão incluiu uma série de apresentações curtas<br />

com oportunidades para fazer perguntas aos<br />

peritos. Os temas escolhidos foram:<br />

1) Resolvendo um dos grandes mistérios da<br />

história: Por que tão poucos pacientes são<br />

inscritos nos estudos de investigação da ELA?<br />

3) Transplante de célula-tronco neural humana<br />

para o tratamento da ELA;<br />

4) Genética da ALS − o que é novo e que<br />

está próximo?<br />

A necessidade de atenuar as carências no<br />

suporte clínico da doença e a necessidade de<br />

conseguir apoio financeiro para o desenvolvimento<br />

da investigação das causas e possíveis tratamentos,<br />

foram os principais assuntos da reunião.<br />

2) Terapêutica atual e Ensaios Clínicos na ELA;


<strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica: Atualização 2010 13<br />

FóRUM DOS PROFISSIONAIS ALIADOS<br />

O fórum Internacional dos Profissionais Aliados<br />

foi realizado no dia 10 de dezembro de 2010.<br />

O evento foi patrocinado pela ALS Hope Foundation<br />

e contou com palestrantes de diferentes formações.<br />

O programa foi moderado por Rodney Harris,<br />

diretor executivo da Associação de DNM (Doença<br />

do Neurônio Motor) de Vitória, Austrália e Steven<br />

Bell da Associação de DNM do Reino Unido.<br />

O fórum, como sempre, atraiu muitos profissionais<br />

de saúde de qualidade, constou de 17 apresentações<br />

todas relacionadas ao cuidado e gestão da ELA/<br />

DNM. O evento ofereceu uma oportunidade única<br />

para novos contatos e discussões com colegas<br />

do exterior.<br />

Em sua apresentação, "Cuidados Paliativos<br />

em uma clínica de ELA? Certamente!" Barbara<br />

Segal descreveu o conceito de cuidados paliativos<br />

e como ele difere do Hospice. <strong>Ela</strong> definiu o<br />

conceito de cuidados paliativos como "cuidados<br />

que enfoca na dor/gerenciamento dos sintomas<br />

para todos os pacientes com doença de risco de<br />

vida, independentemente do prognóstico sem<br />

exigências para a expectativa de vida” e sem<br />

“nenhuma exigência de renunciar à medidas que<br />

prolongam a vida”.<br />

Continuum of Care − Optimal<br />

Os elementos de cuidados paliativos incluem<br />

os aspectos psicológico, espiritual e social<br />

relacionados com a vida limitada pela doença.<br />

O foco desta atenção é na unidade familiar.<br />

Planejamento antecipado para atendimento e<br />

estabelecimento de metas adequadas de cuidados<br />

baseados nos valores individuais também são um<br />

aspecto importante dos cuidados paliativos. <strong>Ela</strong><br />

explicou o papel de envolvimento do médico de<br />

cuidados paliativos na clínica multidisciplinar de<br />

ELA. Frequentemente, o foco da consulta é na<br />

capacidade funcional com pouca atenção para as<br />

questões emocionais ou espirituais. Tem havido<br />

pouca experiência no controle da dor e dos sintomas<br />

no final da vida, bem como a falta de familiaridade<br />

em discutir questões difíceis. A presença do médico<br />

de cuidados paliativos na clínica também permite<br />

a continuidade do processo de adaptação de lidar<br />

com esta doença que limita a vida. Ele também pode<br />

ser um contato para os cuidadores da comunidade<br />

e um recurso para os pacientes e suas famílias por<br />

telefone, e-mail ou visita domiciliar. E, finalmente,<br />

ela explorou o efeito do papel da equipe, assim<br />

como a interação entre paciente e sua família. Para<br />

ela este é um processo continuo que permite maior<br />

conforto na retirada gradual de medidas de apoio<br />

de vida, controle adequado dos sintomas na fase<br />

final da doença, e a compreensão dos membros<br />

da equipe a respeito das próprias atitudes sobre<br />

a morte e escolhas que podem ou não podem<br />

fazer por si próprios. Suas recomendações foram<br />

a introdução de cuidados paliativos logo após o<br />

diagnóstico; atenção para questões delicadas no<br />

planejamento do tratamento que exige maior<br />

cuidado “sensibilidade, com foco nos valores do<br />

paciente” e não apressar o processo de conhecer<br />

essas questões de valores pessoais, e que inclusive,<br />

os cuidados paliativos em clínica multidisciplinar<br />

pode melhorar a comunicação entre os membros<br />

da equipe e, também com o paciente.


14<br />

Resumo do XXI Simpósio Internacional de ELA/DNM<br />

Bridget Taylor, apresentou "O Impacto do<br />

equipamento no Relacionamento – Lições na<br />

Prática", ela realizou um estudo que explorou as<br />

experiências vividas por pacientes que vivem com<br />

uma doença limitante e seus cônjuge, com foco<br />

na suas experiências de sexualidade e intimidade.<br />

<strong>Ela</strong> apresentou uma das conclusões do seu estudo<br />

sobre o impacto do equipamento na expressão da<br />

sexualidade e intimidade das pessoas que vivem<br />

com ELA/DNM. Foram realizadas duas entrevistas,<br />

incluindo 13 pacientes e 10 parceiros. Analisou<br />

a importância do toque, o efeito negativo dos<br />

equipamentos na intimidade e as tentativas de<br />

superar as barreiras. Referiu especificamente os<br />

dispositivos de comunicação e ventilação não<br />

invasiva e seu impacto sobre os relacionamentos.<br />

Recomendou que alguém na equipe clínica<br />

deve assumir o papel de abordar a sexualidade<br />

e intimidade, lembrando no entanto que deve<br />

ser feito com a devida permissão. Recomendou<br />

também o uso do modelo Ex-PLISSIT, que referese<br />

a Permissão Limitada de Informações Específicas<br />

e Sugestões de Terapia Intensiva. Seu objetivo<br />

foi informar que o equipamento pode impedir<br />

a intimidade física e verbal e que a abordagem<br />

da sexualidade é essencial se quisermos prestar<br />

cuidados holísticos. Precisamos refletir sobre as<br />

dificuldades que nos impedem fazer isso e dar às<br />

pessoas a permissão para falar sobre esta parte<br />

importante de seu relacionamento.<br />

Karen Cross apresentou "O Estilo Emergente da<br />

Incorporação de Cuidados Paliativos no tratamento<br />

da ELA/DNM". <strong>Ela</strong> acredita que, em geral, tem sido<br />

lenta a aceitação da parceria da medicina paliativa<br />

com a terapêutica curativa tradicional nos Estados<br />

Unidos, mas uma área onde tem ocorrido progresso<br />

é em relação à ELA.<br />

O Wake Forest Baptist Medical Center ALS<br />

incluiu um médico de medicina paliativa em<br />

sua equipe nos últimos dois anos. A experiência<br />

positiva nessa relação levou a recomendar que<br />

um componente da equipe de cuidados paliativos<br />

deve ser adicionado na equipe interprofissional<br />

de ELA e que sua forma de atendimento seja<br />

incluída na discussão para determinar os objetivos.<br />

O primeiro passo é: encontre um membro da<br />

equipe de cuidados paliativos, em seguida,<br />

uma parceria com a casa de apoio local e com a<br />

organização dos cuidados paliativos. Convideos<br />

para participar de sua equipe interdisciplinar,<br />

então, tenha paciência, dê tempo para todos<br />

se ajustarem e, ainda, recomenda providenciar<br />

cuidados paliativos nos casos graves. <strong>Ela</strong> acredita<br />

que incorporar um membro de cuidados paliativos<br />

na equipe multidisciplinar de ELA só irá melhorar<br />

a qualidade de vida dos pacientes, suas famílias<br />

e cuidadores.<br />

A apresentação de Kevin Thomas, um consultor<br />

de Desenvolvimento Regional de Cuidados para<br />

a Associação de Doença do Neurônio Motor no<br />

Reino Unido foi sobre "Trabalhar em parceria<br />

para manter a qualidade de vida em uma área<br />

rural – Mobilidade comunitária e controle do<br />

ambiente". Ele apresentou uma parceria de<br />

trabalho multidisciplinar muito eficiente que foi<br />

desenvolvida no norte do país de Gales para resolver<br />

as necessidades de mobilidade das pessoas com<br />

ELA/DNM nas comunidades rurais. Primeiro, falou<br />

sobre os obstáculos para o tratamento, sendo a<br />

questão principal o acesso a serviços especializados<br />

de neurologia. A clínica especializada mais próxima<br />

é na Inglaterra, cerca de seis horas de distância.<br />

Encontram-se neurologistas mais perto, porém não<br />

há outros profissionais da saúde e prestadores de<br />

cuidados sociais. A Associação de DNM apoiou o<br />

trabalho desenvolvido por uma equipe informal na<br />

região central do norte de Gales, que melhorou os<br />

serviços prestados, bem como identificou as lacunas<br />

nesses serviços.<br />

Numa área específica foi identificado um<br />

serviço de cadeira de rodas. O modo de como<br />

esse serviço era realizado foi revisado e um plano<br />

foi estabelecido para melhorá-lo. Primeiro, eles<br />

encontraram uma terapeuta ocupacional (TO)<br />

que teria a responsabilidade específica com os<br />

pacientes. Um banco de dados de referência<br />

foi estabelecido previamente, bem como uma<br />

avaliação acelerada do sistema proposto. Uma<br />

parceria entre o prestador de serviço de cadeira<br />

de rodas e a Associação de DNM foi estabelecida<br />

para compartilhar conhecimentos e proporcionar<br />

uma abordagem holística às necessidades de<br />

mobilidade. Como resultado, uma comunicação<br />

permanente entre a TO e o prestador de cadeira<br />

de rodas e Associação MND foi estabelecida. Não<br />

há mais uma lista de espera para a avaliação ou<br />

entrega de cadeiras de rodas; houve um aumento<br />

no conhecimento das necessidades individuais de<br />

mobilidade dos pacientes; e há um sistema regular<br />

local para monitorar o serviço. As recomendações


<strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica: Atualização 2010 15<br />

de Kevin para a campanha incluem o planejamento<br />

antecipado de serviços e uma equipe de atendimento<br />

multidisciplinar. Os pacientes beneficiados por<br />

esse plano são incluídos precocemente e seu<br />

acompanhamento é melhor coordenado. As<br />

informações são passadas em tempo hábil e com<br />

sensibilidade por se conhecer melhor o paciente.<br />

As necessidades dos cuidadores também são<br />

identificadas e atendidas. Os profissionais também<br />

se beneficiam ao desenvolverem conhecimento,<br />

habilidades e especialização em DNM/ELA. Este<br />

trabalho em equipe multidisciplinar constitui<br />

numa contribuição fundamental para a eficácia e<br />

inovação no atendimento social e em saúde. No<br />

Norte do País de Gales, este trabalho permitiu que<br />

nenhum paciente de ELA atualmente estivesse<br />

esperando para ser avaliado quanto as suas<br />

necessidades de mobilidade. As soluções adequadas<br />

para a mobilidade são fornecidas em tempo hábil<br />

e o conhecimento e perícia locais desenvolvidos<br />

pelo serviço de cadeira de rodas estão agora sendo<br />

compartilhados no desenvolvimento de novas<br />

equipes em outras regiões do país.<br />

"Resolvendo contratura, dor e tontura:<br />

prescrição para uma boa qualidade de vida<br />

para pessoas com diagnóstico de ELA". Linda<br />

Cates da Universidade Duke, na Carolina do<br />

Norte, apresentou três questões que podem ser<br />

problemas para pacientes com ELA: dor no ombro;<br />

contraturas de pescoço e vertigem posicional<br />

paroxística benigna. <strong>Ela</strong> analisou a anatomia e a<br />

mecânica da articulação do ombro, em seguida,<br />

discutiu o que os terapeutas podem fazer ou<br />

recomendar para ajudar o indivíduo a evitar ou<br />

tratar a dor no ombro, como manter a mobilidade<br />

da articulação; modificar as atividades para evitar<br />

o impacto; fisioterapia para mobilização articular e<br />

alongamento passivo e, se indicado, um aplicação<br />

de injeção de corticoide. Quanto à contratura<br />

cervical ela também deu ênfase à prevenção, neste<br />

caso, com exercícios para o pescoço antes que<br />

uma consulta com fisioterapêuta seja necessária.<br />

<strong>Ela</strong> também discutiu o treinamento da família<br />

para ajudar. Exemplos de apoio cervical e bom<br />

posicionamento foram mostrados. Finalmente,<br />

falou da vertigem posicional paroxística benigna.<br />

Embora a causa frequentemente é desconhecida,<br />

pode aparecer como resultado de uma pancada<br />

na cabeça (por exemplo por uma queda),<br />

procedimentos feitos na orelha, ou após longos<br />

períodos deitado. <strong>Ela</strong> falou sobre a estrutura do<br />

ouvido interno, e deu detalhes sobre o teste de<br />

Dix-Hallpike para vertigem e da manobra de Epley<br />

para o tratamento dos sintomas. <strong>Ela</strong> indicou que<br />

a manobra Epley pode ser feita por duas pessoas<br />

para ajudar os indivíduos, dependentes ou semiindependentes.<br />

Sua recomendação é considerar<br />

que simples intervenções de fisioterapia que são<br />

utilizados em indivíduos com outras doenças<br />

podem restaurar a qualidade de vida dos pacientes<br />

com esclerose lateral amiotrófica.<br />

Yoga e ELA: <strong>Tudo</strong> está na respiração<br />

apresentado por Ruth Ann Rhodes da Clínica de<br />

ELA de Vermont, EUA. A insuficiência respiratória é<br />

a causa mais comum de morte na ELA. A maioria dos<br />

pacientes experimenta uma diminuição da função<br />

respiratória no curso da doença. Alguns pacientes<br />

apresentaram no exame clínico na primeira<br />

consulta capacidade vital de até 120%. Observouse<br />

que esses pacientes tinham como atividade<br />

principal o esporte e o canto, desenvolvendo e<br />

mantendo dessa forma esta capacidade pulmonar<br />

excepcional através de técnicas de respiração.<br />

Entretanto, ainda não há pesquisas mostrando<br />

os efeitos da técnica de respiração Yoga em<br />

pacientes com ELA. Esta observação tem levado os<br />

pesquisadores a promover um estudo utilizando<br />

as técnicas de respiração da Yoga, dentro do<br />

ambiente hospitalar com o objetivo de reduzir o<br />

estresse, promover o relaxamento e maximizar a<br />

função pulmonar. O plano de treinamento está<br />

baseado em quatro padrões de respiração que se<br />

pode adaptar as necessidades de cada paciente. O<br />

instrutor trabalhará com a equipe multiprofissional<br />

para desenvolver as habilidades e ensino necessário<br />

para instruir os pacientes e seus cuidadores nas<br />

técnicas de respiração. Será utilizado questionário<br />

McGill para avaliar os níveis de estresse e qualidade<br />

de vida. Será verificada a saturação O 2<br />

a pressão<br />

arterial, o pulso e a respiração em cada sessão e<br />

se fará acompanhamento dos pacientes durante o<br />

ano de 2011. Como resultado se espera que tanto os<br />

pacientes como seus cuidadores sejam capazes de<br />

realizar as quatro técnicas de Yoga de respiração.<br />

A promoção da respiração Yoga na clínica<br />

pode ser um método fácil, de baixo custo que<br />

pretende melhorar ou pelo menos manter a<br />

função respiratória. Com essas técnicas pode-se<br />

reduzir o estresse e promover o relaxamento tanto<br />

no paciente como no cuidador, melhorando assim


16<br />

Resumo do XXI Simpósio Internacional de ELA/DNM<br />

a qualidade de vida e em última instância, pode<br />

melhorar a longevidade. Com os resultados obtidos<br />

será editado um guia com os exercícios básicos.<br />

"Pacientes com Alterações Cognitivas − O<br />

desafio para as famílias e profissionais" apresentado<br />

por David Oliver, médico especializado em cuidados<br />

paliativos da Universidade de Kent, do Reino Unido.<br />

Ele descreveu como está aumentando a consciência<br />

das alterações cognitivas em pessoas com ELA/<br />

DNM. Os resultados das pesquisas sugerem que um<br />

alto percentual em torno de 65% dos pacientes<br />

com ELA pode ter alguma evidência de disfunção<br />

do lobo frontal, embora em diferentes níveis.<br />

Miller et al em 2009, classificaram as alterações<br />

cognitivas em quatro níveis: primeiro, pacientes sem<br />

alterações cognitivas; segundo, algumas evidências<br />

de prejuízo cognitivo (28%), em terceiro lugar foi<br />

observado comprometimento comportamental<br />

(39%) e a última foi a demência fronto-temporal<br />

(15%). As alterações cognitivas, neste tipo de<br />

deficiência descritas por Raaphorst et al, em 2010,<br />

incluem: perda cognitiva; velocidade psicomotora,<br />

fluência, linguagem, memória visual, memória<br />

verbal imediata e funcionamento executivo. Dr.<br />

Oliver deu alguns exemplos de sua experiência no<br />

Wisdom Hospice. Ele afirmou que os problemas<br />

que surgem com essas alterações cognitivas afetam<br />

a todos. As principais dificuldades encontradas nos<br />

pacientes foram com a tomada de decisão, assumir<br />

riscos, a frustração e o esquecimento. Os problemas<br />

para a família foram na tomada de decisões e na<br />

vivência do dia a dia. Para os profissionais, a tomada<br />

de decisão também aparece como o problema<br />

número um. Os profisionais também estavam<br />

preocupados com a comunicação, avaliação dos<br />

sintomas, em ajudar o paciente a lidar com a perda<br />

de memória, confusão e segurança.<br />

A variação dos níveis de alteração cognitiva pode<br />

dificultar o gerenciamento do tratamento, assim<br />

como gerar conflito na equipe multidisciplinar.<br />

Os profissionais devem ter a consciência de que<br />

pode haver mudança cognitiva no paciente e que<br />

a ajuda pode ser feita com intervenções simples,<br />

além de aceitar que o problema existe. Deve haver<br />

discussão sobre o assunto com a família, e com a<br />

equipe multidisciplinar com o objetivo de prover<br />

suporte necessário, especificamente, no ambiente<br />

familiar. Ele recomendou a utilização de frases<br />

curtas para a comunicação, reduzir os fatores de<br />

distrações, simplificar as informações para facilitar<br />

as decisões; e utilizar ferramentas auxiliares, como<br />

agendas, calendários e placas de memória. Para as<br />

questões comportamentais, deve-se usar a distração<br />

ou diversão. Em alguns casos deve-se tentar o uso<br />

de antidepressivo. O cuidado com a integridade<br />

física exige medidas como trancar as portas, tirar<br />

as chaves do carro e guardar ferramentas etc. O<br />

cuidador deve ser apoiado para aceitar a realidade<br />

das mudanças cognitivas do paciente, orientação<br />

dos cuidados nas situações cotidianas, e de apoio<br />

psicossocial. Em sua conclusão, ele ressaltou que<br />

os profissionais devem estar mais conscientes das<br />

alterações cognitivas na ELA e procurar formas<br />

para reduzir o impacto.<br />

"Quando alguém próximo tem ELA/DNM"<br />

Sharon Schillerman, apresentado pela gerente<br />

de desenvolvimento de cuidados de informações<br />

da Associação DNM da Inglaterra, Gales e Irlanda<br />

do Norte. Apresentou a importância de informar<br />

e envolver as crianças nas discussões sobre a ELA/<br />

DNM. <strong>Ela</strong> apresentou um livro que foi criado para<br />

apoiar as crianças da faixa etária de 4 a 10 anos.<br />

Esse livro permite que as crianças aprendam sobre<br />

ELA, façam perguntas sobre a doença, e expressem<br />

seus sentimentos. O objetivo é ajudar as crianças a<br />

identificar e desenvolver suas próprias estratégias<br />

de lidar com a situação.<br />

Amy Romana, fonoaudióloga no Centro de<br />

Pesquisas Norris Forbes de ELA do Califórnia<br />

Pacific Medical Center apresentou seu estudo,<br />

"Comparação de três métodos de comunicação com<br />

movimento de Olhos". Seu objetivo foi comparar<br />

as opções de comunicação dos pacientes com ELA<br />

entre métodos de baixa tecnologia.<br />

"Comparação de três métodos de comunicação com<br />

movimento de Olhos"<br />

Os três métodos comparados foram: EyeLink,<br />

E-tran, e Partner-Assisted Scanning (PAS). EyeLink<br />

usa uma placa transparente com o alfabeto escrito<br />

em blocos individuais, o uso é feito por duas


<strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica: Atualização 2010 17<br />

pessoas uma em frente da outra olhando para a<br />

placa de lados opostos. Para escrever uma palavra,<br />

a pessoa com ELA olha para uma letra específica e<br />

o cuidador irá mover a placa até que seus olhos se<br />

encontrem, indicando que aquela é letra escolhida.<br />

E-tran é uma placa com o centro vasado com letras<br />

em grupos ao redor da borda. Ele usa duas etapas<br />

para concluir a comunicação, em primeiro lugar a<br />

pessoa olha para o grupo de letras, em seguida,<br />

olha para um ponto para indicar a posição da letra<br />

no grupo. Às vezes, as cores são usadas para auxiliar<br />

na segunda etapa.<br />

1. Escolha do grupo de letras<br />

2 – Escolha da letra pela cor<br />

No PAS, o alfabeto é escrito em uma placa e do<br />

cuidador fala ou aponta cada linha. A pessoa com<br />

ELA, em seguida, indica quando o cuidador tiver<br />

atingido a linha certa. Ele, então, fala ou aponta<br />

a cada letra na linha até que a pessoa manifeste a<br />

sua escolha.<br />

O primeiro objetivo do estudo foi determinar<br />

a familiaridade e frequência de utilização de cada<br />

um desses métodos. O segundo foi determinar qual<br />

método é mais rápido e fácil de usar, inicialmente.<br />

O terceiro foi determinar qual método é mais<br />

rápido e fácil de usar após vários treinos e sessões<br />

de práticas. O quarto objetivo foi determinar o<br />

tempo requerido para treinar usando cada um<br />

dos métodos. Num questionário respondido por<br />

343 pacientes ficou demonstrado que o PAS foi<br />

o método que eles tinham ouvido falar mais e<br />

já tinham visto demonstração de uso, o E-Trans<br />

foi o segundo mais conhecido e o EyeLink foi o<br />

menos conhecido.<br />

O estudo envolveu 15 pessoas com ELA e seus<br />

cuidadores, foram feitas cinco visitas domiciliares,<br />

e todos os três métodos foram utilizados com<br />

anotações do tempo e resultados. Os resultados<br />

mostraram que os cuidadores e os pacientes podem<br />

usar os três métodos, com 100% de precisão. Em<br />

todas as sessões, o EyeLink sempre foi o mais<br />

rápido e método de preferência entre os parceiros<br />

(cuidador/paciente). O EyeLink que era método<br />

menos conhecido e menos popular na pesquisa<br />

com 343 pacientes, entretanto, foi o método mais<br />

rápido e o mais preferido no estudo pelos pacientes<br />

e seus parceiros. Possivelmente o PAS foi mais<br />

popular na pesquisa, pela maior disponibilidade e<br />

pode funcionar mesmo quando o movimento dos<br />

olhos está comprometida. Amy recomenda que os<br />

serviços de saúde especializados em ELA tenham<br />

disponíveis o EyeLink e o E-tran para demonstração<br />

e treinamento dos pacientes. <strong>Ela</strong> colocou os vídeos<br />

de treinamento no YouTube para permitir o acesso<br />

de todos.


18<br />

Resumo do XXI Simpósio Internacional de ELA/DNM<br />

Em sua apresentação "Dormir, talvez sonhar....<br />

Estudos do Sono podem ser incluídos no tratamento<br />

Clínico da ELA", Lee Guion, médica pneumologista<br />

no Centro de Pesquisa e Tratamento Forbes Norris<br />

de ELA/DNM, em San Francisco, Califórnia ,discutiu<br />

a opção de incluir estudos do sono no tratamento<br />

de indivíduos com ELA. <strong>Ela</strong> informou sobre a<br />

polissonografia (PSG) e seu uso na ELA e concluiu<br />

que havia pouca informação na literatura sobre<br />

seu uso. O que se entende é a importância do<br />

sono repousante e restaurador e que a fraqueza<br />

diafragmática pode interferir nos padrões de sono<br />

normal. Em seu centro eles coletam informações<br />

sobre a qualidade do sono a cada visita. Há suspeita<br />

de fraqueza diafragmática quando os pacientes<br />

referem sintomas de sonolência diurna e de má<br />

qualidade do sono. As duas principais questões que<br />

se procurou responder foram:<br />

1) Qual sintoma é o melhor indicador de fraqueza<br />

precoce do diafragma?<br />

2) Qual é o melhor método para determinar a<br />

fraqueza muscular e hipoventilação noturna?<br />

Um estudo recente do Dr. Katzberg mostrou<br />

os efeitos da VNI no sono na ELA/DNM. Ele<br />

demonstrou que a saturação mínima de oxigênio<br />

melhorou com o uso de VNI, mas não houve<br />

melhora estatisticamente significativa na saturação<br />

média do oxigênio. Oito de doze pacientes tiveram<br />

aumento da eficiência do sono. Porém, ainda<br />

havia falta de sono reparador nos pacientes com<br />

ou sem VNI. A ortopneia foi o melhor preditor de<br />

hipoventilação. Lee Guion recomendou o estudo<br />

mais acurado da PSG como uma ferramenta a ser<br />

utilizada na avaliação e tratamento dos distúrbios<br />

respiratórios precoces do sono.<br />

Sara Feldman, fisioterapeuta e profissional de<br />

Tecnologia Assistiva no ALS Center of Hope, na<br />

Filadélfia, Pensilvânia, apresentou “Melhorando a<br />

comunicação entre o Centro de ELA e Cuidadores<br />

na Comunidade". Pacientes com ELA viajam até<br />

o centro da Filadélfia para passar pela equipe<br />

multidisciplinar a cada três meses, no entanto, o<br />

acompanhamento é feito por profissionais fora<br />

da clínica, e que podem não estar familiarizados<br />

com o diagnóstico. Sara Feldman, em conjunto<br />

com a fonoaudióloga, Donna Harris e da Terapeuta<br />

Ocupacional, Mark Goren, queriam verificar como<br />

estava a equipe de reabilitação. O objetivo foi<br />

melhorar a comunicação entre os especialistas na<br />

clínica e os terapeutas e cuidadores de fora do<br />

serviço. Para isso foram elaborados formulários.<br />

Em cada visita as recomendações para o<br />

acompanhamento eram escritas em formulário<br />

carbonado. Estas recomendações foram escritas<br />

de forma clara para compreensão de leigos, uma<br />

cópia é entregue ao paciente e uma cópia vai para<br />

o prontuário médico. Isso ajuda os dois grupos<br />

quanto as recomendações e quando elas foram<br />

feitas. Em seguida, foi desenvolvido um formulário<br />

de encaminhamento de fácil compreensão para<br />

permitir que as recomendações específicas feitas na<br />

clínica fossem enviadas para os terapeutas de fora<br />

ao invés de apenas informações genéricas. Também<br />

se pede especificamente que o terapeuta que faz<br />

o acompanhamento entre em contato diretamente<br />

com a equipe. Além disso, para reforçar a<br />

orientação no centro, tiraram fotos e fizeram<br />

vídeos dos pacientes realizando diferentes técnicas<br />

para que os cuidadores possam utilizar em casa.<br />

As fotos podem ser impressas, copiadas num CD ou<br />

enviadas via e-mail. Os cuidadores podem usar suas<br />

próprias câmeras se preferirem. A comunicação<br />

usada pela fono para controlar o progresso<br />

de suas recomendações também foi mostrada.<br />

E, finalmente, eles viajam para dar palestras sobre<br />

a ELA, como é a rotina e atendimento usados como<br />

referências no serviço.


Modelo dos formulários elaborados na Hope Foundation<br />

<strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica: Atualização 2010 19


20<br />

Resumo do XXI Simpósio Internacional de ELA/DNM<br />

XXI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ELA/DNM<br />

O XXI Simpósio Internacional de <strong>Esclerose</strong><br />

<strong>Lateral</strong> Amiotrófica/Doença do Neurônio Motor,<br />

realizado nos dias 11 a 13 de dezembro, é o<br />

maior evento mundial dedicado à investigação<br />

e tratamento de esclerose lateral amiotrófica e<br />

reuniu mais de 800 delegados, pesquisadores e<br />

clínicos.<br />

A reunião teve um duplo enfoque: a investigação<br />

sobre as causas da esclerose lateral amiotrófica<br />

e desenvolvimento de melhores tratamentos e<br />

cuidados clínicos aos pacientes. As reuniões foram<br />

realizadas com sessões paralelas, constituídas de<br />

palestras que se complementavam abordando<br />

temas por tópicos durante todo o período do<br />

simpósio, excetuando-se as sessões conjuntas de<br />

abertura e finalização do evento.<br />

"Na ELA, precisamos focar estas duas<br />

importantes áreas", disse Lucie Bruijn, membro<br />

do comitê do simpósio e Presidente Científica da<br />

Associação de ELA, que abriu a reunião com seu<br />

colega, Wim Robberecht, da Bélgica, presidente<br />

do comitê do simpósio que afirmou: "Precisamos<br />

oferecer o melhor tratamento possível às pessoas<br />

que agora sofrem com a ELA, e nós precisamos<br />

encontrar as causas desta doença, a fim de<br />

desenvolver tratamentos que possam deter a<br />

doença."<br />

EPIDEMIOLOGIA<br />

Estudo realizado na Universidade de Utrecht,<br />

teve como tema a Epidemiologia de ELA, na<br />

Holanda 2006-2009. O trabalho teve como objetivo<br />

traçar o perfil da ELA e sua relação com outras<br />

doenças neurodegenerativas como Parkinson,<br />

demência fronto-temporal e doença cérebrovascular.<br />

A incidência foi de 2.77/100 000, [Intervalo<br />

de Confiança (IC) de 2,76 – 2,79] e a prevalência<br />

de 10,32/100 000 [IC 10,27 – 10,37]. Com os picos<br />

de ambos na idade entre 70 a 74 anos. A taxa<br />

de incidência da relação homem:mulher no<br />

grupo pré-menopausa foi maior que no grupo<br />

pós-menopausa, 1,89 e 1,50 respectivamente,<br />

sem diferença estatística significante. O método<br />

usado de captura e recaptura de dados mostrou<br />

que a incidência da ELA diminui após os 74 anos.<br />

O estudo também demonstrou uma associação<br />

entre história familiar de doenças em parentes de<br />

primeiro, segundo e terceiro grau e a ELA. O maior<br />

risco foi em relação a doenças neurodegenerativa,<br />

as principais encontradas foram Demência e<br />

Doença de Parkinson. O risco de ELA em famílias<br />

com doenças vasculares como Acidente Vascular<br />

Cerebral e Infarto do Miocárdio foi menor quando<br />

comparados com controles.<br />

O trabalho realizado na Universidade de Torino,<br />

pelo pesquisador Adriano Chio e colaboradores,<br />

com minuciosa coleta prospectiva de 1995 a<br />

2004, na região do Piemonte na Itália, com 1260<br />

pacientes, correlacionando o perfil evolutivo e a<br />

heterogeneidade fenotípica, mostrou: incidência<br />

de 1,1/100000. O fenótipo mais frequente foi a<br />

forma bulbar, seguido pela forma clássica (1,2 em<br />

homens/0,9 em mulheres). Síndrome Flail leg e<br />

<strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Primária com igual incidência em<br />

ambos sexos; Síndrome Flail arm mais frequente<br />

no sexo masculino (4/1,9/1), início da doença na<br />

forma bulbar mais tardio (68,8 anos) do que na<br />

<strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Primária (58,3 anos), demência<br />

frontotemporal mais frequente na forma bulbar<br />

(9%) e menos frequente na síndrome Flail arm<br />

(1,4%); melhores prognósticos encontrados na<br />

<strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Primária e Síndrome Flail arm (6,3<br />

e 4 anos respectivamente); piores prognósticos na<br />

forma bulbar e respiratória (2 e 1,4 anos).<br />

Outro estudo da população italiana, realizado<br />

por Georgoulopoulou e colaboradores demonstrou<br />

mudança na epidemiologia da ELA na Província<br />

de Modena. Durante o período de 1990 a 2009,<br />

326 moradores da província (166 homens e 160<br />

mulheres) receberam o diagnóstico de ELA. A<br />

média de idade do início dos sintomas foi de 64<br />

anos. Foi encontrado um aumento constante<br />

da incidência:


<strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica: Atualização 2010 21<br />

Período<br />

Incidência<br />

Média anual 2.58/100.000<br />

Década: 1990 − 1999 2.18/100.000<br />

Década: 2000 − 2009 2.94/100.000<br />

Também encontraram um grande aumento<br />

da prevalência:<br />

Período<br />

Prevalência<br />

1990 1.83/100.000<br />

2000 4.31/100.000<br />

2009 11.48/100.000<br />

A taxa de mortalidade encontrada na década<br />

de 1990-1999 foi de 1,88/100 000 e na década<br />

de 2000-2009 foi de 2,17/100 000. Dos pacientes<br />

diagnosticados antes de 2000 a média de sobrevida<br />

de 50% deles foi de 27 meses (2,3 anos), e 50%<br />

dos diagnosticados após o ano 2000 a média de<br />

sobrevida foi de 40 meses (3,4 anos). O menor<br />

tempo de sobrevida ocorreu em pacientes de<br />

inicio bulbar e mais velhos. A sobrevida mais<br />

longa foi associada ao uso de Ventilação Não<br />

Invasiva e Gastrostomia Endoscópica Percutânea.<br />

A conclusão dos pesquisadores foi que o aumento<br />

da prevalência e sobrevida é maior que de outros<br />

estudos e que pode ser resultado dos Cuidados<br />

Paliativos e Centros Especializados de DNM.<br />

Kihira e colaboradores apresentaram novos<br />

dados sobre a incidência de ELA, na península de<br />

Kii no Japão. Na década de 1960, encontrou-se alta<br />

incidência nessa península, especialmente, na área<br />

de três cidades (Koza, Kozagawa e Kushimoto),<br />

área denominada pelos pesquisadores de “área<br />

K” pelo fato de todas as cidades terem a letra K<br />

no início do nome. A incidência de ELA na área K<br />

começou a decrescer nos anos 80.<br />

Recentemente, entretanto, encontraram-se<br />

casos de ELA em Oshima, uma pequena ilha próxima<br />

a área K, onde nenhum caso da doença tinha sido<br />

encontrado entre 1965 a 1999. Os pesquisadores<br />

investigaram a incidência dos casos ELA (prováveis<br />

e definitivos diagnosticados por neurologistas de<br />

acordo com o EL Escorial) na área K e Oshima,<br />

no período entre 1967 e 2008. Eles dividiram a<br />

investigação em três períodos: I – 1967-1971, II –<br />

1989-1999 e III – 2000-2008. Encontrou-se uma<br />

associação entre os casos de ELA e a concentração<br />

de cálcio na água potável. As cidades da área K<br />

são servidas com a água do rio Kozagawa que tem<br />

uma concentração extremamente baixa de cálcio<br />

(3.0 ppm). A ilha de Oshima era servida com água<br />

potável de alta concentração de cálcio, até 1975. A<br />

partir de então, passou a ser servida com a água do<br />

rio Kozagawa.<br />

A incidência encontrada na área K e Oshima<br />

está apresentada no quadro a seguir:<br />

Local Período Ano Incidência<br />

Área K<br />

Oshima<br />

Área K<br />

Oshima<br />

Área K<br />

Oshima<br />

I<br />

I<br />

II<br />

II<br />

III<br />

III<br />

1967 -<br />

1971<br />

1967 -<br />

1971<br />

1989 -<br />

1999<br />

1989 -<br />

1999<br />

2000 -<br />

2008<br />

2000 -<br />

2008<br />

Concentração<br />

de Ca<br />

6.0/100.000 baixa<br />

0/100.000 alta<br />

sem dados<br />

sem dados<br />

0/100.000 alta<br />

5.7/100.000 baixa<br />

31.2/100.000 baixa<br />

A incidência ajustada por sexo e idade de<br />

acordo com o senso de 2000, no período III (2000<br />

e 2008) foi:<br />

Área K 2.3/100.000<br />

Oshima 9.0/100.000<br />

Kozagawa 4.5/100.000<br />

Os pesquisadores concluíram que a alta<br />

incidência no período III na área K também<br />

pode estar relacionada ao aumento da taxa<br />

de envelhecimento da população e que a alta<br />

incidência ajustada em Oshima e Kozagawa<br />

pode estar relacionada a baixa concentração de<br />

cálcio na água. Existe uma relação entre a baixa<br />

concentração de cálcio e aumento dos casos de<br />

ELA, mas que precisa ser melhor entendido e que<br />

há necessidade de estudos de seguimento de longo<br />

período por causa do baixo número de habitantes<br />

nessa região (23,357 na área K e 1,069 em Oshima).


22<br />

Resumo do XXI Simpósio Internacional de ELA/DNM<br />

FISIOPATOLOGIA<br />

Novas Perspectivas com as<br />

Proteinopatias TDP-43<br />

Estudo publicado em 2010, pela Academia<br />

Nacional de Ciências dos EUA, sobre ratos<br />

transgênicos que superexpressam a proteína de<br />

união ao sitio TAR do DNA (TDP-43) que, quando<br />

está mutada em humanos, pode causar ELA e<br />

demência frontotemporal.<br />

Os novos dados sugerem que a TDP-43 é uma<br />

das três proteínas que processam RNA implicadas na<br />

degeneração do neurônio motor. Os pesquisadores<br />

encontraram a TDP-43 nos mesmos agregados<br />

que a FUS, outra proteína de regulação do RNA<br />

produzida a partir de outro gene vinculado a ELA.<br />

O excesso de TDP-43 também alterou a localização<br />

da proteína SMN (proteína de sobrevivência do<br />

motoneurônio) – esta proteína de processamento<br />

de RNA é codificada por um gene envolvido na<br />

atrofia muscular espinal (AME), outra doença do<br />

neurônio motor. De acordo com Philip Wong da<br />

Johns Hopkins University School of Medicine, em<br />

Baltimore, os níveis adequados de TDP-43 são<br />

necessários para a distribuição não somente das<br />

estruturas de processamento do RNA no núcleo,<br />

como também das mitocôndrias no citoplasma.<br />

Para melhor compreender a função<br />

fisiológica da TDP-43 nos neurônios motores, os<br />

pesquisadores estudam ratos transgênicos com<br />

carência ou superexpressão do gene TARDBP<br />

(que codifica a proteína TDP-43). Recentemente,<br />

Jiang e colaboradores (2010) desenvolveram um<br />

rato knockout condicional de TDP-43, onde essa<br />

proteína se une a outra proteína necessária para<br />

o metabolismo da gordura. Quando a TDP-43<br />

foi eliminada, os animais perderam gordura<br />

rapidamente e morreram. Ao mesmo tempo, Xiu<br />

Shan e Po-Min Jiang (2010) estudaram os ratos que<br />

super-expressavam a TDP-43 humana normal em<br />

níveis superiores da TDP-43 de ratos. Três linhas<br />

transgênicas foram obtidas, os pesquisadores<br />

selecionaram a linha de menor expressão para<br />

continuar os estudos. Os ratos apresentaram atraso<br />

no crescimento, tremores, mas sobreviveram até a<br />

idade adulta. Não foram observadas mudanças no<br />

metabolismo da gordura, entretanto, encontraram<br />

uma redistribuição anormal nas organelas dos<br />

neurônios motores.<br />

De acordo com o Dr. Wong, quando há a<br />

superexpressão da TDP-43, observam-se dois<br />

fenômenos chaves, um no compartimento nuclear<br />

e outro no citoplasma. No núcleo, o excesso de<br />

proteína forma inclusões anormais. A FUS se<br />

une a TDP-43 nestas inclusões, proporcionando<br />

a confirmação in vivo de uma interação já<br />

demonstrada in vitro. Segundo Tibbetts Randal da<br />

Universidade de Wisconsin, esses achados sugerem<br />

a unificação de duas causas distintas observadas<br />

na ELA.<br />

O outro fenômeno encontrado foi uma<br />

anomalia nos denominados “corpos enovelados”<br />

(GEMs) ou “Corpos de Cajal”, outra estrutura<br />

nuclear. Os GEMs são sítios de processamento de<br />

RNA que contém a proteína SMN (relacionada<br />

à atrofia muscular espinhal). Os neurônios<br />

motores normalmente contém dois GEMs em seus<br />

núcleos. Nos ratos que superexpressam a TDP-43,<br />

os neurônios motores apresentaram até oito<br />

GEMs, com tendência a agregarem-se ao redor<br />

do núcleo, em vez de no seu interior, talvez, por<br />

graves alterações no metabolismo do RNA destes<br />

neurônios. Por outro lado, no rato knockout de<br />

TDP-43, os neurônios motores não apresentaram<br />

nenhum GEM.<br />

Em necropsias de pacientes com ELA,<br />

frequentemente observam-se inclusões da TDP-43<br />

no citoplasma. Entretanto, foi encontrada pouca<br />

TDP-43 fora do núcleo dos neurônios desses novos<br />

ratos e observaram-se inclusões citoplasmáticas<br />

de outro tipo; grandes agregados mitocondriais.<br />

Estes agregados, já encontrados anteriormente em<br />

outros ratos de TDP-43, sugerem que o metabolismo<br />

energético poderia estar modificado nas doenças<br />

do neurônio motor.<br />

Para examinar mais acuradamente este<br />

fenótipo mitocondrial, Wong e seus colaboradores<br />

cruzaram os ratos que superexpressavam a TDP-43<br />

com um tipo de rato modificado, que é portador<br />

de uma etiqueta mitocondrial a modo de proteína<br />

fluorescente. Nos animais normais, as mitocôndrias<br />

aparecem no corpo da célula e nos axônios, mas nos<br />

duplamente transgênicos, os neurônios continham<br />

muito menos mitocôndrias do que nos neurônios do<br />

rato normal. A escassez de mitocôndrias nos axônios<br />

terminais dos neurônios motores poderia debilitar,<br />

possivelmente, as junções neuromusculares. Os<br />

pesquisadores observaram que as junções estavam


<strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica: Atualização 2010 23<br />

subdesenvolvidas e as fibras musculares eram<br />

menores que o normal. Para responder o porquê<br />

de tão poucas mitocôndrias nos axônios terminais,<br />

estes pesquisadores analisaram o RNA mensageiro<br />

(RNAm) da medula espinhal de três ratos TDP-43<br />

e compararam com a de três ratos normais<br />

como controle. Foi utilizado o sequenciamento<br />

diferencial de DNAc para quantificar o número de<br />

RNAm expressado. Foram descobertos 2.017 genes<br />

de expressão diferencial entre as linhas de ratos, e<br />

313 com diferentes padrões de processamento nos<br />

ratos que superexpressam a TDP-43. Em particular,<br />

nos ratos TDP-43 que mostravam menos RNAm<br />

codificante de proteínas implicadas na formação de<br />

cito-esqueleto e o transporte através dele. Wong<br />

especula, “talvez estejamos truncando o transporte<br />

axonal”. Outros pesquisadores estão propondo<br />

que a alteração na fissão e fusão mitocondrial<br />

pode estar por trás dos sintomas observados nos<br />

ratos TDP-43.<br />

Bob Baloh, da Universidade de Washington<br />

em St. Louis, Missouri, relatou que as alterações<br />

mitocondriais nos ratos transgênicos que<br />

expressam a versão humana da SOD1, outro gene<br />

ligado a ELA, tem despertado grande interesse. A<br />

presença de agregados mitocondriais sugere uma<br />

grande semelhança entre a TDP-43 e ratos SOD1.<br />

O novo rato também segue a tendência de modelo<br />

animal das TDP-43-proteinopatias (entre as quais<br />

está ELA e alguns tipos de demências). “Todos eles<br />

apresentam em grande medida o mesmo aspecto,<br />

com sintomas similares da doença e localização<br />

nuclear da TDP-43” afirmou Baloh.<br />

A <strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica (ELA) é o<br />

resultado de disfunção seletiva e degeneração<br />

progressiva dos neurônios motores. Embora o<br />

mecanismo da doença ainda permaneça incerto,<br />

estudos recentes in vivo e com cultura de células<br />

têm mostrado a implicação das células gliais na<br />

degeneração dos neurônios motores na ELA. Assim<br />

como, outros estudos identificaram a mutação<br />

em duas proteínas reguladoras do RNA a TDP43<br />

e FUS. O tema foi de grande relevância, tendo<br />

quatro sessões do programa científico dedicadas a<br />

esses estudos.<br />

A ELA é uma doença progressiva,<br />

neurodegenerativa. Mutações em 15% a 20% dos<br />

vários genes têm sido identificados como causa de<br />

doença familiar, sendo a mais comum a superóxido<br />

dismutase (SOD1). As mutações no gene TARDBP,<br />

que codifica a proteína TAR DNA-binding 43<br />

(TDP-43), são responsáveis por 5% dos casos<br />

familiares de ELA. Esta proteína está intimamente<br />

relacionada com a degeneração frontotemporal,<br />

associado ao acúmulo de ubiquitina grampeada<br />

com a degeneração dos motoneurônios. Mais<br />

recentemente, mutações sarcoma fusiforme (FUS/<br />

TLS), traduzidos no gene do lipossarcoma, que<br />

codifica uma proteína multifuncional de ligação<br />

do DNA/RNA, foram encontradas como causa das<br />

formas familiares de ELA. Waibel et al, 2010, em<br />

um estudo na população germânica encontram<br />

presença de 7% de mutação FUS/TLS em pessoas<br />

com ELA.<br />

Mutação FUS/TLS em pessoas com ELA<br />

Dra. Lee, da Universidade da Pensilvânia,<br />

Filadélfia EUA, que originalmente descreveu a<br />

presença de agregados de TDP-43 em pacientes<br />

com ELA, em sua exposição descreveu como esta<br />

proteína, que normalmente encontra-se presente<br />

no núcleo e que tem como função regular as<br />

alterações sofridas pelo RNA, antes de sintetizar<br />

proteínas, acumula-se no citoplasma de pacientes<br />

com ELA. <strong>Ela</strong> reforçou a ideia de uma classificação<br />

molecular das doenças neurodegenerativas,<br />

de acordo com a substância acumulada, seja<br />

TDP-43 na ELA e demência fronto-temporal,<br />

alfa-sinucleína na doença de Parkinson e tau na<br />

doença de Alzheimer. O entendimento de como<br />

a TDP-43 e outras proteínas que regulam o RNA,<br />

como por exemplo, a FUS, estão associadas ao<br />

desenvolvimento da doença, podem ser chave na<br />

busca por um tratamento eficaz.


24<br />

Resumo do XXI Simpósio Internacional de ELA/DNM<br />

Alteração no Cromossomo 9, um<br />

fator de risco para ELA<br />

Dois estudos genéticos publicados, em 2010,<br />

apontam o braço curto do cromossomo 9, como<br />

portador de fatores de risco importantes para o<br />

desenvolvimento da ELA.<br />

Não foi possível desvendar a mutação<br />

responsável pelo sequenciamento simples. Os<br />

estudos descrevem a associação genética global ou<br />

GWAS (Genome World Association Study), em uma<br />

população finlandesa e em outros grupos diversos,<br />

como o estudo do Reino Unido, incluindo todos<br />

os dados GWAS publicados , até o mês de agosto,<br />

mediante metanálise. Verificou-se que uma zona<br />

do cromossomo 9 é bastante intrigante.<br />

Vários estudos têm sugerido que algum fator<br />

de risco genético para a ELA e para a demência<br />

fronto temporal (DFT) está presente no braço curto<br />

do cromossomo 9.<br />

As publicações atuais proporcionam uma<br />

confirmação importante. “É como a ApoE na<br />

doença de Alzheimer”, comentou Pentti Tienari da<br />

Universidade de Helsinki, Finlândia e Bryan Traynor<br />

do Instituto Nacional sobre o envelhecimento em<br />

Bethesda, Maryland (EUA), que realizaram a análise<br />

na Finlândia. Sabe-se, que a população finlandesa<br />

é geneticamente mais homogênea que a maioria,<br />

muito propícia por isso, para os estudos de genes.<br />

Os finlandeses apresentam um alto percentual<br />

de doenças genéticas, incluindo a ELA. Sabe-se<br />

também, que a Finlândia tem a maior incidência de<br />

ELA além da do Pacífico, onde surgiu uma forma<br />

não usual de ELA, na ilha de Guam, e outros lugares<br />

ilhados. “Nosso GWAS, é o único numa população<br />

que é capaz de explicar esta alta taxa de casos de<br />

ELA na Escandinávia”, afirmou Traynor.<br />

Os pesquisadores, incluindo os co-autores<br />

Hannu Laaksovirta e Peuralinna de Terhi da<br />

Universidade de Helsinki e Jennifer Schymick,<br />

estudaram o DNA de 405 pacientes com ELA e 497<br />

casos controles. Encontraram uma forte associação<br />

entre polimorfismos de nucleotídeo simples (SNPs),<br />

próximo do gene para a superóxido dismutase<br />

(SOD1) — um gene associado a ELA — assim<br />

como próximo do lócus 9p21. Os pacientes com a<br />

doença ligada a SNPs no lócus 9p21 foram 44 com<br />

antecedentes familiares de ELA e 58 com forma<br />

aparentemente esporádica. Entretanto, segundo<br />

Traynor, um caso que parece esporádico não tem<br />

que ser necessariamente uma nova mutação,<br />

alguns desses pacientes podem ter herdado o gene.<br />

Rademakers acrescentou que este fator de risco<br />

desconhecido poderia ter penetrância incompleta,<br />

o que poderia levar ao não desenvolvimento da<br />

ELA no portador da mutação. Em casos esporádicos<br />

pode ocorrer o fato de pais que não adoeceram ou<br />

que não viveram o suficiente para apresentar os<br />

sintomas. A ELA e a DFT parecem ser os extremos<br />

opostos de um espectro de uma doença com causas<br />

moleculares similares. Existem evidências que em<br />

várias famílias com demência fronto temporal<br />

se encontrou uma relação com este lócus do<br />

cromossomo 9.<br />

Pesquisadores do Reino Unido, liderados por<br />

Aleksey Shatunov e Ammar Al-Chalabi do King´s<br />

College de Londres, com colaboração também de<br />

Traynor, pela primeira vez completaram um estudo<br />

com 599 pacientes e 4144 controles. Recompilaram<br />

dados de todos os GWAS anteriores de ELA,<br />

perfazendo um total de 4312 pacientes e 8425<br />

controles. O único lócus que alcançou significância<br />

estatística foi o lócus 9p21. Entretanto, o estudo<br />

não encontrou significância estatística para outros<br />

lócus menores dos GWAS vinculados a ELA. O<br />

achado do 9p21 nessa coleção grande e diversa de<br />

amostras sugere que ele pode ser o fator de risco<br />

genético mais significativo para a ELA. O achado<br />

mais importante desse estudo foi que nenhum dos<br />

SNPs, previamente associados em ITPR2, FGGY, DPP6<br />

e UNC13A, apresentou significância estatística.<br />

A região 9p21 de interesse, que Traynor e seus<br />

colegas estudam mais acuradamente se reduz a<br />

232 kilobases, contendo três genes conhecidos e<br />

nenhum deles está relacionado, em princípio, com a<br />

doença do neurônio motor: MOBKL2B, que regula<br />

a quinase; IFNK, precursor de interferon envolvido<br />

na imunidade contra vírus; C9orf72, acredita-se<br />

que poderia ter uma função na espermatogênese.<br />

Traynor e colaboradores sequenciaram as regiões<br />

de codificação para os três genes, mas não<br />

encontraram nada suspeito. Entretanto, há vários<br />

tipos de mutações que o sequenciamento poderia<br />

ter passado despercebido. Sugere-se que a mutação<br />

poderia estar em um gene desconhecido ou que<br />

poderia ser uma inversão, e que seria difícil de<br />

capturar através de sequenciamento. Rademakers<br />

afirmou que as deleções pequenas e grandes são


<strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica: Atualização 2010 25<br />

fáceis de encontrar, porém poderiam se perder<br />

as de tamanho mediano. É possível, ou pouco<br />

provável, que a mutação não esteja na região<br />

definida. O marcador real de interesse poderia<br />

estar até a um milhão de bases distante do SNP<br />

associado. O sequenciamento de alto rendimento<br />

e de nova geração através de toda a região, com<br />

os avanços bio-informáticos e a cooperação entre<br />

grupos, é o caminho a ser seguido para localizar<br />

corretamente o fator genético de risco que marca<br />

esta zona do cromossomo 9.<br />

O ideal é que os clínicos pudessem dispor de<br />

uma prova genética que seria utilizada para o<br />

diagnóstico e para o aconselhamento genético.<br />

A identificação desta mutação dará pistas sobre<br />

o processo da doença e possíveis tratamentos<br />

potenciais disse Adam Boxer, da Universidade da<br />

Califórnia, em São Francisco, e que esta mutação<br />

poderia dizer muito sobre as proteinopatias TDP43<br />

e o mecanismo subjacente.<br />

Na última sessão do simpósio, foi apresentada<br />

uma nova forma de ELA familiar no cromossomo<br />

9, utilizando sequenciamento de exons. Esta<br />

forma deve ser responsável por 1% a 2% dos casos<br />

familiares. Ainda com relação à testagem genética,<br />

foi apresentado o protocolo da North Western<br />

University. Segundo este protocolo, somente<br />

é testado pacientes maiores de 18 anos, com<br />

mutações conhecidas na família e após extenso<br />

aconselhamento genético. Ao testar uma família,<br />

primeiro se testa para mutações na SOD1, e depois<br />

outros genes também disponíveis comercialmente<br />

(FUS, TDP-43, angiogenina e FIG-4).<br />

Transporte Axonal<br />

O transporte de substâncias para cima e para<br />

baixo, através do longo axônio do neurônio motor,<br />

é um importante processo celular que pode ter<br />

relação com os danos observados na ELA. Os<br />

neurônios, normalmente, movem substâncias<br />

celulares ao longo de seus axônios, para manterem<br />

as mensagens das células nervosas fluindo, e para<br />

manter a saúde das próprias células nervosas.<br />

Transporte Axonal<br />

Os neurônios motores podem ser<br />

particularmente vulneráveis a qualquer defeito<br />

genético ou dano celular que impede o transporte<br />

axonal, principalmente, os que dependem de<br />

grandes distâncias e utilizam o metabolismo<br />

energético e o transporte ativo. Estudos das<br />

proteínas dentro das fibras nervosas têm destacado<br />

sua importância na manutenção dos neurônios<br />

motores, e apontam para o possível papel destas<br />

proteínas axonais na esclerose lateral amiotrófica.<br />

Em axônios com peso molecular maior, o<br />

transporte axonal necessita de uma rapidez e<br />

periodicidade acentuada, em consequência da<br />

manutenção do balanço de degradação das<br />

proteínas ligadas a ubiquitina, intimamente<br />

relacionadas com a sobrevida neuronal.<br />

Alguns subtipos específicos de proteínas<br />

têm sido marcadoras da degeneração axonal e<br />

walleriana e marcadora da progressão da doença<br />

em ratos mutantes SOD1, como a Nmnat1.<br />

Com relação ao transporte axonal, temos um<br />

complexo representado pela dineina/dinactina<br />

responsável pelo fluxo retrógrado através<br />

do neurônio. Em um trabalho desenvolvido<br />

na Universidade de Melbourne, o Dr M. Farg<br />

demonstrou o papel deste complexo no tráfego<br />

endossômico do retículo endoplasmático até<br />

o complexo de Golgi em ratos transgênicos,<br />

também representados NSC34 cells e proteínas<br />

coat. A falha da função deste complexo resulta<br />

em estresse do retículo endoplasmático e acúmulo<br />

protéico intracitoplasmático.


26<br />

Resumo do XXI Simpósio Internacional de ELA/DNM<br />

Trabalhos experimentais chamaram a atenção,<br />

como o desenvolvido por pesquisadores da<br />

Universidade Central da Flórida, com utilização de<br />

modelos in vitro de culturas de células embrionárias<br />

e partes de junção neuromuscular. Culturas<br />

sanguíneas de motoneurônios demonstraram que<br />

a criação de miotúbulos e de junção neuromuscular,<br />

e doses associadas de neurotransmissores como<br />

serotonina, glutamato e acetilcolina, levam a um<br />

retorno do funcionamento eletrofisiológico em<br />

torno de 60% das células adultas espinhais.<br />

Novas Mutações Associadas a ELA<br />

Alguns trabalhos foram apresentados<br />

mostrando novas mutações da ELA. Dentre as novas<br />

mutações, está a associada ao gene de Optineurin<br />

(OPTN), inibidor do NFkB, sendo descrito em duas<br />

famílias que apresentaram doença lentamente<br />

evolutiva, com 8 anos sem ventilação, com início de<br />

envolvimento clinicamente simétrico. A descoberta<br />

desta mutação foi realizada pelo grupo japonês da<br />

Universidade de Tokushima, em Hiroshima, pelo Dr.<br />

M Kamada.<br />

Outro trabalho, realizado pela Universidade<br />

de Utrecht em associação com várias universidades<br />

européias e americanas, analisou o genoma<br />

humano em suas variantes comuns que aumentaria<br />

a susceptibilidade a ELA. A análise das cópias<br />

raras identificou como genes sugestivos o DPP6 e<br />

o NIPA1.<br />

A mutação do gene ANG está correlacionada<br />

a uma maior frequência da ELA esporádica.<br />

Pesquisadores desta mesma universidade, liderados<br />

pela Dra. M. Vanes, estudaram 16 mutações do<br />

gene, obtendo como resultado o risco aumentado<br />

para o desenvolvimento da doença.<br />

MODELO ANIMAL<br />

Os modelos animais devem ser cuidadosamente<br />

examinados e avaliados, uma vez que os resultados<br />

da investigação podem ser enganosos e não<br />

permitem aplicação imediata nos seres humanos.<br />

Atualmente, se tem discutido sobre os modelos<br />

animais na investigação da ELA, e a possibilidade<br />

de conseguir novos modelos. O modelo mais usado<br />

é o rato transgênico superóxido desmutase (SOD1).<br />

Outros modelos mais comuns são mosca da fruta,<br />

peixe zebra, coelho, porquinho da índia, cachorro<br />

e macaco.<br />

O modelo mais usado, o rato SOD1 ou SOD1-<br />

G93A, contém de 23 a 25 cópias do gene defeituoso<br />

da SOD1 humana com a mutação G93A (substituição<br />

da glicina (G), que há normalmente na posição 93<br />

da proteína, por uma alanina (A)) encontrada na<br />

ELA familiar. Este rato desenvolve uma doença<br />

que reproduz o que corresponderia a uma forma<br />

agressiva de ELA, morrendo em aproximadamente<br />

135 dias (ratos normais vivem 730 dias (2 anos)<br />

aproximadamente.<br />

Como nos humanos com ELA familiar, os<br />

ratos SOD1 experimentam atrofia muscular,<br />

perda funcional progressiva, dificuldade<br />

respiratória, morte de neurônios motores, tanto<br />

superiores como inferiores, comprometimento<br />

do sistema imunológico, interrupção da barreira<br />

hematoencefálica, aparecimento de corpos<br />

de inclusão e agregados de proteínas (ambos<br />

encontrados no interior de neurônios) e retração<br />

da junção neuromuscular. Embora o rato SOD1<br />

proporcione uma enorme vantagem em relação<br />

aos outros modelos animais, há diferenças enormes<br />

entre o modelo animal e o ser humano. A pergunta<br />

que se tem feito é: o rato SOD1 é um bom modelo<br />

para a ELA esporádica?<br />

Ao analisarmos o grau de implicação da<br />

SOD1 no ser humano, a forma mutada da SOD1 é<br />

responsável apenas por aproximadamente 15% a<br />

25% dos casos familiares de ELA. Em torno de 90%<br />

a 95% dos casos são considerados esporádicos,<br />

ou seja, não herdados, é importante lembrar,<br />

entretanto, que a ELA familiar e esporádica se<br />

apresentam sempre clinicamente idênticas.<br />

Novos Modelos Mutantes<br />

Com os achados dos agregados nucleares e<br />

intracitoplasmáticos da TDP-43, presentes em<br />

doenças neurodegenerativas como a ELA e a DFT,<br />

caracterizadas por corpúsculos de ubiquitina,<br />

os modelos mutantes anteriormente estudados,<br />

tornaram-se ultrapassados, havendo necessidade<br />

de novos modelos, que sinalizassem no seu<br />

citoplasma fosforilação, além da presença da<br />

microgliose e astrogliose. Novas mutações da<br />

TDP-43 identificadas como codificadoras são<br />

A315T e G348C, sendo elaborados a partir destas<br />

mutações, modelos que reproduzam a evolução do<br />

quadro demencial associado ao déficit motor. Estes<br />

modelos estão sendo produzidos pelo Dr. J-PJulien<br />

da Universidade Laval em Quebec-Canadá.


<strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica: Atualização 2010 27<br />

Novos modelos tentando reproduzir a<br />

degeneração do neurônio motor e a progressão<br />

da doença foram apresentados. O primeiro<br />

desenvolvido no Reino Unido, na Universidade<br />

de Sheffield, pelo Dr. M. da Costa, utilizando<br />

peixe zebra, reproduzindo o stress oxidativo em<br />

formas familiares, promovido pela deficiência de<br />

SOD1 e pelo acúmulo de radicais livres como H 2<br />

O 2<br />

causadoras da degeneração celular. O segundo,<br />

realizado na Universidade de Michigan, utilizou<br />

a forma transgênica da mutação G93A-SOD1<br />

apresentando sua mutação mais comum A4V,<br />

sendo associado a este modelo o uso IGF-1 (insulinlike<br />

growth factor) que adiciona uma característica<br />

neuroprotetora ao motoneurônio.<br />

DIAGNÓSTICO<br />

A ELA, por apresentar um curso degenerativo,<br />

progressivo, sem tratamentos curativos,<br />

limitando as terapias existentes para o uso<br />

de fármacos neuroprotetores e medidas de<br />

equipe multiprofissional, necessita de meios que<br />

confirmem o diagnóstico de forma definitiva e da<br />

maneira mais precoce possível, para que as medidas<br />

necessárias sejam tomadas em tempo de tornar o<br />

curso da progressão o mais lento possível.<br />

Novas Técnicas para o Diagnóstico<br />

Precoce<br />

Foram apresentados trabalhos relacionados ao<br />

uso de exames complementares no diagnóstico e<br />

seguimento de pacientes com ELA.<br />

O mais significativo dos estudos apresentados<br />

no simpósio foi o do Dr. J Ganesalingam, do<br />

King’s College, de Londres, em colaboração com<br />

a Universidade de Pittsburgh e a Universidade<br />

da Flórida, que investigaram a especificidade<br />

das proteínas como biomarcador diagnóstico<br />

da doença no líquido cefalorraquiano (LCR) dos<br />

pacientes. O estudo incluiu o LCR de 163 pacientes,<br />

com uso do ELISA para verificar os níveis de<br />

neurofilamentos de cadeia pesada fosforilados<br />

(phosphorylated neurofilament heavy chain –<br />

p-NFH) e de complemento C3 com a progressão da<br />

doença. O resultado obtido foi uma especificidade<br />

maior que 90% na acurácia diagnóstica. Outra<br />

conclusão dos pesquisadores foi que a mensuração<br />

compara essas duas proteínas, podendo prover um<br />

preditor diagnóstico para ELA.<br />

Outro trabalho interessante foi apresentado<br />

pelo grupo da Universidade de Oxford, pelo Dr<br />

Martin Turner, que utilizou o DTI (diffusium tensor<br />

imaging) para detecção de alterações precoces na<br />

substância branca, principalmente nos 6 primeiros<br />

meses de envolvimento do tracto córtico-espinhal<br />

na doença. Este pesquisador demonstrou o claro<br />

potencial deste método de imagem em encontrar<br />

alterações precoces e auxiliar ensaios clínicos.<br />

O prognóstico de pacientes com ELA pode ser<br />

sugerido por alterações em ressonância magnética.<br />

Um estudo inglês, de Abraham e colaboradores,<br />

demonstrou que pacientes com redução da fração<br />

de anisotropia na região da via córtico-espinhal<br />

apresentam maior grau de incapacidade motora<br />

em 6 meses.<br />

Com relação à parte clínica, um excelente estudo<br />

foi apresentado pela Dra D. Lullé, Universidade de<br />

Ulm, na Alemanha, estudando o envolvimento<br />

multissistêmico da ELA. Através da ressonância<br />

magnética funcional de crânio, potencial evocado<br />

visual e potencial evocado somatossensitivo foram<br />

detectados alterações no córtex correspondente<br />

dos pacientes com ELA.<br />

Por fim, um comentário, a respeito do<br />

trabalho apresentado pela Dra. I. Arts, realizado<br />

na Universidade de Niemegem, na Holanda. O<br />

estudo teve por objetivo utilizar a ultrassonografia<br />

muscular para aumentar a acurácia do diagnóstico<br />

da ELA, sobretudo na diferenciação da ELA e atrofia<br />

muscular espinhal. A ecografia muscular, avaliando<br />

diminuição de massa e aumento de ecogenicidade,<br />

foi capaz de diferenciar pacientes com ELA ou<br />

atrofia muscular progressiva de pacientes com<br />

condições semelhantes, com 96% de sensibilidade<br />

e 84% de especificidade. A ecografia também se<br />

mostrou útil na detecção de fasciculações.


28<br />

Resumo do XXI Simpósio Internacional de ELA/DNM<br />

TRATAMENTO<br />

MEDICAMENTOSO<br />

Estudos Atuais<br />

Nuedexta – Na área de tratamentos<br />

medicamentosos, foram apresentados dados finais<br />

do trabalho que avaliou dexametorfano e quinidina<br />

no tratamento de sintomas pseudobulbares. Este<br />

medicamento foi aprovado em outubro de 2010<br />

pelo FDA, com o nome de Nuedexta e baseia-se na<br />

redução da liberação de glutamato e no bloqueio<br />

do receptor pós-sináptico pelo dexametorfano.<br />

Os efeitos observados foram de redução de 49%<br />

acima do placebo no número de episódios de riso<br />

ou choro descontrolado, com 51% dos pacientes<br />

atingindo remissão completa dos sintomas. Estes<br />

resultados traduziram-se, ainda, em melhor<br />

qualidade de vida, medida pelo SF-36.<br />

Talampanel – Foram apresentados os dados<br />

finais do estudo fase III do Talampanel, envolvendo<br />

559 pacientes. Como já havia sido amplamente<br />

divulgado, não houve qualquer benefício nos<br />

pacientes tratados por 12 meses. Observou-se<br />

ainda efeitos adversos significativos como tontura,<br />

sonolência e ataxia. A conclusão foi de que, apesar<br />

deste estudo não excluir a possibilidade que<br />

antagonistas glutamatérgicos possam ser benéficos<br />

no tratamento da ELA, o uso de antagonistas puros<br />

do receptor AMPA, provavelmente seja ineficaz.<br />

Pioglitazona – Outro ensaio clínico com<br />

resultados desfavoráveis foi o estudo fase II da<br />

pioglitazona. Este medicamento, usado como<br />

hipoglicemiante oral apresenta também um efeito<br />

anti-inflamatório e havia se mostrado promissor em<br />

modelos animais de ELA. No estudo que envolveu<br />

219 pacientes, no entanto, observou-se uma maior<br />

mortalidade e progressão mais rápida da doença<br />

em pacientes tratados, quando comparados com<br />

o grupo placebo. Os motivos para estes maus<br />

resultados podem estar relacionados às alterações<br />

do metabolismo lipídico observadas nos pacientes<br />

que utilizam a pioglitazona. Recomenda-se cautela<br />

no uso desta medicação no tratamento de pacientes<br />

diabéticos e que também tenham ELA.<br />

CK 2017357 – Um estudo bastante preliminar,<br />

mas com uma concepção interessante envolveu o<br />

uso de uma nova droga (CK 2017357), que sensibiliza<br />

o sarcômero para a ativação pelo cálcio. Por este<br />

mecanismo, ele melhora a força de contração<br />

muscular em esforços submáximos. Pacientes que<br />

usaram dose única deste medicamento relataram<br />

a percepção de uma melhor capacidade motora, o<br />

que foi também percebido pelos investigadores. Foi<br />

observada também melhora na resistência muscular<br />

e na ventilação voluntária máxima, durante o<br />

período do efeito desta dose. Este medicamento, no<br />

futuro, pode ser útil para o tratamento sintomático<br />

de fadiga nos pacientes com ELA.<br />

Vírus Sintéticos – Uma nova tecnologia<br />

apresentada foi a de desenvolvimento de invólucros<br />

para o transporte de moléculas ao sistema nervoso<br />

central. Estes “vírus sintéticos” poderão ser usados<br />

para levar material genético modificado, enzimas<br />

ou outras substâncias de potencial terapêutico<br />

através da barreira hematoencefálica e da<br />

membrana celular de neurônios ou glia.<br />

CUIDADO HOLÍSTICO NA ELA<br />

Grande importância foi dada para a abordagem<br />

global no cuidado do paciente com ELA, sua<br />

autonomia, seus valores morais, suas crenças<br />

religiosas, seu contexto social e familiar, sua<br />

interação com o cuidador e, ainda, suas questões<br />

da vida íntima devem ser valorizados em todo o<br />

processo do adoecer.<br />

Autonomia e Qualidade de Vida<br />

Todo um módulo foi dedicado a este assunto,<br />

com informações sobre como manter o paciente<br />

com o máximo de autonomia possível associado a<br />

uma boa qualidade de vida.<br />

Cohen SR., do Canadá, apresentou a qualidade<br />

de vida (QV), seus valores individuais e uma<br />

avaliação básica. Nessa apresentação foi mostrada<br />

a comparação de duas escalas de QV para pacientes<br />

e cuidadores: MQOL para pacientes e QOLLT para<br />

cuidadores. Para este grupo de pesquisadores, a<br />

aplicação deve ser conjunta, já que os cuidadores<br />

devem ser ouvidos e avaliados e, muitas vezes,<br />

apresentam maior comprometimento da qualidade<br />

de vida que os próprios pacientes com ELA.<br />

Com relação à forma como os pacientes<br />

encaram as fases finais da ELA, foi apresentado um<br />

trabalho por Ganzini L., sobre os 460 pacientes com<br />

ELA que decidiram por suicídio assistido, desde


<strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica: Atualização 2010 29<br />

que este foi aprovado no estado de Oregon, USA,<br />

há 13 anos. Apesar dos pacientes que optam por<br />

esta intervenção não terem uma incidência maior<br />

de depressão e de não apresentarem sintomas<br />

físicos mais intensos que os pacientes em geral, há<br />

uma associação entre falta de esperança e baixa<br />

religiosidade, além de uma necessidade de manter<br />

o controle sobre sua própria vida.<br />

No Oregon, mais de 90% da população é<br />

caucasiana e muito poucos imigrantes estabelecemse<br />

lá. Após avaliarem centenas de pacientes com<br />

ELA em décadas, foi verificado que 80% deles<br />

já em estado terminal de doença pediram para<br />

morrer. Entretanto, somente 35 deles tiveram<br />

morte assistida. Desta forma, foi visto que mesmo<br />

havendo a possibilidade de pedir para morrer,<br />

somente uma pequena porcentagem dos pacientes<br />

a concretiza.<br />

Religiosidade e Decisões Difíceis<br />

A correlação inversa entre desejo de recorrer<br />

à morte assistida e religiosidade foi apresentada<br />

pelo estudo, realizado na Suíça por Stutzki e<br />

colaboradores do Departamento de Ética Médica<br />

da Universidade Medicina de Basel. Este estudo<br />

teve como objetivo determinar a correlação entre<br />

a fé pessoal, confissão religiosa e a espiritualidade<br />

dos pacientes com ELA e seus cuidadores primários<br />

em relação a seu ponto de vista quanto às questões<br />

relativas ao final de sua vida. Foram dois anos<br />

de pesquisa com aplicação de um questionário<br />

quantitativo em pacientes com ELA (n=34) e<br />

cuidadores (n=33). Os 34 pacientes avaliados<br />

apresentavam média de idade de 58,3 anos, sendo<br />

22 homens. 18 pacientes eram católicos romanos, 11<br />

protestantes e 5 sem denominação. Dos cuidadores,<br />

16 eram católicos romanos, 8 protestantes e 9 sem<br />

denominação. As diferenças significativas entre<br />

os pacientes e seus cuidadores foram encontradas<br />

nas questões relativas à qualidade de vida, solidão,<br />

auto-avaliação religiosa e medidas para prolongar<br />

a vida. Como resultado, os cuidadores sofrem<br />

mais com a doença e se desgastam mais do que os<br />

pacientes. Por outro lado, os pacientes parecem ser<br />

mais religiosos e de forma mais intensa que seus<br />

cuidadores. Pacientes sem uma crença definida<br />

tomam mais remédios com prescrição médica<br />

e muitos já pensaram em abreviar a vida e já<br />

discutiram este assunto com seu médico do que<br />

os católicos e protestantes. Desta forma, apesar<br />

de 41% dos pacientes terem pensado em abreviar<br />

sua vida, somente 6% expressaram o desejo de<br />

realmente fazê-lo.<br />

Os resultados sugerem que os pacientes afiliados<br />

a uma denominação religiosa são menos propensos<br />

a considerar o suicídio ou a morte assistida como<br />

opções. Os pesquisadores concluíram que a fé<br />

religiosa influencia os pacientes nas questões<br />

referentes à sua vida, porém há diferença entre as<br />

opiniões de pacientes católicos e protestantes.<br />

Caminhada do Início dos Sintomas<br />

ao Diagnóstico<br />

A demora da confirmação diagnóstica produz<br />

um forte impacto emocional nos pacientes e<br />

seus familiares. A Dra. O’Brien fez um estudo<br />

quantitativo para analisar e identificar o impacto<br />

positivo ou negativo das experiências de 24<br />

pacientes, 18 cuidadores atuais e 10 cuidadores<br />

familiares antigos na busca pelo diagnóstico. Os<br />

resultados evidenciaram vários aspectos evidentes:<br />

a demora do diagnóstico parece estar relacionada<br />

com a falta de reconhecimento e valorização dos<br />

sintomas intermitentes e insidiosos. Os pacientes<br />

são encaminhados a outros especialistas em função<br />

da manifestação inicial (sintomas osteoarticular<br />

lombar ou cervical ao ortopedista, traumatologista,<br />

reumatologista ou ao neurocirurgião; disfonía ou<br />

disartria ao fonoaudiólogo, otorrinolaringologista;<br />

depressão ao psiquiatra ou ao psicólogo).<br />

Existe uma falta de urgência na atenção<br />

primária resultando em grande período de tempo<br />

após a consulta médica inicial pelos sintomas<br />

diversos e inespecíficos. Mais tarde, já na atenção<br />

especializada, não é pequeno o tempo de espera<br />

para prosseguir no processo de investigação<br />

diagnóstica. Essa demora repercute negativamente<br />

no bem estar dos pacientes e cuidadores.<br />

Outro problema detectado foi em relação<br />

à comunicação do diagnóstico. Para alguns foi<br />

feita com cuidado e tato, dando as explicações<br />

devidas e pertinentes e manifestando empatia pelo<br />

paciente, para outros, entretanto, a comunicação<br />

não foi satisfatória por ter sido demasiadamente<br />

direta, sem levar em conta o impacto que causa<br />

no paciente e seus familiares. Outro ponto<br />

interessante do estudo foi o relato de pacientes<br />

que, embora o diagnóstico tenha sido traumático,<br />

sentiram alívio por compreenderem afinal a causa<br />

de seus sintomas.<br />

Comparações foram feitas quanto à assistência<br />

e o suporte recebido após a comunicação<br />

diagnóstica com pacientes com câncer. O apoio<br />

adequado no momento do diagnóstico é dado aos


30<br />

Resumo do XXI Simpósio Internacional de ELA/DNM<br />

pacientes com câncer, mas o mesmo não ocorre<br />

com pacientes de ELA. O relato dos pacientes<br />

evidenciou as repercuções da demora diagnóstica<br />

e da comunicação das “noticias ruins”, e o impacto<br />

sobre sua vida como também dos familiares e<br />

cuidadores. Há necessidade de melhor interação<br />

dentro do sistema de saúde e maior sensibilidade<br />

com os pacientes e cuidadores no momento crítico<br />

de receber o diagnóstico.<br />

Cuidados Paliativos<br />

Foi grande o interesse sobre o cuidado<br />

assistencial neste simpósio o mesmo tema foi<br />

abordado tanto na reunião da Aliança como no<br />

fórum dos profissionais. Alguns estudos coincidiram<br />

quanto à importância de um médico em Cuidados<br />

Paliativos, como parte da Unidade de Atendimento<br />

Multiprofissional na ELA, equipes com a mesma<br />

linguagem e controle eficaz dos sintomas, levando<br />

em conta o respeito pela autonomia do paciente e<br />

seus valores individuais.<br />

O Dr. Robert Miller fez uma avaliação dos<br />

parâmetros de prática clínica para o tratamento<br />

de pacientes com ELA. Ele ressaltou a mudança de<br />

atitude frente à doença, partindo de não haver<br />

nada a fazer (anos 80), aparecimento do riluzol<br />

(anos 90), importância da ventilação não invasiva,<br />

gastrostomia e cuidados multidisciplinares nos anos<br />

2000 até a preocupação atual com o diagnóstico<br />

e intervenção precoce. O Dr Miller descreveu os<br />

parâmetros recomendados em 2009, pela Academia<br />

Americana de Neurologia e o seu impacto na prática<br />

clínica. Ainda assim, dos pacientes americanos<br />

que necessitariam somente 63% estão usando<br />

Riluzol, 21% ventilação não invasiva e 9% nutrição<br />

por gastrostomia. Outros pontos falhos destas<br />

diretrizes são a definição do momento correto de<br />

iniciar ventilação não invasiva ou gastrostomia, a<br />

definição se há benefícios em uma dieta rica em<br />

colesterol, a avaliação de tratamentos sintomáticos,<br />

o papel do exercício, a avaliação de diferentes<br />

formas de informar o diagnóstico e de tomada de<br />

decisões nas fases finais da doença.<br />

A palestra proferida por Jackson V. do<br />

Departamento de cuidados paliativos do Hospital<br />

geral de Massachusetts – EUA foi sobre os<br />

cuidados paliativos no fim da vida: impacto para o<br />

profissional de saúde. Ele chamou a atenção para<br />

os profissionais que se envolvem demasiadamente<br />

com a doença do paciente muitas vezes<br />

esquecendo-se de sua própria vida. Para que isso<br />

não ocorra há necessidade treinamento para os<br />

profissionais no sentido de separar trabalho da<br />

vida pessoal.<br />

Pesquisadores australianos realizaram um<br />

estudo baseado em pesquisa bibliográfica e<br />

entrevistas com pacientes de ELA, cuidadores e<br />

profissionais de Cuidados Paliativos. Os pacientes<br />

se mostram receosos quando encaminhados aos<br />

serviços de cuidados paliativos, pois não entendem<br />

o papel desses cuidados na sua doença, julgam<br />

que quem precisa são pacientes oncológicos, em<br />

fase terminal, e os pacientes de ELA não se sentem<br />

pacientes como terminais. Existe, portanto uma<br />

falta de informação sobre a doença e os cuidados<br />

paliativos. Os profissionais que se preocupavam<br />

em conhecer as expectativas dos pacientes se<br />

mostraram mais afetuosos e proporcionaram<br />

informação mais eficiente. A efetividade aumentou<br />

quando a comunicação foi clara, bidirecional,<br />

compreensível e ordenada, foi de suma importância<br />

para que o paciente tenha entendido e assimilado<br />

corretamente todo o tratamento ao longo da sua<br />

doença.<br />

Por outro lado, os pacientes que reconheciam<br />

nos profissionais dos Cuidados Paliativos a falta de<br />

um compromisso claro e pouca responsabilidade<br />

no seu atendimento, se negavam a ser tratados por<br />

eles. Verificou-se também que os profissionais se<br />

mostraram resistentes em aceitar estes pacientes. O<br />

estudo identificou que os profissionais de Cuidados<br />

Paliativos tinham pouco conhecimento sobre a ELA,<br />

o que dificultava proporcionar um tratamento ideal<br />

e atenção adequada aos pacientes e suas famílias.<br />

Outro achado que se destacou no estudo<br />

australiano, foi a ideia errônea de que uma vez que<br />

o paciente esteja no serviço de Cuidados Paliativos,<br />

este é que tem total responsabilidade do seu<br />

cuidado.<br />

Os padrões de qualidade na atenção de<br />

um paciente com ELA indicam que durante<br />

todo o seu processo de adoecimento, ele irá<br />

passar por diferentes fases e ser tratado por<br />

diferentes profissionais da equipe multi e<br />

interprofissional, cada um realizando a sua parte<br />

correspondente na atenção ao paciente de forma<br />

continuada, controlando sintomas, dando suporte<br />

emocional, atenção social, reabilitação física,<br />

acompanhamento, etc.; centralizado em aliviar os<br />

efeitos da doença.<br />

Os grupos estudados, tanto de pacientes como<br />

de cuidadores, mostraram pobre qualidade de<br />

vida e tanto nos pacientes que sofrem transtornos


<strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica: Atualização 2010 31<br />

neurodegenerativos quanto nos seus cuidadores,<br />

muitas de suas necessidades não são satisfeitas. Em<br />

conclusão, os pesquisadores indicam a necessidade<br />

imperiosa em formar profissionais de atenção<br />

paliativa, especialistas no manejo dos sintomas<br />

da ELA. Com os resultados da primeira fase do<br />

estudo global Australiano, e com o objetivo de<br />

melhorar a atenção especializada requerida, foi<br />

implementado o Programa Educacional Guia de<br />

Cuidados Paliativos para Pacientes com DNM/ELA,<br />

que se constituiu de três fases:<br />

Fase I – Entrevista com um grande grupo de<br />

pacientes, cuidadores e profissionais da saúde, de<br />

vários estados da Austrália, para determinar as<br />

necessidades de formação.<br />

Fase II – Desenvolvimento e implementação<br />

de um programa piloto de formação integral<br />

para pessoas que trabalhavam nas diversas áreas<br />

dos Cuidados Paliativos. O programa forneceu<br />

informações sobre a ELA e a forma de gestão eficaz<br />

dos problemas práticos vividos pelos pacientes e<br />

famílias.<br />

O programa de formação consistiu de seis<br />

módulos de uma hora.<br />

Fase III – Avaliação da eficácia do programa com<br />

o objetivo de melhorar a atenção aos pacientes e<br />

suas famílias.<br />

Frequência e Característica da Dor<br />

Sabe-se que o sofrimento e morte do neurônio<br />

motor não geram dor, porém as causas secundárias<br />

levam a quadros álgicos. A dor é considerada pouco<br />

frequente nas fases iniciais da ELA, mas, é frequente<br />

nas fases mais avançadas, entretanto, pouco são os<br />

estudos sobre o tema, e não há nenhum estudo<br />

sobre a frequência e características da dor em ELA<br />

comparados com controles.<br />

Calvo e colaboradores do Departamento de<br />

Neurociências da Universidade de Torino, avaliaram<br />

a dor, sua frequência e características com uso<br />

do questionário Brief Pain Inventory (BPI) e a<br />

funcionalidade (estado físico dos pacientes com a<br />

Escala ALSFR-R). Foram incluídos 160 pacientes com<br />

ELA (91 homens e 69 mulheres), com média de idade<br />

de 62,4 anos, média de tempo de doença de 42,7<br />

meses (mediana de 31 meses), média da ALSFRS-R<br />

de 28,7, início esporádico em 131 pacientes e bulbar<br />

em 29. Este grupo de pacientes foi comparado<br />

com 120 controles saudáveis com idade e gênero<br />

semelhante. A dor foi reportada por 90 pacientes<br />

(56,3%) e 53 controles (33,1%) (p=0,001). A<br />

intensidade máxima e média foi igual em ambos os<br />

grupos. Quanto a localização da dor nos pacientes:<br />

76,6% nos membros superiores e inferiores, 29% nas<br />

costas, 6,3% no tronco e 22% na cabeça e pescoço.<br />

Já, os controles que apresentam a dor: 59% nos<br />

membros superiores e inferiores, 41% nas costas,<br />

13,5% no tronco e 20,5% na cabeça e pescoço. A<br />

única diferença estatisticamente significante foi a<br />

dor nos membros. Quanto aos tratamentos para<br />

a dor, 47 pacientes (68,8%) e 24 controles (45,3%)<br />

estavam sendo tratados para a dor, a eficácia da<br />

terapia foi similar para os dois grupos. A maioria dos<br />

pacientes e controles fazia uso de anti-inflamatório<br />

não hormonais e 17% dos pacientes e 11% dos<br />

controles faziam fisioterapia. A presença da dor<br />

não foi relacionada com a idade, gênero, mas,<br />

aumentou com a piora da perda da funcionalidade<br />

e duração da doença. Os pacientes referiram que a<br />

dor interferia no seu comportamento e, em menor<br />

grau, nas suas relações sociais e sono. Em conclusão:<br />

a dor foi mais frequente nos pacientes com ELA<br />

que no grupo controle, porém, a intensidade foi<br />

similar. A presença da dor estava relacionada com<br />

a incapacidade dos pacientes. O predomínio da<br />

dor foi nos membros e os pacientes que receberam<br />

tratamento para a dor, consideraram que não<br />

apresentaram muito alívio.<br />

Os resultados da formação mostraram melhora<br />

do conhecimento da doença e uma atitude mais<br />

positiva para atender os pacientes com ELA. Outro<br />

aspecto importante encontrado nesses estudos foi<br />

que a atitude negativa dos profissionais de saúde<br />

frente às necessidades dos pacientes de ELA, não<br />

está somente relacionada com a falta de formação.<br />

Um grupo da ALS Association dos EUA mostrou<br />

um estudo nacional sobre a utilização clínica da<br />

equipe multidisciplinar para pacientes com ELA.<br />

A pesquisa foi conduzida pela web com pacientes<br />

convocados pelo site patientslikeme.com e pelo<br />

website da ALS Association. Foi aplicado um<br />

questionário de qualidade de vida e os pacientes<br />

foram divididos nos que frequentam um centro<br />

de reabilitação (SIM) e nos que não frequentam<br />

(NÃO). Os grupos eram semelhantes, com exceção<br />

da duração da doença em meses (62,1% SIM vs.<br />

84,4% NÃO – p=0,017). O grupo SIM apresentou<br />

média da ALSFRS-R de 18,7 e o grupo NÃO 14,0<br />

(p


32<br />

Resumo do XXI Simpósio Internacional de ELA/DNM<br />

grupo SIM na maioria dos domínios. Não houve<br />

diferença entre os grupos quanto a tratamentos<br />

não medicamentosos, mas houve diferença, sendo<br />

maior no grupo SIM, quanto ao acompanhamento<br />

de fisioterapeutas, enfermeiros, fonoaudiólogos,<br />

medicina alternativa, home care e hospice<br />

aos pacientes.<br />

Novo Dispositivo para Mensurar<br />

a Progressão da ELA<br />

Atualmente, as medidas empregadas na<br />

mensuração da força de pacientes com ELA<br />

requerem casuísticas grandes e podem ser<br />

incapazes de detectarem mudanças pequenas, mas<br />

clinicamente importantes. A contração isométrica<br />

voluntária máxima (CIVM) mede com precisão<br />

a progressão da ELA. Entretanto, a CIVM tem o<br />

inconveniente de ser custoso. Dinamômetro de<br />

mão é adequado, mas está limitado pela força<br />

do avaliador. Para atender a necessidade de se<br />

ter método conveniente e que tenha a acurácia<br />

da prova da CIVM, se desenvolveu um dispositivo<br />

chamado Teste de acurácia de força isométrica do<br />

membro Prueba (Accurate Test of Limb Isométric<br />

Strength-ATLIS). Esse dispositivo portátil consta de<br />

uma cadeira ajustável e inclinável.<br />

Teste quantitativo de força<br />

com o dinamômetro que não é tão fidedigno<br />

(avaliado em 20 pacientes) e o TQNE que é fidedigno<br />

e foi avaliado também em 20 em pacientes, o ATLIS<br />

apresenta outra vantagem que é a não necessidade<br />

de trocar posições e de estabilização dos membros.<br />

Como resultado, o ATLIS parece ser fidedigno e<br />

mostrou a perda de forca de MMSS em 57% ao ano<br />

e dos MMII em 58% ao ano. Como próximo passo,<br />

será feito um estudo clínico com este equipamento.<br />

Comunicação na ELA<br />

Rosenfeld da Califórnia abordou a criação de um<br />

banco de voz para facilitar a adesão à comunicação<br />

aumentativa com geração de voz. Utilizou-se o<br />

método de banco de frases e palavras e também<br />

uma gravação da voz sintetizada (programa<br />

ModelTalker), que permite que qualquer palavra<br />

seja dita com a voz natural. Os passos foram: (1)<br />

acesso a computador com Windows a microfone<br />

para a gravação; (2) download do programa no<br />

desktop; (3) gravação inicial de 10 frases; (4) uma<br />

vez aprovadas, as 1600 frases restantes podem ser<br />

gravadas; (5) as frases são gravadas no ModelTalker<br />

e a voz deve ser criada por profissionais; (6) uma<br />

vez recebida, a voz pode ser usada para muitas<br />

outras palavras. Como resultado, 40% acharam o<br />

programa bom, 40% acharam as capacidades do<br />

programa muito boas, para 60% a voz é importante<br />

e para 50% a aceitação social é pouco importante.<br />

Desta forma, este programa mostrou-se eficaz, pois<br />

fez os pacientes aceitarem esta tecnologia, já que<br />

dizer as palavras e frases com sua própria voz traz a<br />

emoção da fala de cada um de volta.<br />

Palestra de SR. Steve Saling, que faz<br />

uso deste tipo de programa descrito<br />

O teste quantitativo de força deve levar em<br />

consideração a fraqueza progressiva e mudanças<br />

desta força em cada fase da doença. Compararamse<br />

os três equipamentos: TQNE (isométrico),<br />

dinamômetro e ATLIS (isocinético), equipamento a<br />

ser validado. O teste constou na avaliação de 12<br />

grupos musculares dos membros. Verificou-se que<br />

o ATLIS e o dinamômetro são portáteis, porém,<br />

somente o ATLIS testou os músculos fracos e fortes<br />

muito bem em 12 pacientes. Quando comparado<br />

A palestra dada por um paciente com ELA, o


<strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica: Atualização 2010 33<br />

Sr. Steve Saling, que faz uso deste tipo de<br />

programa descrito e, por ser arquiteto, fez parte da<br />

idealização da casa ideal para pacientes com ELA.<br />

São casas totalmente adaptadas às necessidades<br />

dos pacientes com ELA, totalmente automatizadas<br />

e apresentam um custo médio de U$ 2.000.000,00.<br />

Sua palestra durou 20 minutos e foi toda feita com<br />

sua voz sintetizada.<br />

<strong>Sobre</strong> tecnologia, Kristen Gruis, da Universidade<br />

de Michigan mostrou a satisfação dos pacientes<br />

com a tecnologia assistiva. O trabalho foi<br />

realizado de março de 2008 a julho de 2009 e a<br />

pesquisa foi feita por telefone. Foram abordados<br />

os dados demográficos, o comprometimento<br />

físico (ALSFRS-R) e a tecnologia assistiva (33<br />

equipamentos). Para as atividades de vida diária<br />

foram avaliados mobilidade, comunicação,<br />

alimentação, vestimenta, banho e cuidados pessoas<br />

e controle ambiental. 65 dos 96 pacientes com ELA<br />

avaliados (68%) responderam. Eles apresentavam<br />

média de idade de 62 anos, 37 (59%) eram homens<br />

e 52 (83%) apresentavam início da doença nos<br />

membros. A mediana do tempo desde o diagnóstico<br />

foi de 26 meses e da ALSFRS-R de 25. Resultados:<br />

quanto à mobilidade, os pacientes já fizeram uso<br />

de: 13 (20%) andador, 17(27%) cadeira de rodas<br />

motorizadas, 20 (32%) órtese em tornozelo e 29<br />

(46%) prancha de transferência. Para comunicação,<br />

20 (31%) escrevem em papel, 21 (34%) usam laptop,<br />

14 (22%) usam “palm” e nenhum paciente faz<br />

uso de comunicação eletrônica. Para alimentação,<br />

13 (21%) modificaram seus utensílios e 17 (27%)<br />

usam órtese no punho. Para vestuário, 35 (55%)<br />

adaptaram os calçados. Quanto à modificação<br />

do ambiente, 16 (26%) adaptaram seu telefone,<br />

18 (29%) adaptaram controles eletrônicos para<br />

reclinar ou parar a cadeira de rodas e 10 (15%)<br />

fizeram uso de cama elétrica.<br />

Exercício e a ELA<br />

O papel da atividade física na promoção ou<br />

prevenção da progressão da degeneração do<br />

neurônio motor na ELA ainda continua muito<br />

discutido.<br />

É de conhecimento geral que o exercício<br />

promove bem-estar, contribui positivamente para<br />

um peso corporal saudável, para a forca muscular,<br />

sistema imune e saúde cardiovascular. O exercício<br />

também tem se mostrado neuroprotetor tanto para<br />

o sistema nervoso central quanto para o periférico.<br />

Sabe-se também, que exercício vigoroso exacerba<br />

a progressão da doença em modelos animais e<br />

em pacientes, por outro lado, exercício moderado<br />

promove a melhora funcional (ALSFRS-R) e os<br />

sintomas da doença.<br />

Lunetta e colaboradores do Neuromuscular<br />

Omnicetre (NEMO) de Milão realizaram um ensaio<br />

clínico randomizado controlado de atividade<br />

física em indivíduos com ELA. Após 6 meses de<br />

tratamento, o grupo com resistência apresentava<br />

maior função (ALSFRS) e qualidade de vida (SF-36)<br />

que o grupo que realizou somente alongamentos.<br />

Os objetivos desta pesquisa atual foram avaliar<br />

o efeito de diferentes programas de exercício<br />

comparados aos “cuidados diários” na progressão<br />

da doença de pacientes com ELA e definir o<br />

impacto destes programas na qualidade de vida.<br />

Foram incluídos pacientes entre 18 e 75 anos,<br />

início da doença há menos de 36 meses, valores<br />

da ALSFRS-R: andar = 2 e forca respiratória = 3, e<br />

capacidade vital forçada (CVF) > 60% do predito.<br />

Os pacientes foram divididos aleatoriamente<br />

em 2 grupos:<br />

No grupo 1 (n=17) os pacientes receberam<br />

exercícios monitorados por fisioterapeutas do<br />

centro de reabilitação NEMO e por cuidadores<br />

treinados em casa, todos os dias por 6 meses, sendo<br />

todos os dias em casa e dias alternados no NEMO.<br />

No dia que o paciente ia ao NEMO, também fazia<br />

os exercícios em casa. Este grupo 1 foi dividido em<br />

outros 3 subgrupos: 1A: recebeu exercícios ativos<br />

associados ao ciclo ergômetro (n=5); grupo 1B:<br />

recebeu somente exercícios ativos (n=6); grupo<br />

1C: recebeu somente exercícios passivos (n=6).<br />

No início, após 2, 4 e 6 e meses os pacientes<br />

foram avaliados pelo teste de força manual, pela<br />

escala ALSFRS-R, pela CVF e peso questionário de<br />

qualidade de vida de McGill. No grupo 2 (n=20),<br />

os pacientes só receberam os cuidados usuais em<br />

casa. Resultados: os grupos eram similares entre<br />

si, o grupo 1 apresentou menor perda funcional<br />

que o grupo 2, no fim do tratamento, no grupo<br />

1 menos de 20% dos pacientes apresentavam o<br />

valor da ALSFRS-R < 24, enquanto no grupo 2 eram<br />

quase 40%. Após 6 meses do final do tratamento,<br />

os pacientes foram reavaliados quanto a função,<br />

nesta avaliação, 50% dos pacientes do grupo 1<br />

e 80% dos pacientes do grupo 2 apresentavam<br />

pontuação


34<br />

Resumo do XXI Simpósio Internacional de ELA/DNM<br />

de tratamento, 7% do grupo 1 e 25% do grupo<br />

2 haviam morrido ou estavam traqueostomizados,<br />

e, após os 6 meses de follow-up, 20% do grupo 1<br />

e 60% do grupo 2 estavam traqueostomizados.<br />

Quanto a força muscular e CVF, os pacientes de<br />

ambos os grupos apresentavam-se similares e na<br />

qualidade de vida, ao final do tratamento, o grupo<br />

1 apresentava melhor pontuação no domínio físico<br />

comparado ao grupo 2 (16±4,8 vs. 22±3,8), o que foi<br />

preferencialmente influenciado pela melhora física<br />

do grupo 1A – 10±4,3). Neste estudo, concluiu-se<br />

que o exercício monitorado pode ser bom para os<br />

pacientes com ELA, principalmente na capacidade<br />

funcional. As porcentagens de traqueostomia e<br />

morte foram melhores no grupo tratamento e<br />

os sintomas físicos parecem melhorar no fim do<br />

período de tratamento de 6 meses.<br />

Influência da intensa atividade física na<br />

evolução da ELA, estudo de Rodriguez de Rivera<br />

e colaboradores da Unidade de ELA do Hospital<br />

Universitario La Paz de Madri, Espanha. Estudos<br />

anteriores tentaram encontrar sem êxito uma<br />

relação causal entre a atividade física intensa e<br />

o desenvolvimento de ELA. Segundo os autores<br />

esses estudos não verificaram se os pacientes<br />

estavam evoluindo de maneira diferente dos<br />

demais pacientes de ELA. O objetivo do estudo<br />

foi avaliar se existem diferenças na evolução<br />

dos pacientes com uma atividade física intensa<br />

durante os primeiros dois anos após o diagnóstico.<br />

Foram avaliados, trimestralmente, entre 2006 e<br />

2010,42 pacientes (30 homens e 12 mulheres), com<br />

média de idade de início da doença de 57,97 anos.<br />

Desses pacientes, 11 (10 homens e uma mulher com<br />

média de idade de início da doença de 47,45 anos)<br />

tinham precedentes de atividade física intensa<br />

(7 desportistas, 2 militares e 2 outras atividades).<br />

Nos Pacientes com Atividade Física (PAF) 81,81%<br />

tinham ELA de forma espinhal e 18,18% a forma<br />

bulbar. Nos Pacientes sem Atividade Física (NãoPAF)<br />

61,29% tinham ELA espinhal e 38,7% a forma<br />

bulbar.<br />

As características dos grupos PAF e NãoPAF<br />

estão apresentadas a seguir:<br />

PAF –<br />

início<br />

PAF –<br />

após<br />

24 m<br />

Não<br />

PAF –<br />

início<br />

NãoPAF –<br />

após 24 m<br />

Diminuição<br />

funcional 45,27 22,88 41,58 17,17<br />

ALSFRS<br />

Deficiência<br />

respiratória<br />

45,45% 74,19%<br />

Disfagia 54,54% 70,96%<br />

Depressão 36,36% 70,96%<br />

Alteração<br />

cognitiva<br />

27,27% 39,70%<br />

Mortalidade 27,27% 22,55%<br />

No final dos 24 meses o grupo PAF estava pior<br />

que o NãoPAF e a diferença foi estatisticamente<br />

significante (p


<strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica: Atualização 2010 35<br />

O Estudo de Wood-Allum incluiu 722 pacientes<br />

com ELA e confirmou os achados de Turner. O<br />

resultado mostrou que quando a doença inicia nos<br />

membros superiores ocorre mais frequentemente<br />

no membro dominante. Quando a doença iniciou<br />

nos membros inferiores não houve um lado mais<br />

frequente para o início da doença. Os autores<br />

concluem que esses achados são evidências para<br />

reforçar a hipótese da relação do exercício e a ELA.<br />

Tatiana Mesquita e Silva e colaboradores, em<br />

São Paulo, Brasil estudaram o tempo da perda da<br />

habilidade da marcha em pacientes com ELA após<br />

programa de hidroterapia. Foram acompanhados<br />

54 pacientes com diagnósticos de ELA (42 de início<br />

espinhal e 12 bulbar – PBP) durante três anos por<br />

fisioterapeutas. Nenhum dos pacientes apresentou<br />

mudanças na sua capacidade de caminhar na<br />

avaliação inicial conforme item H da escala ALSFRS-R.<br />

Todos os pacientes realizaram hidroterapia uma<br />

vez por semana em centro especializado. Analisouse<br />

o tempo quando as primeiras adaptações<br />

para caminhar foram prescritas (uso de órtese<br />

antiequina, bengala ou andadores) e quando<br />

esses pacientes perderam a capacidade para<br />

caminhar e iniciaram o uso de cadeira de rodas. Os<br />

pacientes foram avaliados a cada três meses. Como<br />

resultado, verificou-se um atraso para necessidade<br />

de introdução das primeiras adaptações, em média<br />

15 meses após o diagnóstico na ELA espinhal, e a<br />

perda da marcha ocorreu cerca de 24 meses após<br />

o diagnóstico. Já, pacientes com Paralisia Bulbar<br />

Progressiva 3 apresentaram perda de marcha<br />

depois de 19 meses e 9 desenvolveram mudanças<br />

na marcha e iniciaram a utilizar dispositivos para<br />

melhorar a marcha 20 meses após o diagnóstico.<br />

Esses resultados sugerem que a reabilitação pode<br />

aumentar o tempo de marcha e a capacidade para<br />

caminhar em pacientes com ELA, independente da<br />

forma inicial da doença.<br />

Ventilação na ELA<br />

A Ventilação Não Invasiva (VNI) na ELA: um<br />

estudo de 10 anos de base populacional na Itália,<br />

realizado por Chió e colaboradores, do Centro<br />

de ELA da Universidade de Torino. A VNI para<br />

pacientes com ELA tem se mostrado efetiva,<br />

aumentando o tempo de vida dos pacientes. Na<br />

Itália, quando avaliado por período, entre 1995<br />

e 2004, 20,7% dos pacientes faziam uso de VNI,<br />

sendo que, entre 1995 e 1999, somente 14,7%<br />

faziam uso e entre 2000 e 2004, 26,2% já faziam<br />

uso. Já avaliando pelos centros de tratamento, nos<br />

específicos em ELA, 37,2% faziam uso, enquanto<br />

nos centros de tratamento geral em neurologia,<br />

somente 8,5% usavam a VNI. Um total de 1351<br />

pacientes foram diagnosticados com ELA, entre<br />

1995-2004 em Piemonte – Itália. O fenótipo da ELA<br />

foi determinado em 1332 pacientes (98,8%). 37%<br />

eram bulbares, seguidos por 32% com ELA clássica<br />

e 15% de inicio nos MMII. Quanto a idade de inicio,<br />

nos pacientes bulbares foi 68 anos, seguido por<br />

65 anos nos pacientes com inicio nos MMII e 63<br />

anos os pacientes com ELA clássica. Os mais jovens<br />

apresentavam como inicio a AMP (atrofia muscular<br />

progressiva). Os pacientes com inicio piramidal, ELA<br />

primaria e AMP apresentaram maior demora para<br />

o diagnóstico (15 meses) e a maior incidência foi<br />

bulbar nas mulheres e clássica nos homens. A maior<br />

incidência de ELA clássica foi entre 60-69 anos em<br />

ambos os sexos e de ELA bulbar entre 70-79 anos,<br />

também em ambos os sexos. Concluiu-se que os<br />

fenótipos estão fortemente relacionados a sexo<br />

e idade e influenciam fortemente nos resultados<br />

da doença. As razões para a influência destes dois<br />

fatores na biologia da ELA e seus resultados, ainda,<br />

não são conhecidos.<br />

Risco de falência respiratória, hospitalizações<br />

emergenciais e resultados não planejados em<br />

pacientes com ELA: um estudo de 20 anos. Cazzoli et<br />

al. Mensurou-se a quantidade de saliva pela escala<br />

de secreção oral (ESO). Viram que o risco aumenta<br />

com secreções orais excessivas, intolerância e uso<br />

inadequado da VNI, supertreinamento (marcha),<br />

início precoce da disfunção respiratória, falta de<br />

monitoramento pulmonar, uso do CPAP, uso de<br />

morfina / oxigênio em pacientes que não toleram a<br />

VNI e colocação tardia da Gastrostomia Endoscópica<br />

Percutânea (GEP).<br />

Características do sono e seus valores preditivos<br />

em pacientes com ELA. Patel el al. Realizaram um<br />

estudo retrospectivo que descreveu as características<br />

do sono, valores da VNI, complicações respiratórias<br />

e sobrevivência dos pacientes com ELA. Avaliaram<br />

pacientes com ELA pelo exame polissonográfico de<br />

2006 a 2010. Como resultados, dos 56 pacientes,<br />

52% eram homens, idade de início da ELA foi 57,5<br />

anos, média do Índice de Massa Corporal (IMC) de<br />

24,5. Do total de pacientes 27% apresentaram inicio<br />

bulbar e a media da CVF foi de 47%. A mediana da<br />

perda funcional foi 0,91 ao ano, duração da doença<br />

de 2,9 anos, 29% já apresentaram complicações


36<br />

Resumo do XXI Simpósio Internacional de ELA/DNM<br />

respiratórias, sendo a primeira em média 3,2 anos.<br />

A média da eficiência do sono foi de 61,8%, do IAH<br />

(índice de apneia e hipopneia) foi de 2,5 eventos<br />

por hora e de hipoventilação foi de 30,4%. A<br />

mediana do tempo em estágio REM foi de 6,9%<br />

(normal >15%), 20% dos pacientes apresentavam<br />

dessaturações e a frequência respiratória média foi<br />

de 16,3 RPM. Concluíram que a taquipneia noturna,<br />

baixa eficiência do sono e tempo reduzido de sono<br />

REM são as principais alterações do sono destes<br />

pacientes. Aumentar a frequência respiratória<br />

demonstra aumento do risco de complicações<br />

respiratórias durante a noite.<br />

Uso de recrutamento de volume pulmonar<br />

em pacientes com ELA para melhorar a higiene<br />

brônquica. Cleary S. do Canadá. A incapacidade de<br />

ventilar por fraqueza de diafragma, enrijecimento<br />

da parede pulmonar e hipercapnia leva a<br />

incapacidade para limpeza da via aérea inferior,<br />

ocasionando atelectasia. Estes fatores acarretam<br />

incapacidade em proteger a via aérea superior e<br />

a disfagia, que aumentam o risco de aspiração e<br />

pneumonia e diminuição nutricional e energética.<br />

Foram avaliados 29 pacientes (15 homens), média<br />

de idade de 65,4 anos, a maioria com início nos<br />

membros. A mediana da ALSFRA-R foi de 28/48 e<br />

da pontuação bulbar desta mesma escala foi 10/12.<br />

A CVF média foi de 58% e o pico de fluxo de tosse<br />

foi de 245 L/min. Foram 13 meses de coleta de<br />

dados onde os pacientes realizavam a respiração<br />

glossofaríngea. A realização desta técnica melhorou<br />

a proteção da via aérea enquanto os pacientes se<br />

alimentavam e aumentou a eficiência do controle<br />

das secreções durante as atividades de vida diária,<br />

conversação, etc.<br />

Nutrição na ELA<br />

Miller et al, 2009, em trabalho sobre as boas<br />

práticas de tratamento da doença do neurônio<br />

motor (DNM), identificaram oito estudos classe<br />

I, cinco estudos classe II e 43 estudos classe III.<br />

Esses estudos apresentam evidências de que<br />

a VNI, GEP e o uso de riluzol são benéficos e<br />

portanto são medidas indispensáveis para o<br />

tratamento. No entanto, outros estudos, são<br />

necessários para determinar o melhor momento<br />

de colocação da GEP e o impacto da mesma na<br />

sobrevida, além dos efeitos do uso de vitaminas e<br />

suplementos nutricionais.<br />

Considerando que existem duas causas para a<br />

atrofia muscular na ELA, uma relacionada a causa<br />

neurogênica por degeneração do neurônio motor<br />

e outra por deficiência nutricional, relacionada<br />

à ingestão alimentar inadequada frente ao<br />

catabolismo desencadeado pela doença, ambas<br />

devem ser consideradas no tratamento nutricional.<br />

Para medir o gasto energético total utilizouse<br />

o método de água duplamente marcada em<br />

comparação à fórmula preditiva proposta por<br />

Harris e Benedict em 1919. Mediu-se a capacidade<br />

de deambulação através de pedômetro.<br />

Observaram, durante o seguimento, mudanças da<br />

composição corporal com redução do peso total,<br />

dos compartimentos de massa gorda e magra. Os<br />

pacientes desnutridos apresentam dificuldade de<br />

coordenação e redução de força muscular. Segundo<br />

ALS-FRS-6 foi observada, também, deterioração da<br />

qualidade de vida. O peso corpóreo dos pacientes<br />

estudados variou entre 50 e 100 Kg. O gasto<br />

energético total medido pelo método de H²0<br />

duplamente marcada variou entre 1000 e 4000<br />

Kcal. Pela fórmula preditiva de Harris e Benedict<br />

variou entre 800 e 1200 Kcal. É valido ressaltar que<br />

a fórmula de Harris e Benedict tem por finalidade<br />

mensurar somente o gasto energético em repouso.<br />

Fatores de correção (atividade física, fator injúria<br />

relacionada à doença e fator térmico) devem<br />

ser acrescidos para o cálculo correto do gasto<br />

energético total. Os resultados foram que 52,2%<br />

(n=80) dos pacientes estudados participaram<br />

do seguimento nutricional. Dos pacientes que<br />

apresentavam CVF maior que 80% do predito,<br />

23 apresentavam dificuldade de deambulação<br />

e dos que apresentavam CVF entre 50-79% do<br />

predito, 32 pacientes apresentavam dificuldade<br />

de deambulação. Em conclusão há necessidade de<br />

novos estudos para determinar métodos sensíveis<br />

para o cálculo das necessidades energéticas de<br />

pacientes com doença do neurônio motor durante<br />

os diferentes estágios da doença.<br />

Alteração Cognitiva<br />

Ji Y. da Universidade de Pequim, apresentou:<br />

uma bateria para avaliação de funções do<br />

lobo pré-frontal mais sensível para detectar o<br />

comprometimento cognitivo no inicio da ELA. O<br />

córtex pré-frontal é responsável pela memória<br />

prospectiva, que é um dos braços da memória geral<br />

e é baseada no tempo de memória prospectiva


<strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica: Atualização 2010 37<br />

(memória para atividades a serem feitas no<br />

futuro). Foram estudados 80 pacientes (51 homens<br />

e 29 mulheres), 51 com ELA típica, 18 com ELA nos<br />

MMSS e 11 FAS. O início foi bulbar em 19 pacientes<br />

e nos membros em 61 pacientes. No momento da<br />

pesquisa, 24 apresentavam envolvimento bulbar.<br />

Viu-se que existem disfunções cognitivas e de<br />

comportamento nos pacientes e na alteração de<br />

memória prospectiva foi marcadora sensível para<br />

detectar a ELA nos pacientes com comprometimento<br />

cognitivo, mesmo em estágios iniciais.<br />

Rush B. apresentou a validação de uma<br />

ferramenta para detectar alterações cognitivocomportamentais<br />

(ALS-CBS). Avaliou por<br />

questionário a forma cognitiva (20 pontos) e a<br />

forma comportamental (45 pontos). Participaram<br />

do estudo 31 pacientes, 13 mulheres e 18 homens,<br />

com média de idade de 63 anos, média de tempo<br />

de educação em 14 anos e tempo de doença de<br />

22 meses em média: 29 caucasianos, 1 negro e 1<br />

hispânico; 3 canhotos e 28 destros. Neste estudo da<br />

Mayo Clinic, concluiu-se que a ALS-CBS apresentase<br />

como uma boa ferramenta diagnóstica validada.<br />

Novos itens sobre afasia e soletrar podem melhorar<br />

o diagnóstico, particularmente, detectando o<br />

comprometimento cognitivo sem demência.<br />

Woolley do Centro Médico Pacifico Califórnia<br />

em São Francisco, mostrou evidência conflitante<br />

sobre a progressão e comprometimento cognitivo<br />

em pacientes sem demência fronto-temporal. O<br />

objetivo desta pesquisa foi de caracterizar o estado<br />

cognitivo de um estudo cohort durante o tempo<br />

usando um screen especifico para a ELA. Foi um<br />

estudo multicêntrico (10 lugares) com o carbonato<br />

de lítio. 109 pacientes, com média de idade de 56<br />

anos, foram incluídos no estudo de 13 meses. Os<br />

critérios de inclusão foram fraqueza < 3 anos, CVF<br />

> 75% e habilidade cognitiva. A dose administrada<br />

de lítio foi acima de 150 mg/BID e a cognição foi<br />

avaliada no início e após 6 e 12 meses. Os 109<br />

pacientes incluídos apresentavam ALSFRS-R média<br />

de 37,5, CVF de 95% e 78% deles apresentavam<br />

início nos membros. 72% terminaram o estudo, a<br />

média de administração do Lítio foi de 375 mg/dia.<br />

Não foi visto declínio cognitivo em 12 meses e a<br />

demência fronto-temporal não parece proeminente<br />

neste estudo.<br />

Análise final do ensaio do Marca<br />

Passo Diafragmático<br />

O Dr. Ray Onders, do Hospital Universitário de<br />

Cleveland, Ohio, apresentou um seguimento de<br />

longo prazo dos primeiros pacientes implantados<br />

com marcapasso diafragmático, entre 2005 e<br />

2007. Dezesseis pacientes foram submetidos a<br />

cirurgia laparoscópica com implante de eletrodos<br />

no ponto motor do diafragma. Os pacientes<br />

condicionaram seu diafragma com cinco sessões de<br />

estimulação diária do nervo frênico de 30 minutos<br />

cada. Cada paciente foi avaliado com provas de<br />

função pulmonar, Fluoroscopia do movimento do<br />

diafragma, e análise com ultrassom da espessura<br />

do diafragma e testes de qualidade de vida. O<br />

estudo de seguimento foi de 35 meses. A conclusão<br />

dos pesquisadores foi que a análise em longo prazo<br />

da estimulação diafragmática é um procedimento<br />

seguro, que influencia positivamente na fisiologia<br />

do diafragma e na função respiratória e pode<br />

prolongar a necessidade de ventilação mecânica e<br />

traqueostomia, em média oito meses. A partir desta<br />

experiência, identifica-se o candidato ideal para o<br />

procedimento como um paciente com capacidade<br />

vital forçada


38<br />

Resumo do XXI Simpósio Internacional de ELA/DNM<br />

responsáveis por substituir células senis, reparar<br />

tecidos lesados, além de re-popular regiões que<br />

estejam sob estresse. <strong>Ela</strong>s são encontradas em quase<br />

todos os tecidos corpóreos, como muscular, nervoso<br />

e sanguíneo. A medula óssea é um exemplo de<br />

material rico em células-tronco adultas. A população<br />

celular aí presente é responsável pela produção<br />

das células sanguíneas que são periodicamente<br />

renovadas. Existe uma restrição na variedade de<br />

tecidos nos quais as células-tronco adultas podem<br />

se diferenciar, por isso sua “potência” é limitada.<br />

Presentes no embrião em formação, as célulastronco<br />

embrionárias são capazes de se diferenciar<br />

em qualquer tecido do corpo. Desta forma, são<br />

denominadas pluripotentes.<br />

O estudo das células-tronco não está limitado<br />

às estratégias de substituição celular, mas ao modo<br />

como estas células se comportam no organismo e<br />

como são controlados os estágios de pluripotência<br />

e diferenciação.<br />

O advento da reprogramação celular trouxe uma<br />

nova classe de células pluripotentes, denominadas<br />

células iPSC, ou células pluripotentes induzidas.<br />

<strong>Ela</strong>s são geradas a partir da modificação genética<br />

de uma célula completamente diferenciada, que<br />

passa, então, a apresentar características de uma<br />

célula-tronco embrionária. As iPSC permitiriam<br />

que os genomas de pessoas afetadas por doenças<br />

genéticas fossem capturados em um estágio celular<br />

que pode ser conduzido à diferenciação de qualquer<br />

tecido corporal. Esta alternativa permite que<br />

doenças genéticas sejam modeladas num sistema<br />

muito próximo ao encontrado no organismo do<br />

paciente. As iPSCs estão sendo utilizadas para<br />

modelar, in vitro, a <strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica.<br />

Apesar do rápido avanço, essa tecnologia ainda<br />

depende de aprimoramentos antes de responder<br />

à questões como: por quê apenas os neurônios<br />

motores são afetados?<br />

Devido às características de multiplicação<br />

celular e capacidade de substituir de outras células,<br />

as células-tronco constituem uma grande esperança<br />

para a reparação de tecidos lesados.<br />

A terapia celular na ELA já está em fase de<br />

teste. Entretanto, devido à complexidade dos<br />

neurônios motores (seu tamanho, a interação com<br />

o sistema muscular e seu metabolismo específico),<br />

a estratégia terapêutica utilizada reside na<br />

substituição ou re-população das células que<br />

promovem a sobrevivência dos neurônios motores,<br />

no lugar de substituí-los diretamente. Espera-se<br />

que as células injetadas produzam fatores que<br />

melhorem as condições dos neurônios motores, ou<br />

que pelo menos, retardem a morte dos mesmos.<br />

Trabalhos realizados na Itália e nos EUA estão<br />

verificando a SEGURANÇA e EFICÁCIA da aplicação<br />

de células-tronco adultas em pacientes com ELA.<br />

Tanto o grupo da pesquisadora Letizia Mazzini<br />

(Itália) quanto a empresa TCA Cellular Therapy<br />

(EUA) lançam mão da retirada das células-tronco<br />

adultas dos próprios pacientes, promovem sua<br />

expansão no laboratório e depois re-aplicam-nas na<br />

medula espinhal. Estes são estudos EXPERIMENTAIS<br />

que ainda necessitam de outras VALIDAÇÕES. O<br />

número exato de células, quantas aplicação são<br />

necessárias e o melhor local de injeção ainda são<br />

pontos as serem estabelecidos antes de serem<br />

oferecidos como tratamento.<br />

A empresa Neuralstem recebeu, no ano passado,<br />

permissão do FDA para realizar o primeiro estudo<br />

com células-tronco embrionárias em pacientes<br />

com ELA, nos EUA. Em seu “update”, no final de<br />

2010, a empresa já havia injetado as células em<br />

seis pacientes. Os resultados iniciais incentivaram a<br />

ampliação do estudo para 18 pacientes. Novamente,<br />

o primeiro objetivo é verificar se estas células são<br />

seguras. Ressalvas a esse estudo são feitas pela<br />

grande probabilidade de geração de tumores a<br />

partir das células-tronco embrionárias.<br />

O grande diferencial dos estudos citados está no<br />

rigoroso controle que as agências governamentais<br />

exercem sobre os mesmos. Neste aspecto, observase<br />

uma crescente oferta de tratamentos celulares<br />

pelo mundo todo, mas sem a avaliação de<br />

entidades competentes. A falta de controle sobre<br />

estes procedimentos levanta suspeitas sobre sua<br />

condução, a qualidade do material e se realmente<br />

são aplicadas células-tronco nos pacientes que a<br />

eles se sujeitam.<br />

O uso das células-tronco ainda está em fase<br />

de testes e não pode ser considerado como um<br />

tratamento, neste momento. A terapia celular<br />

é uma grande esperança para a ELA, entretanto,<br />

sua indicação somente poderá ser feita após<br />

comprovadas a segurança e a eficácia.


<strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica: Atualização 2010 39<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

A cada Simpósio Internacional de ELA/DNM,<br />

temos a certeza de que o paciente com ELA não está<br />

mais sozinho. Embora seja considerada uma doença<br />

rara, há um envolvimento e comprometimento<br />

crescente de vários profissionais para o melhor<br />

entendimento e tratamento desta doença.<br />

Aparentemente frustrante pela não<br />

liberação de nova medicação neuroprotetora<br />

e/ou neurodegenerativa, o acompanhamento<br />

multidisciplinar tem proporcionado melhor<br />

qualidade de vida, tanto ao paciente, quanto aos<br />

seus familiares e seus cuidadores.<br />

A esperança de um futuro melhor e, talvez, sem<br />

ELA, mantém-se presente em todos aqueles que<br />

elegeram esta enfermidade para ser combatida.<br />

Deve-se chamar a atenção que estas propostas<br />

terapêuticas denominadas revolucionárias estão,<br />

ainda, em fase inicial de investigação. <strong>Ela</strong>s não são,<br />

até o momento, consideradas tratamento e, por<br />

isso, não se admite a cobrança, por certos serviços,<br />

mesmo na Europa, de tratamento que não tem<br />

base científica e que não tem eficácia comprovada.<br />

A esperança não pode ser confundida com<br />

desejo ou roubada por aqueles que não têm<br />

compromisso com a vida.<br />

A ABrELA tem como objetivo disponibilizar<br />

informações baseadas em evidências científicas<br />

sólidas e, se houver um tratamento definido, ele<br />

deverá ser dispensado para todos os pacientes, sem<br />

distinção de classe social.<br />

Há algumas medicações em fase avançada<br />

de investigação e terapias denominadas<br />

revolucionárias, como célula-tronco e terapia<br />

gênica com vetores virais já estão sendo testadas<br />

em humanos.


40<br />

Resumo do XXI Simpósio Internacional de ELA/DNM<br />

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EQUIPE<br />

MEMBROS FUNDADORES<br />

• Dr. Acary Souza Bulle Oliveira<br />

• Dra. Adriana Dutra de Oliveira<br />

• Dr. Amilton Antunes Barreira<br />

• Dr. Dagoberto Callegaro<br />

• Dra. Elza Dias Tosta<br />

• Dra. Flavia Dietrich<br />

• Patrice Lebrun<br />

• Dr. Vicente de Paula Leitão de Carvalho<br />

• Dr. José Mauro Braz de Lima<br />

São Paulo-SP<br />

Ribeirão Preto-SP<br />

Ribeirão Preto-SP<br />

São Paulo-SP<br />

Brasília-DF<br />

São Paulo-SP<br />

São Paulo-SP<br />

Fortaleza-CE<br />

Rio de Janeiro-RJ<br />

DIRETORIA ABRELA 2010 – 2011<br />

• Tatiana Mesquita e Silva<br />

• Lyamara Apostólico de Azevedo<br />

• Fernanda Aparecida Maggi<br />

• Fernando de Moura Campos<br />

• Márcia Souza Bulle Oliveira<br />

• Abrahão Augusto J. Quadros<br />

Presidente<br />

Vice Presidente<br />

Diretora Secretária<br />

Diretor Financeiro<br />

Diretora Jurídica<br />

Diretor Científico<br />

CONSELHO DELIBERATIVO 2010 − 2011<br />

• Acary Souza Bulle Oliveria<br />

Presidente<br />

• Patrícia Stanich<br />

Vice-Presidente<br />

• Roberto Dias Batista Pereira<br />

Secretário<br />

• Eneida de Souza Bulle Oliveira<br />

• Silvana Alves Scarance<br />

• Maria Helena de Rizzo Pirani<br />

• Maria Eugênia Pontual Vilmar Nardi<br />

• Eduardo de Rizo Pirani


FUNDADORAS DO VOLUNTARIADO<br />

• Maria Grazia Paganone Percussi Coordenadora<br />

• Maria Pasetti de Souza<br />

• Leonilde Lapetina<br />

VOLUNTARIADO<br />

• Dr. Antonio Carlos de Matias Coltro • Maria Alice Matos<br />

• Alba de Souza Leal<br />

• Meri Steimberg<br />

• Alberto Zacarias Toron<br />

• Nadia Isabel Puosso Romanini<br />

• Claudia Braido<br />

• Rita de Cássia Bezerra<br />

• Eliana Correa de Aquino<br />

• Rodrigo Castanheira<br />

• Fausta Pieri<br />

• Silvia Arantes<br />

• Gisele Conde<br />

• Sonia Andrade de Barros<br />

• Guido Totolli<br />

• Sonia Quintella<br />

• Ivone Fortunato<br />

• Vera Lucia Castanheira<br />

• Kiki Mattos Maramaldo<br />

• Zildetti Montiel<br />

EQUIPE DE ATENDIMENTO ABRELA<br />

• Élica Fernandes<br />

• Cecilia H. Moura Campos<br />

• <strong>Ela</strong>ine Cristina V. Deodatto<br />

Gerente Executiva e Social<br />

Supervisora de Serviço Social<br />

Secretária<br />

EQUIPE DE ATENDIMENTO ELA – UNIFESP/EPM<br />

• Dr. Marco Antonio T. Chiéia<br />

• Élica Fernandes<br />

• Cecilia H. M. Campos<br />

• Maria Bauer Cunha,<br />

Rita H. Labronice e cols.<br />

• Maria Clariane B. Hayashi,<br />

Simone Gonçalves, Eduardo Vital,<br />

Cintia Arruda e Cols.<br />

• Ana Lucia Chiappetta,<br />

Adriana Leico Oda e cols<br />

• Patricia Stanich,<br />

Cristina Salvioni e cols.<br />

• Vania de Castro e cols.<br />

• Antonio Geraldo de Abreu Filho,<br />

Ana Luiza Steiner e cols.<br />

• Adriana Klein, Rafael Eras e cols.<br />

• Dra. Gislaine Cristina Abe,<br />

Paulo Ramos e cols.<br />

Neurologista<br />

Coordenadora do Serviço Social<br />

Supervisora de Serviço Social<br />

Fisioterapia Motora<br />

Fisioterapia Respiratória<br />

Fonoaudiologia<br />

Nutrição<br />

Psicologia ambulatório<br />

Psicologia Tutor<br />

Terapia Ocupacional<br />

Medicina Tradicional Chinesa


PARCEIROS DA ABRELA:<br />

• Equipe Multidisciplinar do Ambulatório de ELA do Setor de Doenças<br />

Neuromusculares UNIFESP/EPM/HSP<br />

• Depto. de Serviço Social da UNIFESP/EPM/HSP<br />

• Departamento de Clínica Médica – Setor de Medicina Paliativa<br />

• Curso de Especialização Intervenção Fisioterapêutica em Doenças<br />

Neuromusculares – UNIFESP<br />

• Academia Brasileira de Neurologia – Departamento Científico de Doenças<br />

do Neurônio Motor<br />

• AsaTempo<br />

• Claudeteedeca<br />

• Grupo Cipa<br />

• Guido Totolli<br />

• Instituto de Psicologia da USP – Projeto Apoiar<br />

• Instituto Paulo Gontijo<br />

• Invel<br />

• Natufresh Ind. e Com. De Sucos Ltda.<br />

• Projeto Amicão<br />

• Vinheria Percussi<br />

ASSOCIAÇÕES REGIONAIS DE ELA:<br />

• ARELA - RS: Av. Ipiranga, 5.311 - Sala 209 - Bairro Jd. Botânico - Prédio<br />

AMRIGS - Porto Alegre - RS - Fone: 55 51 3014.2070<br />

• ARELA - MG: Av. Raja Gabaglia, 1000 - Sala 1114 Belo Horizonte - MG -<br />

Fone: 31 3291.8755 Contato: Cristina daas Graças Godoy - Presidente<br />

• Sanofi Aventis<br />

• Renova Resíduos<br />

• Voluntários<br />

NOSSOS PATROCINADORES<br />

NOSSO CONTATO<br />

• Rua Estado de Israel, 899 – V. Clementino<br />

São Paulo – SP – CEP 04022-002<br />

Fone/Fax: 11 5579.2668<br />

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