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Musculação & Fitness - ed 100

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www.musculacaoefitness.com.br<br />

CAPA<br />

Eduardo Corrêa – O Olympia Brasileiro.........44<br />

Carol Saraiva, + Sexy & Hot do que nunca.....50<br />

EDIÇÃO <strong>100</strong><br />

Depoimentos - <strong>100</strong> % nacional!............................... 6<br />

EDITORIAL<br />

Brasileiro troca futebol pela musculação................. 8<br />

OLD SCHOOL<br />

Revisitando o HIT - High Intensity Training.............10<br />

BODYBUILDING WORLD<br />

Arnold Classic 2015 & Arnold Amador.....................20<br />

HALL DA FAMA<br />

Edson Prado –<br />

O primeiro Mr. Universe Brasileiro..........................34<br />

PROGRAME SEU TREINAMENTO<br />

Ombros poderosos.................................................38<br />

NUTRIÇÃO & SUPLEMENTAÇÃO<br />

Alimentação pré x pós-treino.................................54<br />

O Emprego das técnicas alimentares<br />

no controle metabólico..........................................70<br />

SAÚDE & ESTILO DE VIDA<br />

“Endeusamento e Demonização”<br />

de dietas e alimentos populares.............................60<br />

OPINIÃO<br />

Dopping no Bodybuilding: constatação ou fato...... 74<br />

SAÚDE & DIETAS<br />

Qual a melhor dieta visando emagrecimento?........ 75<br />

MUSCULAÇÃO & SAÚDE<br />

Reabilitação cardíaca.............................................78<br />

CNB EDIÇÕES E PUBLICAÇÕES<br />

DIRETORA EXECUTIVA: Miriam Franco Novaes<br />

A <strong>Musculação</strong> & <strong>Fitness</strong>, ano XXI, <strong>ed</strong>ição <strong>100</strong>, é uma publicação<br />

para todo o Território Nacional da CNB Novaes e Franco Edições<br />

e Publicações Ltda.<br />

Rua Pelegrino, 36, Santana, São Paulo/SP, CEP 02431-140, fone/<br />

fax: (11) 2976-0179, e-mail cnb@uol.com.br.<br />

JORNALISTA RESPONSÁVEL<br />

Miriam Franco Novaes - MTb 12.830<br />

EDIÇÃO E PRODUÇÃO<br />

CNB Comunicação e Marketing<br />

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO<br />

Roberta Regato - www.robertaregato.com.br<br />

CAPA<br />

Black Skull<br />

DISTRIBUIÇÃO<br />

Dinap - Distr. Nac. de Publicações Ltda.<br />

FOTOS<br />

Gilson Pereira Santos - Facebook.com/GPS676<br />

Alan Azev<strong>ed</strong>o - Facebook.com/alanpaparazzo<br />

Bauer - Facebook.com/bauer.fotografo<br />

Rosane Almeida - Facebook.com/rosane.almeida11<br />

COLABORADORES<br />

Edson Rosa, Eugênio Koprowski, Fabiano Gu<strong>ed</strong>es,<br />

Jônatas Mascarenhas, José Maria Santarem, Marcelo Bella,<br />

Marcelo Sendon, Mauricio Koprowski, Miguel Chain,<br />

Paulo Gusmão, Rodrigo Koprowski, Rubens Gomes.<br />

CONTATO<br />

contato@musculacaoefitness.com.br<br />

Academia Espartaco: (11) 5511-6999<br />

A MUSCULAÇÃO & FITNESS<br />

não se responsabiliza pelo uso<br />

indevido das informações aqui<br />

fornecidas. Os textos assinados<br />

são de responsabilidade do<br />

autor.<br />

NOSSA CAPA:<br />

<strong>ed</strong>uardo corrêa &<br />

carol saraiva<br />

(fotoS: arquivo atletas<br />

Black Skull)<br />

ESPECIAL<br />

Brasileiro troca futebol por musculação..................80


DEPOIMENTOS<br />

<strong>100</strong>% NACIONAL!<br />

Nascida há mais de 20 anos como um<br />

tabloide, a <strong>Musculação</strong> & <strong>Fitness</strong> se<br />

tornou uma das mais<br />

importantes publicações<br />

do mercado. Teve diversas mudanças<br />

ao longo de sua trajetória: seu visual<br />

evoluiu, se modernizou, ganhou<br />

colaboradores de peso, novas seções,<br />

ampliou os temas das reportagens,<br />

teve seu público-alvo cada vez mais<br />

diversificado e abrangente. O retorno<br />

dos leitores, seja através das cartas ou<br />

do número cada vez maior de assinantes, comprova<br />

a aprovação e admiração de todos. Ao longo<br />

desses anos, os elogios e sugestões pr<strong>ed</strong>ominaram,<br />

transformando-se em incentivo para que a M&F<br />

se tornasse reconhecidamente a mais<br />

confiável e de maior cr<strong>ed</strong>ibilidade do seu<br />

segmento. E esses são alguns dos motivos<br />

pelos quais é a única de seu segmento no<br />

Brasil a atingir a centésima <strong>ed</strong>ição. Um<br />

feito inédito de que todos que a fazem e<br />

nela colaboram têm muito orgulho!<br />

Como seria impossível reproduzir<br />

todas as declarações de nossos leitores,<br />

os depoimentos de alguns de nossos<br />

colaboradores os representam, em comemoração à<br />

nossa M&F <strong>100</strong>.<br />

“A revista M&F é uma das mais importantes iniciativas para os praticantes de musculação. Na revista<br />

estão contempladas informações técnicas para treinamento isentas de especulações teóricas, a história da<br />

musculação, as opiniões e a vida de atletas de destaque, informações gerais de cunho científico, além de<br />

notícias de campeonatos, cursos e outros eventos. A r<strong>ed</strong>ação é cuidadosa, a qualidade gráfica é das melhores e a<br />

diagramação moderna. Parabenizo a equipe responsável pela revista e me orgulho de poder colaborar.”<br />

Prof. Dr. José Maria Santarem<br />

“A <strong>Musculação</strong> & <strong>Fitness</strong> é uma revista com uma história longa. Começou como um jornal, de fato, e evoluiu<br />

para uma publicação periódica de boa qualidade <strong>ed</strong>itorial. O mais importante, no entanto, não é isso: a revista<br />

resistiu por décadas como a única fonte de informação em treinamento de força (musculação) comprometida<br />

com o fundamento científico, a experiência em sala de treino e a linguagem acessível. Isso é compromisso com a<br />

verdade, com a ciência e com a população. É uma grande honra ter meu nome associado a ela.”<br />

Marília Coutinho, Ph. D.<br />

“Atemporal.” Podemos definir a M&F com apenas esta palavra! Por sorte sempre guardei os exemplares<br />

desde 1999 e ali fui aprendendo, atualizando-me e certificando-me dos corretos passos a dar neste segmento<br />

do treinamento com pesos. Só quem estuda e vive diariamente este esporte sabe que ao abrir uma <strong>ed</strong>ição da<br />

M&F, por mais antiga que seja, encontrará informações atuais e fiéis e que ali não existe uma revista e sim um<br />

periódico altamente confiável.”<br />

Prof. Esp. Rubens Gomes<br />

6<br />

MUSCULAÇÃO & FITNESS


“A M&F surgiu quando ainda não havia um reconhecimento efetivo da musculação. Hoje é um esporte<br />

dominante, tendo superado múltiplos obstáculos, sendo a revista parte da causa e consequência desta<br />

caminhada da soci<strong>ed</strong>ade na busca por mais saúde. Uma marca da revista nestas décadas de existência é o<br />

embasamento técnico-científico dos seus textos, sendo outra marca indelével a defesa de princípios e da ética.<br />

A M&F jamais se submeteu a modismos inúteis ou a valores alheios ao esporte, prevalecendo sempre a defesa da<br />

qualidade de vida. Ou seja, a M&F sempre se pautou no correto conceito de mente sã em corpo são.”<br />

Sido Otto Koprowski - Sociólogo<br />

“É emocionante fazer parte deste momento. É a <strong>ed</strong>ição de número <strong>100</strong> da revista <strong>Musculação</strong> & <strong>Fitness</strong>.<br />

Pode-se afirmar que essa publicação faz parte do patrimônio histórico da <strong>Musculação</strong> Brasileira. Dentro de<br />

algumas décadas, nossos netos certamente lerão sobre a M&F e o trabalho incansável do Eugênio nos livros<br />

de História do Esporte. Muita gente não faz ideia do trabalho e do investimento de tempo necessários para que<br />

uma revista como esta funcione. O processo de produção de material com base científica e teórica de qualidade<br />

e confiança é extremamente intrincado e complexo. Isso tudo faz com que a M&F tenha se consolidado ao longo<br />

dos anos e confirmado a sua cr<strong>ed</strong>ibilidade como fonte de informação para os apaixonados pelo Bodybuilding.”<br />

Miguel Chain<br />

“A revista <strong>Musculação</strong> & <strong>Fitness</strong><br />

representa um marco da iniciativa de<br />

um grupo de abnegados brasileiros que<br />

encontraram na musculação uma forma<br />

de expressar seus sentimentos e seu<br />

trabalho em prol de uma comunidade<br />

mais saudável e feliz. Médicos, cientistas,<br />

professores, técnicos esportivos, jornalistas,<br />

nutricionistas, atletas, empresários, e<br />

mesmo profissionais de outras atividades,<br />

que reunidos fazem valer seus esforços no<br />

engrandecimento e reconhecimento desta<br />

salutar atividade física.<br />

A todos vocês e à imensidão de leitores<br />

da M&F, meus agradecimentos. Sem vocês<br />

não seria possível ter chegado até aqui, com<br />

certeza todos temos uma parcela do mérito<br />

pela popularidade da musculação de hoje no<br />

Brasil. FORÇA E SAÚDE SEMPRE!”<br />

Eugênio Koprowski<br />

MUSCULAÇÃO & FITNESS 7


EDITORIAL<br />

BRASILEIRO TROCA O<br />

FUTEBOL PELA MUSCULAÇÃO<br />

No início dos anos 1990, pesquisas realizadas<br />

nos EUA mostravam que aproximadamente<br />

35 milhões de americanos de ambos os sexos e todas<br />

as idades eram praticantes habituais de ginástica<br />

com pesos, total maior do que de todos os jogos com<br />

bola somados (JM Santarem – 1995 – <strong>Musculação</strong><br />

Princípios Atualizados). No final dos anos 1990, esse<br />

número já passava dos 40 milhões.<br />

No Brasil, a primeira pesquisa sobre o assunto<br />

realizada por um órgão governamental só foi<br />

divulgada em 2014. E considerando que aqui inexiste<br />

uma real política esportiva, a iniciativa inédita<br />

merece congratulações (veja a matéria completa<br />

na página 80). Entretanto, devemos considerar<br />

que a musculação é uma prática não apenas<br />

saudável, mas necessária ao melhor desempenho<br />

de todas as demais especialidades, sejam esportivas<br />

ou recreativas. Isto nos permite considerar que<br />

os praticantes mais sérios de todas as demais<br />

modalidades citadas também praticam em paralelo<br />

a musculação, para melhora da performance. Desta<br />

forma, estou convicto de que a musculação é de<br />

longe a atividade física mais praticada, não só no<br />

Brasil, mas em todo o mundo.<br />

Como afirma a pesquisa, a procura de exercícios<br />

em academias é a que mais tem crescido no País.<br />

Lembramos que a quase totalidade das academias<br />

possui uma sala de musculação, sendo que um<br />

enorme número delas, para não dizer a maioria,<br />

trabalha apenas com musculação. A academia<br />

oferece comodidade, segurança e garantia de bons<br />

resultados, em função da presença do profissional<br />

habilitado, ao menos na maior parte delas. Mas<br />

um aspecto que preocupa é o fato de que uma<br />

enorme fatia da população não tem condições<br />

financeiras para frequentar uma academia, e busca<br />

atividades em espaços públicos (parques, praças,<br />

ruas e avenidas), onde inexistem os cuidados de<br />

profissionais cr<strong>ed</strong>enciados para orientar a prática<br />

da atividade física e mesmo revelar valores para<br />

o esporte. Como os clubes sociais são reservados<br />

para uma elite, restariam os conjuntos e centros<br />

esportivos públicos, porém, estes em sua maioria<br />

se encontram sucateados, e quando funcionam<br />

atendem um número de cidadãos bem abaixo do<br />

potencial que deveriam ter. Outra possibilidade é a<br />

utilização de clubes e associações esportivas ociosas<br />

na maior parte do tempo e que ocupam enormes<br />

áreas com grande diversidade de instalações,<br />

muitas vezes na periferia. Estes poderiam atender<br />

o grande público daquela região, bastando boa<br />

vontade política das prefeituras e governos estaduais<br />

e f<strong>ed</strong>eral. Não falta no Brasil a mão de obra<br />

especializada de professores e técnicos esportivos e<br />

não faltariam com certeza frequentadores.<br />

Um país que s<strong>ed</strong>iou a Copa do Mundo de Futebol<br />

em 2014 e se prepara para receber as Olimpíadas<br />

em 2016, já deveria ter planos e projetos de gestão<br />

esportiva sendo aplicados e praticados há ao menos<br />

uma ou duas décadas. No entanto, o que vemos são<br />

crianças, adolescentes e jovens em geral se drogando<br />

e sendo marginalizados, em grande parte por falta<br />

de <strong>ed</strong>ucação que inclui centros esportivos que<br />

pudessem acolher aqueles que serão o futuro do País.<br />

Se o “País do Futebol” aos poucos vai perdendo os<br />

seus praticantes, ficando apenas com os “técnicos de<br />

boteco” e suas longas e inócuas discussões e brigas, o<br />

que dizer dos esportes “olímpicos”, muitos dos quais<br />

nem aparecem na lista de praticantes, porque sequer<br />

são praticados ou o são por uma minoria da elite,<br />

que imp<strong>ed</strong>e o real acesso da população ao seu direito<br />

legal ao esporte.<br />

Esporte é saúde, <strong>ed</strong>ucação, formação,<br />

participação, inclusão social e um dever do Estado,<br />

sendo um direito constitucional do cidadão o acesso<br />

às práticas esportivas<br />

(Art.27 da Constituição<br />

Brasileira de 1988).<br />

Eugênio Koprowski<br />

Atleta, dirigente esportivo e<br />

professor desde 1963<br />

8 MUSCULAÇÃO & FITNESS


MUSCULAÇÃO & FITNESS 7


TREINAMENTO<br />

Por Fulano de tal<br />

ublicamos, em <strong>ed</strong>ições passadas, uma<br />

série de artigos sobre treinamento de<br />

alta intensidade. Na ocasião, diversos<br />

leitores comentaram que, após os dois<br />

primeiros, os artigos que se suc<strong>ed</strong>eram<br />

não apresentaram novidades, apenas se<br />

repetiram, embora tenha havido a troca<br />

de personagens. Esta situação pode ser<br />

explicada pelo fato de não existirem<br />

novidades, afinal, “novidade” é aquilo<br />

que você ainda não sabe.<br />

10 MUSCULAÇÃO & FITNESS


Há, também, uma confusão<br />

conceitual em relação ao que é “novo<br />

ou antigo”. Para exemplificar, lembro<br />

que durante uma palestra, com vários<br />

professores e profissionais da área,<br />

perguntei se consideravam a chamada<br />

“The Golden Era” do bodybuilding - que<br />

alguns autores situam entre os anos 1960<br />

e início dos anos 1970 - como pertencente<br />

à chamada “Old School”. A maioria<br />

respondeu afirmativamente. Sim, os<br />

grandes astros desta época, e sua forma<br />

de treinar, pertencem à “velha escola”.<br />

No entanto, alguns destes mesmos<br />

profissionais consideravam as técnicas<br />

preconizadas pelo HIT como modernas,<br />

notadamente as teorias divulgadas<br />

por Mike Mentzer no seu Heavy Dutty,<br />

que pouco diferem das bases do HIT<br />

preconizadas por Arthur Jones, do final<br />

dos anos 1960.<br />

Para trazer de volta à cena este tão<br />

discutido e mal conhecido método de<br />

treinamento, fomos garimpar mais longe,<br />

e vimos que as bases do treinamento<br />

muscular empregando sistemas de<br />

intensidade localizada são bem mais<br />

antigas do que muitos imaginam,<br />

inclusive no que se refere à concepção,<br />

construção e utilização de máquinas<br />

mecânicas específicas para tal fim.<br />

Zander, médico e professor de ginástica sueco,<br />

pode ter sido o primeiro a idealizar máquinas para<br />

exercícios contra resistência com foco modernista. Em<br />

1865, ele inaugurou uma academia para treinamento<br />

de musculação com máquinas que utilizavam o sistema<br />

de alavancas com pesos graduáveis, polias e pêndulos.<br />

Em seu pensamento, os diversos grupos musculares<br />

poderiam ser exercitados de forma mais eficiente e<br />

melhor estimulados através de aparelhos mecânicos.<br />

O sistema de alavancas, pêndulos e pesos ajustáveis<br />

possibilitaria um movimento mais uniforme, com<br />

contração muscular constante, exercitando os<br />

músculos de forma mais confortável, localizada,<br />

precisa, e dosada.<br />

MUSCULAÇÃO & FITNESS<br />

11


OLD SCHOOL<br />

Nada de novo, só que isto aconteceu mais<br />

de cem anos antes de Arthur Jones surgir com as<br />

máquinas Nautilus em 1970, revolucionando o<br />

mercado com uma proposta muito semelhante.<br />

Na época de Zander, os fisicultores, ginastas e<br />

homens fortes, como Eugen Sandow, utilizavam<br />

basicamente os pesos bola, na forma de barbells,<br />

dumbbells ou kettlebells, poucos trabalhavam<br />

seus músculos de forma mais localizada, apenas<br />

levantavam pesos, a massa muscular e a força<br />

aumentavam como que por efeito colateral, talvez<br />

não intencional.<br />

O “Método Zander” ganhou popularidade<br />

mundial, após as exposições de suas máquinas<br />

na Filadélfia e em Paris, em 1876 e 1878,<br />

respectivamente. Em pouco tempo, os chamados<br />

Zander Institutes - muito semelhantes às modernas<br />

academias atuais - estavam em várias grandes<br />

cidades, e em 1911 havia 202 institutos espalhados<br />

pelo mundo. Embora o foco inicial de Zander<br />

tenha sido a aplicação médica, professores de<br />

cultura física, terapeutas e médicos trabalhavam<br />

em conjunto nesses institutos, que contavam<br />

com equipamentos da mais alta tecnologia, super<br />

avançados para a sua época. Os institutos de Zander<br />

foram considerados um enorme avanço para o<br />

futuro da cultura física, da fisioterapia e também de<br />

algumas áreas da M<strong>ed</strong>icina.<br />

Com a I Grande Guerra, e a posterior depressão<br />

notadamente na Europa, nos finais dos anos 1.920<br />

e início de 1.930, os institutos foram fechados na<br />

maioria dos países, somente ressurgindo no início<br />

dos anos 1.950. Embora pouco conhecido em nosso<br />

meio, não há dúvida que Gustav Zander deixou um<br />

grande legado para a musculação moderna em<br />

todas as suas aplicações. Não apenas isso, também<br />

ensinou que as profissões que hoje disputam o<br />

mercado, como “donas” deste segmento, podem<br />

conviver em perfeita harmonia para benefício da<br />

população. Uma sala de musculação é hoje, um<br />

centro de treinamento físico, para um sem número<br />

de aplicações, onde podem atuar em conjunto,<br />

técnicos, professores, fisioterapeutas e médicos de<br />

diversas áreas, servindo ainda como campo para<br />

pesquisas científicas.<br />

Por Fulano de tal<br />

No início dos anos 1970, Arthur Jones<br />

lançava as suas máquinas Nautilus no mercado.<br />

O intuito era revolucionar os métodos de<br />

treinamento até então preconizados, com algo<br />

realmente novo, diferente das tradicionais séries<br />

múltiplas com equipamentos convencionais e<br />

longos treinos diários. Para isso ele desenvolveu<br />

um método focado em três aspectos principais:<br />

treinos curtos, intensos e pouco frequentes,<br />

realizados de preferência em suas máquinas<br />

Nautilus. Era o High Intensity Training.<br />

O êxito de Jones foi total, multidões lotaram<br />

as academias (Gyms), em função da comodidade<br />

e segurança das máquinas, resultados rápidos,<br />

e tempo mínimo para se exercitar. Alguns<br />

especialistas mais atentos observaram que<br />

as Nautilus de Jones, embora diferentes, se<br />

assemelhavam muito àquelas projetadas por<br />

Zander mais de cem anos antes, e que se<br />

encontravam em uso também na América do<br />

Norte no início do século XX. Questionado sobre<br />

o tema, Arthur Jones argumentou:<br />

“Na tentativa de aprimorar meus próprios<br />

resultados com o treinamento, projetei e construí<br />

20 máquinas com alta sofisticação biomecânica<br />

e tecnológica, acr<strong>ed</strong>itando ser o pioneiro na<br />

construção destas máquinas. Anos mais tarde,<br />

soube que um médico, Gustav Zander, havia<br />

projetado e construído uma série de máquinas<br />

para exercícios na Europa, cem anos antes das<br />

minhas. Não copiei o trabalho de Zander e nada<br />

aprendi com ele, pois sequer estava ciente da sua<br />

existência, até muito tempo depois de ter feito as<br />

mesmas descobertas que ele. Se tivesse tomado<br />

conhecimento antes, isto teria me poupado um<br />

tempo enorme e uma grande soma em dinheiro.<br />

O homem era um gênio. O único problema foi ter<br />

vivido um século à frente do seu tempo, época<br />

em que poucas pessoas se preocupavam com<br />

exercícios e a maioria da população nada sabia<br />

sobre o assunto”.<br />

Máquinas Nautilus<br />

Arthur Jones (1926/2007) foi um milionário<br />

norte-americano muito interessado em<br />

12 MUSCULAÇÃO & FITNESS


musculação e grande defensor dos exercícios<br />

resistidos também para a saúde e desempenho<br />

físico. Entre suas muitas múltiplas atividades, Jones<br />

foi também produtor de filmes para a televisão,<br />

tendo produzido mais de 300 títulos. Muito<br />

conhecido pela importação de animais selvagens,<br />

notadamente da África, chegou a possuir o maior<br />

zoológico particular do mundo, onde havia raridades<br />

como o maior crocodilo que já existiu, que ele trazia<br />

de vários lugares do planeta em seus aviões de<br />

carga. Tido como excêntrico e radical, foi sem dúvida<br />

um dos maiores colaboradores para a popularização<br />

da musculação moderna. As invenções e teorias de<br />

Jones movimentaram o público aficionado para um<br />

sentido oposto da escola tradicional do treinamento<br />

de força preconizado na época, entre outros, por<br />

Joe Weider. Jones também questionou e confrontou<br />

os resultados das atividades aeróbias propagadas<br />

pelo dr. Kenneth Cooper, com base nos testes que<br />

ambos realizaram nas Forças Armadas americanas.<br />

Jones, no apogeu do chamado “Método Cooper”,<br />

que endeusava a atividade aeróbica para a saúde<br />

e desempenho físico, declarou em uma entrevista:<br />

“Com o meu método se obtém resultados em seis<br />

meses que o Cooper não consegue nem em seis<br />

anos”. O tempo provou que ele estava certo.<br />

As ideias de Jones levaram os aficionados pelo<br />

bodybuilding e treinamento de força em geral para<br />

distante da escola tradicional, que envolvia horas<br />

diárias de treinamento. O HIT preconizava alta<br />

intensidade, para treinos breves, mas com cuidados<br />

na seleção das cargas, que deveriam ser suficientes<br />

para realizar uma série até a falha muscular, porém,<br />

com boa técnica, minimizando ações como impulsos<br />

Arnold Schwarzenegger treinando<br />

em uma das máquinas Nautilus<br />

e outros exp<strong>ed</strong>ientes com o propósito de possibilitar<br />

o emprego de cargas maiores, assim evitando lesões<br />

e maximizando o crescimento muscular. Diversos<br />

bodybuilders da época utilizaram o método HIT,<br />

entre eles, Sergio Oliva, Casey Viator (Experimento<br />

Colorado), Mike Mentzer (Heavy Dutty), Boyer<br />

Coey e outros. Embora reconhecido por muitos<br />

treinadores e atletas de ponta como o melhor<br />

método de treinamento, as indústrias Weider<br />

sempre tentaram colocar o HIT em descrédito.<br />

Jones, como inventor, também fundou as<br />

Hammers e as M<strong>ed</strong>X, mas foi além das máquinas de<br />

treinamento físico, tendo colaborado muito com a<br />

indústria e pesquisa médicas nesta área.<br />

^<br />

Muito longe de sugerir o emprego de cargas<br />

super altas, impulsos, alavancas, movimentos<br />

balísticos e ações do tipo “além da falha”, “falha<br />

total” etc., em nenhum momento estes extremos<br />

insanos de treinamento foram sugeridos pelo HIT, por<br />

nenhum dos seus mais fervorosos seguidores, nem<br />

mesmo por Mentzer. No HIT o que importa é o grau<br />

de esforço do músculo alvo, pois o peso manipulado<br />

apenas registra a carga, não o nível do esforço<br />

muscular localizado. Como a força do músculo<br />

aumenta, o grau de esforço é igualmente ampliado,<br />

não necessariamente acrescentando peso – o que<br />

também pode ser feito – mas, principalmente,<br />

aumentando progressivamente o esforço muscular<br />

através de técnicas específicas e r<strong>ed</strong>ução do tempo<br />

de treino. Uma relação inversa entre o quanto<br />

intensamente você treina com o tempo de duração<br />

do treino. O tempo de recuperação no pós-treino é<br />

bastante enfatizado no HIT, para que o estímulo à<br />

compensação (regeneração) e super compensação<br />

(construção) possa ser plenamente atingido, por<br />

esta razão, frequência às sessões de treinamento<br />

são sempre menores do que o habitual. No HIT fica<br />

bem clara a questão das adaptações fisiológicas que<br />

acontecem no pós-treino, e que são plenamente<br />

endossadas pelas entidades científicas que situam<br />

o pico de metabolização em torno de 24 horas póstreino<br />

e sua normalização entre 36 e 48 horas, desta<br />

maneira justificando em certas situações treinos com<br />

intervalos de até 72 horas.<br />

MUSCULAÇÃO & FITNESS<br />

13


OLD SCHOOL<br />

No HIT, você deve organizar o seu programa<br />

de treinamento seguindo critérios básicos:<br />

- O treino deve ser árduo, tanto quanto for possível,<br />

mas sempre utilizando boa técnica na execução dos<br />

movimentos;<br />

- O treino deve ser breve. Entre uma e três séries por<br />

exercício. Os exercícios também serão poucos, para<br />

que a sessão de treino seja sempre inferior a uma<br />

hora;<br />

- As sessões de treino devem ser poucas, no máximo<br />

três por semana, podendo ser duas, ou apenas uma<br />

vez por semana;<br />

- O treino deve ser seguro. Um dos objetivos<br />

principais do HIT, além da busca por resultados, é<br />

atuar no sentido de prevenir lesões, o que levaria à<br />

interrupção do treinamento.<br />

Nada de complexo, milagroso ou “novo”.<br />

Estes protocolos de<br />

treinamento têm<br />

sido utilizados<br />

há décadas pelos<br />

praticantes sérios<br />

de musculação,<br />

muitos deles sem<br />

sequer saber ou ter<br />

conhecimento da sigla HIT. O<br />

treinamento de alta intensidade<br />

não é um conjunto de normas e regras,<br />

mas um estilo de treino, focado e disciplinado,<br />

onde o “social” durante a sessão de<br />

exercícios inexiste, pois mente e<br />

corpo do atleta deverão estar<br />

focados no principal fator que<br />

leva ao crescimento muscular:<br />

concentração e sobrecargas<br />

progressivas.<br />

As repetições serão sempre<br />

bem controladas, exercendo uma<br />

tensão contínua sobre os músculos, em<br />

que o tempo do movimento não conta, podendo<br />

ser 20 segundos nas fases concêntrica/excêntrica<br />

(Superslow, ou Superlento), ou apenas dois. O que<br />

importa é a qualidade do movimento que será<br />

repetido até o ponto de fadiga muscular, ou muito<br />

próximo desta. Por vezes uma única série (sem<br />

considerar as de aquecimento) será suficiente, mas<br />

alguns poderão necessitar de mais séries, embora<br />

uma série executada em alta intensidade, via de<br />

regra, basta para dar o estímulo necessário ao<br />

crescimento muscular.<br />

Mike Mentzer,<br />

um dos maiores<br />

seguidores do HIT<br />

Por Fulano de tal<br />

14 MUSCULAÇÃO & FITNESS


Difícil é convencer os entusiastas do alto<br />

volume de treinamento da validade do HIT com suas<br />

propostas mínimas. Quem dentre aqueles que se<br />

exercitam diariamente com 3, 4 ou mais exercícios<br />

por grupo muscular, múltiplas séries, realizando 6,<br />

10 ou até 12 treinos semanais, irá dar crédito a 3, 2<br />

ou mesmo um treino curto por semana? A grande<br />

maioria sequer se dá ao trabalho de experimentar.<br />

Este parece ser o principal entrave para a aceitação<br />

do HIT. Vamos ver o que dizem a respeito dois dos<br />

principais defensores do HIT:<br />

O Dr. Ken Leistner (médico, atleta, especialista<br />

em treinamento de força e escritor norte-americano)<br />

afirma:<br />

“Treinar com intensidade não é ir até próximo<br />

do limite, mas ir realmente até o limite. Não é<br />

executar uma única série até quase o limite, mas<br />

sim buscar o limite absoluto. É utilizar quaisquer<br />

equipamentos disponíveis, não apenas uma<br />

maquina ou grupo de maquinas. Não será conversar<br />

com duas ou três pessoas durante o treino, mas ter o<br />

compromisso de trabalhar tão duro quanto possível<br />

na academia, sem fazer “social”, não descansar<br />

em excesso entre as séries, ou ser vitimado pelo<br />

pensamento de que “isso não vai funcionar, vou<br />

copiar o que o campeão faz”.<br />

Realmente é impossível realizar treinos de<br />

duas ou três horas com alta intensidade. Treinos<br />

mais curtos de 30 ou 40 minutos, sim, pode-se<br />

treinar intensamente por este tempo. Mas treinos<br />

muito intensos repetidos por seis ou mais vezes<br />

por semana, mesmo que curtos, têm levado muita<br />

gente ao insucesso, ao overtraining e a lesões. Seria<br />

mesmo necessário tanto volume de treino? Continuo<br />

acr<strong>ed</strong>itando na validade de experimentar e observar<br />

os resultados, considerando a individualidade<br />

biológica e as diferentes reações a estímulos iguais.<br />

Mike Mentzer (competidor do Olympia, autor<br />

do Heavy Duty e treinador de Dorian Yates) emenda:<br />

“Treine intensamente, treine breve, treine<br />

infrequentemente – isso é válido e funciona para<br />

todo mundo”. Copiar o que fazem os campeões,<br />

hábito comum entre os frequentadores de<br />

academias, também era criticado por Mentzer:<br />

“É um erro justificar o sucesso de duas dúzias de<br />

campeões como prova de que uma determinada<br />

abordagem é eficiente. Se fizermos uma<br />

retrospectiva do transcurso de suas carreiras de<br />

bodybuilders e calcularmos as horas, meses e<br />

anos de esforço desperdiçado, como resultante de<br />

uma cega crença no treinamento de alto volume,<br />

teríamos que questionar se as suas conquistas<br />

podem ser realmente consideradas um sucesso”<br />

(IronMan, março de 1994).<br />

MUSCULAÇÃO & FITNESS<br />

15


OLD SCHOOL<br />

Por Fulano de tal<br />

~<br />

No HIT, o número de repetições não é fator<br />

importante. Embora a recomendação seja de 8 a<br />

12, o primordial é o tempo. Realizar uma série de<br />

10 repetições em 10 ou 15 segundos, ou apenas<br />

três repetições em 60 segundos, será igualmente<br />

produtivo. Mas isso pode variar conforme cada<br />

pessoa. Observa-se que alguns conseguem bons<br />

resultados com 5 a 8 repetições para a parte superior<br />

do corpo e de 12 a 15 para a parte inferior. Se o<br />

tempo é o fator importante do HIT, qual seria a<br />

recomendação para a duração de cada repetição?<br />

De um modo geral, se preconizam seis<br />

segundos por repetição, sendo dois segundos na<br />

concêntrica e quatro na excêntrica, que deve ser<br />

deliberadamente mais lenta. Isto porque a fase<br />

excêntrica (alongamento) do movimento,além de<br />

ser potencialmente mais lesiva, é considerada a que<br />

mais danos causa aos tecidos, portanto, é também<br />

mais produtiva para estimular ganhos musculares.<br />

Em linhas gerais, uma série de 8-12 repetições teria<br />

a duração entre 48 e 72 segundos, isso é bastante<br />

lento, se considerarmos a velocidade com que<br />

normalmente são feitos os exercícios.<br />

Evitar movimentos balísticos ou explosivos.<br />

Elevar um peso rapidamente não transfere explosão<br />

ou velocidade para o praticante, pois as fibras<br />

musculares são recrutadas pela ordem de tamanho,<br />

pelo princípio de alternância motora. Aqui poderá<br />

haver muitos debates, porque a dúvida quanto à<br />

velocidade ideal do movimento, tanto que se saiba,<br />

ainda não tem uma resposta precisa, portanto, em<br />

minha opinião, esse aspecto deve ser regido de<br />

forma instintiva.<br />

De qualquer maneira, o peso deverá ser<br />

movimentado sempre sob controle, o que é seguro e<br />

eficiente. O movimento concêntrico (encurtamento)<br />

será mais rápido e o excêntrico mais lento. Dessa<br />

forma, sempre se produzirá maior sensação de<br />

trabalho muscular. Na dúvida, opte por movimentos<br />

mais lentos, nunca mais rápidos, com o objetivo de<br />

facilitar o manuseio de mais carga, isso imp<strong>ed</strong>irá um<br />

melhor recrutamento de fibras musculares e tornará<br />

o exercício perigoso.<br />

AFINAL, QUAL É O LIMITE, E O QUE É “FALHA”?<br />

É importante insistir que no HIT se considera<br />

“falha” ou limite o momento em que se chega<br />

à isometria na fase concêntrica, situação em<br />

que é impossível realizar mais uma repetição<br />

completa sem prejudicar a postura e a boa técnica.<br />

Recomenda-se não tentar ir além, e condena-se a<br />

tentativa da repetição impossível, assim como as<br />

repetições negativas. Se isto for feito, estaremos<br />

em busca de lesões e não obteremos melhores<br />

resultados.<br />

As repetições parciais também são condenadas,<br />

pois após a parada isométrica na última repetição<br />

válida não é nada provável que ainda se tenha<br />

forças positivas para isso, e é quase certo que todas<br />

as fibras musculares tenham sido solicitadas, pela<br />

alternância das unidades motoras.<br />

Não tendo atingido o número de repetições<br />

propostas, deve-se r<strong>ed</strong>uzir a carga e, no caso<br />

contrário, aumentar o peso. Mas isto para o treino<br />

seguinte.<br />

Boyer Coey


MUSCULAÇÃO & FITNESS 17


OLD SCHOOL<br />

Por Fulano de tal<br />

~<br />

Lendo e relendo tudo que encontramos de<br />

interessante e possivelmente válido sobre o HIT,<br />

cruzamos estas informações com observações<br />

práticas, para tentar chegar a um denominador<br />

que possa ser considerado o mais próximo da<br />

realidade. Pelos livros e revistas das décadas de<br />

1960 a 80 e mesmo dos anos 90, assim como em<br />

sites e artigos de especialistas, podemos observar<br />

que a popularidade da musculação fez surgirem<br />

várias tendências, muitas delas incoerentes, mas<br />

que mesmo assim conseguem motivar muitos<br />

praticantes.<br />

A internet produziu milhares de técnicos e<br />

especialistas. A maioria destes “gurus” não tem<br />

conhecimento científico ou base em evidências<br />

práticas, com isso, desaprendeu-se a verdadeira<br />

essência do treinamento, levaram a extremos<br />

insanos as boas idéias, esquecendo-se de que para<br />

tudo existem limites. Contribui também com esta<br />

situação a valorização cega e absurda dos efeitos<br />

das drogas hormonais, colocando-se os resultados<br />

obtidos muito mais em função destas do que dos<br />

efeitos do treinamento correto e bem dosado, ou<br />

seja, a genética, o esforço e d<strong>ed</strong>icação de nada<br />

valem, se a droga não foi suficiente ou inadequada.<br />

Um dado interessante é que praticamente em<br />

tudo que se lê, não só referente ao passado, mas<br />

também entre os eminentes defensores atuais<br />

do HIT, observamos que quase todas as ideias<br />

defendidas são plenamente endossadas pela ciência<br />

e pela observação empírica de treinadores e atletas<br />

mais experientes em todos os tempos.<br />

Na prática, quem quiser tentar o HIT deve estar<br />

bem condicionado para poder realizar o treinamento<br />

com a mínima intensidade preconizada pelo<br />

método. Além disso, é necessário estar motivado<br />

para treinar duro, consciente de que no HIT mais<br />

não significa melhor, para não cair na tentação de<br />

fazer treinos longos e frequentes. Não considero<br />

aconselhável para iniciantes em função da<br />

necessidade de bom condicionamento prévio.<br />

Sergio Oliva em 1972<br />

18 MUSCULAÇÃO & FITNESS


Resumindo as 10 principais orientações até aqui:<br />

1. Inicie com dois ou três treinos completos por<br />

semana (Full Body – Veja as sugestões de rotinas na<br />

<strong>ed</strong>ição 99 da M&F);<br />

2. Não faça mais do que três séries por exercício,<br />

excluindo as séries iniciais de aquecimento;<br />

3. Realize apenas uma série (a última) até a falha<br />

total, as demais (1 ou 2) serão interrompidas<br />

próximo da falha;<br />

4. Faça no máximo de 12 a 15 séries totais por<br />

treino, ou seja, 4 a 6 exercícios com 2 ou 3 séries<br />

válidas cada um;<br />

5. Repouse entre as séries apenas o suficiente<br />

para a recuperação parcial do músculo, de 30 a 90<br />

segundos, conforme o exercício e outros fatores;<br />

6. Priorize os grandes grupos musculares, coxas,<br />

peito e costas;<br />

7. Para grupos menores, como deltoides e braços,<br />

faça apenas um treino direto por semana, ou ainda<br />

menos;<br />

8. Lembre que os músculos crescem durante o<br />

repouso, portanto, dê no mínimo 48 horas de espaço<br />

entre um treino e outro;<br />

9. Na m<strong>ed</strong>ida em que a força aumenta e torna-se<br />

possível treinar com maior intensidade, r<strong>ed</strong>uza o<br />

volume e/ou a frequência de treino;<br />

10. Adicione peso nos exercícios com moderação,<br />

que seja apenas um ou até meio quilo, para não ferir<br />

a qualidade do movimento.<br />

suficiente e alimente-se adequadamente. Não será<br />

comendo peito de frango e batata doce apenas que<br />

você poderá se considerar bem alimentado e esperar<br />

pela energia necessária para treinar e alcançar<br />

progressos.<br />

Considerando que não existem soluções<br />

definitivas para todos, não importando o método<br />

utilizado, grandes músculos são para poucos bem<br />

dotados geneticamente. Entretanto, é possível<br />

todos obterem resultados com o treinamento,<br />

em diferentes graus, mas estará na dependência<br />

de adequar o estímulo (treino) ao nível anabólico<br />

individual e, neste aspecto, os defensores do HIT<br />

insistem: “OPTE SEMPRE POR MELHOR FORMA E<br />

MENOR VOLUME DE TREINO”.<br />

Existe uma série de temas interessantes sobre<br />

a abordagem do treinamento de alta intensidade<br />

X alto volume que merece a nossa consideração<br />

e atenção, entre estes estão as técnicas de<br />

intensidade, os fatores hormonais, o treinamento<br />

focado em força, programas de treino dividido e<br />

outros. Voltaremos na <strong>ed</strong>ição 101 com a Parte 2 do<br />

HIT aqui em nossa <strong>Musculação</strong> & <strong>Fitness</strong>.<br />

Bons treinos INTENSOS e até lá.<br />

Roy Callender, Mike Mentzer, Boyer Coe, Danny Padilla, Dennis<br />

Tinerino, Frank Zane, Chris Dickerson, Ken Waller and Tony Emmott<br />

Naturalmente nós sempre poderemos<br />

encontrar uma infinidade de variantes e protocolos<br />

de treinamento que nos tragam os resultados que<br />

esperamos. Esta é uma delas, desde que você<br />

mantenha o foco, treine intensamente, repouse o<br />

MUSCULAÇÃO & FITNESS<br />

19


BODYBUILDING WORLD<br />

Por Miguel Chain - www.diariodoculturismo.com.br<br />

o título<br />

ficou com<br />

Dexter<br />

Jackson<br />

20<br />

MUSCULAÇÃO & FITNESS


Realizado desde 1989 em Columbus, Ohio,<br />

o Arnold Classic se firmou como o segundo<br />

show de maior prestígio no Calendário da<br />

IFBB Pro. Sua feira é maior até mesmo que<br />

a Expo Olympia. Ao longo dos anos foi crescendo<br />

e outras modalidades esportivas foram agregadas<br />

até chegar a se tornar um dos maiores eventos<br />

esportivos do mundo em número de atletas<br />

competindo.<br />

Arnold Schwarzenegger expandiu os negócios e<br />

criou o Arnold Europa, realizado na Espanha. Pouco<br />

tempo depois, era concebido o Arnold América do<br />

Sul, realizado no Brasil. E, neste ano, teremos um<br />

quarto evento da franquia, realizado na Austrália.<br />

Tudo isso deu ao Arnold Sports Festival status<br />

de Show Global. Presente em quatro continentes,<br />

apenas Ásia e África ainda não têm a sua <strong>ed</strong>ição. Mas<br />

provavelmente teremos o Arnold Ásia em breve.<br />

Mesmo com tantas <strong>ed</strong>ições, a mais importante<br />

e renomada continua sendo a original, realizada<br />

em Columbus, EUA. Foi lá que o mundo viu atletas<br />

como Rich Gaspari, Shawn Ray, Vince Taylor, Kevin<br />

Levrone, Flex Wheeler, Mike François, Nasser El<br />

Sombaty, Ronnie Coleman, Dexter Jackson, Jay<br />

Cutler, Kai Greene, Victor Martinez, Branch Warren e<br />

Dennis Wolf levarem o título.<br />

O Arnold sempre foi um show cercado de<br />

requinte e curiosidades. Até então, Flex Wheeler<br />

(1993, 1997, 1998 e 2000) e Dexter Jackson<br />

estavam empatados como os maiores venc<strong>ed</strong>ores<br />

com quatro vitórias cada um. Neste ano, Dexter<br />

conquistou seu quinto título (2005, 2006, 2008, 2013<br />

e 2015) e se tornou o maior venc<strong>ed</strong>or de todos os<br />

tempos.<br />

Além disso, Dexter se tornou o atleta com o<br />

maior intervalo de tempo entre um título e outro no<br />

Arnold. Sua primeira vitória foi em 2005 e a quinta,<br />

dez anos depois.<br />

Jay Cutler é o atleta com o maior número de<br />

vitórias consecutivas no Arnold, três vezes, em 2002,<br />

2003 e 2004.<br />

Shawn Ray venceu o Arnold em 1990, mas<br />

foi pego no exame antidoping e Mike Ashley ficou<br />

com o título. Ray voltaria no ano seguinte para<br />

reconquistar seu título.<br />

Ronnie Coleman foi o único Mr. Olympia a<br />

vencer o Arnold durante seu reinado, em 2001. Até<br />

hoje se discute que naquela noite o mundo viu a<br />

melhor versão do físico de Ronnie.<br />

Jay Cutler venceu o Arnold em 2002, 2003 e<br />

2004, anos antes de se tornar Mr. Olympia (em 2006).<br />

Dexter foi outro atleta que venceu os dois<br />

maiores títulos da IFBB Pro. Ele ganhou um de seus<br />

Arnolds em 2008, mesmo ano em que venceu o<br />

Olympia. Mas, quando ganhou o Arnold, ele ainda<br />

não havia conquistado o Olympia.<br />

Como Dexter levou<br />

o quinto título<br />

do Arnold<br />

Na décima terceira colocação ficou o<br />

experiente Mike Kefalianos. Ele chegou muito<br />

mal, com um abdome incontrolável, liso e com<br />

uma considerável retenção hídrica. Já viveu fases<br />

melhores.<br />

Em um desapontador décimo segundo<br />

lugar, tivemos o francês Lionel Beyeke. Dono de<br />

uma estrutura óssea sem igual e shape muscular<br />

fantástico, ele veio pequeno, murcho, liso, retido.<br />

Ele parece nunca acertar. Um tempo atrás, Dennis<br />

James o ajudou em uns shows e tudo parecia que ia<br />

mudar, mas continuou na mesma. O maior talento<br />

desperdiçado desde Chris Cormier.<br />

O sul-africano Marius Dohne ficou com o<br />

décimo primeiro lugar. Mesmo sofrendo de graves<br />

problemas renais, Dohne continua competindo<br />

e tendo resultados relativamente bons. Ele é um<br />

atleta alto e com grande volume muscular. Tem<br />

bons braços, seus dorsais são altos, mas esse é um<br />

problema estrutural enfrentado por atletas de ponta<br />

como Dexter e Wolf. Desta vez Marius veio murcho e<br />

retido, com quadríceps pequenos vistos pela frente,<br />

fatores que atrapalharam muito seu shape e o<br />

mantiveram fora do TOP 10.<br />

MUSCULAÇÃO & FITNESS<br />

21


BODYBUILDING WORLD<br />

10º - TONEY FREEMAN 9º - VITALEY VATEEV 8º - BEN PAKULSKI<br />

TOP 10<br />

Em décimo lugar tivemos o imortal e indelével<br />

Toney Freeman. Com 48 anos de idade e Pro<br />

Bodybuilder desde 2002, ele era o mais velho entre<br />

os participantes. Mas parece que Toney não liga<br />

muito para isso, pois ele trouxe um físico invejável<br />

ao palco do Arnold. Desta vez ele não veio tão cheio.<br />

Por ser um culturista alto, esse fator o atrapalha<br />

muito – se ele não consegue chegar cheio, perde<br />

muito volume. Apesar de sua idade, ele ainda é<br />

incrível. Sua estrutura e boa separação muscular o<br />

ajudam muito e permitiram que ele ficasse entre os<br />

dez melhores do Arnold, fato notável.<br />

Em nono lugar tivemos Vitaley Vateev. O<br />

novato apresenta uma cintura larga, dorsais muito<br />

pequenos, porém, tem braços bons. Pernas com<br />

boa separação muscular. Suas poses de costas são<br />

relativamente boas, seriam bem melhores caso os<br />

dorsais fossem maiores.<br />

O Gigante Canadense Ben Pakulski ficou com<br />

a oitava posição. Apresentou um físico esquisito,<br />

perdeu o freak fator. Braços roliços, sem separação<br />

e pequenos em relação ao tronco. Ele parecia<br />

murcho, havia pele sobrando no abdome. Mesmo<br />

assim, ele trouxe oblíquos e serráteis excelentes<br />

para um cara desse tamanho. Nas poses de costas<br />

podíamos perceber claramente que havia uma<br />

grande quantidade de líquido sob a pele. Nas poses<br />

de lado e em algumas transições, era nítida a falta<br />

de controle sobre seu abdome.<br />

O sétimo lugar ficou com Brandon Curry –<br />

assim como Beyeke, Curry é outro prodígio, outro<br />

talento com potencial imensurável que nunca<br />

alcança seu pico. Curry tem uma das mais belas<br />

estruturas da IFBB, simetria fantástica, suas pernas<br />

estavam para trás, mas já alcançaram o resto do<br />

corpo em relação a volume. Porém, ele parece nunca<br />

chegar seco o suficiente em um show.<br />

TOP 6<br />

Finalmente vamos aos Top 6, os seis melhores<br />

deste ano! Na sexta posição tivemos Roelly<br />

Winklaar. Esse cara vive em uma montanha<br />

russa. Apresenta-se de forma excelente algumas<br />

vezes e chega horrível em outras. Desta vez ele<br />

veio bem. Braços enormes, os maiores da noite.<br />

As pernas poderiam estar com um pouco mais de<br />

volume. Também faltam densidade e volume na<br />

22 MUSCULAÇÃO & FITNESS


MUSCULAÇÃO & FITNESS 23


BODYBUILDING WORLD<br />

24<br />

região lombar. Além disso, Roelly estava com uma fina camada de<br />

água sob a pele.<br />

Evan Centopani ficou com o quinto lugar. Evan é o<br />

bodybuilder mais legal das r<strong>ed</strong>es sociais. Ele é aquele cara que<br />

todo mundo queria ser. Seus posts falando sobre como se manter<br />

saudável e como ingerir alimentos bons para seu físico e sua<br />

saúde fazem muito sucesso. Assim como suas fotos feitas nas<br />

semanas que antec<strong>ed</strong>em a competição. Ele sempre aparece seco<br />

como o deserto e cheio, vascularizado.<br />

A cada semana ele posta fotos com uma condição melhor<br />

ainda. E, no dia do show, ele sempre chega murcho e liso. Eu não<br />

7º - BRANDON CURRY me conformo como um cara que aparenta ser tão inteligente e<br />

minucioso consegue errar com tanta frequência. Mais uma vez ele<br />

foi guiado por Oscar Ardon, o que eu considero um retrocesso, já<br />

que Oscar nunca me pareceu um bom treinador.<br />

Lembro-me de um vídeo antigo onde Oscar (então treinador<br />

de Kai Greene) e o próprio Kai foram treinados pelo Dorian Yates.<br />

O Oscar foi humilhado nesse vídeo, pois nem sabia como se<br />

posicionar para fazer uma remada curvada.<br />

Evan precisa de algo novo em sua carreira, já estagnada. Ele<br />

precisa procurar algum treinador que realmente saiba o que está<br />

fazendo, dessa forma ele pode subir o nível de seu físico.<br />

Até esse ponto do campeonato, todos os resultados<br />

pareciam ser bem sólidos e justos. Mas, a partir daqui, grandes<br />

discussões podem acontecer entre os fãs, pois alguns resultados<br />

foram bem controversos.<br />

Em um extremamente controverso e mal recebido (pela<br />

plateia) quarto lugar, tivemos C<strong>ed</strong>ric McMillan. Esse cara<br />

tem estrutura e shape fantásticos, tão bons quanto Beyeke, mas<br />

6º - ROELLY WINKLAAR com uma vantagem: ele é mais alto e mais largo. C<strong>ed</strong>ric quase<br />

nunca vem seco para os shows. Ele poderia ser Mr. Olympia caso<br />

focasse 110% de suas energias nessa tarefa. Mas ele é um militar<br />

ativo e disse que não vai deixar o Exército. Por isso, seus treinos e<br />

preparações acabam sofrendo um pouco devido ao alto grau de<br />

exigência física nos treinamentos militares.<br />

Seus braços estão excelentes, com ótima separação<br />

muscular, suas coxas nas poses de lado ficam espantosamente<br />

cortadas – a separação entre quadríceps e femorais é profunda.<br />

Suas costas são um ponto fortíssimo, com volume, densidade<br />

e separação muscular excelentes. Suas pernas poderiam ser<br />

maiores. Dessa vez ele veio bem seco, poderia estar mais, mas<br />

essa foi a melhor condição que ele apresentou nos últimos<br />

tempos.<br />

C<strong>ed</strong>ric deveria ter ficado com o segundo lugar, no mínimo.<br />

5º - EVAN CENTOPANI<br />

MUSCULAÇÃO & FITNESS


4º - CEDRIC MCMILLAN 3º - JUSTIN COMPTON<br />

Poderíamos até argumentar uma possível vitória<br />

sobre Dexter, mas eu creio que dentro do contexto<br />

em que esse Arnold foi disputado dificilmente<br />

alguém tiraria o título dele.<br />

Na terceira colocação tivemos o novato<br />

Justin Compton. Monstruoso, gigantesco, tão<br />

cheio que parecia que ia estourar. Seu físico lembra<br />

muito o de Dennis Wolf. Eu diria que sua densidade e<br />

volume fazem lembrar de Markus Ruhl.<br />

Braços, ombros e trapézios alienígenas. Suas<br />

costas ainda precisam de mais trabalho. Nas<br />

poses de lado, seus femorais ficam pendurados.<br />

Quadríceps fibrados, glúteos estriados, panturrilhas<br />

enormes.<br />

Compton tem praticamente todo o volume que<br />

precisa. Dentro de um ou dois anos, ele pode e deve<br />

ser o maior rival de Heath pelo título do Olympia.<br />

Caso ele melhore suas costas e chegue com uma<br />

condição tão seca quanto Heath, o páreo será duro.<br />

Em segundo lugar tivemos o texano<br />

indestrutível Branch Warren. Ele veio bem.<br />

Maciço, denso, com toneladas de músculos. Braços<br />

enormes. Pernas fantásticas nas poses de lado. Mas<br />

assimétricas nas poses de frente. Suas costas estão<br />

uma bagunça, sem separação muscular nenhuma.<br />

Os dorsais estão esquisitos e assimétricos. Nas<br />

poses de costas, seus femorais estão fantásticos.<br />

Peitoral denso.<br />

Seu maior trunfo neste Arnold foi sua condição<br />

física, talvez tenha sido o atleta mais seco da<br />

categoria. Apesar de trazer muito volume muscular,<br />

sua simetria e proporção estão totalmente fora dos<br />

padrões profissionais.<br />

Finalmente, o venc<strong>ed</strong>or da noite – Dexter<br />

Jackson! Com essa vitória, Dexter se consagrou<br />

como o maior venc<strong>ed</strong>or do Arnold Classic, com<br />

cinco títulos. Some isso a um título do Olympia,<br />

dois títulos do Master Olympia e um total de 17<br />

vitórias como profissional e teremos uma lenda viva<br />

do esporte. Provavelmente um dos cinco maiores<br />

culturistas de todos os tempos.<br />

Há quem não goste do físico dele, mas temos de<br />

admitir que é uma carreira fantástica.<br />

Este ano ele chegou cheio e seco ao Arnold.<br />

Braços grandes, dorsais pendurados. Poses de<br />

lado perfeitas, com profunda separação muscular<br />

e estriações no quadríceps, glúteos fibrados e<br />

posteriores separados. Dexter trouxe o físico<br />

necessário para levar o seu quinto troféu do Arnold<br />

para casa.<br />

MUSCULAÇÃO & FITNESS 25


BODYBUILDING WORLD<br />

O CAMPEÃO<br />

DEXTER JACKSON<br />

2º - BRANCH WARREN<br />

26<br />

MUSCULAÇÃO & FITNESS


MUSCULAÇÃO & FITNESS 27


BODYBUILDING WORLD<br />

1º<br />

2º - HIDE YAMAGUISHI JOSE RAIMOND 3º - EDUARDO CORREA<br />

Raimond leva a melhor em um show<br />

extremamente disputado.<br />

Em sua segunda <strong>ed</strong>ição, o Arnold 212 trouxe<br />

uma legião de atletas fantásticos brigando pelo<br />

título. Teríamos um novo campeão, já que o<br />

venc<strong>ed</strong>or de 2014, Flex Lewis, não iria defender seu<br />

título. Os favoritos eram Eduardo Correa, Jose<br />

Raimond e Hide Yamaguishi. O novato Aaron Clark<br />

corria por fora.<br />

Após ter ficado com o segundo lugar na<br />

última <strong>ed</strong>ição do Olympia 212 em uma decisão<br />

controversa, Eduardo Correa vinha como franco<br />

favorito ao título do Arnold. Seu físico potente com<br />

extrema separação muscular, densidade e condição<br />

superseca o cr<strong>ed</strong>enciam como favorito em qualquer<br />

competição que ele entre.<br />

O simpático japonês Hide Yamaguishi sempre<br />

se deu muito bem na categoria Open, mas ainda<br />

Arnold 212<br />

precisa provar que pode acertar e se dar bem na 212.<br />

Na verdade, apesar de ser um atleta mais baixo,<br />

consequentemente mais leve, competir na 212 o<br />

obriga a baixar demais seu peso corporal. Isso acaba<br />

prejudicando seu físico substancialmente. Mas,<br />

mesmo assim, ele é uma ameaça em cada show que<br />

entra.<br />

O terceiro integrante do grupo dos favoritos ao<br />

título é Jose Raimond. Dono de um físico compacto<br />

e denso, mas sem muita separação e qualidade<br />

muscular.<br />

A briga esteve o tempo todo entre os três.<br />

Yamaguishi era o azarão, mas trouxe um bom<br />

conjunto, suas costas eram as piores entre os três,<br />

porém, seus quadríceps saltavam e dominavam nas<br />

poses de frente.<br />

Correa, que vinha embalado com o segundo<br />

lugar no Olympia, apareceu murcho, sem aquele<br />

28<br />

MUSCULAÇÃO & FITNESS


aspecto denso e sólido que estamos acostumados<br />

a ver. Nas finais ele voltou melhor, mas isso acabou<br />

lhe custando o título. A lesão em seu tríceps também<br />

tem cobrado seu preço e sua simetria tem sofrido<br />

muito por isso. Mesmo quando ele se apresenta<br />

cheio e denso, é possível notarmos a diferença de<br />

tamanho entre os braços. Esse problema se amplifica<br />

quando o atleta entra murcho no palco.<br />

Não é um problema exclusivo de Eduardo.<br />

Qualquer atleta que tenha um músculo rompido<br />

sofre com isso. O músculo lesionado, mesmo após<br />

ter sido consertado cirurgicamente, nunca mais<br />

responde da mesma maneira aos protocolos de<br />

depleção e carb-up. Sempre que o atleta entrar<br />

murcho, aquele músculo rompido estará ainda mais<br />

murcho que o restante do corpo.<br />

Como disse, isso não é exclusividade do Correa,<br />

aconteceu com Jay, Branch, Martinez, Ruhll, entre<br />

outros.<br />

No Arnold os atletas têm menos tempo entre<br />

a pesagem e a competição. Com isso, as chances<br />

de não conseguirem chegar suficientemente cheios<br />

é maior. Outro detalhe é que no Arnold as prévias<br />

e finais acontecem à moda antiga, no mesmo dia.<br />

Portanto, o atleta que não chegou tão cheio às<br />

prévias tem menos tempo de se acertar para as<br />

finais.<br />

No Olympia, eles têm mais tempo entre<br />

pesagem e prévias e mais tempo entre prévias e<br />

finais, pois temos as prévias na sexta e as finais no<br />

sábado.<br />

Isso pode ser um pesadelo para os bodybuilders<br />

da Open, que são obrigados a se manterem bem por<br />

mais tempo, mas é excelente para os da 212, que são<br />

obrigados a depletar muito para fazer o peso e têm<br />

pouco tempo para o carb-up.<br />

Com isso, Eduardo acabou ficando com uma,<br />

ainda sim, excelente terceira colocação, mantém<br />

seu status de um dos melhores do mundo e continua<br />

sendo favorito ao título do Olympia.<br />

Yamaguishi, um pouco maior e mais cheio,<br />

ficou com o segundo lugar.<br />

Jose Raimond foi o grande venc<strong>ed</strong>or<br />

da noite, com um físico compacto e poderoso,<br />

braços enormes que, sinceramente, atrapalharam<br />

muito Eduardo. Seu peitoral era o pior entre<br />

os três primeiros, mas suas costas estavam<br />

surpreendentemente definidas e separadas.<br />

Essa vitória deu a Raimond embalo e confiança<br />

para o Olympia 212.<br />

MUSCULAÇÃO & FITNESS 29


BODYBUILDING WORLD<br />

Juliana Malacarne<br />

vence a <strong>ed</strong>ição inaugural<br />

do Women´s Physique<br />

International<br />

Existe ainda um pouco de confusão<br />

sobre a nomenclatura das novas<br />

categorias, especialmente da Women´s<br />

Physique. Muita gente tem chamado a<br />

Juliana de Ms. Olimpia (Miss Olympia) por ter<br />

vencido a sua categoria no Olympia 2014.<br />

Na verdade, o título de Miss Olympia<br />

é (era) dado à venc<strong>ed</strong>ora da categoria<br />

Bodybuilding Feminino. A venc<strong>ed</strong>ora da<br />

categoria Women´s Physique do Olympia é<br />

chamada de Women´s Physique Champion.<br />

No Arnold, a categoria Bodybuilding<br />

Feminino era chamada de Ms. International.<br />

E as outras categorias femininas seguem<br />

a mesma linha com a Figure International,<br />

<strong>Fitness</strong> International e assim por diante.<br />

Portanto, a categoria Women´s Physique<br />

no Arnold Classic é chamada de Women´s<br />

Physique International. E a primeira campeã<br />

dessa categoria se chama Juliana Malacarne.<br />

Questionada antes da competição sobre<br />

sua preparação, Juliana disse que o fato<br />

de ela ser a atual Campeã do WP Olympia<br />

a deixou com mais responsabilidades.<br />

Segundo ela, esse fato colocou um pouco<br />

mais de pressão e fez com que se sentisse<br />

ainda mais motivada para treinar e se<br />

apresentar bem no Arnold.<br />

E durante a competição pudemos<br />

perceber que Juliana não estava brincando,<br />

ela trouxe um físico muito refinado e<br />

harmonioso. Por melhor que Danna Lin<br />

Bailey tivesse vindo, seria impossível superar<br />

a brasileira. Juliana terminou a competição<br />

como venc<strong>ed</strong>ora e agora detém os dois<br />

títulos mais importantes da Women´s<br />

Physique.<br />

30 MUSCULAÇÃO & FITNESS


Arnold AMADOR<br />

Os brasileiros continuam fazendo bonito<br />

Arnold Amador Ohio 2015 começou<br />

O muito bem para o Brasil. O nosso querido<br />

Nortom Murayama levou o Overall no<br />

Bodybuilding Máster.<br />

Dono de um dos melhores shapes do Culturismo<br />

Brasileiro, Nortom atinge o ponto máximo de<br />

sua carreira em seu 20º ano de competições. Ele<br />

começou em 1995 no Paulista de Estreantes e tem<br />

no currículo vários títulos Paulistas e Brasileiros,<br />

além de quatro títulos do Mr. Universe NABBA.<br />

Foi um dos primeiros culturistas<br />

que me chamaram realmente<br />

a atenção quando<br />

comecei a treinar, em<br />

1995. Lembro de ver<br />

anúncios com fotos<br />

dele, aqueles ombros<br />

enormes e fibrados,<br />

aquela cinturinha fina, com abdominais cortados e<br />

perfeitos. Pude acompanhar sua carreira ao longo<br />

dos anos e agora posso dar a feliz notícia da sua<br />

vitória Overall Máster no Arnold Ohio.<br />

Os cariocas também fizeram bonito no Arnold.<br />

Isaac Balbi, outro veterano dos palcos, dono de<br />

um físico refinadíssimo, ficou com um excelente<br />

terceiro lugar na disputadíssima categoria até 80 kg.<br />

Baby Arnold também ficou com o terceiro lugar na<br />

categoria até 70 kg e Ton Aragão com o quarto lugar.<br />

No Body<strong>Fitness</strong>, Wagna Vargas levou o título de<br />

sua categoria. Janaína Ferreira também venceu sua<br />

categoria e conquistou o Overall.<br />

MUSCULAÇÃO & FITNESS<br />

norton murayama<br />

janaína ferreira<br />

Overall na categoria<br />

isaac balbi - 3º col.<br />

na categoria até 80 kg<br />

MUSCULAÇÃO & FITNESS<br />

31


BODYBUILDING WORLD<br />

32<br />

MUSCULAÇÃO & FITNESS


MUSCULAÇÃO & FITNESS 33


HALL DA FAMA - NABBA BRASIL<br />

EDSON PRADO,<br />

O PRIMEIRO<br />

MR. UNIVERSE<br />

BRASILEIRO<br />

Preparado, consciente e<br />

franco. Edson Prado mostrou<br />

nesta conversa com a M&F<br />

porque chegou aonde chegou, e<br />

porque ainda faz muito barulho<br />

no mundo do Bodybuilding,<br />

agora como empresário em<br />

Nova Iorque. Ele fala sobre a<br />

ilusão que cerca o esporte em<br />

relação à riqueza e atenta para<br />

o que realmente é importante<br />

na carreira do atleta que<br />

deseja fazer história e chegar<br />

ao alto nível. Eu tive o prazer<br />

de conversar em tempo real<br />

com esta lenda da NABBA<br />

Brasil por quase duas horas e<br />

pude notar em sua franqueza<br />

e na profundidade da fala um<br />

homem realizado, mas ainda<br />

s<strong>ed</strong>ento por desbravar novos<br />

horizontes. Aguardemos os<br />

próximos capítulos da notável<br />

vida do primeiro brasileiro<br />

a vencer o Mister Universo!<br />

Aproveitem!<br />

34 MUSCULAÇÃO & FITNESS


Rubens Gomes - Prof. Esp. – CREF 068015 G/SP - Especialista em treinamento<br />

desportivo. Preparador físico e fundador da Overall Team. Diretor nacional de<br />

arbitragem NABBA - Brasil. +55 (12) 9775 7551 / overallteam.blogspot.com<br />

M&F - Edson, vamos voltar a sua inédita<br />

conquista em 2001. Como você entende a<br />

representatividade daquele título hoje, passados<br />

14 anos?<br />

Edson Prado - Eu entendo que foi a<br />

oportunidade que qualquer atleta na época<br />

gostaria de ter, em busca do seu maior potencial,<br />

aproximando-se do profissionalismo, atingir seu<br />

maior e melhor nível e ter o reconhecimento por<br />

parte do País, da entidade e da f<strong>ed</strong>eração, creio<br />

que seja o primeiro passo importante para o atleta<br />

na carreira. Um título desse nível pelo histórico que<br />

tem, sem dúvidas, foi um dos maiores momentos,<br />

senão o maior, em toda minha carreira. Ali eu<br />

realmente pude ter certeza de que estava no<br />

caminho certo, e preparado para poder alcançar<br />

meu próximo passo que seria me tornar um<br />

campeão profissional.<br />

Com a conquista de um título como esse,<br />

muita coisa mudou na minha carreira, passei a ser<br />

visto de uma forma diferente, com respeito de<br />

patrocinadores, do público em geral e dos demais<br />

atletas, e senti realmente o valor desta conquista ao<br />

retornar ao País.<br />

M&F - Em seguida ao sucesso que obteve na<br />

NABBA, você se mudou para os Estados Unidos em<br />

busca da profissionalização. O quanto sua carreira<br />

e seus títulos influenciaram e colaboraram para seu<br />

começo de carreira como profissional?<br />

No Brasil, sim, eu fui visto de outra maneira!<br />

Mais reconhecido por parte do patrocinador na<br />

época, até porque ele tinha a necessidade de ter um<br />

atleta de nível internacional competindo em eventos<br />

deste porte. O Brasil ainda era carente disso, era<br />

fundamental passar ao público a certeza de que<br />

realmente a empresa era de potencial porque tudo<br />

aquilo que conquistei foi feito no Brasil, não precisei<br />

sair daqui (falando em preparação) para conquistar<br />

o título internacional. Mas a grande diferença foi<br />

essa, de um brasileiro que enfrentou o mundo para<br />

mostrar quem eram os brasileiros e assim colocar<br />

nosso país no mapa do esporte.<br />

Para ser um profissional, o título de Mister<br />

Universo não fez diferença nenhuma, aqui o<br />

nível de investimento e condição física era muito<br />

superior, muita gente era popular, conhecida de<br />

árbitros e dirigentes, o que contava era ter um nome<br />

muito forte envolvido, seja pelo seu patrocinador,<br />

treinador etc. O que fez diferença em meu favor<br />

foi a minha maturidade conquistada no país, pois<br />

grandes nomes da elite quando me viram ficaram<br />

impressionados com a minha performance, tendo eu<br />

vindo de um país em desenvolvimento.<br />

M&F - Você sempre foi conhecido pela sua<br />

simpatia e preparo pra encarar a mídia e o público.<br />

Na época você foi um divisor de águas no mercado<br />

da suplementação, pois mostrou que o atleta<br />

poderia (e deveria) ser um formador de opinião.<br />

Como você lidou com tudo isso?<br />

Realmente é verdade, assim como algumas<br />

pessoas sabem, não foi uma coisa que aconteceu<br />

na minha vida e sim uma coisa que planejei, desde<br />

quando iniciei minha carreira como atleta eu me<br />

preparei criando as bases pra encarar um título de<br />

MUSCULAÇÃO & FITNESS 35


HALL DA FAMA - NABBA BRASIL<br />

peso como o Mister Universo, e noto que este é<br />

um erro da maioria dos atletas, não saber suportar<br />

o peso de um grande título, não sabendo dar<br />

sequência em sua carreira, planejando mal os passos<br />

a seguir e representando mal os investidores. Eu<br />

sabia exatamente aonde eu iria chegar, sabia que<br />

iria conquistar o título de Mister Universo e sabia<br />

que chegaria ao nível profissional porque eu planejei<br />

tudo isso.<br />

Mas, dentro dessa jornada toda eu sabia que<br />

era importante a forma como eu iria me comunicar<br />

com as pessoas, os patrocinadores, com os fãs,<br />

enfim... Sim, houve um preparo para que eu<br />

pudesse me apresentar em público, nos programas<br />

de TV, conc<strong>ed</strong>er entrevistas e realmente levar<br />

informações com segurança àqueles que estivessem<br />

sob minha responsabilidade. Eu nunca via um<br />

patrocínio como suporte daquilo que eu precisava<br />

somente, é importante que o atleta tenha em<br />

mente a necessidade de vestir a camisa como num<br />

time, então, era assim que eu via todos os meus<br />

patrocinadores. Em toda minha carreira em nenhum<br />

momento fiquei sem patrocínio, sempre tive ofertas<br />

de boas empresas à procura do meu trabalho,<br />

justamente porque eu nunca chegava na empresa e<br />

p<strong>ed</strong>ia patrocínio, eu oferecia parceria, oportunidade<br />

de negócio! Eu dizia que poderia ajudar a empresa a<br />

se apresentar de uma forma melhor do que já vinha<br />

fazendo.<br />

Fundamental realmente é a cultura do atleta,<br />

se preocupar com a <strong>ed</strong>ucação e formação, com uma<br />

boa apresentação, falar bem em público e sempre<br />

manter sua postura. Observo muitos atletas aqui<br />

de nome que não merecem, porém, o mínimo de<br />

respeito pela forma como se comportam perante o<br />

público, seus egos são alimentados, mesmo sendo<br />

o Bodybuilding algo tão pequeno aqui nos Estados<br />

Unidos, diferentemente do que pensa o grande<br />

público, que imagina algo grandioso e glamoroso.<br />

M&F - E como foi para o então maior atleta do<br />

país, o atual Mister Universo, ter de recomeçar do<br />

zero? E com sua experiência, acha uma utopia os<br />

garotos que acr<strong>ed</strong>itam que serão o próximo Mister<br />

Olympia?<br />

Além de todo o preparo extrapalco, o atleta<br />

deve ser honesto e consciente, sabendo avaliar se<br />

ele tem capacidade de lidar com uma preparação<br />

profissional e se tem potencial para chegar lá, se<br />

necessário ouvir uma opinião fria e técnica para<br />

saber se tem capacidade de suportar esse tipo de<br />

competição. O atleta com perfil de profissional,<br />

além de apresentar uma genética incrível, deve<br />

estar preparado psicologicamente, como dito<br />

anteriormente.<br />

Ao passo que observo atletas com grandes<br />

títulos não saberem se promover e usar isso a<br />

seu favor, vejo atletas que nada conquistaram e<br />

se sentem os melhores, agindo com arrogância e<br />

soberba, sendo que mesmo os melhores atletas<br />

do mundo não se comportam assim, pra falar<br />

a verdade, estes são os mais dóceis e bempreparados.<br />

Mesmo no palco do Mister Olympia<br />

existem caras que nunca vencerão, pelo simples<br />

fato de não estarem preparados mentalmente,<br />

socialmente pra isso.<br />

Eu vivi momentos pontuais numa época de<br />

glamour que posso garantir que nenhum outro<br />

atleta de nome ou de elite viveu, só que com isso<br />

consegui enxergar um lado que talvez o esporte<br />

nunca tivesse me apresentado, tive a oportunidade<br />

de estar em três <strong>ed</strong>ições do Mister Olympia no<br />

backstage, conversando com os maiores nomes,<br />

viajando de avião particular, coisa que nenhum<br />

atleta profissional hoje faz. A verdade é que sonhar<br />

em competir um dia no Mister Olympia já é uma<br />

pretensão. Às vezes o atleta não gosta de ser realista<br />

consigo mesmo e se ilude com certas conclusões<br />

de pessoas que nem estão no meio, ou estão<br />

paralelamente envolvidas, mas não vivendo a vida<br />

do atleta, aquela de acordar c<strong>ed</strong>o, ter de treinar, ou<br />

não ter horário específico pra dormir porque ele tem<br />

de manter um padrão de treinamento ou ter de ir<br />

duas ou três vezes à academia treinar.<br />

Todo atleta deve saber qual é o seu limite, e<br />

isso pode ser doloroso e frustrante, mas essa é a<br />

visão que eu adquiri no preparo para encarar um<br />

nível superior, mas não pensem que isso vai mudar<br />

definitivamente a vida do atleta, vai mudar como<br />

experiência pessoal, mas não como experiência<br />

financeira, ele não vai se tornar milionário apenas<br />

por ser profissional.<br />

36<br />

MUSCULAÇÃO & FITNESS


“Com a conquista de um título como esse, muita<br />

coisa mudou na minha carreira, passei a ser<br />

visto de uma forma diferente, com respeito de<br />

patrocinadores, do público em geral e dos demais<br />

atletas, e senti realmente o valor desta conquista<br />

ao retornar ao País.”<br />

M&F - No final das contas, vencerá o atleta<br />

trabalhador, esforçado, mesmo que não seja<br />

profissional?<br />

Na verdade, o título e a classificação não é o que<br />

vai fazê-lo se tornar um atleta bem-suc<strong>ed</strong>ido, e sim a<br />

forma como ele planeja e conduz a carreira. Ele pode<br />

ser um campeão paulista e ser mais bem-suc<strong>ed</strong>ido<br />

do que um cara que foi campeão do mundo. Não é<br />

ir pra academia e levantar peso, “botar 50 de braço”<br />

ou conquistar inúmeros títulos, mas sim saber<br />

se posicionar dentro do esporte e fazer dele sua<br />

profissão, eu classifico isso como profissão e não só<br />

como esporte.<br />

E foi este um dos motivos que me fizeram<br />

deixar o fisiculturismo competitivo, pude perceber<br />

que a indústria fitness era muito maior mesmo do<br />

que o bodybuilding, isso me atraiu justamente pelo<br />

desafio de poder desenvolver uma estrutura com as<br />

experiências que ao longo de minha carreira adquiri,<br />

de técnicas que desenvolvi e aprimorei, e hoje aplico<br />

na mudança do hábito na vida de meus clientes e<br />

atletas que ainda competem em todas as partes<br />

do mundo (Japão, China, Inglaterra, Irlanda, Suíça,<br />

além do Brasil). Minha d<strong>ed</strong>icação hoje é investir<br />

no fitness, na saúde e na qualidade de vida, venho<br />

aprimorando um trabalho com minha empresa, a<br />

“Prado System”, algo que fui desenvolvendo junto<br />

com minha carreira de bodybuilder. Hoje estou<br />

perto de lançar um produto fantástico na indústria<br />

fitness que vai ser uma extensão melhorada da<br />

“Prado System”. Dito isso, posso afirmar que o que<br />

tenho como retorno com minha empresa dentro da<br />

indústria fitness o bodybuilding nunca me deu.<br />

“Não foi uma coisa que aconteceu na minha<br />

vida e sim uma coisa que planejei, desde quando<br />

iniciei minha carreira como atleta eu me preparei<br />

criando as bases pra encarar um título de peso<br />

como o Mister Universo.”<br />

M&F - O que você pode dizer aos que começam<br />

hoje no esporte?<br />

Você deve se perguntar se é isso mesmo que<br />

quer, de preferência tendo sempre o esclarecimento<br />

por parte de alguém que já viva o mercado, procurar<br />

um treinador e confiar a ele sua carreira, seguir <strong>100</strong>%<br />

do que for passado e fazer tudo o que for orientado.<br />

E, independentemente da posição do atleta, ter<br />

pé no chão e humildade, respeite o próximo porque<br />

não pode esquecer de que um dia você começou<br />

lá de trás, então, trate bem todos aqueles que<br />

cruzarem seu caminho.<br />

MUSCULAÇÃO & FITNESS 37


PROGRAME O SEU TREINAMENTO<br />

Por Eugênio Koprowsk<br />

PARTE 1<br />

OMBROS<br />

PODEROSOS<br />

Steve Reeves aos 21 anos de<br />

idade. Venc<strong>ed</strong>or do Mr. America<br />

1947 pela AAU e Mr. Universe pela<br />

NABBA em 1950. Tido como o físico<br />

mais perfeito de todos os tempos.<br />

Uma silhueta muscular masculina bem<br />

delineada requer ombros largos, com deltoides<br />

salientes, cintura estreita, abdominais definidos<br />

e panturrilhas adequadamente desenvolvidas e<br />

trabalhadas. Essa linha em forma de V agrada<br />

à vista, sendo um fator importante na boa<br />

classificação de um bodybuilder competitivo.<br />

38 MUSCULAÇÃO & FITNESS


Essa linha física tão buscada por muitos tem<br />

uma forte dependência da estrutura genética<br />

individual. Os músculos podem ser desenvolvidos,<br />

a cintura r<strong>ed</strong>uzida perdendo gordura acumulada<br />

e melhorando o aspecto geral, mas nem sempre se consegue<br />

esse shape. Um dos maiores entraves é o desenvolvimento<br />

dos deltoides, notadamente em pessoas com ombros<br />

estreitos, que têm grande dificuldade nesta área. Deltoides<br />

tipo “balas de canhão”, como mostra o Alex dos Anjos (foto<br />

ao lado), são para poucos, mas não é impossível conseguir um<br />

bom resultado se seguirmos corretamente alguns aspectos do<br />

treinamento específico para deltoides.<br />

O músculo deltoide é composto por três feixes de fibras:<br />

parte clavicular (fibras anteriores), acronial (fibras médias)<br />

e espinal (fibras posteriores). A ação em conjunto destes<br />

músculos faz a abdução da junta do ombro, principalmente<br />

pela ação das fibras médias, com a estabilização dada pelas<br />

fibras anteriores e posteriores. As fibras anteriores flexionamse<br />

e, em supinação, rodam m<strong>ed</strong>ialmente a junta do ombro.<br />

As fibras posteriores estendem-se, e na posição de pronação<br />

rodam lateralmente a junta do ombro.<br />

Fica fácil entender por que os deltoides participam de<br />

forma intensa em muitos movimentos, notadamente nas<br />

puxadas, remadas, desenvolvimentos e até nas flexões<br />

do cotovelo. Se você divide o seu treinamento por grupos<br />

MUSCULAÇÃO & FITNESS 39


PROGRAME O SEU TREINAMENTO<br />

musculares e quer enfatizar o trabalho dos deltoides,<br />

deve observar inicialmente se a articulação do<br />

ombro - que é relativamente frágil e costuma<br />

apresentar lesões - não está sendo solicitada com<br />

muita frequência e intensidade. Muito trabalho<br />

para os outros grupos musculares, acrescido de<br />

movimentos pesados para os ombros, podem<br />

refletir negativamente no seu desenvolvimento.<br />

Lembre que as adaptações fisiológicas do<br />

treinamento ocorrem durante o repouso. A síntese<br />

proteica tem o seu pico 24 horas após o treino,<br />

voltando à normalização entre 36 e 48 horas,<br />

quando o músculo estará plenamente recuperado,<br />

mas ainda na fase de supercompensação, ou seja,<br />

de crescimento. Esta situação depende muito do<br />

limiar anabólico individual, mas descansar é crescer,<br />

sempre.<br />

OS SETE MELHORES EXERCÍCIOS<br />

PARA DELTOIDES<br />

Representam os mais usuais, sejam em sua<br />

forma livre, em máquinas, aparelhos ou cabos e<br />

diversas variações.<br />

1. Desenvolvimento à frente: este é um<br />

exercício básico para o deltoide. Solicitando<br />

as articulações do ombro e do cotovelo, age<br />

principalmente nas fibras anteriores e médias do<br />

deltoide, fibras superiores do peitoral, tríceps,<br />

serrátil, trapézio e supraespinal. Na posição sentada,<br />

com ou sem apoio nas costas e também em pé<br />

ou, ainda, em aparelho específico. Para maior<br />

eficiência e conforto, a empunhadura da barra deve<br />

ser aproximadamente na largura dos ombros. O<br />

posicionamento dos cotovelos para frente pode<br />

enfatizar mais a porção anterior do deltoide.<br />

2. Desenvolvimento atrás: este foi, e talvez<br />

ainda seja, o exercício mais utilizado pelos<br />

bodybuilders para desenvolvimento dos deltoides.<br />

Entretanto, pessoas com<br />

problemas de amplitude<br />

articular, que sintam dor<br />

e desconforto, devem<br />

evitar o exercício, ou<br />

experimentar inicialmente<br />

amplitudes mais curtas,<br />

até sentirem melhoras. Aqui o trabalho maior é<br />

do deltoide lateral, cuja atuação é enfatizada pelo<br />

importante alongamento entre cada repetição.<br />

A pegada deve ser mais aberta para proporcionar<br />

maior conforto e minimizar a ação do tríceps.<br />

O trapézio, notadamente nas fibras médias e<br />

superiores, é bastante ativado, assim como o<br />

supraespinal.<br />

3. Puxada alta (ou vertical): este movimento,<br />

realizado na forma livre em pé, é outro exercício<br />

básico. Com uma<br />

pegada na largura dos<br />

ombros ou pouco mais,<br />

solicita todo o grupo<br />

dos deltoides, trapézios,<br />

bíceps, músculos do<br />

antebraço, glúteos,<br />

lombares e abdominais<br />

pela contração intraabdominal.<br />

Um exercício “funcional”, para aqueles<br />

que gostam do termo. A barra deve ser elevada<br />

próxima ao corpo até tocar o queixo, elevando<br />

os cotovelos ao máximo para cima no final do<br />

movimento, enfatizamos a ação do trapézio<br />

pela elevação da escápula. A subida da barra<br />

(fase concêntrica) é feita de forma mais rápida,<br />

porém concentrada e com pleno domínio sobre<br />

o peso. Pegadas muito fechadas costumam ser<br />

desconfortáveis e não justificam a sua aplicação.<br />

4. Desenvolvimento com halteres: outro exercício<br />

que permite muitas variações e diferentes<br />

acomodações às<br />

alavancas ósseas<br />

individuais em função<br />

do uso de halteres.<br />

Basicamente, trabalha<br />

os mesmos músculos<br />

dos desenvolvimentos<br />

com barra. Permite um<br />

40<br />

MUSCULAÇÃO & FITNESS


alongamento acentuado ativando especialmente as<br />

fibras laterais do músculo deltoide. Com a rotação<br />

dos antebraços (supinação), posicionando os<br />

cotovelos para frente, pode-se experimentar uma<br />

excelente variação deste exercício.<br />

5. Elevação lateral: neste movimento, assim como<br />

nos dois seguintes, temos uma ação uniarticular, no<br />

caso atuando de forma direta sobre o feixe lateral<br />

do deltoide. É importante<br />

que se dobre ligeiramente<br />

os cotovelos para suavizar a<br />

pressão sobre a articulação<br />

do cotovelo, elevando os<br />

halteres até a altura da cabeça<br />

e retornando lentamente à<br />

posição inicial. Este exercício,<br />

em associação com o<br />

desenvolvimento atrás com<br />

barra, representa a combinação<br />

mais usual no trabalho para<br />

deltoides.<br />

6. Elevação frontal: solicita com maior intensidade<br />

as fibras anteriores do deltoide e também a parte<br />

clavicular dos peitorais (fibras superiores), com<br />

menor ênfase nas porções<br />

laterais e posteriores do<br />

deltoide. As variações<br />

são inúmeras, podendo<br />

ser realizadas com barra,<br />

como na ilustração, com<br />

halteres em conjunto,<br />

alternado ou ainda<br />

unilateral. Também pode<br />

ser feito com apoio ventral<br />

em um banco ou com o<br />

uso de cabos de polia. Lembrando que todos os<br />

desenvolvimentos trabalham bem os deltoides<br />

anteriores, muitas vezes dispensando exercícios<br />

específicos.<br />

7. Elevação curvado: a elevação lateral curvado<br />

solicita prioritariamente as fibras posteriores do<br />

deltoide (espinais). O trapézio também é bastante<br />

atuante neste movimento, notadamente as fibras<br />

médias e inferiores. Na posição livre com halteres,<br />

como na figura, deve haver o cuidado para evitar a<br />

contração isométrica dos paravertebrais, elevando<br />

razoavelmente a coluna<br />

durante a subida dos<br />

halteres. Pela mesma razão,<br />

também evite olhar para<br />

frente, forçando a lordose<br />

lombar. Pode-se realizar o<br />

movimento apoiando o peito<br />

em um banco, ou sentando<br />

na extremidade do mesmo.<br />

Também pode ser feito com<br />

cabos de polias, em pé ou com o corpo curvado e na<br />

sua forma unilateral.<br />

Nota interessante: O modelo que serviu<br />

para as ilustrações foi o nosso primeiro Mr.<br />

Universe NABBA, Edson Prado, que hoje reside<br />

nos EUA. Veja a entrevista com ele nesta <strong>ed</strong>ição.<br />

PROGRAMAÇÃO DE TREINAMENTO<br />

- ROTINA DE OMBRO<br />

Naturalmente, não é para incluir todos estes<br />

sete exercícios na sua rotina, embora isto possa ser<br />

feito em algumas situações individuais e especiais.<br />

Apenas um exercício biarticular ou básico,<br />

como os desenvolvimentos ou a puxada, já<br />

pode representar suficiente estímulo para o<br />

desenvolvimento dos deltoides.<br />

Normalmente dois exercícios, sendo um básico<br />

e um auxiliar (uniarticular), é o bastante para a<br />

maioria dos casos, dependendo da frequência aos<br />

treinos e do número de séries, que representam o<br />

volume total do treinamento.<br />

A intensidade do treino também deve ser<br />

MUSCULAÇÃO & FITNESS 41


PROGRAME O SEU TREINAMENTO<br />

Fale conosco: www.musculacaoefitness.com.br<br />

considerada: quanto maior a intensidade, menor<br />

deverá ser o volume do treinamento. Assim,<br />

criamos o estímulo necessário à hipertrofia, mas<br />

evitamos o overtraining. Esse fator é muito comum<br />

no insucesso, pode ocorrer pelo excesso de treino,<br />

intensidades muito elevadas ou pela soma de<br />

ambos.<br />

O IMPORTANTE É COMO. NÃO QUANTO,<br />

NEM O QUE EXATAMENTE É FEITO.<br />

Você NÃO é um levantador de peso. Mesmo<br />

que seja, e está interessado em desenvolver os<br />

seus deltoides, esqueça a quantidade de peso que<br />

levanta, isso não determina o grau de esforço do<br />

músculo, apenas a carga levantada.<br />

Notadamente no caso dos deltoides, este é<br />

um ponto crucial para obtenção de resultados.<br />

Faça os movimentos mais lentamente, sem usar<br />

impulsos exagerados, posições antianatômicas para<br />

levantar mais peso. Evite movimentos balísticos e<br />

sinta seus deltoides trabalharem da primeira até<br />

a última repetição, até atingir a falha ou chegar<br />

próximo dela. Deixe o deltoide realizar o trabalho<br />

e verá como em alguns treinos eles já começam a<br />

responder, inclusive em termos de força muscular.<br />

EXEMPLIFICANDO<br />

ALGUMAS ROTINAS<br />

Vamos relacionar exemplos de rotinas. Mas<br />

alerto que são apenas exemplos, lembrando<br />

que alguns atletas não ob<strong>ed</strong>ecem a padrões<br />

estabelecidos e, apesar disso, conseguem bons<br />

resultados em função da sua genética excepcional.<br />

Para INICIANTES, um exercício básico realizado<br />

uma a três vezes por semana será o suficiente. O<br />

mesmo pode ser recomendado para quem utiliza o<br />

sistema de “FULL BODY” (M&F Edição 99) ou aplica<br />

o “GERMAN VOLUME TRAINING” (M&F Edição 95).<br />

Prioridade muscular: se você tem dificuldade<br />

com o deltoide, deve dar prioridade a ele. Inicie<br />

o treino pelo ombro (1), ou selecione um dia para<br />

treinar apenas os deltoides (2), ou faça uma divisão<br />

que aproveite o treino de peito e costas para<br />

trabalhar na sequência as partes anteriores, laterais<br />

e posteriores do deltoide (3 A e 3 B).<br />

Exemplo 1: OMBRO com BRAÇOS<br />

Desenvolvimento à frente: 4 x 8-12<br />

Elevação lateral: 3 x 10-12<br />

Elevação curvado: 3 x 10-12<br />

Exemplo 2: OMBRO exclusivo<br />

Desenvolvimento com barra atrás: 4 x 8-12<br />

Puxada alta: 4 x 8-12<br />

Elevação lateral: 3 x 10-12<br />

Elevação frontal: 3 x 10-12<br />

Exemplo 3 A: PEITO com OMBRO anterior e lateral<br />

Elevação frontal: 3 x 10-12<br />

Desenvolvimento com halteres: 4 x 8-12<br />

Elevação lateral: 3 x 10-12<br />

Exemplo 3 B: COSTAS com OMBRO posterior<br />

Elevação curvado: 4 x 10-12<br />

Desenvolvimento atrás: 3 x 8-12<br />

Puxada alta: 4 x 8-12<br />

OBSERVAÇÕES<br />

Como a prioridade é o ombro, treine as demais<br />

partes do corpo com menor volume e/ou frequência.<br />

Os exemplos de rotinas são para dois treinos<br />

semanais, com dois ou três dias de intervalo entre<br />

cada treino. Para um treino semanal aumente uma<br />

ou duas séries e para três treinos r<strong>ed</strong>uza uma série<br />

ou duas.<br />

As repetições ficam preferentemente entre 8 e<br />

12, mas se, eventualmente, fizer 5 ou 15 repetições<br />

não há problema, desde que o movimento seja<br />

realizado em boa forma.<br />

Mesmo com repetições mais baixas e maior<br />

carga, busque sempre realizar os movimentos<br />

completos, mais lentamente e com boa técnica, até<br />

a falha ou próximo dela. Não é necessário ir além da<br />

falha concêntrica, isso não lhe trará mais benefícios.<br />

Finalmente, ouça o seu corpo. Se considerar<br />

que deve aumentar as séries e exercícios, faça isso.<br />

Mas, antes, tente o mínimo bem feito e observe os<br />

resultados.<br />

NA PRÓXIMA EDIÇÃO: Panturrilhas e<br />

abdominais. Até Lá.<br />

TREINE PARA CONSTRUIR,<br />

NÃO PARA DESTRUIR.<br />

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MUSCULAÇÃO & FITNESS


MUSCULAÇÃO & FITNESS 43

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