UMA NOVA ESCALA DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADEBREVE HISTÓRIA DO PROJETOCORREDORES ECOLÓGICOS NOBRASILAté há pouco tempo, os principais instrumentos para proporcionar a conservação<strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de biológica in situ, sobre a qual o Estado exerce o direitode posse e controle, eram as uni<strong>da</strong>des de conservação públicas. O conceitode corredores ecológicos ou corredores de biodiversi<strong>da</strong>de é relativamentenovo. No Brasil, essa estratégia de conservação vem sendo construí<strong>da</strong> dentrodo Ministério do Meio Ambiente desde 1997, com apoio do Banco Mundial,por meio do Fundo Fiduciário <strong>da</strong> Floresta Tropical (RFT – Rain Forest TrustFund), no âmbito do Programa-Piloto para a Proteção <strong>da</strong>s Florestas Tropicaisno Brasil (PPG-7). Esse Programa li<strong>da</strong> com a dinâmica <strong>da</strong> fragmentação epromove a formação e a conservação de grandes corredores na Amazônia ena <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> (Ayres et al., 2005).Na fase de estruturação do Programa-Piloto, em meados dos anos 90, havia oprojeto denominado “Parques e Reservas”. As primeiras versões desse projetoforam desenvolvi<strong>da</strong>s pela Diretoria de Ecossistemas do Instituto Brasileiro doMeio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e propunham ofortalecimento <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des de conservação federais, com ênfase no planejamento,na gestão participativa e em uma maior integração com a zona de12
O CORREDOR CENTRAL DA MATA ATLÂNTICAamortecimento, abor<strong>da</strong>gem que já vinha sendo adota<strong>da</strong> no País. No processode discussão <strong>da</strong>s propostas, buscaram-se procedimentos que avançassem alémdo simples financiamento <strong>da</strong> elaboração dos planos de manejo, do investimentoem infra-estrutura e <strong>da</strong> capacitação de pessoal em uni<strong>da</strong>des deconservação.O Programa-Piloto desenvolveu, entre 1996 e 1997, uma proposta que procuravatornar viável a conservação <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de biológica a longo prazo a partirdo manejo de grandes extensões de terra, por meio <strong>da</strong> implantação de corredoresecológicos na Amazônia e na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, o que constituía umaconcepção inovadora para o País. Dessa proposta surgiu o Projeto <strong>Corredor</strong>esEcológicos.Os corredores ecológicos são definidos, no Projeto, como grandes áreas quecontêm ecossistemas florestais biologicamente prioritários e viáveis para aconservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de na Amazônia e na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>. Integramesses corredores conjuntos de uni<strong>da</strong>des de conservação, terras indígenas eáreas com diferentes formas de uso <strong>da</strong> terra. O Projeto prevê a formação dequadros econômicos, sociais e políticos sustentáveis para conservar abiodiversi<strong>da</strong>de nos corredores.Para a consecução do Projeto, foram indicados sete grandes corredores, correspondentesa cerca de 25% <strong>da</strong>s florestas tropicais úmi<strong>da</strong>s do Brasil, sendocinco deles localizados na Amazônia (<strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> Amazônia, <strong>Corredor</strong>Norte <strong>da</strong> Amazônia, <strong>Corredor</strong> Oeste <strong>da</strong> Amazônia, <strong>Corredor</strong> Sul <strong>da</strong> Amazônia,<strong>Corredor</strong> dos Ecótonos Sul-amazônicos) e dois, na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> (<strong>Corredor</strong><strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e <strong>Corredor</strong> Sul <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> ou <strong>Corredor</strong> <strong>da</strong>Serra do Mar), conforme mostra a Figura 1. Recentemente, a Socie<strong>da</strong>de CivilMamirauá, no livro “Os <strong>Corredor</strong>es Ecológicos <strong>da</strong>s Florestas Tropicais doBrasil”, relatou a construção desse conceito e mostrou os estudos e projetosnecessários para implementá-lo (Ayres et al., 2005).Em função <strong>da</strong> complexi<strong>da</strong>de do Projeto, iniciou-se um processo de discussãoe de ajustes sucessivos, com a realização de seminários e reuniões e aemissão de pareceres técnicos por especialistas. Depois <strong>da</strong> missão de préavaliação,foi criado no IBAMA, em junho de 1998, por iniciativa <strong>da</strong> SecretariaTécnica do Programa-Piloto, um Grupo Técnico de Trabalho, com o objetivode realizar os últimos ajustes no Projeto <strong>Corredor</strong>es Ecológicos e acompanhá-lo13