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cuidaR das zonas úmidas - Ministério do Meio Ambiente

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2 defevereiroDIaMundial<strong>das</strong> ZonasÚMIDASO que são <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong>?Parque Nacional da Lagoa <strong>do</strong> Peixe (RS)Oconceito de <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong> a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pela Convençãode Ramsar é abrangente, compreenden<strong>do</strong>, alémde diversos ambientes úmi<strong>do</strong>s naturais, tambémáreas artificiais, como represas, lagos e açudes. Ainclusão de áreas artificiais decorre <strong>do</strong> fato de que,originalmente, a Convenção se destinava a protegerambientes utiliza<strong>do</strong>s por aves aquáticas migratórias.Segun<strong>do</strong> sua definição, é considerada zona úmida todaextensão de pântanos, charcos e turfas, ou superfíciescobertas de água, de regime natural ou artificial,permanentes ou temporárias, conten<strong>do</strong> água parada oucorrente, <strong>do</strong>ce, salobra ou salgada. Áreas marinhas comprofundidade de até seis metros, em situação de marébaixa, também são considera<strong>das</strong> <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong>.A delimitação <strong>das</strong> <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong> seleciona<strong>das</strong> pelospaíses contratantes para integrar a Lista de ZonasÚmi<strong>das</strong> de Importância Internacional da Convençãopode compreender regiões ribeirinhas ou costeirasadjacentes, bem como ilhas ou extensões de áreasmarinhas até os recifes de coral.Por que proteger as <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong>?As <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong> fornecem serviçosecológicos fundamentais para asespécies de fauna e flora e parao bem-estar de populações humanas.Além de regular o regime hídrico devastas regiões, essas áreas funcionamcomo fonte de biodiversidade emto<strong>do</strong>s os níveis, cumprin<strong>do</strong> aindapapel relevante de caráter econômico,cultural e recreativo. Ao mesmo tempo,atendem necessidades de água ealimentação para uma ampla variedadede espécies e para comunidadeshumanas rurais e urbanas.As áreas úmi<strong>das</strong> são social eeconomicamente insubstituíveis,ainda, por conter inundações, permitira recarga de aquíferos, reter nutrientes,purificar a água e estabilizar <strong>zonas</strong>costeiras. O colapso desses serviços,decorrente da destruição <strong>das</strong> <strong>zonas</strong>úmi<strong>das</strong>, pode resultar em desastres ambientais com eleva<strong>do</strong>s custosem termos de vi<strong>das</strong> humanas e em termos econômicos.Os ambientes úmi<strong>do</strong>s também cumprem um papel vital no processo deadaptação e mitigação <strong>das</strong> mudanças climáticas, já que muitos dessesambientes são grandes reservatórios de carbono.Cervo-<strong>do</strong>-Pantanal3Cuidar da Zonas Úmi<strong>das</strong> - uma resposta às mudanças climáticas


Parque Nacional Marinho <strong>do</strong>s Anbrolhos (BA)4Cuidar da Zonas Úmi<strong>das</strong> - uma resposta às mudanças climáticas


2 defevereiroDIaMundial<strong>das</strong> ZonasÚMIDASC O N V E N Ç Ã O D E Z O N A S Ú M I D A S - R A M S A RO que é a Convenção de Ramsar?AConvenção sobre Zonas Úmi<strong>das</strong>, mais conhecida comoConvenção de Ramsar, é um trata<strong>do</strong> intergovernamentalque estabelece marcos para ações nacionais e paraa cooperação entre países com o objetivo de promover aconservação e o uso racional de <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong> no mun<strong>do</strong>.Essas ações estão fundamenta<strong>das</strong> no reconhecimento, pelospaíses signatários da Convenção, da importância ecológicae <strong>do</strong> valor social, econômico, cultural, científico e recreativode tais áreas.Estabelecida em fevereiro de 1971, na cidade iranianade Ramsar, a Convenção de Ramsar está em vigor desde21 de dezembro de 1975, e seu tempo de vigência éindetermina<strong>do</strong>. No âmbito da Convenção, os países membrossão denomina<strong>do</strong>s ''partes contratantes''; até janeiro de 2010,a Convenção contabilizava 159 adesões.O Brasil - que, por suas dimensões, acolhe uma grandevariedade de <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong> importantes - assinou aConvenção de Ramsar em setembro de 1993, ratifican<strong>do</strong>-atrês anos depois. Essa decisão possibilita ao país ter acesso abenefícios como cooperação técnica e apoio financeiro parapromover a utilização <strong>do</strong>s recursos naturais <strong>das</strong> <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong>de forma sustentável, favorecen<strong>do</strong> a implantação, em taisáreas, de um modelo de desenvolvimento que proporcionequalidade de vida aos seus habitantes.Para aderir ao trata<strong>do</strong>, cada país deve depositar uminstrumento de adesão junto à UNESCO - instituição queopera como depositária da Convenção - e, ao mesmo tempo,designar ao menos uma zona úmida de seu território comoSítio Ramsar para ser incluída na Lista de Zonas Úmi<strong>das</strong> deImportância Internacional, mais conhecida como Lista deRamsar.Origem e evolução daConvenção de RamsarOriginalmente denomina<strong>do</strong> ''Convenção sobre ZonasÚmi<strong>das</strong> de Importância Internacional, especialmente comoHabitat para Aves Aquáticas'', esse trata<strong>do</strong> teve como objetivoinicial prioritário fomentar a conservação de áreas utiliza<strong>das</strong>por aves migratórias aquáticas por meio <strong>do</strong> esforço conjunto<strong>do</strong>s governos <strong>do</strong>s países membros.Atenta ao avanço <strong>do</strong> debate sobre conservação no mun<strong>do</strong>, aConvenção passou, a partir <strong>do</strong>s anos 1980, a abordar o temade forma mais abrangente, reconhecen<strong>do</strong> a importância<strong>das</strong> áreas úmi<strong>das</strong> para a manutenção da diversidade deespécies e, ao mesmo tempo, sua relevância para o bemestar<strong>das</strong> populações humanas. Em 1982, uma emenda aotexto original reconheceu que a proteção <strong>das</strong> <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong>deve levar em consideração seu valor econômico, cultural,científico e recreativo.Essa mudança de enfoque foi consolidada na 5ª Conferência<strong>das</strong> Partes Contratantes (COP 5), realizada em 1993 na cidadede Kushiro (Japão).Em 2002, durante a COP 8, realizada em Valência (Espanha),os países contratantes definiram a missão da Convençãocomo ''a conservação e o uso racional por meio de ação local,regional e nacional e de cooperação internacional visan<strong>do</strong>alcançar o desenvolvimento sustentável <strong>das</strong> <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong>de to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>''. Desta forma, ao la<strong>do</strong> da conservação,a Convenção passou a dar atenção ao uso sustentável <strong>das</strong><strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong>, que podem se estender da montanha ao mar,cobrin<strong>do</strong> uma ampla variedade de ecossistemas aquáticos.Assim, de uma concepção centrada na conservação de áreasúmi<strong>das</strong> circunscritas, cuja seleção decorria de sua relevânciacomo habitat para aves aquáticas migratórias, a Convençãoa<strong>do</strong>tou uma abordagem ecossistêmica e socioambiental.5Cuidar da Zonas Úmi<strong>das</strong> - uma resposta às mudanças climáticas


2 defevereiroDIaMundial<strong>das</strong> ZonasÚMIDASC O N V E N Ç Ã O D E Z O N A S Ú M I D A S - R A M S A RA implementação daConvenção no BrasilNo Brasil, a Convenção de Ramsarfoi aprovada pelo CongressoNacional em 16 de junho de 1992,por meio <strong>do</strong> Decreto Legislativo nº 33,e o depósito da ratificação foi realiza<strong>do</strong>um ano depois, em setembro de 1993.Posteriormente, o texto da Convençãofoi promulga<strong>do</strong> pelo Presidenteda República por meio <strong>do</strong> Decretonº 1.905, de 16 de maio de 1996.A Gerência de Biodiversidade Aquáticae Recursos Pesqueiros, subordinada àSecretaria de Biodiversidade e Florestas<strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Meio</strong> <strong>Ambiente</strong>(MMA), é a autoridade administrativada Convenção no país, atuan<strong>do</strong>como ponto focal para viabilizara implantação <strong>do</strong>s compromissosassumi<strong>do</strong>s. O <strong>Ministério</strong> <strong>das</strong> RelaçõesExteriores (MRE) é a autoridade política.Sítios Ramsar <strong>do</strong> Brasil6Cuidar da Zonas Úmi<strong>das</strong> - uma resposta às mudanças climáticas


2 defevereiroDIaMundial<strong>das</strong> ZonasÚMIDASC O N V E N Ç Ã O D E Z O N A S Ú M I D A S - R A M S A RPreocupar-se com as mudanças climáticassignifica preocupar-se com as Zonas Úmi<strong>das</strong>e com a Biodiversidade“Perda de espécies …Escassez de alimentos …Mudanças climáticas... Secas... Colheitas ruins ...Escassez de água… Adaptação… Inundações…Perda de vi<strong>das</strong> humanas...Mitigação… Aquecimento <strong>do</strong> planeta…Níveis de CO 2… Extinção...Desabamentos”To<strong>das</strong> as palavras acima aparecem diariamente nosjornais, na televisão e no rádio. O que existe portrás delas é uma longa história de mau uso, abuso enegação <strong>do</strong> impacto humano sobre o meio ambiente; e oque existe pela frente nós ainda não sabemos.Com a entrada em vigor da Convenção Quadro <strong>das</strong>Nações Uni<strong>das</strong> sobre Mudanças Climáticas em 1994 foireconhecida a existência <strong>do</strong> problema <strong>das</strong> mudançasclimáticas como resulta<strong>do</strong> <strong>das</strong> atividades humanas.Naquela época foi realmente complica<strong>do</strong> aceitar as provascientíficas disponíveis, que não eram tão conclusivas comohoje e, mesmo assim, atualmente há quem não aceite aevidência científica <strong>das</strong> mudanças climáticas. A Convençãosobre Diversidade Biológica – lançou uma campanhaem 2002 para reduzir consideravelmente a atual taxa deperda de diversidade biológica em níveis global, regionale nacional antes de 2010, a chamada “meta 2010”, ano emque também foi declara<strong>do</strong> pelas Nações Uni<strong>das</strong> comoo Ano Internacional da Biodiversidade. As mudançasclimáticas são apenas uma <strong>das</strong> várias causas da perda debiodiversidade.SÃO vulneráveis às mudanças climáticas gera<strong>das</strong> pelaatividade humana, mas os ecossistemas <strong>das</strong> <strong>zonas</strong>úmi<strong>das</strong> e sua biodiversidade, se maneja<strong>do</strong>s corretamente,também têm um papel de mitigação <strong>das</strong> mudançasclimáticas e serão importantes para ajudar na adaptação<strong>do</strong>s seres humanos graças à sua função essencial degarantir a segurança sobre a água e os alimentos. Assimcomo sugere o lema <strong>do</strong> Dia Mundial <strong>das</strong> Zonas Úmi<strong>das</strong>, ocuida<strong>do</strong> com as <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong> é parte da solução para oproblema <strong>das</strong> mudanças climáticas.Antes de focarmos nas <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong>, é convenienteconsiderar as pessoas e o que nós estamos fazen<strong>do</strong> aomeio ambiente. O impacto comparativo ocasiona<strong>do</strong> pelaespécie humana no meio ambiente de to<strong>do</strong> o planetaestá bem <strong>do</strong>cumenta<strong>do</strong> na avaliação feita pelo Fun<strong>do</strong>Mundial para a Natureza - WWF sobre a pegada ecológica<strong>do</strong> ser humano.O tema <strong>do</strong> Dia Mundial <strong>das</strong> Zonas Úmi<strong>das</strong> de 2010 tratadestas duas questões principais: a perda de biodiversidadee as mudanças climáticas e estuda suas relações e seussignifica<strong>do</strong>s para as <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong> e para as pessoas.Examinaremos aqui qual é o papel que desempenha oser humano na perda de biodiversidade e nas mudançasclimáticas e como encontrar soluções. As <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong>9Cuidar da Zonas Úmi<strong>das</strong> - uma resposta às mudanças climáticas


2 defevereiroDIaMundial<strong>das</strong> ZonasÚMIDASC O N V E N Ç Ã O D E Z O N A S Ú M I D A S - R A M S A RBIODIVERSIDADE DAS ZONAS ÚMIDAS – EM QUEFASE NÓS ESTAMOS ATUALMENTE?Oque entendemos porbiodiversidade?Para muitas pessoas, abiodiversidade tem a ver comespécies de macacos, araras,tartarugas e peixes. O que nãose compreende tão bem é que abiodiversidade não só tem a vercom as espécies, mas tambémse relaciona com ecossistemase genes, assim como o nossotema <strong>do</strong> Dia Mundial <strong>das</strong> ZonasÚmi<strong>das</strong>. To<strong>das</strong> as espécies sãoparte de unidades funcionais:e c o s s i s t e m a s , c o m p l e x o sdinâmicos de comunidadesvegetais, de animais e de microorganismos,além <strong>do</strong> meioambiente não-vivo (como água,minerais etc.), que interagem comounidades funcionais. Existe umagrande quantidade de provas deque a vida moderna está causan<strong>do</strong>uma perda sem precedentes deespécies em escala mundial ede que as mudanças climáticasagravam ainda mais a situação.Em poucas palavras, podemosconcluir que as espécies <strong>das</strong><strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong> passam por sériosproblemas. E, em consequência,também passam pelos mesmosproblemas os ecossistemas de<strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong>, o que supõe umgrave problema para to<strong>das</strong> aspessoas, independentemente sesão ricos ou pobres ou de ondevivem.“O mun<strong>do</strong> não alcançará a meta fixada pararemediar a perda de diversidade biológica.Contu<strong>do</strong>, essa ambiciosa aspiração deulugar a alguns êxitos importantes no campoda conservação e a um aumento massivoda consciência de que nós seres humanosdependemos da diversidade biológica e <strong>do</strong>sserviços que os ecossistemas prestam”,Jane Smart, Diretora <strong>do</strong> Grupo deConservação da Diversidade Biológica daIUCN.Espécies ameaça<strong>das</strong> de extinção <strong>das</strong> <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong>(da<strong>do</strong>s da Lista Vermelha da IUCN, Birdlife International e Wetlands International)ANFÍBIOS- 26% <strong>das</strong> espécies de anfíbios de água<strong>do</strong>ce <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> estão ameaça<strong>das</strong>- Em geral, os anfíbios estão em umasituação crítica, incluin<strong>do</strong> as espéciesterrestres (principalmente as que vivem emflorestas) e de água <strong>do</strong>ce, sen<strong>do</strong> que nomun<strong>do</strong> 29% <strong>das</strong> espécies estão ameaça<strong>das</strong>;- Pelo menos 42% de to<strong>das</strong> as espéciesde anfíbios analisa<strong>das</strong> estão em declínioe menos de 1% <strong>das</strong> espécies aumentaramsuas populações.PEIXES DE ÁGUA DOCE- 33% <strong>das</strong> espécies de peixesda água <strong>do</strong>ce analisa<strong>das</strong> estãoameaça<strong>das</strong>.MAMÍFEROS DEPENDENTES DASZONAS ÚMIDAS- 38% <strong>das</strong> espécies avalia<strong>das</strong> que dependemde água <strong>do</strong>ce estão mundialmenteameaça<strong>das</strong>, incluin<strong>do</strong> o peixe-boi e osgolfinhos de rios, entre os quais to<strong>das</strong> asespécies analisa<strong>das</strong> estão ameaça<strong>das</strong> deextinção;- Osmamíferosaquáticosestão maisameaça<strong>do</strong>s<strong>do</strong> que osterrestres(21% <strong>das</strong>espécies estãoameaça<strong>das</strong>)e as avesaquáticas.AVES AQUÁTICAS- Das 826espécies deaves aquáticaslista<strong>das</strong>pela BirdlifeInternational,17% sãoconsidera<strong>das</strong>ameaça<strong>das</strong>;- Das 1.138populaçõesde avesaquáticas cujas tendências são conheci<strong>das</strong>,41% estão em declínio;- As aves aquáticas estão mais ameaça<strong>das</strong><strong>do</strong> que as outras espécies de aves e suasituação tem se deteriora<strong>do</strong> rapidamentenos últimos 20 anos.10Cuidar da Zonas Úmi<strong>das</strong> - uma resposta às mudanças climáticas


Parque Estadual <strong>do</strong> Rio Doce (MG)Parque Nacional <strong>do</strong> Pantanal Matogrossense (MT)12Cuidar da Zonas Úmi<strong>das</strong> - uma resposta às mudanças climáticas


2 defevereiroDIaMundial<strong>das</strong> ZonasÚMIDASC O N V E N Ç Ã O D E Z O N A S Ú M I D A S - R A M S A RO QUE FIZEMOS – E O QUE ESTAMOSFAZENDO – PARA QUE AS ZONAS ÚMIDASDESAPAREÇAM?Quais são os principais fatoresresponsáveis pela perda edegradação <strong>das</strong> <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong>e, consequentemente, pela perda debiodiversidade?Perda de habitat pela conversão de<strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong> em áreas de agriculturae desenvolvimento urbano e industrial.Extrações excessivas de água <strong>do</strong>ce,especialmente para a agriculturairrigada, mas também para outrasformas de agricultura e necessidades<strong>do</strong>mésticas e industriais, o que não sóleva a uma menor disponibilidade deágua <strong>do</strong>ce na área continental, comotambém diminui o fluxo de água <strong>do</strong>srios para as <strong>zonas</strong> costeiras, provocan<strong>do</strong>um impacto nos ecossistemas costeirose seu funcionamento.Sedimentação em <strong>zonas</strong> costeirasdevi<strong>do</strong> às águas procedentes de rioscarrega<strong>das</strong> de lo<strong>do</strong>. O sedimentoexcessivo causa<strong>do</strong> pela agricultura,principalmente pelo desmatamentoda mata ciliar, é um sério problema,da mesma maneira que a faltade sedimentos também pode terconsequências negativas.Espécies invasoras, tanto a introduçãoacidental como a deliberada deespécies “exóticas” colocam emperigo a abundância e sobrevivência<strong>das</strong> espécies nativas. As introduçõesacidentais podem chegar casualmenteincrusta<strong>das</strong> no casco <strong>do</strong>s navios enas águas de lastro <strong>do</strong>s mesmos. Ocomércio de aquariofilia e de plantasornamentais também tem um papelGera<strong>do</strong>res responsáveis pelaperda <strong>das</strong> <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong>:To<strong>do</strong> fator natural ou induzi<strong>do</strong>pela ação humana que direta ouindiretamente causa uma mudançano ecossistema de uma área úmida.importante em relação à fuga deespécies para o ecossistema, assimcomo na aquicultura em que a fuga deespécies não é incomum. Além disso,há ainda a introdução de espécies comfins agrícolas e florestais, em que aintrodução é deliberada.Contaminação por meio de águasprovenientes da agricultura queintroduzem agrotóxicos e fertilizantesnos rios, de águas com restos tóxicosindustriais que chegam aos cursosd’água e também por meio dedejetos humanos sem tratamento ouparcialmente trata<strong>do</strong>s.Sobrexplotação, que, no caso <strong>das</strong><strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong>, é a captura insustentávelde pesca<strong>do</strong>, marisco e camarão, alémda coleta de algas marinhas e daextração de madeira, entre outros, quereduzem a capacidade de manutenção<strong>do</strong> ecossistema.Carga de nutrientes como o nitrogênio,fósforo e outros produtos químicos,provenientes principalmente daagricultura, mas também de resíduos<strong>do</strong>mésticos sem tratamento, queafetam as <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong> continentais ecosteiras, provocan<strong>do</strong> um crescimentoexcessivo de algas e a diminuição deoutras espécies.Mudanças climáticas, que ocorrem emgrande parte por conta <strong>das</strong> emissõesde dióxi<strong>do</strong> de carbono e outros gases<strong>do</strong> efeito estufa de origem humana etambém pelas alterações no uso daterra.De acor<strong>do</strong> com a recente Avaliação<strong>do</strong>s Ecossistemas <strong>do</strong> Milênio sobreo impacto de to<strong>do</strong>s estes fatores,NENHUM deles está diminuin<strong>do</strong> seuimpacto: TODOS se mantêm constantesou estão aumentan<strong>do</strong> sua intensidade.Cada vez mais há evidências de que asmudanças climáticas se converterão noprincipal problema desta década.Rio Tietê (SP)13Cuidar da Zonas Úmi<strong>das</strong> - uma resposta às mudanças climáticas


2 defevereiroDIaMundial<strong>das</strong> ZonasÚMIDASC O N V E N Ç Ã O D E Z O N A S Ú M I D A S - R A M S A RCOMO IMPACTOS ESPECÍFICOS DASMUDANÇAS CLIMÁTICAS AFETAM OSECOSSISTEMAS E AS ESPÉCIES?Parque Nacional Marinho <strong>do</strong>s Abrolhos (BA)Amaioria <strong>do</strong>s cientistas e<strong>do</strong>s políticos aceita que asconcentrações de dióxi<strong>do</strong>de carbono na atmosfera estãoaumentan<strong>do</strong> em um ritmo mais rápi<strong>do</strong><strong>do</strong> que nos últimos milhões de anos,que as temperaturas estão subin<strong>do</strong> eque os padrões meteorológicos estãomudan<strong>do</strong>, colocan<strong>do</strong> em risco osecossistemas e suas espécies e tambéma nós mesmos.Ainda que atualmente o principalfator de perda e degradação <strong>das</strong> <strong>zonas</strong>úmi<strong>das</strong> seja a alteração <strong>do</strong>s usos da terracomo resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> desenvolvimentohumano, os efeitos <strong>das</strong> mudançasclimáticas já podem ser percebi<strong>do</strong>sem to<strong>do</strong> o planeta. Conformeaumenta nosso entendimento sobreas mudanças climáticas, se produz umnovo sentimento de urgência sobre oesta<strong>do</strong> <strong>das</strong> espécies <strong>das</strong> <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong>e <strong>do</strong>s ecossistemas: claramente, asmudanças climáticas se converterãonum <strong>do</strong>s principais fatores de perdade ecossistemas durante este século eintensificarão os impactos <strong>do</strong>s demaisfatores.Ecossistemas de <strong>zonas</strong>úmi<strong>das</strong> - na sequência apresentamosapenas alguns <strong>do</strong>s impactos previstos:Em geral, as <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong> depradarias, florestas tropicais e boreais,ecossistemas árticos e alpinos, recifesde coral e manguezais são considera<strong>das</strong>especialmente vulneráveis às mudançasclimáticas por sua fragilidade e limitadacapacidade de adaptação e, por isso, osdanos a esses ecossistemas podem serirreversíveis.É provável que os aumentos previstosna temperatura da superfície <strong>do</strong> marentre aproximadamente 1° e 3°Cprovoquem episódios mais frequentesde branqueamento e mortalidadegeneralizada <strong>do</strong>s corais – ainda não sesabe se alguns corais serão capazes dese adaptar à mudança de temperatura.Parque Nacional Marinho de Fernan<strong>do</strong> de Noronha (PE)É provável que as <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong> costeiras,inclusive marismas e manguezais, sejamnegativamente afeta<strong>das</strong> pela elevação<strong>do</strong> nível <strong>do</strong> mar, especialmente noscasos em que existam barreiras físicasno la<strong>do</strong> terrestre como diques. Emmuitas áreas devem aumentar os danosprovoca<strong>do</strong>s por inundações costeirasdevi<strong>do</strong> a enchentes e a elevação damaré.14Cuidar da Zonas Úmi<strong>das</strong> - uma resposta às mudanças climáticas


As espécies, com certeza,terão que enfrentar as mudanças nosecossistemas onde vivem. Podemocorrer: mudanças nas temperaturas, nascondições da água e na abundância deoutras espécies. Diante deste cenário, asespécies têm três opções:1. mudar sua distribuição geográficaem resposta às mudanças climáticas; oque já ocorre com algumas espécies, masevidentemente não é possível para to<strong>das</strong>as espécies afeta<strong>das</strong>.2. permanecer no mesmo lugaradaptan<strong>do</strong>-se às novas condições, talvezmudan<strong>do</strong> seu comportamento como,por exemplo, modifican<strong>do</strong> a épocade acasalamento e crescimento paraadaptar-se à disponibilidade de alimentopara as crias, ou modifican<strong>do</strong> sua respostagenética, como uma população em queapareçam indivíduos mais tolerantes aocalor;3. extinguir-se.As mudanças causa<strong>das</strong> pelas águasprocedentes <strong>das</strong> <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong>continentais e no volume destasafetarão a salinidade, a disponibilidadede nutrientes e os regimes hídricos <strong>do</strong>secossistemas costeiros, provocan<strong>do</strong> umimpacto nas funções <strong>do</strong>s ecossistemascosteiros.É possível que certas espécies invasoras,que já são motivo de preocupação nas<strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong>, ampliem suas áreas dedistribuição geográfica. Por exemplo,se prevê que <strong>do</strong>is invasores de <strong>zonas</strong>úmi<strong>das</strong>, jacinto de água (Eichhornia)e alface de água (Salvinia), ampliemsuas áreas de distribuição em direçãoaos pólos norte e sul conforme astemperaturas subam.Muitas ilhas, cuja altitude é muitopróxima <strong>do</strong> nível <strong>do</strong> mar, especialmentenos oceanos Pacífico, Índico e Atlânticoe no mar <strong>do</strong> Caribe, correm o risco deficar submersas. Já se prevê esse danopara os pequenos países insularescomo Kiribati, Maldívias, Ilhas Marshall eTuvalu, os quais poderão ser inunda<strong>do</strong>sou até desaparecer.Também podemos considerar osimpactos nos ecossistemas comrelação à disponibilidade deágua <strong>do</strong>ce:Existe a previsão de que as mudançasna intensidade e variabilidade <strong>das</strong>chuvas provoquem um aumento deinundações e secas em muitas áreas.Em geral, estão previstos aumentos<strong>das</strong> precipitações nas altitudes altas eem partes <strong>do</strong>s trópicos e diminuiçõesem regiões subtropicais e de latitudesSão Luiz <strong>do</strong> Paraitinga (SP)médias mais baixas (algumas dessasáreas já estão afeta<strong>das</strong> pelo estressehídrico). Em que escala se produziráesse efeito? Alguns modelos climáticospreveem que em 2050 as águas quecorrem de rios e a disponibilidade deágua aumentarão em média entre10 e 40% nas latitudes mais altas eem algumas áreas tropicais úmi<strong>das</strong> ediminuirão entre 10 e 30% em algumasregiões secas de latitudes médias e nostrópicos secos.Existe uma previsão de que nesteséculo haja uma diminuição da ofertade água armazenada nas geleiras e nostopos de montanhas cobertos comneve, o que fará com que se reduza adisponibilidade de água em regiõesabasteci<strong>das</strong> pelo degelo de grandescadeias montanhosas: mais da sextaparte da população mundial viveatualmente nestas áreas.Prevê-se que o aumento da temperaturada água e os fenômenos meteorológicosextremos como inundaçõese secas devem afetar a qualidade daágua e intensificar muitas formas decontaminação, tais como: o alto nível denutrientes, patógenos (organismos quecausam <strong>do</strong>enças), pestici<strong>das</strong>, sais etc.Ainda que esses impactos previstospareçam impessoais, uma vez quepossuem consequências de grandealcance, estes se tornam realidade emcada país, no futuro de cada um de nóse de nossas famílias. Mesmo que nãoseja possível estudar adequadamenteo tema nesta publicação, EXISTE muitainformação mais detalhada que podeser consultada como as referências nofinal desta publicação.Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá (AM)15Cuidar da Zonas Úmi<strong>das</strong> - uma resposta às mudanças climáticas


observa<strong>do</strong> e projeta<strong>do</strong> da concentraçãoatmosférica, a absorção marinha deCO 2está aumentan<strong>do</strong> e continuará aaumentar, resultan<strong>do</strong> na acidificação<strong>do</strong>s oceanos. Esta redução <strong>do</strong> pHmarinho se dá basicamente devi<strong>do</strong> aoaumento <strong>do</strong> íon hidrogênio (H + ) emsolução, resultante da dissociação <strong>do</strong>áci<strong>do</strong> carbônico (H 2CO 3), que é forma<strong>do</strong>pela entrada <strong>do</strong> CO 2no mar. Já tem si<strong>do</strong>demonstra<strong>do</strong> que muitos organismoscalcários – como espécies de moluscos(conchas) e corais – podem apresentarredução na incorporação <strong>do</strong> carbonatode cálcio (CaCO 3) em ambientes maisáci<strong>do</strong>s. Tais estu<strong>do</strong>s apontam quereduções decimais no pH marinhopodem ser fatais para algumas espécies.Alia<strong>do</strong> a isto, o aumento da temperaturamédia <strong>do</strong>s oceanos também podeafetar as espécies. Eventos conheci<strong>do</strong>s,como El Niño e La Niña, estão relaciona<strong>do</strong>sao branqueamento e morte de indivíduosde algumas espécies de coral.Este grupo talvez seja o mais vulnerávelàs mudanças <strong>do</strong> clima, mesmo aos seusefeitos iniciais. Alguns pesquisa<strong>do</strong>resafirmam que o aumento de 2ºC em relaçãoaos níveis pré-industriais, defendi<strong>do</strong>como limite aceitável por muitos países,será fatal para muitas espécies de coral.Em temperaturas mais eleva<strong>das</strong>, algumasespécies perdem a capacidade desimbiose com as algas fotossintéticas,responsáveis pela produção de boaparte da energia <strong>do</strong>s recifes de coral.Além disso, o aumento <strong>do</strong> nível <strong>do</strong> marpode tornar inviável a sobrevivência deespécies de coral que habitam regiõesmais fun<strong>das</strong>. As espécies que vivem emáguas mais rasas podem não acompanhara subida <strong>do</strong> nível <strong>do</strong> mar, devi<strong>do</strong> asbaixas taxas de crescimento. Associadaa uma possível redução <strong>do</strong> pH marinho,a deposição de carbono nos recifestambém será prejudicada, reduzin<strong>do</strong> astaxas de crescimento e levan<strong>do</strong> a umprocesso de retroalimentação fatal parao ecossistema recifal.Outros organismos podem ain<strong>das</strong>er afeta<strong>do</strong>s em diferentes estágiosde desenvolvimento, incluin<strong>do</strong> areprodução e a fecundação, umavez que para muitas espécies acomunicação química é fundamentalpara o início e para a concretização<strong>do</strong> processo. Ainda são incertasas consequências <strong>do</strong> aumento datemperatura e da redução <strong>do</strong> pH emoutras características químicas <strong>do</strong>soceanos e na produção de metabólitose hormônios <strong>do</strong>s organismos, porémalguns estu<strong>do</strong>s apontam alteraçõesneste senti<strong>do</strong>. Crustáceos cria<strong>do</strong>s emcondições de alta concentração de CO 2,por exemplo, exibiram crescimentosuperior ao que é normalmenteobserva<strong>do</strong> para as espécies estuda<strong>das</strong>.De qualquer forma, impactos sobrea biodiversidade e a dinâmicacosteira provavelmente resultarão emimpactos nas atividades relaciona<strong>das</strong>diretamente ao mar. A pesca, quejá sofre com a sobrexploração dediversas espécies, pode ser aindamais prejudicada, dificultan<strong>do</strong> asobrevivência de pesca<strong>do</strong>res epopulações tradicionais que tiram seusustento <strong>do</strong> mar. Atividades de lazer,como o mergulho ou o simples banhode mar também podem sofrer com asmudanças climáticas, devi<strong>do</strong> a perdade biodiversidade, redução de faixasde areia, aumento da intensidade deon<strong>das</strong>, entre outros fatores.Para prevenir, evitar ou ao menosadaptar os sistemas naturais e humanosa tais impactos é fundamentalo conhecimento preciso destasvulnerabilidades potenciais. Comoo Brasil é extremamente carente deestu<strong>do</strong>s e monitoramento de sua zonacosteira e oceânica, é fundamental ofomento de iniciativas e ações para olevantamento de da<strong>do</strong>s e execução deestu<strong>do</strong>s, o que ainda levará tempo paragerar resulta<strong>do</strong>s seguros.Neste caso, destacam-se as açõeschama<strong>das</strong> de “ações de nãoarrependimento”,que podem serexecuta<strong>das</strong> sem a plena certezacientífica, pois trarão benefíciosdiversos. Dentre elas, destacam-seaquelas com importância tanto paraa mitigação, quanto para a adaptação,como por exemplo, o florestamento ereflorestamento de manguezais,a recuperação de matas ciliares e adesocupação de áreas de baixada,principalmente no entorno de estuáriose lagoas costeiras, ações diretas quealém de auxiliar na captura de carbono,formam uma proteção natural aosambientes costeiros. Ações indiretas,como a melhoria <strong>do</strong> tratamento deesgotos e resíduos, que quan<strong>do</strong> malgeri<strong>do</strong>s, aumentam a vulnerabilidade<strong>do</strong>s ambientes costeiros aos impactosda mudança <strong>do</strong> clima e <strong>das</strong> populaçõeshumanas a <strong>do</strong>enças, também sedestacam no combate aos efeitosnocivos <strong>das</strong> mudanças climáticas.19Cuidar da Zonas Úmi<strong>das</strong> - uma resposta às mudanças climáticas


O fato não envolve apenas consideraros benefícios e os custos de umamudança. No ponto em que oecossistema pode entrar em colapsoou perto dele, a escolha a ser feitanão é mais uma decisão sobre custo ebenefício. A decisão entra no campoda escolha ética que deve ser feitapela sociedade, com o conhecimentototal <strong>das</strong> consequências muito maisdevasta<strong>do</strong>ras que podem ocorrer. E nósjá alcançamos o ponto de colapsocom os recifes de coral.A redução gradual <strong>das</strong> emissões <strong>do</strong> gás<strong>do</strong> efeito estufa pode nos salvar <strong>das</strong>perigosas mudanças climáticas, masnão evitará a eminente perda <strong>do</strong>s recifesde coral. Até mesmo os níveis atuais degás carbônico na atmosfera são muitoeleva<strong>do</strong>s para a sobrevivência dessesambientes. Ao se continuar com osatuais níveis de emissão a sociedadeestará passivamente concordan<strong>do</strong>com o progressivo desaparecimento<strong>do</strong>s recifes de coral, ou seja, aceitan<strong>do</strong>as sérias consequências da perda debiodiversidade <strong>do</strong>s recifes de coral, noslocais de pesca ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>e para o meio bilhão de pessoas quedependem diretamente <strong>do</strong>s recifes decoral para a sua sobrevivência.A remoção de CO 2, tornar-se imperativapara a sobrevivência desses ambientes.Por isso, cientistas concluem erecomendam:• As mudanças climáticas globaisprejudicam os corais e ameaçam omo<strong>do</strong> de vida de mais de 500 milhõesde pessoas no mun<strong>do</strong> além dereduzirem seriamente os U$100 bilhõesde dólares gera<strong>do</strong>s pelos recifes àeconomia global;• As mudanças climáticas globais jácausaram danos à maioria <strong>do</strong>s recifesde coral no mun<strong>do</strong>; mais emissões <strong>do</strong>sgases <strong>do</strong> efeito estufa na atmosferairão exacerbar esse quadro e causarextinções em massa nos recifes de coral,incluin<strong>do</strong> os recifes profun<strong>do</strong>s;• Aproximadamente 19% <strong>do</strong>s recifes<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> já foram efetivamentedestruí<strong>do</strong>s pelas atividades humanas(sobrepesca e pesca destrutiva,sedimentação e poluição e perda dehabitats) bem como pelas mudançasclimáticas globais;• Está previsto um aumento <strong>das</strong>médias de temperaturas globais de2 o C ou mais se as concentrações deCO 2alcançarem 450 ppm. Esse fatocausará danos severos, com massivasper<strong>das</strong> de cobertura de coral pelobranqueamento, extinção de espéciesde corais e outras, esqueletos maisfrágeis e suscetíveis e mais per<strong>das</strong>causa<strong>das</strong> pelas tempestades tropicais;• A perda ou redução <strong>do</strong> crescimento<strong>do</strong>s recifes de coral causará maiorexposição <strong>das</strong> comunidades costeirasaos danos de erosão, tempestades etsunamis e as consequentes per<strong>das</strong> devida;• Esse dano e o provável aumento <strong>do</strong>nível <strong>do</strong>s mares, pelo derretimento <strong>das</strong>calotas polares, de 0,8 a 1,2m até o anode 2100, incluem o que poderá ser maisdesastroso para os pequenos paísesinsulares como Kiribati, Maldivas, IlhasMarshall e Tuvalu os quais poderão serinunda<strong>do</strong>s ou até deixarem de “existir”;• Em 2008, durante o SimpósioInternacional de Recifes de Coral, maisde 3000 cientistas recomendaram quea principal redução de emissão <strong>do</strong>sgases <strong>do</strong> efeito estufa deve ocorrer nospróximos 8 a 10 anos para permitir aconservação <strong>do</strong>s recursos recifais.Para evitar os danos permanentesaos recifes de coral e dar apoio aspopulações tropicais, se recomendaque:• A comunidade internacional necessitatomar uma atitude urgente em relaçãoàs mudanças climáticas globais atravésda redução na emissão <strong>do</strong>s gases <strong>do</strong>efeito estufa e no desenvolvimentoefetivo de mecanismos de sequestro decarbono;• As atividades humanas impactantescomo pesca predatória, poluiçãoorgânica e usos inadequa<strong>do</strong>s da terradevem ser controla<strong>das</strong> para aumentara resiliência <strong>do</strong>s recifes de coral emresistir e se recuperar <strong>das</strong> ameaças <strong>das</strong>mudanças climáticas;• Deve ser providenciada assistênciapara os países em desenvolvimento ecomunidades para:-Reduzir as pressões aos recursosrecifais;-Desenvolver alternativas aos mo<strong>do</strong>sde vida que exercem pressão sobrerecifes;-Melhorar as práticas de manejocosteiro e capturas locais;-Desenvolver estratégias quesuportem os danos <strong>das</strong> mudançasclimáticas; e,-Aumentar a capacidade nacional paraum melhor manejo, monitoramento,fiscalização e cumprimento <strong>das</strong> leis eregulamentações existentes.• Criar mais Áreas Marinhas Protegi<strong>das</strong>com recifes de coral, incluin<strong>do</strong> osrecifes mais distantes, remotos einabita<strong>do</strong>s com boa condição naturalpara que possam servir como futurosreservatórios de biodiversidade.Área de Proteção Ambiental Costa <strong>do</strong>s Corais (PE)21Cuidar da Zonas Úmi<strong>das</strong> - uma resposta às mudanças climáticas


quan<strong>do</strong> for visitaras praias e os recifes de coral,siga algumas recomendações:1 -2 -3 -4 -5 -6 -7 -8 -9 -10 -1 1 -1 2 -1 3 -1 4 -1 5 -1 6 -1 7 -Conheça as riquezas <strong>do</strong>s recifes, mas antes busque informações com os guias de turismo.A praia é um ambiente vivo! Tenha cuida<strong>do</strong> com ela.Ao movimentar as janga<strong>das</strong>, evite o contato <strong>do</strong> remo com os recifes.Fundeie o barco na areia. Assim você preserva os corais e evita um crime ambiental.Não pise nem toque nos corais, eles são animais muito frágeis e morrem facilmente. Além disso,você pode se machucar.Alimentar peixes prejudica a saúde <strong>do</strong>s animais marinhos.Ao mergulhar em poças de maré, use apenas protetores solares à prova de água.Restos de conchas, corais e estrelas <strong>do</strong> mar servem de abrigo. Por isso não colete essesmateriais.Os equipamentos de mergulho autônomo devem ser manti<strong>do</strong>s perto <strong>do</strong> corpo <strong>do</strong> mergulha<strong>do</strong>rpara que os mesmos não destruam os corais e outros seres vivos.Em águas rasas, evite o uso de nadadeiras, pois os movimentos podem quebrar os corais.Na água, movimente-se lentamente para não afugentar os animais.Nunca jogue lixo na praia e no mar. Um simples copo de plástico leva déca<strong>das</strong> para se decompor.O comércio de artesanato com corais é crime ambiental.A pesca com explosivos e substâncias químicas é crime ambiental. Pesque legal, com licença eobservan<strong>do</strong> as restrições de locais e petrechos. (Lei nº 9605/98 Art. 35 - Lei de Crimes Ambientais).Informe-se sobre os horários e ciclos de marés, a fim de evitar situações imprevistas e perigosas.A praia é um lugar de to<strong>do</strong>s. Respeite a natureza e as pessoas.Não colete nada, leve <strong>do</strong> ambiente recifal somente memórias e fotografias.22Cuidar da Zonas Úmi<strong>das</strong> - uma resposta às mudanças climáticas


O que você pode fazer pelomeio ambiente?( GreenpeAce, 2009)1 -2 -Pressione o governo e as empresas a substituírem a energianegativa (petróleo, nuclear e grandes hidrelétricas) por energiapositiva (solar, eólica, pequenas hidrelétricas, biogás);Apoie e participe de iniciativas e ações contra a destruição denossas florestas e <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong>;3 -4 -5 -6 -Economize energia. Compre aparelhos mais eficientes(classificação A) e troque as lâmpa<strong>das</strong> incandescentes porfluorescentes. Apague luzes desnecessárias;Utilize mais o transporte coletivo e a bicicleta. Revise seu carroperiodicamente e use combustíveis de transição, como o álcool eo biodiesel;Evite o desperdício de água. Em áreas sujeitas a secas, armazeneágua da chuva;Informe-se sobre as habitações ambientalmente corretas queaproveitem água da chuva, usam energia <strong>do</strong> sol para iluminaçãoe aquecimento e têm climatização natural;7 -8 -9 -Ajude a recuperar áreas verdes de sua cidade, a mata ciliar nabeira <strong>do</strong>s rios e nascentes, com espécies nativas;Só compre móveis feitos com madeira certificada pelo FSC (SeloVerde);Exija da sua prefeitura sistemas eficientes de drenagem urbana,coleta e tratamento de água.23Cuidar da Zonas Úmi<strong>das</strong> - uma resposta às mudanças climáticas


2 defevereiroDIaMundial<strong>das</strong> ZonasÚMIDAScuidar <strong>das</strong><strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong>uma resposta às mudanças climáticasReferências úteis para aprender mais sobre as mudanças climáticase a perda da biodiversidade:ESCOBAR, H. Recifes <strong>do</strong> Caribe, cada dia mais ameaça<strong>do</strong>s. Aquecimento e acidificação da água elevam risco deextinções em massa. Jornal O Esta<strong>do</strong> de São Paulo. 3 de janeiro de 2010. Página A16/17. www.estadao.com.brFERREIRA, B.P.; MAIDA, M; CASTRO C.B.; PIRES D.O.; D’AMICO T.M.; PRATES A.P.L. and MARX D. The Status of Coral Reefs inBrazil. In: 10th International Coral Reef Symposium, Okinawa, Japan, 2006.GREENPEACE. Mudanças <strong>do</strong> clima. Mudanças de vida. Como o aquecimento global já afeta o Brasil.http://www.greenpeace.org.br/clima/pdf/cartilha_clima.pdfICRI/GCRMN - Climate Change and Coral Reefs. Consequences of inaction. 2010http://www.icriforum.org/GM24/PDF/GCRMN_Climate_Change.pdfIPCC - Cambio climático 2007: Informe de síntesis. Contribución de los Grupos de trabajo I, II y III al CuartoInforme de evaluación del Grupo Intergubernamental de Expertos sobre el Cambio Climático.www.ipcc.ch/pdf/assessment-report/ar4/syr/ar4_syr_sp.pdfIUCN - Wildlife in a Changing World: An analysis of the 2008 IUCN Red List of Threatened Species.http://data.iucn.org/dbtw-wpd/e<strong>do</strong>cs/RL-2009-001.pdfMINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Atlas de Recifes de Coral em Unidades de Conservação Brasileiras. Brasília, DF: MMA,2006.MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Macrodiagnóstico da Zona Costeira e Marinha <strong>do</strong> Brasil. 2008http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?i<strong>do</strong>=conteu<strong>do</strong>.monta&idEstrutura=78&idMenu=5464MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Erosão e Progradação <strong>do</strong> Litoral Brasileiro. 2007http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?i<strong>do</strong>=conteu<strong>do</strong>.monta&idEstrutura=78&idMenu=5113PNUMA ¿La solución natural? El papel de los ecosistemas en la mitigación del cambio climático.www.grida.no/_res/site/file/publications/natural-fix/natural-fix-spanish.pdfRAMSAR COP10 DOC.25: Información adicional sobre las cuestiones relativas al cambio climático y los humedaleswww.ramsar.org/pdf/cop10/cop10_<strong>do</strong>c25_e.pdf (somente em inglês)TEEB Climate Issue Update. The Economics of Ecosystems and Biodiversity. 2009.http://www.teebweb.org/The Royal Society. The Coral Reef Crisis: scientific justification for critical CO threshold levels of < 350ppm. Outputof the technical working group meeting. Lon<strong>do</strong>n, 6th July 2009.WILKINSON, C. Status of the Coral Reefs of the World: 2008.http://unes<strong>do</strong>c.unesco.org/images/0017/001792/179244e.pdfWORLD RESOURCES INSTITUTE Evaluación de los Ecosistemas del Milenio, 2005. Servicios de los Ecosistemas yBienestar Humano: Síntesis de Humedales y Agua.www.millenniumassessment.org/<strong>do</strong>cuments/MA_WetlandsandWater_Spanish.pdfWWF - Living Planet Report 2008 - WWFhttp://www.panda.org/about_our_earth/all_publications/living_planet_report/24Cuidar da Zonas Úmi<strong>das</strong> - uma resposta às mudanças climáticas


Recorte, <strong>do</strong>bre e monte o móbile.25Cuidar da Zonas Úmi<strong>das</strong> - uma resposta às mudanças climáticas


26Cuidar da Zonas Úmi<strong>das</strong> - uma resposta às mudanças climáticas


2 defevereiroDIaMundial<strong>das</strong> ZonasÚMIDAScuidar <strong>das</strong><strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong>uma resposta às mudanças climáticasEquipe da Gerência de Biodiversidade Aquática e Recursos Pesqueiros:Ana Paula Leite Prates, Ângela Ester Magalhães Duarte, Cláudio Josué Givoni Picanço, Danielle Blanc, João PauloBatista, Juliana Matoso Mace<strong>do</strong>, Marcos da Silva Alves, Mariana de Sá Vianna, Maria Raquel de Carvalho, Marina Faria<strong>do</strong> Amaral, Matheus Marques Andreozzi, Nailê Lourenço de Lima, Paula Moraes Pereira e Roberto Ribas Gallucci.Textos e organização:Ana Paula Leite Prates, Leandro Valentim, Marcos Antônio Gonçalves, Maria Raquel de Carvalho, Marina Faria <strong>do</strong>Amaral, Paula Moraes Pereira.Tradução da Revista da Convenção de Ramsar: Ana Flora CaminhaDiagramação: Ângela Ester Magalhães DuarteFotos gentilmente cedi<strong>das</strong>:Alan Bolzan, Alcides Falanghe, Ângela Magalhaes, Antônio Henrique, Beatrice Pa<strong>do</strong>vani Ferreira, BernadeteBarbosa, Clemente Coelho Junior, Danielle Blanc, Enrico Macovaldi, Enrico Marone, Ferraz de Lima, Glauco Kimura,Harol<strong>do</strong> Palo Junior, Henrique Anatole Ramos, Joaquín Aldabe, Juarez Nogueira, Luís Rocha, Manoel Veiga, MarcelloLourenço, Maria Carolina Hazin, Miguel von Behr, Odair Marcos Faria, Padre Kleber Rodrigues, Zaira Matheus earquivos da ECOA e <strong>do</strong> Projeto PróVárzea.Secretaria da Convenção de RamsarRue Mauverney, 281196 Gland, SuizaTel : +41 22 999 0170Fax : +41 22 999 0169e-mail : ramsar@ramsar.orgCONVENÇÃO DE ZONAS ÚMIDASwww.ramsar.orgEsta publicação pode ser reproduzida total e parcialmente, desde que citada a fonte.Capa: Creation by Pepper studio© Fotos: Sémaphore - P. Lebedinsky, Y. Percherancier, L. Clément, E. Beracassat, M. Ev<strong>do</strong>kunin, Miguel von Behr, G. Bigorgne,S. Cambon, C. Lips, Y. Gnatuk, A. Cordin - Fotolia.27Cuidar da Zonas Úmi<strong>das</strong> - uma resposta às mudanças climáticas


<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Meio</strong> <strong>Ambiente</strong>Secretaria de Biodiversidade e FlorestasGerência de Biodiversidade Aquática e Recursos PesqueirosEd. Marie Prendi Cruz, Sala 402Brasília - DFCEP: 70730-542www.mma.gov.brgba@mma.gov.br

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