2 defevereiroDIaMundial<strong>das</strong> ZonasÚMIDASC O N V E N Ç Ã O D E Z O N A S Ú M I D A S - R A M S A RCOMO IMPACTOS ESPECÍFICOS DASMUDANÇAS CLIMÁTICAS AFETAM OSECOSSISTEMAS E AS ESPÉCIES?Parque Nacional Marinho <strong>do</strong>s Abrolhos (BA)Amaioria <strong>do</strong>s cientistas e<strong>do</strong>s políticos aceita que asconcentrações de dióxi<strong>do</strong>de carbono na atmosfera estãoaumentan<strong>do</strong> em um ritmo mais rápi<strong>do</strong><strong>do</strong> que nos últimos milhões de anos,que as temperaturas estão subin<strong>do</strong> eque os padrões meteorológicos estãomudan<strong>do</strong>, colocan<strong>do</strong> em risco osecossistemas e suas espécies e tambéma nós mesmos.Ainda que atualmente o principalfator de perda e degradação <strong>das</strong> <strong>zonas</strong>úmi<strong>das</strong> seja a alteração <strong>do</strong>s usos da terracomo resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> desenvolvimentohumano, os efeitos <strong>das</strong> mudançasclimáticas já podem ser percebi<strong>do</strong>sem to<strong>do</strong> o planeta. Conformeaumenta nosso entendimento sobreas mudanças climáticas, se produz umnovo sentimento de urgência sobre oesta<strong>do</strong> <strong>das</strong> espécies <strong>das</strong> <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong>e <strong>do</strong>s ecossistemas: claramente, asmudanças climáticas se converterãonum <strong>do</strong>s principais fatores de perdade ecossistemas durante este século eintensificarão os impactos <strong>do</strong>s demaisfatores.Ecossistemas de <strong>zonas</strong>úmi<strong>das</strong> - na sequência apresentamosapenas alguns <strong>do</strong>s impactos previstos:Em geral, as <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong> depradarias, florestas tropicais e boreais,ecossistemas árticos e alpinos, recifesde coral e manguezais são considera<strong>das</strong>especialmente vulneráveis às mudançasclimáticas por sua fragilidade e limitadacapacidade de adaptação e, por isso, osdanos a esses ecossistemas podem serirreversíveis.É provável que os aumentos previstosna temperatura da superfície <strong>do</strong> marentre aproximadamente 1° e 3°Cprovoquem episódios mais frequentesde branqueamento e mortalidadegeneralizada <strong>do</strong>s corais – ainda não sesabe se alguns corais serão capazes dese adaptar à mudança de temperatura.Parque Nacional Marinho de Fernan<strong>do</strong> de Noronha (PE)É provável que as <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong> costeiras,inclusive marismas e manguezais, sejamnegativamente afeta<strong>das</strong> pela elevação<strong>do</strong> nível <strong>do</strong> mar, especialmente noscasos em que existam barreiras físicasno la<strong>do</strong> terrestre como diques. Emmuitas áreas devem aumentar os danosprovoca<strong>do</strong>s por inundações costeirasdevi<strong>do</strong> a enchentes e a elevação damaré.14Cuidar da Zonas Úmi<strong>das</strong> - uma resposta às mudanças climáticas
As espécies, com certeza,terão que enfrentar as mudanças nosecossistemas onde vivem. Podemocorrer: mudanças nas temperaturas, nascondições da água e na abundância deoutras espécies. Diante deste cenário, asespécies têm três opções:1. mudar sua distribuição geográficaem resposta às mudanças climáticas; oque já ocorre com algumas espécies, masevidentemente não é possível para to<strong>das</strong>as espécies afeta<strong>das</strong>.2. permanecer no mesmo lugaradaptan<strong>do</strong>-se às novas condições, talvezmudan<strong>do</strong> seu comportamento como,por exemplo, modifican<strong>do</strong> a épocade acasalamento e crescimento paraadaptar-se à disponibilidade de alimentopara as crias, ou modifican<strong>do</strong> sua respostagenética, como uma população em queapareçam indivíduos mais tolerantes aocalor;3. extinguir-se.As mudanças causa<strong>das</strong> pelas águasprocedentes <strong>das</strong> <strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong>continentais e no volume destasafetarão a salinidade, a disponibilidadede nutrientes e os regimes hídricos <strong>do</strong>secossistemas costeiros, provocan<strong>do</strong> umimpacto nas funções <strong>do</strong>s ecossistemascosteiros.É possível que certas espécies invasoras,que já são motivo de preocupação nas<strong>zonas</strong> úmi<strong>das</strong>, ampliem suas áreas dedistribuição geográfica. Por exemplo,se prevê que <strong>do</strong>is invasores de <strong>zonas</strong>úmi<strong>das</strong>, jacinto de água (Eichhornia)e alface de água (Salvinia), ampliemsuas áreas de distribuição em direçãoaos pólos norte e sul conforme astemperaturas subam.Muitas ilhas, cuja altitude é muitopróxima <strong>do</strong> nível <strong>do</strong> mar, especialmentenos oceanos Pacífico, Índico e Atlânticoe no mar <strong>do</strong> Caribe, correm o risco deficar submersas. Já se prevê esse danopara os pequenos países insularescomo Kiribati, Maldívias, Ilhas Marshall eTuvalu, os quais poderão ser inunda<strong>do</strong>sou até desaparecer.Também podemos considerar osimpactos nos ecossistemas comrelação à disponibilidade deágua <strong>do</strong>ce:Existe a previsão de que as mudançasna intensidade e variabilidade <strong>das</strong>chuvas provoquem um aumento deinundações e secas em muitas áreas.Em geral, estão previstos aumentos<strong>das</strong> precipitações nas altitudes altas eem partes <strong>do</strong>s trópicos e diminuiçõesem regiões subtropicais e de latitudesSão Luiz <strong>do</strong> Paraitinga (SP)médias mais baixas (algumas dessasáreas já estão afeta<strong>das</strong> pelo estressehídrico). Em que escala se produziráesse efeito? Alguns modelos climáticospreveem que em 2050 as águas quecorrem de rios e a disponibilidade deágua aumentarão em média entre10 e 40% nas latitudes mais altas eem algumas áreas tropicais úmi<strong>das</strong> ediminuirão entre 10 e 30% em algumasregiões secas de latitudes médias e nostrópicos secos.Existe uma previsão de que nesteséculo haja uma diminuição da ofertade água armazenada nas geleiras e nostopos de montanhas cobertos comneve, o que fará com que se reduza adisponibilidade de água em regiõesabasteci<strong>das</strong> pelo degelo de grandescadeias montanhosas: mais da sextaparte da população mundial viveatualmente nestas áreas.Prevê-se que o aumento da temperaturada água e os fenômenos meteorológicosextremos como inundaçõese secas devem afetar a qualidade daágua e intensificar muitas formas decontaminação, tais como: o alto nível denutrientes, patógenos (organismos quecausam <strong>do</strong>enças), pestici<strong>das</strong>, sais etc.Ainda que esses impactos previstospareçam impessoais, uma vez quepossuem consequências de grandealcance, estes se tornam realidade emcada país, no futuro de cada um de nóse de nossas famílias. Mesmo que nãoseja possível estudar adequadamenteo tema nesta publicação, EXISTE muitainformação mais detalhada que podeser consultada como as referências nofinal desta publicação.Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá (AM)15Cuidar da Zonas Úmi<strong>das</strong> - uma resposta às mudanças climáticas