08.07.2015 Views

Falsidade material e realidade objetiva - Seminário dos Alunos do ...

Falsidade material e realidade objetiva - Seminário dos Alunos do ...

Falsidade material e realidade objetiva - Seminário dos Alunos do ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Revista <strong>do</strong> <strong>Seminário</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>Alunos</strong> <strong>do</strong> PPGLM/UFRJ: n.1, 2010idéia e juizo, por um la<strong>do</strong>, e a distinção cartesiana entre falsidade <strong>material</strong> e falsidadeformal (de mo<strong>do</strong> que a primeira se encontra na idéia e a segunda no juízo), por outro.A discussão é circunscrita, portanto, às próprias idéias. Pois se, nos termos daExposição Geométrica, a falsidade é afastada daquilo que é defini<strong>do</strong> pelas definiçõesI e IV, ou seja, da <strong>realidade</strong> formal das idéias e da <strong>realidade</strong> formal das coisas, restamainda as definições II e III, respectivamente de idéia e de <strong>realidade</strong> <strong>objetiva</strong>. Todavia,na medida em que há uma independência lógico-conceitual entre ambas asdefinições, a questão sobre se toda idéia tem <strong>realidade</strong> <strong>objetiva</strong> mostra-se ambígua.Esta independência lógico-conceitual, não por acaso, é refletida pela querela emtorno da <strong>realidade</strong> <strong>objetiva</strong> das idéias <strong>material</strong>mente falsas, isto é, a julgar peloexemplo <strong>do</strong> frio, das idéias sensíveis.A objeção de Arnauld se mostra bastante apoiada nisto que existe<strong>objetiva</strong>mente enquanto existe <strong>objetiva</strong>mente. Mas, diante disso, Descartes acautelasee situa a discussão nas idéias tomadas formalmente para, na medida <strong>do</strong> possível,concordar com Arnauld que as idéias em si mesmas não são falsas: “Quan<strong>do</strong> osenhor [Arnauld] diz que se o frio fosse meramente uma privação, não poderia haveruma idéia [de frio] que o representa como algo positivo, é óbvio que ele estámeramente tratan<strong>do</strong> da idéia tomada formalmente” (AT, VII, 232). Aí, Descartesparece posicionar-se quanto ao que torna uma idéia positiva, a saber, o caso em queaquilo de que ela é uma idéia não seja uma privação. Neste caso, com efeito, a idéiade frio representa o frio mesmo enquanto <strong>objetiva</strong>mente. É neste senti<strong>do</strong> que a idéia épositiva, de uma positividade que lhe é devida sempre que tomada formalmente.Procuran<strong>do</strong> tornar mais direto o diálogo entre Descartes e Arnauld, LilliAlanen afirma que, “Pela idéia tomada formalmente, Descartes entende o quealhures entende por idéia tomada <strong>objetiva</strong>mente” 2 . No entanto, a comenta<strong>do</strong>raadmite que enquanto forma a idéia não pode ser falsa, o que pelo mesmo ato isenta a<strong>realidade</strong> <strong>objetiva</strong> de falsidade. Ora, como tampouco é <strong>material</strong>mente (enquanto2ALANEN, L. “Une certaine fausseté matérielle: Descartes et Arnauld sur l’origine de l’erreur dans la perceptionsensorielle”. In: Descartes, objecter et répondre. Org. de J.-M. Beyssade, J.-L. Marion e L. Levy. Paris, PUF, 1994, p.219.http://seminarioppglm.wordpress.com/revista-<strong>do</strong><strong>do</strong>-seminarioseminario-<strong><strong>do</strong>s</strong><strong><strong>do</strong>s</strong>-alunosalunos-<strong>do</strong><strong>do</strong>-ppglm/3

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!