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Cooperar pelo futuro do jornalismo - Clube de Jornalistas

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TEMACOOPERAR<strong>pelo</strong> <strong>futuro</strong> <strong>do</strong> <strong>jornalismo</strong>Criadas por profissionais da comunicação nos anos 70 e 80, <strong>de</strong>ramvida a projectos que mostraram a força <strong>de</strong> uma classe unida.Actualmente – com a maioria <strong>do</strong>s órgãos nas mãos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>sgrupos – o seu tempo parece passa<strong>do</strong>. Mas há quem acrediteque é precisamente agora que urge recomeçar, assumin<strong>do</strong> riscosem prol da in<strong>de</strong>pendência pessoal e informativa.Breve viagem ao mun<strong>do</strong> das cooperativas <strong>de</strong> jornalistas.Texto Helena <strong>de</strong> Sousa Freitas Fotografias Luís Humberto TeixeiraA excepcionalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s exemplos faz com que procurar um“mo<strong>de</strong>lo puro” <strong>de</strong> cooperativa <strong>de</strong> jornalistas, com <strong>pelo</strong>menos <strong>do</strong>is terços <strong>de</strong>stes profissionais, conduza ao <strong>de</strong>sânimo.Será que os riscos, amplia<strong>do</strong>s <strong>pelo</strong> cutelo sempre pen<strong>de</strong>nte<strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego, <strong>de</strong>sencorajam até os mais audazes?Ou que os jornalistas preferem receber or<strong>de</strong>ns superiorese ter um or<strong>de</strong>na<strong>do</strong> garanti<strong>do</strong>, a preocupar-se com o <strong>de</strong>stino<strong>do</strong> órgão em que trabalham e com a incerteza <strong>do</strong> rendimento?Talvez.Mesmo assim, continua a haver quem <strong>de</strong>fenda que,não obstante o fracasso <strong>de</strong> alguns projectos, só as cooperativasasseguram um <strong>jornalismo</strong> verda<strong>de</strong>iramente livre,haven<strong>do</strong> sempre espaço para que renasçam.UMA PESSOA, UM VOTOSandra Monteiro, directora da edição portuguesa <strong>do</strong> LeMon<strong>de</strong> Diplomatique e membro da direcção da cooperativaresponsável pela publicação - que tem cerca <strong>de</strong> 100coopera<strong>do</strong>res, 15 <strong>do</strong>s quais jornalistas com passagem <strong>pelo</strong>Diário <strong>de</strong> Notícias, Jornal <strong>de</strong> Notícias ou RTP2 - recor<strong>do</strong>uà JJ o móbil da opção <strong>pelo</strong> cooperativismo.“Animou-nos a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nos envolvermos numprojecto próximo da forma como gostaríamos <strong>de</strong> trabalhare que vai ao encontro das alternativas àquilo que o jornalcritica: o <strong>de</strong>srespeito <strong>pelo</strong>s direitos laborais, a concentração<strong>do</strong>s Media e a ténue linha entre informação e entretenimento”,afirmou.“No mo<strong>de</strong>lo cooperativo to<strong>do</strong>s entram com capital ecom trabalho, haven<strong>do</strong> um voto por pessoa in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<strong>do</strong> capital com que cada um entrou, o que émuito <strong>de</strong>mocrático”, opinou ainda, exemplifican<strong>do</strong> que,“numa cooperativa, não é possível <strong>de</strong>cidir-se a suspensão<strong>do</strong> órgão e fazê-lo sem que isso vá a assembleia-geral”.Talvez assim se impedisse um fim abrupto como o que,em Abril <strong>de</strong> 2006, retirou inesperadamente das bancas aprimeira série da edição portuguesa <strong>do</strong> Le Mon<strong>de</strong>Diplomatique, que tivera início sete anos antes.“Assim que o jornal foi suspenso, a i<strong>de</strong>ia da cooperativacomeçou a germinar, mas só em Setembro é que a formámos,com o estatuto <strong>de</strong> cooperativa cultural - uma vezque há a hipótese <strong>de</strong> também editarmos livros, à semelhança<strong>do</strong> que faz o jornal em França”, explicou SandraMonteiro.A cooperativa é constituída por uma assembleia-geral,uma direcção e um conselho fiscal, enquanto o jornal temum director e um conselho editorial (composto por jornalistase académicos), haven<strong>do</strong> pessoas a colaborar gratuitamente,outras que são pagas à peça e outras aindaque têm uma avença.Sandra Monteiro ainda tem bem presentes as dificulda<strong>de</strong>siniciais, <strong>do</strong>s aspectos mais burocráticos ao incontornávelplano económico.“Harmonizar o código cooperativo e o regime jurídicoespecífico das cooperativas culturais com a Lei <strong>de</strong>6|Abr/Jun 2007|JJ


Imprensa e o Estatuto <strong>do</strong> Jornalista eainda estabelecer regulamentos internosé uma autêntica <strong>do</strong>r <strong>de</strong> cabeça”,contou, adiantan<strong>do</strong> que, “ao nívelfinanceiro, a meta era atingir os 125 mileuros <strong>de</strong> capital social mínimo, o quenão se afigurava nada fácil, da<strong>do</strong> nãoexistir nenhum gran<strong>de</strong> investi<strong>do</strong>r”.A forma <strong>de</strong> resolver este problemafoi estipular 500 euros como quota mínima para entrar nacooperativa, “que continua aberta a quem se quiser juntar”,incentivou Sandra Monteiro.Esclarecen<strong>do</strong> que, “em termos políticos, existem partidáriosdas mais diversas facções, uni<strong>do</strong>s apenas pelacrítica ao neoliberalismo actual”, a directora <strong>do</strong> jornal, quetira 10 mil exemplares to<strong>do</strong>s os meses, com distribuiçãopela VASP, assegurou que o Le Mon<strong>de</strong> Diplomatiqueprima por “um gran<strong>de</strong> entusiasmo e um aproveitamento<strong>do</strong>s saberes, das formações e da criativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada um”.O JORNAL DOS JORNALISTASA edição portuguesa <strong>do</strong> Le Mon<strong>de</strong> Diplomatique po<strong>de</strong> serum risco, mas o mo<strong>de</strong>lo tem, na imprensa, exemplos quese mantiveram com êxito, alargaram horizontes e resistirampor quase duas décadas.É o caso da Projornal, “<strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista jurídico umasocieda<strong>de</strong> por quotas, mas com a filosofia e o espírito <strong>de</strong>«Numa cooperativa, nãoé possível <strong>de</strong>cidir-se asuspensão <strong>do</strong> órgão efazê-lo sem que isso vá aassembleia-geral.»Sandra Monteirouma autêntica cooperativa”, como<strong>de</strong>screveu José Carlos Vasconcelos, um<strong>do</strong>s primeiros societários, a par <strong>de</strong>Manuel Bessa Múrias - ambos então nadirecção <strong>de</strong> informação da RTP.José Silva Pinto, à data subchefe <strong>de</strong>redacção <strong>do</strong> DN, Joaquim Letria, que trabalhavapara a BBC em Londres, FranciscoSarsfield Cabral, Jorge Cura<strong>do</strong>,Afonso Praça, Pedro Rafael <strong>do</strong>s Santos, Luís AlmeidaMartins e Carlos Cáceres Monteiro foram outras das figurasa integrar o grupo inicial.“Ao princípio, o grupo editorial Casa Viva, que arranjoua primeira se<strong>de</strong> e as máquinas <strong>de</strong> escrever para O Jornal,ficou com 30%, e os jornalistas, que realizaram o capitalabdican<strong>do</strong> <strong>do</strong>s seus salários, to<strong>do</strong>s iguais, durante trêsmeses, ficaram com 70%” - explicou, lembran<strong>do</strong> que “amaioria <strong>do</strong>s jornalistas acumulou o novo emprego com oantigo posto, para não ficar três meses sem receber”.Posteriormente os jornalistas adquiriram a parte daCasa Viva, fican<strong>do</strong> <strong>do</strong>nos da totalida<strong>de</strong> da Projornal, quea 1 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1975 pôs nas bancas o semanário O Jornal(data<strong>do</strong> <strong>do</strong> dia seguinte). A este título, que resistiu até 27<strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1992, dan<strong>do</strong> então lugar à Visão, viriama juntar-se publicações como o Se7e, O Jornal da Educação,a revista História e o Jornal <strong>de</strong> Letras, entre outras.“Ainda quisemos criar um jornal diário sério, num acor-JJ|Abr/Jun 2007|7


TEMA<strong>Cooperar</strong> <strong>pelo</strong> <strong>futuro</strong> <strong>do</strong> <strong>jornalismo</strong><strong>do</strong> com o francês Le Mon<strong>de</strong> eque ficaria a chamar-se OMun<strong>do</strong>, e um diário mais popular,cujo nome nunca ficou <strong>de</strong>cidi<strong>do</strong>,embora 24 Horas fosseuma das possibilida<strong>de</strong>s”, contouJosé Carlos Vasconcelos,lamentan<strong>do</strong> que “por falta <strong>de</strong>gestão, <strong>de</strong> ousadia e <strong>de</strong> po<strong>de</strong>reconómico” não tenha si<strong>do</strong> possívellevar as intenções avante.Na opinião <strong>do</strong> director <strong>do</strong>Jornal <strong>de</strong> Letras, “nos anos 90começaram a ser necessáriosmuitos mais recursos para manterum órgão <strong>de</strong> comunicaçãosocial”, ten<strong>do</strong> a Projornal passa<strong>do</strong>a ter como sócios os suíçosda Edipresse, que ficaram com68% em 1992 e, mais tar<strong>de</strong>,adquiriram a parte que aindaestava na posse <strong>do</strong>s jornalistas.Para trás ficava “um jornal <strong>de</strong>jornalistas”, “in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>po<strong>de</strong>r político, <strong>do</strong> po<strong>de</strong>reconómico e <strong>de</strong> quaisquer grupos<strong>de</strong> pressão” e em que os jornalistaseram “colectivamente osúnicos responsáveis pela sua orientaçãoe execução” - lê-se naúltima edição, cedida à JJ porJosé Carlos Vasconcelos, paraquem “uma cooperativa é o formatoi<strong>de</strong>al, pois correspon<strong>de</strong> aosonho <strong>de</strong> qualquer jornalista quelute por um <strong>jornalismo</strong> livre. OJornal era livre por ser <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s”.“Era bem-vin<strong>do</strong> um novoprojecto <strong>de</strong>ste género, mesmoque pequeno, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que houvesseuma filosofia <strong>de</strong> participaçãoe solidarieda<strong>de</strong> entreto<strong>do</strong>s e a li<strong>de</strong>rá-lo estivesse alguém escolhi<strong>do</strong> <strong>pelo</strong>s jornalistaspela sua competência, e não uma pessoa imposta <strong>de</strong>fora com base noutros critérios”, <strong>de</strong>safiou o responsável,lembran<strong>do</strong> que a Projornal alcançou vitórias que nãopo<strong>de</strong>m ser apagadas, pois, “além das várias publicações,teve uma editora, três livrarias e uma importante participaçãonoutro exemplo memorável <strong>do</strong> cooperativismo portuguêsna área da comunicação: a TSF”.A COOPERATIVA DE PROFISSIONAIS DA RÁDIOCriada a 6 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 1981 por <strong>de</strong>zena e meia <strong>de</strong> profissionais,entre os quais A<strong>de</strong>lino Gomes, Fernan<strong>do</strong> Alves,David Borges, Emídio Rangel, Joaquim Furta<strong>do</strong> e Teresa“Uma cooperativa é o formato i<strong>de</strong>al,pois correspon<strong>de</strong> ao sonho <strong>de</strong> qualquerjornalista que lute por um <strong>jornalismo</strong>livre e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.”José Carlos Vasconcelos“O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> uma cooperativa era omais <strong>de</strong>mocrático, pois cada um davaa sua opinião e o seu voto em todas as<strong>de</strong>cisões.”Albertino Antunes8|Abr/Jun 2007|JJ


Moutinho, a TSF – Cooperativa <strong>de</strong> Profissionais da Rádiosurgiu para “fazer frente ao quase monopólio resultantedas nacionalizações e com a intenção <strong>de</strong> criar uma rádioautónoma e livre”, revelou Albertino Antunes à JJ.“Porém, enquanto a TSF não conseguiu uma frequênciapara emitir legalmente, fez-se a travessia <strong>do</strong> <strong>de</strong>serto”,sen<strong>do</strong> as instalações na Rua Ilha <strong>do</strong> Pico, em Lisboa,usadas sobretu<strong>do</strong> “para gravações <strong>de</strong> anúncios ougravações <strong>de</strong> particulares”, recor<strong>do</strong>u o advoga<strong>do</strong>, quecolocou o Direito ao serviço <strong>do</strong> <strong>jornalismo</strong>, ao qual estavaentão liga<strong>do</strong>, para elaborar os estatutos da cooperativa.Assinalan<strong>do</strong> que, “a TSF fez emissões piratas, masnunca contínuas”, Maria da Glória Vieira, que tambémacompanhou a génese <strong>do</strong> projecto, adiantou à JJ que “acooperativa se candidatou, em 1986, a um subsídio <strong>do</strong>Fun<strong>do</strong> Social Europeu para a formação <strong>de</strong> jornalistas eanima<strong>do</strong>res e <strong>de</strong> técnicos <strong>de</strong> som”.No ano seguinte, a 18 <strong>de</strong> Maio, arrancou o curso, com56 jornalistas e 56 técnicos <strong>de</strong> som, sen<strong>do</strong> a formação <strong>do</strong>sprimeiros coor<strong>de</strong>nada por A<strong>de</strong>lino Gomes e a <strong>do</strong>s segun<strong>do</strong>s<strong>pelo</strong> engenheiro Jaime Silva.Como nunca aban<strong>do</strong>nara a intenção <strong>de</strong> se tornar numarádio profissional legalizada, “mas criar a estrutura física<strong>de</strong> uma rádio exigia uma certa verba”, a TSF estabeleceu,em 1987, uma parceria com a Projornal, “que tinha umaestrutura semelhante, mas mais capital”, recor<strong>do</strong>u AlbertinoAntunes, que integrou as últimas direcções da cooperativae a administração da TSF Rádio Jornal, nascida<strong>de</strong>ssa parceria.A TSF – Cooperativa <strong>de</strong> Profissionais da Rádio ficouentão com 50%, <strong>do</strong>s quais 34% eram da cooperativa e osrestantes 16% estavam dividi<strong>do</strong>s em partes iguais entre oscoopera<strong>do</strong>res Teresa Moutinho, Mário Pereira, EmídioRangel e Albertino Antunes, para quem “o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> umacooperativa era o mais <strong>de</strong>mocrático,pois cada um dava a suaopinião e o seu voto em todasas <strong>de</strong>cisões”.A 28 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1988, aTSF começou a emitir – aindaclan<strong>de</strong>stinamente mas já comalguma regularida<strong>de</strong> – em102.7, possuin<strong>do</strong> na equipa osjornalistas Sena Santos, CarlosAndra<strong>de</strong>, David Borges, LuísMarinho e o anima<strong>do</strong>r AntónioMace<strong>do</strong>.Porém, nesse mesmo ano, “aprimeira Lei da Rádio, que disponibilizavafrequências pararádios regionais, colocou comocondição para aceitar as candidaturasque as rádios clan<strong>de</strong>stinascessassem as emissões,ten<strong>do</strong> a última emissão da TSFi<strong>do</strong> para o ar a 23 <strong>de</strong> Dezembro”,recor<strong>do</strong>u Maria daGlória Vieira (na foto).Uma TSF legalizada ressurgiua 20 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 1989, nafrequência 89.5 (Lisboa), manten<strong>do</strong>-sefiel ao mo<strong>de</strong>lo cooperativoaté 1993, “ano em que aLusomun<strong>do</strong> ficou com o mesmonúmero <strong>de</strong> quotas que a cooperativa,adquirin<strong>do</strong> uma partemaior logo no ano seguinte”,contou a actual assistente dadirecção, à JJ, fechan<strong>do</strong> o <strong>do</strong>ssiercom a <strong>do</strong>cumentação quetraça a história da rádio queacompanhou <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a génese. JJJJ|Abr/Jun 2007|9


TEMA<strong>Cooperar</strong> <strong>pelo</strong> <strong>futuro</strong> <strong>do</strong> <strong>jornalismo</strong>ALTERNATIVA DE PRODUÇÃO JORNALÍSTICACooperativa germinou mas não floriuEm Julho <strong>de</strong> 2005, a <strong>de</strong>cisão <strong>do</strong> grupo espanhol Prensa Ibérica <strong>de</strong>encerrar O Comércio <strong>do</strong> Porto e A Capital, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às baixas vendas,apanhou <strong>de</strong> surpresa várias <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res daqueles títulos.As publicações foram suspensas a 29 <strong>de</strong> Julho, ten<strong>do</strong>alguns trabalha<strong>do</strong>res pugna<strong>do</strong> pela criação da cooperativaAlternativa <strong>de</strong> Produção Jornalística – projecto que nãopassou <strong>do</strong> papel mas acen<strong>de</strong>u a esperança em quemacredita no cooperativismo.IMPASSE NEGOCIAL E JOGADAS DE BASTIDORES“Uma cooperativa, se fosse avante, podia resolver a situaçãodas pessoas que ficaram sem trabalho <strong>de</strong> um dia parao outro e manter os jornais, que eram marcos na história <strong>do</strong>país”, contou à JJ a jornalista Arminda Rosa Pereira, <strong>de</strong> OComércio <strong>do</strong> Porto, lamentan<strong>do</strong> que, “embora o movimentocooperativo tenha mostra<strong>do</strong> interesse em apoiar aAlternativa <strong>de</strong> Produção Jornalística ao nível jurídico e logísticoe alguns jornalistas estivessem dispostos a recuperar os<strong>do</strong>is títulos, nem que fosse a troco das in<strong>de</strong>mnizações,alguns colegas preferiram fazer outro caminho”.Mesmo assim, o projecto manteve-se, “chegan<strong>do</strong> a contarcom mais <strong>de</strong> 50 elementos, entre jornalistas e outras entida<strong>de</strong>s,nomeadamente cooperativas”, e a Prensa Ibéricachegou a dizer que “apesar <strong>de</strong> existirem outros candidatos àaquisição <strong>do</strong>s jornais, a cooperativa Alternativa <strong>de</strong> ProduçãoJornalística era a melhor opção”, sublinhou Arminda Pereira.“Contu<strong>do</strong>, a <strong>de</strong>terminada altura – com as negociaçõesnum impasse – começámos a notar que a Prensa Ibérica nãoparecia querer <strong>de</strong>sfazer-se <strong>do</strong>s títulos, embora também nuncatenha mostra<strong>do</strong> possuir i<strong>de</strong>ias ou planos para eles... Acreditoque tenham havi<strong>do</strong> aqui jogadas e talvez até bloqueios feitospor administrações <strong>de</strong> outros órgãos”, acrescentou.Segun<strong>do</strong> Arminda Rosa Pereira, a cooperativa quechegou a germinar tinha “um Plano A, que passava porrecuperar os jornais e alguns postos <strong>de</strong> trabalho, manten<strong>do</strong>a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is títulos e <strong>de</strong> certos conceitos regionais”e “um Plano B, que implicava tentar criar um projecto <strong>de</strong>raiz, fosse um jornal ou uma revista semanal nacional, <strong>do</strong>issemanários regionais ou duas revistas semanais regionais”.“Só que, entretanto, surgiram projectos que ocuparam onicho <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> que tínhamos em vista e, como osapoiantes eram insuficientes e temia-se que alguns pu<strong>de</strong>sseminterferir com a in<strong>de</strong>pendência jornalística, concluímos quenão havia condições para prosseguir” – recor<strong>do</strong>u.Apesar <strong>de</strong> esta iniciativa não ter resulta<strong>do</strong>, ArmindaPereira, que já esteve no Diário Económico e na NTV, continua“a acreditar que uma cooperativa é uma soluçãointeressante e uma excelente opção para a produção jornalística”,pois “a in<strong>de</strong>pendência po<strong>de</strong> sair a ganhar se osjornalistas não tiveram <strong>de</strong> ce<strong>de</strong>r a pressões <strong>de</strong> um ououtro accionista com interesses pessoais a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r”.LISBOA E PORTO SEM CONSENSOOutra pessoa a acreditar nas potencialida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> cooperativismoé Edite Esteves, que trabalhava em A Capital<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1972 e percebeu que, face à atitu<strong>de</strong> da PrensaIbérica, “a cooperativa era uma alternativa para se continuara fazer <strong>jornalismo</strong> pois, embora não fosse um projectocentra<strong>do</strong> no lucro, podia funcionar como rampa <strong>de</strong>lançamento para um ou <strong>do</strong>is órgãos”.Mas a chama <strong>do</strong> grupo não se manteve acesa por muitotempo. “Enquanto as reuniões foram mediadas <strong>pelo</strong>Alfre<strong>do</strong> Maia o entusiasmo manteve-se mas, quan<strong>do</strong> oprojecto ficou nas nossas mãos, os interesses das antigasredacções <strong>do</strong>s jornais começaram a divergir e, ao fim <strong>de</strong>três ou quatro meses e <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> encontros e reuniões, oprojecto gorou-se”, lamentou.“Uns duvidaram da viabilida<strong>de</strong> da cooperativa e dapossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> haver or<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s para to<strong>do</strong>s ao fim <strong>do</strong>mês, ten<strong>do</strong> preferi<strong>do</strong> confiar no fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego;outros <strong>de</strong>sistiram face à <strong>de</strong>morada fase <strong>de</strong> arranque e aos<strong>de</strong>sacor<strong>do</strong>s entre o Porto e Lisboa”, adiantou.Edite Esteves, <strong>de</strong> 61 anos, revelou à JJ que “nunca houveconsenso sobre se se <strong>de</strong>via avançar apenas com um ou com<strong>do</strong>is órgãos”, existin<strong>do</strong> também divergências em relação àperiodicida<strong>de</strong>: “Os mais realistas preferiam começar comum semanário, mas os mais jovens queriam manter o ritmo<strong>de</strong> um diário”. Pela sua parte, i<strong>de</strong>alizava “um jornal semanal,com uma subsecção no Porto e outra em Lisboa”.Os <strong>de</strong>sentendimentos levaram, porém, a melhor, <strong>de</strong>itan<strong>do</strong>por terra várias conversações em curso, queincluíam “a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o jornal ser distribuí<strong>do</strong> poruma cooperativa <strong>de</strong> táxis, a troco <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>” ou ahipótese <strong>de</strong> a Alternativa <strong>de</strong> Produção Jornalística “seligar a cooperativas no estrangeiro”.“Se tivéssemos consegui<strong>do</strong>, seríamos <strong>do</strong>nos <strong>de</strong> nósmesmos e preencheríamos um espaço vago no cooperativismoportuguês, mostran<strong>do</strong> que os jornalistas, uni<strong>do</strong>s,po<strong>de</strong>m fazer frente aos gran<strong>de</strong>s grupos”, sublinhou,dizen<strong>do</strong> que guarda “um projecto na manga” e que, maisce<strong>do</strong> ou mais tar<strong>de</strong>, o concretizará. JJ10|Abr/Jun 2007|JJ


“Uns duvidaram da viabilida<strong>de</strong> da cooperativa e da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> haver or<strong>de</strong>na<strong>do</strong>spara to<strong>do</strong>s ao fim <strong>do</strong> mês, ten<strong>do</strong> preferi<strong>do</strong> confiar no fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego; outros <strong>de</strong>sistiramface à <strong>de</strong>morada fase <strong>de</strong> arranque e aos <strong>de</strong>sacor<strong>do</strong>s entre o Porto e Lisboa (Edite Esteves)”JJ|Abr/Jun 2007|11


TEMA<strong>Cooperar</strong> <strong>pelo</strong> <strong>futuro</strong> <strong>do</strong> <strong>jornalismo</strong>Erguer um jornal comoA casa que acolheu a primeira redacção era tão velha que as pare<strong>de</strong>stiveram <strong>de</strong> ser restauradas <strong>pelo</strong>s coopera<strong>do</strong>res, mas os actuais <strong>do</strong>ispisos em Póvoa <strong>de</strong> Santa Iria não ameaçam ruir...E se ao princípio havia só um computa<strong>do</strong>r – actualmentea cooperativa dispõe <strong>de</strong> nove, to<strong>do</strong>s liga<strong>do</strong>s em re<strong>de</strong>. Ascondições foram melhoran<strong>do</strong>, mas o espírito inicial mantém-se.A cooperativa <strong>de</strong> informação e comunicação Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>I<strong>de</strong>ias arrancou em Maio <strong>de</strong> 2002, “com quatro jornalistase um não jornalista, to<strong>do</strong>s liga<strong>do</strong>s à imprensa local ounacional”, recor<strong>do</strong>u Carlos Car<strong>do</strong>so, director <strong>do</strong> jornalTriângulo, projecto que a equipa criou há quase cinco anos“para então noticiar os acontecimentos <strong>de</strong> três freguesias<strong>de</strong> Vila Franca <strong>de</strong> Xira - Póvoa <strong>de</strong> Santa Iria, Vialonga eForte da Casa - que estavam <strong>de</strong>bilitadas em termos <strong>de</strong>informação”.Em pouquíssimo tempo o jornal passou a acompanharVila Franca, Loures e Odivelas, concelhos aos quais sereuniria posteriormente Mafra, on<strong>de</strong>, nos primeiros <strong>do</strong>is atrês anos, a casa <strong>de</strong> um coopera<strong>do</strong>r serviu <strong>de</strong> se<strong>de</strong> social àcooperativa.A Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> I<strong>de</strong>ias tem, além da redacção, um <strong>de</strong>partamentoadministrativo, outro comercial, um <strong>de</strong> distribuiçãoe cobrança e uma secção <strong>de</strong> grafismo. Os coopera<strong>do</strong>resperfazem a <strong>de</strong>zena: cinco jornalistas, as duas12|Abr/Jun 2007|JJ


A cooperativa <strong>de</strong> informação e comunicação Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> I<strong>de</strong>ias arrancou em Maio <strong>de</strong>2002 e edita o quinzenário Triângulo. “Quan<strong>do</strong> se é assalaria<strong>do</strong>, há que seguirorientações que vêm <strong>de</strong> fora, quer se concor<strong>de</strong> ou não, mas aqui é diferente: temos orisco, mas também o gosto, <strong>de</strong> traçar o nosso próprio rumo”, diz Carlos Car<strong>do</strong>soquem ergue uma casapessoas que trabalham no <strong>de</strong>partamento comercial e umada área criativa, um elemento <strong>do</strong> sector administrativo euma pessoa que presta apoios pontuais ao jornal.“Foram motivações diferentes as que levaram cada um<strong>do</strong>s nós a pensar na hipótese <strong>de</strong> uma cooperativa e, emboraos primeiros tempos tenham si<strong>do</strong> complica<strong>do</strong>s, porque abase económica era extremamente frágil, tínhamos emcomum a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> tomar nas mãos as ré<strong>de</strong>as <strong>do</strong> nossopróprio <strong>de</strong>stino”, explicou Carlos Car<strong>do</strong>so, que antesestivera liga<strong>do</strong> ao Jornal <strong>de</strong> Notícias e A Capital.“Quan<strong>do</strong> se é assalaria<strong>do</strong>, há que seguir orientações quevêm <strong>de</strong> fora, quer se concor<strong>de</strong> ou não, mas aqui é diferente:temos o risco, mas também o gosto, <strong>de</strong> traçar o nossopróprio rumo”, assinalou à JJ, exemplifican<strong>do</strong> que “na cooperativahá um Plano <strong>de</strong> Activida<strong>de</strong>s que é <strong>de</strong>bati<strong>do</strong> porto<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> da<strong>do</strong> o mesmo valor à opinião <strong>de</strong> cada um”.Tal como no começo se ergueram pare<strong>de</strong>s, assim seergueu também o Triângulo, cuja redacção conta hoje comtrês jornalistas a tempo inteiro e três a tempo parcial, além<strong>de</strong> colunistas em diversas áreas. De periodicida<strong>de</strong>quinzenal, o jornal começou com 24 páginas, ten<strong>do</strong> presentemente32, incluin<strong>do</strong> um suplemento <strong>de</strong> cultura eoutro <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> ao movimento associativo. Tira cinco milcópias por edição.“A maioria <strong>do</strong>s exemplares é vendida mediante assinaturae os restantes coloca<strong>do</strong>s em cerca <strong>de</strong> cem postos <strong>de</strong> vendapor uma carrinha da cooperativa”, revelou o director.Para ajudar a manter a Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> I<strong>de</strong>ias, o <strong>de</strong>partamentocomercial e a secção <strong>de</strong> grafismo estão também encarregues<strong>de</strong> outros projectos, como a produção <strong>de</strong> boletinsinstitucionais e livros, mas a gran<strong>de</strong> aposta da cooperativacontinua a ser o quinzenário regional que - como <strong>de</strong>stacouCarlos Car<strong>do</strong>so - “ainda há-<strong>de</strong> abranger to<strong>do</strong>s os concelhosao re<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Lisboa na margem Norte <strong>do</strong> Tejo”. JJJJ|Abr/Jun 2007|13


TEMA<strong>Cooperar</strong> <strong>pelo</strong> <strong>futuro</strong> <strong>do</strong> <strong>jornalismo</strong>A «verda<strong>de</strong>ira alternativa»à concentração <strong>do</strong>s MediaPresi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Sindicato <strong>do</strong>s <strong>Jornalistas</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano 2000, Alfre<strong>do</strong>Maia é um firme <strong>de</strong>fensor das cooperativas <strong>de</strong> profissionais dacomunicação – mo<strong>de</strong>lo alternativo à relação assalariada que afirmaconstituir a melhor opção para fazer frente à concentração daproprieda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s órgão.Jornalismo & <strong>Jornalistas</strong> – Como presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Sindicato,acompanhou tentativas <strong>de</strong> formar cooperativas, nomeadamenteapós a suspensão <strong>de</strong> A Capital e O Comércio <strong>do</strong>Porto. Porque é que os projectos não avançaram?Alfre<strong>do</strong> Maia – Participei activamente na cooperativa <strong>de</strong>trabalha<strong>do</strong>res que, em 1989, se posicionou para aaquisição da empresa <strong>do</strong> Jornal <strong>de</strong> Notícias, no âmbito <strong>do</strong>processo <strong>de</strong> privatização <strong>do</strong>s jornais directa ou indirectamentecontrola<strong>do</strong>s <strong>pelo</strong> Esta<strong>do</strong>.Como dirigente sindical, lancei a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> uma soluçãocooperativa para os <strong>do</strong>is problemas que os jornalistas <strong>de</strong> ACapital e O Comércio <strong>do</strong> Porto enfrentavam: o encerramento<strong>do</strong>s jornais aos quais tinham <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> tanto da sua vida,da sua generosida<strong>de</strong> e da sua juventu<strong>de</strong>; e o <strong>de</strong>semprego.A primeira tentativa falhou porque asregras <strong>de</strong> jogo protegiam o concorrentemais forte. Um dia se escreverá sobre esteassunto... A segunda ainda não se concretizouporque não foram ultrapassadascertas fragilida<strong>de</strong>s. Mas creio que o processoserviu, <strong>pelo</strong> menos, para <strong>de</strong>spertar osjornalistas para possibilida<strong>de</strong>s que estavame continuam a estar ao seu alcance.JJ – Em que contexto surgiu e quais os objectivosda cooperativa <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res para aaquisição <strong>do</strong> JN?AM – A Jota Ene – Cooperativa <strong>de</strong><strong>Jornalistas</strong> e Outros Trabalha<strong>do</strong>res da Comunicação Socialfoi a resposta das estruturas representativas <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res<strong>do</strong> JN à Oferta Pública <strong>de</strong> Venda da empresa emBolsa <strong>de</strong>cidida <strong>pelo</strong> Governo. Existia já uma cooperativaconstituída exclusivamente por elementos da direcção edas chefias <strong>do</strong> jornal, com o apoio <strong>de</strong> um importantegrupo económico, mas não era a resposta verda<strong>de</strong>iramentecooperativa que os trabalha<strong>do</strong>res <strong>de</strong>sejavam.Por outro la<strong>do</strong>, a Lusomun<strong>do</strong> preparava uma ofensivaem várias frentes, com vista a adquirir, além da empresaque editava o JN e O Jogo, a editora <strong>do</strong> Diário <strong>de</strong> Notícias.Para nós, os seus objectivos e estratégia eram claros – e“Se [osjornalistas] nãotêm hoje esseespírito, maistar<strong>de</strong> ou mais ce<strong>do</strong>vão tê-lo, pois é aúnica forma <strong>de</strong>garantirem a sualiberda<strong>de</strong> ein<strong>de</strong>pendência.”confirmaram-se! Além da formação <strong>de</strong> um po<strong>de</strong>rosogrupo, <strong>de</strong>senhava-se um cenário <strong>de</strong> fragmentação daempresa, que muito nos <strong>de</strong>sagradava e se concretizou.Eram nossos objectivos assumir o controlo da empresacom todas as suas componentes tradicionais – redacção,publicida<strong>de</strong>, serviços administrativos, composição,impressão e distribuição – com o empenho <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s ostrabalha<strong>do</strong>res. O panorama <strong>do</strong> sector seria hoje muitodiferente, se tivéssemos consegui<strong>do</strong>...JJ – Também O Jornal e a TSF, que funcionavam na práticacomo cooperativas, acabaram por não se conseguir manternesses mol<strong>de</strong>s...AM – Creio que nenhuma constituía uma cooperativa <strong>de</strong>produção, isto é, uma cooperativa da qualfaçam parte to<strong>do</strong>s os jornalistas e outros trabalha<strong>do</strong>res.No primeiro caso, era umasocieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> redactores; no segun<strong>do</strong>, apenasalguns eram coopera<strong>do</strong>res.O que tenho procura<strong>do</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r é umasolução verda<strong>de</strong>iramente cooperativa, ouseja, <strong>de</strong>stinada a organizar o trabalho e agarantir o rendimento <strong>de</strong> um colectivo quese une e se orienta mediante projectos<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s e assumi<strong>do</strong>s por to<strong>do</strong>s e noqual to<strong>do</strong>s têm uma palavra a dizer eresponsabilida<strong>de</strong>s muitos diferentes – e maisgratificantes – das que resultam da relação<strong>de</strong> trabalho tradicional. Nestes casos, o que existe não éuma relação <strong>de</strong> trabalho – é uma relação <strong>de</strong> cooperação.JJ – Os jornalistas portugueses actuais terão espírito paraformar cooperativas, da<strong>do</strong> o risco e responsabilida<strong>de</strong> queisso implica?AM - Os jornalistas portugueses enfrentam um processomuito duro <strong>de</strong> combate pela sobrevivência que se prolongahá vários anos – <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o acesso ao ensino superior, passan<strong>do</strong>pelas condições em que são explora<strong>do</strong>s nos chama<strong>do</strong>sestágios curriculares, a precarieda<strong>de</strong> no acesso àprofissão, as condições em que a exercem e o merca<strong>do</strong>14|Abr/Jun 2007|JJ

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