10.07.2015 Views

V. Homens de respeito: Etnias tradicionais e suas identidades

V. Homens de respeito: Etnias tradicionais e suas identidades

V. Homens de respeito: Etnias tradicionais e suas identidades

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Carlos Manuel Soares Miguel1.Face à sua certidão <strong>de</strong> nascimento, o meu pai nasceu em Torres Vedras, nodia 9 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1922, filho <strong>de</strong> António Miguel e Glória Teles. Tal registonão coinci<strong>de</strong> com o <strong>de</strong>poimento do meu pai que sempre disse ter nascidoem Pontes <strong>de</strong> Monfalim, Sobral <strong>de</strong> Monte Agraço, e em pequeno ter vindoviver para a casa <strong>de</strong> uns tios, que já moravam em Torres Vedras, numa casasita naquela que hoje se <strong>de</strong>nomina Rua dos Cavaleiros da Espora Dourada,em plena zona histórica da cida<strong>de</strong>. Embora interessante <strong>de</strong> averiguar, estadiscrepância, para o efeito, não é relevante.Importante é que em 1922 tínhamos ciganos, ou uma família cigana, a viverem Torres Vedras, com morada fixa, tendo os meus avós, sensivelmente namesma altura, vindo para aqui viver e criar os seus filhos, pelo que todos osmeus tios sempre aqui residiram e aqui construíram as <strong>suas</strong> vidas.Servem estes factos para ilustrar um dos traços <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> dos ciganosportugueses, a apetência pela se<strong>de</strong>ntarização. Tenho consciência <strong>de</strong> que setrata <strong>de</strong> uma afirmação que <strong>de</strong> consensual nada tem, mas <strong>de</strong> facto em Por -tugal, e ao contrário do que acontece noutros países europeus, o ciganoaspira a fixar-se num território e neste centrar a sua activida<strong>de</strong>.A imagem romântica do cigano errante com uma carroça, um rancho <strong>de</strong>filhos e alguns cães a calcorrear estradas, acampando aqui e acolá, é algo queconheci em jovem e que ainda hoje se consegue ver, nomeadamente noAlentejo, mas que se <strong>de</strong>ve a uma circunstância da vida e não a uma opção.Em França, por exemplo, encontramos muitas famílias ciganas que perpetuamo seu nomadismo, vivendo em mo<strong>de</strong>rnas caravanas, <strong>de</strong> modo a proporcionaremaos filhos o que consi<strong>de</strong>ram ser uma das vivências essências dacultura cigana. Tal realida<strong>de</strong> levou o Estado a ter necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar programasescolares específicos para acompanhar estas crianças ciganas errantes,tendo também sido criados parques para receber estes velhos-novosnómadas.Tal não é a realida<strong>de</strong> em Portugal e em Espanha, on<strong>de</strong> qualquer cigano as -pira a ter a sua casa e a fixar-se, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> se envolver, ou integrar,na comunida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> se instala.175

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!